CONJUNTO CULTURAL ZE.PA. / Richardson Thomas l UniEVANGÉLICA

Page 1

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA. (José Paulo Felisbino da Silva)


issuu.com/cadernostc

Cadernos de TC 2018-1 Expediente Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Ana Amélia de Paula Moura, M. arq.. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, E. arq. Coordenação de TCC Rodrigo Santana Alves, M. arq. Orientadores de TCC Ana Amélia de Paula Moura, M. arq. Daniel da Silva Andrade, Dr. arq. Manoel Balbino Carvalho Neto, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Detalhamento de Maquete Madalena Bezerra de Souza, E. arq. Volney Rogerio de Lima, E. arq. Seminário de Tecnologia Daniel da Silva Andrade, Dr. arq. Jorge Villavisencio Ordóñez, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e Crítica Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Pedro Henrique Máximo, M. arq Rodrigo Santana Alves, M. arq. Expressão Gráca Madalena Bezerra de Souza, E. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Secretária do Curso Edima Campos Ribeiro de Oliveira (62)3310-6754


Apresentação Este volume faz parte da quinta coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2018/1, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráco como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a m de atribuir sentido, tanto ao processo,

quanto ao produto nal. A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráca e Detalhamento de Maquete. Por m e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados. Ana Amélia de Paula Moura Daniel da Silva Andrade Manoel Balbino Carvalho Neto Rodrigo Santana Alves



Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA. (José Paulo Felisbino da Silva) A história de São Luiz do Norte, Goiás, é cercada por contextos importantes como: seu surgimento durante o ciclo do ouro, a reminiscência escrava (quilombolas) e o desenvolvimento da agropecuária. Estes fatos caracterizam e diferenciam a identidade dos habitantes e do lugar, evidenciando a necessidade de resgate de sua memória coletiva, estabelecendo um relacionamento entre sua cultura e tradição. O conjunto procura integrar todos esses valores citados através da restauração (retrofit) de dois galpões abandonados sendo um antigo secador de grãos e um defumadouro. Também é visada, através de diretrizes, melhorias para o entorno imediato e a concepção de um parque urbano com caminhos que conectam estes equipamentos citados com a cidade.

Richardson Thomas S. Moraes

Orientadora: Ana Amélia de Paula Moura richardson-thomas@hotmail.com @chadthomassm

007


JOSÉ PAULO


[f.2]

“Plantemos a roça. Lavremos a gleba. Cuidemos do ninho, do gado e da tulha. Fartura teremos e donos de sítio felizes seremos.” Cora Coralina, O cântico da terra

[f.3]

[f.4]

[f.5]

Em minhas memórias mais saudosas há inúmeras cenas: dando voltas de trator; brincando na bazuca agrícola; ocupando uma pequena beirada no banco de comando da colhedeira; esperas para ir para a fazenda; almoços na beira do Rio Vermelho e de voltas para casa, marcadas por um leve cheiro de óleo diesel, derramado no assoalho de madeira da carroceria de uma D-10 azul . Todas essas lembranças foram divididas com vovô, compartilhando conosco a trajetória de sua vida, passando de garimpeiro à dono de garimpo, em sequência a um homem ora do campo, ora político (sempre em prol das populações mais carentes). Esses momentos contados e, em alguns casos, presenciados, me proporcionaram a sensibilidade necessária para olhar e entender a terra e seu povo. Embora sejam memórias pessoais, elas se tornaram pontos de partida que me impulsionaram a pensar num espaço onde uma cidade, em todo seu plural, pudesse frequentar e se identificar, de forma calorosa (como um almoço de família), mas também singela (como a risada do seu Zé Paulo).

[f.1] José Paulo Felisbino da Silva e Juscelino Vieira dos Santos (prefeito na época) em frente à Câmera dos Vereadores de São Luiz do Norte em 1989. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva [f.2] José Paulo Felisbino da Silva em 1968. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva [f.3] José Paulo Felisbino da Silva em 1970. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva [f.4] José Paulo Felisbino da Silva em 1980. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva [f.5] José Paulo Felisbino da Silva em 2006. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva [f.6] José Paulo Felisbino da Silva em 2012. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva

FELISBINO DA SILVA

009

in memorium [f.6]


PRÓLOGO


A necessidade de preservar a cultura é uma preocupação recorrente nos tempos atuais. Há uma inquietação em entender os muitos caminhos que conduziram os grupos humanos às suas relações presentes e suas perspectivas de futuro. O desenvolvimento da humanidade está marcado por contatos e conflitos entre modos diferentes de organizar a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la (SANTOS, 1983, p.8). A cultura é um processo dinâmico de transformações positivas que permite congelar o tradicional para impedir a sua deterioração, mas a mudança de significado ocorre mesmo preservando os objetos, movimentos, gestos, palavras e características plásticas exteriores devido o contexto em que os eventos culturais são produzidos. Segundo Arantes Neto (1990), é preciso pensar a cultura no plural e no presente. A história permite compreender o “presente pelo passado” – atitude tradicional –, mas também o “passado pelo presente”, seja através da memória coletiva ou da história dos historiadores. A primeira é essencialmente mítica, anacrônica e constitui o vivido desta relação nunca acabada entre o presente e o passado (Le Goff, 1994). A segunda é científica e busca imparcialidade. A memória histórica constitui um fator de identificação humana, é a marca ou o sinal de sua cultura. Reconhecemos nessa memória o que nos distingue e o que nos aproxima. Identificamos a história e os seus acontecimentos mais marcantes, desde os conflitos às iniciativas comuns. E a identidade cultural define o que cada grupo é e o que nos diferencia uns dos outros (BATISTA, 2005, sp). Logo, se falamos de cultura, história e memória estamos falando de identidade –

individual ou coletiva – e muitas cidades sabem pouco sua história ou necessitam de uma rememoração de seu passado, afim de resgatar através da oralidade e/ou da escrita – documento – os seus feitos e tradições. São Luiz do Norte conhece apenas uma parcela de sua história e do pouco que sabe não a valoriza. A intenção é resgatar a história – em seus dois sentidos – e as manifestações culturais do lugar através de um equipamento que não apenas servirá para as festas anuais de peão e seus desdobramentos, mas que também possuirá um local para o desenvolvimento da cidade, de suas relações humanas e atividades durante todo o ano. À vista disso, as feiras semanais, os eventos culturais, as exposições de arte e música e o próprio lazer, bem como a implantação de um memorial quilombola que contará com oficinas e mini-cursos para a difusão e conhecimento da cultura africana, a qual também faz parte de sua identidade, poderão ser contemplados. Cullen já salientava que “efetivamente, uma cidade, é algo mais do que a somatória de seus habitantes: é uma unidade geradora de um excedente de bem-estar e de facilidades que leva a maioria das pessoas a preferirem – independentemente de outras razões – viver em comunidade a viverem isoladas”. Sendo assim, tema em questão possibilita ainda mais esse contato tanto da comunidade em si quanto com as vizinhas, viabilizando a composição de uma paisagem urbana que é uma arte do relacionamento, além de garantir um processo coletivo e incessante de produção de significados que molda a experiência social e configura as relações sociais, de forma dinâmica, transgressora e que não massacra o tradicional, permitindo a manifestação da memória.

[f.7] Confecção de roupas para uma das feiras da cidade em 1994. Fonte: Eliete Dias de Morais

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

011


[f.8]

[f.9]

[f.8] Desle em comemoração ao dia 07 de setembro em São Luiz do Norte, 1989. Fonte: Eliete Dias de Morais [f.9] Festa de emancipação de São Luiz do Norte. Fonte: Eliete Dias de Morais [f.10] Feira da cidade em 1994. Fonte: Eliete Dias de Morais

012

Richardson Thomas da Silva Moraes


ARGUMENTO


[f.13] Casa primitiva goiana presente na região. Fonte: Prefeitura de São Luiz do Norte.

014

Independência do Brasil

O apogeu do ouro em Goiás.

1778

Desse período restou uma innidade de novos núcleos populacionais ao longo de todo o território da Província de Goyaz, compreendido hoje pelos estados de Goiás e Tocantins.

1822

Período minerador em Goiás atinge seu auge e entra, a partir daí, em um rápido processo de esgotamento.

1750

Ínicio do período minerador em Goiás.

1726

[f.11 e 12] Mapa da Capitania de Goyaz e Mapa da Capitania de Goyaz com marcação da região de lavrinhas, respectivamente Fonte: Gustavo Neiva Coelho com intervenção autoral.

D. Luiz de Mascarenhas instala a primeira vila em Goiás: Vila Boa (1739)

Descobrimento das minas de ouro de Minas Gerais.

1690

A crise no mercado de açúcar brasileiro, colocou Portugal numa situação de buscar novas fontes de renda.

Os bandeirantes, no nal do século XVII, começaram a encontrar minas de ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Portugal viu nesta atividade uma nova fonte de renda.

Nas regiões auríferas, várias cidades cresceram e muitas surgiram neste período. A vida nas cidades dinamizou-se, fazendo surgir novas prossões e aumentando as atividades comerciais, sociais e de trabalho. Teatros, escolas, igrejas e órgãos públicos foram criados nestas cidades. Vila Rica (atual Ouro Preto), Mariana, Tiradentes e São João Del Rei foram algumas das cidades que mais se desenvolveram nesta época.

seu redor, enquanto que o seu primeiro, na A economia da mineração no Brasil, região de Lavrinhas, ainda não foi englobamesmo considerando o seu curto período do pela malha urbana do povoado. Um de duração, foi provavelmente a que dos motivos baseia-se na escassez do propiciou mais desenvolvimento à colônia, metal no local e a diculdade de obtê-lo, tanto no que se refere à população e sendo que da década de 1950 a 1990, a organização social quanto à estruturação região que compreende a cidade de São espacial de novos núcleos e a consolidaLuiz do Norte cresceu muito com a retomação em definitivo de nossas fronteiras. Foi da da exploração do ouro, contudo, também de fundamental importância agora, o de aluvião, descoberto no Rio para o estabelecimento de um modo Vermelho, um dos rios que corta o municídiferenciado de organização espacial pio. urbana, que, de uma forma ou de outra, evidencia um Brasil urbano, em estreita oposição aos núcleos urbanos do Brasil rural dos séculos anteriores (COELHO, 2001, p.136-137). E assim, embora gravitando todos em torno da mineração, os arraiais do ouro em Goiás apresentavam realidades diversas, segundo a localização, época de fundação, tipo e quantidade de metais encontrados. Além disso, como já dito, a evolução da malha urbana em algumas dessas vilas ocorriam distantes do ponto de mineração, ou seja, seu centro histórico, como é o caso da cidade de São Luiz do Norte, Goiás, que se formou há cerca de 20 km de distância da região de Lavrinhas (distrito pertencente ao município) onde ocorria a exploração aurífera e extraiam-se os filões, onde o metal precioso aparece em veios disseminados em quartzo ou em outras rochas auríferas. Dessa forma, a cidade constituiu um outro centro histórico e se desenvolveu ao [f.11] [f.12]

Richardson Thomas da Silva Moraes


São Luiz do Norte começou a se formar em 1848 com o ciclo do ouro no Brasil, onde este também era explorado na região – no Arraial de Lavrinhas de São Sebastião, considerado um arraial colonial pequeno. Porém, a prática logo foi entrando em declínio. Na década de 1950 ainda possuiu fôlego, acentuando-se em meados da de 1970 e perdurou até o início dos anos 1990. Com a forte exploração do ouro o local foi se desenvolvendo aos poucos, contando com famílias que vieram para trabalhar nos garimpos e também com a população de escravos que fugiram e se esconderam de seus senhores – Bandeirantes – durante a exploração – criando uma comunidade quilombola de resistência (Porto Leocárdio). Como dito antes, a cidade de estudo se desenvolveu há certa distância do então arraial, se determinando como um local de passagem entre a região de exploração, o povoado de Nortelândia – que leva ao Rio das Almas, onde ocorria o transporte de alguns alimentos até os estados do sudeste brasileiro – e a estrada construída por Bernado Sayão, vindoura BR-153. No ano de 1942, a maior parte das terras pertenciam aos Srs. Hermuth e Freimundo Brock e demais porções aos senhores: Benedito Gonçalves de Oliveira; João Inácio; José Maia e Sr. Joaquim Avelino de Souza. Neste mesmo ano o Sr. João Florêncio da Silva, natural de Simões, Piauí, adquiriu 1.605 alqueires de terras da família Brock e demais trechos dos outros senhores mencionados, totalizando 17 km de terras que começavam à margem do Rio das Almas, à

[f.13]

margem do Rio São Patrício, indo até o morro da Cifra. Nesta época cultivava-se lavouras de arroz, milho, feijão e cerca de 40 famílias trabalhavam nessa propriedade em regime de meeiros, arrendatários e outros. Hoje, com menor quantidade de terras, mas ainda no local permanecem muitos descendentes dessas famílias pioneiras. Já em 1943, São Luiz do Norte era apenas um conjunto de fazendas e pertencia ao município de Pilar de Goiás. Posteriormente, em 11 de agosto de 1945 passou a pertencer ao município de Itapaci. A transição de povoado para cidade começou a ocorrer a partir de 1960, através do Sr. José Machado da Silva (Machadinho), vindo da capital do estado, Goiânia, que viu a oportunidade de instalação de uma pequena cidade, visto que já havia na região grande quantidade de pessoas vindas de todas as partes do Brasil que adquiriram terras e permaneceram ali. A emancipação foi alcançada em 1989. O município conta com dois povoados (Lavrinhas de São Sebastião, Povoado de Nortelândia e a comunidade de Porto Leocárdio). O nome da cidade foi escolhido pela senhora Hirman, esposa de Machadinho. Como era uma mulher muito religiosa e devota deu-se a ideia de colocar o nome de São Luiz, em homenagem ao santo de sua devoção e, do Norte, devido a sua localização geográfica. Devido a essas características históricas, a cidade apresenta uma necessidade de resgate da memória, de sua cultura e de novas áreas para o lazer. Nesse sentido, há

[f.14] Vista aérea da cidade em 2015 Fonte: Prefeitura de São Luiz do Norte

[f.14]

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

015


[ f . 1 5 ] M o r a d i a quilombola no Porto Leocárdio. Fonte: Prefeitura de São Luiz do Norte

[f.16] Comunidade Quilombola da região realizando artesanato. Fonte: Prefeitura de São Luiz do Norte

[f.17] Evento Cultura Afro-Brasileira realizada pelas escolas do município. Fonte: Fonte: Prefeitura de São Luiz do Norte

[f.18] XVI Festa do Peão de São Luiz do Norte. Fonte: Fonte: Prefeitura de São Luiz do Norte

[f.15]

016

somente uma alternativa para a população, a Praça Central Ramiro Manso, de qualidade arquitetônica e paisagística extremamente questionáveis, que possui em seu entorno ‘pitdogs’, pequeno bares e uma pizzaria. Esta mesma praça também é usada para as feiras semanais e para festas como as de posse de novos mandatos políticos, shows de finais de ano e outros mais esporádicos. Como a cidade ainda emprega a maior parte de sua população no setor agropecuário, as festas e costumes estão ligadas à religiosidade, às colheitas e a pecuária que criam eventos anuais com duração de uma semana completa cada, em diferentes meses do ano. Como é caso da festa de São Luiz Gonzaga (Padroeiro), São João, Santo Antônio e a do Peão. Tais festas apresentam danças típicas como o chorado, eventos gastronômicos e leilões (tanto de animais quanto de pratos típicos). Ademais, a comunidade aproveita para realizar rituais religiosos como batizados nesse período. Há também eventos culturais promovidos pelas escolas municipais e a estadual da cidade que reúne toda a população para a confecção e exposições de trabalhos artesanais, como o Dia de Mostra da Cultura Afro-brasileira, onde há apresentações de danças (capoeira) e músicas com berimbau. Contudo, os eventos já não possuem espaço que comporte o número de pessoas participantes, ocorrendo muitas das vezes na Praça Central ou em alguma rua próxima. A Festa do Peão, por sua vez é a que atrai a maior quantidade de pessoas para a

cidade. São Luiz do Norte apresenta em torno de 7 mil habitantes, mas esse número chega a triplicar na época da festa. Tal evento é uma grande oportunidade para a cidade obter uma arrecadação satisfatória, mas como não possui um local fixo – acontece atualmente no campo de futebol do Clube dos 20 e em um trecho da Av. Benvinda Vieira – e de qualidade para ocorrer, acaba não reunindo um valor final líquido considerável, visto que a infraestrutura é toda locada, representando um enorme gasto (com a arena de rodeio, palco de shows e as tendas para quiosques e exposições). Além disso, o leilão ocorre no galpão da Igreja Católica, juntamente com a comemoração do aniversário da cidade onde disponibilizam um bolo de metragem equivalente aos anos comemorados. Portanto, diante dos fatos explicitados, o Conjunto Cultural a ser proposto, desde o início de sua concepção, teve ciência do seu poder como construtor da paisagem que ao realizar uma intervenção urbana através de um grupo de construções sugere a possibilidade de se criar uma arte diferente, uma arte de relacionamento, intimamente interligada pelos programas a serem implantados. Tornando o local um ponto proporcionador de encontros, trocas de informações, cultura e que consequentemente levará mais segurança e qualidade ao lugar, ao mesmo tempo que permite maior fixação da renda dos eventos na cidade. Por outro lado, também busca restaurar sua memória coletiva, parte de sua história.

[f.16]

Richardson Thomas da Silva Moraes

[f.18]


[f.20]

[f.19]

Essa anamnese proporciona salvar o passado para servir ao presente e a o futuro, tornando-se, como na poética grega, a fonte da imortalidade de um povo. Ou seja, para Le Goff (1994), falar de memória é falar de identidade. Por fim, a leitura da paisagem faz-se simultaneamente em diferentes níveis ou escalas, “também pelos percursos e sequências, pela vivência individual e coletiva, e pelo tempo” (TARDIM, 2011). Além disso, essa percepção e de todo espaço circundante,

[f.21]

supre a necessidade inerente do homem de se identificar com o local em que se encontra (CULLEN, 1971).

[f.19] Folia. Fonte: Prefeitura de São Luiz do Norte

[f.20] Folia. Fonte: Prefeitura de São Luiz do Norte

[f.17]

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

[f.21] Chorado. Fonte: Prefeitura de São Luiz do Norte

017


ABORDAGEM


[f.15]

[f.22] Desfile em comemoração ao dia 07 de setembro em 1989. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva. [f.23] Festa na Praça Central Ramiro Manso. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva.

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

019


N

DF Anápolis

100km

[f.24]

[f.25]

5km

[f.26]

100m

[f.27]

São Luiz do Norte é um município brasileiro do estado de Goiás, situado na região do Vale de São Patrício. Está localizado à margem esquerda da BR-153, sentido Goiânia-Belém, e é cortado pela GO-338 que liga Goianésia a Hidrolina, Pilar de Goiás, Santa Terezinha de Goiás, Campos Verdes, Crixás, e outras. A cidade fica há 200 km de Anápolis, 245 km da capital do estado, Goiânia, e 350 km de Brasília. Possui 588,05 km de extensão geográfica, que corresponde a 58.606 hectares e cerca de 7.000 habitantes segundo o último levantamento do IBGE.

BR - 153

GO - 338

Alvorada Central Jardim Hirman Nova Conquista Nova Esperança Paraíso Perillo

GO - 459

Terreno

Pôr do Sol I Pôr do Sol II Rubens Ferreira Naves Santa Fé Santa Rosa Vila Santana Volta da Jurema

A densidade demográfica é de 7,9 hab./ km² e está situado há 578 metros de altitude. Suas coordenadas geográficas são: latitude - 14° 51' 49'' Sul e longitude - 49° 19' 45'' Oeste.

[f.24] Mapa de Goiás. Fonte: Autoral

[f.25] Mapa de São Luíz do Norte. Fonte: Autoral

[f.26] Terreno de estudo. Fonte: Autoral

[f.27] Mapa com marcação dos bairros da cidade e vias de acesso. Fonte: Google Earth com intervenção autoral

020

[f.28]

Richardson Thomas da Silva Moraes


800m

O município é banhado por 4 rios, sendo: Rio das Almas que o corta de Sul a Norte; Rio dos Bois que divide o município ao leste; Rio São Patrício que o divide ao sul, e Rio Vermelho ao norte. A cidade é composta por 14 (quatorze) bairros que são: Alvorada, Centro, Jardim Hirman, Nova Conquista, Nova Esperança, Paraíso, Perillo, Pôr do Sol I, Pôr do Sol II, Rubens Ferreira Naves, Santa Fé, Santa Rosa, Vila Santana e Volta da Jurema (fig. 27). Este último ainda não possui moradias e nem ruas asfaltadas, sendo delimitado apenas pela marcação das quadras e lotes. O terreno escolhido (fig. 29) faz parte do bairro Perillo e possui 245.273 m² caindo de um em um metro ao longo de 24 curvas. Está localizado na Rua P.02 com Avenida R.02, limite com a BR-153. Acesso sendo pela avenida Benvinda Vieira e pela própria rodovia em dois pontos circundantes. O lugar de estudo é próximo da Praça Central Ramiro Manso, onde ocorrem os principais eventos do ano, e do lago municipal, o qual faz parte de um trecho do córrego do Ouro que passa pela região e adentra o terreno em questão. Outros pontos característicos próximos são: o Hotel São Luiz, a Capela Sant’Ana, o cemitério municipal, a arena central Valde Cordeiro de Araújo e a abandonada fábrica de laticínio (número 6 no mapa abaixo). No entorno do terreno escolhido há a presença de comércios e de habitações mistas (comércio na frente e residência ao fundo), mas que não apontam como grande força de atração. Ademais, há uma

predominância residencial e de lotes vazios lindeiros (trechos em branco), além de dois galpões abandonados, contudo, estes estão dentro do trecho selecionado, que outrora foram usados como um secador de grãos e um defumadouro (números 7 e 8 no mapa, respectivamente). O relevo da área de intervenção possui um caimento considerável, denominado como fundo de vale, e apresenta uma grande vegetação de espécies nativas do cerrado, de médio e alto porte e dispõe de um curso d’água do córrego do Ouro. Os ventos dominantes na região são o noroeste e o leste. O noroeste é comum durante o período chuvoso, e vem da amazônia, ou seja, contém maior umidade. Já o vento leste predomina no período de seca e apresenta baixa umidade, além disso este é mais forte (veloz). A incidência solar é mais intensa à oeste, contudo a geolocalização do município já indica temperaturas altas e forte incidência solar, além de um clima quente e semiúmido. No inverno, a temperatura mínima pode chegar aos 12 °C ou menos e as máximas alcançando os 30 °C. Nesse período, a umidade relativa do ar fica baixa (entre 10% e 20% na hora mais quente do dia). Já na primavera, as temperaturas sobem até os 40 °C, sendo o mês de Setembro o mais quente tanto à noite quanto de dia, com mínimas próximas dos 30 °C e as máximas acima de 40 °C. Nos meses de setembro e outubro o calor é insuportável, não sendo recomendável a prática de atividades físicas nesta época. 5

4

1 Hotel São Luiz 2 Capela Sant’Ana 3 Lago Municipal 4 Cemitério Municipal 5 Praça Central Ramiro Manso 6 Fábrica de laticínio (abandonada) 7 Antigo defumador (abandonado) 8 Antigo secador de grãos (abandonado) 9 Arena Central Valde Cordeiro de Araújo

3 9

2

7

[f.29] Mapa de São Luíz do Norte com uso do solo e marcação de principais equipamentos próximos à área de estudo. Fonte: Google Earth com intervenção autoral

BR-153 Avenida Benvinda Vieira dos Santos

N

6

[f.28] Vista do lago municipal. Fonte: Autoral

8

1

Habitação Comercial Industrial Preservação Equipamento público Uso misto (Comercial +Residencial) Institucional Terreno de implantação Terrenos vazios

[f.29] 300m

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

021


[f.30] Mapa com marcação das áreas construídas, vegetação, hidrografia e topografia Fonte: Google Earth com intervenção autoral

475

480 480

A área, no geral, possui uma infraestrutura insatisfatória. Como é uma cidade de pequeno porte, não há linhas de ônibus públicos, somente alguns privados de empresas da região e que buscam seus funcionários, contudo, eles vão a domicílio. O esgotamento pluvial na cidade como um todo não é eficiente. Há pouquíssimos bueiros e quando existem, estão num local que a inclinação não leva a água. No terreno escolhido, em especial, a água da 475

chuva escorre de ambos os lados e se concentra no meio, devido a topografia inclinada de fundo de vale. Há também alagamentos na parte mais baixa da avenida Benvinda Vieria, onde contém a maior concentração de bueiros que destinam essa água para o lago. Sendo assim necessário um aumento de captadores pluviométricos na região. Nesse trecho da cidade, também, não há lixeiras urbanas, necessitando assim de 490

485

480

N

475

490

470 485

465

480

[f.30] 460

455

455

460

465

470

475

150m

Córrego do Ouro

[f.31] Mapa com classificação das vias e marcação do terreno de estudo. Fonte: Google Earth com intervenção autoral

022

de sua implementação. Por outro lado, há postes de luz, contudo, são poucos e não são na escala do pedestre, deixando as ruas sem segurança a noite. Já na avenida Benvinda Vieira existem postes em todo seu canteiro central, porém nenhum na faixa da calçada, tornando-se uma via extremamente escura para quem transita no lugar. O sistema viário da área possui apenas uma via arterial (Av. Benvinda Vieria), que é uma via de fluxo mais intenso e que conecta duas partes da cidade. Há uma predomi-

nância de vias coletoras que coletam o fluxo e levam para outras partes do município como também para fora dele, contudo, o trânsito é tranquilo e não há semáforos. A maior parte das vias são de 5 metros de largura e sem vegetação. A maior via é a arterial com 9 metros de largura e possui vegetação no canteiro central, entretanto, nas calçadas próximas não há sombreamento, além de serem calçadas de 2,5 metros ou menos. Visivelmente a área do Setor Central

Richardson Thomas da Silva Moraes


indica maior quantidade de construções, as quais são de uso misto (comércio e residência), entretanto, não há edificações na área que ultrapassem 2 (dois) pavimentos. A tipologia predominante próxima ao terreno é de habitações, embora as mistas não fujam do padrão notado e os galpões abandonados próximos se contrastam, tanto em altura quanto em largura, materialidade e texturas empregadas, com as tipologias predominantes. A matriz da Igreja Católica é um ponto um pouco mais distante do terreno, contu-

do, devido à sua variação formal e zona, é um marco na paisagem e serve como ponto de referência aos visitantes e habitantes locais, pois também sua edificação religiosa se diferencia das demais.

BR - 153 Via Arterial (Av. Benvinda Vieira)

[f.32] Corte longitudinal. Fonte: Autoral [f.33] Corte transversal. Fonte: Autoral

Via Coletora Área de estudo

N

Av. Benvind

a Vieira do

s Santos

Av. R-02

Rua P.02

BR-153

[f.31]

300m

485 480 475 470

465 465

460 [f.32]

0

25

50

75

475 470 465 460 [f.33]

0

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

25

50

75

023


[f.34]

[f.35]

024

Richardson Thomas da Silva Moraes


[f.36]

[ f . 3 4 ] V i s t a d o a b a n d o n a d o defumadouro. Fonte: Autoral [ f . 3 5 ] V i s t a d o abandonado galpão secador de sementes. Fonte: Autoral [f.36] Vista da região de implantação do parque urbano. . Fonte: Autoral

[f.37]

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

[f.37] Vista do terreno com as pré-existências (os dois galpões). Fonte: Autoral

025


[f.38] Orun, coleção ‘Sundust’. Fonte/Artista: Sara Golish [f.39] Moonchild, coleção ‘Moondust’. Fonte/Artista: Sara Golish [f.40] Toffee Soul, coleção ‘Moondust’. Fonte/Artista: Sara Golish

[f.38]

026

As questões envolvendo os quilombolas no Brasil nunca foram enfrentadas com a necessária profundidade e, exatamente por isso, são sempre recorrentes. Pode-se afirmar sem receio que há pouco conhecimento sobre tais comunidades e essa falha compromete não só as ações públicas destinadas a esses grupos sociais, mas também a compreensão da própria identidade nacional, já que o país nada seria sem a contribuição essencial que os escravos deram à nossa sociedade e à sua construção (HENRIQUES FILHO, 2011). Até mesmo uma adequada classificação das mesmas é algo ainda que não foi realizado (quilombos de resistência ou de abandono; descendentes de sudaneses ou bantos). O grupo remanescente da região de São Luiz do Norte foi formado por escravos que fugiram de seus senhores do arraial de Lavrinhas de São Sebastião e que permaneceram próximos ao local, formando a comunidade de Porto Leocárdio – Leocárdio era um negro de estatura forte que comandou seus familiares e outros que ficaram no grupo durante a fuga. Essa comunidade quilombola vive até hoje no mesmo local e em condições precárias. Muitos abandonaram o lugar, seu povo e sua cultura por falta de condições de sobrevivência, chegando ao ponto de cederem boa parte de seu território para lavouras de canas-de-açúcar (principalmente para a Empresa Codora). Ou seja, perdendo parte de seu krall – terreno cercado que contém as diversas cubatas, locais de trabalho, a horta, as árvores

[f.39]

frutíferas e de sombra (moradas de orixás), espaços cerimoniais, cercado de animais e etc) – ou alguma cubata – construção que abriga somente uma única atividade como uma cozinha, um dormitório, um celeiro, etc), que são características mais específicas da arquitetura africana. O Governo Federal em parceria com o município e em favor da Comunidade, entrou com processo de Regularização Territorial dos Quilombolas (em tramitação desde 2015), objetivando reunir essas famílias e com isso fortalecer sua cultura e a sua permanência. Contudo, enquanto isto não ocorre, a Fundação Cultural Palmares está doando cestas de alimentos mensalmente a todas as famílias remanescentes (cerca de 9 famílias, compostas por 5 membros cada). Henriques Filho (2011) salienta que “não há comunidade quilombola que tenha recebido do Estado Nacional a titulação das áreas que ocupa”, embora no art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias é estabelecido que: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”.

O § 5º do art. 216 da Constituição determina que “ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombolas”, todavia, não foi implementada na prática, assim como o § 1º do arts. 215 que atribui ao Estado a obrigação de assegurar a proteção “das manifestações

[f.40]

Richardson Thomas da Silva Moraes

[f.41]


[f.42]

das culturas populares, indígenas e afrobrasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional” – Neste último, assegura-se também a proteção das demais comunidades negras que não são remanescentes quilombolas. Na década de 1990, estes grupos tiveram melhores perspectivas de vida com a criação de uma escola que atendia a toda comunidade em salas multisseriadas (de 1ª a 4ª série), além de ter sido reconhecida nacionalmente pela sua história. Nesta mesma época também houve ajuda e assistência da Rede Globo, a qual instalou na Comunidade energia solar e água para ajudar no seu funcionamento. Todavia, no penúltimo mandato político a unidade escolar foi fechada – e ainda permanece – por considerarem poucos alunos e com a premissa de utilizá-la para oficinas e cursos profissionalizantes (com apoio do governo federal). Entretanto, nada disso se concretizou, levando os alunos e professores da comunidade a serem remanejados para a

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

[f.43]

Escola de Lavrinhas de São Sebastião, há alguns quilômetros de distância. Por fim, é evidente a necessidade de preservação desse agrupamento, permitindo assim o resgate de uma identidade e a construção de uma memória da raça negra e, por consequência, da cultura nacional como um todo (HENRIQUES FILHO, p.164). Afinal, tudo o que se refere aos quilombolas e aos demais agrupamentos negros participantes do processo de formação do Brasil encontra-se por construir ou estruturar. Diante disso, o Conjunto Cultural contará com um Memorial Quilombola, que permitirá resgatar sua memória coletiva – não apenas oral (característica da tradição africana), m a s t a m b é m e s c r i t a ( d o c u m e nto/monumento) –, além de sua história, possibilitando sua valorização tanto no nível local quanto nacional. Afinal de contas, muitos dos habitantes do município desconhecem a presença desses povos na cidade.

[f.41] Messages from the s t a r s , c o l e ç ã o ‘Moondust’. Fonte/Artista: Sara Golish [f.42] Calypsoul, coleção ‘Moondust’. Fonte/Artista: Sara Golish [f.43] Khwezi, coleção ‘Sundust’. Fonte/Artista: Sara Golish

027


[f.44]

[f.44] Desfile de comemoração ao dia 07 de setembro, 1986. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva. [f.45] Desfile de comemoração ao dia 07 de setembro, 1986. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva.

028

Richardson Thomas da Silva Moraes


Os quadros (dispostos em fichas) a seguir contém as diretrizes proposta tanto para o terreno escolhido quanto para seu entorno imediato, abrangendo também, em alguns pontos, a cidade como um todo. São previstas 8 categorias para melhor entendimento das medidas, sendo elas: Cultura e lazer/turismo; Patrimônio; Saúde; Infraestrutura; Atividades econômicas; Uso do solo; Meio ambiente e, por último, a Mobilidade. Cada grupo possui, no máximo, dois tópicos que foram graficados no mapa para melhor visualização, como é o caso do setor designado para criação do espaço que possibilita o acontecimentos dos eventos festivos e culturais (diretriz de cultura); Uso de pré-existências que há no terreno para ocorrer as festas e resgate da cultura quilombola (diretriz de patrimônio); Criação

CONDUTA

de caminhos com pavimentação, vegetação e iluminação adequados e que conectem os programas dispostos (diretriz de saúde); Implementação de postes com lâmpadas de led, na escala do pedestre, voltados para os locais onde estes transitam (diretriz de infraestrutura); Demarcação de áreas abandonas que podem ter novos usos e das indústrias que já estão no local (diretriz de atividades econômicas); Locais de incentivo aos comércios com vitrines atrativas (diretriz do uso do solo); Recuperação e preservação da vegetação próxima ao córrego do Ouro e criação de um parque linear (diretriz de meio ambiente) e, por último, a criação de um ciclovia que abrange o bairro e os principais eixos que a população utiliza para realizar suas caminhadas e percursos como a GO-338 (diretriz de mobilidade).

029


N

Requalicação da Praça Central Ramiro Manso Implantação de equipamentos no bairro para o lazer/estar como playgrounds que atenda as crianças e as mães do bairro e também a população idosa

Aumentar a quantidade e a qualidade dos bueiros

Desapropriação com indenização de moradores da ocupação a 30m do rio

Mais postes com lâmpadas de led, na escala do pedestre, voltados para os locais onde estes transitam

Criar um parque linear

Implantação de lixeiras públicas de coleta

Realizar intervenções e criar um espaço que possibilite o acontecimento desses eventos como a festa do peão, as feiras e os eventos culturais

Asfaltar e trazer infraestrutura para a via que ligará a rua R-10 com o seu outro trecho

Criação de uma rota turística no local que se interligue com outros trechos de mesmo cunho da cidade

Troca de pavimentos para redução de velocidade em alguns trechos, principalmente na Av. Benvinda Vieira dos Santos

Designar local adequado para as festas agropecuárias de forma que possa ser usado não apenas para essa festa em especíco, mas que atenda a região e nas demais festividades o ano todo

Conscientização da população sobre o programa de reciclagem, pontos de coleta sucientes e que atendam de forma adequada

CULTURA E LAZER/TURISMO

INFRAESTRUTURA

DIRETRIZ

DIRETRIZ

[t.01]

[t.04]

Criar mecanismos ou espaços que possibilitem o acesso a história da cidade

Estipular no plano diretor áreas para comércio

Rememorar o surgimento da cidade com um espaço de eventos culturais com um espaço para ocorrer as festas agropecuárias, leilões, shows e também para rememorar e aprender sobre as demais culturas presentes como a quilombola.

Dar novos usos a essas áreas abandonadas

Fazer uso das pré-existências que há no terreno e que já foram sinônimos do desenvolvimento da cidade

Manter as indústrias que já estão no local, mas restringir a implantação de futuras Gerar novos usos para que o bairro tenha mais pessoas na rua a noite para maior segurança

[t.02] Calçadas ativas para diminuir a depressão na população idosa do bairro e o sedentarismo Criar um circuito que possibilite a circulação de ciclistas com segurança Criação de caminhos com pavimentação, vegetação e iluminação adequados para que isso ocorra no terreno de estudo

ATIVIDADES ECONÔMICAS DIRETRIZ [t.05]

[t.03] 030

Obras de drenagem urbana e pavimentação permeável Conscientização da população sobre o programa de reciclagem, pontos de coleta sucientes e que atendam de forma adequada Participação da população no parque

MEIO AMBIENTE DIRETRIZ [t.07]

Criação de ciclovias que abranja o bairro e demais eixos que a população utiliza para caminhadas e percursos como a GO338 Pavimentar e requalicar os trechos de calçadas para atender os pedestres Fazer uso do da via de forma que comporte tanto os veículos quanto os pedestres de forma confortável Incentivo à fachada ativa/atrativa

MOBILIDADE

Aplicação da Outorga Onerosa em áreas especícas com renda voltada para a preservação do parque Aumentar a densidade com prédios de até 4 pavimentos (com atividades mista) Implantação de edifícios culturais

USO DO SOLO DIRETRIZ [t.06]

DIRETRIZ [t.08]

[f.46] Mapa com s e t o r i z a ç ã o esquemática dos quadros de diretrizes. Fonte: Google Earth com intervenção autoral [t.1] Quadro de diretrizes - Cultura e lazer/turismo. Fonte: Autoral [t.2] Quadro de diretrizes - Patrimônio. Fonte: Autoral [t.3] Quadro de diretrizes - Saúde. Fonte: Autoral [t.4] Quadro de diretrizes - Infraestrutura. Fonte: Autoral

Incentivo aos comércios com vitrines atrativas

SAÚDE DIRETRIZ

Recuperação e preservação da vegetação próxima ao córrego do ouro

Estímulo a coleta seletiva de lixo com algum retorno

PATRIMÔNIO DIRETRIZ

Programas de incentivo ao plantio de árvores nas calçadas com estímulo nanceiro - Políticas públicas de preservação de áreas verdes e córregos e nascentes

[t.5] Quadro de diretrizes - Atividades Econômicas. Fonte: Autoral [t.6] Quadro de diretrizes - Uso do solo. Fonte: Autoral [t.7] Quadro de diretrizes - Meio Ambiente. Fonte: Autoral [t.8] Quadro de diretrizes - Mobilidade. Fonte: Autoral

[f.46]


100m

031


032

PRÉ-EXISTÊNCIAS


[f.48]

[f.47] Chaminés do antigo defumadouro de carne. Fonte: Autoral [f.48] Fachada oeste do galpão secador de sementes. Fonte: Autoral

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

033


[f.49] Fachada oeste do abandonado galpão o n d e s e c a v a m sementes, vista para os fornos. Fonte: Autoral [f.50] Interior do abandonado galpão o n d e s e c a v a m sementes. Fonte: Autoral

[f.49]

034

As duas pré-existências que serão usadas para implantação do programa estão abandonadas, mas apresentam estruturas ainda resistentes e materialidades que possibilitam um bom aproveitamento de sua arquitetura. Além disso, e como preza a Carta do Patrimônio Industrial, elas revestem um “valor social como parte do registro de vida dos homens e mulheres comuns e, como tal, confere-lhes um importante sentimento identitário”. Estes valores são “intrínsecos à sua documentação e também aos registros intangíveis contidos na memória dos indivíduos e das suas tradições”. Segundo GOMES (2004), lazer é “(...) uma dimensão da cultura constituída por meio da vivência lúdica de manifestações culturais em um tempo/espaço conquistado pelo sujeito ou grupo social, estabelecendo relações dialéticas com as necessidades, os deveres e as obrigações” (GOMES, 2004, p.124). Desta maneira, a intervenção se garantirá como um ponto de distribuição de bens materiais e imateriais, além de ser um local de lazer e de descontração, é também um espaço de aprendizado humano. Além disso, adaptar e reutilizar edifícios industriais evita o desperdício de energia e contribui para o desenvolvimento econômico sustentado, sendo esta uma das normas de manutenção e conservação da Carta do Patrimônio Industrial. A pré-existência onde funcionava o defumadouro de carne abrigará o memorial quilombola, sendo um espaço de oficinas e mini-cursos a respeito dessa cultura, de forma que a identidade e a história da

comunidade sejam valorizadas e que estes mesmo indivíduos consigam um novo tipo de renda. Visando o novo uso e a construção em questão, uma das lâminas será descartada, permanecendo a que possui chaminés com detalhes que rememoram a arquitetura popular portuguesa. É proposta também uma exploração da materialidade da pré-existência, deixando os tijolos maciços a mostra em certas áreas, alongando a área de acesso, tornando-a acessível a todos (implementando escada mais larga e rampa). E, como se tornará um ambiente com clima controlado, é possível fazer uso da parede onde a tubulação do exaustor adentrava. Nesse contexto, haverá a implementação de uma volume treliçado e revestido com placas de aço corten que permitirá esconder o maquinário. Estas placas serão perfuradas com desenho inspirado nas estampas africanas. É importante ressaltar que no levantamento de campo desta pré-existência não foi permitida a entrada para realizar as medições e averiguações internas, pois a família que atualmente mora no estabelecimento não concedeu o estudo. Já o galpão onde se secavam sementes se tornará um espaço de exposição agropecuária, mas que fora da época de festas, ou concomitantemente, abrigará as feiras da cidade, além de também ter em seu programa um espaço para ocorrer os leilões, o qual se ligará com a área do rodeio. A estrutura em aço do galpão permite a construção de algumas paredes do lado sul, as quais manterão a mesma materialidade

[f.50]

Richardson Thomas da Silva Moraes

[f.52]


[f.53] das existentes (tijolo maciço), contudo, espaçados permitindo a contemplação do memorial quilombola e do parque urbano. Possibilitando também a passagem de ventilação e luz natural na edificação. A alvenaria de tijolo maciço presente nas paredes do galpão será evidenciada. A cobertura receberá uma nova conformação volumétrica em aço corten (em duas das águas) para obter um uso melhor da iluminação e ventilação natural através de perfurações (com o mesmo desenho proposto para a primeira pré-existência). Isto

permitirá uma mesma linguagem através dos materiais. Ademais, utilizará a telha sanduíche nos outros dois lados do telhado, amenizando a temperatura do interior da edificação. No levantamento de campo desta préexistência a visita foi guiada pelo senhor Petronilo Rodrigues de Melo (popular Sr. Nilo), responsável pela segurança do bem construído. Foi possível visitar seu interior e também a área de fornos permitindo uma coleta mais precisa dos dados.

[f.51] Fachada sul do galpão secador de sementes. Fonte: Autoral

[f.51]

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

[f.52 e 53] Fachada oeste do antigo defumadouro de carne. Fonte: Autoral

035


CONCEPÇÃO


[f.55]

[f.54] Fazenda Bom Sucesso. Fonte: Eliete Dias de Moraes [f.55] Fazenda Rio Vermelho. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

037


A intervenção contemplará também os demais programas: um local para a montagem da arena de rodeio e para o parque de diversões; quiosques fixos (visto um potencial comercial no local também fora da época de festas); uma zona para shows e demais apresentações; uma área livre pavimentada e um parque urbano, devido o potencial do lugar e a necessidade de um local de qualidade para a população realizar atividades físicas e de lazer permanentemente.

De acordo com o potencial do terreno, houve previsão de uma zona do programa com vocação esportiva, próxima à arena central Valde Cordeiro de Araújo, justificando a disposição de uma área livre pavimentada para patinação e demais usos esportivos e culturais. A região para montagem da arena de rodeio ficou mais centralizada para ter uma conexão com o pavilhão de exposições e também da área de leilão, tangente à área de exposição no mesmo galpão.

O local de montagem do parque de diversões ficará lindeiro a área com quiosques fixos, o que garante um caráter comercial e familiar que se conecta ao restante do terreno e permite uma vista geral de todo o programa. Além disso, os quiosques também serão empregados próximos ao lago e as quadras poliesportivas. A área de shows (que também poderá ser usada para outros tipo de apresentações) terá como plano de fundo as chaminés, tirando partido de sua arquitetura

industrial. Já o parque a ser implantado mais abaixo, envolverá a requalificação da área do lago municipal, que conta com o fechamento de um trecho da Rua P.02 (local onde ocorre desmoronamento) para reflorestamento. Ademais, há um alargamento do curso d’água do córrego do Ouro que cruza o terreno. A ligação entre os equipamentos foi concebida através de uma análise de fluxos, tendo como percurso principal o caminho que liga o lado oeste do parque urbano ao

N

[f.56]

[f.56] Foto da maquete com plano de massas e caminhos. Fonte: Autoral

038

Richardson Thomas da Silva Moraes


²

1145,56 m²

FEIRAS

EXPOSIÇÃO/

SALAS DE

CURRAL +

ALIMENTAÇÃO

663,53 m²

DE MÁQUINAS/

ÁREA EXPOSIÇÃO

66,28 m²

495 m² QUIOSQUES

495 m² QUIOSQUES

232,42 m²

[f.59]

RECEPÇÃO

LEILÃO 709,42 m²

m 2613,50

[f.58]

PRAÇA DE

O Ã Ç A L U C R I C 110,78 m²

[f.58] Diagrama de programa do Galpão de E x p o s i ç ã o Agropecuária. Fonte: Autoral

BANHEIROS

[f.57] Foto da maquete nal com marcação do plano de massas Fonte: Autoral

REUNIÃO84,70 m²

modo de vida, a ciclovia foi traçada percorrendo lindeiramente o terreno de estudo, conectando a Av. Benvinda Vieria (que leva ao parque) com o centro da cidade (onde fica a Praça Central Ramiro Manso) com a GO-338. Assim, faz-se uso dos trechos que já possuem maior fluxo de pedestres e ciclistas em São Luíz do Norte. Com a inserção do parque e dos já citados equipamentos, a região confinante à implantação apresenta potencial comercial que pode vir a ser explorado posteriormente pela comunidade – fato previsto nas diretrizes de atividades econômicas.

SALAS DE

leste, passando pelo memorial quilombola, a área de show, chegando ao galpão designado para as exposições e, por último, com a região pavimentada. Os demais fluxos foram assinalados ligando os inícios e finais das quadras próximas ao percurso principal como uma espécie de convite ao pedestre que transita pelo local. Após essa análise as linhas obtidas foram dispostas sobre a topografia do terreno e adequadas com seu caimento e programas próximos, de maneira que os transeuntes não tivessem dificuldade de acesso. E baseando-se no perfil do usuário e seu

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

ÁREA 31,72 m²

CLIMATIZADOR SALA DE BANHEIROS + REUNIÃO [f.60] 12,95 m²

LAVABO

38,90 m²

[f.60] Diagrama de programa do Memorial Quilombola. Fonte: Autoral

COPA 19,50 m²

Área pavimentada livre (patinação, skate, estar) Local dos shows Caminho principal Caminho às margens (rebaixado) Caminhos segundários (apenas pedestres)

22,52 m²

[f.59] Diagrama de programa dos dois tipos de quiosques. Cada um possui 15 unidades de 33 m². Fonte: Autoral

RECEPÇÃO

CHAMINÉS Pavilhão de Exposição, Feiras + Leilão Local para montagem da arena de rodeio Local do parque de diversão + Quiosques xos Parque Urbano Memorial Quilombola

25 m²

CIRCULAÇÃO ÁREA

[f.57]

DE

RESERVA TÉCNICA + SALA DE RESTAURO EXPOSIÇÃO

51,96 m² 201,91 m² 039


N

040 100m


Anteatro Redário Decks e pontes História Playground

[f.61] Implantação geral. Fonte: Autoral

[f.62] Academia Quadras Bicicletário Áreas de bancos Estacionamento

Local para montagem da arena + parque de diversão Área dos shows Ciclovia

1 Estacionamento (Placas de cimento + grama)

[f.65]

[f.63] 2 Ciclovia

[f.66]

3 Área pavimentada 4 Caminho geral (Piso Drenante) (Piso intertravado Intercity Modelo Antiche)

[f.64] 5 Deck de madeira (Entrada - mirante)

[f.62] 7 Caminho às margens (Piso Drenante)

[ f . 6 2 a f . 6 9 ] Materialidade dos caminhos. Fonte: Pinterest [f.70 a f.77] Exemplos dos mobiliários pensados para implantação no parque. Fonte: Pinterest e ArchDaily [f.78] Render com vista pro parque, quiosques, Memorial Quilombola e Galpão de Exposição Agropecuária e feiras. Fonte: Autoral

[f.68]

[f.70]

[f.71]

[f.72]

[f.73]

6 Caminho secundário (Apenas pedestres)

[f.69]

[f.74]

[f.75]

[f.76]

[f.77]

8 Calçadas (Bloco intertravado holândes)

[f.78]

041


N

A

D

C

C

5

8

3

7 4 B

B 2

1 6

[f.82] 5m

A

D 5m

[f.79] Implantação com térreo do Memorial Quilombola. Fonte: Autoral

[f.79]

5m

[f.80 e f.81] Diagrama da concepção do novo volume implantado no museu. Fonte: Autoral

1 2 Lavabo e banheiros sociais

[f.80]

[f.83]

[f.81]

corte

[f.84] 5m

042

Richardson Thomas da Silva Moraes


11

9

17

8

4 10 18 19

5

12 13

20 14

15

5 16

5 7

3 6 2 1

[f.85] [f.82] Corte B - Memorial Quilombola. Fonte: Autoral [f.83] Corte C - Memorial Quilombola. Fonte: Autoral [f.84] Corte D - Memorial Quilombola. Fonte: Autoral [f.85] Corte de Pele Memorial Quilombola. Fonte: Autoral

5m 1. Viga baldrame. 2. Laje ligada a viga baldrame em concreto armado protendido. 3. Chapas de aço córten perfuradas e soldadas 4. Chapas de aço córten. 5. Treliça de aço galvanizado soldadas pintadas de bronze. 6. Ar condicionado Toshiba SMMS-i, 16 HP, (180 x 121 x 78cm). 7. Tubulação de corrente de ar em

aço zincado 30 x 60. 8. Terças de aço galvanizado perfis de 10 x 30 cm 9. Isotelha Sanduíche Termoacústica de 5 cm de espessura. 10. Telha cerâmica colonial. 11. Rufo em aço zincado. 12. Treliça (existente) de aço galvanizado pintada de bronze. 13. Caixa evaporadora. 14. Paredes Drywall dupla

15. Parede de tijolinho maciço (5 x 10 x 21 cm) aparente pintada de branco 16. Parede existente de tijolinho maciço (5 x 10 x 21 cm). 17. Chaminé com detalhe de casa popular portuguesa. 18. Terças de madeira (existente). 19. Ripas de madeira (existente). 20. Laje existente de concreto armado.

[f.86] Corte A - Memorial Quilombola. Fonte: Autoral

[f.49]

[f.86] 5m Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

043


N [f.87] Volume original do galpão com demarcação das águas de estudo. Fonte: Autoral

A

C

[f.88 e f.89] Criação dos novos volumes no telhado. Fonte: Autoral

8

[f.90 e f.91] Adequação dos volumes (em diferentes alturas) que possibilita melhor passagem dos ventos. Fonte: Autoral

[f.87]

6

7

3

3

3

3

3

[f.90] [f.87]

1 2

[f.88] [f.87]

Sala de Reunião Área de alimentação/ exposição de máquinas agrícolas Curral 7 Leilão 8 Área de descarga dos animais

B

[f.93] Implantação com mezanino do Galpão de E x p o s i ç ã o Agropecuária. Fonte: Autoral

3

3

3

3

3

[f.92] Implantação com térreo do Galpão de E x p o s i ç ã o Agropecuária. Fonte: Autoral

3

3

3

3

3

B 5 3

3

3 3

3

4

4

4

A

1

3

2

2

C

5m

[f.87] [f.92] [f.89] [f.87] 044

[f.91] [f.87] Richardson Thomas da Silva Moraes


N

A

C 6

7

6

3

3

3

3

3

3

3

3

3

3

3

3 3

3 B

B 3 5

3

3 3

3

3

3

3

A

[f.93]

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

3

3

3

3

2

2

C

5m

045


N

8

6

7

[f.94] [f.94] Implantação cp, a área de leilão do Galpão d e E x p o s i ç ã o Agropecuária. Fonte: Autoral

5m Curral 7 Leilão 8 Área de descarga dos animais

[f.95] Corte D - Galpão d e E x p o s i ç ã o Agropecuária. Fonte: Autoral

[f.95] 5m

046

Richardson Thomas da Silva Moraes


3 3 3 3 4 6 9

1 13

3

7 8

10

3

3

1 3 4 9 10

14 14

13

2 11 15 16

12

18

18

3 5

[f.98]

15

5m

17 16 18

15

19

20

[f.96]

22

21 5m

1. Telha Trapezoidal Brasilit Terracota 2. Isotelha Sanduíche Termoacústica de 5 cm de espessura 3. Rufo em aço zincado 4. Calha em aço zincado 30 x 30 cm 5. Calha em aço zincado 80 x 30 cm 6. Suporte chapa em aço galvanizado parafusado na laje 7. Chapas de aço corten soldadas 8. Treliça de aço galvanizado soldadas pintadas de bronze 9. Chapas de aço corten perfuradas e soldadas 10. Tubo de captação de água pluvial de 100 mm 11. Treliça (existente) de aço galvanizado pintada de bronze 12. Parede de gesso espessura 15 cm para passagem de tubulação 13. Terças de aço galvanizado perfis de 10 x 30 cm 14. Equipamento de iluminação natural Comfort Lux SD 4x4 (1,22 x 1,22 m) com lentes duplas em policarbonato prismático 15.Telha trapezoidal brasilit existente pintada na cor terracota 16. Parede de tijolinho maciço (5 x 10 x 21 cm) aparente pintada de branco 17. Parede de tijolinho maciço espassados criando vazios. Pintada de branco 18. Pilar metálico galvanizado existente 19. Laje do mezanino de concreto armado 20. Parede existente de tijolinho maciço (5 x 10 x 21 cm)aparente branco 21. Laje ligada a viga baldrame em concreto armado protendido 22. Viga baldrame

[f.96] Corte de pele do Galpão de Exposição Agropecuária. Fonte: Autoral

[f.98] Corte B - Galpão de E x p o s i ç ã o Agropecuária. Fonte: Autoral

[f.97] Corte A - Galpão d e E x p o s i ç ã o Agropecuária. Fonte: Autoral

[f.99] Corte C - Galpão d e E x p o s i ç ã o Agropecuária. Fonte: Autoral

[f.99] 5m

[f.97]

5m Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

047


Placas de aço córten perfuradas

[f.100] Diagrama estrutural da disposição dos pilares. Fonte: Autoral

Esquema de encaixe das treliças que sustentam as placas de aço córten

[f.101] Diagrama das estruturas existentes e adicionadas. Fonte: Autoral

[f.102] Diagrama com estrutura existente e da cobertura adicionada. Fonte: Autoral

[f.103]

[f.103] Diagrama do encaixe das treliças que seguram a pele de aço corten. Fonte: Autoral

[f.104] Diagrama da passagem de ar natural, que possibilita um efeito chaminé. Fonte: Autoral

[f.100]

Eixos dos pilares adicionados Eixos de acordo com os pilares existentes

[f.101]

Pilares e reforço (nos pilares centrais) adicionados para suportar o mezanino Pilares e treliças existentes

Pilares existentes Pilares adicionados para suportar o mezanino

[f.102]

Entrada do ar mais frio e saída do quente pelos elementos vazados (Efeito chaminé)

5m

[f.104] 048

Richardson Thomas da Silva Moraes


[f.104] VOLUME TOTAL 197,6 L + 6279 L = 6476,6 L

Reservatório Inferior 6476,6 x 60% = 3885,96 (Reservatório de 4000L) Duas cx d’água de 2000 L

Reservatório Superior 6476,6 x 40% = 2590,64 (Reservatório de 3000L) Cx Circular de 5,10m e 1,27m de diâmetro

5m [f.104] Diagrama do reservatório de água. Fonte: Autoral

[f.105]

Circulação do ar captado e resfriado pelo ar condicionado

Uso da iluminação natural atravésdos elementos perfurados no aço córten e da luz natural prismática (acessório comfort lux)

[f.105] Diagrama de ventilação controlada dentro do museu (ar condicionado). Fonte: Autoral

5m

[f.106] Diagrama do uso de luz natural no galpão. Fonte: Autoral

5m

[f.106]

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

199


[f.107] Diagrama das estruturas existentes e das adicionadas. Fonte: Autoral [f.108 e 109] Diagrama d a s e s t r u t u r a s adicionadas. Fonte: Autoral

Treliças existentes

Placas de aço córten perfuradas

Terças metálicas

[f.107]

Telha sanduíche Esquema de encaixe das treliças que sustentam as placas de aço córten

[f.108]

Telha sanduíche

Terças metálicas

[f.109]

050

Richardson Thomas da Silva Moraes


[f.110] Render Galpão de Exposição Agropecuária e feiras. Fonte: Autoral

[f.110]

051


[f.111] Render Memorial Quilombola. Fonte: Autoral

[f.111]

052


N [f.112] Implantação tipo dos dois tipos de quiosques. Fonte: Autoral

[f.115]

[f.113] Corte do Quiosque 01. Fonte: Autoral [f.114] Corte do Quiosque 02. Fonte: Autoral

ACÁCIA

CAGAITA

Acácia mangium

Eugenia dysenteria

[f.115] Quadro de árvores utilizadas no projeto. Fonte: Autoral

[f.112] 5m

CAJUEIRO

EUCALIPTO

Anacardium occidentale

Eucalyptus

GUATAMBU Aspidosperma macrocarpon

IPÊ-AMARELO Handroanthus albus

[f.113] 5m

IPÊ-ROSA

IPÊ-ROXO

Handroanthus heptaphyllus Handroanthus impetiginosus

[f.114] 5m Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

MAMA CADELA

SUCUPIRA BRANCA

Brosimum gaudichaudii

Pterodon emarginatus

053


BIBLIOGRAFIA


AMADO, Janaína; GARCIA, Ledonias Franco; PALACÍN, Luís. História de Goiás em documentos: I. Colônias. 1ª reimpressão. Editora UFG, Goiânia, 2001. BATISTA, C.M. Memória e Identidade: aspectos relevante para o desenvolvimento do turismo cultural. Caderno Virtual de Turismo, v.5, n.3, 2005. BORGES PEREIRA, Vanina Margarida Tomar. A herança da arquitetura africana nas comunidades quilombolas. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Universidade Federal de Espírito Santo, 2011. CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana. Título original: Concise Townscape. Architectural Press, 1971. Portugal, Editora Edições 70, 20ª Reimpressão, 2008. CANCLINI, Néstor Garcia. Políticas culturales y crisis de desarrollo: un balance latinoamericano. In: CANCLINI, Néstor Garcia (org). Políticas culturales en América Latina. México: Editorial Grijalbo, 1987, p. 13-59. _______. Definiciones em transición. In: MATO, Daniel (org.) Estudios latinoamericanos sobre cultura y transformaciones sociales em tiempos de globalización. Buenos Aires, Clacso, 2001, p.65. COELHO, Gustavo Neiva. O espaço urbano em Vila Boa: entre o erudito e o vernacular. Goiânia: Ed. UCG, 2001. _______. Arquitetura da mineração em Goiás. 2ª ed. Editora Trilhas Urbanas, Goiânia, 2007. DUMAZEDIER, Jofre. Lazer e cultura popular. Debates. São Paulo: Perspectiva, 1976. GOMES, C. L. Dicionário crítico do lazer. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2004 MARCELLINO, N.C. Estudos do Lazer: uma introdução. 3ed. Campinas: Autores Associados, 2002. HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Ed. Centauro, 2004. HENRIQUES FILHO, Tarcísio. Quilombola: A legislação e o processo de construção da identidade de um grupo social negro. Revista de Informação Legislativa, Brasília, a. 48, n. 192, p.147-170, out/dez. 2011

Memória & Tradição: Conjunto Cultural ZE.PA.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Ed. Unicamp, 1994. MILANESI, Luis. A casa da invenção. Ateliê Editorial. São Caetano do Sul, 1997. MORAES, Maria Augusta de Sant’Anna; Palacín, Luís. História de Goiás. Editora UCG, Goiânia, 1989 NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. Londres: Abraham Kingdom, 1891. NEVES, Renata Ribeiro. Centro Cultural: a Cultura à promoção da Arquitetura. Revista Especialize On-line IPOG. Goiânia, 5ª Edição, 2013. NETO, Antônio Augusto Arantes. O que é cultura popular. São Paulo: Brasiliense, 1990. Coleção primeiros passos. PALACÍN, Luís. O século do ouro em Goiás (1722-1822): Estrutura e conjuntura numa capitania de minas. 4ª ed. Editora UCG, Goiânia, 1994. REIS, Nestor Goulart. Contribuição ao estudo da evolução urbana do Brasil (1500/1720). 2ª ed. rev. e ampl. Editora Pini. São Paulo,2000. ROUGERIE, G.; BEROUTCHACHVILI, N. Geosystèmes et paysages: bilan e méthodes. Paris: Armand Colin Éditeur, 1991. VALES, Tiago Pedro. História e Memória: alguns conceitos. Artigo extraído de <http://www.webartigos.com/artigos/histori a-e-memoria-alguns-conceitos/43200/>. Publicado em: 22 de julho de 2010. SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 14ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1996. Coleção primeiros passos. Pág.7 e 8. SILVA, M.J.V. LOPES, P.W.; XAVIER, S.H.V. Acesso a Lazer nas Cidades do Interior: um Olhar Sobre Projeto CINE SESI Cultural. VI Seminário 2009 ANPTUR. São Paulo/SP, 2009. TARDIM, Raquel. Ordenação sistêmica da paisagem. Artigo. Livro: Arquitetura, Urbanidade e Meio Ambiente, organização de Almir Francisco Reis. Editora UFSC, 2011. [f.116] José Paulo Felisbino da Silva colhendo soja na fazenda Rio Vermelho. Fonte: Maria Terezinha da Penha Silva

055



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.