CENTROCIDADES

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[centrocidades] járed domício - vitor césar - waléria américo Fortaleza - São Paulo - Belo Horizonte



[centrocidades] - substantivo sobrecomum, plural, formado pela justaposição das palavras “centro e cidade” referindo-se ao conjunto de traços compostos por artérias e veias que impulsionam o corpo de uma “urbe”; região que agrupa e condensa conceitos, formas, poéticas e viveres; transformação de energia e direcionamento de olhares; demarcação geográfica e arquitetônica elaborada por linhas que se cruzam delimitando “possibilidades do ser”, “filosofias arquitetônicas” e “poéticas do absurdo”; ponto catalisador de manifestações “político-artístico-sócio-cultural”, firmador de tendências e gestos; composição que se localiza entre o popular e o contemporâneo, entre o gestual e o melódico, entre o Ser e o Estar; possibilidades.


O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (CCBNB), inaugurado em julho de 1998, já se firmou no cenário cultural da Região como um espaço onde é permitido experimentar a diversidade de conceitos, estilos e suportes, oferecidos em sua programação. Isto significa trabalhar cada Programa relacionando-o a um contexto mais amplo, estabelecendo pontes entre saberes e transformando-se em um lugar de encontro dos vários públicos para refletir sobre nossa cultura. Localizado no centro da cidade de Fortaleza, ocupa quatro andares equipados com salões de exposições temporárias, teatro multifuncional, auditório, biblioteca física e com acesso a Internet. O CCBNB-Fortaleza oferece a seus visitantes uma variada programação diária e GRATUITA, enquanto dedica-se a formar um público crítico. Dentro de sua programação, o CCBNB oferece o Programa Artes Visuais, que é composto por exposições de arte a partir do processo de seleção anual, no qual artistas e curadores apresentam suas propostas para o Programa. No mês de maio de 2006, o CCBNB-Fortaleza apresenta a exposição Centrocidades com a participação de três artistas que apontam outras possibilidades da metrópole ser um lugar possível: as extensões da cidade além dos seus limites comuns. Assim Járed Domício, Waléria Américo e Vitor César se transformam na própria cidade, são o devir cidade. Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza


[centrocidades] [ bitu cassundé - curador ]

[relevos/poéticos/urbanos] Percorrer trajetos, desbravar linhas, cruzar infinitos é desvendar caminhos e sensações que nos conduzem a um labirinto de possibilidades estéticas, sensoriais, corporais e propicia atravessarmos fronteiras que ultrapassam a condição geográfica e atingem construções edificadas na imagética dos espaços: possíveis e mágicos, invisíveis ou concretos, carregados de memória e vida, de fazeres e saberes, de histórias e estórias. Nessas relações de encontro e fluxo, traçamos caminhos particulares que se cruzam com caminhos coletivos, desvendamos combinações e nos deparamos com intersecções e lugares comuns – lugares que habitam vários viveres, vários personagens e tecem uma poesia urbana, numa teia dividida entre expectativa e percursos – nas dinâmicas que conduzem fluxos humanos à conexões diversas, diálogos se estruturam por uma sintaxe de imenso requinte elaboradas pela velocidade individual e conjugadas pela fusão de velocidades outras, de entremeios que constroem uma unidade. A dinâmica formadora das cenografias urbanas localiza-se em múltiplas construções, muitas, edificadas nos sensíveis limites dos sonhos, outras, solidificadas numa realidade cruel, esquecidas ou colocadas à margem pela “categoria do poder”. Nos pontos em que linhas se cruzam e demarcam “geografias particulares”, aglomerados sociais vivem e sobrevivem, surge um acúmulo potencial de massa humana que alimenta e impulsiona a cidade e seus desdobramentos urbanísticos. Nesses olhares sobre a cidade pós-industrial, verificam-se significados elaborados pelas populações que habitam esses centros, relações repletas de signos que emolduram uma poética localizada nas camadas de suas construções históricas, culturais e sociais. Reflexos de um tempo ou de vários tempos que dão forma e conteúdo simbólico a essa diversidade arquitetônica. É na dicotomia do “SER” (homem) e do “ESTAR” (cidade) que se constroem olhares e poéticas sobre esses espaços dilatadores da cidade (CENTRO). Nessas fronteiras, núcleos urbanos e culturais ultrapassam seus limites e dialogam de infinitas formas ao elaborar e conjugar maneiras de expressão e fluxos da sobrevivência. São nessas regiões, ricas pela diversidade, elaboradas por camadas de fluxos energéticos e pelo trabalho incessante daqueles que a alimentam, que os centros das cidades edificam uma artéria fundamental para irrigar e fortalecer a saúde financeira, cultural, particular ou coletiva da urbe.


[centrocidades] A exposição [centrocidades] elabora olhares e percursos sobre o centro de três capitais brasileiras [Fortaleza, São Paulo, Belo Horizonte] pela poética dos artistas [Járed Domício, Vitor César, Waléria Américo]. No trajeto desses percursos, constroem-se “teias” ou “malhas” edificadas por registros de ações, fotografias, instalações e desenhos, referindo-se aos signos das cidades e seus centros, revelados pelo olhar de artistas que as lapidam em sensíveis relatos urbanos; relações simbólicas que surgem através da conjugação de: cidade x corpo, cidade x movimento, cidade x poesia, cidade x signos; são nessas associações que se apresentam esses trabalhos que encontram, na cidade e em suas regiões centrais, investigações estéticas e conceituais para suas produções e pesquisas. É nessa fusão de conceitos e vivências que se elabora a junção dessas duas palavras “centro e cidade” e que forma o neologismo [centrocidades]. Este define diversas possibilidades nas intersecções entre as poéticas urbanas, suas artérias e traçados de história e cultura, guia o mote curatorial para exposição e revela-se através dos trabalhos artísticos. [centrocidades], substantivo sobrecomum, plural, formado pela justaposição das palavras “centro e cidade”; refere-se ao conjunto de traços compostos por artérias e veias que impulsionam o corpo de uma “urbe”; região que agrupa e condensa conceitos, formas, poéticas e viveres; transformação de energia e direcionamento de olhares; demarcação geográfica e arquitetônica elaborada por linhas que se cruzam delimitando “possibilidades do ser”, “filosofias arquitetônicas” e “poéticas do absurdo”; ponto catalisador de manifestações “político-artístico-sócio-cultural”, firmador de tendências e gestos; composição que se localiza entre o popular e o contemporâneo, entre o gestual e o melódico, entre o Ser e o Estar; possibilidades.

[poéticas] Vitor César examina o centro de São Paulo num lírico registro concebido através dos códigos estabelecidos entre o “EU X OUTRO”, entre caminhos e labirintos que necessitam ser desbravados e atingidos por um “EU” que não conhece os possíveis trajetos da metrópole, “Atlas de Cartografia Particular” reúne catorze pequenos mapas onde, elaborados numa linguagem de um íntimo cotidiano, revela uma sintaxe entre EU X OUTRO X CIDADE. Em “Retrato Paisagem”, Vitor César ao percorrer o centro de Fortaleza, desloca o seu olhar para os “toldos”, que emolduram a frente dos estabelecimentos comerciais, e nesse cenário concebe uma paisagem particular, retratos seus por trás dos toldos, inserção numa paisagem momentânea construída em determinados horários do dia. É nessa coreografia e cenografia urbana que as lojas protegem-se do sol e formam na calçada


corredores que impossibilitam uma paisagem “além”, um olhar cúmplice com o outro que está no lado oposto. Intervenções cotidianas que nos passam despercebidas e que são registradas nesses momentos fotográficos de poesia pela cidade. As calçadas com seus fluxos de massa e energia consolidam e demarcam as ruas através de diferentes formas, texturas, extensão, etc. E é nesse território que se localiza o “meio-fio” – composição que dá suporte, contorno à calçada e delimita toda uma estrutura urbana, percorre limites que não apenas se inserem em um sistema arquitetônico estrutural, como também em possíveis leituras e construções plásticas de poesia e filosofia urbana – recorte utilizado na investigação de Járed Domício. São nessas relações de identificação entre o lugar e os indivíduos que os percorrem, que o artista observa o “meio-fio” como espaço de fronteira da estrutura urbana. Na instalação pensada para [centrocidades], Járed constrói uma calçada – um desenho e uma fotografia – no interior da galeria transportando para o “dentro” um pouco do “fora” invertendo um percurso e possibilitando a entrada do “meio-fio” ao cubo branco. Em um movimentado cruzamento de Belo Horizonte, na Praça Sete, Waléria Américo desenvolve um poético diálogo com o “outro”, num exercício de vivência e experimentação em terras novas. É nesse cruzamento, de correria e fluxo, de estéticas faixas vermelhas, que a artista acena para o “OUTRO” e doa-se através de balões vermelhos – o balão torna-se orgânico ao ser conduzido, modela-se à velocidade de quem o transporta e espalha-se pelo centro da cidade como células a tomar as artérias da urbe. É com a relação de cidade, como lugar de encontro e fluxo, que Waléria Américo busca o “OUTRO” e a sua doação. Recebe em alguns momentos um retorno inadequado à poesia da ação, porém, reflexo de um tempo e de uma velocidade urbana, muitas vezes, arredia a um aceno dialogal. Nessas associações entre Indivíduo versus Cidades se estruturam poéticas que atuam de forma cotidiana e simples, muitas vezes não percebidas pela velocidade do banal e sua crueza; essas poéticas na cidade situam-se nas conjugações das práticas urbanas e suas vivências sejam elas de possibilidades contemporâneas ou não, sejam elas elaboradas de formas nítidas, ou não. O cenário, em que todo esse fluxo encena a sua coreografia diária, emoldura um espaço rico em possibilidades diversas, edifica não só uma arquitetura concreta, como também uma arquitetura orgânica que se forma e se desfaz pela velocidade individual da massa que a ocupa, é nessa condensação de energias e fazeres que as cidades geram suas regiões centrais.



[járed domício]


[Járed Domicio] (Fortaleza/CE, 1973), formado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Ceará - UECE. Em suas investigações plásticas, discute a desestruturação e o desequilíbrio espacial, nesse trabalho para a exposição [CENTROCIDADES], desloca seu olhar para a cidade e o direciona para o “meio-fio” das calçadas, nas relações do indivíduo com o espaço que habita, entre os limites da estrutura urbana. Exposições individuais: In Calço, programa de exposições do Centro Cultural São Paulo / SP, 2004; Área de Insegurança, Museu de Arte da Pampulha / Belo Horizonte MG, 2003. Dentre as principais exposições coletivas das quais participou estão: Designo Desdobramentos, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza 2006, Coletiva do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, CCSP / São Paulo, 2004; Projeto Artista Invasor, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, 2005. Storage and Display, Programa Art Center / México D.F, 2003; Rumos da Nova Arte Contemporânea Brasileira, Palácio das artes, Belo Horizonte MG; Vertentes da Produção Contemporânea, Instituto Itaú Cultural / São Paulo SP, 2002; Bienal Ceará América, Fortaleza 2002.


[Meio fio - Grafite sobre papel vegetal - 2006]


[Meio fio - Calรงada - 2006]


[Meio fio - Fotografia - 2006] [Fotografia - Rodrigo Costa Lima]



[vitor cĂŠsar]


[Vitor César] (Fortaleza/CE, 1978), formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará - UFC. Sua poética está centrada na cidade e seu olhar desloca-se na imagética do urbano, suas ações, atos performáticos, fotografias e vídeos desdobram-se em construções localizadas num sutil território entre “Indivíduo X Cidade”, “Corpo X Cidade”, “Cidade X Paisagem”. É integrante da Transição Listrada, atualmente desenvolve o projeto BASEmóvel; participa do programa de residência do MuseumsQuartier – Viena, 2006; bolsa de pesquisa do prêmio de incentivo as artes da Secult, Fortaleza, 2005. Realizou as exposições individuais: Algumas Observações Sobre a Cidade, Centro Cultural Banco do Nordeste/ Fortaleza CE, 2005; III Mostra do Programa de Exposições, Centro Cultural São Paulo / São Paulo SP, 2004; Super, Fundação Joaquim Nabuco, Galeria Baobá / Recife PE, 2003. Dentre as principais exposições coletivas das quais participou estão: Designo Desdobramentos, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza 2006, Ritualizing, Witte de With Center for Contemporany Art, Rotterdam, 2006; (NE) Fronteiras, Fluxos e Personas, Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza CE, 2005; Experimental, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza, 2003; Bienal Ceará América, Fortaleza 2002.


[Atlas de cartografia particular - Ação urbana / Instalação - 2006]



[Retrato-Paisagem - Fotografia - 2006] [Fotografias - Wanessa Malta]



[waléria américo]


[Waléria Américo] (Fortaleza/CE, 1979), formada

em Artes Plásticas pela Faculdade da Grande Fortaleza - FGF. Suas experimentações plásticas (vídeos, fotografias e intervenções) possuem uma poética que se volta para o urbano, inserindo nessa paisagem de encontro e fluxo, vivências e experimentações nas relações do “Homem x Cidade” e suas dinâmicas. Participou das seguintes exposições individuais: Mostra de Artes Galeria do Sesc Sobral – Sobral CE, 2004; Curta na Base - BASE - Fortaleza CE, 2002. Participou das seguintes exposições coletivas: De Um lugar a Outro, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza, 2006; Designo Desdobramentos, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza 2006; Salão Arte Pará, Museu do Estado do Pará - Belém, 2005; Salão de Arte Contemporânea de Sobral - Sobral CE, 2004; Experimental, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza, 2003; Ainda Gravura, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza CE, 2002; Bienal Ceará América, Fortaleza 2002. Atualmente participa da Bolsa de Arte do MAP / 28º Salão de Arte de Minas Gerais, Museu de Arte da Pampulha Belo Horizonte / MG e do Rumos Visuais, do Instituto Itaú Cultural, São Paulo / SP.


[O Lugar / O Eu / O Outro - Nanquim sobre papel - 2006]



[Doar - Intervenção urbana - Vídeo - 2006]


[centrocidades] járed domício - vitor césar - waléria américo Fortaleza - São Paulo - Belo Horizonte de 09 de maio a 09 de julho de 2006 Centro Cultural Banco do Nordeste - Fortaleza

Curador Bitu Cassundé Montagem Cícero Rafael dos Santos Programação Visual e Design Gráfico Caio Danieli Agradecimentos Alexandre Veras, Aline Albuquerque, Carlos Eduardo Gurgel, Caio Danieli, Cecília Bedê, Cíntia Lins, Débora Bolsoni, Efrain Almeida, Érico Monteiro, Francisca Bitu, Heron Félix, Jacqueline Medeiros, Jeanne César, João Castilho, Julio Martins, Larissa Galvão, Lívia Salomani, Marcone Moreira, Maria Isabel Bitu Cassundé, Maurício Coutinho, Magnólia Serrão, Márcio Rocha, Max Holanda, Milena Travassos, Nicolai Vladimir, Renata França, Renan Costa Lima, Rodrigo Costa Lima, Ricardo Resende, Ticiano Monteiro, Walkíria Américo, Wanessa Malta e a toda equipe do Centro Cultural Banco do Nordeste. Em especial à: Járed Domício, Vitor César e Waléria Américo. Contatos Bitu cassundé: bitucassunde@hotmail.com Waléria Américo: waleriaamerico@hotmail.com Járed Domício: jareddomicio@hotmail.com Vitor César: entrecortado@hotmail.com


BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A Presidente Roberto Smith Diretoria Augusto Bezerra Cavalcanti Neto Francisco de Assis Germano Arruda João Emílio Gazzana Luiz Ethewaldo de Albuquerque Guimarães Pedro Rafael Lapa Victor Samuel Cavalcante da Ponte Assessor Especial da Presidência para Comunicação e Cultura Paulo Mota Ambiente Gestão da Cultura - Gerente Henilton Menezes

CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE - FORTALEZA Gerente Carmen Paula Coordenadora do Programa Artes Visuais Jacqueline Medeiros Assessor de Imprensa Luciano Sá



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