a vila que reinven tamos
2
Trabalho Final de Graduação 1º2017 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo FAU/UnB Universidade de Brasília Brasília, julho de 2017 Caio Fiuza, matrícula 10/0095488 sob orientação da profa Dra Liza Andrade
4
agradecimentos À minha família, pelo cuidado e suporte durante todo o período da graduação. Agradeço por terem sempre incentivado a minha realização e o crescimento pessoal. Ao meu namorado, por tanto carinho, apoio e parceria durante a fase mais intensa da minha vida. Aos amigos que caminharam junto comigo durante esses sete anos incríveis, dentro e fora da universidade. À minha orientadora e amiga, pela paixão em trabalhar com comunidades e por acreditar no potencial desse projeto. À comunidade da Vila Cultural, que confiou no meu trabalho enquanto facilitador e que me recebeu sempre de portas abertas. Meu muito obrigado à todas e todos.
5
6
Ăndice resumo
09
conhecendo a vila cultural
11
primeiras diretrizes
47
repertĂłrio
59
processo participativo
67
microplanejamento urbano
105
8
resumo Este é um trabalho de pesquisa que faz parte do PEAC - Projeto de Extensão de Ação Contínua - Periférico, trabalhos emergentes. O Periférico busca trabalhar com temas marginais, pouco abordados nos cursos de arquitetura e urbanismo de forma emergente, envolvendo as comunidades na elaboração de projetos de arquitetura e urbanismo nos Trabalhos Finais de Graduação da FAU/UnB. O objetivo desta pesquisa é identificar os padrões de urbanismo emergente da Vila Cultural da 813 Sul, defininindo diretrizes para o local através do processo participativo. E através desse estudo, conscientizar os habitantes da vila quanto à regularização fundiária, à sustentabilidade ambiental e o direito à cidade, de forma a auxiliar também na articulação entre os moradores, reforçando a importância da força coletiva nos processos de resistência da comunidade. A Vila Cultural é um assentamento informal que surgiu em meados de 1980. Assim como a Vila Telebrasília, a Vila Planalto e a Candangolândia, é uma das poucas áreas da cidade onde permaneceu e resistiu o urbanismo emergente. Conhecida também como Vila das Nações ou Vila Cobra Coral, o local abriga a sede de alguns coletivos voltados à educação sociocultural e à promoção da cultura popular dentro do Distrito Federal. Assim como o Mercado Sul, em Taguatinga, outra importante ocupação cultural do DF, a Vila Cultural se caracteriza por ser uma ocupação do ponto de vista da arte e do ponto de vista dos movimentos sociais também. Segundo Rolnik (2016), as ocupações que representam esse duplo movimento, além de resistir por habitação, almejam ressignificar lugares públicos menosprezados, o que simboliza não só uma luta pelo individual coletivo, mas também pela apropriação do espaço da cidade a fim de permitir que a população o reconheça e nele intervenha. E esse movimento é especialmente importante quando se trata de uma ocupação instalada dentro dos limites do Conjunto Urbanístico de Brasília, como é denominada a área tombada da capital. A própria presença da vila no Plano Piloto é também resistência, considerando a sua localização em um espaço urbano que historicamente visou a segregação e diferenciação da sua população, desde o momento em que a cidade nasceu.
9
10
a Vila p. 12 parâmetros urbanĂsticos p. 16 a cidade tombada p. 20 o parque da Asa Sul p. 22 infraestrutura p. 26 mobilidade p. 28 atividades p. 32 as partes da vila p. 38 afetividade e simbologia p. 42
conhecendo a vila cultural
a Vila O conjunto de casas se localiza na Quadra 813 do Setor de Embaixadas Sul, e como o próprio nome diz, ocupa uma área de dois lotes inicialmente destinados à delegações estrangeiras, mas suas construções não chegam a ocupar a área de uma embaixada. Hoje existem aproximadamente 80 edificações na área da Vila Cultural da 813 Sul, de pequenas casas de madeirite à casas maiores de alvenaria, madeira e bioconstrução. Mas apesar do tamanho, não é possível enxergar a vila devido à sua localização isolada e a existência de muitas árvores em frente à Avenida das Nações, principal via de acesso ao local. Existe somente uma placa de sinalização que indica a direção do Centro Espírita Pai Joaquim de Aruanda - construção pioneira, presente desde a década da 1980.
12
Foto do autor
MAPA 1. PLANO PILOTO
localização MAPA 2. ASA SUL
MAPA 3. VILA
Fonte: SITURB/SEGETH
13
De lá pra cá, o lote inicial foi sendo redividido e adquirido por terceiros, iniciando o processo de expansão da ocupação, que se deu inicialmente ao longo da estrada de terra, configurando os lotes que hoje são voltadas para o perímetro externo. Como se pode ver a partir dos limites de 2002, depois desse ano se iniciou a expansão voltada para a parte interna da vila, configurando a rua interna qual tal é hoje. Também resultado do reparcelamento de um mesmo lote, os tamanhos dos novos lotes criados são praticamente iguais entre si. Há inclusive três casas que são geminadas e foram construídas idênticas. Observando o mapa de crescimento, após 2009 se iniciou uma expansão maior na parte mais alta, no perímetro externo. Especialmente nos últimos 3 anos essa nova parte vem crescendo bastante e se expandindo também em direção ao centro da ocupação. Essas novas casas possuem uma organização muito diferente do restante da vila porque os lotes não foram revendidos pelo mesmo proprietário. As divisões surgiram a partir da livre instalação dos novos moradores. Esse crescimento mais recente preocupou os moradores mais antigos porque a construção de novas casas atraiu de novo a atenção da Terracap para a ocupação - Existe um processo judicial por parte dessa companhia, que visa a desocupação da área.
2014 2013 2009 2004
2016
2002
14
1980 1986
O processo judicial já se encontra na fase de execução da sentença de remoção das casas. De acordo com a ação, os únicos moradores a receberem uma indenização serão o Centro Espírita e o Centro Tradicional de Invenções Culturais, sede do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, referência de cultura popular no DF. Mas por enquanto, de acordo com os moradores, a ocupação permanece por tempo indeterminado -a sentença não pode ser cumprida pois aparentemente a Terracap não possui fundos para indenizar esses grupos.
A primeira imagem abaixo é prova que o Centro Espírita é a edificação pioneira no local, presente desde 1980. A segunda imagem, de 1965, tem uma qualidade muito ruim para servir como prova, mas ela sinaliza uma possível remoção, reforçando que anteriormente na área haviam outras milhares de casas - como conta o seu Luís, o proprietário do terreiro.
Fonte: SITURB/SEGETH
15
A vila está inserida dentro dos limites do Plano Piloto, RA-I e do Conjunto Urbanístico de Brasília, CUB, como é denominada a área tombada da capital. Como se trata de uma área central, patrimônio cultural da humanidade, existe uma legislação específica no que diz respeito à uso e ocupação, volumetrias e gabaritos. Como o PDOT não define diretrizes específicas para o CUB, foram consultados dois instrumentos: o PPCUB e a Portaria 166/2016 do IPHAN, que definem uma série de parâmetros para a ocupação da área. A seguir, foram reunidas as diretrizes específicas de cada uma dessas leis para a área do Setor de Embaixadas Sul.
PPCUB “Os Setores de Embaixadas compõem parte fundamental da escala bucólica, com suas densidades baixas, horizontalidade e forte presença de vegetação. Estão localizados a leste das duas asas do Plano Piloto, com edificações mimetizadas na paisagem. O fluxo de pedestre é baixo e o tráfego de veículos, internamente ao setor, pouco expressivo. O conjunto de características deste setor – baixas densidades, baixos gabaritos, isolamento, amplas áreas verdes – atendem aos pressupostos da escala bucólica. A ocupação deste setor deve garantir uma transição volumétrica e da relação cheios/vazios entre a escala bucólica e as asas residenciais.” Como o próprio texto diz, trata-se de uma zona bastante isolada, com “amplas áreas verdes”(vazios urbanos gigantes),e que faz parte da escala bucólica. Só me parece estranho (triste, na verdade) porém, que essa grande área de amortecimento não possa ser ocupada pelas pessoas e tenha que permanecer assim: vazia, para ser vista rapidamente por quem passa na região de carro. Quanto ao uso, o PPCUB também é bem restritivo: “Atividades vinculadas a administração e residência das representações estrangeiras. São admitidos usos complementares à função, de cunho cultural, esportivo de lazer, bem como atividades de apoio, como cafés, livrarias, lojas de suvenires.” Uma parte importante de ser destacada nesse texto é a seguinte recomendação:
16
“Resguardar a faixa de emolduramento non aedificandi que encerra o SGAS – quadras 600 e o Setor de Embaixadas Sul, intensificando a vegetação, inclusive forração e implantação de calçadas, proibido estacionamento de veículos automotores. Conectar essa faixa e a das SQS 416 e 216 ao Parque da Vila Telebrasília, constituindo parque linear.” Essa mesma recomendação poderia ser aplicável na Vila Cultural da 813 sul. Se o parque da Asa Sul fosse aberto 24h e integrado ao conjunto de casas, a vila seria melhor integrada ao restante da malha urbana, constituindo uma nova (e agradável) opção de caminho para os que moram ali. Além disso, com mais frequentadores e um agrupamento de casas regularizado, adjacente aos seus limites, o parque poderia ganhar em segurança e
maiores possibilidades de uso, além de ter a sua preservação asssegurada. A densidade construtiva é coerente com a baixa densidade do Plano Piloto, parte da RA-I Brasília. Essa baixa proporção unidade habitacional/hectare desfavorece uma relação equilibrada entre densidade e infraestrutura urbana. As edificações da vila são baixas, favorecendo a relação do espaço privado com a rua, também em consonância com as diretrizes de ocupação do Plano Piloto . O tamanho pequeno dos lotes e das casas também favorece a diminuição de custos. Quanto à disposição das parcelas, as duas vias principais da vila são perpendiculares às curvas de nível, intensificando a velocidade da descida da água durante as chuvas, e também a formação de poças grandes nas partes mais baixas. Área edificada aproximada da vila: 8.096m2 Área máxima edificável de uma embaixada: 10.000m2
*Lei de Vilas Culturais A Lei de Vilas Culturais (Lei n. 4775/2012), foi proposta em 2012 por autoria do Deputado Joe Valle, com aprovação em 2014 pela Câmara Legislativa do DIstrito Federal - CLDF. A proposta inicial seria a implementação de núcleos culturais, geridos pelas próprias comunidades, em parceria com o Poder Público, para a produção das mais diversas formas de cultura. No entanto, a lei para ser colocada em prática, necessita ser regulamentada pelo GDF. A lei, que define diretrizes e objetivos para as Vilas Culturais no Distrito Federal, traz orientações para uma possível política de cultura no DF. A lei foi aprovada, mas não foi sancionada e por isso vem sendo debatida em eventos articulados por grupos culturais de todo o DF, em especial pela Ocupação Cultural Mercado Sul Vive, de Taguatinga, hoje a ocupação cultural mais ativa dentro do DF. Na vila, dentre os espaços culturais destacam-se: O Centro Tradicional de Invenções Culturais, sede do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro; a Rocinha, sede do grupo Mestre Zé do Pife e as Juvelinas; a Casa da Árvore, sede da Cia. Circênicos e espaço que abriga também eventos e cursos voltados à permacultura e práticas socioculturais; e o Espaço Inventado, um território de aprendizagem que une arte, natureza e educação. Esses espaços da vila, junto à outros espaços do DF como o Mercado Sul, em Taguatinga, o CEDEP, no Paranoá e o Espaço Moinho de Vento na Santa Maria, dentre outros, são referencias importantes de valorização da cultura popular e fomento de novas vivências e atividades nas nossas cidades.
17
Lote 54
18
is na s gi a ri ad s o aix ite mb lim as e d
Lote 55
Mapa de Uso e Ocupação LEGENDA
Habitacional Comercial Institucional Parque CAESB Lago
19
a cidade tombada Portaria 166/2016 IPHAN A atual gestão do IPHAN/DF possui uma posição bem mais aberta em relação à preservação do CUB. Ao contrário da opinião de grupos mais conservadores como o “Urbanistas por Brasília”, a instituição hoje procura garantir a preservação, ao mesmo tempo que permite alterações que possam transformar Brasília em uma cidade mais humana - alinhada com um desenho urbano mais contemporâneo, que prioriza o pedestre. Essa postura é traduzida no novo texto da portaria de proteção do CUB (que não é mais baseada somentenas escalas de Lúcio Costa), com atenção especial para os trechos em negrito. “II. Setores de Embaixadas Norte (SEN), Setor de Embaixadas Sul (SES): a) predominância de uso institucional; b) altura máxima de 9 (nove) metros; c) ocupação urbana com predominância dos espaços livres sobre os construídos. Parágrafo único. Será admitido o reparcelamento do SEN e do SES.” Além do texto da Portaria, a perspectiva mais aberta da atual superintendência do IPHAN/DF também se apresenta na mais recente publicação do instituto, denominada “Patrimônio em Transformação”. O livro reúne diversos artigos que tratam sobre os desafios da preservação do conjunto urbanístico de brasília. Deste livro, destaca-se o seguinte parágrafo da autoria do superintendente Carlos Madson: “Primeiro, é preciso arejar a cultura urbanística aportando-se novos conceitos, abordagens e práticas, para que a racionalidade e o diálogo se estabeleçam e superem os dogmas, as intolerâncias e incompreensões com as quais ainda são tratadas as questões preservacionistas e urbanísticas da cidade.”
20
CUB Conjunto Urbanístico de Brasília
Vila Planalto
Vila Cultural
Candangolândia
Vila Telebrasília
Vila Saturnino de Brito
21
o Parque da Asa Sul A problemática da questão fundiária e do tombamento da cidade se agrava com a questão ambiental. Adjacente aos limites da vila existe um parque, implantado em meados de 2010. Devido ao crescimento da ocupação e a construção de novas casas cada vez mais próximas do perímetro da reserva, o IBRAM – Instituto Brasília Ambiental construiu uma cerca de arame delimitando a área de preservação. A barreira foi edificada após o limite dos lotes que se localizam na margem da reserva, mas de acordo com o levantamento do mesmo instituto (mapa a seguir), parte das vila se encontra dentro dos limites da poligonal do parque. Da área total do parque, denominado Parque de Uso Múltiplo da Asa Sul, somente 10% é composta por árvores nativas. A formação original, denominada mata de galeria, se localiza nas contiguidades de um corpo d’água que nasce no próprio parque e desemboca no Lago Paranoá. Analisando as imagens de satélite também se pode observar como esse corpo dágua diminuiu ao longo dos anos. Isso se deve não somente à construção de novos edifiícios nas imediações mas também à ampliação da Avenida das Nações, uma via de alta velocidade, localizada entre a nascente e o Lago Paranoá. Além da diminuição do curso, também é preocupante a poluição das águas, visto que muitos moradores não sabem informar qual o tratamento ou destinação do esgoto em suas residências. As áreas verdes da vila são conectadas entre si, e todo o agrupamento de casas é permeado por uma mancha de árvores que torna difícil de distinguir os seus limites através de satélite, por exemplo. Além das árvores que margeiam toda a área, e que fazem parte do Parque da Asa Sul, os moradores possuem muitas plantas em suas casas.
22
Fonte: Agência Brasília
23
A partir das três fotos acima percebe-se uma diminuição considerável do fluxo da água e da conexão que antes havia entre o laguinho que hoje faz parte da área do Parque da Asa Sul e o Lago Paranoá. A primeira foto é de 1965, a segunda, de 1986, e a terceira, 2016. Fonte: SITURB/SEGETH
24
LEGENDA
Campo Sujo Úmido Mata de galeria Exóticas Nativa antropizada Reflorestamento Ocupação Sede
25
infraestrutura água O Abastecimento de água vem de fonte desconhecida. Segundo moradores, pode prover de uma conexão com o fornecimento de água da embaixada da China ou mesmo de uma ligação direta com o sistema de abastecimento (A estação da CAESB se localiza bem próxima à área). Como a situação não é regularizada, não se pôde verificar uma relação entre a demanda/oferta de tratamento para verificar se o dimensionamento do sistema é adequado. Quanto à retenção de águas pluviais, não existem bocas de lobo ou outros elementos de sistema de drenagem. A drenagem é feita de forma natural, causando alagamentos nos períodos chuvosos. Também não existe captação da água excedente, tanto nas casas como na vila como um todo. E assim como não há um sistema de captação de águas pluviais, também não existe um sistema para reaproveitamento dessas águas.
vazão Como se trata de um agrupamento que cresceu de forma espontânea, sem a elaboração de um plano diretor de ocupação, não há padrão ou norma quanto à disposição das construções dentro dos loteamentos. Mas se aplicada a taxa de permeabilidade vigente para o Setor de Embaixadas Sul, verificamos que _. A área de absorção depende de cada casa: existem lotes que mantiveram uma cobertura vegetal intacta, outros fizeram a impermeabilização da área sem ocupação.
esgoto Os moradores não souberam afirmar qual o tipo de tratamento em suas casas, se existe fossa séptica (ou outro tipo) dentro do lote ou não, e portanto, o solo pode estar comprometido. Em três casas, porém, existe o sistema de fossa bananeira. Essa solução pode ser replicada também para outras casas, dependendo da disponibilidade de espaço livre dentro dos lotes. Aliado à outra solução mais global, sistemas alternativos podem garantir a boa qualidade do solo e a preservação dos olhos d’água. Os moradores depositam o lixo em containeres localizados na entrada da vila, e o material é recolhido semanalmente. Mas foi frequente a reclamação que grande parte do lixo é despejado fora dos locais apropriados, gerando muita sujeira.
26
Poucas famílias possuem composteira em suas casas, além de separar o lixo para a reciclagem. Existe a vontade, por parte dessas famílias, de construir uma composteira comunitária, mas os moradores se preocupam com a manutenção desse equipamento, alegando que a maior parte não cumpre o acordo mais simples, de separar o lixo em orgânico e seco. Segundo relatos, além de não fazer essa separação, alguns moradores também queimam grandes quantidades de detritos.
energia elétrica Ao contrário dos outros sistemas, o fornecimento de energia é o único regulamentado na vila. Cada morador recebe e paga mensalmente as contas referentes ao serviço. O problema é a ausência de um padrão de endereçamento, que causa problemas também na entrega de correspondências aos moradores.
internet O serviço de internet existe, mas é disponibilizado somente por uma empresa de telefonia, com uma velocidade limitada. Como todos os moradores que possuem internet em suas casas acessam a partir do mesmo provedor, a conexão pode ser oscilante.
conforto As edificações são baixas, de no máximo 2 pavimentos. Os lotes são pequenos em sua maioria, e as construções se encontram adjacentes aos seus limites. Mas especialmente no lado leste (direção dos ventos predominantes em Brasília), a ocupação é mais esparsa, proporcionando boa dispersão dos ventos no restante da vila. A disposição mais espontânea das casas também contribui para a diminuição do efeito de paralelismo ou outros tipos de reflexão de sons. A iluminação natural é um pouco comprometida devido à grande massa de vegetação que permeia toda a vila. Entretanto, as árvores são aliadas na diminuição do ruído do tráfego intenso de veículos na L4 Sul, além de amenizar a temperatura da área.
sistemas alternativos Não existe uma usina de geração comunitária, plano de compensação de C02, reciclagem ou outro tipo de sistema alternativo que auxilie na redução do consumo de energia.
27
mobilidade O sistema de vias é composto de uma via local interna e uma via local externa, mais integrada com o restante da malha urbana, que serve de ligação entre a via L2 Sul e a Via L4 Sul, ou Avenida das Nações. A via externa da vila é uma estrada de terra. A via interna também era igual, até que os moradores se organizaram para concretar a rua e acabar com os problemas de alagamento e buracos que aconteciam frequentemente no período das chuvas. A oferta de transporte público é baixa, com somente dois pontos de ônibus próximos, e uma estação do metrô que fica a quase 2km de distância (ou 24 min de caminhada). Não existem calçadas adequadas, nem tampouco ciclovias/ciclofaixas até chegar na L2 Sul. Pedestres, automóveis e bicicletas compartilham o espaço da estrada de terra. Além da terra, o sol é um grande problema no deslocamento, pois o trajeto é arborizado somente nas proximidades das casas. A situação para quem vai a pé não melhora ao se aproximar da L2, visto que existe rua, mas não existe calçada. Não existem degraus, diferenças de níveis acentuadas ou outros tipos de barreiras à locomoção, mas a acessibilidade é ruim devido a grande presença de buracos e ausência de pavimentação, especialmente nos arredores da vila. A sinalização existente contempla somente os automóveis que chegam a partir da L4 Sul. Não existe indicações voltadas para o pedestre, informando a proximidade ou a direção do transporte público -e a situação piora se o trajeto é feito a partir da L2 Sul, onde não há absolutamente nenhuma indicação de existência da vila. Para agravar o problema do deslocamento na região, o próprio zoneamento do Setor de Embaixadas Sul, composto de grandes lotes murados de um só uso e com distâncias (e vazios) enormes entre eles, desfavorece o deslocamento a pé. De uma forma geral, a ligação entre a escala micro (a vila) e a escala macro (a cidade) é falha. A vila é uma espécia de ilha, isolada do resto da malha urbana. Existem muitas barreiras e poucos caminhos entre elas.
28
1
3
5
Foto: JoĂŁo Leite
29
Estação 112 Sul
M
20min Rodoviária Plano Piloto 1h Estação Samambaia
1h20min Estação Ceilândia
ia
ov
l cic
e
te
en
t xis
Via
L2
l
Su
da
lça
ca
20min 7,2km Rodoviária Plano Piloto
20min Rodoviária Plano Piloto
14min 1,1km até a parada de ônibus
24min 1,8km até a estação 112 Sul
Parada ônibus
11min 6,8km Rodoviária Plano Piloto Eixinho Leste
10min 7,2km Rodoviária Plano Piloto Via L4 Sul on
rc
e as
Vila 813 Sul estrada de terra Parada ônibus
Via
30min Rodoviária Plano Piloto
30
a
id
L4
Sul
ru st
via lo da cic eta j ro /p
Para chegar à vila, o caminho se mostra difícil desde o início: Não há faixa de pedestres na L2 Sul(1) e a maioria das pessoas atravessa correndo (2). Do outro lado da pista, atravessar o SGAS também é ruim porque não existem calçadas, e os carros passam pelo local em alta velocidade, uma vez que o fluxo é baixo (3). Ao se aproximar da vila, o único trajeto existente é uma estrada de terra (4) - quando os carros passam, a poeira levanta no local. Todo o trajeto “L2 Sul - vila” é bem vazio, e quando se veem edificações, estas são muradas, como a Embaixada da China (5).
2
4
fotos do autor
atividades Na vila existem diversos lugares que oferecem cursos e atividades de formação/práticas de cultura popular, mas as necessidades mais básicas do cotidiano são atendidas somente pela venda so Seu Sérgio, um pequeno armazém. O Circo Inventado, espaço de educação criativa, é outro local da vila que funciona diariamente, atendendendo a turmas de crianças. Além desses dois, também funcionam em horário e dias comerciais a Mecânica do Chumbinho e a BL Reformadora. O estabelecimento de caráter mais abrangente e de frequência constante é o Centro Espírita Pai Joaquim de Aruanda - importante ponto de referência da umbanda na cidade, que semanalmente atrai uma grande quantidade de não moradores a partir das 18h, geralmente nas terças e quintas-feiras. As sedes dos coletivos socioculturais também atraem um público constante de artistas e apreciadores da cultura popular, além de abrigar visitantes e curiosos de diversas partes do país e do mundo. Para ser atendido por outros serviços no dia a dia, é necessário sair da vila. Como se pode ver no mapa a seguir, os locais mais próximos se localizam a no mínimo 500m da entrada da ocupação. No período da noite, além do terreiro funcionam o supermercado e as instituições de ensino próximas. De maneira mais esporádica, os grupos culturais também oferecem cursos abertos nesse período, além de promover festas, apresentações e outros tipos de eventos.
32
Escola Parque 210 Sul
1500m
Igreja Universal
CORREIOS
Mercado Araújo
Posto Petrobras
Escola Canarinho
1000m
Drogaria Minas Gerais Mercado Araújo
Supermercado Big Box
Escola Classe 412 Sul Centro Brasileiro da Visão
Hospital Ortopédico
IESB
500m
Embaixada da China 300m
200m
100m 50m Parque Asa Sul
CAESB Estação de Tratamento
33
Alguns dos grupos da vila, da esquerda p/direita, de cima p/ baixo : Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, Espaço Sociocultural Casa da Árvore, Mestre Zé do Pife e as Juvelinas, Mala de Garupa, Cia. Circênicos, Circo Inventado e à direita na foto maior, a Rocinha. fonte:facebook.com/vilacultural813sul
B.L Reformadora Igreja Global das Maravilhas de Deus
Mecânica do Chumbinho
Centro Espírita Pai Joaquim de Aruanda
Centro Tradicional de Invenções Culturais
Cia. Circênicos
Espaço Inventado
Casa da Árvore
Rocinha
Mestre Zé do Pife e as Juvelinas
Quitutes Casa Rosa Mala de Garupa
Vendinha do Seu Sérgio
Dark Zone Tattoo
35
urbanidade O espaço público de maior interação social é a área localizada em frente à Vendinha do Seu Sérgio, onde existe uma presença constante de pessoas bebendo, jogando cartas, ou socializando. Por ser localizada na entrada da Vila, é constante também a movimentação de gente chegando ou saindo da rua principal. A rua também é palco dos encontros não programados, mas os moradores usam esse local mais para transitar do que permanecer. Uma exceção são as crianças, que aproveitam a tranquilidade do espaço para brincar. De forma mais esporádica, o espaço comum recebe eventos dos diversos grupos existentes na área, organizados individual ou coletivamente. Exemplo dessa atividade foi o 3º Festival de Brincadeiras de Rua, organizado pelo Circo Inventado- Espaço de Educação Criativa, em setembro deste ano. Agora em outubro, o Mestre Zé do Pife e as Juvelinas realizaram um cortejo de pífano por entre as casas. E no final de Agosto, foi realizado o Arraiá da Vila Cultural, evento que reuniu os diversos coletivos e moradores com o objetivo de gerar uma renda para futuras reformas do agrupamento de casas.
36
Apresentação no 2ºArraiá da Vila Cultural foto: facebook.com/vilacultural813sul
Algumas das atividades no espaço público, da esquerda p/direita, de cima p/ baixo : Mutirão de pintura da vila, mutirão de plantio, arraiá da vila cultural, festa de 12 anos do Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, 3ºFestival de Brincadeiras de Rua, Cortejo de pife com o Mestre Zé do Pife e as Juvelinas. fonte:facebook.com/vilacultural813sul
as partes da vila Durante as visitas ao assentamento, entendi que o sentimento de pertencimento ao local existe, mas é fragmentado em 3 grupos maiores. Essa divisão se revela na existência de muitos nomes para a mesma comunidade, no histórico de desentendimentos, na tentativa frustrada de se formar uma associação de moradores e na frágil articulação que existe entre eles. De forma abrangente, os grupos e diferentes partes percebidas são: Os pioneiros da região, da parte baixa da vila que se localizam em maior parte na área mais baixa, e que se referem à vila como “Cobra Coral”, em referência ao terreiro, presente no local desde a década de 80. Alguns desses moradores participam das reuniões promovidas na comunidade, mas são receosos quanto à visibilidade que a agitação cultural trouxe para a área. Preferem menos divulgação por conta da possibilidade de remoção de suas casas. Os artistas e representantes do movimento de cultura popular, que se referem à área como “Vila Cultural”. São gestores de importantes centros de produção e transmissão de saberes, relevantes dentro da cena de cultura popular no DF. Enxergam a agitação cultural como meio de potencializar a resistência e permanência das casas na área. Os centros e casas estão localizados na parte de baixo da vila. E por último, uma grande parcela da comunidade que mora na na parte de cima da vila. Esse último grupo por sua vez pode ser subdivido entre pioneiros da área e moradores que chegaram com a expansão acelerada dos últimos anos. O primeiro se trata de uma parcela da comunidade que, apesar de não ser integrada ao restante da comunidade, são muito articulados entre si. O outro grupo, de moradores mais novos, não é muito bem visto pelos outros grupos porque ocuparam a região de forma mais desordenada, desmatando grande parte da área e atraindo novamente a atenção da Terracap para o processo de remoção, que já estava em andamento. Além de se referir à ocupação como Vila Cultural, também a chamam de Vila das Nações.
38
Parte de Cima Moradores Novos Parte de Cima Moradores Pioneiros
Parte de Baixo Cultura Popular
Parte de Baixo Vila Seu SĂŠrgio
39
Existem diversos tipos de construção na área. Casas de estruturas improvisadas, casas de madeira, alvenaria e bioconstrução. E mais: além dos tipos de construção distintos, os diferentes tamanhos de lotes permitem a diversidade de classes sociais convivendo na mesma área. Na maioria, as habitações são unifamiliares, mas existem também outros tipos de arranjo. Alguns compartilham a mesma casa, pagando o aluguel referente à um quarto, por exemplo. E existe também a ocupação de duas ou mais casas no mesmo lote - a chácara do Seu Sérgio é um desses casos: todos os onze filhos, junto às suas respectivas famílias, vivem na mesma parcela.
40
Sobre a relação das casas com a rua, existem três tipologias predominantes.
Casas com entradas na rua localizadas na via interna da vila, essas casas não possuem grade ou
Casas muradas As casas muradas com um grande portão de ferro na entrada são a maioria na vila. E elas aparecem de diversas maneiras: Muro alto ou baixo, pintado de grafiti ou com grades.
Casas muradas com jardim na frente É o tipo que predomina na via externa, devido ao espaço disponível na frente dos lotes. Algumas possuem pequenas hortinhas e até banquinhos para se sentar.
41
afetividade e simbologia O caminho que dá acesso à vila é muito amplo e aberto, tanto no que diz respeito à distância entre os edifícios como na ausência de cobertura. Mas ao se aproximar do agrupamento, a sensação é de envolvimento e acolhimento, um oásis no meio de tanto vazio. À medida que nos aproximamos, podemos ver muros e portões de ferro que se escondem no meio de muitas árvores. Em meio à casas bem parecidas entre si, uma escultura de pássaro gigante, fitinhas coloridas espalhadas e desenhos na fachada das casas são alguns dos elementos que se destacam. Cada casinha tem um detalhe: A casa da árvore, espaço sociocultural, é toda decorada com folhas na fachada. Na frente da entrada fica estacionado um veículo de circo, propriedade da Cia.Circênicos, que possui sede no local. Além, é claro, da linda escultura de pássaro mencionada. O Centro Tradicional de Invenções Culturais, sede do Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, também é facilmente identificável, não somente pela placa que indica o nome do grupo, mas pelas fitinhas coloridas na cobertura e nas árvores em frente ao lote. O Centro Espírita Pai Joaquim de Aruanda também se destaca na rua externa. A edificação chama atenção por suas portas ovaladas, jardim bem cuidado e várias cores na fachada. Ao entrar na vila, ainda mais detalhes. Vemos de longe o Circo Inventado, com sua porteira azul e vários detalhes coloridos. Por trás de uma mata densa que cobre o portão vemos a inscrição: Rocinha -a sede do grupo Mestre Zé do Pife e as Juvelinas- casa com um abundante jardim e hortinha na área verde. A casa do seu José também chama a atenção por possuir cada pedaço de madeira da fachada pintada de uma cor diferente. Diferente das casas localizadas no perímetro da vila, na rua interna mesmo as casas que não são ligadas à agitação cultural possuem as fachadas de seus muros pintadas, com grafites com desenhos de plantas, bichos e muitas cores. E a relação com o verde é outra também - As plantas saem dos lotes e e se espalham nos espaços públicos, criando uma paisagem incrível.
42
43
44
45
46
mĂŠtodo p. 48 objetivos p. 49 padrĂľes espaciais p. 50
primeiras diretrizes
método Para alcançar os objetivos propostos, este trabalho foi dividido em duas etapas: Num primeiro momento, foi feita uma pesquisa reunindo o histórico de formação da vila e a legislação vigente para o local. Paralelo à essa investigação, iniciou-se a análise da ocupação de acordo com as Dimensões da Sustentabilidade (ANDRADE, 2014) de maneira a gerar os padrões, pequenas diretrizes que podem solucionar os problemas levantados ou valorizar soluções já existentes na comunidade. A partir desse momento, iniciou-se a segunda etapa, focada no processo participativo. Foram realizados encontros comunitários com o objetivo de identificar as prioridades da ocupação e reconhecer outras existências e necessidades além dos padrões já identificados, para posteriormente escolher, junto à comunidade, os locais passíveis de intervenção. Para a etapa do diagnóstico da área utilizou-se como metodologia de análise as dimensões da sustentabilidade urbana desenvolvida por Andrade e Lemos (2015). A avaliação se divide em quatro dimensões relativas à sustentabilidade e qualidade da forma urbana, sendo elas: sustentabilidade ambiental, sustentabilidade social, sustentabilidade econômica e sustentabilidade cultural e emocional. O produto é uma análise sistêmica e profunda dos aspectos relativos à ocupação, embora seja dividido em categorias para facilitar a sistematização das informações. Como parte do processo de envolvimento da comunidade e consolidação das redes entre os moradores foi utilizado o Jogo Oásis. O jogo é uma ferramenta cooperativa de apoio à mobilização cidadã criada e desenvolvida pelo Instituto Elos, que já foi aplicada em várias partes do mundo e é uma metodologia aberta, que qualquer pessoa pode utilizar. É uma metodologia lúdica que se desenrola ao longo de sete passos, e culmina em um mutirão comunitário. A partir das metas definidas coletivamente durante e após o Oásis, foram realizados novos encontros para dar início ao processo de microplanejamento urbano participativo. Um dos instrumentos utilizados durante esssa etapa foi o Jogo dos Padrões, um momento em que a comunidade é convidada a selecionar as ideias novas, discutir e pensar novas diretrizes para a vila como um todo.
48
objetivos O objetivo principal deste trabalho é compreender e atender às demandas existentes na comunidade, identificando os aspectos referentes ao espaço da ocupação e entendendo melhor o papel do arquiteto e urbanista dentro de um assentamento informal. Ao longo desse processo, auxiliando a articulação entre os moradores e conscientizando os habitantes quanto à regularização fundiária e a importância da força coletiva nos processos de resistência da vila. Quanto aos produtos gerados neste projeto, eles são: Intervenções Reais no Espaço Público Encontros Comunitários Diretrizes quanto à ocupação e espaço urbano Reendereçamento das casas
micro planejamento
Esses objetos serão reunidos em um caderno final e entregues à comunidade, para auxiliar nos processos de resistência e reinvidicação do direito à permanência da ocupação.
49
padrões A análise das Dimensões da Sustentabilidade e da Legislação, com auxílio dos moradores através das entrevistas e aplicação do questionário gerou os primeiros padrões. Os padrões espaciais foram desenvolvidos por Christopher Alexander [et al.], em Uma Linguagem de Padrões (1977), que permite gerar soluções possíveis de serem adotadas a partir de uma análise dos aspectos relativos ao espaço de cada local analisado. Os padrões, embora estejam conectados à um problema ou ideia específicos, não devem ser encarados de forma isolada. Esmiuçar um grupo de padrões é entender a situação estudada de forma complexa e interdependente. Os padrões aparecem a seguir na Tabela 2, categorizados de acordo com cada uma das dimensões desenvolvidas por Andrade e Lemos (2015).
Sustentabilidade Ambiental
Princípios analisados: Proteção ecológica e agricultura urbana, Respeito aos ecossistemas atendimento ao Código Florestal, às Resoluções do CONAMA 302, 303 e369, e as leis ambientais respectivas a cada região, bem como planos de recuperação de nascentes ou florestas. Existência de agricultura urbana na cidade: hortas comunitárias, hortas individualizadas. Infraestrutura verde: gestão d’água, drenagem natural e tratamento de esgoto alternativo Observação da bacia hidrográfica, em relação à drenagem e ao esgotamento sanitário. A abordagem sustentável caminha em duas escalas: sistemas de tratamentos de águas residuais com plantas para as casas (zona de raízes) ou para o empreendimento como um todo (wetlands). Os empreendimentos de natureza mais compacta podem utilizar menos água, se preparados tecnicamente, que loteamentos suburbanos com densidades mais baixas.  Conforto ambiental Resposta do espaço com relação ao desempenho luminoso, térmico, acústico e de qualidade do ar Promoção dos sistemas alternativos de energia e diminuição da pegada ecológica A eficiência energética pode ser colocada sob dois aspectos. Primeiramente, para as moradias, sob a ótica de uso da energia utilizada, vinda de fontes renováveis como o sol, o vento e a biomassa. Em segundo lugar, sob o viés da redução de combustíveis fósseis utilizados nas moradias, carros e indústrias.
50
Saúde O ambiente não deve apresentar vulnerabilidade ambiental, decorrente de materiais tóxicos e poluição do ar, do solo e das águas.  Redução, reutilização e reciclagem de resíduos Para o desenho de empreendimentos sustentáveis, os 3R’s incluem redução do gasto de energia, reuso das edificações e reciclagem de resíduos de construção, e compostagem do lixo orgânico
Situação Existente
Solução
Alta velocidade da descida d’água durante a chuva
Canais de infiltração: Execução de pequenas lombadas e buracos no sentido paralelo às curvas de nível, de forma a aumentar a superfície de absorção da água e ao mesmo tempo desacelerar a velocidade durante as chuvas
Acúmulo de água e lama na parte mais baixa da vila após as chuvas
Jardins de chuva Os jardins de chuva são jardins feitos especialmente para que a água se acumule durante o momento da chuva e possa ser absorvida de forma mais eficiente.
O lixo é descartado sem a correta separação, havendo muito desperdício também
Composteira comunitária Além de aproveitar a matéria orgânica e restos de podas, a composteira também gera um composto rico em nutrientes, que pode ser usado para fortalecer outras plantas.
Uma grande parcela dos moradores (70 % dos entrevistados ) não separa o lixo que produz em sua residência.
Coleta Seletiva local para separação dos lixos na comunidade. Essa prática traz benefícios para o ambiente e para a população, uma vez que resíduos separados podem ser também reaproveitados para outros fins.
Nascentes e solo deteriorados
Agrofloresta São sistemas que unem espécies arbóreas com culturas agrículas, unindo produção de alimentos com a manutenção e recuperação de ecossistemas .
51
Situação Existente
Solução
Água provém de conexão irregular no sistema de abastecimento
Coleta de águas pluviais Alternativa para auxiliar no sistema de abastecimento de água
Expansão acelerada do assentamento
Alagamentos
Minimizar cobertura do solo Aumentar a superfície de absorção para reduzir o acúmulo de água
Não se sabe o destino do esgoto nas residências
Bacia de Evapotranspiração/ Fossa bananeira Sistema permacultural de tratamento de esgotos que evita a poluição do solo, usando plantas que requerem muita umidadade
Grande quantidade de vegetação na vila e nas proximidades com o parque.
52
Limites de bairro limites bem definidos entre o parque, a vila e o setor de embaixadas podem auxiliar na contenção da expansão e evitar que áreas sensíveis ambientalmente sejam ocupadas
Jardins Espontâneos Valorizar e estimular a presença das plantas na vila, que além de embelezar as ruas e as casas criam um microclima agradável, estabelecem uma continuidade com a vegetação existente no parque
Princípios analisados: Urbanidade Desempenho do espaço urbano, considerando a interação social por meio do desenho da malha viária e das macroparcelas com maior integração, conectividade, espaços externos positivos, constitutividade dos espaços, diversidade de uso do solo e acessibilidade.
Sustentabilidade Social
Comunidade com Sentido de Vizinhança Oportunidades para a sociabilidade, participação no processo, e desenvolvimento pessoal em espaços públicos e instalações comunitárias. Moradias Adequadas Diversidade e mistura de classes sociais, estabelecidas com variedade de moradias, custos diferenciados e acessibilidade universal garantida. Mobilidade e Transportes Sustentáveis Existência de estruturas adequadas a diferentes modais de mobilidade (pedestres, ciclistas e automobilistas) e inibidoras do uso de combustíveis fósseis, aliada à disponibilidade de transporte público eficiente.
Situação Existente
Isolamento do setor, caminhos únicos e longos
Carência de equipamentos públicos/áreas de lazer. Proximidade ao Parque da Asa Sul mal aproveitada
Insegurança para circular nos arredores à noite
Solução
Quadras curtas Conectar vias internas da vila de modo a diminuir as distâncias percorridas pelos pedestres, permitindo novos caminhos e outras oportunidades de sociabilização
Conexão com o parque Aproveitar de uma infraestrutura tão próxima à comunidade e somar um público frequente aos usuários do parque
Parque aberto 24h Estimular atividades noturnas no parque e nas imediações para estimular a presença de pessoas e garantir maior segurança aos transeuntes.
53
Situação Existente
Eventos nos espaços públicos geram oportunidades de sociabilização
Carência de espaços públicos que incentivem o encontro e o lazer dos moradores
Muitos espaços livres disponíveis e uma comunidade com fortes lideranças locais
Carros ocupam maior área nas ruas em relação ao espaço disponível para os pedestres e ciclistas
Trajetos muito áridos e ensolarados
54
Solução
Cinema à ceu aberto Filmes ao ar livre são garantia de diversão, além da possibilidade de estimular a sociabilidade entre a comunidade e a discussão de assuntos relevantes ao local.
Pequenas praças locais Vários espaços públicos menores, que se tornam ponto de encontro comunitário e possibilitam maior frequência dos encontros não programados.
Horta comunitária A produção local de alimentos autogerida pelos vizinhos é ideal para comunidades de pequeno porte, como a vila
Vias para pedestres/Ruas compartilhadas Favorecer a circulação a pé, possibilitando a circulação de pedestres sem competir espaço com os automóveis/em harmonia com outros modais.
Caminhos sombreados Plantas novas árvores para melhorar o conforto dos transeuntes, especialmente no trajeto Vila-Via L2 Sul
Princípios analisados: Adensamento Urbano A ocupação urbana mais densa em áreas centrais associada ao uso comercial diminui o deslocamento, diminuindo a emissão de dióxido de carbono em viagens locais, e melhora o sentido de comunidade nos espaços públicos.
Sustentabilidade Econômica
Dinâmica urbana Economia de recursos financeiros no processo de construção e manutenção dos espaços urbanos como uso efetivo desses espaços, resultante de condições adequadas de infraestrutura, mobiliário urbano, iluminação e sistema viário. Desenvolvimento da Econômica Local em Centros de Bairros Espaços que favoreçam a existência de centralidades na malha viária e mescla de funções, e atividades localizadas a distâncias caminháveis.
Situação Existente
Solução
Percursos mal iluminados à noite
Iluminação alternativa Opção de iluminação mais barata/ de fácil execução para iluminar as vias públicas.
Muitos muros altos e portões
Falta de espaços de estar
Aberturas para a rua Valorizar casas que tenham uma melhor relação com o espaço urbano, que tornam o passeio mais agradável e seguro, tanto para quem transita na rua como para os moradores
Mobiliário reaproveitado Utilizando recursos locais/restos de materiais é possível criar transformar e criar novos espaços de convivência agradáveis
55
Situação Existente
Vivência/morfologia de vila
Excesso de carros estacionados nas ruas
Sustentabilidade Cultural e Emocional
Solução
Pequenas casas: Reconhecer a importância da população local, e valorizando o equilíbrio entre o processo de gentrificação e a melhoria nos espaços da vila, sem alterar a dimensão dos lotes
Carros fora das ruas internas/ somente dentro dos lotes Definir restrição para o estacionamento de veículos dentro das ruas internas da vila, garantindo melhor qualidade dos espaços das ruas
Princípios analisados: Revitalização Urbana Recuperação e valorização de infraestrutura existente em áreas urbanas degradadas ou patrimônios culturais abandonados, promovendo o incremento da ocupação dessas áreas. Legibilidade e Orientabilidade Os espaços devem responder a necessidade de orientação dos usuários nos lugares, obtidos com a conectividade entre bairros e diferenciação entre bairros e continuidade de caminhos Identificabilidade Reconhecimento de características particulares ao espaço urbano resultantes de diversidade tipológica em pequenos agrupamentos e efeitos visuais que promovam imagens mentais e percepção da paisagem urbana. Afetividade e Simbologia A forma física dos lugares promove satisfação emocional quando laços afetivos se estabelecem pelo reconhecimento de qualidades e plasticidade da configuração urbana
56
Situação Existente
Muitos muros/paredes cegas
Solução
Parede muro verde Valorizar as árvores e a cobertura vegetal também no fechamento das casas
A vila é a sede/ponto de encontro de diversos grupos de cultura popular na cidade.
Palco para apresentações Criar um espaço dedicado à manifestações artísticas da comunidade/parceiros da vila
Grande variedade de plantas na vila
Árvores frutíferas Plantar ainda mais árvores que dêm frutos,no próprio espaço público
Muitas casas na vila tem nome/ plaquinhas com identificação
Muros sem cores/acabamento
Muros sem cores/acabamento
Símbolos de identidade Reforçar caratér lúdico/afetivo na nomeação e identificação dos espaços da vila
Arte urbana Murais que agreguem cor à cidade e que ao mesmo tempo representem a vila, que os moradores se sintam representados
Cores nas fachadas Estimular/valorizar o uso de cores nas casas
57
espaços auto-gestionados p. 60 ocupações culturais p. 62 metodologias participativas p. 64
repertório
espaços públicos auto-gestionados El Campo de la Cebada, Madri, Espanha
“La cebada”, como é chamada carinhosamente pelos madrilenhos, é uma praça localizada no coração da cidade, e que surgiu a partir da ocupação de uma piscina municipal que estava abandonada. O local é atualmente palco dos mais diversos eventos, de sessões de filme à feiras de zines, apresentações de circo ou campeonatos de esporte. A praça é frequentada por crianças, jovens e adultos que vão ao local por diversos motivos: para se encontrar, beber cerveja, tocar música ou simplesmente observar o movimento. Semanalmente são realizadas reuniões abertas à todos, onde são tomadas as decisões referentes à manutenção da área, cuidado com a horta comunitária, sugestões de atividades, entre outros. Cuidado pelos próprios moradores do bairro, é um ótimo exemplo de um espaço público bem sucedido
60 fotos do autor
Também em Madri, “Esto Es una Plaza” surgiu inicialmente como resultado de um workshop de mobiliário urbano oferecido pelo coletivo de arquitetos Todo por la Praxis, também responsável pelo mobiliário do Campo de la Cebada. O loca,l um terreno vazio que foi ocupado e transformado em praça, é localizado no Bairro Lavapiés, um bairro adjacente ao centro, que concentra uma população grande de imigrantes. Diferente do caso anterior, essa é uma praça mais intimista. Os frequentadores são em maior parte grupos pequenos, famílias e criancinhas do bairro, que estão sempre correndo e brincando pelo espaço. Tambem é a própria comunidade local que cuida do espaçø, que conta com uma brinquedoteca/biblioteca infantil comunitária,como um dos maiores atrativos. Os eventos e assembleias também são abertos à participação de todos, mas o local é menos divulgado, para garantir que ele continue sendo um oásis de tranquilidade dentro de uma zona super movimentada de bares e restaurantes.
fonte: estaesunaplaza.blogspot.com e foto do autor
Esto Es Una Plaza
Madri, Espanha
ocupações culturais Mercado Sul Vive Taguatinga, DF, Brasil
Um dos primeiros centro comerciais do DF, entrou em decadência na década de 70, com a chegada de redes de supermercado à cidade. A chegada da família de Seu Dico, fabricante artesanal de violas, iniciou uma fértil ocupação artística integrada à chegada de antigos e novos moradores e trabalhadores. Hoje, o movimento cultural cresceu e reivindica a desapropriação e a revitalização de um espaço que atualmente é sinônimo de cultura no contexto do Distrito Federal. Festa junina, maracatu, samba de coco, bumba-meu-boi, apresentações musicais e teatrais diversas são algumas das manifestações culturais que acontecem no local. As atividades promovidas no Beco da Cultura, como também é conhecido ,contribuem para promover a ressignificação do espaço e preservar um patrimônio constantemente ameaçado pela degradação, dado o abandono de seus proprietários e do poder público. Junto à outras atividades culturais do Distrito Federal como o Chorinho na Vila Telebrasília, o Samba na Rua na Vila Planalto, o Movimento Dulcina Vive, o Samba da Mutamba no Setor Comercial Sul e a própria Vila Cultural da 813 sul -tema deste trabalho- o Espaço Cultural Mercado Sul é referência importante dentro desse movimento maior de ocupação e vivência dos espaços de Brasília.
62
fonte: facebook,com/espacoculturalmercadosul
Da urgência em participar das discussões de políticas públicas, de cultura e da cidade, um grupo de artistas, ativistas, educadores, profissionais autônomos e produtores culturais decidiram de dar vida a um antigo imóvel público abandonado na cidade de Belo Horizonte, convertendo-o em um espaço cultural comunitário, auto-gestionado.
Espaço Comum Luiz Estrela
Belo Horizonte, MG, Brasil
O casarão, construído no início do século 20 abrigava enfermarias do Hospital Militar na década de 30. Abandonado desde 1980, a linda casa Eclética, localizada à Rua Manaus, 348, se encontrava em estado de completo descaso. A fragilidade estrutural tornava difícil a ocupação do casarão, e assim se consolidou uma equipe transdisciplinar para viabilizar um projeto de restauração. O desejo do coletivo, de abrigar propostas formativas e processuais no local converteu o próprio processo de transformação do espaço na primeira ação colaborativa, que eles chamam de laboratório de patrimônio/núcelo de restauro e memória, desenvolvendo atividades relativas à história, a arqueologia e a arquitetura. Atualmente apoiados pela Diretoria Municipal de Patrimônio e fundos de cultura, a ocupação é uma resposta à necessidade coletiva de transformação de um espaço que estava em ruínas, tornando-o público e livrando-o do abandono absoluto.
foto: Dayneè Leal: Maria Objetiva
63
metodologias participativas Instituto Elos Santos, SP, Brasil
O instituto Elos é uma ONG santista que trabalha com mobilização comunitária e desenvolvimento local, com a meta de fazer acontecer já o mundo em que todos sonhamos. O Jogo Oásis, uma das feramentas desenvolvidas pelo Instituto será parte da metodologia envolvida na segunda parte da diplomação. O jogo é um instrumento para facilitar a realização dos sonhos coletivos comuns. Composto por jogadores e comunidade e concebido para ser de uso livre e praticado de forma totalmente cooperativa, o Oásis propõe regras que permitem a vitória de todos, sem exceção. Divido em sete passos, a metologia envolve os jogadores na construção física de um espaço comum em um espaço muito curto de tempo. Essa transformação rápida e surpreendente, serve como catalisadora do sentimento de pertencimento e empoderamento comunitário, possibilitando a concretização de outros sonhos comunitários.
64 fonte: Grupo Oasianos de Brasília
O Micrópolis sugriu a partir da união de estudantes de arquitetura da UFMG e desde 2010 realiza trabalhos independentes e com colaboradores externos, propondo transformações no espaço urbano e na vivência da cidade.
Micrópolis
Belo Horizonte, MG, Brasil
Segundo as palavras do próprio coletivo, ” Ações pontuais, a nível local, podem ter um efeito multiplicador e transformador na cidade, sem necessariamente se concretizarem como objeto construído. Partindo dessa premissa e da compreensão do contexto e do entorno imediatos, o grupo pretende realizar ações, projetos e discussões que transponham as fronteiras disciplinares da arquitetura e que estejam relacionados ao nível da microescala e do cotidiano.”
fonte: microplis.com.br
65
aproximação p. 67 questionário p. 72 jogo oásis p. 74 novos sonhos p. 99 jogo dos padrões p. 100
processo participativo
68
aproximação “Mas do que se trata esse projeto?” Essa foi a pergunta que eu mais ouvi durante esse semestre, nas visitas à vila. E a resposta que eu mais dei foi: Isso é o que a gente vai descobrir juntos. Conheci a Vila Cultural nas apresentações do Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, anos atrás, mas foi só durante o arraiá organizado por todos da comunidade que eu pude entrar na via interna e entender melhor sobre essa realidade paralela em Brasília. A minha vontade em trabalhar junto à uma ocupação cultural aliada à descoberta desse local me motivou a entrar em contato com as pessoas por trás da organização da festa. E foi assim que a história desse projeto começou. Eles, sem saber o que eu estava exatamente buscando naquele ali, e eu, tentando descobrir como poderia ajudar também. A aproximação aconteceu aos poucos, ao longo do primeiro semestre do trabalho final de graduação. A cada ida, conheci novos pontos de vista, ideias e vontades dos amigos e amigas que fiz e que receberam com tanto carinho. Infelizmente, um semestre se mostrou curto para entender ainda mais sobre cada cantinho desse lugar. Foi essencial, porém, me permitir conhecer cada um com paciência e ouvir as milhares de histórias interessantes que eles tem para contar. Durante o primeiro semestre, participei das reuniões comunitárias e fui pouco a pouco entendendo como poderia ser útil para a vila. Desde o início percebi que existiam diversas realidades dentro de um só local e por isso, mais do que delimitar um projeto em si, a minha meta principal foi contribuir de alguma forma melhorar a articulação entre essas partes. Não bastava criar um projeto só para uma dessas partes, por isso decidi aplicar o Jogo Oásis, uma ferramenta de mobilização comunitária muito poderosa em identificar lideranças locais e aproximar essas pessoas, fazendo com que a comunidade se desenvolva a partir de metas definidas em conjunto, seja ele heterogêneo ou não. O sucesso desse processo, além de unir pessoas de diferentes locais na vila e impulsionar novos projetos e metas, facilitou também a finalização desse projeto, que se consolidou a partir dos objetivos definidos coletivamente. Alem do Jogo Oásis, também foi aplicado um questionário e o Jogo dos Padrões, com o objetivo de identificar demandas e entender ainda melhor o contexto local.
69
70
Mutirão para construção da horta comunitária fotos: Kika Brandão
Reunião com grupo de moradores, na casa da Gabi Almoço com moradores, na casa da dona Amparo fotos: Kika Brandão
questionário
Idade
36- 45 anos 23.5%
26- 35 anos 29.4%
16- 25 anos 38.2%
O questionário foi aplicado através da plataforma online Google Forms e também em uma versão física impressa. Apesar de poucas respostas (35), que definitivamente não representam a completamente a realidade da vila, foi essencial para conhecer novas realidades da ocupação, além de novos moradores também. As respostas das 32 perguntas contidas no questionário estão contidas nas análises e textos anteriores, mas reunidas aqui estão algumas das questões mais relevantes.
Sexo
52.9 - Mulheres 47.1 - Homens Outros
Quais os Principais Motivos para Morar na Vila?
72
Baixo custo em relacão à outras áreas do Plan Piloto Boa Localização Tranquilidade Segurança Mais espaço Grande quantidade de árvores Grupo de cultura popular Boa relação com os vizinhos Outro
32.4% 50% 29.4% 14.7% 17.6% 26.5% 32.4% 32.4% 29.4%
Sobre a Situação da sua Moradia: 38.8% - É o Proprietário 26.5% - Ocupa 23.5%
Aluga um - Comodo/Parte da casa
11.8% -
Aluga o Imóvel
32.4% - 17.6% -
De 2 à 3 Pessoas.
De 6 à 10 Pessoas.
44.1% - De 4 à 5 Pessoas.
Contando você, Quantas pessoas Moram na sua Casa? Qual o tratamento de esgoto onde você mora? 11.8% - Fossa Seca 14.7% - Fossa Séptica 23.5% - Rede de Esgoto 44.1% - Não Sei Dizer
Há Quanto Tempo Mora Na Vila? 26.5% - De 01 à 03 anos. 23.5% - Menos de 01 ano. 17.6% - 10 à 15 anos. 14.7% - 3 à 5 anos. 8.8% - 3 à 5 anos.
jogo oรกsis
74
75
Como parte do processo de envolvimento da comunidade e consolidação das redes entre os moradores foi utilizado o Jogo Oásis. O jogo é uma ferramenta cooperativa de apoio à mobilização cidadã criada e desenvolvida pelo Instituto Elos, que já foi aplicada em várias partes do mundo e é uma metodologia aberta, que qualquer pessoa pode utilizar. É uma metodologia lúdica que se desenrola ao longo de sete passos, e culmina em um mutirão comunitário. O jogo é uma primeira ação rápida, que envolve vários agentes locais e parceiros, com resultados surpreendentes. Além de ser o ponto de partida para outras transformações, é um instrumento útil para aproximar os moradores e facilitar o diálogo entre eles.
Passo 1 Olhar
Busque a abundância. Descubra a beleza através de um olhar apreciativo. O Jogo Oásis se inicia com a etapa do Olhar, ou o exercício de uma visão apreciativa sobre os recursos e belezas existentes na comunidade. A primeira etapa se iniciou na manhã do sábado dia 08 de abril, com dinâmicas que convidaram os jogadores a vivenciar a realidade local com outros olhares. De olhos fechados, experimentamos enxergar com os outros sentidos. Após esse exercício, os jogadores foram divididos em pares com a missão de buscar as belezas e os recursos da vila. É nesse momento em que começamos a reconhecer a abundância ao invés da escassez. Nos reunimos para compartilhar em grupo as descobertas da manhã.
76
Escute os corações. É o momento de encontrar a pessoa por trás das belezas.
Passo 2 Afeto
O segundo passo do Jogo Oásis é o Afeto. Após reconhecer as qualidades e abundâncias da vila, partimos para conhecer quem está por trás das belezas que encontramos no local. Nesse momento buscamos diversos talentos: pode ser a cozinheira, o pedreiro, uma liderança local importante, .... Como estiveram presentes jogadores de todas as partes da comunidade, o desafio adicional proposto foi explorar um local da vila que você não conhecia antes. O desafio é simples: estabelecer uma conexão afetiva mínima com um (até então) vizinho desconhecido. A importância desse passo consiste na descoberta de novas realidades dentro da própria comunidade e a identificação de ideais e projetos em comum. Além de descobrir novos talentos, recursos e belezas, já começamos a pensar o que podemos fazer juntos para transformar a vila na comunidade em que sonhamos.
79
Sonhe grande e junto! É hora de conversar sobre sonhos com a comunidade
Passo 3 Sonho
Depois de estabelecer novas conexões e de apreciar os talentos encontrados na comunidade, se inicia uma conversa sobre como seria a comunidade ideal e como podemos começar essa transformação hoje. Nesta etapa, convidamos novas pessoas da comunidade para sonhar junto. Os jogadores utilizaram de seus talentos com a música para realizar um cortejo por toda a vila, cantando uma música escrita por eles para convidar novas pessoas para o processo de transformação da comunidade. Agendamos um encontro para o final do dia e foi um momento histórico, que reuniu gente de todasa as partes da comunidade. Nessa reunião, as pessoas foram convidadas a projetar os desejos possíveis de serem realizados em apenas dois dias. Utilizando uma maquete, chegamos a um acordo das áreas e das intervenções a serem realizadas no dia da ação. Utlizamos de três maquetes simultâneas para garantir que todos possam intervir e sugerir ideias. Ao final, reunimos as melhores ideias em uma maquete só. Com o modelo pronto, encerramos o primeiro final de semana do Jogo, que aconteceu nos dias 8 e 9 de abril de 2017.
81
83
84
85
Passo 4 Cuidado
Cuide de si, do outro e do sonho comum Este é o momento de juntar todo mundo para decidir onde, o que e como fazer Na noite do dia 11 de abril, terça-feira, nos reunimos para iniciar a quarta etapa, do Cuidado. Nesta etapa, apresentei referências projetuais, discutindo ideias e maneiras de viabilizar os desejos projetados coletivamente no modelo. Nessa reunião foram divididas quatro frentes de trabalho, de acordo com o caráter da intervenção: Pintura, Mobiliário, Paisagismo e Parquinho Infantil, além do FazSabor, um grupo dedicado à organizar o almoço comunitário nos dias do mutirão. Cada grupo ficou responsável por coletar os recursos e talentos necessários à cada uma dessas ações. Durante uma semana e meia, ativamos nossas redes para conseguir todo o material que precisávamos para realizar os sonhos definidos na maquete.
86
87
88
Fotos: Davi Mello
Acredite, vá até o fim e seja espetacular! Agora é a hora de colocar a mão na massa
Passo 5 Milagre
A quinta etapa do Jogo Oásis é o Milagre, o momento de colocar a mão na massa para concretizar as metas definidas coletivamente. No Oásis da Vila, foi um final de semana de mutirão, nos dias 22 e 23 de abril. Através das dinâmicas do Jogo Oásis foram transformados dois espaços públicos localizados em ambas as entradas da ocupação. Algumas das mudanças realizadas foram: construção de um parquinho e brinquedos, pintura de murais, placas de sinalização e boas-vindas, criação de canteiros de plantas e flores, plantio de mudas de arvores frutíferas, bancos e mesas de jogos e retirada do lixo acumulado na área. O espaço do parquinho se configurou como um novo ponto de encontro comunitário, e já recebeu outras reuniões e eventos da comunidade, além das crianças e adultos que utlizam o novo espaço diariamente. O nome desse passo não é “milagre” por acaso. Essa nomenclatura foi dada pelo Instituto Elos exatamente por que os resultados que conseguimos em somente dois dias são tão surpreendentes que deixam todos emocionados e surpresos com a capacidade de transformação coletiva.
89
Passo 6 Celebração
92
Divirta-se e celebre a conquista coletiva! Depois de tantas realizações, nada melhor do que celebrar!
No final do domingo, após a transformação dos espaços públicos da vila, organizamos uma pequena Celebração, o sexto passo da metodologia. Confraternizamos com uma dança e um lanche comunitário, e reconhecemos os esforços de cada um dos envolvidos para alcançar tantas realizações num espaço tão curto de tempo.
93
94
95
antes
depois
antes
depois
Passo 7 Re Evolução
O momento de pensar no futuro e materializar novos sonhos. Para finalizar, a sétima e última etapa do Jogo Oásis é a Re-Evolução. Nesse passo, foi organizado mais um encontro comunitário, que aconteceu na noite do dia 25 de abril, com o objetivo de definir quais serão os próximos projetos para a comunidade, que podem ser desde a organização de eventos comunitários à mudanças físicas no espaço comum. O êxito do processo manteve os moradores estusiasmados a realizar novos projetos juntos. De uma das metas que surgiu durante o encontro de Re-evolução, o grupo já se articulou para adicionar uma biblioteca comunitária no novo parquinho. No ato da inauguração da biblioteca, a comunidade também organizou uma apresentação de circo, uma sessão de cinema ao ar livre e um amigo oculto entre as mulheres para celebrar o dia das mães. No mês de julho o espaço receberá também uma festa junina. Outra ação que aconteceu imediatamente após o Jogo Oásis foi uma roda de debate para discutir a Lei de Vilas Culturais, organizado p Além desses eventos,outros projetos foram definidos coletivamente, e alguns deles são: implantação do projeto de Bairro Escola para a comunidade, instalação de fossas ecológicas, o re-endereçamento das casas, oficinas sobre o descarte de lixo adequado, compostagem e manejo.
98
Novos objetivos Iluminação para a vila Limpeza Mais árvores, pomar, canteiros, horta Fossa ecológica Captação de água da chuva Dedetização Biblioteca no parquinho Bairro Escola Reciclagem de materiais Quebra molas Amigo Oculto das mães Oficina de compostagem/manejo Mural para avisos na praça Endereçamento das casas Caixa de correio para a parte de cima Mais brinquedos no parquinho Placas de indicação Cinema ao ar livre Asfalto Pintura restante dos muros Ponto de Encontro Comunitário PEC Quadra Esportiva Desvio da água da chuva Conscientização lixo Pista de skate Regularização Novas pracinhas locais
99
jogo dos padrões Nesta dinâmica, foram reunidos os padrões espaciais gerados através do diagnóstico e também outras soluções que surgiram a partir das entrevistas, do questionário e do processo do Jogo Oásis. Esses padrões foram impressos junto à uma mapa geral da vila, de forma a aproximar a comunidade das decisões de projeto. É um processo de microplanejamento urbano participativo, em que a comunidade é convidada a selecionar as ideias, discutir e pensar novas diretrizes para a vila como um todo. Essas ideias já estão em andamento e foram também sistematizadas através do Jogo dos Padrões, dinâmica que aconteceu na quinta-feira à noite, dia 01/06. O encontro reuniu aproximadamente 15 moradores, que reuniram as soluções levantadas através do diagnóstico e do processo particpativo localizando-as no mapa geral da vila.
100
101
102
103
localização dos projetos p. 106 parquinho p. 108 entrada do parque p. 109 nova conexão p. 110 pracinha do meio p. 111 rua externa p. 112 vendinha p. 113 entrada de baixo p. 114 referências bibliográficas p. 117
micro planejamento urbano
Projeto 2 Entrada do Parque
localização dos projetos Projeto 3 Nova conexão
Projeto 4 Pracinha do meio
Projeto 6 Vendinha
106
Projeto 1 Parquinho
Projeto 5 Rua Externa
Projeto 7 Entrada de Baixo
107
parquinho Projeto 1
O primeiro projeto é o parquinho. Esse espaço na entrada de cima da vila era um local perigoso para a circulação e se tornou um novo ponto de encontro comunitário. Através do mutirão do Jogo Oásis, foram construídos um parquinho no local, incluindo a pintura de um mural na casa mais próxima da área também. Uma semana após o mutirão foi instalada no parquinho a biblioteca comunitária, uma geladeira antiga usada para armazenar os livros. Devido à grande circulação de crianças no local, foi necessário fechar a rua para a circulação de automóveis. Da mesma necessidade surgiu o quebra molas. Após a primeira sessão de cinema e apresentação de circo na praça se enxergou a possibilidade de aproveitar o desnível natural do terreno para construir uma pequena arquibancada para futuras apresentações. O espaço também já ganhou mais cores com o III Mutirão de Grafiti da Vila. Numa ação que reuniu grafiteiras de todo o DF foi pintado o muro da Igreja Global das Maravilhas de Deus, maior muro voltado para a parte de cima da vila. Já foi também articulado com a administração da RA-I a instalação de uma PEC - Ponto de Encontro Comunitário na praça. Característica da cidade, é um equipamento público voltado à exercicios de ginásticas para os mais velhos.
mais cores/ arte urbana
horta comunitária
PEC quebra-molas biblioteca comunitária parquinho arquibancada para apresentações
108
circulação fechada para carros
entrada do parque O segundo projeto é voltado também para a parte de cima, na área proxima ao Parque da Asa Sul. A ideia é aproveitar da entrada que já existe no local para construir uma nova pracinha local, que sirva como ponto de apoio e nova entrada para a área de preservação.
Projeto 2
Aqui também se repetem os padrões de mais cores na fachadas das casas, que podem também ser pintadas com grafites/arte urbana.Um pergolado seria adicionado na área para garantir mais área de sombra. A estrutura poderia incluir também ganchos para se transformar em um redário público. Mais lugares para sentar e mesinhas também serão adicionadas no espaço da entrada.
conexão aberta com o parque da Asa Sul
lugares para sentar mais cores/ arte urbana
pergolado
109
nova conexão Projeto 3
O terceiro projeto envolve a criação de uma nova conexão parte de cimaparte de baixo da vila. A interligação dessas duas áreas visa facilitar a circulação e também a integração entre os moradores de diferentes áreas da comunidade. Para preservar a cobertura vegetal presente no local, a conexão com o Inventado, espaço semipúblico da vila, é feita através de uma trilha suspensa, para evitar maiores impactos no terreno e também a criação de uma nova rota agradável na Vila Cultural. O local tambem é um dos pontos possíveis de instalação de sistemas de bacias de evapotranspiração coletivos. Localizadas no espaço público, as fossas ecológicas servem como elemento de mobiliário urbano, se transformando em bancos, além de servir também como elemento que compoem o paisagismo do local. Além da BET e da trilha suspensa são adicionadas também placas de sinalização e árvores diversas para recompor a paisagem natural do parque, preferencialmente frutíferas. Todas essas intervenções pressupoem que a porta que atualmente permanece fechada na entrada da rua seja aberta para que essa área se configure como um novo ponto de passagem e encontro na comunidade.
porta do condomínio aberta
espaço semipúbico
placas trilha suspensa
mesinhas e cadeiras bacia de evapotranspiração árvores frutíveras
110
pracinha do meio Projeto 4
O quarto projeto é uma intervenção que prevê a potencialização da rua como um espaço compartilhado entre carros, pedestres e mobiliário urbano - que pode ser deslocado de local conforme a necessidade. Além de uma arquibancada móvel que servirá de apoio à apresentações dos diversos grupos populares da vila, também foi adicionado um pequeno palco móvel. Ambos os elementos se transformam no dia a dia em locais de descanso e brincadeira das crianças, muito presentes hoje no local por conta da existência do Espaço Inventado na delimitação da pracinha. Por último, uma horta comunitária elevada localizada nas adjacências da Rocinha, espaço que além de ser a sede do grupo Mestre Zé do Pife e as Juvelinas também é uma referência de práticas de permacultura e sistemas agroflorestais. O móvel que eleva a horta serve para que essas possam crescer sem contato com o pavimento, protegendo as plantas de ataques dos muitos cachorros que circulam livremente pela vila.
arquibancada móvel
horta comunitária elevada
palco móvel
espaço semipúblico
111
rua externa Projeto 5
O quinto projeto, localizado na rua externa, também é uma intervenção que prevê o uso da área como espaço que pode ser modificado de acordo com as diversas necessidades já existentes no local. O Centro Tradicional de Invenções Culturais, sede do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, promove constantemente apresentações e eventos que ocupam também grande parte do espaço público. Por esse motivo foram adicionadas arquibancadas móveis, permitindo a organização de acordo com a especificidade do evento, sem que estes elementos se tornem um elemento limitador da organização destes. O Centro Espírita também recebe uma quantidade enorme de frequentadores semanalmente e por esse motivo, é prevista uma área de estacionamento. Obstáculos para os automóveis são instalados para garantir que os carros ocupem somente o espaço destinado à eles, limitando a circulação interna aos veículos dos moradores. O projeto também prevê o aumento da capacidade da bacia de evapotranspiração que já existe no local, de forma a atender também os lotes vizinhos. Maior também será agrofloresta, que poderá abrigar cursos e também ser um elemento importante na composição da paisagem da nova praça. Uma pracinha elevada prevê mobiliários urbanos para maior conforto e instalação de mais ambulantes, que servem de apoio aos eventos dos espaços próximos. Os canais de infiltração auxiliam na absorção de água, evitando o alagamento e a alta velocidade da água no período de chuvas. Centro Espírita caminhos sombreados
Centro Tradicional de Invenções Culturais
coleta seletiva
arquibancadas móveis
bacia de evapo transpiração
112
pracinha de ambulantes
obstáculos p/ automóveis agrofloresta
canais de infiltração
vendinha Na entrada debaixo da vila, mais uma bacia de evapotranspiração será instalada e servirá como elemento paisagístico, funcional (de tratamento de esgoto) e se configura como um novo local de estar e espera na entrada da comunidade.
Projeto 6
Um bicicletário é instalado no local hoje disponível para as vagas de automóveis em frente ao espaço Mala de Garupa, que é um ateliê de reciclagem de banners para fabricação de alforges de bicicletas e outros. A cobertura da frente da Vendinha do Seu Sérgio pode ser substituída por uma estrutura de baixo custo executada em bambu. A adição de mais espaços para sentar e mesinhas reforça o potencial agregador do espaço.
bicicletário
bacia de evapotranspiração
cobertura em bambu
mesinhas e cadeiras
113
entrada de baixo Projeto 6
O projeto da entrada de Baixo, assim como o projeto 1, do Parquinho, também já se iniciou no Oásis da Vila. Foram executadas nos dois dias a pintura dos containeres já instalados no local, a composteira comunitária, o campo de futebol e a criação de um jardim para esconder essas estruturas e recompor a paisagem desse espaço. Mais árvores serão adicionadas , juntamente à elementos de sinalização e a promoção da coleta seletiva. Mesinhas e cadeiras debaixo da árvore servem para agregar ainda mais pessoas que se reunem geralmente na parte da noite, quando se instala uma barraca de churrasquinho no local. Uma faixa de pedestres na avenida L4 funcionaria como conexão entre a comunidade e as casas localizadas na beira do lago, na Vila Saturnino de Brito. Além disso, facilitar o acesso ao Deck Sul, equipamento urbano recém-inagurado na beira do lago - que permanece inacessível à pé devido à altíssima velocidade da avenida.
composteira comunitária
mais árvores
114
coleta seletiva
sinalização mesinhas e cadeiras
faixa de pedestre na L4
campo de futebol
115
116
bibliografia ALEXANDER, Christopher. Uma Linguagem de Padrões. A Pattern Language. Porto Alegre, Bookman, 2013. ANDRADE, Liza M. S. Conexões dos padrões espaciais dos ecossistemas urbanos: procedimentos metodológicos com enfoque transdisciplinar para o processo de desenho urbano sensível à água englobando os níveis da comunidade e da paisagem. Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Doutorado, Dissertação, 2014. ANDRADE, Liza M. S.; LEMOS, N. S. . Qualidade de projeto urbanístico: sustentabilidade e qualidade da forma urbana. In: Raquel Naves Blumenshein; Elane Peixoto Ribeiro; Cristiane Guinâncio. (Org.). Avaliação da qualidade da habitação de interesse social: projetos urbanísticos e arquitetônico e qualidade construtiva. 1aed.Brasília: FAU/UnB, 2015, v. , p. 19-98. CASAS, Centro de Ação Social em Arquitetura e Urbanismo, Escritório Modelo da FAU/UnB. Mercado Sul Vive: um caminho de luta para a revitalização pela ressignificação e sustentabilidade. Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2016 (em andamento). ERNESTO, Pedro. Plano de Bairro da Vila Cauhy vol.01.Universidade de brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Trabalho Final de Graduação, 2015. MADSON, Carlos. Conjunto Urbanístico de Brasília: da preservação e outros demônios. Capítulo do livro Patrimônio em Transformação. Atualidades e permanências na preservação de bens culturais em Brasília.IPHAN, 2017. MICRÓPOLIS. Caderno Calafate. Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Trabalho Final de Graduação, 2015. ROLNIK, Raquel. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2015. v. 1. 4224p . INSTITUTO ELOS. Manual do Viajante do Tempo, disponível em institutoelos.org Periférico Grupo de Pesquisa Todo por la Praxis todoporlapraxis.es USINA usina-ctah.org.br
117