Heliópolis Gleba G

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CONJUNTO HABITACIONAL HELIÓPOLIS G

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dados

arquitetos autores

Artur Katchborian Mario Biselli coordenadora

Melina G. de Araujo equipe

Adriana Godoy André Biselli Sauaia Cássio Oba Osanai Guilherme Filocomo Luiza Monserrat Marcelo Santos Checchia Maria Fernanda Vita Priscila Dianese Vinicius Figueiredo

implantação imagem01

localização

São Paulo - SP - Brasil Heliópolis - Zona Sudeste ano de projeto

2011

ano de projeto

2014

2

pesquisa

bibliográfica 2.1 projeto planta de acesso - conjunto A imagem02

planta de acesso - conjunto B imagem03


planta tipo A imagem04

planta tipo B imagem05

corte transversal imagem06

corte longitudinal imagem07

elevação 1 imagem08

elevação 3 imagem09

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elevação 4 imagem11

2.2 memorial “Em uma oportunidade incomum para a cidade de São Paulo, o modelo de torres isoladas é substituído pelo modelo típico de quadra europeia. Ocupando perifericamente a quadra urbana, os edifícios estão no alinhamento do lote junto à rua, conformando um pátio interno de acesso público, voltado ao lazer dos moradores do conjunto. Pontua-se a possibilidade do novo em meio à maior favela da cidade.” (Biselli Katchborian Arquitetos) 2.3 publicações

matéria - destaque na capa aU 244 - Julho de 2014

“A

espera foi longa. As famílias que estão prestes a se mudar para este novo conjunto habitacional em Heliópolis - região que abriga a maior favela de São Paulo - aguardaram mais de 15 anos por este momento. Removidas de diferentes favelas, foram a princípio encaminhadas para um alojamento provisório situado exatamente no mesmo terreno onde agora ingressam como proprietárias. Ali ficaram até 2008, quando foi levantado o canteiro de obras do qual brotariam estas novas lâminas, no contexto do Programa de Reurbanização de Favelas de Heliópolis. As famílias tiveram, então, que mudar de endereço novamente, dessa vez contando com o auxílio aluguel dado pela prefeitura. Agora, em vias de receber as chaves, os futuros moradores têm bons motivos para comemorar. Não apenas vão aceder, finalmente, ao sonho da casa própria, como o farão em um edifício cuidadosamente planejado, com apartamentos bem ventilados e iluminados, organizados ao redor de um generoso pátio de uso comum.


É fato que o perfil das obras de habitação de interesse social em São Paulo vem mudando nos últimos anos, e para melhor. Experiências como o Residencial Corruíras (AU 236) e o Jardim Edite (AU 231) mostram que é possível fazer habitação popular de qualidade, com projetos de arquitetura elaborados especificamente para as condições físicas e sociais do lugar, superando a velha lógica de repetição de tipologias pré-determinadas que dominavam as políticas habitacionais na cidade em um passado não tão distante. A obra em Heliópolis é motivo de orgulho entre os arquitetos do Biselli Katchborian. "Mais que um projeto, isso é uma tese", afirma Mario Biselli. "Sempre achei muito estranho esse negócio de recuo", conta. Para o arquiteto, as grandes cidades do mundo são aquelas que têm seus quarteirões densamente edificados no perímetro, deixando livres os miolos de quadra: para exemplificar, cita a Barcelona de Ildefons Cerdà e as cidades italianas. Convencidos da importância de contribuir com a visão de outro modelo urbano, os arquitetos do Biselli Katchborian tiveram uma conversa preliminar com os profissionais da Secretaria de Habitação, quando convidados para desenvolver o projeto deste conjunto em Heliópolis: "sugerimos fazer um prédio com quadra europeia e o pessoal entendeu". E topou. O projeto resultante é um conjunto de oito lâminas que, juntas, conformam dois pátios internos de uso comum - por ora, apenas metade da obra foi executada. A exploração máxima do coeficiente de aproveitamento do terreno deu origem a volumes de sete e oito andares, onde a circulação vertical é sempre feita por escadas. A lei diz que é possível construir de modo a subir ou descer até no máximo 12 m sem elevador. Para respeitar essa relação, e aproveitando o desnível do terreno, os arquitetos criaram acessos no terceiro e no quarto andares, estipulando aí as cotas de acesso principais, e lançaram passarelas metálicas conectando as diferentes lâminas. Essa, aliás, é uma estratégia comumente utilizada em conjuntos habitacionais de interesse social, já que o elevador gera gastos não só com a instalação, mas, principalmente, com a manutenção - uma despesa indesejável em um contexto onde a renda familiar dos moradores orbita entre zero e três salários mínimos. Também de olho nos custos, a Secretaria de Habitação determinou que a construção fosse feita com blocos de alvenaria estrutural. As travessias, em treliças metálicas, apoiam-se em pescoços de concreto armado junto aos edifícios. A utilização desses pescoços também foi uma determinação da secretaria, como medida de proteção contra incêndios, já que a estrutura metálica é particularmente suscetível a altas temperaturas. A alternativa aos elementos de concreto armado teria sido a aplicação de pintura intumescente sobre as treliças, mas os gestores do projeto afastaram essa possibilidade pela custosa manutenção. O pátio central é composto por uma extensa área pavimentada em concreto que organiza bancos, jardins e um playground. O conjunto ganhou também uma pracinha, na extremidade norte do terreno. Sua criação deveu-se à passagem de tubulações do metrô por baixo dessa área, que inviabilizaria a construção de qualquer edifício. A solução foi relocar uma rua que antes passava pelo meio da gleba para esse ponto, definindo a praça e permitindo que as futuras edificações fossem erguidas de maneira contínua, sem interrupção.


O térreo conta ainda com salas comerciais, que deverão ser ocupadas pelos próprios residentes com um termo de permissão de uso - sua propriedade não pode ser transferida aos moradores, ao contrário das unidades habitacionais. Prioridade deve ser dada àquelas famílias que já tenham na função comercial sua principal fonte de renda. Por fim, alguns elementos da arquitetura foram tratados, nas fachadas, com cores vibrantes. Foi o caso das caixas de escadas e de áreas de uso comum, como as varandas de circulação e os ambientes de acesso às travessias metálicas. Os pórticos foram pintados com amarelo. Com a suave paginação em cinza junto aos caixilhos dos apartamentos e a tonalidade cinza escuro que demarca as áreas comerciais, a palheta de cores especificada por Biselli Katchborian dá um tom leve, contemporâneo e alegre para a edificação, em uma celebração do ato de morar na cidade.” (aU) PROGRAMAS DE URBANIZAÇÃO DE FAVELAS E CIDADES INCLUSIVAS Por Elisabete França Na cidade de São Paulo, cerca de três milhões de pessoas encontram-se em condições de alguma precariedade urbana, morando em bairros que conhecemos como favelas ou loteamentos, que têm como característica comum déficits maiores ou menores de infraestrutura urbana e redes sociais consolidadas ao longo de suas histórias. A partir dos anos de 1980, esses territórios passam a compor a pauta das políticas públicas e, aos poucos, os programas de urbanização se consolidam como forma de integração dos bairros precários ao conjunto da cidade. Com esse propósito, a política habitacional desenvolvida na cidade de São Paulo entre os anos de 2005 e 2012 definiu como prioridade o Programa de Urbanização de Favelas, buscando construir uma cidade mais justa e igualitária. O conjunto de ações previstas no programa, relacionadas à infraestrutura, acessibilidade, equipamentos e serviços públicos visa a superar déficits acumulados durante décadas. A construção de novas moradias no bairro atende aos casos em que é necessário reassentar as famílias que vivem em áreas insalubres ou localizadas em situações de risco. Assumindo a arquitetura como elemento essencial na construção da cidade, vários escritórios foram convidados a participar do Programa, desenvolvendo projetos a partir do conceito central da permanência dos moradores e do respeito aos investimentos individuais realizados na construção da moradia. Soma-se a isso o destaque dado à implantação de espaços públicos de qualidade, que respeitam as preexistências ambientais e culturais e buscam diluir as fronteiras urbanísticas e simbólicas entre territórios da cidade. Coube aos arquitetos a importante tarefa de reforçar a identidade de cada bairro projetado, como alternativa às soluções padronizadas, tão comuns à paisagem urbana brasileira. A urbanização de Heliópolis, um bairro que se consolidou na década de 1980 e onde vivem cerca de 80 mil pessoas, foi definida como uma das prioridades do Programa de Urbanização. Sua dimensão territorial e seu histórico de lutas transformou-se em um laboratório de boas práticas urbanas, entre elas, o projeto do residencial desenvolvido pelos arquitetos Biselli Katchborian, visando a atender as famílias que moravam de forma precária no alojamento provisório construído no terreno no início dos anos de 1990.


A trajetória do escritório, caracterizada pela busca de novas linguagens adequadas à cidade contemporânea, nos entusiasmou a convidá-los para desenvolver o projeto no terreno do alojamento, privilegiado pela localização na entrada do bairro, a poucos metros dos principais terminais de transporte público da região e rodeada de antigos conjuntos habitacionais, representantes de um modo ultrapassado de produzir habitação social. Apresentamos aos arquitetos os principais desafios do projeto: criar conexões entre a Heliópolis existente e o novo conjunto, transformando-o em referência para os moradores do bairro; abrigar as 400 famílias que viviam no alojamento e buscar atender às exigências dos novos programas da habitação, como equipamentos públicos e áreas comerciais, observando as diretrizes de limitações de custo e da fácil execução. O resultado aí está, um conjunto cujos blocos alinhados à rua conformam uma nova quadra, com pátios internos que servem à dupla função de espaço de convívio e de articulação entre as duas partes do bairro: a nova e a preexistente. Os pórticos da entrada convidam os moradores e vizinhos a conhecer o interior da quadra, onde as passarelas-pontes conectam os blocos de apartamentos, ao mesmo tempo em que surpreendem com sua leveza metálica. Uma quadra colorida que se integra à animada paisagem do bairro e que, quando confrontada com os antigos conjuntos, transforma-se em lição de arquitetura, confirmando que é dessa forma que se consolidam as cidades inclusivas, apostando na qualidade dos projetos e na integração de territórios. ELISABETE FRANÇA é arquiteta, urbanista e diretora do Studio 2E Ideias Urbanas; entre 2005 e 2012 foi superintendente na Secretaria Municipal de Habitação, acumulando entre 2009 e 2012 a função de secretária-adjunta. Durante oito anos, coordenou a elaboração do Plano Municipal de Habitação e os principais programas.

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texto integral transcrito aU 244 - Julho de 2014 http://www.arqbacana.com.br/internal/arq!aqui/read/888/biselli--katchborian-arquitetos-associados http://www.archdaily.com.br/br/01-16929/his-conjunto-heliopo

fontes

is-gleba-g-biselli-mais-katchborian-arquitetos/16929_16952 http://www.archdaily.com.br/br/625377/sehab-heliopolis-biselli-katchborian-arquitetos http://www.tce.ba.gov.br/files/com_cdssumarioperiodicos/9eab2e424e6f927ad432a5cf802c0f35.pdf http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/244/artigo318103-1.aspx http://www.bkweb.com.br/projects/institutional/conjunto-habitacional-heliopolis/

FICHA DESCRITIVA-ANALÍTICA DE UMA OBRA LATINA PÓS-2000 FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

AUH156 - História e Teorias da Arquitetura IV Docente: Mônica Junqueira de Camargo Caio Lucio de Benedetto Moreira | 8010642 Maio | 2015


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