Projeto Modelo: Casa Verde | Sarah Dias Leite | UniEVANGÉLICA

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Habitação

Projeto Modelo: Casa Verde Habitação tecnológica sustentável


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Cadernos de TC 2019-1 Expediente

Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, M. arq. Coordenação de TCC Rodrigo Santana Alves, M. arq. Orientadores de TCC Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq. Detalhamento de Maquete Volney Rogerio de Lima, E. arq. Seminário de Tecnologia Daniel da Silva Andrade, Dr. arq. Jorge Villavisencio Ordóñez, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e Crítica Ana Amélia de Paula Moura, M. arq. Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Pedro Henrique Máximo, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Expressão Gráfica Madalena Bezerra de Souza, E. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Anderson Ferreira de Sousa M. arq. Secretária do Curso Edima Campos Ribeiro de Oliveira (62)3310-6754


Apresentação Este volume faz parte da quinta coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2018/2, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráfico como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a fim de atribuir sentido, tanto ao processo, quanto ao produto final.

A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráfica e Detalhamento de Maquete. Por fim e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados.

Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq.



Projeto Modelo: Casa Verde Considerando a deficiência nas habitações atuais e a procura por moradias melhores, que se adequem de forma a preservar o meio ambiente, abranger os núcleos familiares sem discriminação, com auxílio da tecnologia, a fim de oferecer maior aproveitamento de materiais construtivos, propõe-se a Casa Verde, um projeto modelo que mescla moradias de qualidade, tecnologia construtiva e sustentabilidade, em todas as suas vertentes. A proposta consiste em três modelos que se adaptam em número de pessoas por família, situação financeira, condicionantes ambientais (topografia, iluminação, ventilação.) além da preservação e a utilização correta dos recursos naturais bem como o planejamento de acordo com as reais necessidades de uma família.

Sarah Dias Leite

Orientador: Rodrigo Santana Alves sarahdileite@gmail.com


Sarah Dias Leite


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Projeto modelo: Casa Verde

O Projeto Modelo: Casa Verde tem o objetivo de apresentar uma moradia que une os conceitos de sustentabilidade e tecnologia aplicados à arquitetura, a fim de proporcionar um novo modo de pensamento sobre as habitações atuais. O interesse pelo tema em questão surgiu da afinidade relacionada com o assunto, bem como da observação da situação atual do discurso habitacional referente às deficiências construtivas e projetuais e a usura imobiliária. A primeira vista parece que não faltam moradias para boa parte da população, porém com um estudo mais apurado verifica-se uma grande lacuna, sendo a questão principal a de qualidade e não a de quantidade de moradias existentes, onde em alguns dos casos tem sinalizado fragilidades frequentes. As habitações precárias, em termos de acabamento, material utilizado e estrutura, referem-se aos domicílios rústicos e improvisados, compostos por moradias muitas vezes em locais insalubres, imóveis sem fins residenciais e lugares que acabam por servir como morada alternativa. O ônus excessivo por aluguel é outro componente comprometedor, pois corresponde ao número de famílias urbanas cuja renda familiar é até de três salários mínimos e despendem cerca de 30% dessa renda para o pagamento dos alugueis, ficando praticamente impossibilitados de realizar benfeitorias no imóvel. Sendo assim, o projeto almeja contribuir com construções mais saudáveis do ponto de vista ambiental, social e econômico, abraçando todos os núcleos familiares, se adaptando a diferentes condicionantes ambientais e financeiras, com funcionalidade, qualidade, conforto e flexibilidade, auxiliando as familiares a realizar o sonho da casa própria. A arquitetura cumpre o seu papel, levar a arte ao alcance da população.

LEGENDAS: [f.1] Imagem da fachada: Modelo 01 A Casa térreo

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Habitação e vida urbana

01.1- Programas Habitacionais: História e a deficiência na moradia popular Ao longo dos anos, o Brasil sofreu inúmeras mudanças referentes a habitação popular e aos programas habitacionais regentes nos períodos. No Brasil, somente a partir do ano de 1930 é que começa os primeiros discursos para política habitacional. Em resposta, o governo (período Vargas), começa propondo um financiamento, por meio dos Institutos de Aposentadoria e Pensão, de casas a serem destinadas ao aluguel. A principal marca das políticas habitacionais do período populista foi a criação da Fundação da Casa Popular (FCP), que foi o primeiro órgão criado que tinha como objetivo promover residências para a população mais carente.

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Em 1964, com o golpe militar, a FCP foi extinta, criando o Plano Nacional cujo proposito era a dinamização da economia e o desenvolvimento do país, controlando as massas existentes e garantindo a estabilidade social. A partir desse mesmo ano, as ações publicas voltadas para as vilas e favelas foram sufocadas. Os movimentos sociais e associações foram reprimidos, lançados na ilegalidade e foram impedidos de atuar. Para concretizar a concepção de cidade e de politica para a habitação, o Banco Nacional (BNH) e o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) se tornam os principais órgãos de política habitacional e urbana do Brasil.


A primeira trajetória do SFH e do BNH não é considerada de todo linear e pode ser divida em três fases: A primeira fase, de 1964 a 1969, foi a de implantação e expansão do BNH e das COHAB’s, convergindo com o objetivo do governo de se legitimar junto às massas. A segunda fase, de 1970 a 1974, constituiu em um esvaziamento e uma crise do SFH, devido à perda do dinamismo das COHAB’s, que se tornavam financeiramente frágeis devido à inadimplência causada pela perda do poder da compra do salário mínimo. A terceira fase do SFH, de 1975 a 1980 foi caracterizada pela reestruturação e pelo revigoramento das COHAB’s, com o aumento do número de moradias produzidas, a grande maioria destinada à classe média. Na década de 1980, a crise financeira comprometeu mais gravemente os investimentos do SFH, culminando na extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH) em 1986, que transferiu posteriormente suas funções pra a Caixa Econômica Federal. Em 2009 foi lançado o Programa Minha Casa Minha Vida (período do governo Lula), com a meta de construir um milhão de moradias, somando R$ 34 bilhões em subsídios para atender famílias com renda de 0 a 10 salários mínimos. Além do seu objetivo social, o programa MCMV estimulou a criação de empregos e investimentos no setor da construção civil e também foi uma reação à crise econômica.

Com o PMCMV, inúmeras famílias de baixa e média renda foram privilegiadas, ainda que houvesse desconfiança quanto a execução e manutenção do programa, principalmente relativo aos valores contratados e as garantias de titularidades das respectivas habitações. Atualmente, em relação ao PMCMV, é possível notar uma deficiência considerável em diversas áreas, sendo a de arquitetura a mais carente. Um dos pontos principais de lacuna é a parte de planejamento projetual, convergindo em moradias estruturalmente frágeis, falhas em representações de projeto arquitetônico e projetos acústicos e térmicos, além de construções mal executadas utilizando muitas vezes materiais inadequados para determinadas regiões e edificações despersonalizadas. Devido a crise econômica, diversas famílias sofrem com o desemprego, provocando inadimplência em questão dos financiamentos habitacionais, o que acaba por dificultar a demanda de oferta e procura de novas moradias, pois na tentativa de diminuir este estado devedor, os [órgãos financiadores fazem ajustes na cartilha habitacional, com postura rigorosa e exigente quanto a documentação e comprovação da capacidade pagadora. Nas fotos a seguir é possível observar algumas habitações do PMCMV que demonstram as problemáticas aos conteúdos citados acima.

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LEGENDAS: [f.2], [f.3], [f.4] Imagens de habitações do Programa Minha Casa Minha Vida. Bairro: Flor do Cerrado Anápolis - GO Fotos: do Autor

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Sarah Dias Leite


01.2- Déficit Habitacional: conceitos gerais Entende-se por déficit habitacional a deficiência e a necessidade de quantidade e qualidade de moradia, englobando construções com alto nível de precariedade e desgaste da infraestrutura, sendo necessário a reposição destas habitações e melhorias das mesmas em função da coabitação familiar forçada (soma de famílias vivendo em um mesmo domicilio), com moradores de baixa renda e dificuldades financeiras para o pagamento de alugueis nas áreas urbanas. Para calcular o déficit habitacional, é necessária a análise de quatro componentes que, somados, permitem compreender de maneira mais completa a necessidade de novas habitações em determinada região, de acordo com cada parâmetro analisado. O primeiro componente diz respeito às habitações e domicílios precários, os quais se compõem de todos os locais insalubres e imóveis sem fins residenciais e lugares que servem como moradia alternativa. O segundo parâmetro a ser analisado é a coabitação familiar, que é composto quando duas ou mais famílias convivem juntas em um mesmo ambiente no qual não dispõem de liberdade e privacidade- fazendo-se necessário, a construção de novas moradias. Em terceiro lugar, é importante investigar o ônus excessivo com aluguel urbano, que corresponde ao número de -

famílias cuja renda é de até três salários mínimos e despendem cerca de 30% dessa renda para o pagamento do aluguel. O quarto e último componente se refere à quantidade excessiva de moradores por dormitório em imóveis alugados. Nele são considerados os imóveis que possuem mais de três moradores por dormitório. Assim, esses quatro fatores permitem uma avaliação do déficit de determinada região e, posteriormente, a criação de políticas públicas que em conjunto com os governos federais tenham como objetivo a diminuição da carência dessas moradias. O gráfico 1, abaixo, demonstra a distribuição do déficit habitacional segundo as regiões geográficas do Brasil em 2015, de acordo com a Fundação João Pinheiro. Nele observa-se que as regiões com mais alarde são a Sudeste e Centro-Oeste, respectivamente. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados em 2015, a composição do déficit se modificava referente a cada região analisada. Nas regiões Norte e Nordeste, por exemplo, sofriam mais com a coabitação familiar e habitações precárias, além do ônus excessivo com aluguel. Em relação às regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste a maior dificuldade vinha do ônus excessivo em primeiro lugar, seguido pela coabitação familiar.

Gráfico de Distribuição do Déficit Habitacional no Brasil, em 2015

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100% 80,0% 60,0% 40,0% 20,0% 0,0%

Norte

Nordeste

Sudeste Área urbana

Projeto modelo: Casa Verde

Centro-oeste

LEGENDAS: [f.6] Gráfico de Distribuição do Déficit Habitacional por situação de domicílio, segundo regiões geográficas no Brasil. no ano de 2015. Fonte: Fundação João Pinheiro.

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01.2.2- O déficit no Estado de Goiás Em relação ao Estado de Goiás, segundo o Cadastro Único, aproximadamente 27% do total de registros analisados encontra-se em situação de déficit (gráfico 2), isso corresponde a um número de 159.538 famílias, totalizando 420.925 pessoas nessa situação. Estas famílias vulneráveis equivalem a 6,65% da população do Estado no ano de 2017. Dentre esses números é importante destacar os componentes de maior expressão causadores do déficit, sendo eles: Ônus excessivo, com total de 73,44%, ou seja, 331.152 pessoas. E as Habitações precárias, com 107.073 pessoas em situação de déficit, equivalendo a 23,75%. (tabela 1) Conforme os dados presentes na tabela 2, o déficit no Estado está localizado principalmente na região de Goiânia, com 28,02% em número de habitantes, traduzindo em 126.332 cidadãos. Em subsequente, estão as regiões do entorno de Brasília (com 18,67% hab.), Anápolis (11,83% hab.) e região sudoeste (9,52% hab.). Essas quatro microrregiões somam 68,04% de carência em moradia em Goiás.

Na cidade de Anápolis e em relação aos componentes provenientes do cálculo de déficit, é possível perceber na tabela 2 que os números de maior expressão estão no tema do ônus excessivo, com 14.665 cidadãos. Em segundo lugar no ranking estão as habitações precárias, com 3.947 pessoas. Sendo assim, é imprescindível compreender que a análise dos dados tem função de ser instrumento útil para o diagnóstico de cada região, a fim de contribuir para a elucidação das vulnerabilidades em relação a moradia nas cidades. Gráfico 02- Proporção de famílias em situação de déficit - Goiás 2017 [f.7]

27,18% 72,82%

Sem déficit Com déficit

Tabela 01- Nº fde famílias, absolutos e relativos, insritas no CadÚnico- Goiás 2017.

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LEGENDAS: [f.7] Gráfico de Proporção de famílias inscritas no CadÚnico no Estado e Goiás em situação de déficit habitacional, no ano de 2017. Fonte: CadÚnico (Maio/2017) [f.8] Tabela do número de famílias, absolutos e relativos, inscritas no CadÚnico em Goiás 2017. Fonte: CadÚnico (Maio/2017) [f.9] Tabela parcial da frequência absoluta e relativa das pessoas em situação de déficit habitacional no CadÚnico, por microregião em Goias- 2017. Fonte: CadÚnico (Maio/2017)

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Tabela 02 - Frequência Absoluta e Relativa das pessoas em situação de déficit habitacional, por microrregião em Goiás. 2017

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01.3 - Especulção imobiliária: causas e consequências A especulação imobiliária está diretamente ligada ao desenvolvimento urbano de uma cidade, sendo ele de forma positiva ou negativa. A carência de moradias e o excesso das mesmas acabam por ser um dos fatores que ocasionam este processo. Portanto, o que seria então uma especulação imobiliária? Campos Filho (2001, p 48) define em termos gerais como: “[...] uma forma pela qual os proprietários de terra recebem uma renda transferida dos outros setores produtivos da economia, especialmente através de investimentos públicos na infraestrutura e serviços urbanos [...]” O processo de especulação é então caracterizado pela distribuição coletiva dos custos de melhoria das localizações, ao mesmo tempo em que há uma apropriação privada dos lucros provenientes dessas benfeitorias, onde na maioria dos casos, se associa à construção de edifícios e uma grande ocupação do solo urbano. Essas melhorias acabam por valorizar os terrenos e quando realizadas no entorno de um local, agrega-se maior valor em termos financeiros. Neste caso, o que se chama de benfeitoria de localização, é o processo através do qual a qualidade da região é aumentada. Dessa forma, os terrenos chamados de “engorda” ficam vazios, à espera de que o desenvolvimento natural da cidade se encarregue de valorizá-los, sem que nenhum investimento prévio tenha sido feito pelo proprietário. Apesar de gerar lucro para alguns investidores, o processo de especulação é extremamente prejudicial para as cidades. Uma de suas consequências está ligada aos tecidos urbanos, onde tendem a ficar excessivamente rarefeitos em alguns locais e densificados em outros, gerando custos financeiros e sociais, a infraestrutura sobrecarrega-se em determinadas áreas e em outras fica subutilizada, se tornando mais cara em relação ao número de pessoas atendidas.

Projeto modelo: Casa Verde

Para a população de baixa renda, nestes casos, existe dificuldade de deslocamento, especialmente nas grandes cidades, tanto pela distância aumentada referente aos caminhos percorridos pelos moradores, quanto pela escassez de vias. Isso acontece quando os terreno ociosos são grandes e impedem o surgimento de conexões entre as áreas da cidade, portanto, todo o fluxo precisa se desviar dessas glebas, causando estrangulamento em alguns pontos e concentração excessiva de tráfego em poucas ruas. Entende-se como Estatuto da Cidade a denominação oficial da lei 10.257 de 10/07/2001 a qual cria regras e normas, tratados dentro do capítulo "Política urbana" da Constituição brasileira. Sendo os seus princípios básicos o planejamento com participação social e a função social da propriedade. Surgiu como projeto de lei em 1988, proposto pelo então senador Pompeu de Sousa tendo sido aprovado em 2001 e sancionado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 10 de julho de 2001. Este Estatuto veio como mecanismo de regulação de áreas urbanas promovendo uma melhor análise de valores considerados especulativos dentro do ambiente imobiliário. Fez-se necessária a distinção entre o Itu (Imposto Territorial Urbano) progressivo de lotes vazios com tarifa diferente e Iptu (Imposto Predial e Territorial Urbano) de lotes com área construída, todos com base de calculo o valor venal do imóvel. Estes impostos têm sido utilizados para aumentar a especulação imobiliária, onde muitas vezes exorbitante. Os efeitos dessa especulação pode ser percebido em duas direções opostas: supervalorizando uma área e desvalorizado outra, forçando um crescimento desordenado e aumentando a procura por regiões com maior valor agregado.

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Compreensão da cidade

02.1- Crescimento Urbano x Desigualdade social: O adensamento urbano Pode-se conceituar adensamento urbano como a ocupação intensa do solo, de forma ordenada ou não, provocando sua deformação e compactação. Por muitas vezes ele é consequência do déficit habitacional e geralmente acontece em regiões ociosas da cidade, por meio da construção de edifícios, estabelecimentos comerciais e o aumento da população. Esse fenômeno se intensifica com o processo de êxodo rural, ocasionando mais déficit populacional e habitacional e o conhecido inchaço urbano. Quando uma cidade é planejada de maneira coerente, esse adensamento pode ser positivo, pois é capaz de minimizar as distâncias e proporcionar melhorias na malha urbana. Notoriamente, o crescimento desordenado da população e as dificuldades financeiras da população acabam por levar parte da sociedade, no intento de realizar o sonho da moradia própria, às regiões urbanas desfavorecidas de benfei-

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torias, pouca ou nenhuma infraestrutura, escassez de transporte público e serviços urbanos ineficazes (coleta de lixo, hospitais, postos de saúde, parques e praças e segurança), sendo a única alternativa possível devido ao poder aquisitivo e por muitas vezes a discriminação social, adquirir uma moradia nas periferias da cidade. No contexto psicossocial, esse adensamento desenfreado juntamente com a desigualdade social, torna-se um fator determinante para o núcleo familiar, podendo gerar uma série de conflitos entre as relações da família e do ser humano como cidadão, afetando o seu desenvolvimento, visto que a personalidade de cada um é o produto do meio em que se está inserido. Portanto, em relação ao Poder Público juntamente com as prefeituras, é necessária uma maior atenção referente a criações de programas sociais inclusivos, participativos e interativos para com as famílias necessitadas e carentes.

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02.2- Anápolis e suas características Anápolis é um município brasileiro do interior do estado de goiás, localizada na região centro-oeste o país a cerca de 50km da capital goiana e a 140km do Distrito Federal (Brasília), fazendo parte de um eixo econômico e populacional de extrema importância, onde o principal polo é o industrial farmacêutico. Possui população estimada em 381.970 habitantes, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2018, constituindo-se como o terceiro maior município do estado, em população, e possuindo segunda maior força econômica, com um PIB de mais de R$ 13.301,496 bilhões em 2015. A cidade é delimitada e cortada pelas rodovias federais BR-153, BR-060, GO-330, GO-437 e GO-560 e pela Ferrovia Centro-Atlântica, considerada ponto inicial da Ferrovia Norte-Sul.

Nasceu de forma espontânea, como resultado de encontro de viajantes que encontraram aqui local para descanso pessoal dos animais que traziam as cargas. Com o passar do tempo houve a necessidade de criar lugares que fossem adequadas para a permanência dos grupos tropeiros e viajantes. Fundada no ano de 1873, sendo Gomes de Sousa Ramos e José da Silva Batista (Zeca Batista) dois nomes de grande importância para a fundação e formação da cidade de Anápolis. Entretanto, somente no ano de 1907 é que ocorre a emancipação da cidade, provocando a contribuição da construção de Goiânia e Brasília, servindo de apoio comercial e residencial, atendendo aos trabalhadores.

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[f.12] LEGENDAS: [f.10] Imagem da Paróquia Santana de Anápolis. [f.11] Distrito Agroindustrial - DAIA [f.12] Estação ferroviária de Anápolis [f.13] Base da Aeronáutica

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Projeto modelo: Casa Verde

Imagens demonstrativas de partes importantes que caracterizam a cidade. Fonte: Viva Anápolis

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LEGENDAS: [f.14] Mapa com diagrama demonstrando o processo de Adensamento urbano na cidade de Anápolis Goiás. Fonte: O autor

Área periférica Menor adensamento urbano; Infraestrutura inadequada; Difícil acesso ao centro urbano

BR 153

Área intermediária

O mapa abaixo mostra a divisão da cidade de Anápolis - GO em regiões de maior adensamento urbano, sendo elas: 1- O centro, região com maior adensamento. 2- O centro expandido, que corresponde a uma extensão do centro urbano, também com grande adensamento e ambos (1 e 2) com fator histórico determinante. 3- Área periférica da cidade, claramente dividida pela BR 153, onde o número de lotes vagos é maior devido a recente ocupação territorial, mas que sofre com problemas de infraestrutura e dificuldades no acesso, sendo por muitas vezes impróprio para a criação de novas moradias ou edifícios comerciais. 4- Área intermediária, lugar de estudo para a possibilidade de implantação do projeto. Consiste na localidade entre a periferia da cidade e o centro expandido, caracterizando-se por bairros já consolidados. GO 060

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Estudo de implantação

Centro expandido Continuaçao do centro urbano; + adensado

Centro urbano

BR 414

Centro urbano da cidade; + adensado; Fator histórico determinante

Av. Brasil Norte-Sul

Mapa com diagrama demonstrativo das regiões de adensamento urbano na cidade de Anápolis- GO 200m

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LEGENDAS: [f.15] Maquete de Adensamento urbano, da cidade de AnápolisGO

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Maquete física com diagrama demonstrativo das regiões de adensamento urbano na cidade de Anápolis- GO

Projeto modelo: Casa Verde

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02.3.1- Estudos de implantação: bairros, Flor do Cerrado, São Carlos e tal Para o estudo de aplicação prática, foi analisado alguns aspectos, dentre eles estão: o grau de adensamento urbano de cada bairro, as potencialidades e problemáticas do local e a localização com o seu entorno. Localizado na região periférica norte da cidade de Anápolis, o bairro Flor do Cerrado é composto com áreas comerciais e residenciais, com pouco adensamento. Apresenta topografia variada fornecendo possibilidades para construções residenciais de baixa renda como também atende a outros seguimentos. Possui infraestrutura básica como rede de agua, energia elétrica telefonia . Escolhido por apresentar-

lotes de valor acessível que ainda podem ser utilizados por programas do Governo. Outro bairro relevante é o Setor Bougainville, no qual contém uma ampla infrestrutura, sendo bem situado a margem da Av. Brasil Norte, entre grandes hospitais, faculdade, lojas comerciais e atacadistas. Predomina-se o uso residencial, com até 2 pavimentos. Já o bairro São Carlos, localizado na região intermediária (entre o centro expandido e periferia). É considerado setor promissor, oferecendo possibilidades de implantação de casas de padrão médio, sendo caracterizado atualmente por crescente especulação imobiliária. Os mapas abaixo demonstram a situação de lotes vagos em dois destes bairros: [f.16]

LEGENDAS: [f.16], [f.17] Mapas demonstrativos de lotes vagos, bairro Flor do Cerrado e Setor Bouganville, Anápolis GO

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Mapeamento de lotes vagos Bairro: Flor do Cerrado - Anápolis Goiás

Lotes Vagos

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Mapeamento de lotes vagos Bairro: Setor Bouganville - Anápolis Goiás

Lotes Vagos

Observando os mapeamento dos lotes vagos, foi possível destacar algumas tipologias específicas de lotes interessantes para as possíveis implantações do projeto entre elas estão:

LOTE DE ESQUINA: 14X25

RUA

Projeto modelo: Casa Verde

LOTE MEIO DA QUADRA: 12X30

RUA

LOTE DE ESQUINA: 12X30

RUA

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Novos núcleos domésticos: A família

03.1- Novas formas de morar Em sua pesquisa, “Novas formas de morar e o novo núcleo doméstico”, Marcelo Tramontano faz uma relação de grande importância e interesse sobre os novos núcleos familiares que encontramos nas cidades. Dentre eles estão: 1. Nova família nuclear, que é caracterizada pela crescente inserção feminina na força de trabalho na sociedade, a diminuição da fecundidade, e a independência dos filhos mais precoce. 2. Família monoparental, onde se tem a presença de mães e pais solteiros com filhos, família liderada na maioria das vezes pela mulher, devido à viuvez ou quando acontece a guarda dos filhos após o divórcio. 3. Uniões livres, definida por casais sem vínculos legais ou filhos, primeira opção de vida conjugal para a maioria dos jovens, a perda e diminuição da importância dos -

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valores religiosos, que tem grande influência na família e a liberdade sexual e o aumento do respeito pelas relações homossexuais. 4. Pessoas vivendo sós, núcleo constituído pelos neocelibatários (solteiros por opção), viuvez, pessoas separadas ou desquitados (com predominância masculina que recebem os filhos apenas nos fins de semana), estudantes universitários que não dividem os apartamentos. 5. Coabitação sem vínculos conjugais ou de parentesco, formada por republicas de estudantes e jovens trabalhadores, onde as relações internas são baseadas na transitoriedade da habitação. Esse grande aparecimento de novos modelos familiares passou a existir através das necessidades sociais preeminentes de cada tempo, necessitando do verdadeiro reconhecimento do que se entende de pluralidade familiar. Novos -

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núcleos continuarão a aparecer do mesmo modo em que há uma luta para que esses mesmos modelos já existentes tenham reconhecimento, e que os futuros núcleos também tenham a mesma garantia. Sendo assim, a Constituição Federal prevê que: Art.5º- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Ela também prevê a proteção da família: Art. 226 – A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (CF, 1988 - Art. 5°e Art. 226) Dessa forma, homens e mulheres devem ser tratados pela Constituição de forma igualitária, não havendo distinção entre sexos e que quaisquer conjuntos familiares, sejam eles quais forem, devem ter

a devida importância na sociedade, sem preconceitos e discriminações. A família é o elemento fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade. É nela que começam os primeiros ensinamentos e aprendizados para a formação do ser humano, não importando a sua composição. Sendo unicamente relevante o sentimento que existe entre os entes buscando felicidade e amor. O papel da arquitetura então não deve se opor, ele deve abraçar a causa e proporcionar além de ambientes que procurem a integração por meio de todos os usuários existentes, a luta pelo direito social de cada cidadão, para que todos independentes de sua condição social e cultural, tenham uma moradia digna.

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Projeto modelo: Casa Verde

LEGENDAS: [f.18] Imagem representativa da família. Fonte: Pinterest

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Sustentabilidade: equilíbrio

04.1 Sustentabilidade: Desde a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a fundação da Liga das Nações em 1920, cujo objetivo era promover a cooperação, a paz e a segurança internacional houve a necessidade de pensar globalmente. Com a explosão da bomba de Hiroshima, o mundo foi sucumbido a obter um pensamento coletivo para evitar conflitos da mesma natureza. Assim nasceu a Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 1945, se traduzindo em um documento de grande repercussão, a Declaração Universal dos Diretos Humanos, em 1948. Este documento foi a primeira proclamação reivindicando os direitos básicos dos indivíduos, nos âmbitos econômico, ambiental e social. Em 1972, aconteceu o primeiro marco referencial do desenvolvimento sustentável, a Conferencia das Nações Unidas sobe o meio ambiente urbano, também conhecida como Conferência de Estocolmo. A Conferência de Estocolmo propunha a desaceleração do desen-

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volvimento industrial nos países desenvolvi-dos e do crescimento populacional nos países subdesenvolvidos. Também previa uma ajuda dos primeiros para que os segundos pudessem se desenvolver. Desta reunião foi gerada a Declaração de Estocolmo, um documento com 26 princípios e 8 proclamações afirmando que: “A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos.” (Proclamação nº2) Neste momento foi apresentado pela primeira vez o conceito de sustentabilidade, sendo ele a capacidade de se sustentar, de se manter. Atualmente, a declaração universal dos direitos humanos é aceita e respeitada internacionalmente, servindo como base e instrução para a elaboração de constituições e referencia para a criação de certificações.

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04.2 Equilíbrio de vertentes O Desenvolvimento Sustentável é a capacidade de pensar no agora e no futuro, podendo atingir um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo ao mesmo tempo o uso consciente dos recursos naturais e também preservando as espécies e seus habitats. Sendo assim, o desenvolver sustentavelmente possui três vertentes: a primeira dimensão é a ambiental, onde o objetivo é produzir e consumir de forma a garantir que os ecossistemas possam manter sua autoreparação ou capacidade de resiliência. A segunda dimensão é a econômica, onde é importante reconhecer o aumento da eficiência da produção e do consumo com economia crescente dos -

recursos naturais, destacando os recursos permissivos, como as fontes fósseis de energia e os recursos delicados, como a água e os minerais. A terceira e última vertente se refere ao social. Uma sociedade sustentável é uma sociedade onde todos os cidadãos tenham o mínimo necessário para uma vida digna e que ninguém absorva bens, recursos naturais e energéticos que sejam prejudiciais a outros. Desenvolver-se sustentavelmente requer um equilíbrio entre todas as vertentes, atuando de forma que estes três pilares coexistam e interajam entre si de forma plena e harmoniosa, procurando o bem-estar absoluto de uma sociedade.

Econômico Para que uma empresa seja economicamente sustentável, ela deve ser capaz de produzir, distribuir e oferecer seus produtos ou serviços de forma que estabeleça uma relação de competitividade justa em relação aos demais concorrentes do mercado.

sustentabilidade

Ambiental O desenvolvimento sustentável ambientamente correto se refere a todas as condutas que possuam, direta ou indiretamente, algum impacto no meio ambiente, seja a curto, médio ou longo prazos.

Projeto modelo: Casa Verde

Social Trata-se de todo capital humano que está relacionado às atividades desenolvidas por uma empresa. Isso inclui, além de seus funcionários, seu público alvo, seus fornecedores, a comunidade com seu entorno e a sociedade em geral.

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Sarah Dias Leite

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Projeto modelo: Casa Verde

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Um novo modo de morar moradia de qualidade criação quanto custa?

arquitetura

desigualdade social

planejamento

projeto

direito a moradia qualidade de vida infraestrutura inclusão social Mesclando esses conceitos, temos: Casa prórpia + inclusão social + meio ambiente + diversidade + economia =

Casa Verde

Projeto modelo cujo objetivo é abrir os olhos para o atual estado das habitações e proporcionar às pessoas, um novo modo de morar. Ele consiste em 03 modelos distintos, sendo: 1-2Q ; 2-3Q ; 3-4Q. Com possibilidades de ampliações, adequando a diferentes condicionantes ambientais, como topografia, iluminação e ventilação.

026

Sarah Dias Leite


Volumetria, programa, ampliações e níveis

Ampliações:

Social

Trabalho

Íntimo

Modelo 01 - A Casa térreo com 2Q Modelo 01 - B Casa 2 pavimentos com 3Q e área de trabalho/ateliês

Íntimo

Íntimo 1. Análise das tipologias de lotes existentes na cidade

2. Divisão da forma total para encaixe do programa de necessidades

Íntimo

Íntim 4. Ligação dos módulos feita pela circulação principal

5. Aproveitamento do lote para a criação de áreas de respiro

Trabalho

Social

3. Programa principal, dividido em dois módulos

Trabalho + Lazer

Social

Íntimo

Íntimo

Social

Níveis/ Topografias

0m

Declive de 1.50m

Modelo 02 - B Acrescenta-se um espaço para trabalho e lazer - 3Q

Íntimo

Trabalho + Lazer

Modelo 02 - A Repetição do térreo do M01B, com 3Q

Modelo 03 Casa com 2 pavimentos + 4Q

Implantação plana, com aterro de terra simples

0.80m

Adequação com a topografia, fazendo uso de escadas para que se alinhem os diferentes níveis

Aclive de 1.50m 027


Plantas: Modelo 01 A | Casa Térreo - 66m²

08

LEGENDA: 01

Recuo do lote

02

Garagem

03

Área de serviço

04

Cozinha, copa e sala

05

Quarto 01

06

Banho social

07

Quarto 02

08

Jardim

09

Jardim central

10

Área de serviço externa

11

Placas fotovoltaicas

12

Caixa d’água

13

Terraço com hortas

07

06 13

05

12

09

04

03

11

10

02

01

028

PLANTA TÉRREO - CASA M01A | 2Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

PLANTA DE COBERTURA- CASA M01A | 2Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M


LEGENDAS: [f.20] Maquete fĂ­sica M01-A [f.21] Perspectiva interna da cozinha - M01-A

Projeto Modelo: Casa Verde

029


LEGENDAS: [f.21] Imagem da vista superior do terraรงo com as hortas.

030

Sarah Dias Leite


Modelo 01 B| Casa 2 PAVS - 122m² 08

LEGENDA: 01

Recuo do lote

02

Garagem

03

Área de serviço

04

Cozinha, copa e sala

05

Lavabo

06

Ateliê

07

Área de lazer

08

Jardim

09

Jardim central

10

Área de serviço externa

11

Quarto 01

12

Banho social

13

Quarto 02

14

Banho suíte

15

Quarto 03 - Suíte

16

Sacada

17

Placas fotovoltaicas

18

Caixa d’água

19

Terraço com hortas

07

16 15

06

19 05

14

09

18

13

04

12 11

03

17

10

02

01

PLANTA TÉRREO - CASA M01B | 2Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

PLANTA 2º PAV- CASA M01B | 2Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

PLANTA DE COBERTURA- CASA M01B | 2Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

031


Modelo 02 A | Casa 2 PAVS - 122m² LEGENDA: 01

Recuo do lote

02

Garagem

03

Área de serviço

04

Cozinha, copa e sala

05

Lavabo

06

Área de lazer

07

Jardim

08

Jardim central

09

Área de sereviço externa

10

Quarto 01

11

Banheiro Social

12

Quarto 02

13

Banho suíte

14

Quarto 03 - suíte

15

Placas fotovoltaicas

16

Caixa d’água

17

Terraço com hortas

07

06 05

08

04

03 09

02

01

130

PLANTA TÉRREO - CASA M02A | 3Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

032


14 17 13

16

12

11 10

15

PLANTA 2º PAV- CASA M02A | 3Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

Projeto Modelo: Casa Verde

PLANTA DE COBERTURA - CASA M02A | 3Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

033


Modelo 02 - B | Casa 2 PAVS - 122m²

LEGENDA: alteração no térreo

034

01

Recuo do lote

02

Garagem

03

Área de serviço

04

Cozinha, copa e sala

05

Lavabo

06

Escritório

07

Área de lazer

08

Jardim

09

Jardim central

10

Área de serviço externa

11

Placas fotovoltaicas

12

Caixa d’água

13

Terraço com hortas

* O 2º pav é o mesmo da planta M02-A

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08

07

06 13

05

09

12

04

11

03 10

02

01

PLANTA TÉRREO - CASA M02B | 2Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

Projeto Modelo: Casa Verde

PLANTA TÉRREO - CASA M02B | 2Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

035


08

07

16 15

06

14

05

09

13 04

12 11

03 10

02

01

PLANTA TÉRREO - CASA M03 | 4Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

036

PLANTA 2º PAV- CASA M03 | 4Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

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Modelo 03 | Casa 2 PAVS - 126m² LEGENDA: alteração no térreo

19

18

17

01

Recuo do lote

02

Garagem

03

Área de serviço

04

Cozinha, copa e sala

05

Lavabo

06

Escritório

07

Área de lazer

08

Jardim

09

Jardim central

10

Área de serviço externa

11

Quarto 01

12

Banho social

13

Quarto 02

14

Quarto 03

15

Banho social 02

16

Quarto 03

17

Placas fotovoltaicas

18

Caixa d’água

19

Terraço com hortas

PLANTA DE COBERTURA- CASA M03 | 4Q LOTE: 6X30 - NÃO GEMINADA ESCALA GRÁFICA 1M

Projeto Modelo: Casa Verde Projeto Modelo: Casa Lar

037


Tecnologias sustentรกveis

038

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Sistema estrutural: Blocos de concreto RCD

Corte esquemático - M01-A

Detalhe do encaixe: 1mm de argamassa bloco RCD RCD, resíduo da construção e demolição, é todo resíduo gerado no processo construtivo, sendo de reformas, escavações ou demolições, visando diminuir os impactos ambientais.

Tipologia utilizada: Família de 29:

Meio bloco 14x19x14cm

Projeto Modelo: Casa Verde

Inteiro

14x19x29cm

Bloco e meio 14x19x44cm

Canaleta 14x19x29cm

039


Materialidades:

Bloco de concreto RCD

Madeira de demolição para portas e escadas

Concreto ecológico - para calçadas e elemento vazado

Tinta a base de terra - utilizado nas fachadas

A tinta a base de terra é composta pela diluição do solo argiloso em água, aplicando em sua superfície um pano úmido e adicionando cola PVC, assim, a tinta acaba por ser mais aderente e com maior durabilidade.

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Energia solar: painéis fotovoltaicos

Detalhe de fixação do painel Placa solar Perfil c

Parafuso Cantoneira Suporte

Bobina

Durante o dia os painéis solares são conectados à um inversor que transforma a radiação solar em energia elétrica. O que sobra de energia o seu inversor empresta para a rede elétrica da prestadora e é utilizado pelos consumidores próximos. A noite o consumo virá da rede elétrica convencional.

O relógio bidirecional contabiliza o que consumo e o fornecimento para a rede elétrica no momento da geração. A diferença entre a energia produzida e a consumida gera créditos que serão utilizados nos meses seguintes e abatidos nas próximas contas.

Inversor

Residência

Rede elétrica

Medidor de energia

Painel fotovoltaico Projeto Modelo: Casa Verde

041


Captação e reuso da água pluvial Este sistema de captação de água, também chamado de cisterna, consiste em um reservatório que faz a captação e armazena a água da chuva para reaproveitamento no uso doméstico. A água da chuva passa pelas calhas e é conduzida a um filtro, eliminando as impurezas pequenos galhos, folhas e outras. Um freio d’água impede que a entrada de água na cisterna movimente o seu conteúdo, evitando que as partículas sólidas depositadas no fundo sejam levantadas.

Caixa d’água com 1000lt, para consumo

Caixa d’água com 1000lt, para ao reuso de água pluvial

Água da rua

Captação e reuso

01

Água da rua

Bomba

04

02

Filtro

03

Reservatório

042

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Ventilação, iluminação e insolação Ventilação natural cruzada Direção dos ventos

Iluminação e insolação: possíveis posições solares

Projeto Modelo: Casa Verde

Brise soleil

043


044

LEGENDAS: [f.2] Maquete física M02-A - Jardim

Paisagismo: Jardins

Até 3.5m de altura Até 2m de altura

Para o paisagismo da casa, foi pensado em espécies que estivessem de acordo com as alturas máximas dos pés direitos. Árvores como o pé de acerola, jasmin, coqueiro jardim, arbutos e gramíneas possuem alturas até 4 metros e, no caso do Jasmin, possui copa larga para proporcionar sombra, além de ajudar na permeação das áreas, bem como o auxilo da ventilação e iluminação natural e também o conforto térmico.

Até 1.8m de altura

Até 60cm de altura

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Paisagismo: Hortas PET HORTA:

Como montar?

A horta vertical feita com garrafas pet alĂŠm de utilizar material de facil acesso e manuseio simples contribui beneficamente com o meio ambiente tornando a horta agradĂĄvel e simples de se cuidar e tratar as plantas.

O que plantar? ManjericĂŁo

Coentro

Cebolinha verde

Salsa

Projeto modelo: Casa Verde

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Paisagismo: Hortas Compostagem doméstica:

O que plantar?

Camomila

046

Alecrim

A compostagem doméstica, é um processo de recilagem do lixo orgânico, transformando-o em adubo natural, que pode ser usado para plantio de alimentos e nos jardins, substituindo o uso de produtos químicos. Ela deve ser feita utilizando uma composteira doméstica. Uma opção é a compostagem sem minhocas, recebendo materiais como casca de alho e cebola. O desenvolvimento é mais lento, porém eficaz.

Capim-cidreira

Hortelã

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Plantio

Húmus rico em nutrientes Caixa coletora de chorume

Caixas digestoras Modelo de composteira sem minhocas Caixa digestora

Caixa digestora

Caixa coletora

Projeto Modelo: Casa Verde

Material orgânico (cascas, alimentos e etc)

Húmus

Biofertilizante

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Orçamento A tabela de orçamento contempla os valores básicos de cada modelo projetado com seus respectivos lotes. Os bairros escolhidos estão entre o centro e região periférica da cidade já estudadas e mencionadas, e foram considerados dois fatores principais: financeiro e adensamento, sendo acessíveis às classes sociais em busca de moradia que mais se adequam às suas posses e com certo grau de conforto e dentro do programa minha casa minha vida. Os lotes escolhidos nos bairros Flor do Cerrado, São Carlos e Bouganvile possuem uma área de 300m² a 420m² e foram divididos por dois para ajuste de valores dos projetos neste estudo. Podendo servir para casas de baixa renda, média e alta, atendendo aos anseios das classes sociais.

A base do valor do metro quadrado está de acordo com a tabela de abril de 2019 do Sinduscon-Go, utilizada como referência na construção civil em Anápolis. As tecnologias orçadas levam em conta boa parte de material de construção reciclado e de baixo custo, e acessível na cidade e região. Cada modelo de casa pode ser executado nos lotes apresentados, sendo que a M01-A é a que mais se ajusta ao programa do governo. As demais servem aos outros processos de financiamento. O custo beneficio é plausível e realizável considerando os ajustes necessários conforme o poder aquisitivo das familias interessadas.

Fonte: Tabela do Sinduscon- GO, disponível no site.

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Área M² Lote 1 Lote 2 Lote 3

Qtd de m² 66 R$ R$ R$ R$

Casa M01-A Valores Tecnologias 1.325,72 R$ 18.985,00 30.001,50 39.070,00 56.000,00

R$ R$ R$ R$

Total 106.482,52 136.484,02 145.552,52 162.482,52

Casa M01-B Área M² Lote 1 Lote 2 Lote 3

Qtd de m² 130 R$ R$ R$ R$

Valores 1.325,72 30.001,50 39.070,00 56.000,00

R$ R$ R$ R$

Total 191.328,60 221.330,10 230.398,60 247.328,60

Área M² Lote 1 Lote 2 Lote 3

Qtd de m² 122 R$ R$ R$ R$

Casas M02-A e B Valores 1.325,72 30.001,50 39.070,00 56.000,00

R$ R$ R$ R$

Total 180.722,84 210.724,34 219.792,84 236.722,84

Área

Qtd de m² 126 R$ R$ R$ R$

Casa M03 Valores 1.325,72 35.001,50 39.070,00 56.000,00

R$ R$ R$ R$

Total 186.025,72 221.027,22 225.095,72 242.025,72

M² Lote 1 Lote 2 Lote 3

Projeto Modelo: Casa Verde

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Referências MARICATO, Erminia. Habitação e Cidade. Espaço e Debate. 1998. Governo do Estado de São Paulo; Secretaria de Estado de Habitação. Sustentabilidade e inovação na habitação popular: o desafio de propor modelos eficientes de moradia. – São Paulo, 2010. GAUZIN - MULLER, Dominique. Arquitetura Ecológica. São Paulo, 2011. Pg 10. LEITE, Carlos. Cidades Susentáveis.Cidades Inteligentes: Desenvolvimento sustentável num planeta urbano. Porto Alegre, 2012. Pg 13. ROGERS, Richard; GUMURCHDJIAN, Philip. Cidades para um pequeno planeta. 2000. Capítulo 3. Artigo: TEIXEIRA, José Carlos. Tecnologia: Conceitos e Dimensões. 2002. Artigo: LIMA, Paulo; CARÍSSIMO, Diomar; RICIERI, Andrella; HOLANDA, Cláudio José; OSTERMANN, Fernanda. Marx como referencial para análise de relações entre ciência, tecnologia e sociedade 2014. BURGELMAN, Robert; CRISTENSEN, Clayton; WHEELWRIGHT, Steven. Gestão Estratégica da Tecnologia e da Inovação. Conceitos e Soluções. 2012. Capítulo 1 e 2. AMORETTI, Maria Suzana. Protótipos e estereótipos: aprendizagem de conceitos Mapas Conceituais: experiência em Educação a Distância. Porto Alegre, 2001. LIMA, Zélia. A questão da habitação. UESB. Disponível em: http://www.uesb.br/eventos/ebg/anais/2b.pdf. TRAMONTANO, Marcelo. Unidades Experimentais de Habitação. Publicado originalmente em Projeto Design, edição 243. CARAMARINI, Bruno. Prototipação e sua importância no desenvolvimento de software. 2013. DUARTE, Maurizete . O Governo Vargas e as Primeiras Tentativa do Estado na Provisão de Habitação Popular. 2013. Disponível em: http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364149670_ARQUIVO_ARTIGODEZETEPARARN-24-03-2013.pdf

Projeto Modelo: Casa Verde

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