Lisboa Economia Criativa

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ECONOMI A CR I ATI VA

European Union European Regional Development Fund



O Projeto Cross-Innovation, é uma iniciativa financiada pela Comissão Europeia no âmbito do Programa Interreg IVC para promover o valor da inovação intersetorial em cidades e regiões europeias. Tem como objetivo identificar e partilhar boas práticas em políticas de cross-innovation – colaborações que ultrapassam os limites de um setor, novas parcerias entre as indústrias criativas e os setores tradicionais para formar novo conhecimento. Unem-se esforços e inspiração, partilhando conhecimento e encontrando soluções criativas para os desafios urbanos, através de experiências inovadoras nas 11 cidades que participam no projeto: Amesterdão, Berlim, Birmingham, Estocolmo, Linz, Plzen, Vilnius, Varsóvia, Roma, Tallinn e Lisboa. Este blueprint sobre a economia criativa da cidade de Lisboa é também inspirado pelo espírito cross-innovation e uma oportunidade de identificar e estimular o potencial criativo da cidade para desencadear novas ideias como um impulso necessário ao aumento da competitividade e da sustentabilidade urbanas e ao envolvimento dos agentes da criatividade de forma significativa na busca de soluções. Se o desenvolvimento está também na criatividade, a criatividade está na cidade onde podemos passar da visão à ação através da conexão. http://www.cross-innovation.eu/



Apresentação


A apresentação deste ‘bilhete de identidade’ da economia criativa de Lisboa e a sua partilha e discussão com os diferentes atores da cidade, parte da vontade da Câmara Municipal de Lisboa, de dinamizar um processo aberto e participativo, estimulando a interação e a ação dos agentes da economia criativa, que aqui inovam, criam e geram valor. O cluster criativo de Lisboa, a sua vitalidade e profusão, e criação de valor, são elementos aqui refletidos, e demonstram a importância de abordar estrategicamente o sector, numa atitude prospetiva e de futuro. A região da Grande Lisboa é a mais criativa de Portugal. Cerca de 30% do emprego criativo e 47% do VAB são aí gerados pelas quase 22.000 empresas do setor. Lisboa tem um conjunto muito significativo de talentos - mais de 100 estabelecimentos de ensino superior, um conjunto alargado de escolas de ensino e criação artística. Lisboa recebe anualmente quase 4000 estudantes Erasmus, tendo-se licenciado no ano letivo 2011/2012, mais de 1800 alunos nas áreas criativas e artísticas. Lisboa é uma cidade tolerante. Multicultural e transcultural, acolhe bem os imigrantes e visitantes.


É uma cidade inovadora, com infraestruturas e tecnologia de excelência. Tem redes de telecomunicações e banda larga de elevada qualidade, necessárias para a dinamização de um cluster criativo. Lisboa é uma das cidades mais seguras da Europa, apresentando uma elevada qualidade de vida, clima ameno e mais de 200 dias de sol por ano. Mas Lisboa deve também ser capaz de uma dinâmica mobilizadora dos atores em torno de uma visão estratégica e objetivos comuns. Deve tornar visível à escala nacional e internacional a sua dinâmica e perfil de economia e cidade criativa, assumindo o seu papel a uma escala global. Este é mais um passo que a CML dá, marcando a ambição deste movimento, iniciando a mobilização de vontades e parceiros, e contribuindo para a afirmação do potencial da cidade, enquanto agente fundamental da economia criativa em Portugal, na europa e no mundo. A vereadora da CML Pelouro da Economia e Inovação

Graça Fonseca



Índice

Introdução

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Industrias Criativas e Economia Criativa

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Porquê as Cidades?

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Porquê Lisboa?

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Quanto Vale a Economia Criativa de Lisboa?

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Mapeamento da Economia Criativa de Lisboa

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Um Convite à Ação

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INTRODUÇÃO

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Este ‘Bilhete de Identidade’ é a primeira iniciativa do Município de Lisboa para mobilizar e dar corpo a um dos clusters mais dinâmicos da cidade e com elevado potencial de crescimento futuro. É o resultado de uma parceria ativa com os diversos atores do sector criativo da cidade, integrando projetos estratégicos que fazem já o seu caminho, e de uma vontade impulsionadora no sentido de atrair talentos, empresas e investimento, fomentando o crescimento económico e a criação de emprego qualificado na economia criativa da cidade.

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No mundo contemporâneo deste início de século, estamos perante desafios complexos, polarizações e desigualdades entre cidades e regiões.Para despoletar o potencial criativo de maneira a respondermos às mudanças dos contextos culturais, económicos, sociais, tecnológicos e globais em que vivemos, é necessário o desenvolvimento de estratégias públicas, organizando, federando e criando parcerias com os diferentes atores do sector. É neste âmbito que o conceito de economias criativas e culturais está a crescer como um interface entre cultura, economia, tecnologia e criatividade. Shelagh Wright “Mapping the creative industries: a toolkit”

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As instituições públicas encontram-se numa posição privilegiada para federar e criar as condições para o surgimento de redes criativas, ao mesmo tempo que proporcionam mecanismos para destacar as já existentes, reforçando a ligação dos talentos criativos com o mundo empresarial. Este movimento tem como resultado a criação e difusão de sinergias, experiências, redes de inovação, mais-valias económicas globais e regionais para a cidade.

Assiste-se atualmente, nos centros de decisão europeia à prossecução de políticas “city oriented”, potenciadoras da criação de emprego criativo qualificado, e de apoio à internacionalização de empresas locais, com o objetivo de instituir referências de reconhecimento global.

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Estamos convictos que a cidade de Lisboa poderá ser um ator relevante nesta dinâmica. A CML encontra-se já presente e tem um papel ativo num amplo conjunto de iniciativas e programas culturais e criativos na cidade, como entidade que providencia espaços, dinamiza diferentes tipos de ações e eventos, e disponibiliza incentivos financeiros diretos ou indiretos ao sector.

No entanto, existe uma clara opção do Município de Lisboa no sentido de reforçar a sua ação na dinamização da economia criativa da cidade. Temos a consciência que podemos ir mais além na criação de condições que facilitem e estimulem a exploração de novas motivações, experiências e inovações nestes domínios.

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INDÚSTRIAS CRIATIVAS E ECONOMIA CRIATIVA


DA CRIATIVIDADE À ECONOMIA CRIATIVA

Partir para uma definição e delimitação de indústrias criativas e do que se entende por ‘economia criativa’ na cidade, implica ser capaz de explicitar o que pode ser entendido por criatividade em espaço urbano e porque podemos dar-lhe o qualificativo de indústria ou ‘economia’ na cidade. O que faz de nós criativos? O que confere à cidade a sua qualidade criativa? O que faz emergir uma cultura criativa nas cidades e as faz afirmarem-se como meios ideais de expressão e reconhecimento da criatividade? E que criatividade é essa? Como se manifesta essa vitalidade no movimento cultural, social e económico que compõe as cidades dos nossos dias?

A criatividade pode entender-se como uma originalidade inventiva ou antes a faculdade de encontrar soluções diferentes e originais face a novas situações e se assim é, não é exclusiva do meio urbano, tendo antes uma dimensão pessoal (ou coletiva) e manifestando-se na cultura e na arte, na indústria e nas empresas, no conhecimento e na investigação científica, na tecnologia, na educação, no limite, em todos os domínios de atuação humana. E se bem que isto é verdade, também não o é menos que a vitalidade criativa emerge também da troca (as relações sociais, as redes culturais, as transações económicas, os fluxos de informação e de ideias) e essa troca é mais densa, mais diversa e potencialmente mais próxima nas cidades.

As respostas, se bem que evidentes são também múltiplas e nem sempre imediatas.

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Passar, por isso, da criatividade às indústrias criativas e a uma economia criativa é assumir a existência de um conjunto específico de atividades com expressão e dependência da criatividade, das ideias e de novas formas de fazer, que pelo seu valor intrínseco e pela possibilidade de incorporação desse valor em atividades conexas, se tornam essenciais ao crescimento económico, à criação de emprego e geração de novas competências, ao bem-estar e ao desenvolvimento das sociedades, criando valor simbólico e cultural mas igualmente material e económico. Ainda que intuitivamente possa parecer simples definir o que constitui a indústria criativa, passar ao campo prático, das atividades, leva-nos a perceber a complexidade do conceito e a volatilidade das fronteiras na sua estabilização.

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A DELIMITAÇÃO DO CLUSTER CRIATIVO. Uma proposta.

“A definição das atividades económicas que se constituem como “criativas” não é um exercício simples e estabilizado, derivando antes de flutuações conceptuais e temporais sobre a própria noção subjetiva de criatividade. Existem, no entanto, reflexões e estudos diversos que constituem hoje referência na elaboração de uma escolha.“ Isabel André e Mário Vale ‘A criatividade Urbana na região de Lisboa’

“Não há uma definição clara, nem um critério definido sobre as áreas da economia que se poderão encaixarno conceito de Industrias Criativas” David Throsby

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Na delimitação que agora propomos, analisaram-se diversos estudos: O modelo de Indústrias Culturais de David Throsby; A definição de indústrias criativas da UNCTAD

(United Nations Conference on Trade and Development); O estudo de 2007 de Cristina Latoeira e Paulo Carvalho,

(Indústrias Criativas); O trabalho de Augusto Mateus & Associados,

(o Sector Cultural e Criativo em Portugal); O relatório elaborado por Isabel André e Mário Vale do IGOT-UL

‘A Criatividade Urbana na região de Lisboa’ elaborado em 2011.

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Constitui este último, referência maior para a nossa atual definição de um “sector criativo” da cidade de Lisboa, não só por ser um dos mais recentes sobre este sector (data de 2011) sintetizando uma delimitação consonante com a que aqui se considera, mas igualmente pelo seu cariz territorial, incidindo especificamente sobre a Região de Lisboa e Vale do Tejo e considerando, por isso, as suas especificidades. Optámos, pois, por considerar os seguintes núcleos de atividades, para uma mais fácil quantificação:

Os Serviços Criativos Publicidade, Arquitetura, Design (incluindo design de moda);

As Indústrias Culturais Cinema, Vídeo, Música, Rádio e Televisão, Edição (livros, jornais, revistas), Impressão e Reprodução (gravação de suportes físicos, tipografias, gráficas);

As Atividades Artísticas e Culturais Atividades artísticas e de criação literária (incluindo fotografia, artes performativas, artesanato, etc.) e património cultural. Importa salientar que o núcleo das atividades artísticas e culturais consideradas é o de maior abrangência, contendo diversas atividades entre as quais: atividades das artes e espetáculos (grupos e companhias de produção e apresentação de espetáculos), atividades de apoio às artes do espetáculo - diretores, produtores, técnicos de iluminação e de som, cenógrafos entre outros - atividades de artistas individuais e restauro de obras de arte, a exploração de salas de espetáculos, o comércio a retalho de artesanato, bijutaria e arte (em que se incluem as galerias de arte), as atividades dos agentes e agências ligadas à área do espetáculo e moda, as atividades ligadas à fotografia e finalmente, ao próprio ensino de atividades criativas e culturais. 22


PUBLICIDADE PATRIMÓNIO

DESIGN E MODA ATIVIDADES ARTISTICAS E CRIAÇÃO LITERÁRIA

ARQUITETURA

ECONOMIA CRIATIVA

ENSINO DE ATIVIDADES CRIATIVAS E CULTURAIS

IMPRESSÃO E REPRODUÇÃO CINEMA, VIDEO E MÚSICA

RÁDIO E TV

EDIÇÃO

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PORQUÊ AS CIDADES?

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As cidades, representam hoje o espaço ótimo para o desenvolvimento de programas e iniciativas que promovam e dinamizem a economia criativa. São múltiplas as razões:

• As cidades são cada vez mais atores estratégicos nas áreas da economia, do empreendedorismo e da inovação. Neste sentido, a dinamização de projetos na área da economia criativa são cada vez mais relevantes nas suas estratégias de desenvolvimento económico e social.

• As cidades têm uma dimensão e características que permitem simultaneamente pensar estrategicamente, mobilizar parceiros e executar projetos. São espaços físicos, orgânicos e em constante transformação e movimento, povoados por pessoas e atores concretos, onde se podem conceber e implementar projetos no terreno. É por isso, possível trabalhar simultaneamente o abstrato e o concreto;

• Nas cidades, é possível fazer confluir os três vértices da prospetiva estratégica: a antecipação e definição de uma ambição futura; a apropriação e mobilização dos atores e a ligação indispensável com a tomada de decisão e a ação.

• Não sendo o único, as cidades são, no entanto, o território onde por excelência mais é possível incrementar e maximizar novas formas de fazer e trabalhar o processo criativo e de intercâmbio de ideias e projetos.

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PORQUÊ LISBOA?

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Lisboa é uma cidade que tem todas as condições para fazer sua a ambição de se assumir como uma cidade criativa, não apenas a uma escala nacional, mas principalmente a uma escala europeia e global. Lisboa deve assumir o seu papel de cidade capital de uma mega região criativa a uma escala global. Em 2008, Richard Florida identificou 40 mega regiões em todo o Mundo, apontando Lisboa como a capital e o motor económico de uma mega região europeia, que se estende da Península de Setúbal até à Galiza (população 9,9 milhões de pessoas; e produto (LRP) de 110 biliões de dólares). A região da Grande Lisboa é a mais criativa de Portugal. Cerca de 30% do emprego criativo e 47% do VAB são gerados por 22.000 empresas do setor. Tendo em conta estes indicadores quantitativos e o mapeamento dos seus principais atores criativos e culturais, Lisboa deve tornar visível a uma escala internacional a sua dinâmica e perfil de economia e cidade criativa. Podemos afirmar que a cidade tem os três os T’s que Richard Florida tornou célebres e indispensáveis para a emergência e afirmação de cidades criativas:

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Talentos Na Região de Lisboa localizam-se mais de 100 instituições de ensino superior, nas quais se encontram inscritos anualmente perto de 140.000 alunos e das quais resultam 30.000 diplomados/ano. Nas áreas criativas e artísticas licenciam-se por ano mais de 1800 alunos. Acresce ainda que Lisboa tem vindo assumir-se como uma cidade cada vez mais atrativa para estudantes estrangeiros (no ano letivo de 2010/2011 recebeu mais de 4.000 estudantes Erasmus).

Tolerância Lisboa é uma cidade multicultural e transcultural, que acolhe bem os imigrantes e os visitantes; estes são fatores que devem igualmente ser utilizados para reforçar a capacidade de atração e integração de talentos.

Tecnologia A capital portuguesa tem as infraestruturas tecnológicas, redes de telecomunicações e banda larga de elevada qualidade necessárias para a dinamização de um cluster criativo. Neste ponto, algumas iniciativas que a Autarquia está a dinamizar contribuirão para reforçar este “T”: O LISBON BIG APPS. A Vodafone e a Imatch, com apoio da Câmara Municipal de Lisboa, apresentam um concurso dirigido à comunidade de developers e start-ups, que pretende encontrar, desenvolver e premiar as melhores aplicações de telemóveis para a cidade, com o objectivo de melhorar a vida de todos aqueles que nela vivem, trabalham ou fazem turismo. O projecto europeu CitySDK tem como objetivo o desenvolvimento de serviços digitais dentro dos limites da cidade nas àreas de mobilidade e turismo.

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TALENTOS

TECNOLOGIA

LISBOA CRIATIVA

TOLERÂNCIA

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No entanto, estas razões, não são ainda condições suficientes para a afirmação e posicionamento distintivo de Lisboa numa economia global, onde cada vez mais cidades competem pela atração e retenção de empresas, investimentos e talentos. O contexto económico recessivo e de incerteza que atualmente se apresenta, propicia, conforme já se verificou no passado, a que o homem e o conceito de trabalho se redefinam e se reinventem, na procura de novos caminhos e de novos lugares, ao mesmo tempo que se proporcionam perspetivas inovadoras em resposta aos novos desafios. Correlacionando a urgência de criar, com uma tendência social de mudança, através da criatividade surgem uma série de mais-valias, que fomentam o crescimento económico da cidade, nomeadamente: Novas políticas multiculturais de integração A promoção da cidade de Lisboa como uma cidade tolerante, no acolher e na integração de pessoas provenientes de culturas diversas. A prossecução de políticas que promovam a qualidade de vida na cidade, complementando com a oferta de equipamentos culturais, lojas, locais de boémia e lazer, tão do agrado da “creative class”, terá como resultado a atração de talento e de tecnologia conduzindo ao desenvolvimento económico da região.

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Reabilitação de edifícios e espaços históricos em áreas obsoletas e abandonadas A Autarquia tem vindo a reabilitar a malha urbana abandonada e degradada da cidade com o intuito de satisfazer a procura por parte de jovens empreendedores criativos que as privilegiam como espaços de eleição para locais de trabalho. Destacam-se a projetada reabilitação do Palácio Sinel de Cordes para a instalação de um cluster criativo que terá como disciplina central e mobilizadora a arquitetura, o Mercado do Forno do Tijolo onde está em curso a criação de um espaço de coworking e um FabLab, e as recentemente criadas Start Up Lisboa Tech and Star Up Lisboa Commerce, rede de incubadores de empresas na cidade. Promoção de bairros culturais e espaços criativos – dinamização turística Para além da iniciativa pública destaca-se também a iniciativa privada, em grande expansão na cidade com forte ligação aos bairros tradicionais, como é o caso da LX Factory em Alcântara, a Fábrica do Braço de Prata no Poço do Bispo (localizada num espaço cedido pela Autarquia), a Pensão Amor e o MusicBox no Cais do Sodré ou o Santos Design District no bairro de Santos. Estes exemplos de espaços conotados como referências do movimento criativo, trazem consigo a procura de diversos serviços, a dinamização do comércio de rua e funcionam como polos de atração turística de zonas diversas da cidade, que assim renascem para uma nova dinâmica económica e realidade entretanto perdidas.

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QUANTO VALE A ECONOMIA CRIATIVA DE LISBOA

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A ECONOMIA CRIATIVA DE LISBOA Para a quantificação da economia criativa da cidade de Lisboa efetuou-se o cruzamento de diversos dados estatísticos2 tendo por base a delimitação atrás apresentada, conseguindo-se um nível de desagregação interessante, bem explicativo da dinâmica económica regional do sector. Em Portugal o sector criativo representa aproximadamente 3,4% do emprego total, representando o Valor Acrescentado Bruto (VAB) gerado, cerca de 3% do total da economia portuguesa, dados de 2009. Na Grande Lisboa o peso “Setor Criativo” no mercado de trabalho mantém a proporcionalidade dos dados nacionais, representando cerca de 3,3% dos trabalhadores correspondendo a 38,287 postos de trabalho registados em 21,859 empresas. Apesar desta evidência, salienta-se o facto de 30% do total do emprego criativo do país se concentrar nesta região.

2 Dados reunidos pela Divisão de Estudos e Prospetiva da CML (com base em dados INE de 2009) 38


“Esta concentração é a todos os títulos excecional, pois se compararmos com o caso de Madrid ou de Barcelona, fica claro que os níveis de emprego criativo são inferiores, rondando os 29,3% e 17,9%, respetivamente.” Isabel André, Mário Vale “ A criatividade urbana na região de Lisboa”

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A Grande Lisboa tem aproximadamente 47 % do total do VAB do sector criativo do país. E o valor acrescentado deste sector na região em estudo é de assinalar, especialmente quando comparado com a percentagem de emprego que supera os indices de produtividade quando confrontados com os do resto do país. É de destacar que as atividades de publicidade, cinematográficas, de vídeo, de produção de programas de televisão, de gravação de som e de edição de música, de rádio e de televisão e de edição de livros, jornais e outras publicações, representam 3/4 do VAB do país.

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“O setor criativo reagiu favoravelmente à crise internacional de 2008, registando ganhos de emprego assinaláveis, com a exceção de alguns sectores das indústrias culturais. Isto porque os fatores de desaceleração da produção e edição tradicionais de artefactos culturais, refletem, por um lado, as alterações tecnológicas dos suportes utilizados, bem como a sensibilidade aos custos de produção, mais elevados na região, do que no país e em algumas regiões estrangeiras. Ao contrário, os serviços criativos e as atividades culturais aumentaram o seu peso, quer na região quer no país, refletindo a importância da procura de serviços intermédios transversais à atividade económica e o aumento de uma procura com maiores níveis de formação e de educação especialmente nas áreas urbanas“ (Isabel André, Mário Vale “A criatividade Urbana na região de Lisboa”, 2011).

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30%

do emprego criativo do pa铆s

36%

das empresas criativas nacionais

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45%

do volume de neg贸cios criativo gerado


3,3%

do emprego da Grande Lisboa

38.287

postos de trabalho

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21.859 empresas


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MAPEAMENTO DA ECONOMIA CRIATIVADE LISBOA

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O mapeamento da economia criativa de Lisboa, não pretende funcionar como um recenseamento, mas antes como um exercício de identificação e representação dos atores e acontecimentos mais relevantes na cidade, tornando visível e inteligível a verdadeira dinâmica do movimento criativo existente em Lisboa. Agentes desta criatividade, bairros e zonas ‘criativas’, eventos e acontecimentos a ter lugar ao longo de todo o ano na cidade, são alguns elementos que aqui se apresentam e que refletem toda a diversidade, densidade e vitalidade deste cluster na cidade. Até ao momento, foram mapeados e georreferenciados cerca de 277 atores estratégicos no terreno, agrupados em torno dos três grandes segmentos criativos: Serviços Criativos, Indústrias Culturais, Atividades Artísticas e Culturais. Estando longe de representar todo o universo de agentes criativos da cidade, estes foram atores, entidades, equipamentos, eventos, escolas, selecionados pela sua dinâmica e relevância para a economia da cidade. Este mapeamento da economia criativa de Lisboa foi realizado com o apoio de um conjunto de entidades que ao longo dos últimos anos têm vindo a estudar as indústrias e cidades criativas: INTELI, Induscria, IGOT-UL.

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As indústrias criativas que aqui apresentamos surgem, tendo também em conta a localização no espaço físico da cidade, de empresas e entidades que envolvem já um certo grau de reconhecimento e volume de negócios relevante, quer no âmbito dos serviços criativos (arquitetura, design e publicidade) quer no das indústrias culturais doutra natureza, como o cinema, vídeo e música, a rádio e televisão ou as indústrias de Edição. Ao longo dos anos, estas indústrias têm-se deslocado do centro da cidade, para áreas limítrofes da grande Lisboa, devido a uma maior facilidade de acessos rodoviários e à existência de custos mais reduzidos no aluguer de espaços físicos. Não se encontrando aqui georreferenciadas, são mencionadas e mensuradas no restante documento e fazem parte da nossa análise. Destaca-se também o largo conjunto de eventos que acontecem ao longo do ano, a par dos “espaços criativos” espalhados um pouco por toda a cidade, verdadeiros núcleos aglutinadores de criatividade, assim como o segmento das Artes Performativas que inclui o Teatro, a Dança, a Música e o Ensino de Atividades Culturais tão relevantes na organização de eventos, workshops e cursos de formação neste campo de ação. Os mapas que se apresentam em seguida, oferecem uma primeira imagem deste trabalho de mapeamento da economia criativa de Lisboa.

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Um rápido olhar pelos mapas de densidade e localização do vasto conjunto de atores na cidade, mostra-nos algumas tendências interessantes. É evidente a concentração e proximidade nas zonas mais centrais, fruto quer da maior acessibilidade, quer da natural apetência destas atividades por bairros e localizações onde a dinâmica e os movimentos urbanos mais se fazem sentir. O mapa deixa igualmente revelar o aparecimento de novos polos aglutinadores em zonas da cidade junto da orla de rio, onde anteriormente proliferava atividade industrial. O eixo marvila-poço do bispo ou santos-alcântara, são dois bons exemplos, mas é também possível detetar concentrações em zonas mais distantes do centro, com a proximidade entre empresas e entidades mais ligadas às indústrias criativas (música e cinema, preponderantemente), sendo que as atividades dedicadas ao ensino se concentram igualmente nas localizações mais centrais da cidade.

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Se tivermos em conta as grandes áreas de delimitação consideradas, é também de destacar algumas dinâmicas de localização interessantes, que indiciam alguma concentração de atividades e dão, ao mesmo tempo, pistas de como a cidade tem vindo a organizar-se e reorganizar-se em torno de algumas zonas mais ‘criativas’. Observando as densidades de concentração relevantes (e tendo em conta que o mapa seguinte apenas essas considera) é clara a distribuição das diferentes áreas de atividade por zonas diferenciadas da cidade com exceção da zona central da baixa onde a própria morfologia urbana condiciona a concentração e a proximidade.

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No que concerne às Indústrias Criativas, é interessante ver como, para além do centro, se localizam em zonas de menor centralidade urbana, havendo alguma especialização ao longo do eixo marquês de pombal, avenida da república e mais a norte, alvalade. Convém referir que a cidade de Lisboa não só se tem posicionado numa situação de vanguarda nesta matéria, como tem revelado um enorme dinamismo por parte da multiplicidade de atores/agentes económicos envolvidos neste segmento. A título meramente ilustrativo, destacamos na área da produção cinematográfica, a série de ciclo de eventos promovidos e que vão ocorrendo ao longo de cada ano (os festivais IndieLisboa, DocLisboa e MotelX, por exemplo), entidades como a Cinemateca ou importantes produtoras, todas situadas em Lisboa e contribuindo para a dinamização destas indústrias na cidade. A criação da Lisboa Film Commission, entidade vocacionada para a promoção da cidade enquanto destino de filmagens, é a mais recente iniciativa promovida nesta área, e que vem também destacar a ambição da edilidade na promoção deste segmento cultural.

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Mas não só. Também importantes produtoras musicais a nível nacional se situam em Lisboa. Do ponto de vista dos equipamentos e espaços para festivais, destacamos o Coliseu dos Recreios ou o Pavilhão Atlântico como baluartes e dinamizadores deste setor. Na área dos Media, a grande proliferação de edição de jornais, revistas, livros e periódicos tem revelado uma apreciável dinâmica, apesar da atual crise económica. O mercado de rádio e televisão continuam o seu processo de consolidação a nível interno. Destacam-se a presença de canais na cidade e a própria RTP, bem como de importantes rádios nacionais. Refletindo a dinâmica acima referida, os canais de Televisão com alguns serviços localizados em Lisboa ou os estúdios localizados em concelhos vizinhos.

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Já no que se refere aos Serviços Criativos, incorporando o Design, a Arquitetura e a Publicidade, é notória a implantação em zonas diferenciadas da malha urbana, já mais desconcentradas, mas acompanhando as novas ‘zonas de criação’ na cidade. Criatividade associada à cultura nacional pela sua singularidade, capaz de gerar produtos tangíveis com valor de mercado e que podem nascer dentro dos muitos estabelecimentos de ensino artístico e de criação espalhados por toda a malha urbana da cidade de Lisboa ou nas empresas que preferencialmente se encontram no eixo Santos/Cais do Sodré e Bairro Alto. Lisboa, redescobre-se agora a reestruturar o seu tecido socioeconómico urbano, através de projetos e parceiros na reabilitação urbana, como o Renovar a Mouraria e a instalação da Trienal de Arquitetura no Palácio Sinel de Cordes, conduzidos pelas especificidades locais como o principal fator de competitividade, agilidade no fluxo de ideias, talentos e investimentos, mas também como forma de encontrar novas soluções para problemas urbanos não resolvidos. A atual transformação da cidade de Lisboa em torno de polos criativos, de maneira articulada, enquadra-se também num processo de envolvimento comunitário que culminou na aprovação do novo Plano Diretor Municipal, com vista ao incremento das relações locais na promoção dos pequenos empreendimentos criativos e de preservação arquitetónica, que se apresenta de elevado interesse para as empresas criativas e os seus talentos.

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Um talento que o design e a publicidade também têm no seu ADN, cumulativo com a responsabilidade social e cultural perante aqueles com os quais comunica. A criatividade em design entendida como uma experiência coletiva, cumulativa, em que os objetos visuais não são o produto do génio criativo individual, mas um contributo para um ambiente visual e sensorial coletivo. Exemplo disto é a bienal Experimentadesign, ou a implantação de uma rede de FAB LABS (como aquele que nasce agora por iniciativa municipal no Mercado do Forno do Tijolo) para a democratização no acesso à inovação ou reconhecimento internacional do design das empresas portuguesas. Existem mais de cinquenta empresas de design na mancha urbana absolutamente central (baixa de Lisboa), que conseguiram nas últimas décadas posicionar-se internacionalmente. A capital recebe também, pela terceira vez consecutiva, o festival Eurobest, o maior festival de publicidade, marketing e comunicação do mundo, numa clara aposta para posicionar Lisboa no mapa internacional da criatividade e de potenciar a atração de talentos naqueles sectores. Não é possível pensar numa estratégia de desenvolvimento e maximização das indústrias criativas, se ela não contemplar a incorporação dos meios audiovisuais, começando pela televisão, continuando com a internet e todos os seus derivados e, para isso, é indispensável a articulação de diversos atores.

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Neste desígnio municipal incluem-se as galerias de arte, vejam-se as iniciativas Lisbon Week e Noites de São Bento, a Abertura dos Ateliers de Artistas e os museus da cidade, quer os municipais quer todos os que dependem da esfera da administração central. A aproximação a novos públicos é evidente. Especial atenção foi dada pelo município aos seus museus com a sua inclusão na alçada da empresa municipal para a cultura, a EGEAC, com o objetivo de melhorar a promoção de novos públicos, com um evidente incremento das atividades dos serviços educativos. De uma outra maneira, as artes performativas, que são a maior fatia da atividade cultural da metrópole com cerca de trinta teatros com programação continuada e imensamente diversificada, interagem criativamente com outros tipos de serviços e indústrias culturais da cidade, abraçando as novas tecnologias da informação e de apropriação de novos espaços, onde se inclui por exemplo, o FATAL (o maior festival nacional de teatro académico).

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A cidade de Lisboa é também palco todos os anos, e ao longo de todo o ano, de uma série de eventos que a colocam no mapa das cidades criativas europeias, como uma capital de dinâmica cultural e criativa associada a uma tendência crescente no aparecimento de novos eventos, com um público interessado, participativo e cada vez mais internacional. No âmbito dos serviços criativos, podemos sublinhar a ModaLisboa o principal evento de moda em Portugal que rapidamente se posicionou como a primeira estrutura profissional para a apresentação das coleções dos designers de moda portugueses, ou pela primeira vez em Lisboa, o evento internacional Open House organizado pela Trienal de Arquitetura de Lisboa, uma associação, com o objetivo de investigar, dinamizar e promover a arquitetura, em particular a que é produzida por autores portugueses.

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Nas indústrias culturais, o cinema e a música estão maioritariamente representados numa extensa diversidade de eventos e festivais que se realizam ao longo do ano. São disso exemplo o festival internacional de música Rock in Rio, o Jazz em Agosto da Fundação Calouste Gulbenkian, ou o Lisbon & Estoril Film Festival. Faz-se nota no segmento de edição, da realização da Feira do Livro de Lisboa (duas centenas de stands, editores e livreiros que apresentam anualmente desde as últimas novidades até fundos de catálogo). Nas Atividades Artísticas e Culturais destacam-se o Alkantara Festival um festival dedicado às artes performativas, realizado bienalmente, trazendo à cidade um leque diversificado de propostas artísticas inovadoras, representativas de diferentes realidades e olhares da criação contemporânea; o ILUSTRARTE, um espaço de encontro e discussão da melhor ilustração para a infância internacional, mantendo Portugal na rota dos grandes eventos internacionais nesta área; o FIMFA - Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas, o Belém Art Fest, festival que assenta num conceito único de fusão cultural e que consiste na abertura de museus à noite com concertos, workshops, exposições e teatro e por fim o Arte Lisboa uma seleção de galerias nacionais e internacionais de arte contemporânea de elevada qualidade e notoriedade, revistas e publicações especializadas.

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JAN

FEV

MAR

ABR

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MAI

JUN


N

JUL

AGO

SET

OUT

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NOV

DEZ



UM CONVITE À AÇÃO


Posicionar Lisboa como uma economia criativa exige muita ambição e um grande esforço a vários níveis, envolvendo diferentes atores. Exige a criação de um movimento, uma dinâmica capaz de mobilizar as pessoas e as instituições em torno de uma visão estratégica e objetivos comuns. Exige a co criação de um programa estratégico de longo prazo para a economia criativa de Lisboa.

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DELIMITAÇÃO DE CLUSTERS ESTRATÉGICOS EM LISBOA

QUANTO VALE O CLUSTER EM LISBOA?

MAPEAMENTO DOS ACTORES

BLUEPRINT ECONOMIA CRIATIVA LISBOA

EIXOS ESTRATÉGICOS (CO-CRIAÇÃO DE PLANOS DE AÇÃO E PROJETOS)

INTERNACIONALIZAÇÃO

EVENTOS: ANCORAS DE COMPETITIVIDADE

TERRITORIOS E BAIRROS CRIATIVOS

EMPREENDORISMO CRIATIVO

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TALENTOS

ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS: NOVOS USOS E FUNÇÕES

ATELIERS E RESIDÊNCIAS PARA ARTISTAS


A CML deve marcar a ambição deste movimento/programa e atuar preferencialmente como um agente mobilizador de vontades, federador de parceiros e como instituição capaz de promover a internacionalização da economia criativa de Lisboa a uma escala global. Julgamos que o primeiro passo deste programa, deste movimento mobilizador da economia criativa de Lisboa, deve centrar-se no esforço de organizar, quantificar e mapear o que já existe. Foi o que pretendemos fazer neste documento, procurando demonstrar que Lisboa é, hoje em dia, uma cidade mais criativa do que a maioria das pessoas pensam. A partir de uma perceção mais clara do que é a cidade ao nível da sua economia e segmentos criativos será mais fácil criar o contexto para mobilizar parceiros (nacionais e internacionais) e conceber e implementar projetos. Importa sublinhar que, muito embora a CML não queira assumir qualquer papel de liderança na implementação de projetos ou iniciativas, tem um conjunto de projetos estruturantes na área das indústrias criativas que deverão ser integrados nesta dinâmica e estar ao serviço da economia criativa da cidade: o Pólo de Santa Clara (Trienal de arquitetura), o FAB LAB e Espaço CoWork no mercado do Forno do tijolo, a Lisboa Film Commission, bem como a participação no projeto europeu Cross Innovation, ou o acolhimento pelo 3º ano consecutivo do festival Eurobest, entre outros.

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UM CONVITE À AÇÃO

Internacionalização Eventos Criativos Bairros e Territórios Criativos Novos Espaços e Equipamentos Empreendedorismo Criativo Ateliers e Residências para Artistas Talentos Criativos

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Embora as prioridades estratégicas de um programa deste tipo devam ser definidas em conjunto pelos parceiros e atores envolvidos, apresentam-se alguns dos eixos estratégicos que poderão, de alguma forma estruturar este programa:

INTERNACIONALIZAÇÃO Lisboa terá que ser capaz de trabalhar a economia e as indústrias criativas como um cluster estratégico com elevado potencial de crescimento e de internacionalização. Neste âmbito, instituições que atuam como promotoras da economia e do empreendedorismo da cidade como a Invest Lisboa, a incubadora Start Up Lisboa, a Associação de Turismo de Lisboa, e a EGEAC, entre outras, deverão ser parceiros estratégicos no sentido de atrair empresas e talentos para Lisboa nos diferentes segmentos das indústrias criativas.

EVENTOS CRIATIVOS: ÂNCORAS DE COMPETITIVIDADE Potenciar sinergias entre eventos e projetos nas áreas criativas e culturais, muitos dos quais são apoiados e dinamizados pela CML e têm projeção internacional: Experimenta Design, Trienal de Arquitetura; Indie Lisboa & Estoril Film Festival , Arte Lisboa, Moda Lisboa, Rock in Rio, Eurobest, entre muitos outros. A estes eventos, juntam-se instituições de relevo nas áreas criativas e culturais: MUDE – Museu do design e da Moda, Fundação Calouste Gulbenkian, CCB, Culturgest, entre outras.

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BAIRROS E TERRITÓRIOS CRIATIVOS Dinamização de bairros e territórios criativos em Lisboa. À imagem do que foi possível fazer em projetos bem sucedidos, como o Lx Factory, Santos Design District ou Fábrica do Braço de Prata, a dinamização de bairros e territórios criativos será sempre um eixo estratégico de um programa de Lisboa Economia Criativa.

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ESPAÇOS OU EQUIPAMENTOS: NOVOS USOS E FUNÇÕES Recuperação ou Reutilização de espaços ou equipamentos existentes na cidade e que estando desativados podem ter novas funcionalidades e ocupações em diferentes áreas das denominadas indústrias criativas. Lisboa tem diversos edifícios devolutos, instalações industriais e armazéns desativados que poderão ter muito potencial para vários segmentos das indústrias criativas (ateliers de criativos/artistas, entre outros)

EMPREENDEDORISMO CRIATIVO O Empreendedorismo Criativo será outro eixo importante que poderá obter sinergias com a estratégia do Município na área do Empreendedorismo, onde se destacam a Incubadora StartUp Lisboa e a dinamização da Rede de Incubadoras de Lisboa que a autarquia desenvolve em parceria com as diferentes incubadoras existentes na cidade. ATELIERS E RESIDÊNCIAS PARA ARTISTAS Em estreita articulação com os eixos referidos acima, será igualmente importante reforçar a expansão na cidade de espaços de acolhimento de artistas, ateliers e residências. A capacidade de atração de Lisboa nestas áreas depende, em grande medida, da criação de estratégias e espaços para acolher e integrar talentos.

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TALENTOS CRIATIVOS Lisboa tem um conjunto de instituições de ensino superior e de formação nas áreas culturais e criativas de elevada qualidade (vd. FBAUL, IADE, ETIC, Faculdades de Arquitetura, Conservatório Nacional de Música, Escola Hot Clube de Lisboa, entre outros). Neste domínio, será importante juntar parceiros em torno de projetos que permitam ganhar escala, inserir a cidade em redes internacionais, internacionalizar escolas e artistas e atrair talentos. Estamos profundamente convictos que as indústrias criativas são um dos clusters estratégicos onde Lisboa apresenta um elevado potencial de crescimento futuro e que será possível criar um movimento que posicione Lisboa como uma cidade criativa a uma escala internacional. A partir do momento em que formos capazes de dar passos conjuntos, será a própria natureza orgânica e co-criativa deste movimento e a ambição que demonstramos, que se constituirão como base de novas oportunidades e projetos que transformarão Lisboa numa cidade cada vez mais criativa e inovadora.

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ANEXO


PROJETOS INTERNACIONAIS DE CIDADES CRIATIVAS

Assumindo esta vocação e tendo em conta o papel essencial que a economia criativa pode jogar no espaço urbano, seja na obtenção de mais-valias económicas que advêm da sua afirmação enquanto ‘meio’ criativo de referência global, seja na atração crescente de talento e investimento para estas e outras áreas de atividade conexas e complementares, são já hoje inúmeros os exemplos de cidades em todo o mundo que assumiram o seu potencial criativo e que, de forma muito diversa, inspiram e influenciam o nosso trabalho.

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O CreateAustin é um processo de planeamento cultural, para a cidade de Austin, EUA, que identificou os recursos criativos, definiu metas e estabeleceu recomendações, para revigorar a “cultura da criatividade” na cidade até ao ano de 2017. Consiste numa colaboração público/privada, iniciada no ano de 2009 pela Divisão de Cultura e Artes do Departamento de Economia da Câmara de Austin (Economic Growth and Redevelopment Services Office, Austin City Hall). Este processo de planeamento cultural conectou a cidade de Austin e a comunidade criativa durante 16 meses, em que mais de 500 atores, entre criativos e associações, participaram nas diversas ações orientadas para o desenvolvimento de um plano, na gestão ampla do futuro cultural de Austin, assinalando recursos por identificar, questões a formular e recomendações para o futuro. (http://austintexas.gov/department/createaustin-cultural-master-plan) Um estudo intitulado “The economic impact of the Creative Sector in Austin – 2012 Update”, refere que a atividade económica deste setor na região apresentou um valor superior a 4,35 biliões de dólares, relativamente ao ano de 2010. Segundo o estudo, registou-se neste setor um incremento de cerca de um terço da atividade económica, face ao ano de 2005. Cingindo-nos somente a dados do ano de 2010, os respetivos subsetores, como os da música, filmes, jogos e artes visuais, geraram um incremento na ordem de 49.000 postos de trabalho.

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O Auckland City Council, na Nova Zelândia, elaborou um Blueprint sobre as indústrias criativas de Auckland, contendo estratégias que visaram orientar as políticas públicas no sector económico criativo, tendo por base a forte concentração de talento existente (2008). Foi criado um plano com o objetivo de se delinear uma agenda para a tomada de medidas concretas, passando o seu propósito final por transformar Auckland numa referência económica internacional nas indústrias criativas.(http://eds.aucklandcouncil.govt.nz/develop-a-vibrant-creative- international-city/) O setor criativo implantado em Auckland, segundo dados de 2008, empregava cerca 15.991 pessoas, perfazendo cerca de 5% do emprego total da cidade. Os subsetores que mais contribuíam para estes dados (cerca de 84% do emprego do setor criativo da cidade), concentravam- se essencialmente em três segmentos: Design; Publicações (jornais, livros, periódicos); Rádio e Digital Media (TV, produções cinematográficas, vídeo). Segundo dados de 2008, cerca de 6,6% do PIB da cidade estava concentrado no setor criativo.

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Encomendado pela City de Toronto, no Canada, com o objetivo de servir de apoio à estratégia do mayor dessa cidade, “O Creative City Planning Framework” foi elaborado pela empresa de consultadoria e planeamento económico AuthentiCity, no ano de 2008. Deste plano, resultaram uma serie de programas de ação, com objetivo de estimular o desenvolvimento económico no âmbito do sector criativo, bem como de modernizar a visão da cidade, referenciando as ferramentas disponíveis por parte das entidades públicas, no apoio e desenvolvimento cultural, com a finalidade de criar uma maior integração entre a criatividade e a economia. (http://www.toronto.ca/culture/pdf/creative-city-planning-framework- feb08.pdf) Neste setor de atividade económica e levando em linha de consideração os tempos mais recentes, Toronto é uma das regiões que se apresenta em maior expansão, empregando mais de 100.000 pessoas nos seus variados segmentos. Por seu turno, o setor criativo, apoia e promove o desenvolvimento de outros setores de atividade em Toronto, tais como o financeiro, o das tecnologias de informação e comunicação, o científico, o da alimentação e bebidas. Em 2009, o valor gasto nesta cidade na área da produção cinematográfica, ascendeu ao montante de 877,84 milhões de dólares canadianos, enquanto o Toronto International Film Festival (TIFF) gerou um impacto económico anual de 170 milhões de dólares canadianos. 81


O programa Creative Cities Amsterdam Area (CCAA), na Holanda, é uma iniciativa com treze parceiros. Inclui sete municípios, duas empresas de desenvolvimento económico, a Câmara de Comércio e o Estado. A Amsterdam Innovation Motor e o Grupo de Trabalho de Inovação da região Utrecht, são os responsáveis pela implementação deste programa (http://www.ccaa.nl/page/57068/nl). No ano de 2011, vinte e duas companhias ligadas ao setor criativo implantaram-se naquela área metropolitana, tendo algumas delas, ligadas à área do desporto de alta tecnologia, mudado as suas instalações do Reino Unido para Amsterdão.

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O Creative City Berlin é um portal de Internet que funciona como ponto de contacto e de apresentação para os artistas e pessoas que trabalham nas indústrias criativas. São disponibilizados programas de informação sobre apoios, financiamento e formação. Um serviço de rede para os artistas e empresários que já residem em Berlim ou que acabaram de chegar à cidade. O projeto é apoiado pelo departamento de assuntos culturais de Berlim, em cooperação com o Departamento de Economia do Senado (Projekt Zukunft). Através de interfaces e co-operações, o Creative City Berlin está ligado a redes de agências, blogs culturais e criativos, bem como a sites do mercado de trabalho (http://www.creative-city-berlin.de/de/). Em termos económicos, e segundo dados de 2006, existiam mais de 22.900 empresas ligadas ao setor. O subsetor mais representativo em termos de número de empresas instaladas, foi o ligado ao segmento da comunicação social impressa e publicações. Nesse mesmo período, foi gerado por essas empresas um volume de receitas na ordem dos 17,5 biliões de euros, tendo-se destacado o setor do software e produção de jogos. De igual modo, o setor criativo empregava nesse mesmo ano cerca de 160.500 pessoas em Berlim.

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Uma visão estratégica para uma Lisboa Co-criativa para o ano de 2020. O nosso plano para o desenvolvimento da economia criativa em Lisboa. O Município de Lisboa compromete-se a criar um processo participativo e interativo com uma atitude prospetiva, uma abordagem estratégica, atribuindo um papel central aos atores no desenvolvimento da economia criativa da cidade de Lisboa. A CML assume-se como um elemento federador e dinamizador do cluster, um interveniente numa rede de atores em rede de estruturas abertas e flexíveis. Fazer da economia criativa um instrumento de inovação, qualificação, empreendedorismo, de regeneração urbana, de promoção de bairros culturais e espaços criativos, fatores que são cada vez mais decisivos para a atração de investimento, empresas e pessoas, e contribuindo para a internacionalização da “marca” Lisboa. Este ‘Bilhete de Identidade’ da economia criativa da cidade de Lisboa é o primeiro passo para a co-criação de uma estratégia de desenvolvimento económico baseado na criatividade e na inovação.


Este blueprint foi elaborado e desenvolvido pela Direção Municipal de Economia e Inovação, Departamento de Inovação e Sectores Estratégicos, com a colaboração de diferentes atores deste sector. Agradecemos em particular, a colaboração de Manuela Carlos, Cláudia Silva (ETIC); Luís Serpa (Induscria); Mário Vale (IGOT-UL) e Catarina Selada (INTELI).


Ficha Técnica Título Lisboa - Economia Criativa Edição Câmara Municipal de Lisboa Direção Municipal de Economia e Inovação Equipa Jorge Vieira, Rui Roque e Susy Silva (DISE) Dados Estatísticos Nuno Caleia, Andreia Rodrigues (DEP) Coordenação Paulo Carvalho, Susana Corvelo Design João Gaspar, Vitor Pereira (ETIC) Mapas Pedro Dias (UNL) Fotografia Ana Silva, Filipe Amorim (ETIC) Ano - 2013



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