Estudantes protestam em Campinas contra o valor abusivo da passagem
{pág 15}
1ª quinzena de Abril de 2011 Edição Nº 9
Prefeitura inicia instalção da rede de água na Vila Operária {pág 03}
Provado e comprovado! Só falta vontade do prefeito
Audiência confirma que é possível declaração de interesse social da Flaskô {pág 20}
R$ 0,50 solidário: R$ 1,00 Pré Assentamento Elisabete Teixeira completa quatro anos de muita luta {pág 17} Trabalhadores se revoltam e pedem melhores condições de trabalho em Rondônia {pág 05} suplemento Infantil
www.jornalatencao.org.br
02
Assine
Queremos que o nosso jornal seja também seu, que ele seja NOSSO. Por isso convidamos você leitor a participar. Pretendemos que esse jornal seja quinzenal, por isso sua ajuda é muito importante. Assine o jornal Atenção. Procure um de nossos colaboradores ou entre em contato pelo e-mail jornal@fabricasocupadas.org.br
/opinião
Carta do leitor O Jornal Atenção está demais! Muito bom mesmo. Babei nas fotos, nas charges e os textos estão bem escritos e importantes. Como coordenadora pedagógica da Rede Municipal de Ensino de Campinas tenho levado o Atenção para muitas escolas de ensino fundamental, por acreditar que professores e alunos precisam ter contato com uma imprensa popular, voltada aos interesses dos trabalhadores. Destaco as informações sobre a Flaskô e suas tantas atividades culturais. A lição que
nos dão é a seguinte: os trabalhadores não querem só comida, querem também diversão e arte. Todos que atuam no campo da educação das crianças, jovens e adultos, como eu, precisamos criar em cada escola estes espaços da cultura e da arte. A Flaskô nos anima e indica caminhos para isso. Parabéns a todos os que produzem o Jornal. Desejo a ele vida longa! Sônia Regina Ferreira de Oliveira - Campinas - SP
Mais um Jornal
Amigos gostei do jornal de vocês e estou postando abaixo mensagens autocríticas se poderem postar aos seus leitores. Espero um dia escrever colunas de auto critica, pois faço isso para convencer a população saber ser mais democráticos e cobrar por nossos direitos. Depois se forem editados essa minha auto critica, por gentileza me fala quando vai sair e
o mundo. E ainda veremos suas repercussões. No Brasil, o governo Dilma segue a mesma política que fez Lula. Ajuda aos patrões, aos banqueiros e aos Atenção, a cada dia esta- latifundiários. E pensa que mos trabalhando mais para com isso vai acalmar os tradesenvolvermos este jornal balhadores brasileiros. Em como um instrumento da Rondônia vimos que não luta dos trabalhadores e tra- é bem isso. A juventude na balhadoras de nossa região. luta pelo transporte tamEste ano já começou bém. Na cidade a luta pela agitado. No mundo os tra- moradia cresce e se amplia. Nós, do Jornal Atenção balhadores e trabalhadores árabés não aguetaram mais temos um lado neste ringue. serem explorados e inicia- Na luta entre os patrões e os ram uma revolta que abalou trabalhadores estamos sem-
onde posso encontrar o jornal para ver essa crítica, pois esse me arrumaram, mas não vi a pessoa para saber onde pegaram. Sou o Henrique do Parque Bandeirante 2 / Sumaré. Também quero parabenizar pelas lutas e conquistas de vocês. Henrique Pq. Bandeirantes Sumaré
pre do lado dos trabalhadores. Por isso seguimos nosso trabalho de divulgação e de apoio aos lutas em cada fábrica, em cada bairro, em cada escola, por toda a parte. Nosso orgão é um instrumento da luta dos movimentos sociais, da classe trabalhadora na sua luta contra os patrões e seu governo. Nosso trabalho é ajudar a organizar e informar sobre a indignação que nossa classe sofre no capitalismo. E mais do que isso, organizar este batalha.
Jornal Atenção – Publicação da Associação Centro de Memória Operária e Popular - Tiragem: 5.000 exemplares Edição Coletiva - contato@fabricasocupadas.org.br - fabricasocupadas.org.br Redação: Carolina Chmielewski, Josiane Lombardi, Alexandre Mandl, Fernando Martins, Enric Llagostera, Bruno Rampone, Luciano Claudino, Camila Delmondes, Ana Elisa, João da Silva, Luana Raposo, Batata, Pedro Santinho, Letícia Teixeira Mendonça, Cristina Alvares, Rafaela Camargo, Daniela Morais e Fátima da Silva.. Colaboração: Coletivo Comunicadores Populares, Carlos Latuff, Coletivo Miséria, MTST Acampamento Zumbi dos Palmares, MST Regional Campinas, Grupo de Teatro Cassandras, Trabalhadores Fábrica Ocupada Flaskô, Universidade Popular e Comitê pelo direito de Lutar. Fotografias: Neander Heringer, Fernando Martins, João da Silva, Luciano Claudino, Mauricio Azevedo, Nelson (Inveval) e Filipi Jordão Jesus - Telefone: (19) 3854 7798 / 3832 8831 / 3864 2624
/sumaré
03
Vila Operária vence batalha e prefeitura instala rede de água Moradores da Vila Operária, da área Cura de Sumaré, observaram no dia 5 desse mês, após um longo período de enfrentamento com o poder público, o início dos primeiros trabalhos referentes à instalação da rede de água no local. “Foi preciso se doar a esta ação para que as coisas acontecessem”, desabafou Alessandro Rodrigues, vicepresidente da Associação de Moradores, depois de quase dois anos de reivindicações. Quem desconhece a história desses moradores, que em 2003 passaram a residir em um terreno pertencente à fábrica de embalagens plásticas Flaskô Ltda, com o aval dos trabalhadores, nem imagina o tamanho da conquis-
ta. Isso porque, apesar de ser abundante no planeta, a água ainda tem grande dificuldade para chegar às populações menos privilegiadas. Alessandro explica que a chegada de água até a Vila Operária é fruto de uma parceria entre os moradores e os trabalhadores da Flaskô, obrigados a negociar durante meses esse direito fundamental com o prefeito petista, José Antonio Bacchim, secretários e vereadores. O pedido de água no bairro também teve o apoio de militantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) e do MST (Movimento dos Sem Terra). Até o final das obras, a Flaskô deverá continuar a fornecer água a cerca de 350 famílias.
Companhia de luz espera autorização da prefeitura para iniciar instalações A conquista da rede de água atenua, mas não resolve os problemas de infraestrutura urbana da Vila Operária. Além de ruas sem asfalto, buracos e ausência de esgotos, os moradores sofrem com a falta de iluminação pública. “Só uma canetada [sic] do prefeito com a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) resolveria o problema”, criticou Alessandro. Segundo ele, a iluminação pública influencia diretamente a
questão de segurança no bairro, já que muitas pessoas evitam sair de casa à noite, por insegurança. Procurada pelo Jornal Atenção, a CPFL disse por meio de sua assessoria, que os técnicos da empresa já visitaram o local para avaliar a infraestrutura necessária, mas que aguarda autorização da prefeitura para iniciar as instalações, considerando o fato de a área ser privada e não pública.
Após muita luta, rede de água começa a ser instalada na Vila Operária
Novos desafios O Rio Tijuco Preto representa outra ameaça aos moradores das imediações. As fortes chuvas no mês de janeiro, sem ter por onde escoar, abriram uma cratera de quase 3 metros de diâmetro bem próxima das casas. Agora, além de lutarem contra um esgoto a céu aberto, a Vila Operária deve correr contra o relógio para evitar descer rio abaixo. As lutas devem recomeçar nesse sentindo, afinal, no mesmo dia em que a água chegava à Vila Operária o prefeito Bacchim assumia em Brasília, a vice-presidência da comissão de meio ambiente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP).
04
/campinas
Segundo ato protesta contra as privatizações em Campinas No dia 26 de março, ocorreu mais um ato contra a privatização dos serviços públicos em Campinas, composto por diversos grupos e entidades que discordam do projeto de lei do prefeito Hélio de Oliveira Santos. O ato teve início com três cortejos temáticos (Saúde e Movimento Sindical, Servidores públicos Municipais e Reverência à Cultura), que se encontraram em frente à Catedral, onde as falas políticas e atividades culturais ocorreram. Durante toda a manhã, representantes de sindicatos, escolas, bairros, movimentos, partidos e organizações sociais se manifestaram contra o projeto. Além das falas políticas, o ato contou a apresentação cultural de vários grupos da cidade, que se manifestaram por meio de intervenções artísticas. O Movimento contra a privatização é composto por diversas entidades que discordam do projeto de lei PL 29/11, do Prefeito Hélio de Oliveira Santos, que propõe uma gestão privada dos setores públicos da saúde, educação, cultura e esportes e lazer, que ficariam nas mãos das chamadas “Organizações Sociais” ou OSs. Segundo o manifesto do movimento, as conseqüências desta proposta serão a precarização e o sucateamento dos serviços públicos, a perda dos instrumentos públicos de fiscalização destes serviços, a precarização das condições de trabalho e a queda na qualidade de atendimento. O manifesto enfatiza que “são inúmeros os danos causados ao Serviço Público pelo modelo privatista das
Foto: João Zinclair
Se privatizar, a saúde morre: manifestantes fizeram enterro simbólico da saúde
Organizações Sociais, que só visam o lucro, como com as péssimas condições da saúde e de outros serviços públicos em todas as cidades onde o projeto foi implantado”. Durante o ato, alguns representantes da população fizeram críticas ao Hospital Ouro Verde e às Naves-Mãe, projetos que já vêm seguindo o modelo de privatização dos serviços públicos na cidade de Campinas. Durante o ato, a população teve a oportunidade de assinar o abaixoassinado contra as privatizações em Campinas.
Para obter maiores informações, como os dias e horários das reuniões, consultar o blog: campinascontraprivatizacao.blogspot.com Para assinar a petição, acessar: www.peticaopublica.com.br.
/brasil
05
Revolta de trabalhadores em Rondônia No dia 15 de março teve início uma revolta dos trabalhadores no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Jirau, em Rondônia, por causa das péssimas condições de trabalho. Aproximadamente 12 mil trabalhadores foram expulsos do canteiro de obras com a ajuda da Polícia Militar e 600 homens da Força Nacional. A rebelião dos trabalhadores dos canteiros-de-obra da Usina Hidrelétrica Jirau expôs de forma contundente o que os consórcios responsáveis e os apoiadores destes empreendimentos vêm tentando esconder com o blá-bláblá do “desenvolvimento” e do “progresso”: o seu potencial de destruição. Embora os prejuízos causados pelas usinas do rio Madeira – um dos maiores projetos de investimento no mundo atualmente – venham sendo denunciados desde 2000 por movimentos sociais, organizações nacionais e internacionais, pesquisadores e até mesmo órgãos do Estado, a revolta dos trabalhadores dos canteiros-de-obra desencadeou uma repercussão nacional e internacional. A superexploração do trabalho nos canteiros-de-obra do rio Madeira, envolvendo violência, trabalho escravo e até mesmo mortes, é apenas uma das faces da tragédia causada pelo barramento de um dos maiores afluentes do rio Amazonas. Os danos ambientais são graves. A mortandade de onze toneladas de peixes ocorrida em 2008, ainda na etapa inicial das obras, é um indicativo do processo de degradação ambiental em curso. Do lado das
comunidades atingidas, a violência se expressa pelo deslocamento obrigatório de milhares de pessoas, que tiveram suas casas inundadas pelas barragens. Dentre as opções oferecidas, estão a indenização em forma de carta de crédito ou o reassentamento nas “casas de placa”, das agrovilas. Ficar não é uma opção, já que as “casas de placa” esquentam muito no calor amazônico e são de péssima qualidade. Poucos dias antes da revolta explodir, a página virtual do PT exibia uma matéria com um vídeo do prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho, falando bem do “jeito petista” de fazer barragem, marcado pelo “pleno emprego e pelo desenvolvimento social e ambiental”, em oposição aos projetos executados durante a ditadura militar. Mas a democratização do país não alterou, de forma significativa, os procedimentos do setor elétrico em relação aos seus efeitos sociais e ambientais. Os projetos de vida das comunidades ameaçadas por estas obras são descartados. Os argumentos técnicos sobre a inviabilidade dos projetos hidrelétricos são ignorados, como ocorreu no rio Madeira. A decisão é política e tomada, sem muita margem pra negociação. Longe de se configurar num caso isolado, os conflitos no rio Madeira se inserem num contexto de expansão de hidrelétricas rumo à Amazônia e está articulado com planos de integração regional envolvendo a infra-estrutura dos países sul-americanos, conduzidos pelos Estados e por grandes corporações nacionais e internacionais. A tra-
Ônibus queimados em protesto contra más condições de trabalho
gédia do rio Madeira ilustra, de forma exemplar, os efeitos perversos das políticas do setor elétrico no Brasil, marcados pelo descompromisso com padrões mínimos de dignidade humana e ética ambiental. Se por um lado, desperta preocupação, ao apontar para o que virá com a euforia de fazer barragens que mais uma vez ganha força em nosso país, por outro lado, aponta caminhos para uma possível aproximação entre a luta dos atingidos por barragem (MAB) e a luta dos trabalhadores dos canteiros-de-obra. Por: Renata da Silva Nóbrega, natural de Ji-Paraná, Rondônia, e estudante da UNICAMP
SAIBA + MAB: Movimento dos Atingidos por Barragens organiza as famílias ameaçadas ou atingidas direta e indiretamente por barragens. www.mabnacional.org.br
Potencial hidrelétrico No Brasil, está praticamente esgotado o potencial hidrelétrico dos melhores eixos da região Sudeste, a indústria barrageira tem se voltado para a Amazônia, caracterizada como uma nova fronteira hidrelétrica, detentora de 44% do potencial total do país. Embora seja comentado o quanto as hidrelétricas irão levar de energia à população, o principal motivo que determina a pressa na conclusão das obras é utilizar a energia gerada para abastecer as grandes indústrias nacionais e internacionais, que consomem muito, como na produção de bauxita/alumínio.
06
/mundo
A questão da energia nuclear A usina nuclear de Fukushima foi golpeada no dia 11 de março por um tsunami com ondas de até 15 metros. Reina ainda a insegurança por causa da grande radiação à que a população foi e ainda está exposta. Uma usina nuclear transforma energia nuclear em energia elétrica. Sua principal vantagem é que não precisa de combustíveis fósseis, que causam grande poluição e demoram pra se regenerar na natureza. Além disso, não necessita inundar grandes áreas, como é o caso da hidrelétrica. No entanto em casos de vazamento nuclear todos os habitantes correm sérios riscos. Os efeitos da radiação para a saúde dependem do grau de exposição que a pessoa teve. Quando a radiação chega ao corpo pode causar queimaduras fortes ou até doenças graves como síndrome cerebral, leucemia, infertilidade ou até mesmo câncer. No Japão, um país onde há um grande índice de terremotos, há cerca de 55 usinas nucleares em funcionamento.
Cidade dos EUA em greve geral
População protesta no Capitólio de Wisconsin
Nos EUA, na cidade de Wisconsin, o prefeito vem querendo destruir os direitos sindicais. Numa população de 200 mil pessoas, 100 mil foram às ruas para protestar. “Lutemos como os egípcios”, diziam eles. Conseguiram ocupar o capitólio, que é a sede do Congresso. Sendo assim, o legislativo não podia mais agir. O governo mandou a polícia para acabar a ocupação. Quando os policiais
chegaram no capitólio leram uma carta que dizia que a polícia era responsável por defender o povo, sendo assim iriam se juntar à ocupação. Nas costas de seus uniformes carregavam os dizeres: “Polícia pelos trabalhadores”. Os trabalhadores que erguem os prédios e fazem as máquinas funcionarem. Se eles pararem, tudo para. Os trabalhadores têm o poder nas mãos. Temos que lutar pelos nossos direitos!
/mundo
07
Bombas não vão ajudar a revolução na Líbia! Nos países árabes, o povo saiu às ruas para fazer a mudança acontecer. Na Líbia, não foi diferente: já faz um mês que uma crescente revolução popular tenta derrubar o ditador Gaddafi. Exigem democracia, o direito de escolherem o seu futuro, e melhores condições de vida. O ditador não gostou e reagiu violentamente: a repressão do exército e mercenários foi violenta. Agora, uma guerra civil está acon-
tecendo. O povo rebelde, concentrado na área leste do país, luta contra Gaddafi, mas as forcas do governo ganharam terreno e se aproximaram de Benghazi, a principal cidade dos revolucionários. Se Benghazi caísse, o que seria do povo nas mãos de Gaddafi? As potências ocidentais, lideradas pelos E.U.A., Franca e Reino Unido, resolveram intervir: convenceram a ONU a permitir o bombardeio aéreo
“humanitário” para “proteger civis” contra Gaddafi, no dia 19 de Marco. Disseram que não vão invadir a Líbia, mas como acreditar nos imperialistas? Não é coincidência que o leste do país seja a área mais rica em petróleo ou que já surgissem exministros de Gaddafi querendo liderar a revolução. Querem roubar a revolta do povo e fazer com que ela não mexa nos interesses capitalistas das grandes potências.
Perguntas sobre a O ouro negro no ajuda hipócrita! norte da África Por que os imperialistas querem "ajudar" com bombas a revolta na Líbia? Por que não ajudar, então, a revolta no Iêmen? Lá, o povo na rua também está sendo assassinado por um presidente que está 30 anos no poder! Ou então a revolução no Bahrain, um pequeno país com muito petróleo e um governo repressivo? Ah, mas
esses dois países são "importantes aliados ocidentais", vendem petróleo e permitem bases americanas em seu território. Por que não mexer também na luta popular na Síria? Ou na dos palestinos contra Israel? A ajuda imperialista não dá nó sem ponto: "ajuda humanitária" serve pra garantir seus interesses, mais nada.
O Oriente Médio e o norte da África são duas regiões com muito petróleo. A Líbia e a Arábia Saudita, por exemplo, têm enormes reservas, que alimentam a economia global. A Europa depende desse combustível para tudo, e os E.U.A. também. Sem petróleo, a máquina capitalista pára, crises surgem, países que-
bram! Os imperialistas querem manter a parte do mundo que produz petróleo em rédeas bem curtas. Se tiver democracia, o povo desses países pode decidir aumentar o preço do óleo ou o nacionalizar, para melhorar suas vidas! Imagina o prejuízo! Melhor garantir algum amigo, ditador ou presidente vitalício, por lá, não?
Conheça mais a Líbia! A Líbia é um país com um quinto da área do Brasil e seis milhões e meio de habitantes. Fica no norte da África e está entre os dez países com mais petróleo do mundo. Foi colônia turca e italiana, e é independente desde 1951. Em 1969, o jovem oficial do exército Muammar Gaddafi tomou o poder e está lá desde então. Duran-
te seu governo, a Líbia virou o país da África com menos analfabetos e fez grandes projetos de irrigação para se poder plantar no deserto, a maior parte do país. Mas Gaddafi cada vez mais se aliou a interesses imperialistas, comprando armas em troca de petróleo, reprimindo o povo e se cercando de luxos, como um rei…
08
/cultura
Peça ‘Este lado para cima’ e atração na Vila Operária O grupo de São Paulo Brava Companhia veio apresentar-se gratuitamente na Vila Operária, ocupação de moradias no terreno da fábrica ocupada Flaskô, em Sumaré. A peça fala sobre as cidades e sobre a relação das pessoas com o trabalho. A maioria acredita que “o trabalho enobrece”, que com o trabalho atingiremos a felicidade. Nesta narrativa os representantes do poder criam uma situação de crise e, ao mesmo tempo, uma bolha onde ficarão confinados para resolver e vigiar os problemas da população. Esta bolha paira por cima das cabeças dos moradores e são eles próprios que a mantêm no alto por meio do trabalho realizado em estações de bombeamento, criadas para conduzir o combustível que alimenta a bolha. Os integrantes da Brava Companhia fizeram questão de chegar bem antes da apresentação para conhecer melhor a história da Flaskô. Ouviram como a Foto: Carolina Chmielewski
fábrica foi ocupada, de que forma ela funciona atualmente sem um patrão, como estão as atividades de teatro dentro do espaço cultural. E o grupo também contou bastante de seu histórico, de seus novos projetos e de seu espaço de apresentações, o Sacolão das Artes, que também foi ocupado. “Este é um grupo da periferia da zona sul de São Paulo. Eles querem provocar uma reflexão crítica sobre a sociedade de hoje - tentam mostrar que muitos problemas não são pessoais, mas sim sociais. É muito bacana como eles conseguem tratar de um tema complexo de uma forma bem simples e didática.” disse uma das participantes do grupo de teatro Cassandra. A peça terminou, mas deixou sua marca. Tanto na memória de todos os que a assistiram como no muro que fica ao lado da fábrica ACR: nele há um cartaz com os dizerem “Trabalhadores, é hora de perder a paciência”.
Foto: Neander Heringer
Peça ‘A exceção e a regra’ de Brecht Na mesma semana a peça “A exceção e a regra”, escrita por Bertolt Brecht foi encenada na Flaskô pelo grupo de São Paulo Núcleo 2. A peça conta a história de 2 explorados (um carregador de bagagens e um guia) e de 1 explo-
rador (o dono da expedição) que estão no deserto em busca de petróleo. E fala sobre como todo nosso sistema (polícia, Estado, juízes) está a favor da classe dominante. Então qualquer julgamento de um caso que envolva um patrão e um
empregado quem vai sair ganhando? A forma de encenação desta peça conta com o teatro fórum, em que o público pode tentar mudar a história. Pode tentar fazer com que as coisas aconteçam de uma forma diferente. Será que no mundo em que estamos podemos conseguir que o sistema não sirva somente à classe dominante? Se sim,
como? Se não, o que fazer então? Esta é a terceira vez que o grupo vem se apresentar na fábrica e a segunda vez com esta peça. “Estamos indo para Portugal estrear uma peça sobre a Revolução dos Cravos. Assim que voltarmos queremos vir apresentar aqui na Flaskô!” disse Sérgio Audi, o diretor e ator da peça.
/fábrica de cultura e esportes 09
Atletas da região conquistam bons resultados no judô
TEATRO:
No Campeonato Regional de Judô foram conquistadas cinco medalhas, sendo três de ouro e duas de prata. Na VIII Copa Auadi Mubarac de Judô foram conquistadas cinco medalhas de ouro, quatro de prata e 16 de bronze. Ficando em 6º na classificação geral.
CAPOEIRA: Dia 17/04 (dom) às 18h APRESENTAÇÃO DE CAPOEIRA na Praça do Bom Retiro Venha participar – gingando, dançando, lutando, assistindo ou como preferir.
OFICINAS: Dia 16/04 (sáb) às 10h30 OFICINA DE CISTERNA Aprenda a fazer uma cisterna para guardar água da chuva e usar em casa. Todos levarão pra casa uma apostila de como montar sozinho. Serão feitas cinco cisternas e depois elas serão sorteadas entre aqueles que fizeram a oficina. - (Somente adultos)
Dia 16/04 (sáb) às 10h30 OFICINA DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS Ler, ouvir e contar. Vamos abrir o tapete, espalhar os livros e descobrir suas histórias. - (Aberto para crianças e jovens)
VISITE A FLASKÔ A fábrica Flaskô foi ocupada pelos trabalhadores desde 2003. Venham conhecer esta experiência: democracia operária, redução da jornada de trabalho para 30 horas, cultura e luta operária por um outro mundo. Você pode agendar uma visita sozinho, com um grupo, com sua escola ou com seus companheiros de trabalho. Datas programadas: 23/04 (sáb) e 27/04 (qua) – das 9h às 12h (entrar em contato para reservar data. Podemos também agendar visitas em outras datas)
Inscreva sua banda para o Festival Musical Flaskô Tel: (19) 8282-2707 - mobilizacaoflasko@yahoo.com.br
Dia 07/04 (qui) às 18h30 | A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA O documentário apresenta os acontecimentos do golpe contra o governo do presidente Hugo Chávez, em abril de 2002, na Venezuela. Dois cineastas estavam na Venezuela realizando um documentário sobre o presidente quando, surpreendidos pelos momentos de preparação e desencadeamento do golpe. Dia 14/04 (qui) às 18h30 | NO VOLVERÁN Por trás das ousadas políticas do presidente venezuelano Hugo Chávez existe um movimento revolucionário de massas que diz NÃO ao capitalismo e que mudando a história latino-americana. Dia 28/04 (qui) às 18h30 | AO SUL DA FRONTEIRA O diretor Oliver Stone viaja por seis países da América do Sul e ainda Cuba, em uma tentativa de compreender o fenômeno que os levou a ter governos de esquerda na primeira década do século XXI. Através de conversas com os presidentes da região é analisado o modo como a mídia acompanha cada governo e o maneira como lidam com os Estados Unidos e órgãos mundiais como o FMI.
TODAS ATIVIDADES GRATUITAS MAIS INFORMAÇÕES: cultura@fabricasocupadas.org.br ou (19) 3832-8831
10
/cemop
Classe trabalhadora brasileira não está sozinha, diz teórico britânico Foto: Luciano Claudino
Alan Woods visitou os trabalhadores da fábrica ocupada Flaskô, em Sumaré.
No último dia 7, Alan Woods, editor do site britânico Marxist.org, visitou os trabalhadores da fábrica ocupada Flaskô, em Sumaré. Na ocasião, o intelectual da esquerda mundial falou da sensação de isolamento, que às vezes parece tomar conta de todos aqueles que integram movimentos sociais e que lutam por melhores condições de vida, de trabalho, moradia e outros direitos humanos básicos. Para desmistificar esta sensação de isolamento, Allan Woods, que também é escritor renomado e teórico marxista, citou as recentes revoluções árabes, que têm ceifado a vida de milhares de trabalhadores que se levan-
História e Memória dos Trabalhadores e Movimentos Sociais O CEMOP – Centro de Memória Operária e Popular – funciona na Flaskô em Sumaré e nosso trabalho é o de preservar os documentos – fotos, vídeos, panfletos, entrevistas, cartazes, etc. – que os trabalhadores das fábricas ocupadas produziram e produzem nestes anos de luta. Além disso, organizamos a divulgação das publicações – livros, cartilhas, revistas, etc. – que estamos produzindo
em parceria com a Flaskô. Também apoiamos e ajudamos a organizar o Jornal Atenção junto aos coletivos e movimentos sociais que dele participam. Aos participantes e dirigentes dos movimentos sociais que tiverem interesse, estamos preparando um curso gratuito sobre “Como organizar Centros de Documentação e Memória dos Movimentos Sociais”.
taram contra ditaduras seculares. “Quando digo que não estão sozinhos, não utilizo um discurso vazio, pois estamos vivendo um momento fundamental de mudança na história mundial”, disse. Hosni Mubarak, Zine el Abidine Ben Ali e, mais recentemente, Muamar Kadafi, foram surpreendidos pela força das revoluções em massa, que ganharam repercussão mundial via ceular, internet e redes sociais, como facebook e twitter. A dificuldade desses líderes ditadores em lidar com os recentes protestos acontecidos no Egito, Tunísia e Líbia, de acordo com Woods, pôde ser evidenciada, sobretudo, pelas tentativas brutais e frustradas de frear os
manifestos populares. “Eles simplesmente não conseguem compreender o que acontece com a classe trabalhadora”, disse Alan, explicando que uma “revolução nunca é um raio que cai de um céu azul”. Na verdade, esses protestos seriam a conseqüência última de uma série de pequenas injustiças, pequenos atropelos acumulados durante um longo período de tempo. Assim como um copo que, de gota em gota, atinge o limite máximo e transborda. “Existe um poder na sociedade maior que qualquer polícia, qualquer exército: a classe trabalhadora, uma vez organizada, não há quem possa pará-la”, finalizou.
O que é um Centro de Documentação e Memória? É um espaço que organiza quatro importantes ferramentas para os movimentos sociais: 1) O Arquivo de documentos do movimento que preserva sua história; 2) Obras de Referência sobre o movimento (Livros de fotos, CDs com seleção de vídeos, Coleções de cartazes e panfletos, etc.); 3) Atividades de Divulgação da história do movimento (Exposições de fotos, cartazes, camisetas, etc., Mostras de vídeos, documentários, etc.); e 4) A Biblioteca do movimento (Livros, revistas, DVDs, etc.) e demais materiais que interessam para as atividades de formação do movimento. Para mais informações sobre como organizar um Centro de Documentação e Memória, entrem em contato conosco: (19) 3832 8831.
suplemento Infantil
fazendo arte
Todas as HQs, Charges, Tirinhas e Desenhos deste Suplemento foram feito por crianças e adolescentes ao longo destes 5 meses de Oficina de Quadrinhos da Fábrica de Cultura da Flaskô, realizada todas as quintas, em dois horários: as 10 horas e as 15 horas.
jogo dos sete erros
1. pé de trás da cama; 2. interior do circulo da parte de baixo da cama; 3. queixo do Justin Bieber; 4. quarta bolinha que vai ao pensamento do leãozinho; 5. boca do leãozinho; 6. dedos da mão da menina; 7. listras do braço do leãozinho no balão de pensamento.
AGENDINHA
CINE INFANTO-JUVENIL 16 de Abril (sáb) às 15h – CORALINE E O MUNDO SECRETO Entediada em sua nova casa, Caroline Jones um dia encontra uma porta secreta. Através dela tem acesso a uma outra versão de sua própria vida, a qual aparentemente é bem parecida com a que leva. A diferença é que neste outro lado tudo parece ser melhor, inclusive as pessoas com quem convive. Caroline se empolga com a descoberta, mas logo descobre que há algo de errado quando seus pais alternativos tentam aprisioná-la neste novo mundo. 30 de Abril (sáb) às 15h – O CAMINHO PARA EL DORADO Tulio e Miguel são dois vigaristas que vivem de pequenos golpes. A sorte começa a mudar quando eles ganham um mapa que os levaria cidade perdida de El Dorado, também conhecida como a cidade do ouro.
de ime º Ja - Pq. g n 5 E Av. 235 ço: ra, nº es ail. ere t t End oa Cin deiran @hotm 491 n h 3 Ul Ba omsm 8641-3 : joa ato 2-883 ina) t n Co - 383 arol (C com
/direitos 11 09
Dois pesos e duas medidas Lei para Rico e Lei para pobre: A criminalização da pobreza!
São variadas as formas de chamar. Mas todos nós sabemos. A lei é diferente dependendo de quem se trata. Sabemos que o tratamento dado ao empresário é muito melhor do que o dado aos trabalhadores. Não é agitação não. O empresário que sonegou os impostos e se apropriou indevidamente do dinheiro que devia ser pago ao Estado responderá pelo crime de apropriação indébita. No entanto, se o empresário resolver pagar o devido, mesmo depois do inquérito policial, terá seu “processo” encerrado e fica tudo certo. É isso que a lei diz no artigo 168-A §2º do
Código Penal. Por outro lado, com os pobres da periferia, que possam realizar um crime contra o patrimônio, como furto ou roubo, ou mesmo a tal apropriação indébita, a polícia instaurará um inquérito policial e a lei não dá esta “chance” de arrependimento como dá ao empresário. Por que existe isso? Por que há este tratamento diferenciado? Porque, como está no título, há leis para ricos e leis para pobres. Quem é que produz as leis? Quem é que julga as leis? A lei é feita para poucos, e será depois julgada por estes mesmos poucos.
A seletividade do direito penal No âmbito criminal, tal seletividade, ou discriminação, é basta clara. É o que se chama de criminalização da pobreza. É criminalizar, tornar crime, aumentar penas, prender o máximo possível uma classe social. Ou o que está expresso em nossos presídios? Os estudos apenas constatam o que sabemos: 50% dos presos são presos provisórios (ainda nem foram condenados. Tal prisão deveria ser excepcional, já que supostamente a lei diz que “todos são inocentes até condenação” e vale o “princípio da presunção da inocência”. Tais situações são inconstitucionais, mas rasgam-se os direitos diariamente); 75% dos presos são menores de 30 anos, pobres, sem o ensino funda-
mental completo, e majoritariamente negros; 40% são presos por crime contra o patrimônio (furto, roubo, etc.) e 30% são presos pelo crime de tráfico de droga. Diversos estudos tratam disso, dentre eles recomendamos www. nevusp.org.br. Ou seja, há claro corte de classe nesta seleção do que deve ser ou não crime, dos crimes que devem ser presos ou não. Vale observar que a pena pelo crime de tráfico ou roubo muitas vezes ultrapassa a pena do crime de homicídio! É a propriedade valendo mais do que uma vida! Na próxima edição traremos um caso que acompanhamos recentemente onde se verifica isso claramente e como combater.
12
/artes
Muitos que lutaram contra as ditaduras na América Latina eram poetas. Pedro Tierra é um desses lutadores-poetas que foi preso por lutar contra a ditadura brasileira em 1972 na ALN (Ação Libertadora Nacional). Foi apenas libertado em 1977, após passar por diversas prisões e por longos períodos de tortura. Foi através da poesia (que saíam escondias em canetas bics) que Tierra conseguiu manter sua humanidade nos porões da ditadura: “Era, então, a maneira de poder me olhar no espelho sem enlouquecer.” “Porque sou o poeta dos mortos assassinados, dos eletrocutados, dos ‘suicidas’, dos ‘enforcados’ e ‘atropelados’, dos que ‘tentaram fugir’, dos enlouquecidos.
PEDRO TIERRA
[...] meu ofício sobre a terra é ressuscitar os mortos e apontar a cara dos assassinos“ (Trechos de Poema-prólogo) O GRITO (1974) Olho meus companheiros. Estão calados. Os nervos tensos como cordas. O grito lá fora estala no peito feito metal rompido. Conhecemos de cor este caminho. Contudo, a cada grito esperamos que seja o último. Mas ele se repete e se prolonga num fio de voz agudo como um punhal. Ele se dissolve num soluço como o fugitivo na sombra do muro. E recomeça. Desperta cicatrizes extinas, sopra nelas centelhas* de novas dores. Olho meus companheiros. Estão calados. Mas ninguém se rendeu ao sono. Todos sabe (e isso nos deixa vivos): a noite que abriga os carrascos, abriga também os rebelados. Em algum lugar, não sei onde, numa casa de subúrbios**, no porão de alguma fábrica se traçam planos de revolta. * centelhas: fagulhas, faíscas / ** subúrbios: periferia
Coletivo Miséria: Para ler mais charges entre em miseriahq.blogspot.com Para ler mais tirinhas entre em tirasdamiseria.blogspot.com
PEDRO TIERRA (1948)
/moradia
13
MTST protesta e cobra prefeitura de Sumaré Na manhã do dia 23 de março, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) organizaram um protesto e realizaram o travamento da saída de Sumaré, na altura do km 107. O protesto serviu para pressionar a Prefeitura a cumprir o acordo feito há mais de um ano, onde foi prometida a construção das casas demandas pelo movimento. Atualmente o MTST na região já enfrentou inúmeros despejos, muita violência e resiste de forma organizada com cerca de 250 famílias acampadas no Zumbi dos Palmares.
Foi o terceiro ato neste ano, em janeiro aconteceu o primeiro em frente à prefeitura reivindicando agilidade nos processos burocráticos para que o projeto de construção das casas seja assinado, prorrogado a mais de um ano. Nada avançou e um novo ato ocorreu em 3 de março, onde houve o travamento de ruas próximas ao acampamento, mesmo assim nada foi resolvido. Não houve outra alternativa e outro ato foi organizado, porém a prefeitura de Sumaré segue sem tomar nenhuma atitude. Foto: Luciano Claudino
Gegê fala durante seminário realizado na Flaskô
O protesto ocorreu na latura do km 107 em Sumaré, na região do Parque Bandeirantes
Ativista do movimento de moradia, Gegê é absolvido após nove anos “Estou em liberdade, mas não sei o que está por trás das inimizades fabricadas durante o processo”, a frase é de Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, absolvido no dia 5 de abril e que sofreu perseguição durante nove anos. Gegê é membro do Movimento de Moradia
no Centro (MMC) e da Central de Movimentos Populares (CMP). A acusação era vista como uma tentativa de criminalização dos movimentos sociais. Em 2002, Gegê foi acusado de dar carona ao assassino de um homem que morava no acampamento sob coordenação do
MMC. Em parte desse período, o ativista teve momentos em que foi considerado foragido da Justiça. Após a sentença, Gegê afirmou que vai precisar se preocupar com a própria segurança por ter inimigos nas ruas. Claramente entristecido, apesar do resultado, ele ex-
plicou que teme agora pela própria vida e não sabe ainda exatamente o que vai fazer. “Estou em liberdade, mas não sei o que está por trás das inimizades fabricadas durante o processo. O caso todo mostra que houve interesses e pessoas que quiseram me incriminar”, avisa.
14
/juventude
Estudantes lutam por Moradia e Reitoria resolve com Polícia Estudantes que lutam em defesa da Educação tentam diálogo com a reitoria, que responde com Batalhão de Choque. Estará enganado se você acha que se trata de uma notícia da época da Ditadura Militar. Falamos de fatos recentes, acontecidos na Unicamp, local onde a aparente calma do ambiente bonito de gramas verdes esconde um local onde os interesses públicos não têm vez. Os alunos reivindicam, principalmente, mais vagas na Moradia Estudantil e democracia nos espaços de decisão da PME (Programa de Moradia Estudantil), além da saída do atual coordenador Luiz Viotto. A truculência da Reitoria e da coordenação da moradia vinha se manifestando na Moradia através da tentativa de expulsão sem razões claras de moradores, inviabilização de projetos sócio-culturais, perseguição a alunos estrangeiros e
desrespeito às decisões do Conselho Deliberativo (órgão formado por estudantes e professores que está acima do coordenador). O ponto alto desta repressão foi a entrada, no dia 3 de março, do Batalhão de Choque na Moradia para cumprir um mandato de reintegração de posse de uma casa, numa situação que poderia ter sido resolvida apenas internamente. Revoltados com esta situação, estudantes resistiram por dois dias na casa e depois decidiram, em assembleia, ocupar a Administração da PME no dia 4 de março. Os alunos permaneceram no local, realizaram diversas atividades para repensar a Moradia e a Universidade Pública, além de realizarem ações culturais, oficinas e a instalação da “Rádio Buda”. Ao contrário do que disse a Reitoria, que insistiu em difamar e desqualificar o movimento, o Juiz Mauro Fukumoto deu pare-
Por que uma Moradia Estudantil gratuita? Por que 3000 vagas? Para conseguir sobreviver e estudar, o estudante pobre da Unicamp não tem condições de bancar os altos custos de moradia da região de Barão Geraldo. Por isso, a moradia estudantil gratuita é fundamental, direito asse-
gurado pela Constituição. Segundo estudo feito por alunos, baseado em números fornecidos pela própria universidade, são necessários, em média R$ 882 mensais para se manter, o que exclui mais de 3 mil alunos que não têm essa ren-
Poícia na Moradia Estudantil da Unicamp
cer favorável ao movimento, dizendo que o instrumento de ocupação é legítimo. Foram feitas todas as tentativas de negociação, mas a Reitoria não quis, em nenhum momento, dialogar. Novamente, a Polícia entrou na Moradia e os ocupantes saíram, após 20 dias de ocupação, depois de sofrerem uma outra reintegração de
posse que derrubou a decisão anterior. Logo após saírem, no dia 25 de março, todos foram para a Reitoria exigir negociação, sem conseguir nenhuma resposta. No dia 29 os estudantes voltaram para protestar, junto com os funcionários, durante o Conselho Universitário. Antes do fechamento desta edição, recebemos a
revoltante notícia que cinco alunos que participaram deste movimento legítimo foram notificados de que sofrerão processo administrativo, pra que sejam punidos. A exemplo do que já vem fazendo com funcionários, a Reitoria da Unicamp se recusa a dialogar e só trata os alunos e trabalhadores com repressão e perseguição.
da. As 900 vagas que existem hoje, portanto, são insuficientes. É importante lembrar que a Moradia foi construída depois da ocupação de dois anos do prédio do Ciclo Básico da Unicamp, no Movimento denominado TABA. Na época (1988) foram acordadas 1500 vagas e só entregues 900. Inclusive foi feito um documento, assinado pela Reitoria, que permitiria
aos alunos ocuparem qualquer prédio da universidade se isso não fosse cumprido. Passados estes anos, a Unicamp dobrou o número de alunos e a quantidade de vagas é a mesma. Se antes 1500 representavam 10% dos alunos da Unicamp, este número hoje passa de 3 mil. Por isso, esse atual movimento que autodenominou-se Novos Tabanos luta pelo direito
à Universidade Pública, que foi conquistado com luta e que somente com luta se realizará verdadeiramente.
SAIBA + Blog da Ocupação: ocupacaomoradiaunicamp. blogspot.com
15
O preço da passagem de ônibus é um roubo! No mês de janeiro, como em vários outros anos, a Prefeitura de Campinas, anunciou um aumento da tarifa do transporte coletivo da cidade. A passagem subiu de R$ 2,60 para R$ 2,85. O aumento das passagens de ônibus aconteceu em mais de 17 grandes cidades do país, chegando ao valor de R$ 3,00 na cidade de São Paulo. Esses reajustes chegam a ser de quase 10%, enquanto o do salário mínimo não chegou a 7%. Atitude abusiva se pensarmos que o transporte está entre os três maiores gastos da família brasileira, segundo o IBGE. Os vários aumentos das passagens, a falta de ônibus para atender a população, a qualidade da frota, dentre outros problemas, são resultados da privatização do transporte. Muitas vezes utilizamos a expressão “transporte público”, mas essa não é a realidade, já que de público o transporte não tem nada. As empresas de ônibus estão nas mãos de poucos empresários, cujo objetivo central é garantir seus lucros e não o transporte de qualidade. No Brasil inteiro, todo o transporte coletivo está nas mãos de não mais do que 7 empresários, que determinam o valor das tarifas de acordo com suas próprias vontades. Essas mesmas empresas e seus donos são os financiadores das grandes campanhas eleitorais dos políticos da cidade, inclusive do prefeito, que depois de eleitos pagarão sua dívida autorizando esse tipo de aumento absurdo que vemos hoje. Na cidade de Campinas, tanto a gratuidade dos idosos, a escassa gratuidade para desempregados (por tempo limi-
Ato em Campinas contra o aumento da passagem de ônibus
tado) e o desconto de 60% para estudantes até o ensino médio, não são uma “bondade” do empresário do transporte, a prefeitura paga esses benefícios, ou seja, no bolso do empresário a passagem entra com o valor integral, de R$ 2,85. Pense bem! Se o transporte não fosse utilizado com o único objectivo de gerar lucro pra meia dúzia de famílias, você não acha que a passagem seria mais baixa? Que os cobradores e motoristas receberiam salários justos? Que teríamos passe-livre para estudantes e desempregados? Pois é isso que vários estudos já mostraram. Por isso, o movimento contra o aumento da passagem defendem a esta-
tização do transporte coletivo, ou seja, que ele deixe de servir ao interesse dos empresários, e passe de fato a atender a população. Também defendem o passe-livre para estudantes e desempregados, para garantir o acesso à cultura, saúde e lazer, e também permitir que pessoas desempregadas tenham a possibilidade de procurar empregos e estudantes tenham garantido acesso à educação, sem que precisem pagar por isso – direito esse que é garantido por constituição. Neste ano, o movimento contra o aumento da passagem já realizou dois atos na cidade de campinas. O primeiro do dia 03 de março, onde mais de 500 estudantes saíram nas ruas mostrando
a indignação com a atual situação do transporte coletivo e o segundo, uma panfletagem no terminal central, para dialogar com a população sobre as pautas do movimento.
Venha participar da luta por um transporte realmente público para todos! Mais informações: contraoaumentocps. blogspot.com/
16
/trabalho
Trabalhador da Fábrica Ocupada Flaskô é barrado em Assembléia dos Químicos ganizam num grupo político chamado “Corrente Sindical Química Esquerda Marxista CUT”, que possui críticas à atual diretoria do sindicato. Arlei, Coordenador Geral do sindicato, na portaria do CEFOL, disse: “Vocês fizeram uma opção política, e arquem com os custos!” Ou seja, até o momento eleitoral, podíamos participar, o acordo por ele Por que, agora, o realizado com os trabalhadoSindicato barrou os res da Flaskô valia, e agora, trabalhadores? justamente num momento A direção do sindicato onde se discute a questão eleibarrou os trabalhadores da toral, o sindicato trata desta Flaskô no último dia 09, diforma os trabalhadores sinzendo “se vocês quiserem dicalizados de sua categoria. participar do sindicato, vocês Talvez seja porque está com podem ir nas piscinas, usar o medo da força dos trabalhaclube, mas participar da Asdores da base, medo de ouvir sembléia vocês não podem.” as opiniões dos trabalhadores Havia um acordo do Conseque lutam diariamente por lho de Fábrica com o Sindiseus postos de trabalho. cato de que as sindicalizações dos trabalhadores entreriam como um contribuição do As eleições sindicais sindicato. Permitindo assim e o recado da classe aos trabalhadores da Flaskô trabalhadora que enfretaram muitas difiA sindicato barrou os traculdades financeiras terem balhadores da Flaskô pois todos seus direitos enquanto está com preocupada com a sindicalizados. eleição. Depois de anos sem E assim durante muito oposição organizada, hoje há tempo foi feito. Sempre os o grupo da “Frente Química”, trabalhadores participaram e outros, além de nosso grude assembléia e contribuindo po político. A atual diretoria com discussões importantes não gosta muita de demona categoria, mas desta vez cracia e ouvir posições confoi diferente pois agora é a trárias. Com isso, trata traeleição. balhador com esmola, com E é preciso dizer que os “rabo preso”. trabalhadores da Flaskô se or-
Foto: Luciano Claudino
Neste último dia 09 de abril, os trabalhadores da Flaskô viram o que uma decisão política pode interferir na relação de trabalhadores e seu sindicato. Os trabalhadores da Flaskô foram participar da Assembléia Eleitoral do Sindicato dos Químicos e foram impedidos de participar
Eleição no sindicato Neste
Eleição no sindicato Neste processo eleitoral, pense bem na hora de votar. Queremos um sindicato que trate com respeito os trabalhadores, em especial trabalhadores como os da Flaskô, que lutam,
humildemente, como tantos milhares, com todas suas forças, diariamente, por seus postos de trabalho. Somos trabalhadores que expulsamos o patrão e mostramos que é possí-
vel vivermos sem patrões. E se podemos fazer isso numa fábrica quebrada, podemos fazer isso em várias fábricas e por que não na própria sociedade. Esperamos que no sindicato estejam trabalhadores vinculados à classe operária.
/luta pela terra 17
Aniversário do Pré Assentamento Elisabete Teixeira No dia 21 de abril, o pré-assentamento Elisabete Teixeira, em Limeira, completa 4 anos de existência. Para essa comemoração, haverá uma festa no barracão da área, no dia 30 de abril, com a presença da escola de samba Unidos da Lona Preta. A área de 602,867 hectares foi ocupada por cerca de 250 famílias em 21 de abril de 2007 e está localizada numa área denominada Horto Florestal Tatu. Os acampados do Elisabete Teixeira permaneceram na área até o dia 29 de novembro de 2007, quando foram expulsos de forma violenta pela PM, que cumpria uma ordem de reintegração de posse da área requerida pelo prefeito de Limeira. Na época, a posse da área foi solicitada com base em um “Instrumento Prévio Regulamentador de Intenção de Venda e Compra”, de 22 de março de 2005, entre a Prefeitura Municipal de Limeira e a Rede Ferroviária Federal S. A. (RFFSA). Durante a ação de despejo várias pessoas foram feridas. Muitas famílias perderam todos os móveis, roupas e documentos, soterrados pelas máquinas da prefeitura e que também foram responsáveis pela destruição dos barracos. As famílias abrigaram-se em um barracão da Igreja Católica, em Limeira.
No dia 11 de dezembro do mesmo ano, após estudos sobre o caso e confirmação da não concretização do acordo entre a Prefeitura de Limeira e a RFFSA, as famílias puderam voltar ao Horto Tatu, comprovando que área era realmente da União. No dia 21 de agosto de 2008, foi aprovada a proposta de destinação da área do Horto Tatu para o assentamento de agricultores, prevendo a criação de 150 propriedades familiares. Hoje, o pré-assentamento conta com aproximadamente 80 famílias e é organizado em setores (saúde, educação e alimentação), criados de acordo com a necessidade dos acampados. Tem sua representação dividida em núcleos, que se reúnem semanalmente para discutir convivência, produção e necessidades coletivas. O Elisabete Teixeira não foi ainda regularizado como assentamento porque o prefeito de Limeira, Sílvio Felix, abriu vários processos contra a permanência das famílias no Horto. Apesar das dificuldades com a falta de luz, água, transporte, acesso à saúde e educação, as famílias do Elisabete Teixeira tem comemorado ano após ano suas conquistas, produzindo alimentos de qualidade para a região e participando sempre das lutas pela reforma agrária e contra o agronegócio.
Quem foi Elisabete Teixeira... O pré-assentamento ganhou o nome de uma líder camponesa brasileira nascida em Sapé, Estado da Paraíba, fundadora da Liga Camponesa de Sapé (1958), em companhia de seu marido, João Pedro. As Ligas Camponesas vinham sendo criadas desde meados dos anos 50 com o objetivo de conscientizar e mobilizar o trabalhador rural na defesa da reforma agrária. João Pedro foi
assassinado em 1962 por dois policiais disfarçados, a mando de usineiros paraibanos e Elisabete assumiu, então, a liderança da organização. Passou também a sofrer ameaças e tornou-se um símbolo da resistência dos trabalhadores rurais nos anos 60 no Nordeste do Brasil. Com o golpe militar, entrou na clandestinidade fugindo das forças repressivas do regime militar, trocado o seu nome para Mar-
ta, enquanto os demais líderes da luta camponesa eram assassinados (1964). Chegou a ser dada como morta pela repressão política, mas reapareceu após a anistia decretada em 1981, pelo governo Figueiredo, quando Eduardo Coutinho partiu em busca dos camponeses para atuarem em um filme documentário, Cabra Marcado para Morrer (19811984). Ela reassumiu seu verdadeiro nome, e com ajuda de Coutinho conseguiu localizar seus filhos espalhados dentro e fora do país.
18 /galeria: ‘A luta contra a ditadura no Brasil (1964-1984)’
Bang-Bang - Em agosto de 68, no Rio de Janeiro, estudantes tentam fazer passeata em protesto contra a prisão do líder Vladimir Palmeras Minas Gerais, 1967. Conflito entre estudantes e a polícia durante manifestações, contra o acordo MEC-Usaid.
Protesto de artistas e intelectuais, no Rio de Janeiro, contra a censura e atos de terrorismo em casas de espetáculos, em julho de 68.
Estudantes em manifestação no Largo São Francisco, em maio de 1977.
Conflito entre universitários e polícia no Rio de Janeiro, em 1968.
Marcha promovida pelos estudantes cariocas, em março de 1966, pela matrícula dos excedentes de Química e Medicina (estudantes que passaram no vestibular mas não conseguiram vagas na faculdade).
Conflito entre estudantes e a Polícia Militar, no Rio de Janeiro, em março de 1968, resulta na morte do estudante Édson Luís Lima Souto (No dia seguinte ao incidente, a Ultima Hora publicou o nome errado, chamando o estudante de “Nélson Luiz”. Dois dias depois, o erro já fora corrigido)
Manifestação estudantil em maio de 1977. Conflito entre estudantes da Faculdade de Filosofia da USP e do Mackenzie, na rua Maria Antônia, centro de São Paulo, em 1968.
Em maio de 1967, conflito acaba no espancamento de estudantes à entrada da Catedral Metropolitana em Porto Alegre.
20
/fábricas ocupadas
Vitória! Realizada Audiência Pública da Flaskô e Vila Operária! Foto: Fernando Martins
Audiência pública da Flaskô e Vila Operária é um sucesso, expressando as contradições da Prefeitura, que vem dando pouco caso às reivindicações dos trabalhadores e moradores. No último dia 31 de março aconteceu uma Audiência Pública na Câmara dos Vereadores de Sumaré/SP para tratar das reivindicações dos trabalhadores da Flaskô e dos moradores da Vila Operária, em especial com a aprovação do decreto do Prefeito para declarar a área da Flaskô, que abarca toda a área da fábrica, da Vila Operária e da Fábrica de Esportes e Cultura.
A declaração de Interesse social
Esta declaração de interesse social é muito importante, visto que é o primeiro passo para que a fábrica, a vila operária e o espaço de cultura, esporte e lazer sejam estatizados (sejam retirados do nome do antigo dono e se tornem patrimônio público) e para que o governo seja obrigado a dar as condições básicas de moradia à Vila Operária.
A Audiência na Câmara de Vereadores contou com mais de 150 pessoas
A Audiência Pública Infelizmente o Prefeito Bacchim não compareceu. Ele é o responsável por fazer e assinar o decreto. Estiveram presentes em nome da Prefeitura o Chefe de Gabinete Paulo Zeraik, o presidente do DAE (Departamento de Água e Esgoto) Luiz Eduardo, o Secretário da Habitação Jesuel Pereira. Dentre os vereadores, além do presidente da casa, estiveram presentes o vereador Niraldo Siqueira (PC do B), José Ta-
com contou com a presença de mais de 150 pessoas, representantes do Vereador Roque Ferreira de Bauru/SP, do Vereador Adilson Mariano de Joinville/SC, do Sindicato dos vares Siqueira (PPS), Geraldo Químicos, de um ampla deleMedeiros (PT), Toninho da gação da Vila Operária e PoFarmácia (PSDB). pular, de militantes do MST, Representando o Movi- do MTST, do membro do Dimento pela Campanha de De- retório Nacional do PT Renaclaração de Interesse Social, to Simões, de estudantes e miestiveram presentes na mesa litanes da Unicamp, da PUC Alexandre Mandl (advogado), e dezenas de outros apoiadoPedro Santinho (coordenador res, além dos trabalhadores do Conselho de Fábrica da da própria fábrica foi deixado Flaskô) e Alessandro Rodri- claro que os trabalhadores da gues (vice-presidente da Asso- Flaskô e da Vila Operária não ciação dos Moradores da Vila tolerarão desrespeito e desOperária). caso por parte da Prefeitura, Após uma longa discussão ouvindo respostas superficiais
depois de anos de luta. Alexandre concluiu: “Há mais de um ano estamos ouvindo isso, e, lamentavelmente, a Prefeitura não esboçou um passo adiante depois de um ano de campanha. Esperamos que a partir desta audiência pública as coisas mudem, pois os trabalhadores da Flaskô e os moradores da Vila Operária estão perdendo a paciência”. Viva a luta dos trabalhadores da Flaskô! Viva a luta dos moradores da Vila Operária! Viva a unidade de classe! Declaração de Interesse Social da Flaskô, Vila Operária e Fábrica de Cultura, já!