Jornal Municipal - Abr|Mai|JunJm'13

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SETÚBAL JORNAL MUNICIPAL.abril | maio | junho 2013.ano 13.n.º 49

Dá gosto comprar na praça

pág. 16

Bairro Santos Nicolau marcha para a vitória págs. 4 e 5

O Mercado do Livramento está como novo. A requalificação geral do principal espaço comercial de Setúbal permitiu incluir novas valências no edifício e uma zona técnica para os comerciantes

Programa especial europeu apoia Convento de Jesus

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Ruas bonitas em jornada de cidadania Mais de 6500 pessoas de todas as idades na terceira edição do Setúbal Mais Bonita págs. 14 e 15

Música recebida de braços abertos

pág. 17

Momentos de glória pág. 25

Bela Vista abre pátios ao convívio Renovação de todos os espaços comuns aumenta qualidade de vida no bairro

pág. 7


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sumário

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4  PRIMEIRO PLANO  A reconversão geral do Mercado do Livramento está concluída, bem como dos 19 pátios da Bela Vista. O Convento de Jesus foi escolhido para beneficiar de uma operação europeia de recuperação. 8  LOCAL  A reabilitação de imóveis particulares do centro histórico goza de incentivos especiais. O mesmo local foi alvo de um teste antissismo que mostrou prontidão. O concelho saiu à rua para comemorar o 25 de Abril. 11  ECONOMIA  A Autarquia está a captar o interesse de investimento estrangeiro no concelho e a criar condições para os empresários locais se internacionalizarem. A obra do Alegro segue a bom ritmo. 12  FREGUESIA  A malha corrida dispõe de pista na freguesia de S. Sebastião e a Anunciada admira o Sado a partir de mais um miradouro. Em S. Simão foi reaberto um lavadouro e S. Lourenço tem um novo posto turístico. 13  TURISMO  O novo Festival Ibérico do Vinho, de promoção dos néctares de Portugal e Espanha, é um centro de contactos para as marcas. Em Azeitão, são os sabores da Arrábida que atraem os visitantes. 14  PLANO CENTRAL  Setúbal está cada vez mais bonita com uma campanha que junta as vontades de milhares de pessoas, de crianças a adultos. Durante três dias, 6500 voluntários deitaram mãos à obra por uma causa comum. 16  CULTURA  As marchas premiaram o brio das coletividades num concelho que tem um certame particular que junta músicos conceituados à comunidade local. O rock português dispõe em Setúbal um festival inédito. 20  CIDADANIA  O Nosso Bairro, Nossa Cidade, responsável pelo envolvimento dos moradores da Bela Vista em processos de decisão, teve o primeiro encontro. Um jovem soldador dá cartas dentro e fora de Portugal. 21  DESPORTO  Pescadores desportivos têm uma feira onde podem trocar ideias e melhorar os seus conhecimentos. A exposição de José Mourinho, o homem e o profissional, mostrou um percurso de êxito. 22  EDUCAÇÃO  Miúdos e graúdos brincaram à grande no Há Festa no Parque durante dois dias, uma edição com o recorde de 10 mil participantes. Uma semana transmitiu noções de segurança rodoviária. 23  ACADEMIA  Quatro finalistas da Escola Superior de Saúde propõem-se melhorar a qualidade de vida de quem sofre de fibromialgia. Da Escola Superior de Tecnologia vem um sensor para prevenir fogos. 24  RETRATOS  Uma costureira da Baixa faz por arrancar um sorriso de satisfação a cada cliente. Fátima Pereira tem nos livros a grande paixão e passou da leitura à escrita, o que já lhe valeu vários prémios. 25  INICIATIVA  A Academia de Rugby Clube de Setúbal ensina às crianças as noções de um desporto de adultos. Para que o crescimento seja completo, o projeto transmite os valores da solidariedade e entreajuda. 26  MEMÓRIA  O Quartel do 11, para onde a Escola de Hotelaria e Turismo se mudou, foi onde Bocage assentou praça. D. Pedro Fernandes Sardinha foi o primeiro bispo do Brasil, onde teve um fim trágico. 28  PLANO SEGUINTE  A Feira de Sant’Iago apresenta um cartaz musical forte e muitas propostas para dias bem passados no recinto das Manteigadas. A animação não falta também por todo o concelho com as festas de verão.

informações úteis

Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: DICI/Divisão de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Hugo Martins, Manuel Cordeiro, Marco Silva, Susana Manteigas Fotografia: Mário Peneque, José Luís Costa Paginação: Humberto Ferreira Impressão: Daniel & Lino, Lda. Redação: DICI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal Telefone: 265 541 500 E-mail: dici@mun-setubal.pt Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição Gratuita Depósito Legal N.º 183262/02

Sugestões e informações dirigidas a este jornal podem ser enviadas ao cuidado da redação para o endereço indicado nesta ficha técnica.

Câmara Municipal

Turismo

Paços do Concelho Praça de Bocage 265 541 500 | 808 200 717 (linha azul) Gabinete da Presidência gap@mun-setubal.pt Departamento de Administração Geral e Finanças | daf@mun-setubal.pt Gabinete da Participação Cidadã gapc@mun-setubal.pt

Casa da Baía de Setúbal Centro de Promoção Turística Av. Luísa Todi, 468 265 545 010 | 915 174 442

Edifício da Praça do Brasil Praça do Brasil, 17 265 547 900 Departamento de Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclusão Social Departamento de Recursos Humanos Edifício Sado Rua Acácio Barradas, 27-29 265 537 000 Departamento de Ambiente e Atividades Económicas daae@mun-setubal.pt Departamento de Obras Municipais dom@mun-setubal.pt Departamento de Urbanismo Gabinete de Apoio ao Consumidor Praça Almirante Reis 265 534 086 Gabinete de Apoio ao Empresário Av. Belo Horizonte – Escarpas de Santos Nicolau 265 545 150 gae@mun-setubal.pt SEI – Setúbal, Etnias e Imigração Rua Amílcar Cabral, 4-6 265 545 177 | Fax: 265 545 174 sei@mun-setubal.pt Gabinete da Juventude Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 gajuve@mun-setubal.pt

Posto Municipal de Turismo - Azeitão Rua José Augusto Coelho, 27 212 180 729 Loja municipal “Coisas de Setúbal” Praça de Bocage – Paços do Concelho coisasdesetubal@mun-setubal.pt

espaços culturais Biblioteca Pública Municipal Serviços Centrais Av. Luísa Todi, 188 265 537 240 Polo da Bela Vista Rua do Moinho, 5 265 751 003 Polo Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra Estrada Nacional 10, Pontes 265 706 833 Polo de S. Julião Pct. Ilha da Madeira (à Av. de Angola) 265 552 210 Polo Sebastião da Gama Rua de Lisboa, 11, V. Nogueira Azeitão 212 188 398 Fórum Municipal Luísa Todi Av. Luísa Todi, 61-67 265 522 127 Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 Museu de Setúbal/Convento de Jesus Galeria de Pintura Quinhentista Rua do Balneário Dr. Paula Borba 265 537 890

Museu do Trabalho Michel Giacometti Utilidade Pública Lg. Defensores da República 265 537 880 Loja do Cidadão Av. Bento Gonçalves, 30 – D Casa Bocage 265 550 200 Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro Balcão CMS: 265 550 228/29/30 Rua Edmond Bartissol, 12 265 229 255 Piquete de água 265 529 800 Piquete de gás 800 273 030 Museu Sebastião da Gama Eletricidade 800 505 505 Rua de Lisboa, 11 Vila Nogueira de Azeitão Urgências 212 188 399 SOS 112 Casa do Corpo Santo Intoxicações Museu do Barroco 217 950 143 Rua do Corpo Santo, 7 SOS Criança 265 534 402 808 242 400 Cinema Charlot – Auditório Municipal Linha Saúde 24 Rua Dr. António Manuel Gamito 808 242 424 265 522 446 Hospital S. Bernardo 265 549 000 equipamentos Hospital Ortopédico do Outão desportivos 265 543 900 Companhia Bombeiros Sapadores Complexo Piscinas das Manteigadas 265 522 122 Via Cabeço da Bolota 265 729 600 Linha Verde CBSS 800 212 216 Piscina Municipal das Palmeiras Bombeiros Voluntários de Setúbal Av. Independência das Colónias 265 538 090 265 542 590 Proteção Civil 265 739 330 Piscina Municipal de Azeitão Rua Dr. Agostinho Machado Faria Proteção à Floresta 212 199 540 117 Capitania do Porto de Setúbal Complexo Municipal de Atletismo 265 548 270 Estrada Vale da Rosa Comissão Proteção Crianças 265 793 980 e Jovens de Setúbal 265 550 600 Pavilhão Municipal das Manteigadas PSP Via Cabeço da Bolota 265 522 018 265 739 890 GNR Pavilhão João dos Santos 265 522 022 Rua Batalha do Viso 265 573 212


editorial

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Extraordinárias mudanças Este será o último Jornal Municipal a ser entregue aos munícipes setubalenses e azeitonenses antes das eleições autárquicas de setembro. Concluímos, assim, mais um ciclo de trabalho autárquico a que entendemos que deve estar sempre associada a obrigação de informar todos sobre o trabalho municipal. Fizemo-lo, como sempre, numa base regular. Por isso mesmo, entendemos que agora é o momento de interromper esta publicação. Este último número do Jornal Municipal antes de eleições evidencia, sem margem para dúvidas, o enorme trabalho que a Autarquia continua a fazer e que, num curto período de quatro anos,

A ação municipal facilitou a criação de mais de 4 mil postos de trabalho que resultam de investimentos de cerca de 800 milhões de euros

operou extraordinárias mudanças na cidade. Negá-lo é negar a própria realidade. A realidade que se vê nas mudanças na zona ribeirinha, em equipamentos culturais como o Fórum Municipal Luísa Todi ou a Casa da Cultura, que se vê na recuperação dos nossos maiores bairros sociais, na requalificação de espaços públicos como os da zona nascente do Troino, na transformação da Avenida Luísa Todi como um dos principais polos de atração

de visitantes e de negócios, contribuindo assim para uma inversão do processo de erosão do nosso centro histórico, na qualificação da nossa hotelaria, na criação de novos projetos turísticos, na promoção dos nossos produtos regionais, na qualificação dos serviços municipais. A criação de uma cidade qualificada, atrativa, com polos de desenvolvimento bem identificados é algo que está ao alcance das competências municipais. Essa é a cidade em que nos temos empenhado, a cidade que gera mais desenvolvimento, mais inclusão social, mais cultura. A cidade que gera mais trabalho, que produz mais emprego. No mandato que agora termina, a ação municipal facilitou a criação, em Setúbal, de mais de 4 mil postos de trabalho que resultam de investimentos privados no concelho estimados em cerca de 800 milhões de euros. Mas terá sido a Autarquia que criou estes postos de trabalho? A Câmara Municipal de Setúbal apenas criou as condições para estes investimentos, apenas os procurou ativamente, apenas tornou a sua máquina técnica e administrativa mais eficaz, apenas cumpriu o seu papel com as competências e instrumentos que tem à sua disposição. Esse é o seu papel, essas são as suas competências, mesmo que por estes dias haja quem queira convencer-nos de que as autarquias dispõem de varinhas mágicas capazes de tudo resolver. Setúbal tem hoje mais visibilidade, é mais respeitada e impõe-se, cada vez mais, como uma das mais importantes cidades do país. Hoje, somos Mais Cidade. Somos Mais Setúbal.

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal


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Livramento renova tradição comercial O Mercado do Livramento está com um novo fulgor. Há mais qualidade no tradicional espaço de comércio setubalense, com modernas condições de funcionamento, melhores capacidades operacionais e novas valências, direcionadas para a atividade empresarial. É o resultado de uma requalificação liderada pela Câmara Municipal que só tem paralelo com as primeiras obras realizadas no equipamento em 1930

primeiro plano

H

á de tudo um pouco no Mercado do Livramento. Peixe fresco, produtos hortofrutícolas variados, pão, vinho, queijos e enchidos, flores, artigos artesanais e também os jornais do dia. Tudo num espaço requalificado, amplo e moderno, agora mais apetrechado para as exigências do futuro. Uma visita ao equipamento municipal é mais do que uma simples tarefa para fazer as compras do dia ou da semana. É um pretexto para um passeio que serve para espairecer, para reencontrar velhos e novos amigos, em momentos de convívio, sempre com temas de conversa diferentes. No Livramento, há novas dinâmicas de trabalho e um renovado con-

ceito de funcionamento, com melhoradas bancas de venda, maiores lojas nos pisos térreo e superior e amplas áreas técnicas e logísticas. Isto num espaço alindado por um painel azulejar único e esculturas alusivas a profissões locais, muito solicitadas para um instantâneo. As intervenções lideradas pela Câmara Municipal de Setúbal, que foram muito além da renovação dos espaços de venda e da beneficiação geral do edifício, reforçam o objetivo de tornar o mercado num espaço de referência nacional, que alia soluções técnicas modernas, essenciais para o presente e o futuro do equipamento, a uma tradição secular. Uma zona técnica, criada a partir da

ampliação do edifício, a sul, ação que permitiu reforçar e melhorar as condições operacionais e logísticas, é uma das principais novidades introduzidas com a execução da última fase de obras no Mercado do Livramento, ultimada em finais de abril. Este espaço, de complemento da atividade regular do equipamento comercial, é composto por um amplo cais de cargas e descargas, apetrechado com um conjunto de valências que inclui, entre outras, um refeitório, uma portaria, instalações sanitárias e um sistema para tratamento de resíduos sólidos urbanos. O piso superior do Mercado do Livramento, outra das zonas nas

quais se centraram os trabalhos da última fase de intervenções do equipamento, está também totalmente remodelado e melhorado, apresentando, agora, um conjunto de novos equipamentos, como elevadores, balneários e vários espaços de comércio e iniciativas empresariais. A empreitada “Requalificação e Modernização do Mercado do Livramento”, do PIVZRS – Programa Integrado de Valorização da Zona Ribeirinha de Setúbal, constitui um investimento global de 4 milhões, 291 mil e 246,84 euros, montante comparticipado por fundos comunitários, com uma taxa de 65 por cento, através do PORLisboa – Programa Operacional Regional

Mercado de A melhoria da atratividade e das condições operacionais do Mercado do Livramento foi destacada pela presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, na cerimónia que assinalou a conclusão das obras de modernização do equipamento, realizada a 24 de abril. “Temos um espaço em que a modernidade convive harmoniosamente com a tradição de um mercado fundado em 1876”, sublinhou a autarca, destacando que as profundas intervenções de beneficiação cimentaram o “Livramento como um espaço de referência nacional”. As novas valências criadas naquele espaço comercial foram destacadas pela edil setubalense. “Com o cais é possível realizar as operações de car-


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ZONA TÉCNICA CONSERVAÇÃO. Além de uma área destinada aos serviços de fiscalização e veterinária, a zona técnica dispõe de espaços para câmaras frigoríficas, para o fornecimento de gelo e armazenamento e refrigeração de vários produtos. HIGIENE. Todo o sistema de recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos está agora centralizado nesta zona do equipamento, com contentores, um compactador de lixo e uma área para recolha de resíduos alimentares. EFICIÊNCIA. O Mercado do Livramento está apetrechado com um gerador de emergência que assegura a iluminação na totalidade do edifício e o funcionamento das bombas de esgoto em caso de falha de energia elétrica.

NINHO EMPRESARIAL GABINETES. O Ninho de Novas Iniciativas Empresariais, a funcionar na zona das galerias, conta com vinte gabinetes individuais, com uma área de cerca de 25 metros quadrados cada, e diversos espaços de utilização comum. PROTOCOLO. Um dos gabinetes foi cedido pela Autarquia à Associação de Comerciantes do Mercado do Livramento, para o apoio ao desenvolvimento de um conjunto de atividades culturais, como o Artes no Mercado.

de Lisboa, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.

Arranjos exteriores A requalificação do Mercado do Livramento incluiu a remodelação dos espaços exteriores, já concretizados na Rua Oriental do Mercado, com um conjunto de intervenções de beneficiação que envolveu a colocação de bancos e árvores, o reforço da iluminação pública e a criação de novas áreas pedonais. A Câmara Municipal de Setúbal vai ainda avançar em breve com a requalificação da Rua Ocidental do Mercado, operação que inclui o arranjo de passeios, a substituição

dos sistemas de saneamento e a repavimentação da totalidade da via. A aquisição de um lote de terreno a sul, anexo à nova zona técnica, para a construção de uma área de estacionamento para utilização pública, destinado, em particular, aos clientes do Mercado do Livramento, está também no horizonte da Autarquia. Enquanto não há uma decisão definitiva, aquele espaço pode ser utilizado para estacionamento automóvel, tendo a Câmara Municipal realizado um conjunto de ações que permitiram dotar a área com condições de usufruto, incluindo a criação de um pavimento em tout venant e a construção de rampas de acesso.

referência nacional ga e descarga de artigos no interior do edifício, medida que constitui um forte contributo para reduzir os problemas de trânsito verificados nas imediações do mercado.” O piso superior do mercado, outra das zonas na qual se centraram os trabalhos da última fase de intervenções no edifício, está totalmente remodelado, com um conjunto de novos equipamentos e serviços. “Este é o resultado da visão estratégica da Autarquia para a criação de mais desenvolvimento, mais riqueza, mais trabalho para a população, uma aposta para que possamos ultrapassar mais depressa esta tenebrosa crise para onde fomos arrastados e onde nos querem afundar ainda mais”, vincou Maria das Dores Meira.

Uma homenagem aos trabalhadores falecidos num acidente verificado durante as obras de requalificação do imóvel, a 7 de fevereiro de 2012, fez também parte da inauguração. Após o descerramento de uma placa, colocada na parede sul, houve um minuto de silêncio em memória das vítimas. A reposição do valioso património azulejar, seriamente danificado nesse acidente, foi igualmente enaltecida pela autarca, operação concretizada com o apoio mecenático da Fundação Buehler­ ‑Brockhaus. “Ali está ele, de novo a alegrar este mercado, de novo a fazer com que o Livramento seja um mercado único, seja a praça de Setúbal que sempre foi.”

MULTIUSOS. Além de uma área preparada para a instalação de uma cafetaria, o novo serviço conta com várias salas de apoio, para atividades de formação e reuniões, e um auditório polivalente equipado com meios audiovisuais.

PISO SUPERIOR LOJAS. A ampliação do edifício do mercado permitiu a criação de 13 novas lojas no topo sul, mais amplas, com comércio variado, incluindo dois cafés, um cabeleireiro e uma loja de estética, um pronto-a-vestir e artigos de pesca. APOIO. A adaptação do piso superior resultou na criação de dois novos espaços onde funcionam os gabinetes municipais de Apoio ao Empresário e do Consumidor, valências que passam a estar mais próximas dos utilizadores. CONFORTO. Novos balneários, amplos e dotados de todas as condições de conforto, para utilização dos funcionários da Autarquia e dos operadores do Mercado do Livramento, foram instalados no renovado equipamento.

Nú me ros

6000 1876 132 125 44 24 4

metros quadrados é a área total de implantação é a data de fundação do Mercado do Livramento bancas com várias atividades comerciais produtores inscritos nas vendas lojas nos pisos térreo e superior metros de comprimento na nova área técnica estátuas alusivas a profissões embelezam o equipamento


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A valia histórica e arquitetónica levou o Convento de Jesus a ser incluído num programa europeu de reabilitação do património. A medida permite a recuperação integral do imóvel e a reabertura em pleno da joia manuelina com novas valências culturais e turísticas

Convento avança para obra global

primeiro plano

Luz verde para o restauro total do Convento de Jesus. Um novo incentivo de âmbito europeu permite avançar com um conjunto de intervenções de reabilitação mais abrangentes e devolver à cidade um dos marcos principais do manuelino em Portugal. A importância histórica e arquitetónica do imóvel foram fundamentais para a decisão de um painel de peritos internacionais de incluir este monumento nacional num programa da organização Europa Nostra, apoiado pelo Instituto do Banco Europeu de Investimento, que visa a canalização dos fundos necessários para a recuperação de património. O apoio à reabilitação do Convento de Jesus foi anunciado em junho, em Atenas, Grécia, nas celebra-

ções do quinquagésimo aniversário da Federação Pan-Europeia de Património Cultural, que englobou o edifício do século XV numa lista restrita de sete monumentos em risco de degradação que, pelo valor que possuem, justificam uma intervenção prioritária. Durante o verão, uma equipa de especialistas visita o convento, inteirando-se do projeto de recuperação e das condições de preservação do imóvel, com o intuito de preparar um plano de ação, com apresentação oficial programada para dezembro. Incluídos no programa “Os Sete Mais em Risco” estão, além do Convento de Jesus, o único votado por unanimidade, o anfiteatro romano de Durrës, na Albânia, a zona de separação no centro histórico de

Nicósia, Chipre, as fortificações setecentistas de Briançon, França, o mosteiro renascentista de San Benedetto Po, Itália, a paisagem histórica mineira de ­Rosia Montana, Roménia, e a Igreja de São Jorge em Mardin, Turquia. O Convento de Jesus está neste momento a ser alvo de uma empreitada num investimento superior a três milhões de euros que a Câmara Municipal lançou no final do ano passado, com apoios comunitários, no âmbito de uma candidatura apresentada com o objetivo de suster a degradação e permitir a reabertura ao público de uma ala do edifício, numa zona que acolherá peças do acervo do Museu de Setúbal, incluindo a Galeria de Pintura Quinhentista.

Hotelaria alargada A proximidade da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal com a população é reforçada graças à mudança das instalações para um antigo espaço militar da cidade, equipamento que disponibiliza, em breve, novos serviços para o público e valências que permitiram redimensionar o estabelecimento de ensino e alargar a oferta formativa. Com capacidade para um total de 250 alunos, o novo equipamento, criado num espaço adquirido pela Câmara Municipal de Setúbal por cerca de 2,5 milhões de euros e cedido ao Turismo de Portugal, conta com oito salas de aula, uma biblioteca, um auditório de cozinha que permite assistir à confeção de pratos, uma sala de enologia e várias áreas técnicas. Na área da formação, as novas valências da Escola de Hotelaria e ­Turismo de Setúbal incluem ainda um restaurante, um bar e um hotel de aplicação, com mais de duas dezenas de quartos, serviços dinamizados pelos alunos do estabe-

lecimento de ensino, que podem aplicar os conhecimentos em contexto real de trabalho. No requalificado Quartel do 11, além de um auditório multiusos, funciona uma galeria municipal, espaço dinamizado pela Autarquia que abriu ao público em finais de março, com uma exposição dedicada a José Mourinho. A entrada em funcionamento das novas instalações da escola, instalada numa zona perto da frente ribeirinha e numa Avenida Luísa Todi totalmente reabilitada, além da criação de novas dinâmicas de ensino, permite o reforço das condições de atratividade turística da cidade. A obra, com um custo global de 7,8 milhões de euros, é um investimento suportado pelo Turismo de Portugal e financiado por fundos comunitários através do PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.

Requalificação transforma Troino Um dos mais castiços e típicos bairros de Setúbal está como novo. De uma ponta a outra, a zona nascente do Troino, com mais de 10 mil metros quadrados, foi totalmente requalificada através de uma operação que aliou elementos modernos urbanos às linhas arquitetónicas tradicionais. “Este é mais um passo de extrema importância e relevante significado para a requalificação da cidade. Apesar do trabalho complexo, foi possível reabilitar um espaço com uma grande história e tradição”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, a 21 de março, na cerimónia de inauguração das obras. O projeto “Requalificação e Revitalização Urbana do Bairro do Troino Nascente”, incluído no ReSet – Programa de Regeneração Urbana do

Centro Histórico de Setúbal, materializa um investimento global de 919 mil e 317,94 euros, financiado com o apoio de fundos comunitários canalizados através do PORLisboa – Programa Operacional Regio-

nal de Lisboa, ao abrigo do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional. As intervenções, que devolveram a primazia à circulação pedonal nas ruas do bairro, incluíram a subs-

tituição total das redes de esgotos e abastecimento de água e a reformulação integral do sistema de drenagem de águas pluviais, medida que soluciona vários problemas relacionados com inundações que afetavam a zona. Numa empreitada complementar, orçada em 73 mil e 651,13 euros, foi reabilitada a Praça Teófilo Braga, ação que visou a modernização daquele espaço com a introdução de elementos urbanos de expressão contemporânea. Os trabalhos tiveram como objetivo a reabilitação do pavimento, a limpeza do Chafariz do Sapal e a conservação dos muros situados no perímetro exterior daquele local, mantidos para conservar uma barreira de proteção de forma a evitar o estacionamento automóvel desordenado na zona.


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A Câmara Muncipal promoveu a recuperação dos 19 pátios da Bela Vista, uma obra de mais de um milhão de euros que contribui para a melhoria da imagem e da qualidade de vida do bairro

E1A - Paraquedistas

E1B

E2A - Escoteiros

E2A - ACM

E2B - Antigo Pátio das Hortas

E2B - Biblioteca

E3

E3

E3

E3 - Unidades Económicas

E3

E3 - Café da Bela Vista

E3 - Centro Cultural Africano

E4

E4 - Quinta Nova

E4 - Jardins de infância

E5 - Programa Escolhas

E5 - Especialistas da Força Aérea

E5 - Mercado Social

Bela Vista comunica entre pátios novos

Um pátio é ponto de encontro entre vizinhos e amigos, de reuniões e de festejos, de namoros e jogos infantis. É este o espírito devolvido ao Bairro da Bela Vista com a reabilitação dos 19 espaços comuns. Um trabalho feito em conjunto entre moradores e Câmara Municipal A criação de espaços de lazer que asseguram a circulação entre os blocos de edifícios é o principal objetivo da reabilitação dos 19 pátios do bairro da Bela Vista, inaugurados a 1 de junho pela Câmara Municipal. Iluminação, repavimentação, drenagem de águas pluviais e arborização foram aspetos alvo de intervenção destas áreas comuns, com um total de 32 mil metros quadrados, criando novas zonas de estadia e equipamentos para uma ocupação coletiva e multifuncional. O projeto “Reconversão dos Espaços Comuns da Bela Vista”, integrado no programa RUBE – Regeneração Urbana da Bela Vista e Zona Envolvente, teve um investimento de 1 milhão e 285 mil euros, comparticipado em 65 por cento através do PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, ao abrigo do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional. A obra incluiu substituição integral dos pavimentos por materiais de várias cores e calçadas de vidraço e cubos de granito, remodelação da rede de iluminação pública, plantação de mais de duas centenas de árvores, mobiliário urbano novo, como bancos e papeleiras, sumidouros para aumentar a eficiência da drenagem das águas pluviais, zonas de estacionamento automóvel organizado e condições para a entrada e circulação de viaturas de emergência e para cargas e descargas. A intervenção envolveu ainda a recuperação de um anfiteatro existente num dos pátios e a criação de outras duas zonas com funções idênticas que permitem a prática de desportos e a dinamização de iniciativas culturais. Durante cerca de duas horas, Maria das Dores Meira,

acompanhada de vereadores e do presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, percorreu os novos espaços, dotados de rampas e escadas que asseguram, sem barreiras urbanísticas, a acessibilidade entre os 19 pátios. No último, com um anfiteatro, foi descerrada uma placa que assinala a inauguração desta obra, que a presidente da Câmara Municipal destacou como uma “âncora” para uma melhor qualidade de vida e sentimento de pertença dos moradores. A autarca lembrou ainda que noutra intervenção, de recuperação de edifícios, como a pintura de fachadas, no âmbito do programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, foram os próprios moradores que, “com as suas mãos e o seu saber”, quiseram “ajudar a transformar o bairro”, tornando-o num espaço onde “todos se sintam bem”. De igual forma, decidiram o que se deveria arranjar, pintar e melhorar. A Câmara Municipal “apenas criou as condições para que fosse também a população do bairro a assumir esta colossal missão”. Maria das Dores Meira exemplificou esta mudança com o trabalho conseguido no Forte da Bela Vista, bairro que “foi todo recuperado pelos moradores” e que “hoje não tem um risco numa parede”. À passagem pelos pátios, a comitiva foi recebida em ambiente de festa, com momentos de dança pelos jovens da ACM e uma exposição de pintura no pátio onde está localizado o Centro Cultural Africano. Iniciativas que demonstram que os pátios são agora “áreas multifuncionais aptas a enquadrar quotidianamente várias atividades”, como referiu a presidente da Câmara Municipal.

METAMORFOSE. A instalação do escultor João Limpinho, patente na Rua do Monte, feita nomeadamente a partir de sucata, com a participação de alunos do Agrupamento Vertical de Escolas Ordem de Sant’Iago, inaugura o Núcleo Museológico Urbano da Bela Vista, simbolizando a transformação do bairro. O conjunto de borboletas é o ponto de partida do projeto, que prevê mais 16 peças a instalar nos pátios renovados.


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Mais parques infantis

Cinco novos parques infantis, instalados em áreas com cerca de 225 metros quadrados, são instalados, em breve, pela Câmara Municipal de Setúbal, num investimento global de 140.029,11 euros executado por ajuste direto. Os parques infantis, todos com equipamentos idênticos, apetrechados de um piso amortecedor e delimitados por uma vedação, são criados nas pracetas Carlos Frescata e das Amoreiras, nos bairros Grito do Povo e dos Pinheirinhos e no Largo Cidade de Magdeburgo.

Intervenção renova imagem

Saneamento melhora

As condições de circulação pedonal e de estacionamento automóvel na Rua do Mormugão são melhoradas com um­ conjunto de arranjos urbanísticos, numa extensão com cerca de 150 metros, a decorrer até julho. A intervenção, orçada em 52.844,07 euros, inclui a requalificação integral das áreas pedonais, a reorganização das zonas de parqueamento automóvel, o alargamento das caleiras de árvores plantadas na via, a deslocalização de luminárias e o reforço da iluminação pública.

Uma empreitada da Autarquia está a melhorar a eficiência de três estações elevatórias de águas residuais instaladas na Avenida Luísa Todi, no Parque do Bonfim e no Clube Naval Setubalense. A melhoria destes equipamentos, um investimento de 146.266,79 euros a decorrer até ao final de julho, é alcançada com a substituição dos sistemas elétricos, que passam a ficar instalados em anexos técnicos construídos ao nível do solo, devidamente enquadrados no espaço paisagístico envolvente.

Brejos de Azeitão beneficia redes

Uma empreitada orçada em 71.677,21 euros pretende melhorar a eficiência do abastecimento de águas às populações de cerca de duas centenas de moradias numa área a norte de Brejos de Azeitão e dotar a zona das Galeotas de uma rede de saneamento básico. Na mesma zona, mais a sul, um investimento de 54.785,27 euros da Câmara Municipal reabilitou o sistema de abastecimento de água, com trabalhos centrados na Rua do Roseiral que incluíram a substituição e ampliação de infraestruturas.

Incentivo à reabilitação urbana

A recuperação dos edifícios dos centros históricos de Setúbal e Azeitão tem importantes aliados que possibilitam reduzir os custos dessas operações. O programa foi apresentado publicamente e pretende estimular o potencial de renovação das zonas mais antigas do concelho

Incentivos fiscais e minorações de taxas municipais são algumas das várias vantagens proporcionadas pela Câmara Municipal aos proprietários que recuperem imóveis nos centros históricos da cidade de Setúbal e de Azeitão.

As medidas, definidas no âmbito das ARU – Área de Reabilitação Urbana delimitadas para Setúbal e Azeitão, foram apresentadas no final de abril em sessão pública que contou com a participação da presidente da Câmara Municipal, Maria

das Dores Meira, e do vereador do Urbanismo, André Martins. “Podemos proporcionar aos proprietários um conjunto de incentivos fiscais que passam pela isenção do IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis] durante cinco anos e pela isenção do IMT [Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis] na primeira transmissão do imóvel reabilitado”, anunciou Maria das Dores Meira. A autarca adiantou igualmente que os benefícios aos proprietários que recuperem imóveis nas áreas delimitadas incluem “um regime especial para as taxas administrativas municipais”, que define isenções na constituição de propriedade horizontal, na aquisição de informações prévias e nas vistorias e a redução para metade do valor da maioria das taxas urbanísticas. O Município assegura também que será feito “o acompanhamento

local

Liberdade regulariza loteamento Uma operação de loteamento da área mais antiga do Bairro da Liberdade, medida que visa a regularização daquela área urbana e a melhoria da qualidade de vida da população, foi aprovada no final de maio, em reunião pública, pela Câmara Municipal. A iniciativa pretende lotear uma zona com perto de 40 mil metros quadrados, respeitante à “Fase Velha” do Bairro da Liberdade, área urbana localizada na freguesia de S. Sebastião, cuja ocupação habitacional remonta a meados dos anos 60, abrangendo um total de 76.325 metros quadrados. A aprovação do Loteamento Municipal do Bairro da Liberdade permite criar um total de 94 lotes, incluindo a regularização de 70, a criação de 18 novos e a definição de seis complementos para incorporar em parcelas já desanexadas. A regularização da propriedade do solo, medida que proporciona aos moradores adquirir os terrenos nos quais existem habitações, é um dos principais objetivos desta ação, destinada ainda à reabilitação e requalificação do bairro com a melhoria das infraestruturas urbanas, nomeadamente através da criação de espaços verdes e do reforço das condições de salubridade. A melhoria da qualidade de vivência e o incremento das condições de circulação automóvel, com a abertura de novos arruamentos que permitam o acesso de veículos de emergência e socorro a todas as habitações, são outras operações possíveis de concretizar com a aprovação do loteamento.

pró-ativo das ações de reabilitação e a simplificação de todos os procedimentos administrativos”. A arquiteta Rita Barreiro, coordenadora da equipa técnica municipal constituída para dar continuidade ao projeto, adiantou que ambas as áreas se focam principalmente nos respetivos centros históricos. A de Setúbal inclui, ainda, o Bairro Salgado, “que antes estava completamente desprotegido”, enquanto a de Azeitão centra-se no núcleo histórico de Vila Nogueira, a partir da Rua José Augusto Coelho, e em Aldeia Rica. A Autarquia estima que no total das duas ARU perto de 3200 edifícios estão a precisar de intervenções de recuperação, mas cerca de vinte técnicos municipais encontram-se a realizar inquéritos porta a porta para averiguar com precisão o número total de imóveis a reabilitar. Durante o período de diagnóstico, a concluir em breve, é feito o levanta-

mento sistemático de cerca de 2800 edifícios e 6500 frações. A área total das duas ARU está estimada em mais de 1 quilómetro quadrado. O vereador do Urbanismo anunciou que, uma vez terminada a fase de diagnóstico, a Câmara Municipal vai empenhar-se na elaboração de um plano estratégico que pretende definir as medidas, ações e políticas que favorecem a reabilitação dos imóveis nas ARU e as transformam em áreas mais apelativas para o incremento das componentes de comércio tradicional e de habitação, conferindo novas dinâmicas aos territórios. A presidente da Autarquia recordou ainda que a Câmara Municipal está há seis anos a desenvolver “um grande esforço” na reabilitação de imóveis nas zonas histórias do concelho, criando “equipamentos que possam ser âncoras na estratégia de regeneração”.

Espaços verdes sustentáveis As medidas promotoras de uma maior sustentabilidade ambiental na gestão dos espaços verdes em Setúbal foram destacadas pelo vice-presidente da Autarquia, André Martins, num encontro técnico com vários especialistas, realizado a 10 de maio, no Fórum Municipal Luísa Todi. “Temos desenvolvido, nos últimos anos, um conjunto de ações que visam a sustentabilidade dos espaços verdes e uma utilização mais racional do uso da água na rega”, sublinhou André Martins, nas “I Jornadas Técnicas em Espaços Verdes”. O autarca, afirmando que a correta gestão da água “é um fator chave na sustentabilidade dos espaços verdes”, reforçou que a opção estratégica da Autarquia materializa “um impe-

rativo ambiental e económico aliado a uma crescente consciencialização na sociedade de que os recursos hídricos não são ilimitados”. No encontro, promovido pela Câmara Municipal de Setúbal com o patrocínio da empresa Moix, André Martins abordou, igualmente, uma série de boas práticas implementadas no concelho na conceção e manutenção dos espaços verdes, com vista a melhorar a eficiência da gestão e a sustentabilidade ambiental. A “eliminação total da rega com mangueira e a adoção de modernos sistemas gota a gota, com gestão automatizada” foram ações destacadas, assim como a supressão de zonas ajardinadas com uma área inferior a 150 metros quadrados, “medida fundamental para a racionalização” de recursos. Além de trabalhos de adequação dos solos para aumentar a eficiência da água, da produção de plantas nos viveiros municipais e da plantação de espécies mais resistentes nos espaços públicos, bem como para reduzir o crescimento de infestantes, a Autarquia tem vindo a concretizar investimentos para diminuir custos com a rega, nomeadamente optando por furos.


9SETÚBALabril|maio|junho13

Cidadania limpa praias

Reação a sismo testada

Terramoto a fingir avaliou capacidade de reação dos profissionais da área da Proteção Civil e população. O centro histórico é particularmente vulnerável a uma catástrofe. Mas há um plano. Equipas de segurança e população passaram com distinção na avaliação Um simulacro a 6 de junho de um sismo com forte impacto na zona do centro histórico de Setúbal demonstrou a capacidade de articulação das equipas de proteção e socorro locais e nacionais para resposta a um cenário de catástrofe. A presidente da Câmara Municipal e autoridade máxima do serviço de proteção civil sadino sublinhou que o exercício, denominado “Bocage 2013”, “correu muito bem, com todas as entidades envolvidas a responderem da melhor forma aos desafios do simulacro”. O teste pôs à prova a capacidade de rea­ção e coordenação entre equipas de proteção e socorro de Setúbal e outras de âmbito nacional, como o Grupo de Proteção e Socorro da GNR, bem como da própria população. O simulacro, que decorreu ao longo de toda a manhã, consistiu na avaliação da capacidade de resposta da Proteção Civil e dos cidadãos perante a ocorrência de um sismo

de 6,4 na escala de Richter, com epicentro na Ribeira de Coina. Por representarem os edifícios com maior concentração de pessoas no centro histórico, o exercício incidiu na evacuação dos Paços do Concelho, sede da Câmara Municipal, e da Escola Secundária Sebastião da Gama, num grupo em que se incluiu ainda a EB1/JI dos Arcos. O “Bocage 2013”, preparado pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros (SMPCB) durante mês e meio, envolveu a mobilização e participação de 1480 alunos, 80 professores, 25 funcionários escolares e mais de uma centena de técnicos municipais. Este foi o primeiro teste ao Plano Municipal de Intervenção para o Centro Histórico de Setúbal, documento criado pela Autarquia, através do serviço local de Proteção Civil, e que contempla um conjunto de medidas de segurança para aquela zona da

cidade, como a instalação, já realizada, de sinalética orientadora de locais de segurança e colunas de comunicação SOS. “O centro histórico está numa zona muito sensível e é bom saber que o plano de emergência foi cumprido ao milímetro, com todas as instituições a corresponder muito bem”, sintetizou Maria das Dores Meira. O comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal adiantou que, apesar terem sido detetadas pequenas falhas no decurso das operações, algo “que acontece sempre em qualquer lado”, assegurou que essas dificuldades foram insuficientes para afetar os “resultados excelentes” da avaliação global do exercício. O major Paulo Lamego sublinhou igualmente a importância de exercícios desta natureza, não só para testar capacidade de reação das equipas da proteção civil, mas também para incutir “uma cultura de segurança na população”.

Turismo acessível A Casa da Baía – Centro de Promoção Turística, da Câmara Municipal de Setúbal, foi distinguida com um certificado de acessibilidade do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade (ICVM), pelas condições de acesso facultadas a pessoas com mobilidade reduzida. O selo de qualidade atribuído pelo ICVM sublinha que o edifício, inaugurado em 2011, facilita o acesso aos pontos mais relevantes e aos respetivos serviços ali prestados. A questão da mobilidade e acessibilidade urbana a todos os cidadãos tem sido uma das apostas da Câmara Municipal na política de desenvolvimento do concelho. A presidente da Autarquia salientou no dia da entrega do certificado, a 4 de junho, que “se as pessoas com mobilidade reduzida no mundo souberem que podem vir a Setúbal sem problemas de se deslocaram pelas ruas e edifícios, virão com toda a certeza”. Para Maria das Dores Meira, Setúbal “tem feito progressos significativos no campo da mobilidade”, o que constitui “uma questão elementar de justiça social”, acrescentando: “Convém também reparar que o turismo orientado para pessoas com mobilidade reduzida movimenta milhões de euros.” Através do certificado, o Instituto das Cidades e Vilas com Mobilidade reconhece a Casa da Baía como edifício público acessível. O ICVM certifica lugares, públicos ou privados, verdadeiramente acessíveis.

Setúbal ganha faixa ciclável Várias ruas e avenidas da cidade de Setúbal estão a ser preparadas com uma faixa ciclável destinada a promover uma convivência mais harmoniosa entre automobilistas e ciclistas no fluxo rodoviário urbano. A faixa, atualmente com oito quilómetros de extensão, tem como principal objetivo dar maior visibilidade aos ciclistas nas diferentes vias da cidade, fomentando um convívio mais saudável e seguro entre os veículos. A faixa ciclável, na margem direita das vias, como previsto no Código da Estrada para a circulação de ciclistas em rodovias, está a ser implementada faseadamente pela Câmara Municipal. A guia está identificada ao longo do percurso com desenhos de bicicletas, não sendo, porém, exclusiva à circulação de velocípedes, pelo que os automobilistas podem utilizar a faixa, por exemplo, quando a largura da via é insuficiente para garantir o cruzamento em segurança de veículos motorizados.

Centena e meia de crianças e adultos participaram a 25 e 26 de maio em ações de limpeza das praias da Figueirinha e de Albarquel. Além de melhorar a qualidade do areal, as iniciativas promoveram também a educação ambiental e a cidadania participativa. Na atividade municipal “Biodiversidade é da Nossa Responsabilidade”, crianças e jovens passaram uma manhã na Figueirinha a recolher resíduos e a participar em ações de educação ambiental, enquanto o projeto “Amar Setúbal”, da APAMB – Associação Portuguesa de Inspeção e Prevenção Ambiental, colocou miúdos e graúdos a limpar Albarquel.

Bonfim recebe palmeiras

Mais de duas dezenas de palmeiras da Avenida Antero de Quental foram transplantadas para o Parque do Bonfim e viveiros municipais devido às obras de construção do Alegro Setúbal. A ação, conduzida pelos grupos Casvil e Auchan, com a colaboração da Câmara Municipal, tiveram como prioridade a preservação de palmeiras saudáveis, alvo de tratamentos fitossanitários pelos serviços técnicos da Autarquia. Os trabalhos foram de especial complexidade por implicar a retirada dos espécimes do sítio original com recurso a gruas e o transporte em veículos pesados para os respetivos destinos.

Protocolo previne incêndios

Um protocolo entre a Câmara­ Municipal e o Regimento de Engenharia n.º 1 do Exército, celebrado a 6 de junho, viabiliza a limpeza e beneficiação de vias, em particular no Parque Natural da Arrábida. O acordo visa minimizar os riscos de incêndio florestal, estando previstas intervenções ao longo de 27 quilómetros de caminhos e trilhos rurais. Os trabalhos, a realizar no âmbito do Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, devem decorrer até ao final do primeiro semestre de 2014, incidindo nos vales dos Picheleiros e do Alambre, mas também no Parque Sant’Iago e na Estrada de Palmela.

Obras melhoram circulação

A Câmara Municipal está a reparar rodovias, no âmbito do plano anual de conservação e manutenção de vias, para eliminar situações pontuais e anómalas através da aplicação de massas betuminosas. As condições de circulação e segurança rodoviária são ainda melhoradas com a repintura de um conjunto alargado de vias estruturantes, num investimento de 41.614,12 euros a decorrer até julho. Estes trabalhos visam reforçar as marcas rodoviárias que regulam e orientam os automobilistas e outros utentes na via pública, afetadas pela constante utilização e passagem de veículos.


10SETÚBALabril|maio|junho13

Por um coração saudável

Comemorações contra a austeridade

Setúbal não foi austera a celebrar mais um ano sobre a Revolução dos Cravos. A população saiu à rua para festejar o dia em que a luz expulsou a escuridão. A presidente da Câmara Municipal afirmou que é tempo de Portugal afirmar a sua soberania Setúbal comemorou com festa em todo o concelho os 39 anos do 25 de Abril, mas a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, lembrou a urgência em substituir o modelo assente na austeridade por políticas a favor dos portugueses. Comemorar Abril em 2013, assinalou a autarca na sessão solene comemorativa da Assembleia Municipal de Setúbal, “é afirmar que um povo não se vende”, que “Portugal não é dos especuladores, não é da troika”, mas, sim, “dos portugueses e das portuguesas”. Maria das Dores Meira apontou a necessidade de “afirmar a nossa soberania”, de “recuperar o poder de decidir sobre as nossas vidas e que caminhos queremos trilhar”, recusando a ideia de que não existe política alternativa para enfrentar a conjuntura económicofinanceira. “Exijamos outro caminho que não este da austeridade cega e a todo o custo, da austeridade à conta de quem não pode, de quem não tem, de quem está prestes a cair no desemprego, na miséria, na doença. Em nome de Abril, exijamos o fim desta política que destrói o País”, sublinhou. Numa deposição de flores no Monumento à Resistência, na Avenida Luísa Todi, iniciativa organizada em conjunto com a União de Resistentes Antifascistas, Pedro Soares, da

delegação de Setúbal desta instituição, alertou que “a ordem democrática do 25 de Abril é constantemente ofendida” e que, por isso, “é importante refletir, porque a luta contra o monstro [fascismo] ainda não acabou”.

Concelho em festa Empunhando cravos vermelhos, símbolos da revolução da liberdade, os setubalenses participaram ativamente nas iniciativas de um programa organizado pela Câmara Municipal, pelas juntas de freguesia e por diversas instituições, com cerimónias e muita atividade cultural, desportiva e de lazer. Na Praça de Bocage, decorreu uma animação infantil de ópera ligeira “Nos Castelos de D. Afonso Henriques”, da autoria de José Carlos Godinho, por alunos da EB 2,3 de Azeitão, uma forma original de contar a história do início do Portugal, seguindo-se uma atuação da Banda Filarmónica da Sociedade Musical Capricho Setubalense. Uma comitiva do Executivo municipal fez o habitual périplo pelas freguesias, onde, além de convívio intergeracional motivado pelas comemorações dos 39 anos da Revolução dos Cravos, foram inaugurados espaços e equipamentos públicos, obras para usufruto

da população, executadas no espírito de uma política de proximidade e que materializam os valores democráticos conquistados por Abril (ver Freguesia). Uma das inaugurações foi no Bosque do Centenário, em Vale do Cobro, de uma placa escultórica de homenagem pelos 100 anos de Álvaro Cunhal. Destaque ainda para a festa inédita promovida no Forte da Bela Vista, iniciativa dinamizada no âmbito do programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”. “Esta é a primeira vez que o 25 de Abril é celebrado neste bairro. É um momento de grande alegria ver o Forte da Bela Vista a celebrar a Revolução dos Cravos”, salientou a presidente da Câmara Municipal, reforçando que este tipo de atividades é a prova de que “os moradores estão a trabalhar para conquistar um futuro melhor”. Dois espetáculos musicais, um de véspera, a anunciar a chegada da Revolução dos Cravos, com a participação de Banda do Andarilho, Navegante e Bardoada, a que se seguiu fogo de artifício, o outro no Dia da Liberdade, com Francisco Fanhais, Chullage, Coral Infantil de Setúbal e Sons da Gente, numa iniciativa apresentada pela atriz Maria do Céu Guerra, marcaram ainda as comemorações deste ano.

local

Cidade de portas abertas As comemorações do 153.º aniversário da elevação de Setúbal a cidade, a 19 de abril, incluíram uma visita guiada aos Paços do Concelho em que munícipes ficaram a conhecer a Câmara Municipal. “Que giro, que giro” e “são lindíssimos” comentaram utentes do Centro Comunitário de Santa Maria da Graça pe-

rante as explicações no Salão Nobre sobre o Tríptico dos Setubalenses Ilustres, de Luciano dos Santos, e o quadro alusivo a São Francisco ­Xavier, padroeiro do concelho, de Lima de Freitas. No decurso de mais esta sessão dos “Paços do Concelho de Portas Abertas”, os visitantes ficaram a conhecer os diferentes espaços dos serviços municipais, assim como áreas normalmente menos acessíveis ao público, como o Gabinete da Presidente, a Sala de Sessões e o Salão Nobre. Além da visita, as comemorações incluíram uma cerimónia de hastear da bandeira do Município, o encontro “Aula aberta: a elevação de Setúbal a cidade”, por Quaresma Rosa, o lançamento da reedição do poema épico “Afonso Africano”, escrito por Vasco Mouzinho de Quevedo em 1611, um recital de piano por Pedro Pereira, o concerto “Cantar Bocage”, pelos e-Vox, e a exposição “A cidade no colecionismo setubalense”.

Tensão arterial e colesterol altos foram os problemas de saúde registados com mais frequência nas cerca de 450 pessoas que aproveitaram os rastreios do “7 Dias do Coração”, realizado entre 21 e 23 de maio, na Avenida Luísa Todi. A importância da adoção de hábitos de vida saudáveis, como a prática regular de exercício, foi sublinhada na iniciativa, organizada pelo Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Setúbal, com a colaboração da Câmara Municipal, da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, da Faculdade de Motricidade Humana e da delegação de Setúbal da Cruz Vermelha Portuguesa.

Fotografia atribui prémios

O setubalense Luís Mateus, engenheiro, 37 anos, foi o vencedor da 10.ª edição da Meia Maratona Fotográfica de Setúbal, conseguindo o primeiro lugar graças ao melhor conjunto de imagens. Na entrega de prémios, realizada a 4 de maio, na Casa da Cultura, recebeu ainda quatro menções honrosas. Com o tema “10 anos da Meia Maratona Fotográfica de Setúbal”, o concurso, organizado pela Câmara Municipal, distinguiu ainda Cláudia Silva, que, além do segundo lugar, arrecadou o prémio de melhor fotografia e duas menções honrosas. Beatriz Raleiras ficou na terceira posição e teve direito a uma menção honrosa.

Acessos à lupa em Barcelona

Uma visita de uma comitiva da Câmara Municipal de Setúbal a Barcelona, no âmbito do programa RAMPA – Regime de Apoio aos Municípios para a Acessibilidade, entre os dias 10 e 12 de abril, permitiu avaliar soluções adotadas num vasto conjunto de espaços e equipamentos públicos numa cidade espanhola considerada um paradigma de boas práticas em matéria de acessibilidade e mobilidade para a população, nomeadamente para cidadãos portadores de deficiência. A delegação incluía a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, o vereador do Urbanismo, André Martins, e técnicos.

Setúbal lança pontes na Baía

O incremento das relações culturais e económicas e a possibilidade do estabelecimento da geminação entre Setúbal e Salvador da Baía foram temas abordados entre representantes de ambos os municípios durante a visita de uma comitiva sadina àquela cidade brasileira, entre 13 e 17 de maio. A delegação, liderada pela presidente da Autarquia, divulgou as potencialidades económicas e turísticas de Setúbal no decorrer de reuniões institucionais com a prefeitura local, a Associação Comercial da Baía, a Câmara de Comércio Portuguesa e a Irmandade da Devoção do Senhor do Bonfim.


Árabes captam investimento Produtos regionais cativam Rússia

Oportunidades de expansão de negócios foram apresentadas a empresas do concelho num encontro com a Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa. Numa futura sessão, a Autarquia tenta captar novos investidores para Setúbal Uma sessão de esclarecimento promovida pela Câmara Municipal e pela CCIAP – Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, realizada em março, na Casa da Baía, apresentou oportunidades reais de investimento nos mercados árabes a cerca de três dezenas de empresas do concelho. “Estamos empenhados na dinamização do tecido empresarial de toda a região”, sublinhou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, na abertura do encontro “Oportunidades e Potencialidades dos Mercados Árabes”. A identificação de oportunidades de investimento em novos mercados externos para as empresas de Setúbal foi um dos principais objetivos da sessão de esclarecimento, a primeira de uma série de encontros a dinamizar na cidade. “Temos feito, igualmente, intensos contactos

com as várias câmaras de comércio para fornecer informação sobre as nossas capacidades e potencialidades para acolher novos investimentos estrangeiros”, frisou. Dando continuidade a este esforço municipal, a Autarquia dinamiza, em breve, um outro encontro com a presença de câmaras de comércio de nações como a China, o Japão e os Estados Unidos da América, iniciativa que, neste caso, se realiza na ótica de captação de investimentos para a região de Setúbal. “Os mercados árabes representam um total de 400 milhões de consumidores com um poder de aquisição de 350 mil milhões de dólares”, sublinhou o secretário-geral da CCIAP, Allaoua Karim Bouabdellah, entidade fundada em 1977 e que representa as 22 federações das câmaras de comércio árabes.

Uma comitiva empresarial russa visitou Setúbal, em meados de maio, com o objetivo de conhecer as possibilidades de concretização de investimento na região, de apresentar novas oportunidades de negócio e de promover os produtos locais na Rússia. “Este encontro teve uma dupla função. Por um lado, mostrámos as potencialidades de Setúbal para atrair novos investimentos e, por outro, apresentámos aos empresários da região novas possibilidades de negócios no estrangeiro”, realçou o vice-presidente da Autarquia, André Martins. A realização de uma mostra em Moscovo, na Rússia, de promoção e divulgação internacional de um conjunto de artigos produzidos na região de Setúbal foi uma das hipóteses abordadas no encontro, realizado nos Paços do Concelho, no qual ficou patente a intenção de trazer até ao concelho alguns dos produtos existentes naquele mercado do Leste europeu. O encontro, com a participação do presidente da associação de empresários “KAD-M”, Amur Kanchiveli, e um representante da Edinstvo – Associação dos Imigrantes dos Países de Leste, Igor Khashin, entre outros responsáveis russos, incluiu um conjunto de visitas a equipamentos que materializam exemplos promovidos pela Autarquia ou com investimento municipal, incluindo a Casa da Baia, a Casa da Cultura e a Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal.

economia

11SETÚBALabril|maio|junho13

Alegro mostra obra

COMÉRCIO. As coleções primavera/verão 2013 disponíveis em lojas da Baixa de Setúbal saíram à rua a 25 de maio, em desfiles, na Praça de Bocage, ao longo de todo o dia, com a participação de modelos amadores. A iniciativa foi realizada no âmbito do projeto “(Re)Viver a Baixa”, dinamizado pela Câmara Municipal e pela Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Setúbal, que pretende revitalizar o comércio tradicional e a própria zona da Baixa.

As obras de construção do Alegro Setúbal, o novo e moderno espaço comercial que está a ser criado na entrada norte da cidade, avançam a bom ritmo. No terreno já é possível observar algumas infraestruturas do futuro equipamento comercial, orçado em 110 milhões de euros, nomeadamente a nova área que acolhe as 115 lojas do Alegro Setúbal. Na parte antiga, que engloba o hipermercado, as transformações também já são visíveis, com a reformulação do interior da loja e a demolição de várias zonas do parque subterrâneo e das antigas galerias comerciais. No âmbito do projeto de construção do Ale-

gro Setúbal é também promovida uma profunda remodelação da entrada norte da cidade, com o reperfilamento de vias, a criação de duas rotundas e a beneficiação da rede de saneamento existente naquela área. No âmbito desta operação urbanística, após a demolição de duas passagens superiores desniveladas, uma pedonal, outra rodoviária, foi definido um novo esquema de trânsito viário, que inclui a instalação de uma rotunda provisória na Avenida Antero de Quental. O Alegro Setúbal, equipamento com uma área bruta de construção de 137 mil metros quadrados, é promovido pela Immochan, empresa imobiliária do Grupo Auchan.


12SETÚBALabril|maio|junho13

Miradouro embeleza Anunciada

Malha corrida dinamiza espaço reabilitado O aço desliza suavemente na nova pista de malha corrida criada na cidade. O equipamento recreativo, construído de raiz, está integrado num espaço público reabilitado nas Manteigadas, com zonas de estadia para a população, mobiliário urbano e uma área ajardinada

freguesia

Num espaço devoluto e descaracterizado no Largo das Duas Cidades, nas Manteigadas, nasceu uma nova área de lazer para a população, apetrechada com uma pista para malha corrida, modalidade criada pelo Clube de Malha Corrida da Azeda há 13 anos. O novo equipamento recreativo, de utilização pública e gratuita, com as medidas habituais para a prática da malha corrida, foi cons­ truído com o apoio técnico de José Gonçalves, aficionado da modalidade, e com a ajuda de moradores da Cooperativa de Habitação das Manteigadas.

A obra, liderada pela Junta de Freguesia de S. Sebastião, num investimento de cerca de 20 mil euros, executada ao longo de cinco meses, conta, além do equipamento recreativo, com uma nova área ajardinada. “Este espaço tem sido muito utilizado pelos moradores daquela zona”, sublinha o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa, adiantado que “permitiu solucionar uma série de problemas” que afetavam aquela área habitacional. No local, a junta de freguesia, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, que cedeu

materiais e executou pequenos trabalhos de construção civil, colocou ainda diverso mobiliário urbano, como bancos, cadeiras e papeleiras. O arranjo urbanístico incluiu ainda a instalação de uma pérgula, em madeira, proporcionando mais espaços de sombra. “Enquanto as trepadeiras não crescem, os moradores da cooperativa de habitação colocaram ráfia verde para fazer o efeito pretendido”, adianta Nuno Costa. A inauguração do espaço contou com um jogo organizado pelo Clube de Malha Corrida da Azeda, aberto a toda a população.

Uma obra da Junta de Freguesia da Anunciada, com o apoio da Câmara Municipal, transformou uma área devoluta e descaracterizada numa zona de estadia com vista privilegiada para a cidade, o Sado e a Arrábida, alindada por espaços ajardinados. “Transformámos um autêntico matagal num maravilhoso jardim, um espaço de lazer para a população, devolvido à cidade com novas condições para usufruto”, vincou o presidente da junta de freguesia, José Manuel Silva, na inauguração do equipamento, a 25 de abril, nas comemorações locais da Revolução dos Cravos. O autarca, realçando os apoios municipais para a concretização de várias intervenções, reforçou que, “se não fosse o investimento municipal, concretizado através da transferência de verbas para as juntas de freguesia no âmbito dos protocolos de descentralização de competências, era impossível realizar” este tipo de beneficiações. Os trabalhos consistiram, numa primeira fase, na limpeza integral daquele local, situado na Rua de Nossa Senhora do Cais, e, posteriormente, na criação de uma ampla área de lazer, com zonas ajardinadas e vegetação diversa, apetrechadas com um sistema de rega automática. Mobiliário urbano, como bancos e papeleiras, e um apontamento estético no pavimento, um desenho de um sol, fazem parte do Miradouro de Nossa Senhora do Cais, intervenção orçada em mais de 60 mil euros e executada em pouco mais de cinco meses, que permitiu recuperar uma das últimas zonas com função de miradouro naquela área do concelho.

Azeitão renova posto turístico A descoberta de Azeitão é feita a partir de um novo posto turístico instalado no Rossio de Vila Nogueira, num edifício totalmente reabilitado após um conjunto de intervenções executadas pela Junta de Freguesia de S. Lourenço, com o apoio da Câmara Municipal. O espaço turístico, com o lema “Descubra Azeitão!”, dispõe de materiais informativos para os visitantes, artigos artesanais, como peças de cerâmica e azulejaria, e ainda um conjunto de produções culturais de artistas locais, como literatura e música. As obras de criação do Posto de Turismo de Azeitão, executadas em cerca de um mês e meio, representam um investimento global de perto de 20 mil euros. “Este equipamento está agora numa área mais central e privilegiada de Vila Nogueira de Azeitão”, salientou a presidente da Junta de S. Lourenço, Celestina Neves, na inauguração, no dia 25 de abril. O equipamento, dotado de focos de iluminação noturna e de um espaço exterior preparado para acolher pequenos eventos associados à cultura e ao turismo, incluirá ainda aluguer de bicicletas antigas para o desenvolvimento de atividades temáticas, como o passeio das três fontes – Pasmados, Oleiros e Aldeia Rica.

Lavadouro em Vendas O antigo lavadouro de Vendas de Azeitão foi reaberto após obras de recuperação geral do equipamento público, datado de 1916, executadas pela Junta de Freguesia de S. Simão, em colaboração com a Câmara Municipal e com o apoio de mecenas. As intervenções consistiram na realização de ações de beneficiação do lavadouro, centradas na consolidação interior e exterior do edifício e na reabilitação do tanque, que incluíram a reparação de uma parede em risco de queda e de áreas do telhado, a recuperação dos portões e a colocação de um pavimento novo em calçada portuguesa na zona de entrada. “Recuperámos um importante pedaço da história de Vendas de Azeitão. É uma questão sentimental que está ligada a este espaço, um antigo local de convívio da população e que passa a estar novamente disponível para utilização”, sublinhou na reabertura daquele património histórico, a 4 de março, o presidente da Junta de Freguesia de S. Simão, João Carpelho. O lavadouro está disponível para visitas ou mesmo lavagem de roupa nos dias de semana das 08h30 às 17h00, podendo também ser utilizado para o desenvolvimento de variadas atividades lúdicas e culturais direcionadas para os mais novos.


turismo

13SETÚBALabril|maio|junho13

Vinho sem fronteiras

Cinco mil pessoas viram, experimentaram e compraram dos melhores vinhos portugueses e espanhóis. Mas o Festival Ibérico do Vinho teve objetivos bem mais amplos. Este foi um certame orientado também para a classe profissional. Os sabores da Península Ibérica chegaram aos quatro cantos do mundo

Conferência discute cetáceos

Setúbal recebeu a 27.ª Conferência Internacional da Sociedade Europeia de Cetáceos, que reuniu meio milhar de profissionais e estudantes de todo o mundo entre os dias 6 e 10 de maio. “A realizar-se em Portugal, apenas poderia acontecer em ­Setúbal”, concelho onde existe uma das três únicas comunidades de golfinhos sedentários na Europa, frisou a presidente da Câmara Municipal.

Produção regional divulgada

Os melhores vinhos de Portugal e Espanha estiveram presentes na primeira edição do Festival Ibérico do Vinho, certame que contou, entre 3 e 5 de maio, com cinco mil visitantes e a participação de dezenas de especialistas internacionais de enologia. O principal objetivo foi a projeção conjunta de marcas de vinho portuguesas e espanholas no mundo e para isso foram convidados vários especialistas internacionais do setor, como Isabel Mijares, de Espanha, e Béatrice Da Ros, de França, entre outros profissionais de países como Indonésia, China, Estados Unidos e África do Sul.

Durante o certame, organizado pela Câmara Municipal e pela Associação Baía de Setúbal, com o patrocínio da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, um júri internacional premiou o Malo Moscatel de Setúbal Superior 2003 com a Medalha de Grande Ouro do Concurso Ibérico de Moscatel, integrado no festival. Para incentivar o intercâmbio de conhecimentos entre profissionais, o certame incluiu o SpeedWine Business, atividade desenvolvida na Casa da Baía que consistiu em reuniões rápidas entre produtores e especialistas para aumentar a notoriedade das marcas, bem como as respetivas redes de contactos internacionais. Numa nota bem mais saborosa, as cerca de cinco mil pessoas que visitaram o Festival Ibérico do Vinho tiveram oportunidade de experimentar vinhos de norte a sul de Portugal, assim como de várias regiões de Espanha, como da Manchuela, próximo de Múrcia, e de Tarragona. Pelo meio de tanta oferta vinícola nas cerca de quatro dezenas de expositores também

se encontraram representantes de produtos gastronómicos de ambos os países, sendo possível experimentar queijo de Azeitão num momento, como presunto espanhol no instante seguinte. O festival, realizado numa tenda gigante instalada no Largo José Afonso, contou igualmente com demonstrações ao vivo de cozinha gourmet, a cargo da chef Fernanda Amaro e com momentos musicais de fado e de flamenco. A primeira edição do Festival Ibérico do Vinho, realizado no âmbito do programa municipal de promoção vinícola da região de Setúbal “Viva o Vinum”, contou com os apoios da Associação de Municípios Portugueses de Vinho, da Vini Portugal, do Turismo Lisboa e Vale do Tejo, da Wines of Portugal, do Instituto da Vinha e do Vinho e da Recevin. Associaram-se também à iniciativa a Rota dos Vinhos da Península de Setúbal, a Casa Agrícola Horácio Simões, a Malo Tojo, a Herdade da Comporta, o Grupolis, a Casa Ermelinda Freitas, a Quinta do Alcube, a TroiaCruze e a Tranquilidade.

Doçaria conventual e regional, mel, compotas e muitos outros produtos típicos da região de Setúbal estiveram em destaque na “II Mostra de Artesanato e Produtos Tradicionais do Distrito de Setúbal”, realizada entre 5 e 7 de abril, na placa central da Avenida Luísa Todi. A iniciativa, da Câmara Municipal, promove as produções de artesãos e artistas do distrito, contribuindo para a venda dos artigos.

Qualidade balnear vale ouro

A lista “Praia com Qualidade de Ouro”, de avaliação das águas balneares portuguesas, inclui, pela primeira vez, três zonas balnea­res de Setúbal, Figueirinha, pelo terceiro ano consecutivo, e agora também Galapos e Portinho da Arrábida. A apreciação, atribuída pela associação Quercus, distingue as praias que registam um historial de cinco anos consecutivos de qualidade superior das águas.

Tradição desperta sentidos com sabor A vida no campo, o espírito de aldeia e as antigas profissões foram recriadas no “Tradições, Sabores e Aromas de Azeitão”, certame que destacou, entre 24 e 26 de maio, vários produtos gastronómicos, vínicos e artesanais da região da Arrábida. O mel, o vinho, o queijo, a doçaria, a fruta e os legumes foram alguns dos produtos espalhados pelas cerca de seis dezenas de stands presentes no certame, que decorreu na Praça da República de Vila Nogueira de Azeitão. Os artigos artesanais e florais marcaram também presença no evento organizado pela Junta de Freguesia de São Lourenço, com o apoio da Câmara Municipal. A azáfama e a animação não se fizeram sentir só na zona do “rossio”, com a festa a alongar-se até outras áreas de

Vila Nogueira de Azeitão, nas quais os visitantes puderam conhecer um pouco do património histórico e cultural azeitonense. O “Tradições, Sabores e Aromas de Azeitão” contou ainda com a dinamização de várias atividades direcionadas para os mais novos, de momentos de animação infantil a jogos tradicionais e ateliers pedagógicos no “Espaço Descoberta”, assim como uma a ação de sensibilização ambiental. Além de workshops, houve ainda muita animação de rua e momentos musicais, visitas guiadas à Casa-Museu José Maria da Fonseca, com provas de vinhos, e a inauguração da exposição “As antigas profissões de Azeitão”, que esteve patente no Museu Sebastião da Gama.

Vinho servido ao pôr do sol

O melhor da gastronomia e dos vinhos regionais é servido em passeios catamarã ao largo da Arrábida, todos os fins de semana, até setembro. O Wine Sunset Party, projeto que junta Câmara Municipal, Rota de Vinhos da Península de Setúbal e o operador turístico Vertigem Azul, envolve as 19 adegas da região, que dão a provar vinhos sadinos de eleição, acompanhados de doçaria típica.


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Setúbal floresce em cor

Três dias bastaram para Setúbal ficar mais bonita. Mais um pequeno grande passo, somado às duas edições anteriores, que tem revelado, sobretudo, a vontade de toda a população. Mangas arregaçadas viram-se por todo o concelho. Limpar, pintar e plantar foram os verbos mais ouvidos neste “Setúbal Mais Bonita”

plano central

Q

uantas mãos são precisas para tornar uma escola mais bonita? Depende. Se for a EB1 das Areias, por exemplo, são necessárias pelo menos 324 porque todos os alunos agarram o projeto “Setúbal Mais Bonita” com as duas mãos, quer seja para limpar canteiros, quer seja para pintar muros ou bancos do recreio. Foi o que aconteceu no primeiro dia da iniciativa da Câmara Municipal, dedicado às escolas do concelho, uma ação que pelo terceiro ano consecutivo juntou, voluntariamente, entre 3 e 5 de maio, comunidade educativa, juntas de freguesia, associações e população. Às dez da manhã do dia 3, na EB1 das Areias, já o André, a Filipa, o Tomás, a Leonor e o João Paulo, alunos do 2.º ano, compunham uma pauta musical. Nada mais indicado para esta escola do que a canção “O Areias é um Camelo”, pintada em notas musicais ao longo do muro exterior do recinto escolar. Enquanto se esmerava na concentração para não borrar a pintura, André, 7 anos, disse saber que se encontrava fora da sala de aula por estar a contribuir “para pôr Setúbal mais ­bonita”. A pintura no muro desta espécie de hino adotado pela escola foi um dos apontamentos decorativos que a professora Fátima Viegas apontou como “enriquecedores e educativos”, valores atribuídos às bandeiras de vários ­países, tantas quantas representam as nacionalidades dos alunos das “Areias”, pintadas na parede junto do campo de jogos. Como o conhecimento da história local é imprescindível para a identidade cultural das crianças, foram desenhadas numa das entradas da escola quatro personalidades associadas a Setúbal, Bocage, Luísa Todi, Zeca Afonso e, claro, José Mourinho.

A vertente educativa do projeto “Setúbal Mais Bonita” reforçou a aposta na reabilitação de espaços ajardinados e enriquecimento das hortas, como aconteceu na EB1 das Areias, em que a comunidade partilha pequenos lotes de terreno onde estão plantadas cenouras, nabiças, alho francês, espinafres e até morangos. A Portucel, empresa responsável pelo maior número de árvores plantadas anualmente em Portugal, assegurando a gestão de um património florestal de cerca de 120 mil hectares, de norte a sul, foi uma aliada na tarefa de embelezamento do espaço público, cedendo às escolas 1132 árvores de fruto e plantas aromáticas, ornamentais e de flor. No caso da escola das Areias foram plantadas três dezenas de pés de alecrim, alfazema e tomilho, quatro laranjeiras e, em igual número, macieiras, duas nogueiras e trinta cotoneaster, planta arbustiva.

Troca tintas Neste dia, em que trinchas, rolos, ancinhos, tintas e areia substituíram as ferramentas de estudo de alunos e professores, as alunas Carolina, Sofia e Mariana, do 4.º ano da EB1/JI da Azeda, não podiam estar mais entusiasmadas. De rolo e trincha nas mãos, partilham a pintura do muro que cerca a passagem principal no interior da escola. Para Carolina, “desde que pinte”, não interessa a cor do muro. “Desde que não tenha inglês”, confessou uma colega entre risos. Também limpo e apetrechado ficou o jardim desta escola, que beneficia de uma grande área de recreio. Fernando Delicado, um voluntário habitual em tudo o que tem a ver com intervenções para benefício da escola, pai de

Números da campanha

64 1068 6500 1253

árvores de fruto, como medronheiro, limoeiro, macieira, laranjeira e nogueira, foram plantadas plantas aromáticas, ornamentais e de flor, como alecrim, alfazema, rosmaninho, madressilva, tomilho, loureiro, tília, escallonia, hortênsia e cotoneaster voluntários participaram nos três dias da campanha litros de tinta e vinte litros de diluente só nas escolas

uma funcionária, foi uma ajuda preciosa para os alunos nas indicações de como se deve limpar e rebaixar o terreno para, posteriormente, se pintar os canteiros. Na hora de plantar foram meia centena de plantas de flor, que prometem dar fruto com tanta gente a querer cuidar. A professora Fátima Roseira não deixou de salientar que “é um entusiasmo enorme” a forma como os alunos vivem o “Setúbal Mais Bonita”. “Os alunos entendem o conceito deste projeto e sabem que a escola deve ser bonita e cuidada”, salientou. Além dos espaços exteriores houve ainda in-


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tervenções ao nível do mobiliário, como a recuperação de mesas e cadeiras para utilização durante o recreio. Os canteiros da EB1 da Fonte do Lavra ficaram bem bonitos, pintados de verde, amarelo, azul e vermelho. Sumidos pelo tempo, os jogos tradicionais como o da macaca, voltaram a ter visibilidade com um reforço de tinta no pavimento. No total, nas intervenções de todas as escolas envolvidas, foram gastos 1253 litros de tinta, oferecida pela Dyrup, marca que voltou a associar-se ao “Setúbal Mais Bonita”. Enquanto uns alunos estavam entretidos com tamanha responsabilidade, outros limpavam as duas floreiras da entrada principal, substituindo a terra velha por nova, para plantar quatro hortênsias. Foi a estimular os mais novos para valores como cuidar e proteger o património de todos que o “Setúbal Mais Bonita” envolveu perto de 4500 crianças, de cerca de trinta escolas do concelho.

Mãos ao trabalho Comuns foram os objetivos para os mais crescidos se voluntariaram para embelezar o concelho. Das imediações do Sado a Azeitão, passando por vários pontos de intervenção na cidade, a pintura de muros e de edifícios e o arranjo de espaços verdes, com limpeza e plantação de novas árvores, foram as ações que mais se destacaram nesta edição do projeto municipal, que se prolongou pelo fim de semana de 4 e 5 de maio No arranque dos trabalhos do dia 4, sábado de manhã, a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, iniciou a pintura do

muro ao lado da antiga sede da Junta de Freguesia de São Julião, na Rua Jorge de Sousa. Quinze litros de tinta branca bastaram para renovar o aspeto visual do muro contíguo a um troço da muralha seiscentista. “É um trabalho que adoro, desde que seja para melhorar as coisas”, salientou a autarca. Acompanhada dos vereadores Carlos Rabaçal e Maria do Carmo Branco, frisou que o objetivo desta iniciativa é mudar “não só as paredes, mas, acima de tudo, a postura das pessoas face ao património edificado”. Nada melhor para ajudar do que as centenas de mãos reunidas para colorir portas, janelas e fachadas numa das ruas mais antigas da cidade, a 26 de Setembro, no Troino, Anunciada (ver caixa). Sardinhas, latas de conserva, Bocage e até o interior da mercearia “Conserveira de Setúbal” estão agora estampadas nas portas daquela rua, também conhecida por Rua do Feijão. Ali, o ambiente não podia ser mais festivo, com voluntários de todas as idades sem mãos a medir para pôr o Troino ainda mais bonito, já que, em março, ficou concluído um conjunto de obras de reabilitação urbana para a melhoria do espaço público deste bairro típico setubalense. Mais elaborada foi a pintura da fachada de um edifício que há muito requeria especial atenção, visto estar junto das esplanadas de restauração da Praça Machado dos Santos, na Fonte Nova, tendo sido necessária uma intervenção especializada, com recurso a elevador. Mas nem só de pinturas se fez esta edição do “Setúbal Mais Bonita”. Em Vanicelos, na Rua Henri Perron, um grupo de 25 voluntários, trabalhadores da Águas do Sado, patrocinadora desta iniciativa, limpou o terreno e plantou novas espécies, como o alecrim e a alfazema, provenientes dos viveiros da Câmara Municipal. Já na tarde de sábado, uma brigada de oitenta elementos, moradores do bairro Alameda das Palmeiras, freguesia de São Sebastião, concluiu os trabalhos de embelezamento daquela zona da Bela Vista. “Gosto do espaço limpo e asseado e se todos fossem assim não custava nada. Somos nós que fazemos o bairro”, salientou Vítor Fuzeta, orgulhoso. Exemplo do espírito de união que caracteriza o “Setúbal Mais Bonita” é a dedicação e vitalidade de Lucinda Costa, 81 anos, que, logo às nove da manhã, juntamente com vizinhos e amigos, limpou canteiros da alameda e plantou árvores. Fora da cidade, em Vila Nogueira de Azeitão, a pintura do muro envolvente do “rossio” começou bem cedo, às sete e meia. No total, 45 voluntários estiveram distribuídos por equipas, em vários locais da freguesia de São Lourenço, em intervenções que se traduziram em cerca 400 litros de tinta. A presidente da junta de freguesia, Celestina Neves, mencionou que projetos como o “Setúbal Mais Bonita” proporcionam novas iniciativas, como a do proprietário de uma loja de mobiliário urbano que se prontificou a reparar, após um levantamento de necessidades, abrigos de passageiros e parques infantis. Também em São Simão, na urbanização Casas

Conservar conservas marcas e memórias O projeto “Setúbal Mais Bonita” tem reunido grupos de voluntários heterogéneos, compostos por amigos, vizinhos, colegas de escola e de trabalho. Este ano, um grupo de artistas plásticos foi convidado a participar na pintura de portas de edifícios, com a devida autorização dos proprietários, na Rua 26 de Setembro, ou, como também é conhecida, Rua do Feijão. Porta sim, porta sim, em ambiente festivo, voluntários de todas as idades não tiveram mãos a medir para pôr o Troino ainda mais bonito. Latas de conserva produzidas em Setúbal foi o tema proposto, uma ideia que surgiu após a realização da Tarde Intercultural “Conservar, Conservas, Marcas e Memórias”, em

dezembro do ano passado, no Museu do Trabalho Michel Giacometti. O empresário Mário Brito, proprietário do restaurante “Champanheria” e da mercearia “Conserveira de Setúbal”, estabelecimento localizado na Rua do Feijão, impulsionador da iniciativa, propôs ao Museu do Trabalho a decoração de portas com litografia de algumas das latas de conserva mais emblemáticas. Convidados artistas plásticos, como Maria José Simas e Carlos Eufémia, e com a colaboração de voluntários do Centro de Cidadania Ativa, foram reproduzidas as gravuras de algumas marcas de conserva, como a Berthe, o Atum Catraio e a Georgette, esta nas versões antiga e atual, além de outros motivos.

de Azeitão, deu-se início ao arranjo do circuito de manutenção e a pinturas várias. Do lado oposto do concelho, onde o sol nasce primeiro, os munícipes da freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra foram surpreendidos pela adesão da população mais nova nas várias ações que ali decorreram, como a pintura exterior dos balneários e o pavilhão de

chinquilho do Clube Desportivo e Recreativo da Gâmbia. A passagem pela freguesia do Sado tornou-se mais agradável com a restituição de cor nos muros, como o da Estrada das Morgadas, enquanto em Santa Maria se procedeu, nomeadamente, à pintura de um murete na Estrada dos Ciprestes.


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Santos Nicolau vence a ver o mar Quem não ficou a ver navios foi o Bairro Santos Nicolau, a grande vencedora das Marchas Populares de Setúbal 2013. “A Ver o Mar” foi o tema desta marcha, escolhida pelo júri presidido por António Calvário

Cinema belga vale ouro

cultura

O Núcleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau não ficou apenas “A Ver o Mar” tendo-se esmerado para arrecadar o primeiro lugar das Marchas Populares de Setúbal 2013, além dos prémios nas categorias de cenografia, coreografia, figurino e letra. A decisão foi tomada pelo júri, presidido pelo cantor e ator António Calvário, após os desfiles a concurso, realizados nos dias 14 e 15 de junho, na Praça de Touros Carlos Relvas. O segundo lugar coube ao União Futebol Comércio e Indústria e o terceiro ao Grupo Desportivo Independente, coletividade que conquistou ainda o prémio desfile, criado este ano, que distingue a melhor marcha no desfile de apresentação ao público, realizado na Avenida Luísa Todi, a 8 de junho. O Grupo Desportivo Setubalense “Os 13”, que no ano passado venceu o concurso das marchas exaequo com o Núcleo dos Amigos do Bairro Santos

Nicolau, ficou no quarto posto e levou o prémio de melhor madrinha, atribuído a Susana Almeida. O prémio de melhor música coube à Cooperativa de Habitação e Construção Económica Bem-Vinda a Liberdade. Penalizados com dois pontos cada, embora sem qualquer influência no ordenamento da classificação geral do concurso, foram o Centro Cultural e Desportivo de Brejos de Azeitão, a Cooperativa de Habitação e Construção Económica Bem-Vinda a Liberdade e a Diabo no Corpo – Associação Cultural. Este ano, os desfiles contaram, extraconcurso, com o Grupo Desportivo Setubalense “Os 13” e a Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi, além da participação especial da APPACDM – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, que teve como padrinhos Maria das Dores Meira, presidente da Câmara Municipal, e José Manuel Silva, presidente da Junta da Anunciada.

Desde país homenageado desta edição ao galardão para melhor filme, passando pela distinção do golfinho de carreira, o cinema belga triunfou no 29.º Festroia, que decorreu entre 7 e 16 de junho. Se na abertura de mais um certame, o ator Jan Decleir foi distinguido com o Golfinho de Ouro de Carreira, no encerramento “O Colapso do Círculo Quebrado” arrecadou o Golfinho de Ouro para melhor filme desta edição do Festival Internacional de Cinema de Setúbal. O filme, realizado por Felix van Groeningem, ganhou ainda os prémios SIGNIS e FIPRESCI. Já a escolha do público para melhor filme recaiu em “Romance à La Carte”, também da Bélgica, de Joël Vanhoebrouck. Pelo meio, foram exibidos trinta filmes produzidos na Bélgica, país para onde também seguiram os prémios Mário Ventura, com “Dura Lex”, de Anke Blondé, e Primeiras Obras, para “Offline”, de Peter Monsaert, além da menção honrosa de “Os Miúdos de Kinshasa”, de Marc-Henri Wajnberg, em O Homem e a Natureza. Nesta categoria, o vencedor foi “Viagem”, de Nadim Guç, da Turquia. Ao longo de dez dias de Festroia, foram exibidos no Fórum Municipal Luísa Todi e no Cinema Charlot mais de 170 filmes de 43 países, incluindo um ciclo dedicado ao amor

com 14 longas-metragens europeias recentes e 15 filmes em competição na Secção Oficial. O Prémio Especial do Júri e o de melhor argumento foi para “A Paixão de Michelangelo”, de Esteban Larrain, enquanto Srdan Golubovic, com “Círculos”, filme que obteve o prémio para melhor fotografia, foi eleito o melhor realizador. O júri considerou Vesa-Matti Loiri, em “Estrada para Norte”, o melhor ator, enquanto Alma Prica e Olga Pakalovic foram distinguidas como melhores atrizes, em “O Passado de Halima”. “Baby Blues”, de Kasia Roslaniec, recebeu o Prémio CICAE e uma menção honrosa do Prémio SIGNIS. O 29.º Festroia recordou o seu fundador, Mário Ventura, numa mostra, no foyer do Fórum Luísa Todi, de 25 telas do italiano Renzo Fegatelli.

Curtas concorridas Os filmes “Maybe...”, em ficção, “Fado do homem crescido”, em animação, “Rhoma Acans”, curtametragem escolar, e “Gasoline”, documentário regional, foram os vencedores do concurso Curtas Sadinas 2013. Pedro Resende, lisboeta, autor de “Maybe...”, apre-

LEITURAS. Durante um mês, a Feira do Livro trouxe a Setúbal mais de cinco mil títulos, de meia centena de editoras, com descontos até 50 por cento. A Página a Página – Divulgação do Livro, em colaboração com as editoras e numa parceria com a Câmara Municipal, promoveu mais uma edição do certame na placa central da Avenida Luísa Todi.

sentou o filme vencedor na categoria de ficção, inteiramente concebido na cidade norte-americana de Austin. Em animação, o autor de “Fado do homem crescido”, Pedro Brito, ficou surpreendido com o prémio. Dois mil euros é o valor atribuído a cada um dos vencedores. “Rhoma Acans”, a melhor curtametragem escolar, foi realizado por Leonor Teles, que recebeu um prémio de mil euros, enquanto “Gasoline”, vencedor em documentário regional, de Júlio Barreiros, teve direito a 1500 euros. A quinta edição do concurso promovido pela Câmara Municipal de Setúbal com parcerias decorreu em maio com 39 obras, número recorde de partici­ pantes.


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A união faz a voz Com apenas três edições, o Festival de Música de Setúbal já começa a criar hábitos. Aqui, a arte é usada como um instrumento social. Moldam-se personalidades através do trabalho em equipa. Culturas distintas juntam-se ao redor de compassos. E, de caminho, os ritmos do mundo, muitos deles tocados por artistas de renome, enchem de música o concelho

DANÇA. Bailados, aulas e até cinema serviram para o concelho festejar o Dia Mundial da Dança, a 27 de abril, num programa promovido por várias instituições, em particular a Academia de Dança Contemporânea de Setúbal, com o apoio da Autarquia. No coreto da Avenida Luísa Todi aprendeuse a dançar sevilhanas e ritmos latinos no dia 27, pela mão dos professores Edite Van Zeller, João Santos e Lilian Rivera, enquanto o filme “Pina”, de Wim Wenders, sobre Pina Bausch, foi exibido, a 26, na Casa da Cultura. A Academia de Dança atuou no Fórum Luísa Todi em pleno Dia Mundial, dando workshops a crianças nos dias 28 e 29 em diferentes locais.

A música saiu às ruas de Setúbal através de intérpretes famosos no mundo inteiro e da própria comunidade local, num registo que voltou a marcar o Festival de Música de Setúbal, realizado entre 16 e 19 de maio. Criado em 2011 com o objetivo de promover a proximidade entre as pessoas, num processo contínuo de formação de crianças e jovens, em paralelo com um trabalho em conjunto entre culturas distintas e indivíduos com ou sem deficiências, o certame reúne o concelho em torno da música. Subordinada ao tema “Comunicação”, a terceira edição do festival abriu com o pianista português Artur Pizarro, que levou ao Fórum Municipal Luísa Todi temas de música clássica inspirados em “Contos de Fadas, Casas Assombradas, Princesas Encantadas – E um Elefante!”. Inauguração serena que contrastou com o pujante e tradicional desfile de percussão pela Avenida Luísa Todi, realizado no dia seguinte, em que Fernando Molina coordenou cerca de mil crianças dos estabelecimentos de ensino do concelho, numa festa de sons que culminou com uma atuação em conjunto. O certame, organizado numa parceria Câmara Municipal, The Helen Hamlyn Trust e A7M – Associação Festival de Música de Setúbal, teve o primeiro momento de harmonia entre músicos profissionais e amadores na noite de 17 de maio. No espetáculo “Tocando Ritmos, Trocando Canções”, alunos do Conservatório Regional de Setúbal e da Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi, assim como jovens do grupo BelaBatuke – Agrupamento Vertical de Escolas Ordem de Sant’Iago partilharam o palco do Fórum Municipal com a britânica Grand Union Orchestra, conduzida pelo conceituado maestro e compositor Tony Haynes. Momentos antes, os BelaBatuke e a Academia Luísa Todi ofereceram à entrada da sala de espetáculos a pequena atuação conjunta “Rit-

mos Comunicantes”. “O Festival vai à Praça de Bocage” foi o primeiro espetáculo do dia 18, em que a orquestra de violinos Paganinus, do Conservatório Regional de Setúbal, atuou numa performance complementada por ensembles do conservatório sadino a tocar nas ruas da Baixa. A festa musical incluiu ainda nesse dia, no Auditório de Nossa Senhora da Anunciada, o concerto “Comunique!”, coordenado por Carlos Barreto Xavier, envolvendo a participação de coros de várias escolas do 1.º ciclo, da Orquestra do Conservatório Regional e do Coro Infantil de Setúbal. O percussionista azeitonense Pedro Carneiro regressou aos palcos de Setúbal, desta vez para assumir o papel de maestro, conduzindo a Orquestra de Câmara Portuguesa no concerto “Bomtempo & Beethoven”, constituído por obras dos dois compositores. As batuqueiras Rinka Finka e o grupo de dança Nôs Talentu, da Associação Cabo-Verdiana de Setúbal, partilharam, no dia 19, o cenário renascentista da Quinta da Bacalhôa numa original parceria com oito violoncelistas da Orquestra de Câmara Portuguesa, dirigidos por Ângela Carneiro. Num dos momentos mais emocionantes do festival, utentes do estabelecimento de ensino especial Externato Rumo ao Sucesso e alunos do Conservatório Regional de Setúbal apresentaram, no mesmo dia, o espetáculo “A Grande Serpente”. A atuação no Fórum Luísa Todi foi inspirada no conto homónimo de Hans Christian Andersen, criado após uma visita do escritor dinamarquês a Setúbal em 1866. Notas celestiais marcaram o encerramento do terceiro Festival de Música de Setúbal, no dia 19, na Igreja de S. Sebastião, com o concerto “Rosa Immaculata – Cenas da Vida da Virgem” do coro Voces Caelestes, dirigido por Sérgio Fontão.

Memória para lá do ator Álvaro Félix, ator setubalense falecido a 1 de maio, foi recordado pela Câmara Municipal de Setúbal através da apresentação em reunião pública de dois votos de pesar. “Personagem no teatro, Álvaro Félix era um dos atores incontornáveis do grande cenário setubalense”, sublinhou o documento apresentado pela CDU, recordando a personalidade forte do ator. “Uma referência no panorama cívico e cultural da cidade”, foi um dos elogios sublinhados no voto apresentado pela vereação do PS.


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Palco de sentidos Música, teatro, dança, cinema. O Fórum Municipal Luísa Todi carrega no palco as emoções das mais variadas formas de arte Jorge Palma, Ala dos Namorados, Companhia de Dança de Almada e Teatro Nacional D. Maria II são apenas alguns dos nomes que deram vida ao Fórum Municipal Luísa Todi nos últimos meses. As comemorações dos 25 anos do Conservatório Regional de Setúbal trouxeram pela primeira vez dos Estados Unidos para Portugal a Tufts Jazz Orchestra, que atuou em Setúbal a 19 de março. Os festejos incluíram também, já em abril, o Encontro de Coros da Cidade de Setúbal, a 13, e o Encontro de Coros Infantis e Juvenis da Cidade de Setúbal, a 28. A produção do Teatro Nacional D. Maria II “Gil Vicente na Horta” reviveu, a 27 de março, a visão crítica intemporal do primeiro dramaturgo nacional através da peça “O Velho da Horta”. Jorge Palma, eterno nome da música moderna portuguesa, fez-se acompanhar a 5 de abril do filho, Vicente Palma, para apresentar, num concerto, totalmente esgotado, comemorativo de 40 anos de carreira. A dramaturgia vicentina voltou a estar em destaque entre 18 e 24 de abril, desta vez pela interpretação do Teatro Animação de Setúbal, que apresentou o “Auto da Barca do Inferno”. A tradição dos vestidos de chita ganhou contornos de sedução com a 31.ª edição do concurso do União Praiense, num espetáculo a 3

de maio que contou com momentos musicais por Deolinda de Jesus e de dança pelo Grupo Animação Praiense. Maio ficou marcado também pelo regresso da Ala dos Namorados, grupo que após dez anos de interregno voltou aos discos com “Razão de Ser”, trabalho apresentado no dia 4 em Setúbal, com vários músicos que já participaram no projeto. Os melhores entre os melhores estiveram na Gala do Concurso de Fado, espetáculo que a 24 de maio levou ao palco do Fórum os vencedores de todas as edições do Concurso de Fado Amador de Setúbal e artistas convidados. Para festejar o final do ano letivo, a Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi mostrou, no dia 25, o talento de professores e alunos, enquanto o Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico fez com que as famílias se juntassem, entre os dias 26 e 28, ao redor da peça infantil “O Galinho Vaidoso”. A graciosidade do corpo em movimento ficou patente, a 1 de junho, no bailado “A Casa do Rio”, da Companhia de Dança de Almada, numa coreografia de Benvindo Fonseca inspirada nas músicas tradicionais portuguesas. Muito mais houve para ver e ouvir no Fórum Luísa Todi, no âmbito de eventos do 25 de Abril, Festroia e Festival de Música de Setúbal (informações noutras páginas).


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Três dias marcaram uma nova era em Setúbal, e mesmo em Portugal, para o rock português. Um festival inédito assentou arraiais no Parque Sant’Iago e nem a chuva da primeira noite conseguiu impedir o êxito de um evento que veio para ficar

Viva o rock português

Livro e discos por Serodio

A Câmara Municipal de Setúbal e Jorge Calheiros promoveram o lançamento de um livro sobre Rui Serodio e de cinco discos deste pianista em cerimónia realizada a 17 de maio, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. No evento, foi lançado o livro “Je suis le pianiste – A vida e a música de Rui Serodio”, escrito pelo editor e produtor Jorge Calheiros após a morte do amigo, obra que revela as várias facetas da vida pessoal e artística de Rui Serodio. Foram ainda apresentados os discos “The mystic of the piano”, volumes 1 a 4, e “O Fado e o Piano”, de Rui Serodio, editados postumamente.

da pelas atuações de RAMP e Moonspell, com cada banda a proporcionar concertos com mais de duas horas de música e de interação permanente com o público. Moonspell em particular, conjunto com elevada projeção internacional, atuou pela primeira vez em Setúbal, o que levou a banda a assinalar o facto com um espetáculo em que revisitou boa parte dos álbuns editados desde a altura da formação, em 1992.

Os UHF foram a banda responsável pelo encerramento do festival no domingo, dia dedicado a grupos de rock nacional com muitos anos de estrada, que incluiu ainda Quinta do Bill, Alcoolémia e RedLizzard. Pelo meio, no segundo dia, foi a vez de sons mais recentes, com o cartaz a apresentar Noidzz, Kandia, The Fuzz Drivers e Dream Circus.

Festival que faltava No dia inaugural do Rock no Rio Sado, a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, sublinhou “o privilégio em ser madrinha de um festival de rock, de música portuguesa, com estas dimensões e em Setúbal”. O padrinho, o vocalista dos UHF, António Manuel Ribeiro, frisou também na cerimónia de abertura que “a música portuguesa precisava de um festival assim há muito, muito tempo”.

Cante alentejano em desfile

O “VIII Encontro de Corais Alentejanos – Alentejo Abraça Setúbal” rea­lizou-se a 11 de maio com a participação de seis grupos, que proporcionaram um espetáculo no Largo da Misericórdia, após desfilarem pelas ruas da Baixa, vindos da Praça de Bocage, num cortejo acompanhado pela população e comerciantes. O evento, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal, em parceria com o Grupo Desportivo “O Independente”, teve início com uma receção no Salão Nobre dos Paços do Concelho, momento pautado pelo convívio e troca de lembranças, a que não faltou o tradicional Moscatel de Honra.

Museus com memória coletiva

A interpretação atual da memória coletiva foi o ponto de partida para as iniciativas que assinalaram o Dia e Noite dos Museus, a 18 de maio, em vários espaços culturais de Setúbal, com horário alargado até à meia-­ ‑noite. Três centenas de pessoas passaram pela Casa Bocage e pelos museus do Trabalho Michel Giacometti e Sebastião da Gama neste dia, numa iniciativa organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, que incluiu visitas guiadas, palestras e música. Tudo para assinalar localmente uma efeméride, este ano com tema “Museus (memória + criatividade) = mudança social”.

No final dos concertos, numa tenda lounge, a música continuou noite fora, com os DJ António Freitas, Rui Santos e DJOaNa. Além da música, o público teve disponível no recinto vários espaços de restauração e até uma exposição de motas Harley Davidson, existindo ainda uma área reservada a campismo. Nesta vertente, o Rock no Rio Sado, organizado pela CJP – Produção de Eventos, com parcerias, marcou também a estreia da Sleep’em’All, um novo serviço de campismo, pensado para “campistas” sem tenda. Numa pequena área com acesso restrito, o público pôde ficar nas duas noites do festival em tendas de índios, caravanas ciganas ou pequenos abrigos. Tudo pensado para se tirar o máximo proveito do Rock no Rio Sado, festival pelo qual o organizador Carlos Oliveira lançou o repto: “Estejam cá para o ano, porque isto vai acontecer outra vez. Estão abertas as hostilidades. Rock on!”

Sebastião da Gama recordado

Maria Barroso, antiga colega de faculdade de Sebastião da Gama, foi uma das convidadas num encontro realizado a 13 de abril no âmbito das comemorações do 89.º aniversário do poeta azeitonense. Antiga aluna na Faculdade de Letras de Lisboa, Maria Barroso lembrou, na sessão que decorreu no Museu Sebastião da Gama, organizada pela Câmara Municipal, algumas memórias dos tempos de estudante, vivências, algumas partilhadas com Sebastião da Gama, que relata num dos volumes da sua biografia. Outra presença foi a de Acilda Fragoso, antiga aluna de Sebastião da Gama em Estremoz.

cultura

Setúbal tem um novo festival, o Rock no Rio Sado, de promoção em exclusivo da música moderna portuguesa, com a primeira edição, entre os dias 7 e 9 de maio, no Parque de Sant’Iago, a contar com Moonspell e UHF como cabeças de cartaz. Pedro Gomes, que juntamente com Carlos Oliveira criou o evento, considera que os primeiros três dias da história do Rock no Rio Sado foram “um momento fantástico ao nível da oferta e entrega musical das bandas”. Numa primeira edição em que “tudo correu sobre rodas”, apenas a meteorologia causou maiores preocupações, “afastando um pouco o público”, referiu Pedro Gomes. O festival arrancou com uma noite de hard rock e metal pontuada, ao início, pela chuva, mas o tempo adverso foi impotente para impedir que os concertos corressem como planeado, passando pelo palco do Parque Sant’Iago bandas como Lowtorque e Grog. A primeira noite ficou principalmente marca-


cidadania

20SETÚBALabril|maio|junho13

Participar ativamente na requalificação do território da Bela Vista supera, em muito, a reparação e pintura de fachadas ou arranjos de espaços comuns. Esta transformação só tem sido possível porque os moradores, melhor do que ninguém, têm consciência do contributo que cada um pode dar

O debate público antes da tomada de ações para a resolução de problemas e a melhoria das condições de vida das populações foi defendido pela presidente da Câmara Municipal na sessão de abertura do Encontro Nacional de Periferias Urbanas. A sessão, a 5 de abril, promovida pela Autarquia no âmbito do Observatório Social da Bela Vista, coordenada pelo Instituto das Comunidades Educativas, serviu para refletir e partilhar conhecimentos sobre as periferias dos grandes centros urbanos, frequentemente alvo de preconceitos sociais e interpretadas como territórios problemáticos. O trabalho em parceria e em permanência nos territórios específicos, como é o caso do programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, foi salientado por Maria das Dores Meira. “Temos um olhar integrado sobre estas realidades, conhecemo-las bem e não iludimos os problemas. Trabalhamos em parceria.”

Proximidade na decisão A proximidade entre moradores do território da Bela Vista, os autarcas e técnicos municipais tem sido primordial para o sucesso da requalificação do bairro e zonas envolventes, com 475 intervenções, entre 2010 e 2012, com meios da Câmara Municipal. Esta sinergia foi consolidada durante o “I Encontro Nosso Bairro, Nossa Cidade”, realizado a 21 de abril, na EB 2,3 + S da Bela Vista, com a presença de mais de 170 moradores, em representação dos bairros da Bela Vista, Forte da Bela Vista, Alameda das Palmeiras, Quinta da Santo António e Manteigadas. Esta participação ativa e o interesse manifestado pelos moradores ao longo do processo do programa RUBE – Regeneração Urbana da Bela Vista e Zona Envolvente foram salientados pela presidente da Câmara Municipal ao lembrar as 107 reuniões realizadas, só em 2012, com 745 moradores, os 220 interlocutores eleitos, as 45 reuniões com grupos organizados

Debate em nome das periferias

de moradores voluntários e os 65 encontros com 32 instituições e associações. É neste plano de cooperação que a reabilitação da Bela Vista tem sido mais do que a recuperação do edificado, com o programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade” a trabalhar numa maior integração na cidade. Neste primeiro encontro, no qual participou um responsável do Ministério da Administração Interna, Maria das Dores Meira sublinhou que “os moradores são os principais responsáveis pela transformação que está a acontecer em todos os bairros da Bela Vista”, reforçando “que é cedo para ‘cantar vitória’ pois este é ainda o início de um longo caminho”. A autarca afirmou que, com o envolvimento e empenhamento ativo dos munícipes, bem como a participação das instituições e da Junta de Freguesia de S. Sebastião, “este é um sítio para se viver”, salientando, no entanto, que todos têm “o dever de participar na construção de algo melhor e de preservar aquilo que já foi feito”.

Mar com gente

Os espaços reabilitados no âmbito do programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade” já começaram a proporcionar usufruto com ativida-

des desportivas, culturais e lazer. Exemplo é o torneio de futebol, realizado em abril, no campo de futebol da Cooperativa de Habitação Económica Quinta de Santo António. Após um longo tempo de inatividade, o equipamento voltou a ficar apto para acolher atividades desportivas, fruto da união de esforços de um conjunto de moradores, que executou várias ações de reabilitação no recinto desportivo. Em maio, também na Quinta de Santo António, os próprios moradores, em colaboração com várias entidades, entre as quais a Câmara Municipal, promoveram uma iniciativa do projeto “Saúde em Proximidade”, com ações de sensibilização para as boas práticas higiénicas e rastreios. Em ambiente de convívio e descontração, aliado aos benefícios da prática desportiva, o “2.º Passeio da Primavera” realizou-se no 1.º de Maio com os participantes a pedalar num trajeto que deu a conhecer as áreas de intervenção do “Nosso Bairro, Nossa Cidade”.

Homens e mulheres que perderam familiares e amigos no mar reuniram-se numa homenagem, a 31 de maio, no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade, junto do Memorial ao Pescador Setubalense Desaparecido. Em Dia do Pescador, a Câmara Municipal de Setúbal quis prestar homenagem, tendo a presidente, Maria das Dores Meira, depositado uma coroa de flores enquanto as três dezenas de pessoas presentes entoaram o hino do Apostolado do

Mar, intitulado “Homem do Mar”. Num dia que traz memórias tristes e saudade, Maria Helena Martins ainda sente a angústia por o corpo do pai, desaparecido no mar há 50 anos, nunca ter sido encontrado. Também Mariete Sousa continua a sofrer com o desaparecimento do pai durante uma pescaria em alto-mar, mas louva a iniciativa da Câmara Municipal, que considerou um contributo decisivo para que os pescadores nunca sejam esquecidos.

Após a sessão de abertura, novas iniciativas foram apresentadas e discutidas em plenário, por nove grupos de trabalho, como ações de sensibilização e mobilização popular de limpeza pública, a constituição de grupos de leitura, dança e pintura, ateliers para crianças e idosos e atividades a desenvolver no âmbito do grupo “Férias no Bairro”.

Fruto da união

Soldar vitórias O melhor soldador português e vice-campeão eu­ ropeu é setubalense e chama-se Hugo Silva, jovem que entra em julho na maior competição mundial de profissões, a realizar na Alemanha. Com formação ao nível do 9.º ano através da Solisform, do Grupo Ransdtad, situado no estaleiro da Mitrena, o setubalense, de 21 anos, foi chamado a representar as cores nacionais na cidade alemã de Leipzig, de 2 a 7 de julho. No ano passado, em maio, venceu o Campeonato Nacional de Profissões, em Faro, promovido pelo IEFP, e, em outubro, representou Portugal no Campeonato Europeu, em Bruxelas, consagrando-se vice-campeão europeu de Soldadura. Antes de partir para a Alemanha, Hugo Silva foi um dos “Jovens Revelação 2013” distinguidos, no dia 21 de junho, pela Câmara Municipal de Setúbal. INTERCULTURAL. O “Março Mulher 2013” despediu-se, a 25 de maio, com mais um arraial na Praça Machado Santos, na Fonte Nova, onde diferentes culturas enriqueceram várias atividades, incluindo desfile étnico, música, artesanato e até produtos oriundos de outros países.


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Em terra e no rio, a terceira edição da Feira de Pesca Lúdica e Desportiva centrou atenções no Parque Urbano de Albarquel num fim de semana de abril. Foram três dias de convívio, competições, aprendizagem e troca e partilha de experiências. O evento, com milhares de visitantes, incluiu uma mostra de materiais, com momentos de animação e gastronomia

Vela ligeira cruza Sado

Velejadores oficiais e não federados marcaram presença na 14.ª edição do “Raid Bicasco”, prova náutica de vela ligeira realizada nos dias 25 e 26 de maio, no Sado. A competição, com regatas nas classes de catamarã Dart e Hobbie Cat, decorreu num percurso com início e fim na Praia de Albarquel, com passagens defronte do Parque Urbano de Albarquel, do Jardim da Beira-Mar e da base dos Fuzileiros em Troia. A prova, dos Jogos do Sado, foi organizada pela Autarquia e pelo Clube de Vela do Sado, com o apoio da empresa Bicasco.

Feira mostra prazer pela pesca lúdica Milhares de visitantes passaram pela terceira edição da Feira de Pesca Lúdica e Desportiva de Setúbal, certame realizado entre os dias 19 e 21 de abril, no Parque Urbano de Albarquel, num evento que contou ainda com dezenas de participantes em concursos e workshops. O certame, especialmente orientado para aficionados e entendidos da pesca lúdica e desportiva, contou com o envolvimento de duas dezenas e meia de expositores, proporcionando uma oferta variada e especializada de barcos e equipamento. O evento, integrado no calendário despor-

tivo dos “11.os Jogos do Sado”, assenta na promoção de uma feira interativa de e para pescadores. Cerca de 130 pessoas participaram nas várias iniciativas que se desenvolveram ao longo dos três dias da feira, num programa que incluiu um conjunto variado de atividades, para todos os públicos, como workshops temáticos que proporcionaram a partilha de experiências. A terceira edição promoveu vários concursos de pesca, em terra e embarcada, como o III Open de Pesca de Kayak, no qual foi capturado um choco com 1,8 quilos.

A Feira de Pesca Lúdica e Desportiva de Setúbal, que contou na inauguração com a presença da presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, apresentou ainda vários espaços de restauração, com pratos de peixe apanhado no dia, a preços acessíveis. A iniciativa foi organizada pela Câmara Municipal de Setúbal com as parcerias do Clube de Amadores de Pesca de Setúbal, do Clube Desportivo e Recreativo “Os Amarelos”, do Clube Naval Setubalense e do sítio de internet e fórum de pesca “Porto de Abrigo”.

desporto

Mourinho atrai milhares Momentos da vida e da carreira de José Mourinho foram partilhados numa exposição fotográfica e documental, vista por milhares de visitantes na nova Galeria Municipal do 11, numa homenagem da Autarquia pelos 50 anos do treinador de futebol nascido em Setúbal. A mostra “José Mourinho – 50 anos” apresentou fotografias, muitas delas inéditas, de momentos importantes da vida pessoal de Mourinho, assim como da carreira de treinador. A forte ligação do técnico de futebol à cidade na qual nasceu ficou bem patente na inauguração da exposição, no dia 23 de março, com a presença do homenageado. “Setúbal é especial para mim. É o único local onde me tratam como eu gosto de ser tratado”, confidenciou Mourinho.

Apesar do espírito aventureiro, que o tem levado de cidade em cidade, de país em país, há um porto seguro no qual se sente verdadeiramente bem, em casa. “Setúbal é o único ponto de retorno fixo. Setúbal vibra com os sucessos profissionais e sente aquilo que de mau me acontece.” Além das imagens, que retratam o percurso profissional vitorioso pelo FC Porto, Chelsea, Inter de Milão e Real Madrid, a mostra, patente até 30 de junho, incluiu inúmeros troféus conquistados por José Mourinho, como a Bola de Ouro de 2010 de melhor treinador do mundo, assim como objetos pessoais, entre o quais o icónico sobretudo e o precioso bloco de apontamentos. A ligação de José Mourinho a Setúbal foi, igualmente, destacada pela presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira. “É de toda a justiça homenagear aquele que nas ruas sadinas se fez homem e nos campos pelados e relvados setubalenses se fez treinador.” A autarca teceu ainda rasgados elogios à carreira profissional do homenageado. “Com a sua competência, a sua forma especial de lidar com o processo futebolístico, no qual, muitas vezes, se reproduz a própria vida, com as alegrias e contrariedades, vitórias e derrotas, será, para sempre, especial para todos os que amam o futebol mas também para todos os que fazem de Setúbal a sua terra.”

Setúbal estreia aquatlo

Perto de 450 atletas participaram no “I Aquatlo de Setúbal”, realizado no início de maio, no Parque Urbano de Albarquel, com competições oficiais, em vários escalões etários, uma prova aberta. A iniciativa incluiu a 6.ª etapa do “Campeonato Nacional Jovem”, ganha pelo Alhandra Sporting Clube, e o Campeonato Nacional de Grupos de Idade de Aquatlo, com Ruben Costa e Ana Amorim como vencedores. O evento, dos Jogos do Sado, foi organizado pela Autarquia e pelo Remo Clube Lusitano, com o apoio da Federação Portuguesa de Triatlo.

Prova testa operacionais

Bombeiros, polícias e militares de vários pontos do País foram postos à prova no “II Extreme Challenge CBSS 2013”, a 7 de junho, com meia centena de participantes. A iniciativa, destinada a avaliar os níveis de prontidão e a capacidade física dos participantes, decorreu no quartel da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal. Bicicleta estática, saltos alternados com apoio de mãos, abdominais, remo, levantamento de pesos, step e passadeira com inclinação foram algumas das provas, com competições individuais e por equipas.

Atletismo junta 1800

Luís Feiteira e Vera Nunes foram os vencedores da “XXIV Meia Maratona Internacional de Setúbal/Costa Azul”, realizada a 12 de maio. O atleta da RB Running completou o percurso da prova em 01h08m15s, enquanto a desportista do Sport Lisboa e Benfica cortou a meta em 01h18m20s. O evento, organizado pelo Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Setúbal, com o apoio da Autarquia, incluiu a “Minimaratona das Famílias”, competição de caráter popular, com seis quilómetros. Cada prova contou com 900 participantes.


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educação

Segurança aprendida

Miúdos e graúdos em festa Dois dias como nunca se viram no Parque do Bonfim, com milhares de famílias a celebrar o Dia Mundial da Criança e o encerramento do ano letivo. Esta foi a edição mais participada do “Há Festa no Parque” com a diversão a reinar Cerca de 10 mil crianças e adultos estiveram nos dias 1 e 2 de junho em mais um “Há Festa no Parque”, iniciativa da Câmara Municipal que proporcionou, gratuitamente, dezenas de atividades. Nesta edição, a mais visitada, o Parque do Bonfim voltou a ser palco de muita brincadeira, mas também de momentos descontraídos à sombra, com as famílias a aproveitaram o bom tempo para um piquenique. Pinturas faciais, dynamic bungee, circuitos de prevenção rodoviária e insufláveis foram as atividades que mais empolgaram os miú­dos, que ali celebraram o Dia Mundial da Criança.

O “Há Festa no Parque”, que conta já com cinco edições, assinalou também o fim de mais um ano letivo. Muitos dos trabalhos elaborados pelos alunos das escolas do concelho estiveram em exposição, como a maçã e a laranja que Bárbara, do 1.º ano da EB1 dos Pinheirinhos, pintou na sala de aula. A curiosidade dos mais novos para a ciência foi ainda estimulada pelas experiências laboratoriais, como a produção de eletricidade e a erupção dos vulcões, dinamizadas pelo Instituto Politécnico de Setúbal. A Feira do Livro, com centenas de títulos disponíveis a preços reduzidos, e o cantinho re-

servado aos contos infantis, dinamizado pela Biblioteca Municipal, foram outros pontos de interesse que salientaram a vertente pedagógica do “Há Festa no Parque”. Os jovens presentes nesta atividade contaram ainda com uma Mostra de Cursos e Profissões que dá a conhecer a oferta das diversas escolas profissionais, do ensino superior e mesmo do meio empresarial. O recinto dinamizou também uma animação de rua e de palco, tendo atuado escolas de música e grupos de dança de várias instituições do concelho, que mantiveram o Parque do Bonfim sempre em festa.

Todos pela leitura

Pequenos textos de Sophia de Mello Breyner, Fernando Pessoa e Miguel Torga foram lidos por alunos do concelho em vários espaços públicos, numa iniciativa que celebrou o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, a 23 de abril. Na Praça de Bocage, mais de 200

alunos do Agrupamento de Escolas Lima de Freitas apresentaram uma coreografia a exaltar a importância da leitura. “E a ler vou sonhando, e a ler vou imaginando, e a ler vou sonhando sim… leitura”, entoaram os alunos do 1.º ao 8.º ano, numa letra

adaptada do original dos Xutos & Pontapés “Para Ti Maria”, criada especialmente para assinalar o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. Antes desta flash mob, integrada na iniciativa “Setúbal – Uma Baía a Ler”, organizada pela Câmara Municipal em parceria com as bibliotecas escolares do concelho, a turma do 10.º C, de Línguas e Humanidades, da Escola Secundária D. Manuel Martins, presenteou funcionários municipais nos Paços do Concelho, visitantes na Casa da Cultura e transeuntes na Praça de Bocage com poemas de autores portugueses. O mar foi o tema central na seleção dos mais de mil pequenos textos de autores como Sophia de Mello Breyner, Fernando Pessoa e Miguel Torga, lidos em público e oferecidos pelos vinte alunos do 10.º C.

Apreensão e busca de estupefacientes e manutenção da ordem pública foram operações levadas a cabo por “jovens agentes” da PSP, no âmbito da Semana da Segurança e Educação Rodoviária, que decorreu entre 15 e 19 de abril. A iniciativa da Câmara Municipal, em parceria com as forças de segurança e proteção e socorro, como PSP e Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, contou com várias demonstrações dos meios operacionais na abertura desta ação pedagógica, que decorreu na EB 2,3 de Bocage. A demonstração da unidade pirotécnica da PSP, a exposição de viaturas das forças policiais e dos bombeiros, bem como o circuito de cavalos da GNR foram grandes atrativos para os cerca de 1500 jovens alunos do Agrupamento Vertical de Escolas Barbosa du ­Bocage. O despertar da consciência dos mais novos para comportamentos preventivos e defensivos futuros nas estradas foi um dos objetivos da Semana da Segurança e Educação Rodoviária, que contou com a presença de Salvador Almeida, deficiente motor devido a um acidente de viação. O jovem, bem conhecido de programas da televisão, falou para um público de 50 alunos sobre os perigos inerentes à condução irresponsável, no âmbito da campanha nacional “Segurança sobre rodas”, através da qual alunos dos 14 aos 18 anos visionam um filme de sensibilização para os cuidados a ter na condução de veículos de duas rodas, em especial motociclos e ciclomotores.

INTERCÂMBIO. Um grupo de alunos e professores de diversos países europeus esteve uma semana em Setúbal, em visita à Escola D. Manuel Martins, no âmbito do projeto de intercâmbio Comenius, numa partilha de culturas, saberes, intenso diálogo e amizades. A iniciativa serviu também para divulgar o trabalho que a escola setubalense tem desenvolvido e a própria cidade. O próximo ponto de encontro será em Varsóvia, Polónia.


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Quatro estudantes da Escola Superior de Saúde conseguiram, com uma terapia própria, melhorar a qualidade de vida de quem sofre de fibromialgia. Dois professores e um aluno da Escola Superior de Tecnologia arrecadaram um prémio com um projeto que visa prevenir e reduzir os efeitos de incêndios florestais

Terapia alternativa atenua dores

academia

Um grupo de alunos da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal (ESS/IPS) apresenta uma terapia alternativa destinada a aliviar quem tem de conviver com dor crónica e incurável num quadro de fibromialgia. O “Programa de educação e exercício para pessoas com problemas de fibromialgia”, desenvolvido pela ESS/IPS, e posto em prática pelos estudantes João Afonso, Inês Macedo, Ana Valverde e Sara Rodrigues, finalistas do curso de Fisioterapia, apresenta-se como uma alternativa ao tratamento tradicionalmente oferecido em meio hospitalar para esta doença do foro reumático. As unidades de saúde optam pela prescrição de medicamentos para a dor e depressão e fornecem apoio psicológico, afirma o grupo. A fibromialgia é uma doença crónica caracterizada por dores generalizadas, fadiga contínua, alterações do sono e depressão. Para estes estudantes é possível ir mais além, numa patologia de difícil diagnóstico e incurável, demonstrando-o pelos resultados obtidos num trabalho realizado com um grupo de oito pessoas dos 30 aos 65 anos, todas do sexo feminino – o género mais afetado pela doença. Entre 18 de março e 9 de maio, as sessões de tratamento decorreram nas instalações da ESS/IPS, designadamente com pacientes sinalizados pela MYOS – Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica, incidindo em duas vertentes, educação e exercício. A vertente educacional assumiu forma com a realização de sessões de debate entre os pacientes, nas quais apresentavam “as suas ideias e crenças relativas à dor”, aponta Inês Macedo. A ideia geral passa pela partilha de experiências com o intuito de que “os melhores exem-

plos comportamentais dentro do grupo fossem seguidos”, frisa a estudante, para possibilitar uma mudança no sentido de aprender a conviver com a dor e retomar as tarefas normais de qualquer pessoa, tanto nos afazeres diários como nas atividades de lazer. Porém, salienta Ana Valverde, a mudança do comportamento não foi realizada tanto ao nível da intervenção psicológica mas mais pela dinamização de exercícios específicos “que não aumentam a dor e vão libertando as pessoas para tarefas que desempenhavam antes de terem a dor”. Trabalhar as crenças no sentido de contrariar a ideia de que o movimento é prejudicial, quando acontece exatamente o oposto, foi uma tarefa fundamental. “Quanto menos se mexem, menor mobilidade acabam por ter”, constata João Afonso, assegurando que “não há que ter medo do medo, nem do movimento”. Exercícios de rotação e alongamentos, for-

talecimento dos membros superiores e inferiores com aumento da dificuldade e dos pesos utilizados e ações de relaxamento constituíram a parte física. Esta intervenção global em doentes com fibromialgia, na vertente da educação aliada ao exercício, não é conhecida em Portugal, mas constitu i uma prática em desenvolvimento noutros países.

Trabalhar comportamento Os alunos envolvidos consideram que este projeto constitui uma mais-valia para quando desempenharem funções em clínicas de fisioterapia, hospitais, centros de saúde ou clubes desportivos, pois estão habilitados a pô-lo em prática. Após um trabalho que contou igualmente com uma parte de investigação científica, com a duração de cerca de seis meses, os es-

tudantes recolheram e processaram as informações mais recentes e pertinentes acerca da patologia nas publicações da comunidade científica internacional, incorporando e adaptando-as aos casos concretos que tinham em mãos. As conclusões retiradas deste projeto final do curso de Fisioterapia, aponta Inês Macedo, passam por estabelecer que a fibromialgia é uma doença de que “não se conhece a causa, quanto mais a cura” e, mesmo não se eliminando totalmente a dor, é ao nível do comportamento que se deve trabalhar. Quanto aos resultados finais com o grupo com que trabalharam, os alunos indicam que durante o período de tratamento as pacientes iam retomando atividades normais como a lida da casa ou ir às compras, enquanto o estado de espírito registou melhorias, o sono saiu beneficiado e o nível de depressão diminuiu. Os pacientes podem, através da intervenção proposta, tornar-se mais independentes e até aprender a fazer a sua própria gestão clínica. O conselho dado pelos estudantes a quem sinta o grupo de sintomas associados à fibromialgia – dores generalizadas, fadiga, sono alterado e depressão – é recorrer a especialistas médicos na área de reumatologia, contando que o diagnóstico é complexo já que envolve o exame a 18 pontos específicos no corpo, entre os quais o tronco, os membros superiores e o pescoço. As entidades oficiais avançam que em Portugal o número de pessoas diagnosticadas é atualmente de 350 mil. Para estes alunos da ESS/IPS, que atualmente se preparam para o mundo do trabalho, além do projeto, levam a satisfação pessoal por terem acompanhado e contribuído para a melhoria de um grupo de pessoas que agora têm melhor qualidade de vida.

Sensor defende floresta Um produto inovador constituído por um sensor que funciona de forma sustentável, a partir de energia do solo, transmitindo via rádio dados de temperatura, humidade, velocidade e direção do vento, arrebatou o primeiro lugar na última edição do concurso regional Poliempreende, realizado em setembro de 2012. A proposta “2Florest”, desenvolvida pelos professores Carla Carneiro e Rui Amaral e pelo aluno Ricardo Conceição, da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal (EST/IPS), tem como principal objetivo o auxílio aos bombeiros nas tarefas de prevenção e combate a incêndios. A monitorização em tempo real de áreas florestais extensas, de forma remota, melhora a gestão dos meios técnicos e humanos afetos às corporações de bombeiros, permitindo identificar locais que requerem uma atenção especial. Deste modo, é possível verificar rapidamente no terreno se uma zona referenciada regista um foco de incêndio e, assim, combatê-lo na origem. O protótipo, ainda em fase de testes e miniaturização, é “uma sinergia entre a eletrónica e a biologia”, realça o docente Rui Amaral. O produto recorre à energia contida no solo,

captada dos seres vivos que se movem nas suas atividades normais, para manter o sensor em funcionamento. O projeto é um exemplo do que se pode fazer para “captar a energia vital e não deixá-la dispersar-se no ambiente, tornando-a útil”, destaca a professora Carla Carneiro. As corporações de bombeiros são os destinatários finais desta tecnologia, mas a utilização pode ser estendida a fábricas de papel, normalmente com áreas vastas de plantação, ou mesmo a grandes plantios. Os autores, que contam com o contributo de alunos durante o trabalho experimental, assinalam a multiplicidade de emprego do projeto, cuja implementação depende agora de investidores. Para Carla Carneiro e Rui Amaral, doutorados em Bioquímica e Eletrónica, respetivamente, o mais importante enquanto mentores desta ideia é a oportunidade facultada aos alunos da EST/IPS de trabalhar em tecnologias de vanguarda.


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retratos

Cada ponto, cada bainha merecem uma dedicação absoluta. Quem levanta uma encomenda na dona Fátima, deve sair sorridente. Caso contrário, não vale a pena trabalhar. É costureira na Baixa há trinta anos, mas é nos livros que cose as linhas com que tece a vida

Costura com um sorriso Quase desaparecida por trás do balcão onde atende a clientela, Fátima Pereira debruça-se sobre a velhinha Singer, concentrada na cadência que imprime no pedal da máquina de costura enquanto ajusta os pontos de um casaco de ganga. São horas a fio as que passa no atelier da Travessa Jorge D’Aquino, na Baixa da cidade, moldando tecidos à medida exata da elegância das silhuetas encomendadas. “É preciso satisfazer os clientes. Têm de sair daqui com um sorriso. Há que trabalhar com carinho para as pessoas”, resume, dona Fátima, a filosofia não apenas do ofício, um entretenimento e complemento da reforma, mas de toda uma vida “que ainda não chegou aos 70 anos”. Costureira por decreto do destino, Fátima Pereira mantém a fidelidade de clientes de há trinta anos, altura em que se mudou para Setúbal, depois de abdicar da profissão dos sonhos, escriturária, devido à carreira do marido. Na época, em que dominava umas noções de costura, teve de se adaptar às necessidades. “Não custou muito aprender. Dia em que não se aprende nada é dia sem piada. Sempre me adaptei bem aos desafios.” A verdade é que hoje, com a refor-

ma amputada pela recusa do Estado em reconhecer os muitos anos que trabalhou em África, mantém uma clientela restrita, “o suficiente para não depender de ninguém”, regra de ouro que a acompanhou toda a vida. Talvez por isso o atelier esteja como que camuflado, anónimo naquela travessa perdida na Baixa, sem um sinal, um autocolante que seja, que indique que está ali uma costureira que faz questão de não deixar pontas soltas em cada encomenda, numa dedicação militante para ver que quem parte sai com um sorriso na cara. “Não é uma questão de orgulho. Antes, dignidade. Todo o tostão que entra na minha mão tem de ser com dignidade”, pondera dona Fátima.

Tendências Os anos que leva atrás da Singer fizeram-na acompanhar inúmeras modas. A boca de sino está entre as que deixam saudades. “Depois, veio a mania das mangas a começarem a meio dos braços. Era horroroso.” Na década seguinte apareceu o cabedal. Sem se opor no campo da estética, foi, todavia, um período de suor, sendo “um esforço muito grande trabalhar aquele tecido, de resistente que

era”. O século XXI trouxe menos volume de trabalho, não só porque não deseja mais, mas também porque há menos procura. Ainda assim, lançam-lhe desafios para fazer vestidos “de alguma apresentadora de televisão ou atriz”. Já não os faz, “até porque precisava de ajuda para isso, mas, o pior, é que tinha de ver televisão”, atividade que também rejeita, aliás, que sempre rejeitou. Para as tendências deste ano, o sorriso jovial de dona Fátima, coerente com toda a personalidade da afável costureira, solta-se ainda com mais facilidade. “Vê-se muito azul cobalto, verde esmeralda e amarelo limão. É uma maravilha!”

Modernices De espírito aberto, sem medo de mudanças, Fátima Pereira faz-se acompanhar no atelier não apenas da fiel Singer, que diz ter a impressão de que é mais velha do que a própria dona, mas de outras duas máquinas, da mesma marca, só que elétricas. “Uso-as menos. Isto dos plásticos veio estragar um pouco as coisas.” São gostos. Apenas isso. Até porque dona Fátima abraça como pode a evolução do mundo. “O que quer sa-

ber? Se percebo de computadores? Olhe, há uns tempos cheguei a fazer um curso de Auto CAD.” Toma e embrulha. “Só não me devo dar muito bem agora, porque há tempo que não mexo nisso.” Como foi escriturária, com capacidade para datilografar 72 palavras por minuto, a dificuldade em se ajustar ao teclado de um computador foi mínima. Internet, mails, Word e, pelos vistos, desenhos digitais a três dimensões… Poucos segredos a era informática reserva à jovem sexagenária.

Ler é o melhor remédio Calma, qualidade vital na costura, não se recorda de um único momento em que tenha perdido a serenidade. “Para quê? Berros alguma vez resolveram as coisas? Os livros dão-me paz.” E também, talvez, nervos de aço, para enfrentar as aventuras da vida. Algumas passaram por conduzir automóveis sem carta durante sete anos, longas viagens de mota na costa africana e até dormir com uma pistola debaixo da almofada. Quando a maioria seria capaz de disparar ao ladrão que invadia o jardim, de trás da Walther em riste só saiu um aviso e uma lição ao meliante. Amante de qualquer expressão ar-

tística, tem na leitura e na escrita a grande paixão. “Em vez de televisão, prefiro ler na cama. E o jornal do dia é como oxigénio”, confessa, enquanto vai à zona do provador do atelier e regressa com um livro na mão, demonstrando como o companheiro íntimo está sempre presente. O gosto terá vindo a partir do pai, oficial da Marinha, fervoroso leitor e motivo pelo qual fez a meninice em Angola e a adolescência em Moçambique. Acha que o prazer em viver e o gosto em experimentar coisas novas vêm precisamente dos livros. E gosta, literalmente, de tudo. “Adoro Milan Kundera, mas também adorava as Seleções Reader’s Digest. Aprendi tanto com elas”, recorda com um brilho nos olhos. Da leitura à escrita foi um passo tão simples como coser um botão. O formato de conto, o preferido, serviu para participar em vários concursos, ganhando alguns, até no Brasil. No perpétuo processo de aprendizagem, quer saber mais e mais de Português. O Acordo Ortográfico “tem coisas boas e más, mas ainda bem que tiraram tanto ‘c’ e ‘p’ que não se lia. É uma questão de adaptar à mudança”, remata.


Ao final da tarde, o campo pertence aos atletas de palmo e meio. Três vezes por semana, praticam e aprendem, de forma divertida, as regras, as técnicas e os valores do râguebi. Na Academia de Rugby Club de Setúbal todos jogam, sem exceção, num projeto que alia a prática desportiva ao sentimento de solidariedade

Râguebi sem placagens

Os primeiros passos na descoberta do râguebi são feitos de forma divertida, em treinos que juntam a vertente pedagógica à prática física. As regras do jogo são introduzidas aos poucos, em exercícios de aprendizagem de algumas das técnicas basilares da modalidade. Na Academia de Rugby Club de Setúbal, em atividade desde abril, há lugar para todos, independentemente da constituição física. Aliás, esta é a base de formação para os jovens atletas, dos 5 aos 14 anos, em treinos trissemanais realizados no campo sintético do Parque de Vanicelos. O entusiasmo de Martin sobe de intensidade momentos antes de pisar o sintético. Despede-se rapidamente dos pais e entra

rosto Dedicação total João Terlim, 42 anos, natural de Setúbal, fundou, com Mário Correia, a Academia de Rugby Club de Setúbal, a 11 de novembro de 2011. A criação de um clube direcionado para a formação “era um sonho antigo”, revela o treinador, confessando que o trabalho com crianças “é extremamente gratificante”. Antigo jogador e empresário, licenciado em Educação Física e com um mestrado em Treino Desportivo de Alto Rendimento, está a “100 por cento no projeto”. Na cidade, lançou a modalidade no Scalipus Clube de Setúbal mas foi no Vitória que o râguebi mais cresceu. João Terlim, com o nível III de treinador e que integrou uma equipa técnica da Seleção Portuguesa de Râguebi, enaltece o apoio prestado pelo selecionador nacional, Tomaz Morais, e da presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, que apadrinham este projeto. No horizonte está a criação de um complexo totalmente dedicado ao râguebi, em Setúbal, num espaço próprio. Para já, até porque as condições não são favoráveis, a modalidade fica-se por Vanicelos.

no recinto, diretamente para a zona de uma das balizas, onde os companheiros de equipa já esboçam algumas brincadeiras. À chegada do treinador João Terlim, antigo praticante e treinador da modalidade no Vitória Futebol Clube, os pequenos atletas acorrem para ajudar a montar os esquemas de treino, tarefa árdua, por vezes com os jovens a dispersarem a atenção por brincadeiras paralelas com os equipamentos. O treino começa com uma volta ao campo, meio atabalhoada e com pouco empenho desportivo. “Hoje estão com a carga toda. É preciso tirar bateria”, desabafa o treinador com o amigo Mário Correia, concentrando os jovens no centro do campo para uma série de exercícios de aquecimento. João e Mário cruzaram-se na equipa do Vitória. A paixão pelo râguebi, no caso de Mário impulsionada pelos vários anos em que viveu na África do Sul, país com forte tradição neste desporto, levou-os a criar um projeto diferente, exclusivamente orientado para a formação. Disciplina, respeito, coragem, determinação, solidariedade, compromisso, ética e diversão são os valores do râguebi que os dois tentam incutir em cada sessão de treino, procurando desmistificar a violência da modalidade. “Há muito contacto físico, mas não é um desporto violento”, argumenta Mário, que trata da parte mais administrativa da Academia. João Terlim prossegue o treino do grupo de 17 atletas, os mais novos, entre os 5 e os 8 anos, com a pequenada a trabalhar num conjunto de esquemas que puxam pela coordenação motora. “Além da prática física, treinamos um râguebi mais lúdico, sobretudo de aprendizagem de regras”, adianta o treinador. O afinco e o bom comportamento no treino são recompensados. É o grupo que escolhe a última tarefa do dia. Um jogo ou paraquedas? A preferência recai na segunda hipótese, para entusiasmo geral da pequenada, pois é um esquema mais avançado, usualmente praticado só pelos mais velhos. O exercício é feito em grupo, em género de estafeta. Cada um, com um paraquedas preso ao corpo, tem de correr e contornar um obstáculo, com a dificuldade acrescida pelo atrito provocado pelo apetrecho técnico. Estafados, os pequenos atletas ainda têm de forçar para o derradeiro momento do treino. Reunidos no meio do campo, com a bola ao centro e os braços no ar, entoam, em conjunto, o grito de guerra: “Academiaaa!”

Desporto solidário A atividade da Academia de Rugby Club de Setúbal, com perto de quatro dezenas de atletas, não é feita só de treinos. Apesar de ainda não competir oficialmente, o clube realiza, ao longo do ano, dias abertos de promoção da modalidade e participa em convívios de âmbito nacional. Além da prática desportiva e da aprendizagem das regras do jogo, os dinamizadores da Academia incutem nos atletas, desde tenra idade, um espírito de solidariedade e de ajuda para com o próximo, um dos valores mais vincados do râguebi.

iniciativa

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Mensalmente, aquando do pagamento das quotas, são solicitados aos encarregados de educação bens alimentares que possam ser entregues a instituições de solidariedade social da cidade. “É um pequeno gesto que fazemos questão de praticar. ­Todos juntos, aprendemos a ser melhores cidadãos”, salientam João e Mário. As quatro dezenas de jovens atletas que integram os dois escalões de formação da Academia de Rugby Club de Setúbal – dos 5 aos 8 anos e dos 9 aos 14 – praticam a modalidade no campo sintético do Parque de Vanicelos, cedido pela Câmara Municipal a esta entidade no âmbito de um protocolo de colaboração para o desenvolvimento desportivo.


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Edifício

Um quartel de disciplina Durante séculos foi um importante ponto estratégico na defesa nacional, sobretudo de Lisboa. No antigo quartel do Regimento de Infantaria 11, fez-se frente a exércitos inimigos, como as tropas napoleónicas. Foi também ponto de partida de soldados para a I Guerra Mundial e onde Bocage cumpriu serviço militar. Agora, dá lugar à Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, um importante contributo para a economia da região Emblemático para a história militar de Setúbal e modernizado para as gerações futuras, o baluarte, onde hoje está instalado o edifício da Escola de Hotelaria e Turismo, com uma galeria municipal, é uma das 11 fortificações da cintura de muralhas seiscentistas. Com a restauração da independência de Portugal face a Espanha, em 1640, e colocando a hipótese de novas investidas castelhanas, Setúbal necessitava de reforçar a muralha medieval construindo uma segunda fortificação. A linha defensiva, que passou a englobar as áreas de Troino e Palhais, estava pensada não só para proteger a população da então vila, mas, sobretudo, para que as tropas inimigas não chegassem a Lisboa. Embora Setúbal contasse com a Fortaleza de S. Filipe para fins militares, o atual monumento representava uma referência dos sessenta anos do domínio espanhol, razão pela qual a população pedira a D. João IV a sua demolição e a construção de um novo aquartelamento. Em boa hora o monarca não cedeu à ideia de destruição da fortaleza. Contudo, assentiu na edificação de um quartel no Baluarte da Conceição, o mais junto do rio Sado. Estrategicamente ou não, o facto é que foi construído, com dinheiro da população e da Câmara Municipal, de forma a desenhar um triângulo com o porto comercial e

a Alfândega, edifício da atual Biblioteca Municipal. Na porta de armas, que ainda hoje integra as instalações da Escola de Hotelaria e Turismo, pode ler-se a seguinte inscrição: “Reinando elrei D. Pedro II mandou fazer este pórtico, o Duque do Cadaval, mestre de campo general, junto à pessoa de sua Majestade, mandando as armas das praças de Setúbal, Cascais e Peniche, e sendo capitão general de cavalaria da corte e província da Estremadura, dos conselhos de Estado e de Guerra, de sua Majestade do despacho das mercês e expediente, mordomo-mor da rainha D. Maria Sofia. Na era de 1696.” A primeira planta que se conhece do quartel data de meados do século XIX, apresentando um edifício

com alterações do original, um século após o terramoto de 1755, que provocou a perda de muitas vidas e severos danos materiais na vila, incluindo a muralha seiscentista. Em 1957, Peres Claro, numa recolha de informações paroquiais sobre os prejuízos causados pelo terramoto, conta que “a fortificação nova padeceu, na parte sul, de grande ruína devido à impetuosa inundação do mar que a arrasou quase totalmente”. E adianta que “foram lançados à terra pedaços de muro de 25 palmos de comprimento, com 13 palmos de fundo e 10 de largura”.

Bocage aquartelado Ao longo dos séculos, o quartel serviu vários regimentos, incluin-

do o da Infantaria 6, no qual Manuel Maria Barbosa du Bocage assentou praça, aos 16 anos, a 22 de setembro de 1781. No livro “Bocage – o perfil perdido”, Adelto Gonçalves escreve que “o quartel ficava a poucos passos de sua casa, à beira do Sado”. O autor brasileiro refere ainda que o poeta optou pela tropa para fugir à tradição eclesiástica da família. No livro do regimento de infantaria, que passaria a 7, em 1806, está registado que Bocage era o soldado número 84 da sexta companhia. Em 1782 e 1783, o soldado recebeu quatro licenças, a última de 21 de agosto a 15 de setembro. A partir desta data nada mais se tem descortinado sobre a sua vida no exército, à exceção da partida para a India, enquanto guardamarinha, a bordo da nau Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena, com escala no Rio de Janeiro e em Moçambique, a 14 de abril de 1786.

Escola de guerra

Cerimónia do Dia do Regimento de Infantaria 11, a 21 de junho de 1956 (foto Arquivo Américo Ribeiro/CMS)

Em 1807, Setúbal é ocupada pelas tropas napoleónicas, sendo considerada “Praça de Guerra”, designação “ligada à importância militar e estratégica” da vila, como indica Albérico Afonso Costa, em “História e cronologia de Setúbal 1248-1926”. Sete anos depois, em 1814, em fe-

vereiro, o Regimento de Infantaria 7 participa na batalha de Orthez contra o exército napoleónico, sob comando do general Soult, regressando a Setúbal em setembro sendo recebido “de forma bastante entusiástica pela população”. No último ano do século XIX, um decreto de 14 de setembro declara que o Regimento de Cavalaria 1 passa a constituir o Regimento de Infantaria 11, aquartelado em Setúbal. Já no século XX, muitos militares saíram do quartel do baluarte de Nossa Senhora da Conceição para travar batalhas na Grande Guerra. Dali, entre 1914 e 1919, foram mais de cinquenta homens os que partiram e não regressaram à pátria, mortos em combate. Antes da desativação do quartel, no início da década de 90, viveram-se ali momentos de grande emoção com a população a apoiar os militares em plena revolução do 25 de Abril de 1974. Desativado, o edifício foi-se degradando, até que a Câmara Municipal conseguiu a transferência da propriedade do Ministério da Defesa para a Autarquia em 2008, investindo cerca de 2,5 milhões de euros. Um novo rumo foi dado ao Quartel do 11, como ficará sempre conhecido, hoje um importante espaço de ensino da Península de Setúbal e do Litoral Alentejano, a Escola de Hotelaria e Turismo.


memória

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História

O fim trágico de D. Pedro Fernandes Sardinha D. Pedro Fernandes Sardinha, imortalizado no painel dos religiosos do Tríptico de Luciano dos Santos, patente nos Paços do Concelho, é um ilustre setubalense pela vida eclesiástica que teve ou por ter tido uma morte trágica? Provavelmente, por ambas as razões. Pedro Fernandes Sardinha, setubalense nascido, julga-se, em 1496, foi o primeiro bispo do Brasil, colónia portuguesa que, desde 1514, pertencia à diocese do Funchal. A pedido do Rei D. João III, o Papa Júlio III, através da bula Super Specula Militantis Ecclesieae, eleva São Salvador da Baía a arquidiocese e nomeia Pedro Fernandes Sardinha bispo do Brasil, em 1551. O que talvez muitos setubalenses desconhecem é que por trás desta nomeação esteve a influência de Francisco Xavier, mais tarde, santo padroeiro de Setúbal. As relações entre o teólogo setubalense e o missionário jesuíta remontam a 1525, na Universidade de Paris, França, onde Pedro Fernandes Sardinha foi professor de Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus e também amigo de Francisco Xavier. Antes mesmo das funções episcopais, que desempenhou entre 1552 e 1556, Pedro Fernandes Sardinha foi nomeado capelão da Igreja de Sebastião, na Ilha da Madeira, em 1529 e capelão em Lisboa em 1531, sendo transferido para o Porto, onde permaneceu até 1545. Nessa altura, parte para a Índia, passando a vigário geral e provisor da diocese de Goa em 1547. Foi durante a permanência na Índia que o padre português e o missionário Francisco Xavier mantiveram contacto. Assistiram aos momentos finais da vida do governador da Índia, D. João de Castro, em Cochim, tendo

escrito as últimas vontades, como testemunha carta de 22 de outubro de 1548, destinada a D. João III: “Estando o vice-rei D. João de Castro para falecer, nos disse a nós todos quatro, Mestre Pedro [Fernandes Sardinha] vigário geral, Frei António Custódio, Mestre Francisco da Companhia de Jesus, Frei João de Vila do Conde, de palavra, que

Busto de D. Pedro Fernandes Sardinha erguido no centro histórico de S. Salvador da Baía, Brasil

fizéssemos esta carta a Vossa Alteza em que lhe fizéssemos as lembranças seguintes em seu nome, por ele já estar em tempo para o não poder fazer (…)” Pedro Fernandes Sardinha renuncia ao cargo de vigário geral de Goa e no início do ano seguinte regressa a Portugal, trazendo uma carta do jesuíta, também publicada no livro “Obras Completas de S. Francisco Xavier”, de 2006, uma edição Loyola, a lembrar “das coisas a negociar com o Rei para bem dos cristãos da Índia”, entre as quais a necessidade de mais pregadores: “Faça Vossa Mercê lembrança ao Rei que mande muitos pregadores da Companhia de Jesus a estas partes, pois as fortalezas da Índia têm tanta necessidade de pregadores como V. M. muito bem sabe (…).” Com o conhecimento do processo de evangelização trazido do Oriente, Pedro Fernandes Sardinha é nomeado bispo da antiga capital do Brasil, São Salvador da Baía, em 1551. Um bispado que não duraria muito tempo. Na sequência de atritos com membros do clero, D. Pedro Sardinha foi chamado à corte e embarca para Portugal em junho de 1556. É então que a tragédia acontece, quando a nau Nossa Senhora da Ajuda encalha num banco de areia ao navegar ainda próximo da costa brasileira. Ao desembarcarem na praia de Alagoas, os cerca de cem náufragos, incluindo o bispo português, foram massacrados pelos índios Caeté, tribo que habitava numa área do litoral e praticava o canibalismo. “A Igreja do Brasil perdia, assim, o seu primeiro Pastor, mas ganhava um mártir, para exemplo de nossa cristandade”, como faz referência o Instituto do Ceará.

Rua

Praia do Feijão

ontem

As estórias passam de geração em geração e muito do que se conta hoje, acrescente-se um ponto ou não, torna-se numa verdade adquirida, como a da Rua 26 de Setembro. Muito antes de ter a data em que Setúbal recebeu o título de mui notável vila pelo Rei D. João III, esta artéria do bairro do Troino, paralela à Avenida Luísa Todi, que converge para a Praça Teófilo Braga, era conhecida, e ainda hoje o é por alguns, por Rua do Feijão. Quem narra a estória, que também lhe foi contada aos 12 anos, é a octogenária Fátima Freire que ali morou até à sua meninice. No depoimento que deu ao Museu do Trabalho Michel Giacometti, para memória futura, foi o seu primo e padrinho Amílcar Soromenho

A fotografia do Arquivo Américo Ribeiro, de 1939, com tropas em parada no quartel do Regimento de Infantaria 11, mostra bem a profusa atividade militar deste equipamento do Exército, edificado no século XVII, após o domínio filipino, no âmbito da linha de defesa terrestre e costeira. Hoje, o imóvel, após obras de requalificação, está na fase final de adaptação para acolher os modernos serviços da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, como dá conta a imagem captada em junho por Mário Peneque.

Coelho quem lhe contou porque é que aquela rua se chamava Rua do Feijão. “Antigamente, até ali e mais adiante, chegava o mar, não havia rua nem casas, o mar apanhava aquele bocado todo e era ali onde atracavam os barcos”, relata Fátima Freire, como se tivesse sido transportada numa máquina do tempo, quando a Avenida Luísa Todi era praia. A explicação vem a seguir: “Até que, um certo dia de tempestade, um barco encalhou logo ali, espalhou todo o feijão e as pessoas foram apanhar o feijão.” Hoje, poucos são os que conhecem a estória da Rua do Feijão e, talvez, o que se assinala a 26 de setembro, a data em que, em 1525, Setúbal passou a ser vila.

hoje


28SETÚBALabril|maio|junho13

Arrábida ilumina Sant'Iago A Feira de Sant’Iago está de volta. São dezasseis dias de música, diversões e gastronomia, com novos espaços dedicados ao desporto e à época medieval. Tudo “À Luz da Arrábida”, o tema da edição deste ano do maior certame regional a sul do Tejo A candidatura da Arrábida a Património Mundial está em destaque na Feira de Sant’Iago, a decorrer de 20 de julho a 4 de agosto, com espetáculos diários, divertimentos, tasquinhas gastronómicas e várias atividades para todos os públicos. O tema “À Luz da Arrábida”, retratado num pavilhão próprio, dá conta das várias vertentes pelas quais a serra deve ser considerada um tesouro a usufruir e preservar pela Humanidade. Já no pavilhão “Participação e Cidadania” é feita uma retrospetiva do percurso de Setúbal nos últimos quatro anos, com referências aos projetos implementados pela

Câmara Municipal durante o atual mandato. Com dois palcos, passam, pelo maior, nomes como António Zambujo, Blasted Mechanism, Deolinda e Anjos. No outro, é dado protagonismo a artistas com expressões culturais específicas, como fadistas e de associações de imigrantes. No recinto das Manteigadas, a Feira do Livro marca novamente presença enquanto se estreia uma Feira Medieval, com um conjunto de atividades que revivem o século XVI. Com inauguração no dia 20 de ­julho, às 20h00, o recinto funciona das 14h00 à 01h00 de domin-

go a quinta-feira, encerrando às 02h00 às sextas e sábados. A programação completa está disponível em www.feira-santiago.org.

Festas animam verão As tradicionais festas populares animam o concelho de uma ponta à outra, com música, divertimentos, tasquinhas gastronómicas e artesanato, a começar com a SetFesta, ponto de encontro do movimento associativo das freguesias da Anunciada e Santa Maria, até 7 de julho, no Largo José Afonso. Também em julho, no rossio de Vila Nogueira de Azeitão, de 4 a 7,

plano seguinte

Livro explica revisão do PDM A Revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) de Setúbal é apresentada à população numa publicação que destaca, de forma pedagógica e interativa, os objetivos estratégicos para uma evolução territorial sustentada, a proposta de ordenamento e os grandes projetos para o desenvolvimento do concelho. O guia “PDM de Setúbal em Revisão”, de 60 páginas, com cinco capítulos, pretende informar os munícipes sobre a natureza daquele instrumento urbanístico, abordando ainda os estudos realizados e os princípios de gestão preconizados. A Revisão do PDM de Setúbal permite aliar um conhecimento do concelho a uma estratégia de atração de investimento e de transformação de Setúbal numa região mais coesa e competitiva. A publicação, lançada pela Autarquia no final de junho, elaborada numa linguagem acessível, contém mapas temáticos destacáveis em transparência, que o utilizador pode sobrepor numa base cartográfica do concelho para uma melhor perceção. O guia informa os cidadãos sobre o território em que vivem e sobre as opções de ordenamento, motivando-os a participar construtivamente para um território mais sustentável. A Revisão do PDM de Setúbal, liderada pela Câmara Municipal, é elaborada por uma equipa técnica autárquica, com o apoio de especialistas e entidades nacionais de várias áreas.

decorrem as 24.as Festas da Arrábida e da Azeitão, enquanto de 5 a 7 as Festas de Verão animam o Clube Desportivo, Cultural e Recreativo da Gâmbia. Já o fim de semana de 6 e 7 é preenchido com as celebrações religiosas do Círio de Nossa Senhora da Arrábida. Agosto começa com o festival gastronómico Viva o Marisco & Cerveja, de 1 a 11, no Largo José Afonso, seguindo-se um certame, de 2 a 4, em Vendas de Azeitão, que assinala os 443 anos de existência da Freguesia de S. Simão. Entre os dias 9 e 18, as Escarpas de Santos Nicolau são palco da 11.ª Festanima.

O Azeitão Bacalhôa Parque recebe, nos dias 10 e 11, as Festas de São Lourenço, enquanto, de 10 a 12, realizam-se as Festas de Nossa Senhora do Rosário de Troia. Seguem-se, entre 14 e 18, na Aldeia da Piedade, Azeitão, as festas de homenagem a Nossa Senhora da Conceição. Para o final do mês, está reservada a 14.ª edição das Festas do Moinho de Maré da Mourisca, de 23 a 25, a festa dos 16 anos do Motoclube de Setúbal, a 24, no Largo José Afonso, e o Festival do Carapau, de 24 agosto a 7 de setembro, em vários restaurantes da cidade e na Casa da Baía.

Nova biblioteca escolhe projeto A qualidade arquitetónica marca o projeto de conceção do futuro edifício Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, selecionado entre 127 candidaturas, portuguesas e estrangeiras, apresentadas num concurso público promovido pela Autarquia. O projeto, concebido pelo atelier “Jordana Tomé, Vítor Quaresma, Filipe Oliveira”, com coordenação do arquiteto Joaquim Duque Duarte, foi conhecido no final de maio, numa apresentação pública realizada nos Paços do Concelho. A proposta vencedora, premiada com 12 mil euros, representa um investimento que respeitará o limite de 3,2 milhões de euros definido no concurso, com o objetivo de construir o novo edifício na zona sul do Largo José Afonso. As novas instalações da biblioteca são uma “peça fundamental na estratégia que a Autarquia tem delineado para a reabilitação urbana do centro histórico e da fren-

te ribeirinha” da cidade, afirmou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, na cerimónia de anúncio dos vencedores do concurso público. A autarca defendeu ainda que o novo equipamento, “com melhores condições de funcionamento e inserido num edifício de referência”, reforça a “qualidade urbanística do Largo José Afonso”. O júri destacou, na proposta vencedora, a autonomia dos espaços cafetaria e auditório e o favorecimento de vistas panorâmicas para o Largo José Afonso e o Sado através de um pátio no terceiro piso. O concurso distinguiu ainda as propostas de João Luís Carrilho da Graça, segunda classificada, premiada com oito mil euros, e de Mónica Sofia Alves Margarido, terceiro lugar, com cinco mil euros. A proposta do atelier Embaixada Arquitectura, coordenada por José Paulo Ferreira Rodrigues, teve uma menção honrosa.


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