Gaivotas no Pátio

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booklet|edição2023

OS DEPOIMENTOS ESTÃO DE ACORDO

COM A VERSÃO ORTOGRÁFICA ORIGINAL

GAIVOTAS NO PÁTIO

“Revendo, hoje, o programa Gaivotas no Pátio 2023, encontramos, e espero que outros, de igual modo, assim o encontrem, diversidade, acolhimento, expansão, oportunidade, envolvimento e prazer.

Quisemos que este ano iniciasse um novo paradigma, que a programação do Polo Cultural Gaivotas | Boavista transitasse de uma programação de território para uma programação de maior e assumido compromisso com valores que pretendemos que o setor cultural possa continuar a verbalizar, expressar, entregar.

Dedicado à mobilidade forçada foi um ano de conhecer, receber e devolver.

No próximo ano, esperamos poder continuar a fortalecer.

Obrigada a todos os artistas e demais profissionais da cultura envolvidos. Obrigada à Diana Lopes, ao Carlos Ouro e à Ana Paula Rosa.”

Mafalda Sebastião Coordenadora do Pólo Cultural Gaivotas | Boavista

GAIVOTAS NO PÁTIO 2023 marca mais um ano de programação cultural no pátio e no território envolvente, comprometida com a oferta de oportunidades para os agentes da cultura, e a contribuir para uma cultura cada vez mais próxima das pessoas.

Este ano, 3 novidades:

• Espetáculos com artistas em mobilidade forçada (seja por razões naturais, seja políticas, seja económicas)

• Sessões literárias em estabelecimentos comerciais na Freguesia da Misericórdia

• Apresentação da nova produção cinematográfica portuguesa, de jovens realizadores

A cultura tem este poder mágico de nos levar para mundos novos, e de nos oferecer perspetivas diferentes.

No Polo, as GnP23 desempenham um papel fermentador da cultura na cidade, com a colaboração valiosa dos nossos parceiros que nos honram com os depoimentos plasmados neste breve resumo.

Vemo-nos em 2024, no pátio mais bonito de Lisboa?

Recordando os 3 segmentos da Programação Cultural 2023:

PROGRAMAÇÃO CULTURAL “DUM MUNDO ÀS AVESSAS”

Apresentámos um conjunto de eventos culturais nas áreas da música, do cinema, da literatura, do teatro e da dança, focado num tema premente da atualidade mundial: a mobilidade de pessoas, especialmente a mobilidade forçada. Foram dados a conhecer projetos do meio artístico nacional que cruzam influências de artistas originários de países em guerra, ou outras adversidades. Um mundo que parece estar às avessas, e onde a cultura é uma das partes fragilizadas.

PROGRAMAÇÃO CULTURAL “NUM MUNDO QUE SE REINVENTA”

Mostrámos os talentos das novas gerações, na cultura em Portugal, com obras apresentadas no setor do cinema e do teatro.

Para provar que o mundo se reinventa e que a cultura é um instrumento na necessidade de fazer mais e melhor.

PROGRAMAÇÃO CULTURAL “A TERRA E O MUNDO”

A curadoria de Os Filhos de Lumière numa parceria da programação cultural específica de cinema, este ano sobre o tema “A Terra e o Mundo”. Uma parceria história e preciosa.

Carlos Conceição

“Sendo originário de um país que a guerra destruiu durante muitos anos - e tendo já depois disso passado por esse holocausto canibal chamado Escola Superior de Teatro e Cinema - habituei-me cedo a trabalhar com a adversidade, da qual o filme “Serpentário” acaba por ser um resultado direto. Foi um filme que não conseguiu qualquer tipo de apoio logístico ou financeiro (pelo menos até ter estreado no Festival de Berlim), quer na minha Angola natal quer neste Portugal de adoção, o que acabou por ditar a forma “caseira” com que foi rodado e construído. É um filme sobre a intimidade de estar sozinho. Hoje, passados quase 10 anos desde a rodagem, julgo que não haveria outra maneira de o filmar. Bastava que estivesse outra pessoa que não eu a operar a câmara e esse elo de intimidade ter-se-ia perdido. Para o meu percurso, este é um filme fundamental pois ajudou-me a compreender a minha própria independência dos meios habituais de financiamento, mas também porque abriu para sempre o leque de possibilidades formais que tinha à disposição. Acima de tudo, é um filme que me ajuda a encontrar um lugar no mundo.

Esta iniciativa cultural do Polo Gaivotas também ajuda objetos artísticos a encontrarem-se, numa espécie de diáspora, em lugares a que possam chamar casa. O mundo futuro é um bocado assim: estamos todos longe o suficiente para falar de saudade, mas perto quanto baste para nos encontrarmos a todos ao fim do dia.”

Portugal, 2019 80’

Serpentário, de Carlos Conceição

Pedro Henrique

“O Miguel quer divertir-se, mas para ele a diversão só existe no “club”. Por mais que os seus amigos lhe tentem mostrar que o “club” é, afinal, um lugar opressivo e de solidão, o Miguel recusa-se a ouvir.

Frágil é um filme que nasce tanto da realidade como do cinema. Porque, afinal, não há diferença entre os dois. Se no tempo do clássico o cinema era o sonho, no capitalismo psicotrópico e punk do século XXI o cinema já só pode ser a trip. Esta trip é ainda a possibilidade anárquica de fuga ao mundo das instituições e da obrigação, sejam eles o trabalho, a família ou as grandes corporações que regulam a indústria da noite.

O conflito entre a procura do prazer individual e a aceitação da pluralidade de um grupo de amigos é o mote desta estória inspirada pela realidade quotidiana e festiva dos jovens em Lisboa e um pouco por todo o mundo. Jovens que prolongam a noite até ao dia, sempre à procura de um novo thrill, de uma nova aventura e da possibilidade de adiarem o regresso ao mundo “normal”. No fim de contas, a nova família é o grupo e a nova casa é o after-party.

É esta a minha vida e a dos meus amigos, a que só a força alucinatória do cinema poderia fazer justiça.”

Frágil, de Pedro Henrique Portugal, 2021 98’

Sara Montalvão

“O projeto Semente Simurgh é a semente de um projeto que quer expandir e crescer. Pesquisa sobre diálogos artísticos e culturais. A possibilidade de cruzar a música ao vivo com a dança contemporânea em espaços não convencionais permite a criação de uma linguagem coreográfica e musical que se sustenta no intercâmbio cultural tão essencial ao mundo de hoje.

A arte é sempre o caminho que facilita o combate à segregação social, a arte criada e partilhada é o caminho da regeneração e da empatia. Simurgh é um projeto de composição coletiva, de diálogo, sobre cruzamentos de histórias e construção de pontes.

Lembrando que existe atualmente um lugar no mundo onde a música foi proibida (Afeganistão), lembrando, portanto, que a liberdade e os direitos humanos não

Foto © Filipe Ferreira

Fazel Sapand

“Hello, I am Ustad Fazel Sapand from Herat province, Afghanistan.

There are many things that I have to say, but there is no time and I do not know the language to express all my feelings. Basically, I will share with you my only experience from this collaborative process that I did with Sara and my other friends, and very briefly I will say that art is the power of God on earth and artists who love their art are a symbol of it. God on earth and those who love art understand them, they have a string spirit and a heart full of emotions.

In my opinion, art has a magical and enormous power that unites all people of the world and gives people love and friendship and makes our world more beautiful, while religion and politics always separate nations and between countries draw borders and divide people into different social groups. ”

Magnum Soares

“O projeto Simurgh proporcionou à equipa uma experiência de intercâmbio de linguagens e culturas.

Para mim foi bastante enriquecedor trabalhar com uma equipa multidisciplinar e ter a oportunidade de trabalhar com músicos de origem afegã, pude conhecer os seus instrumentos e um pouco das suas músicas tradicionais. Por intermédio deles, também foi muito importante entender um pouco melhor os conflitos existentes no seu país de origem. Durante o processo criativo, aprendemos juntos o caminho para desconstruir a música e a dança de modo a encontrar uma nova partitura colectiva.

O resultado foi uma partitura coreográfica/Musical que conduz o espectador em uma viagem entre todos esses universos.”

Teatro Gíria

“O apoio regular do Polo Cultural das Gaivotas tem-se revelado de grande importância no desenvolvimento dos nossos projectos desde 2021.

Mais uma vez, em 2023, quando integrámos a programação do festival “Gaivotas no Pátio”, com uma adaptação do espetáculo FREE, a convite dos programadores deste festival, constatámos a relevância deste espaço cultural e dos seus equipamentos.

FREE é um projecto pelo qual os representantes da companhia, bem como a restante equipa que o integrou, têm muito carinho, e o Festival proporcionou-nos o espaço e as condições para voltarmos a contar esta história.”

Foto ©Filipe Ferreira

Joana Cotrim

“Tive um feliz convite para participar nas leituras de poesia no âmbito do Verão no Pátio, pelo Pólo Cultural da Gaivotas. É sempre um risco dizer poesia e em espaços não convencionais pode causar uma estranheza imensa.

As escolhas dos textos foram feitas com o maior zelo, poesia, prosa, excertos de ensaios, entre outros, feitas pelo Carlos Ouro que é uma ambulante e agradável biblioteca, O resultado foi, sim, maravilhosamente estranho. Para quem diz os textos, foi como entrar numa nave à parte e tentar comunicar com seres numa esfera diferente. A ação obriga a uma presença e uma espécie de sentido de humor em relação aos acontecimentos. Repetir a experiência, em lojas e galerias, deixa um rastro de beleza nesses espaços. Desse rastro de beleza, mais ou menos bem conseguido, fica a certeza de que o bairro está vivo e que o poder local gera vida que pode germinar em algo maior.

Da minha parte, posso dizer que senti orgulho por entre esses lugares, em ser lisboeta e provar pela vontade do Pólo cultural que estamos vivos para a cultura do bairro.”

Daniel Martinho

“No exercício da palavra, leu-se poesia

Palavras ressoando...no silêncio

Poesia vagabundeando

Poesia saltimbancando lugares

Bem hajam os ciclos de leitura do Polo Cultural Gaivotas.”

Tania Gil Jewelry

“Foi uma honra receber esta iniciativa no meu espaço, Tania Gil jewelry, unindo artistas dedicados transmitir uma mensagem tão importante nos dias de hoje: Inclusão e Liberdade.

Costumo falar muito da importância de unir criativos de diferentes áreas artísticas para trazer algo de positivo ao mundo, e este evento do Polo Cultural Gaivotas foi um excelente exemplo.”

Clube 33

“No Verão passado, o Polo Cultural das Gaivotas promoveu uma iniciativa notável ao introduzir a poesia em espaços de comércio local. O Clube 33 foi um deles.

Estamos ansiosos por novas oportunidades e ciclos emocionantes! Obrigada”

Tânia Gil
Vera

Galeria Apaixonarte

“O Polo das Gaivotas brilhou com a iniciativa “Gaivotas no Pátio”, uma programação cultural que abordou temas cruciais como mobilidade forçada, inclusão e liberdade. Através da leitura e declamação de poesia e textos de literatura universal, os seus artistas levaram a reflexão para além dos limites do Polo.

Com a escolha de espaços não convencionais, como uma casa de chá, um atelier de ourivesaria e a nossa galeria de arte “Apaixonarte”, proporcionaram uma experiência única e emocionante, enriquecendo a cultura local. Demonstrando assim, o poder da arte em transmitir mensagens, em unir pessoas e até um bairro, em torno de questões universais e inspiradoras.

Ficamos à espera da próxima!”

Companhia Portugueza do Chá

“Sentimo-nos muito gratos de podermos ser palco dos vossos happenings!

A palavra, a palavra dita, em prosa, em verso é necessária!

A cultura é necessária!

É necessário que ela nos interrogue, que nos incomode que nos mexa e nos torne acção.

Como também é necessário a escuta contemplativa, a escuta que interioriza, a escuta que nos interroga!

Este momento que podemos presenciar foi, como deve ser quando se trata de temas como estes, incômodo, constrangedor, mas preciso!

Um belo momento que nos lembra o quanto o ser humano precisa de se centrar nas suas reais necessidades, nas suas reais emoções no seu tempo real!

Porque é preciso!”

Farmácia Açoreana

“A nossa Farmácia Açoreana, um espaço centenário com seus arcos de pedra já dá música aos utentes com seu piano de cauda branco. Num Sábado de sol em Setembro. a poesia também fez parte das nossas manhãs.

Uma experiência única, exclusiva e inclusiva que contribuiu para um momento de lazer diferenciado. A equipa e os clientes aplaudiram a iniciativa do Pólo das Gaivotas que fomenta a cultura na nossa Freguesia.”

Guilherme Barroso

“Normalmente o público vai ao encontro do objecto artístico, a não ser nas animações de rua com que se depara e segue a sua vida. Aqui foi quase assim.

Como cativar alguém que entra na farmácia para comprar os seus medicamentos e vai para casa? Foi esse o nosso trabalho, cativar com palavras quem pouco tempo tem. Diz uma senhora após a compra de algo que precisava “estou à espera que acabe para ir embora” ou o rapaz alemão que não percebia nada mas queria ouvir a musicalidade da língua portuguesa.

Para mim foi um trabalho íntimo durante a azáfama do dia.”

Rita Loureiro

“A criação de um espaço/ tempo de escuta no quotidiano apressado e repetido que se vive já será uma experiência única. Quando se junta uma temática sensível dura e extremamente actual como é a da deslocação forçada de tanto ser sem casa sem chão sem família essa experiência eleva-se a uma intervenção na vida de quem lê e de quem escuta! Foi incrível ver as reações de atenção e as de rejeição também! Eram temas muito fracturantes! É preciso promover e espicaçar a escuta entre nós! Cada vez mais!!”

Sílvia

Yoka Kongo!

“A banda Yoka Kongo! dedica-se aos sons de África e da diáspora africana, e conta com músicos de Angola, Congo (RDC), Guiné Bissau e Portugal, acolhendo por vezes músicos migrantes em trânsito.

Parte dos seus membros abandonou os países de origem por motivos económicos, sociais e políticos. O reencontro de cada um desses músicos com as suas raízes – e a partilha desse património com os seus concidadãos adoptivos –é proporcionada em cada actuação da banda.

Nesse processo é reforçado o sentimento de pertença às origens – permitindo uma continuidade cultural apesar da lacuna territorial – e é potencialmente fortalecida a ligação ao país de acolhimento – a possibilidade de expressão da individualidade de cada músico é um reconhecimento implícito (mesmo se apenas teórico), da sua aceitação como membro da comunidade.

Ficámos por isso muito contentes com o convite do Polo Cultural Gaivotas | Boavista para tocarmos nas “Gaivotas no Pátio” – dedicadas às deslocações de pessoas e ao seu efeito nas práticas culturais – com o concerto daí resultante, e com a participação calorosa do público. Obrigado Gaivotas!”

Foto © Ivo Rodrigues

“Somos Litá, grupo de música tradicional e canto autêntico ucraniano.

Estamos muito gratos por termos sido acolhidos tão calorosamente pela programação do Pátio 23 do Polo Cultural Gaivotas | Boavista.

Estas oportunidades de divulgarmos a nossa cultura milenar é muito importante para nós.”

Terratreme Filmes

“Cultivar o público do bairro é crucial para o desenvolvimento das políticas culturais de uma cidade, e é por isso que é especialmente importante para nós, Terratreme Filmes, que os nossos filmes sejam exibidos no contexto do ciclo como O Mundo às Avessas, organizado por este centro.

O Polo Cultural de Gaivotas é um lugar de encontro e de diálogo: com o público e com o impacto direto que o cinema pode ter nas pessoas.”

João Rosas

“Foi com alegria que recebi o convite para mostrar o meu filme A Morte de uma Cidade no Pátio das Gaivotas, não só por se tratar de uma sessão ao ar livre – um tipo de projecção que continua a ser demasiado raro em Lisboa –, como sobretudo por integrar um programa cujo título – O Mundo às Avessas – me parecia ter tudo que ver com o universo do filme.

A Morte de uma Cidade nasceu do meu desejo já antigo de fazer um filme em que Lisboa fosse a protagonista, mas à medida que fui filmando, escrevendo e montando o filme, dei-me conta de que o que estava a fazer não era um filme sobre a cidade, mas precisamente sobre o seu avesso. De facto, ao filmar o quotidiano do estaleiro de uma obra de reabilitação de uma antiga tipografia a ser transformada em apartamentos de luxo, entrei numa cidade desconhecida, normalmente escondida por tapumes e redes, habitada pelas pessoas que constroem a cidade cá de fora, à qual não têm acesso e cujas histórias importa contar.

Não por qualquer intenção demonstrativa ou miserabilista, mas porque é dessas histórias que as cidades são feitas. E também o cinema.”

A morte de uma cidade, de João Rosas

Portugal, 2023 116’

Jorge Jácome

“Esta viagem narrada é longa mas simples. Tudo emerge e evolui a partir da água, das plantas e do oxigénio, com os seres a desenvolverem-se e a multiplicarem-se gradualmente de acordo com vários critérios de desejo: desde padrões às cores das unhas. SUPER NATURAL desenrola-se - com o espetador como parte dele - sustentado na experimentação que é o próprio ato de existir.

A cidade de betão funde-se com a ilha, como a comida com o estômago ou as constelações com a nossa compreensão do céu. Tudo desencadeia tudo, e tudo se relaciona numa experiência sensorial potenciada por cores, paisagens e sons. SUPER NATURAL revela que “o natural”, seja o de um corpo ou de um objeto, é sempre mais complexo do que parece. A linha de pensamento do filme desmente conceitos como “inclusão” e “diferença”, preferindo procedimentos e historiografias sobre o processo de humanização que entrelaçam a física quântica com a neurologia, a biofísica, a engenharia e a poesia.

E assim, as vidas retratadas que acompanham a passagem do tempo registada no filme tornam-se cada vez mais diversas, tão diversas quanto os seus intérpretes - humanos, não-humanos, míticos ou robóticos. SUPER NATURAL isso: movimento perpétuo. Encontrar no movimento e na sua continuidade um super poder. SUPER NATURAL é uma ode a todas as forças da vida.”

Super Natural, de Jorge Jácome

Rua das Gaivotas 6

“As Gaivotas 6 colaboraram com o Pólo Gaivotas no ciclo de cinema que decorreu nos meses de setembro passado na Sala Principal do nosso espaço. Estas duas estruturas, vizinhas no nome, na rua e nas motivações artísticas, são um dueto perfeito na vida do bairro, permitindo diferentes acolhimentos e apresentações que se completam e se encaixam uns nos outros. O ciclo apresentado foi disso exemplo. Se por um lado apresentámos filmes produzidos e criados por artistas que passaram nas Gaivotas 6 e programados pelo Polo das Gaivotas, por outro, foram escolhidos filmes que já saíram do circuito comercial (e todos eles apenas no circuito dos festivais) e foi criada a oportunidade de os (re)ver noutro contexto.

Esta colaboração tem-se feito não só no ciclo de cinema mas ao nível do acolhimento de residências de artistas em criação nas Gaivotas 6 que vivem fora do país ou fora de Lisboa, ora ao nível do espaço de apresentação de propostas do Polo como foi agora o caso deste ciclo semanal de cinema. Esta criação de sinergias, tanto no plano da apresentação aos públicos como na sua dimensão de produção e criação é fundamental numa cidade com cada vez menos espaço para a construção de mundos e pensamentos alternativos e divergentes.

Desejamos que esta colaboração não só se mantenha como se amplie, cumprindo de forma ampla e mais extensa os objectivos a que ambas se propõem de oferecer maiores oportunidades e acessibilidade à arte, aos públicos e aos artistas.”

Os Filhos de Lumière

“A associação Os Filhos de Lumière foi criada há 22 anos com um apoio inicial da Porto 2001, por um grupo de cineastas, para dar a conhecer o cinema por dentro a crianças e jovens, através de oficinas que ligavam o ver filmes ao fazer, olhando e descobrindo simultaneamente o mundo á sua volta. Foi uma forma de envolver as associações de bairro e os meios mais arredados da cultura, que foram levados a conhecer e a fazer filmes eles próprios com o apoio de cineastas e técnicos de cinema. Paralelamente foi criado e dinamizado ao longo de dois anos um importante programa de cinema na cidade do Porto intitulado “O Olhar de Ulisses”, (em parceria com a Cinemateca Portuguesa), no âmbito da Porto 2001, o que levou os cidadãos desta cidade a despertar (de novo) para a arte cinematográfica.

Esta singular programação de cinema e a realização de oficinas dirigidas aos mais novos, foi portanto uma experiência seminal para a criação de uma associação cultural, que iria a partir daí, desenvolver um forte trabalho nesta área. Actualmente Os Filhos de Lumière partilha com entidades parceiras em mais de 20 países, programas pedagógicos nacionais, europeus e internacionais, com escolas e fora delas, criando recursos pedagógicos em cooperação e reflectindo sobre metodologias e experiência prática em cada lugar, como é o exemplo do projecto Europeu CinEd e do programa internacional “O Mundo Á nossa Volta/ O Cinema cem anos de Juventude”.

Água no Bico

“Só queremos, neste pátio da cidade, onde o Água no Bico está em permanência, proporcionar o melhor ambiente, a melhor comida e as melhores bebidas.

Porque tudo isso é cultura: o convívio, a gastronomia e esta boa relação com o programa de cinema, de teatro, de dança, de música, no pátio das Gaivotas.”

“No País do Cinema” é um dos projectos que cruza todos os outros desta associação, e o oitavo ano em que o fazemos no Pátio, este ano sob o tema “A Terra e o Mundo”. Integramos assim no programa “Gaivotas no Pátio”, (o anterior Lusco-Fusco), a projecção de cinema, num lugar mágico que parece ter sido feito para isso, o pensamento e o diálogo, através de uma escolha de filmes de diferentes realizadores e diferentes tempos sobre o mote: a Terra, que é também a nossa casa, o nosso corpo, o nosso imaginário, confrontando os diferentes olhares de cada filme e as suas cinematografias, que interpelam o nosso imaginário e nos questionam, e que vamos sentindo cada um á sua maneira. Convidamos cineastas, profissionais de cinema, artistas e outras pessoas que se interessam por esta arte para um diálogo com os espectadores. E sempre a seguir a uma projecção nos juntamos com todos os que querem participar destes encontros, para falar sobre cada filme ou filmes, de forma informal, sobre o que descobrimos, o que sentimos, o que pensamos.

Partilhar a nossa experiência com os outros, é uma das principais particularidades deste projecto, numa frutuosa parceria com o Polo Cultural Gaivotas.”

Polo Cultural Gaivotas | Boavista

Centro de criação artística da Câmara Municipal de Lisboa, dirigido ao setor cultural, com instalações especialmente concebidas para acolhimento de projetos de criação artística, nas salas de trabalho (de ensaio ou escritório), e nas residências artísticas, vocacionadas para a acomodação temporária de artistas não residentes e em criação na cidade.

Loja Lisboa Cultura

Serviços de informação, atendimento e formação, gratuitos e especializados, para o setor cultural. + info

www.cm-lisboa.pt/polo-cultural-gaivotas-boavista facebook.com/poloculturalgaivotas www.instagram.com/poloculturalgaivotasboavista/ 218172600 | pologaivotasboavista@cm-lisboa.pt

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