A CRISE DO PÃO E AS PADARIAS Em 29 de agosto do ano de 1890 surgiu, para discussão em reunião de Câmara, uma representação dos padeiros da cidade reclamando contra a postura que os obrigava a fabricar o pão sob regras inflexíveis no seu peso, ameaçando a paralisação da produção. Para que a reivindicação não tomasse maiores proporções foi resolvido, por unanimidade, modificar alguns parágrafos dessa postura e torná-la menos rígida à indústria da panificação. Nova crise surge em 1893 pela classe dos padeiros que, não tendo ficado satisfeita com a resolução da reivindicação anterior, manifestava-se agora contra os preços das farinhas que provocavam aumentos no preço do pão com grande descontentamento do povo. No mês de setembro eram já grandes os alvoroços e as desordens, obrigando a vereação a tomar providências urgentes. O primeiro passo foi o pedido de ajuda feito ao diretor da Fábrica de Panificação a vapor, que se prontificou a prestar todo o auxílio possível na fabricação das quantidades de pão essenciais para fazer face ao aumento do preço e conseguir baixá-lo até um preço justo. Para salvaguarda do interesse público e ajuda à Câmara na resolução desta situação, o Governo, na pessoa do ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria conferenciou com o inspetor-geral do Serviço dos Incêndios acerca da capacidade de resposta, caso este serviço viesse a ser necessário na intervenção aos distúrbios que a crise do pão estava a provocar. Em sessão de Câmara de 18 de setembro, o vereador Augusto Francisco Vieira viria a apresentar as suas considerações acerca dos tumultos suscitados pelos panificadores e a propor que fossem incumbidas a Direção Geral do Serviço de Obras e a Inspeção Geral dos Incêndios de proceder rapidamente aos estudos sobre a construção, simples e económica, de um estabelecimento para o fabrico do pão nos terrenos municipais situados na rua D. Carlos.22 Mais uma vez de volta à questão e cerca de cinco anos depois da cedência do extinto convento da Esperança para o estabelecimento das padarias, a proposta foi unanimemente aprovada. Com efeito, o vereador Martinho Guimarães, depois de dar a sua opinião sobre o assunto, propôs que fossem dadas ordens para que, urgentemente, se preparassem as estações de incêndios e os talhos municipais de modo a poderem fazer a venda de pão, fundamental para debelar a crise
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Idem, ibidem, p. 276.
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