Jornal Municipal - abr | mai | jun'14

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SETÚBAL JORNAL MUNICIPAL.abril | maio | junho 2014.ano 14.n.º52

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Marchas coroam Núcleo de Bicross

Baixa em alta Setúbal Mais Bonita aumenta atratividade do centro histórico

págs. 4 e 5

Descentralização com verba recorde para freguesias

Cidade navega em mar sonoro

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Centro escolar serve 300 alunos

Bela atitude vista de fora págs. 14 e 15

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Concelho segura valores de Abril págs. 12 e 13

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sumário

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SETÚBAL 14.n.º52 | junho 2014.ano IPAL.abril | maio JORNAL MUNIC

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4  PRIMEIRO PLANO  O Setúbal Mais Bonita voltou a contribuir para a beneficiação do concelho. O aumento da atratividade da Baixa e a pintura de praticamente toda a extensão da Rua Vasco da Gama foram pontos fortes. 6  LOCAL  Obras estão a requalificar o Largo José Afonso enquanto o parque escolar sai reforçado com um novo equipamento no Bairro Afonso Costa. A Autarquia está a ouvir a população e apoia as freguesias. 12  ESPECIAL  Os 40 anos do 25 de Abril foram festejados por todo o município, num dia que lembrou a necessidade de retomar os valores da Liberdade e Democracia. Há também histórias curiosas em torno da data. 14  PLANO CENTRAL  Um grupo de jovens está a contribuir para mudar o olhar do exterior em relação à Bela Vista. A dinâmica criada pela população traduz-se em projetos e ajudam os bairros a tomarem parte ativa na cidade. 16  CULTURA  O Núcleo de Bicross de Setúbal venceu pela primeira vez as Marchas Populares, numa edição dominada por três coletividades. A cidade recebeu ainda o desfile da qualidade do Festival de Música. 19  TURISMO  Setúbal pôs à prova o que de melhor tem para oferecer em termos de vinhos e gastronomia, num novo evento. Azeitão recorre à tradição para cativar os visitantes com os sabores e os aromas da região. 20  FREGUESIA  Azeitão tem mais uns lavadouros recuperados. S. Sebastião abriu as portas do Centro Sociocultural Elmano Sadino e a União das Freguesias de Setúbal deu água e luz ao fontanário da Fonte Nova. 21  DESPORTO  O Polidesportivo de Vale de Cobro permite a prática de futebol e basquetebol à população local. A pesca lúdica é outra atividade em alta, com a realização de mais uma feira específica dirigida a praticantes. 22  EDUCAÇÃO  O final do ano letivo foi celebrado com animação no Há Festa no Parque, que juntou famílias no Jardim do Bonfim. Setúbal recebeu pela primeira vez um encontro nacional da Rede de Cidades Educadoras. 23  ACADEMIA  A Escola Secundária D. Manuel Martins dá cartas na inovação, agora como uma sala de aulas futurista. Na Escola Superior de Ciências Empresariais desenvolve-se uma estratégia de marketing para a região. 24  RETRATOS  Uma barbearia à moda dos anos 60, inspirada em Paris e Nova Iorque, nasceu na Fonte Nova. A barba é feita à navalha e com toalha quente, com os clientes numa cadeira de que não apetece levantar. 25  INICIATIVA  A percussão marca o ritmo do BelaBatuke, grupo que junta perto de setenta alunos em torno das sonoridades. O ensino da música é apenas o ponto de partida deste projeto escolar da Bela Vista. 26  MEMÓRIA  O Foral Manuelino, marco na organização do território, faz 500 anos. Bem mais recente, há uma praça que mostra a ligação entre Setúbal e o Brasil por força da importância internacional de Bocage. 28  PLANO SEGUINTE  A Feira de Sant’Iago tem os 40 anos do 25 Abril como tema inspirador para noites animadas. A Setúbal Bay regressou após um ano de interregno e logo com o número recorde de todas as edições.

informações úteis

Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: SMCI/Serviço Municipal de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Hugo Martins, Marco Silva, Susana Manteigas Fotografia: José Luís Costa, Mário Peneque, António Martins, Rui Minderico, Arquivo Nacional Torre do Tombo (imagem do Foral de Setúbal - pág. 26) Paginação: Humberto Ferreira Impressão: PROS - Promoções e Serviços Publicitários, Lda. Redação: SMCI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal Telefone: 265 541 500 E-mail: smci@mun-setubal.pt Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição Gratuita Depósito Legal N.º 183262/02

Sugestões e informações dirigidas a este jornal podem ser enviadas ao cuidado da redação para o endereço indicado nesta ficha técnica.

Câmara Municipal

Turismo

Paços do Concelho Praça de Bocage 265 541 500 | 808 200 717 (linha azul) Gabinete da Presidência gap@mun-setubal.pt Departamento de Administração Geral e Finanças | daf@mun-setubal.pt Gabinete da Participação Cidadã gapc@mun-setubal.pt

Casa da Baía de Setúbal Centro de Promoção Turística Av. Luísa Todi, 468 265 545 010 | 915 174 442

Edifício do Banco de Portugal Rua do Regimento de Infantaria 11, n.º 7 265 545 180 Departamento de Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclusão Social Departamento de Recursos Humanos Edifício Sado Rua Acácio Barradas, 27-29 265 537 000 Departamento de Ambiente e Atividades Económicas daae@mun-setubal.pt Departamento de Obras Municipais dom@mun-setubal.pt Departamento de Urbanismo Gabinete de Apoio ao Consumidor Mercado do Livramento, 1.º andar 265 545 390 Gabinete de Apoio ao Empresário Av. Belo Horizonte – Escarpas de Santos Nicolau 265 545 150 gae@mun-setubal.pt SEI – Setúbal, Etnias e Imigração Rua Amílcar Cabral, 4-6 265 545 177 | Fax: 265 545 174 sei@mun-setubal.pt Gabinete da Juventude Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 gajuve@mun-setubal.pt

Posto Municipal de Turismo - Azeitão Praça da República, 47 212 180 729 Loja municipal “Coisas de Setúbal” Praça de Bocage – Paços do Concelho coisasdesetubal@mun-setubal.pt

espaços culturais Biblioteca Pública Municipal Serviços Centrais Av. Luísa Todi, 188 265 537 240 Polo da Bela Vista Rua do Moinho, 5 265 751 003 Polo Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra Estrada Nacional 10, Pontes 265 706 833 Polo de S. Julião Pct. Ilha da Madeira (à Av. de Angola) 265 552 210 Polo Sebastião da Gama Rua de Lisboa, 11, V. Nogueira Azeitão 212 188 398 Fórum Municipal Luísa Todi Av. Luísa Todi, 61-67 265 522 127 Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 Museu de Setúbal/Convento de Jesus Exposição de longa duração Avenida Luísa Todi, 119 265 537 890

Museu do Trabalho Michel Giacometti Utilidade Pública Lg. Defensores da República 265 537 880 Loja do Cidadão Av. Bento Gonçalves, 30 – D Casa Bocage 265 550 200 Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro Balcão CMS: 265 550 228/29/30 Rua Edmond Bartissol, 12 265 229 255 Piquete de água 265 529 800 Piquete de gás 800 273 030 Museu Sebastião da Gama Eletricidade 800 505 505 Rua de Lisboa, 11 Vila Nogueira de Azeitão Urgências 212 188 399 SOS 112 Casa do Corpo Santo Intoxicações Museu do Barroco 217 950 143 Rua do Corpo Santo, 7 SOS Criança 265 534 402 808 242 400 Cinema Charlot – Auditório Municipal Linha Saúde 24 Rua Dr. António Manuel Gamito 808 242 424 265 522 446 Hospital S. Bernardo 265 549 000 equipamentos Hospital Ortopédico do Outão desportivos 265 543 900 Companhia Bombeiros Sapadores Complexo Piscinas das Manteigadas 265 522 122 Via Cabeço da Bolota 265 729 600 Linha Verde CBSS 800 212 216 Piscina Municipal das Palmeiras Bombeiros Voluntários de Setúbal Av. Independência das Colónias 265 538 090 265 542 590 Proteção Civil 265 739 330 Piscina Municipal de Azeitão Rua Dr. Agostinho Machado Faria Proteção à Floresta 212 199 540 117 Capitania do Porto de Setúbal Complexo Municipal de Atletismo 265 548 270 Estrada Vale da Rosa Comissão Proteção Crianças 265 793 980 e Jovens de Setúbal 265 550 600 Pavilhão Municipal das Manteigadas PSP Via Cabeço da Bolota 265 522 018 265 739 890 GNR Pavilhão João dos Santos 265 522 022 Rua Batalha do Viso 265 573 212


editorial

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Uma Condecoração para Setúbal Fui há dias distinguida, pelo senhor Presidente da República, com uma condecoração nas comemorações do dia 10 de Junho e que muito me honrou. Trata-se de uma distinção pessoal, entregue à cidadã e presidente da Câmara Municipal Maria das Dores Meira, mas, acima de tudo, é uma condecoração atribuída pelo trabalho que temos feito na cidade, com a cidade e pela cidade. Uma condecoração atribuída pela enorme transformação que temos feito, com setubalenses e azeitonenses, por todo o concelho. Por isso, esta é também uma medalha entregue a todos os que, na equipa a que presido, se entusiasmam com esta terra. Mais do que isso: é uma medalha entregue a todos os setubalenses e azeitonenses que amam a sua terra, que trabalham afincadamente por uma cidade melhor, mais justa, onde é bom viver e trabalhar. Uma medalha que, também por esta razão, teria sempre de aceitar. Porque o que está em causa é Setúbal. O que está em causa é o reconhecimento que o órgão de soberania que é a Presidência da República, órgão autónomo de quem o ocupa a cada momento, faz do nosso trabalho em Setúbal.

Esta é uma medalha entregue a todos os setubalenses e azeitonenses que amam a sua terra

Vivemos numa conjuntura complexa, em que se reclamam atos simbólicos que possam ser entendidos como posições de protesto contra as injustiças que todos os portugueses estão a ser alvo, em especial contra a especial fixação que este governo tem com os funcionários públicos e os pensionistas e reformados, duramente afetados por cortes de salários,

reduções de pensões, anulação de direitos sociais arduamente conquistados. Entendo que afirmar o enorme trabalho do executivo municipal a que presido é também um poderoso ato simbólico de afirmação da visão política que temos da cidade. Uma visão que se consubstancia em atos, em obras, em transformações profundas por todo o concelho, mas também em posições políticas de clara rejeição do caminho por onde o País está a ser conduzido. Uma visão que se consubstancia, por exemplo, na defesa dos setubalenses que são afetados pelo encerramento do Centro de Saúde de Santa Maria ou pela intenção de reduzir valências do Hospital de Setúbal. Mais do que atos simbólicos, fazemos política todos os dias. Rejeitamos em permanência a injustiça. Talvez também por isso me tenham condecorado. Pela minha perseverança na defesa dos setubalenses e azeitonenses, na defesa dos direitos sociais de todos os que habitam este espaço concelhio, pela transformação que estamos a operar em Setúbal, uma cidade da qual existe hoje uma perceção externa completamente diferente. Uma cidade que continuaremos a afirmar como a Capital da Margem Norte do Sado, como uma das mais importantes cidades portuguesas. A condecoração do dia 10 de Junho foi entregue à cidadã e presidente da Câmara Municipal Maria das Dores Meira, mas, mais do que isso, foi entregue a todos os setubalenses e azeitonenses que, nos últimos anos, connosco, se têm empenhado profundamente na transformação desta nossa terra. Por isso, reafirmo: esta é uma Condecoração para Setúbal! Muito obrigada a todos os que me permitiram, em seu nome, receber esta condecoração.

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal


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Esta edição do projeto “Setúbal Mais Bonita” teve um toque especial. O início do fim do paradigma de uma Baixa “cinzenta”. Lojistas recriaram o melhor que Setúbal tem para oferecer. A intervenção no centro histórico permitiu também uma requalificação ímpar na Rua Vasco da Gama. Um pouco por todo o concelho, os voluntários deixaram obra à vista

primeiro plano

Centro histórico mais A Baixa de Setúbal não podia estar mais bonita. “Está linda!”, exclama alguém, enquanto clica na máquina fotográfica. “É para os santos populares”, induz em erro outra pessoa que passa. A Rua Dr. Paula Borba vai-se enchendo de gente. Primeiro ouvese a música dos Cantares do Sado, segue-se a multidão. “É a presidente da Câmara. É ela, é”, ouve-se, aproximando-se um pouco mais para que não haja dúvida. Maria das Dores Meira veste o “traje de trabalho”, como chama à t-shirt do “Setúbal Mais Bonita”, à semelhança de tantas outras pessoas, da vereação e técnicos da Autarquia à multidão de voluntários da quarta edição deste projeto municipal, mas não passa despercebida. De luvas enfiadas nos bolsos das calças, faz questão de cumprimentar os comerciantes da antiga Rua dos Ourives. O momento é de festa. A decoração, suspensa no “céu” entre os largos Francisco Soveral, ou da Ribeira Velha, e da Misericórdia, recorda o rio azul, como canta o grupo Cantares do Sado, acompanhado de coro e palmas rua acima. Quem

também está presente neste dia, o segundo desta edição do projeto municipal, que se realizou entre 6 e 8 de junho, é António Manuel Ribeiro, dos UHF, e Luís Buchinho, estilista setubalense. Peixes, chocos e golfinhos, a ilustrar o que de melhor o rio Sado tem para oferecer, pendem das redes de pesca, onde não falta a cadeira de praia e o chapéu-de-sol. Entre trapilho, lã, linha e outros materiais, os motivos decorativos feitos por comerciantes, amigos e familiares, num trabalho de meses, para embelezar a Baixa da cidade, pesa quatro toneladas. A paragem obrigatória é junto da loja da Tininha, a comerciante que coordenou esta iniciativa, com o apoio da Atlantic Ferries e da Troiaresort. Um brinde oficializa a “amostra do que vai acontecer na Baixa”, como refere Maria das Dores Meira, salientando que este é um exemplo da “mudança do paradigma da Baixa cinzenta”. A presidente da Câmara Municipal agradece o esforço de todos os que “trabalharam muito, muito para pôr de pé este lindo projeto, o primeiro de mui-

tos”. Está dado o “tal clique que faltava” para motivar quem ali trabalha.

Rua como nova O Largo da Palmeira é o ponto de encontro para o início oficial das intervenções do projeto municipal “Setúbal Mais Bonita”, que teve como parceira as tintas Barbot. Por volta das nove da manhã, a presidente e os vereadores André Martins, Carlos Rabaçal, Carla Guerreiro, Manuel Pisco e Pedro Pina começam por recuperar o murete do largo. Lixar, envernizar e pintar foram tarefas nada desconhecidas uma vez que este projeto já vai na quarta edição. Para a Mariana, de apenas 3 anos, talvez tudo seja novidade, mas é com entusiasmo que ajuda a pintar de amarelo uma fachada com o irmão de 13, a mãe e o pai. À medida que os voluntários vão chegando, são distribuídos bonés, t-shirts, luvas, trinchas, rolos e lixa. Enquanto uns lixam e envernizam o assento de madeira do murete, outros pintam-no de branco. Mas a grande operação de requalifi-

cação está logo ali, a poucos metros, na Rua Vasco da Gama, onde litros e litros de tinta Barbot deslizam nas fachadas de vários edifícios. Gruas sobem e descem, andaimes montam-se e desmontam-se, centenas de mãos pintam portas, janelas e frisos. E como um puxa o outro, para executar as intervenções previstas, os proprietários alinharam na onda da cidadania, voluntariado e embelezamento, e adquiriram as tintas para contarem com a ajuda dos voluntários nas pinturas. A meio da manhã, entre o Largo da Palmeira e a Praça Machado dos Santos, os edifícios da Rua Vasco da Gama começam a exibir um novo rosto, em tons de amarelo, salmão, verde, vermelho e azul. “Está excelente!”, frisa a presidente da Câmara Municipal ao olhar de um extremo ao outro da rua, salientando o “ambiente” ali gerado com centenas de voluntários a “transformarem Setúbal, a pôr Setúbal mais bonita”. Enquanto isso, os edifícios do Largo Joaquim António de Aguiar, antigo Largo da Machadas, junto da Rua Ar-


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Veja a reportagem em vídeo www.mun-setubal.pt/pt/galeria-video ou diretamente neste código QR

bonito ronches Junqueiro, são pintados por motards do Moto Clube de Setúbal. Um dos voluntários lembra que naquele largo, onde era montado um palco, festejavam-se os santos populares. “A ‘Arronches Junqueiro’ estava sempre cheia de gente.” Assim foi mais um ano do “Setúbal Mais Bonita”, com muitas famílias, amigos, colegas e vizinhos, de Azeitão à Gâmbia, a reabilitar a imagem urbana, ao pintarem floreiras, bancos, edifícios e muros e replantarem canteiros e espaços ajardinados.

Dia das escolas Desporto, jardinagem e horticultura foram as temáticas escolhidas por alunos e professores para esta edição nas escolas, com ações realizadas no primeiro dia, a 6 de junho. A pintura de bolas de basquetebol e voleibol, raquetas de pingue-pongue, pinos e outros materiais associados à prática desportiva ocupou a manhã na EB n.º 2 do Faralhão. O muro que envolve o campo de jogos foi o local escolhido para decorar a escola, que recebeu, além das tintas,

plantas para os canteiros do recreio. Ionut, 9 anos, é romeno e soletra o nome para que não haja enganos. Diz não saber se passou para o 4.º ano, mas com os “Muito Bom” em todas disciplinas não é difícil adivinhar que sim. Neste dia diferente, em que uns correm para um lado e outros para o oposto, quase esbarrando nos copos de iogurte aproveitados para levar as tintas em pequenas quantidades,

APOIO À CIDADANIA As tintas Barbot foram a principal parceira da Câmara Municipal na quarta edição do “Setúbal Mais Bonita”, que contou ainda com o envolvimento das empresas Vibeiras, EDP, Carmona, Fertagus, Portucel, Jumbo/ Auchan, JVR Construções, Refrige, Águas do Sado, Santander Totta, Atlantic Ferries e TST, as quais contribuíram com apoio financeiro ou logístico, na anga­ riação de voluntários e, mesmo, ­na execução de ações.

fazem-se filas para, dois a dois, agarrarem nos pincéis. “Eu pintei de amarelo e a minha amiga Maria, de azul.” O mesmo fazem os colegas Sandro e Francisco, que pintaram uma bola de voleibol e um pino, desenhados pelas professoras das Atividades Extracurriculares. Já no edifício que acolhe três turmas da EB da Bela Vista e jardim-de-infância estão a ser pintados caracóis, borboletas, minhocas e flores. Uma das professoras que acompanham o Diogo, que prefere a borboleta, e a Maísa, o caracol, salienta que estão a “prolongar o jardim” e a horta que fizeram no muro interior. O vereador Pedro Pina não resiste em tirar fotografias para mais tarde recordar. Mais do que requalificar espaços, este projeto que integra escolas do concelho vale, “acima de tudo, pela participação, pelo envolvimento das crianças, dos pais e dos professores”. A EB da Bela Vista, igualmente visitada, quis transpor, para três muros, o bairro, o Sado e outros simbolismos como a “árvore da sabedoria” e as “plantas da integração”.


local

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Largo ganha atratividade O usufruto do Largo José Afonso é alargado com um conjunto de arranjos que reforça o potencial de utilização daquele espaço privilegiado de lazer. A criação de uma plataforma logística para apoio a eventos é uma das novidades introduzidas naquela área, para a qual está projetada a futura biblioteca municipal

Mais vida para o Largo José Afonso. Novos espaços para a circulação pedonal, a par de áreas dedicadas à restauração, propõem renovadas dinâmicas para o reforço da atratividade daquele espaço privilegiado de lazer da cidade, entre o centro histórico e a frente ribeirinha. O alargamento da alameda lateral poente do Largo José Afonso em mais de uma dezena de metros para a criação de uma plataforma técnica de apoio à realização de eventos é uma ação já a decorrer naquele espaço público com mais de 35 mil metros quadrados. Esta obra de requalificação urbana liderada pela Autarquia, um investimento da ordem dos 150 mil euros, permite a instalação de um conjunto de equipamentos de apoio no Largo José Afonso, espaço utilizado regularmen-

Terroa melhora redes

Obra recupera reservatório

O reservatório elevado da Bela Vista é reabilitado numa empreitada liderada pela Autarquia superior a 250 mil euros, com ações de reforço estrutural do equipamento e de modernização, através da reformulação dos circuitos hidráulicos. A obra, com conclusão prevista para o final de julho, inclui a requalificação urbanística da zona envolvente àquela infraestrutura, localizada na Avenida Belo Horizonte.

te para a dinamização de pequenos eventos, onde existe um auditório. Pontos de acesso à rede elétrica, um novo sistema de abastecimento de água e de recolha de águas pluviais, a par de um conjunto de equipamentos para a deposição de resíduos sólidos urbanos gerados aquando da realização de eventos, são inovações introduzidas numa área com 590 metros quadrados. A obra inclui a redução da rodovia, para 3,5 metros, ficando o Largo José Afonso apenas com um sentido único de trânsito (norte/ sul), na ligação da Avenida Luísa Todi com a frente ribeirinha, sendo que o sentido inverso é assegurado naturalmente através da Rua João de Deus. A empreitada, iniciada em abril, inclui o re-

A Câmara Municipal iniciou, no final de abril, a terceira fase da empreitada de reabilitação da rede de drenagem de águas que serve os bairros da Terroa e do Peixe Frito, operação que visa solucionar um conjunto de situações prioritárias que afetam o normal funcionamento daquele sistema. A obra, um investimento de mais de 40 mil euros, com conclusão prevista para breve, aponta à resolução de problemas estruturais que afetam a infraestrutura de saneamento, uma das principais e mais

Garantia repara avenida

Vários troços de zonas de circulação pedonal e de ciclovia da Avenida José Saramago foram reparados em abril numa operação realizada no âmbito da garantia da obra, acionada pela Autarquia após verificação de anomalias. Os trabalhos, a cargo da empresa responsável pela execução original da rodovia, envolveram a regularização de pavimentos em ambos os sentidos daquela via localizada num polo comercial.

forço da iluminação pública e a criação de uma nova linha de árvores, assim como o calcetamento da rodovia e da ampliada alameda em calçada portuguesa, com diferentes dimensões, para diferenciar as duas áreas. A zona conquistada com a redução da via é integrada no aumento do passeio que descola das fachadas dos edifícios a poente do Largo José Afonso, ação que possibilita o funcionamento, em simultâneo, de uma área de passeio e esplanadas. O Largo José Afonso, para o qual está projetada a futura Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, é utilizado, regularmente, para a dinamização de várias iniciativas, das mais populares e bairristas a eventos gastronómicos e vínicos de promoção turística.

antigas da cidade. A separação e reabilitação dos coletores da rede pública de saneamento – doméstico e pluvial – é um dos principais objetivos da empreitada, com trabalhos centrados na Avenida Soeiro Pereira Gomes, com o objetivo de evitar a necessidade de frequentes operações de manutenção. Os trabalhos permitem aumentar a capacidade de recolha, transporte e encaminhamento das águas provenientes do sistema de drenagem pluvial e doméstico, impedindo inundações em caso de ocorrência

Semáforos dão segurança

As condições de segurança pedonal e rodoviá­ ria na Avenida D. Manuel I saem reforçadas com a instalação de sinalização semafórica, numa área próxima da interseção com a Rua do Monte. Para concluir esta operação da Câmara Municipal de Setúbal, executada no início de maio e com um custo superior a três mil euros, falta proceder à ligação dos respetivos ramais elétricos, ação a realizar em breve pela EDP.

de períodos de chuva intensa. A Autarquia procede ainda ao reforço do sistema de abastecimento de água na zona, ação que inclui a criação de novos ramais, a par da eliminação de algumas ligações ilegais detetadas. A reabilitação da rede de saneamento básico da Terroa e do Peixe Frito, em virtude da dimensão e dos encargos financeiros, é realizada por etapas. A maior intervenção foi executada em 2011, num investimento global superior a 600 mil euros.

Rua beneficiada em Azeitão

A Rua Casal Verde, na Jardia, é beneficiada com a construção de um conjunto de infraestruturas urbanas básicas, cuja primeira fase decorreu até meados de maio. A criação de sistemas de saneamento e de abastecimento de água e a definição de zonas de circulação pedonal são ações já concretizadas na empreitada. Brevemente, por administração direta, a Autarquia procede à pavimentação do arruamento.


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Centro escolar favorece ensino De portas abertas à aprendizagem, o novo Centro Escolar do Bairro Afonso Costa é feito de história e modernidade. Serve três centenas de alunos, entre o pré-escolar e o 1.º ciclo do ensino básico, e aplica em pleno o conceito de escola a tempo inteiro

Mais um passo na progressiva melhoria das condições de ensino no concelho. A entrada em funcionamento do Centro Escolar do Bairro Afonso Costa é o culminar de uma fase de grandes investimentos da Câmara Municipal no parque escolar. Mas há mais a caminho. Nos estabelecimentos de ensino, “materializou-se o melhor da Revolução, em especial a democratização do acesso ao ensino, algo que foi negado por demasiado tempo”, sublinhou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, na inauguração do equipamento, a 24 de abril. O centro escolar, projeto executado em três fases por se tratar da ampliação e modernização da antiga escola do Bairro Afonso Costa, serve 260 alunos do 1.º ciclo do ensino básico, a que se juntam outras

quatro dezenas de crianças que frequentam a valência de pré-escolar. A autarca salientou que o ensino é alvo de um forte investimento por parte do Executivo municipal, que tem apostado “com grande intensidade na escola pública com fortes investimentos em novos equipamentos e na renovação e modernização de outros”. O presidente da Junta de S. Sebastião, Nuno Costa, sublinhou que o centro escolar é “um equipamento fulcral para a construção do futuro coletivo” e que faz parte “de um percurso longo e pensado, que tem vindo a ser implementado na freguesia e por todo o concelho”. O investimento de 2,6 milhões de euros, comparticipado com fundos comunitários no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional e pelo Programa de

Zona ribeirinha alarga utilização

Expansão da Rede de Educação PréEscolar, começou pela construção do jardim-de-infância, em funcionamento desde 2011. Na segunda fase foram construídos dois edifícios, dotados de oito salas de aula e serviços administrativos, a que se juntam um refeitório e uma cozinha, que já estavam em funcionamento, e áreas de utilização comum para crianças do 1.º ciclo e do pré-escolar. A terceira fase centrou-se na reabilitação do imóvel original e centenário da EB do Bairro Afonso Costa. Apesar da intervenção de modernização, o traço arquitetónico original foi mantido e o edifício reabilitado ficou com duas salas de aula, uma biblioteca, uma mediateca e uma sala polivalente. O estabelecimento de ensino conta

ainda com um novo campo de jogos e passagens pedonais cobertas que garantem a ligação entre os edifícios. O Centro Escolar do Bairro Afonso Costa funciona a tempo inteiro, em regime normal e com refeições para todos os alunos. “Se tivermos como referência 2006, ano de aprovação da Carta Educativa Concelhia, apenas 24 por cento das turmas do 1.º ciclo estavam em regime normal”, recordou Maria das Dores Meira, acrescentando que atualmente é possível “afirmar que, com a ampliação desta escola, o concelho está perto dos 75 por cento”. A próxima etapa nesta estratégia, adiantou na cerimónia, integrada nas comemorações locais dos 40 anos da Revolução dos Cravos, será o Centro Escolar da Quinta da Caiada, projeto que já está preparado.

A área de usufruto da zona ribeirinha foi aumentada numa intervenção liderada pela Câmara Municipal, executada em maio, que culminou com a demolição de um conjunto de imóveis obsoletos instalados na zona poente da Praia da Saúde. A operação incluiu, além da retirada dos edifícios, a limpeza daquela área junto do Parque Urbano de Albarquel, dando continuidade ao objetivo estratégico de requalificação da frente ribeirinha da cidade. A intervenção, numa área com cerca de 60 metros lineares, incluiu uma ação especial de remoção e tratamento de telhas de fibrocimento, trabalhos acompanhados por uma equipa especializada. Os restantes materiais foram encaminhados para reciclagem e vazadouro. A demolição do conjunto de imó-

veis devolutos materializa mais um passo na preparação daquela área da frente ribeirinha que acolherá o Terminal 7, equipamento que funcionará como um polo de promoção de atividades náuticas, com centro de apoio náutico, espaço expositivo, centro interpretativo e didático, zonas de restauração e comerciais e áreas técnicas administrativas. Enquanto o projeto do Terminal 7 não avança, o espaço intervencionado pode vir a ser utilizado pela Câmara Municipal para apoio logístico a eventos dinamizados no corredor ribeirinho, nomeadamente provas e competições desportivas. A concretização desta operação marca mais um passo no grande objetivo de devolver o usufruto de lazer daquela área à população e de aproximação da cidade ao rio.

Urbanismo apresenta estratégias As estratégias e políticas urbanas delineadas para o futuro de concelho foram apresentadas numa sessão integrada nas comemorações dos 154 anos de elevação de Setúbal a cidade, realizada a 23 de abril, que destacou alguns dos novos projetos-âncora. “Temos de olhar para o território como um suporte determinante para o sucesso de uma estratégia urbanística integrada”, sublinhou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, na conferência “Elevação de Setúbal a Cidade, estratégia urbana e novos projetos”. A forma como a cidade se desenvolveu e as políticas urbanas adotadas na revisão do Plano Diretor Municipal foram temáticas transversais a todo o encontro, realizado no Salão Nobre dos Paços do Concelho, com a participação de especialistas ligados ao urbanismo. O modelo de crescimento que está na génese do desenvolvimento urbano, os principais marcos de evolução da cidade e a filosofia adotada para o futuro do território foram temas aflorados pelo arquiteto Fernando Travassos, do Urbanismo da Autarquia. As políticas de gestão territorial definidas, com o intuito de otimizar e retificar aspetos da evolução urbanística, devem centrar-se na “desfragmentação da cidade, numa melhor articulação entre os equipamentos e no preenchimento de vazios urbanos”, frisou.

As novas estratégias passam pelo “reforço e reabilitação do centro histórico, pelo preenchimento de espaços vazios através da reurbanização e de uma articulação urbana funcional”, salientou Fernando Travassos, para acrescentar que é imperativo “não crescer acima dos limites fragmentados da cidade”. Na conferência, além de uma abordagem às intervenções em curso e obras já realizadas, foram apresentados em pormenor dois projetos na agenda do desenvolvimento da cidade, a nova Biblioteca Pública Municipal de Setúbal e o Terminal 7.


local

8SETÚBALabril|maio|junho14

Ouro distingue Antoine Velge

A Medalha da Cidade em Ouro, a mais alta distinção de Setúbal, foi entregue a 16 de abril, a título póstumo, a Antoine Velge, num reconhecimento pelo trabalho benemérito desenvolvido no concelho e na dinamização da economia local. A “merecida distinção”, como sublinhou a presidente da Câmara Municipal, que concede o título de cidadão honorário de Setúbal, foi entregue a um neto do empresário belga.

Ouvir ajuda a resolver Cada freguesia, cada bairro, cada rua. A Autarquia volta a palmilhar o concelho em busca da identificação dos problemas mais prementes. O programa “Ouvir a População, Construir o Futuro” está aí, com o segundo ciclo A Câmara Municipal de Setúbal relançou, em finais de abril, o programa “Ouvir a População, Construir o Futuro”, após o êxito registado no anterior mandato, com o objetivo de verificar novas necessidades de intervenções em todo o concelho. A freguesia de S. Sebastião, com trabalho de terreno desenvolvido até ao final de junho, foi a primeira visitada no âmbito deste segundo ciclo do programa, para o mandato de 2013­ ‑2017. Executivo municipal, corpo técnico da edilidade e autarcas das freguesias deslocam-se a diversos locais para observarem questões muito diversas, diferentes das detetadas na campanha anterior ou decorrentes de problemas registados em locais intervencionados mas que, por alguma razão, ressurgiram. De realçar que, do levantamento resultante das visitas de terreno realizadas em 2010 e 2011, um total de 94 por cento das situações foram resolvidas, permanecendo apenas por solucionar problemas que obrigam a investimentos maiores e que ficaram a aguardar financiamento.

Passeios deteriorados, raízes de árvores na via pública, abrigos de passageiros danificados, entulhos de construção por recolher, pavimentos e mobiliário urbano degradados, falta de iluminação, canteiros por arranjar, ecopontos mal localizados, árvores por podar e carência de equipamentos públicos são alguns dos factos observados. Além dessa verificação e registo de situações, a comitiva realiza ainda visitas a um conjunto significativo de instituições, associações, escolas e empresas. Nalguns casos, promove reuniões com os responsáveis, o que permite aprofundar o conhecimento sobre realidades específicas. Acresce que a presidente e os vereadores da Câmara Municipal de Setúbal efetuam sessões de atendimento individualizado à população, por marcação, uma forma de ouvir os munícipes sobre questões que lhes são próximas.

Inédito em Portugal Depois de S. Sebastião, segue-se, em julho e setembro, a União das Freguesias de Setúbal,

resultante da junção das freguesias da Anunciada, de Santa Maria e de S. Julião. As restantes freguesias, Azeitão, Sado e Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra são visitadas até ao final do ano. O “Ouvir a População, Construir o Futuro” é uma operação municipal inédita sem precedentes em Portugal que aproxima, como nunca, a população da gestão autárquica. O programa permite resolver os problemas mais urgentes de cada freguesia com rapidez e eficácia, no âmbito de um levantamento exaustivo que identifica as principais necessidades dos munícipes. Esta metodologia, adotada no âmbito da filosofia de município participado, transversal a todo o trabalho desenvolvido pela Câmara Municipal de Setúbal, apura com precisão o que, em cada freguesia, cada bairro, cada rua, pode ser feito em prol da qualidade de vida das populações e da imagem urbana do concelho. As visitas permitem ouvir os anseios dos cidadãos e dos autarcas locais, mas também dos comerciantes, do pequeno e grande empresário, dos dirigentes associativos e escolares, dos responsáveis de instituições.

Combate à crise afeta crianças

A presidente da Câmara Municipal denunciou, no Encontro Anual de Avaliação da Atividade de Crianças e Jovens 2013, realizado no início de maio, que os mais novos são particularmente afetados pelos efeitos do modelo político de combate à crise. No evento, que decorreu no Fórum Municipal Luísa Todi, Maria das Dores Meira lamentou a “violência da crise económica e social que destrói

o País”, a qual “tem atingido as crianças e jovens de forma particularmente dramática”. A discursar na sessão de abertura, a autarca afirmou que “há fome na escola porque há fome em casa”, afirmando que esta realidade deve ser combatida. Na cerimónia inaugural, que contou com a presença do ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, a presidente do Município garantiu que “cada vez mais famílias têm dificuldades em cumprir necessidades básicas das crianças, como a alimentação, o vestuário, a habitação, o material escolar e os cuidados de saúde”. Referiu que não haveria necessidade de constituir comissões de Proteção das Crianças e Jovens em Risco (CPCJ) se os direitos constitucionais das crianças fossem assegurados, como “o direito à proteção e a cuidados especiais, o direito ao amor e ao afeto, ao respeito pela

sua identidade própria, o direito à diferença e à dignidade social, o direito a serem desejadas, à integridade física, a uma alimentação adequada, ao vestuário, à habitação, à saúde, à segurança, à instrução e à educação”. No início do encontro, em que também estiveram presentes o presidente da Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens em Risco, Armando Leandro, e a presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Setúbal, Carla Roberto, a autarca lembrou o trabalho desenvolvido ao longo de 15 anos da aplicação da Lei de Proteção das Crianças e Jovens em Risco. Maria das Dores Meira realçou “o esforço dos parceiros locais e da Câmara Municipal, sabendo que nem sempre o princípio da subsidiariedade é cumprido, pela dimensão dos problemas, pelas dificuldades em alocar recursos ou simplesmente porque a comissão não é prioridade”.

Em memória dos pescadores

A memória dos marítimos desaparecidos foi evocada a 31 de maio numa cerimónia do Dia do Pescador, promovida pela Autarquia no Cemitério da Piedade, com a deposição de flores e um cântico dedicado às gentes do mar. Na evocação, realizada junto do Memorial ao Pescador Setubalense Desaparecido, a vereadora Carla Guerreiro sublinhou a forte ligação da pesca com a história e identidade de Setúbal.

Convento promove segurança

As comemorações do Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho incluíram, a 16 de maio, no Convento de Jesus, uma ação de sensibilização para meia centena de trabalhadores das empresas envolvidas na requalificação em curso naquele monumento. A sessão versou, em particular, a segurança na utilização de produtos químicos e a prevenção de doenças profissionais e acidentes de trabalho.

Festa em diálogo cultural

A Fonte Nova recebeu, a 10 maio, o “Arraial Março Mulher”, iniciativa organizada pela SEIES, com apoio da Autarquia, que proporcionou uma festa para crianças e adultos, com música, ateliers e artesanato. Gastronomia regional e internacional, petiscos e peças de vestuário, entre outros artigos, estiveram ao dispor nesta ação integrada nas iniciativas Maio – Diálogo Intercultural e Março Mulher 2014.


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Freguesias recebem valor recorde A Câmara Municipal de Setúbal transfere o maior valor de sempre para as juntas de freguesia. Durante este mandato são mais de 11 milhões de euros a conceder no âmbito da política de delegação de competências. Com a noção de que a maior proximidade com os problemas ajudar a resolvê-los bem e depressa Os procedimentos administrativos que descentralizam competências da Câmara Municipal de Setúbal nas cinco juntas de freguesia do concelho, com a transferência, até 2017, de mais de 11 milhões de euros, foram assinados a 6 de maio. A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, salientou na cerimónia, realizada nos Paços do Concelho, que os 11 milhões e 108 mil euros, para o mandato 2013­ ‑2017, constituem “o mais alto valor transferido” nos últimos mandatos desde há 14 anos. Como consequência da reorganização administrativa territorial autárquica e das alterações introduzidas pela Lei n.º 75/2013, a delegação de competências para as juntas de freguesia, anteriormente assegurada por protocolos, passa a ser garantida por acordos de execução, contratos interadministrativos e protoco-

los de colaboração, procedimentos com vigência prevista de um mandato autárquico. “Não precisámos que o Governo ditasse esta lei para fazermos a descentralização de competências porque já a fazíamos. Foi só fazer alguns ajustamentos”, comentou Maria das Dores Meira. Com os presidentes das juntas de freguesia de S. Sebastião, de Azeitão, do Sado e de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra e da União das Freguesias de Setúbal presentes na cerimónia de assinatura dos acordos, contratos e protocolos, a autarca afirmou que “a delegação de competências, ou, dito de outra forma, a descentralização de poderes, é, acima de tudo, um aperfeiçoamento da democracia local com o qual ganham as pessoas, a cidade e todo o território concelhio”. Para isso, a Câmara Municipal transfere para as cinco juntas de

freguesia, este ano, 2 milhões e 687 mil euros, valor que sobe para 2 milhões e 807 mil euros nos anos de 2015, 2016 e 2017. O facto de a descentralização ser quadrienal é outra vantagem. “Faz­ ‑se tudo agora, discute-se tudo agora”, referiu, embora possa haver complementos se, por exemplo, for construída uma nova escola ou um novo um jardim. Dos mais de 2,8 milhões de euros a transferir anualmente, 924 mil e 414,97 euros são para a Junta de Freguesia de S. Sebastião, 730 mil e 991,62 para a Junta de Freguesia de Azeitão, 655 mil e 860,29 para a União das Freguesias de Setúbal, 271 mil e 261,37 para a Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra e 224 mil e 680,59 euros para a do Sado. Maria das Dores Meira destacou a importância destes protocolos,

Tudo por um bom coração Rastreios cardiovasculares e informações sobre fatores de risco, a par de conselhos para a adoção de um estilo de vida saudável, foram proporcionados gratuitamente à população no “7 Dias do Coração”, realizado na primeira quinzena de maio. A “consulta” de cardiologia ao ar livre, disponibilizada na área central da Avenida Luísa Todi, começou com uma pequena triagem. Seguiu-se, de acordo com as necessidades de cada utente, um circuito de rastreios de fatores de risco cardiovascular e de avaliação física. Dislipidémia, diabetes, obesidade, fibrilação auricular/hipocoagulação,­­ hipertensão arterial e tabagismo foram aspetos analisados nesta iniciativa do Centro Hospitalar de Setúbal, com o apoio da Autarquia. A diretora clínica do Centro Hospitalar de Setúbal, Quitéria Rato, ao destacar a importância da iniciativa, realizada no âmbito do Mês do Coração, sobretudo “num momento económico sensível”, frisou a neces-

sidade de a população conhecer e compreender, antecipadamente, os fatores de risco cardiovascular e potenciais sintomas de doença. “As questões sociais que as famílias portuguesas estão a passar podem conduzir a situações de stress, um dos principais fatores de risco de doença cardiovascular”, alertou a médica, para apontar a necessidade de um trabalho de proximidade e de prevenção junto da comunidade. A promoção de um estilo de vida saudável, nomeadamente com uma alimentação correta e a realização de exercício físico, para minimização de riscos, foi uma das principais apostas do “7 Dias do Coração”.

A prática desportiva regular constituiu um dos principais conselhos que os profissionais de saúde passavam aos utentes. “Setúbal tem uma frente ribeirinha de excelência para caminhadas”, sublinhou a diretora clínica. Os cuidados a ter no dia-a-dia são alargados à alimentação, com uma série de fatores de risco a evitar, nomeadamente o uso excessivo de sal na confeção de refeições e a ingestão exagerada de alimentos ricos em gorduras saturadas, responsáveis, entre outras incidências, por problemas de colesterol. Ateliers de culinária e uma caminhada foram outras ações do “7 Dias do Coração”, organizado em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, a Faculdade de Motricidade Humana, a Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Setúbal e a Escola de Hotelaria de Setúbal, com os apoios do Jumbo de Setúbal, da Águas de Penacova e da Jaba Recordati e o patrocínio da Boehringer Ingelheim.

que, “pela proximidade acrescida que conferem ao exercício do poder local democrático, pela maior eficácia que permitem na rápida e eficaz resolução de muitos problemas”, são de extrema importância para as populações “pelo reflexo que têm nas suas vidas quotidianas”.

Intervenções variadas Os acordos de execução, no valor anual de 2 milhões, 435 mil e 307,84 euros, destinam-se a assegurar que as cinco juntas de freguesia realizem pequenas reparações em estabelecimentos de ensino do pré-escolar e 1.º ciclo e nos espaços envolventes e façam a manutenção de áreas verdes e a limpeza de vias e espaços públicos, de sarjetas e de sumidouros. A gestão e manutenção do Mercado da Confeiteira, na freguesia de S.

Sebastião, e a gestão e conservação do mercado mensal de Azeitão são tarefas igualmente ao abrigo dos acordos de execução, embora sem necessidade de transferências financeiras da Câmara para as juntas no âmbito dos mesmos. Os contratos interadministrativos celebrados, com um montante anual de 344 mil e 622 euros, preveem que todas as juntas de freguesia assegurem tarefas de conservação e reparação de sinalização vertical não iluminada e de conservação e manutenção de placas toponímicas e de calçadas. A União das Freguesias de Setúbal e as juntas de freguesia de S. Sebastião e de Azeitão garantem ainda a limpeza de edifícios municipais. Quanto a Azeitão, acresce a gestão e conservação dos cemitérios de Vila Nogueira e de Vendas de Azeitão. A Câmara Municipal celebrou ainda protocolos de colaboração com a Junta de Azeitão para apoio ao funcionamento do posto de atendimento da Autarquia naquela freguesia e com a Junta de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra para o funcionamento do polo da Biblioteca Municipal. “Um cêntimo na mão de uma junta de freguesia equivale a três ou quatro cêntimos”, referiu Maria das Dores Meira, ao congratular-se com o empenho dos autarcas locais. “É tudo mais rápido e tempo também é dinheiro.” Os presidentes das juntas de freguesia demonstraram agrado com o novo modelo de descentralização de competências, que permite, tal como tem acontecido em anos anteriores, beneficiar sobretudo as populações.

Hipertensão sob vigilância Setúbal foi este ano a capital escolhida para as comemorações nacionais do Dia Mundial da Hipertensão, a 17 de maio, numa iniciativa organizada pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão. Além de rastreios e sessões de esclarecimento junto da população, o programa de atividades contou com uma cerimónia solene, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, em que se falou da importância da hipertensão como fator de risco de doença cardiovascular. A presidente da Câmara Municipal

recebeu, neste encontro ao final da manhã, o presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), Fernando Pinto, o coordenador nacional das comemorações do Dia Mundial da Hipertensão, Francisco Torres, e o secretário-geral da SPH, Manuel Carvalho Rodrigues. Problemas cardiovasculares, renais ou coronários são algumas complicações a que estão sujeitas as pessoas com tensão arterial elevada, tema abordado na sessão, em que estiveram presentes o presidente do Vitória Futebol Clube, Fernando Oliveira, o vice-presidente António Aparício e o ex-treinador do clube sadino José Couceiro. Ao longo do Dia Mundial da Hipertensão, a iniciativa, organizada com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, incluiu rastreios da pressão arterial e ações de sensibilização para a população sobre o tema e estilos de vida saudáveis a adotar, num espaço montado na Avenida Luísa Todi.


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Festa de olho no Mundial Trinta dias a petiscar o melhor que Setúbal tem para oferecer em termos de gastronomia, com o rio a dois passos de distância. O novo Fest’Asso começou em meados de junho e acaba a meio de julho. A transmissão dos jogos do Mundial de futebol em ecrã gigante é um dos aliciantes

Fotografia dá vitória a amador

André Carvalho foi, pelo segundo ano, o grande vencedor da Meia Maratona Fotográfica de Setúbal. O participante de 55 anos, de Loures, vencedor também em 2012, arrecadou o prémio da 11.ª edição para o melhor conjunto de imagens e a distinção para melhor fotografia, no subtema “Espaço Público”. Nesta edição, o tema que inspirou os 47 fotógrafos amadores participantes foi “Reabilitação Urbana”. O vencedor do concurso, integrado no programa municipal m@rço.28, que assinala localmente o Mês da Juventude, arrecadou ainda outras quatro menções honrosas.

O melhor da gastronomia local, temperada com muita música e o visionamento dos jogos do Campeonato do Mundo de Futebol, é oferecido a setubalenses e turistas no Fest’Asso, a funcionar no Cais 3 do Porto de Setúbal até 13 de julho. As coletividades, principal energia motora deste género de certames, esmeram-se para seduzir a clientela com pratinhos de fazer crescer a água na boca. Do rio, vêm o choco, as ovas, o camarão, a santola e as lambujinhas, iguarias servidas à moda de Setúbal. As bifanas, os hambúrgueres, os cachorros e os caracóis também não faltam. Assim como as moelas, os couratos e as entremeadas. A iniciativa, organizada pela União das Freguesias de Setúbal, dá continuidade às dinâmicas de apoio ao movimento associativo e procura manter viva as tradições populares das extintas

freguesias, agora agregadas no âmbito do processo de reorganização administrativa. Durante trinta dias, com a brisa do Sado a refrescar os dias e as noites quentes, o Fest’Asso passa os vários jogos televisionados do Mundial de futebol num ecrã gigante de 6 por 4,5 metros, enquanto se degustam petiscos nas esplanadas das tasquinhas. Além de muito futebol e gastronomia, servida numa dezena de espaços, utilizados rotativamente pelas 22 associações e coletividades presentes, medida fomentada com o intuito de promover o estreitamento de laços entre os participantes, os visitantes dispõem de divertimentos, mostras de artesanato e diversos momentos de animação e música. Canta Brasil, Jorge Nice, Arsha, Ash is a Robot, Amigos do Xico da Cana, Luís Portela, Cantares

do Sado, Os Alcorrazes, Toy e Belito Campos são alguns dos nomes que já passaram ou ainda vão passar pelo palco do Fest’Asso, a par de espetáculos de tunas, sevilhanas e música por DJ. “A nossa intenção é, ano após ano, procurar enriquecer este certame com mostras de trabalhos das várias associações e coletividades da freguesia, seja qual for a área de intervenção”, adianta o presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas, confiante no sucesso da festa, organizada com o apoio da Câmara Municipal. O certame funciona no Cais 3 do Porto de Setúbal de domingo a quinta-feira, das 18h00 à 01h00, exceto nos dias em que os jogos do Campeonato do Mundo de Futebol começam mais cedo, nomeadamente às 17h00, enquanto às sextas e aos sábados o horário é alargado até às 02h00.

COMENDADORA. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, foi agraciada nas cerimónias do Dia de Portugal com o grau honorífico de Comendador da Ordem do Mérito, que distingue atos ou serviços meritórios praticados no exercício de funções públicas ou privadas que revelem abnegação em favor da coletividade. “Creio que é o reconhecimento do trabalho que, com todos os setubalenses e azeitonenses, temos feito em prol do nosso concelho”, referiu a comendadora, após receber a distinção das mãos do Presidente da República (foto Luís Filipe Catarino/Presidência da República).

Setúbal inspira telenovela A cidade de Setúbal é o palco da mais recente telenovela da SIC, a estrear em setembro no horário nobre. A história desenrola-se principalmente na cidade sadina, com boa parte das gravações a realizarem-se no Bairro da Fonte Nova, no Mercado do Livramento e na Doca dos Pescadores. Na Rua Vasco da Gama, a Câmara Municipal, que estabeleceu entretanto um protocolo de colaboração com a SP Televisão, antecipou uma intervenção já prevista no âmbito de reorganização urbana e retirou os pilaretes que deli-

mitavam a faixa de rodagem naquela artéria do centro histórico. A Autarquia prevê, após a conclusão das filmagens, com a duração de sensivelmente um ano, que os limites da faixa de rodagem daquela rua passem a ser constituídos por mobiliário urbano mais pequeno e esteticamente apelativo, bem como por floreiras. Com Setúbal a constituir-se como a principal referência geográfica da telenovela, os locais e as ruas mencionados no decorrer da história não são ficcionados e correspondem à realidade.

A Câmara Municipal, além de apoio logístico às filmagens, assume-se ainda como mediadora entre a SP Televisão e outras entidades locais, no sentido de se agilizar burocracias e autorizações necessárias para a realização de filmagens. Ao longo da rodagem dos cerca de 300 episódios que constituem a nova telenovela da SIC podem surgir constrangimentos pontuais na cidade, nomeadamente ao nível da circulação rodoviária e de estacionamento, dificuldades compensadas pela grande exposição mediática da cidade e do concelho e o consequente retorno ao nível de setores como o turismo.

Coroada como melhor modelo

A setubalense Bárbara Gavaia Rodrigues foi eleita a melhor modelo da Europa no concurso Future Model & Talent World, realizado em abril, na Turquia. Coroada, a jovem, de 17 anos, representante de Portugal no concurso mundial, quis agradecer o apoio do Município ao levar a bandeira de Setúbal para Istambul. A presidente da Autarquia, que elogiou a beleza da modelo, estudante na Escola Secundária Sebastião da Gama, destacou o orgulho na “excelente” representação de Bárbara numa competição que reúne modelos, entre crianças e jovens, de vários países.

Crianças caçam ovo da Páscoa

Centenas de crianças participaram na Caça ao Ovo da Páscoa, uma iniciativa da Junta de Freguesia de Azeitão que proporcionou brincadeiras no Parque da Cooperativa, em Vendas de Azeitão. Pintura de ovos, teatro de fantoches concebido pelo grupo de voluntários e muitos doces alusivos à época, desde os cupcakes aos coelhos em forma de chupa-chupas, passando pelas bolachas a lembrar ovos, foram proporcionados a miúdos e graúdos nesta atividade. Os livros infanto-juvenis também não faltaram a esta primeira edição da Caça ao Ovo da Páscoa, realizada a 12 de abril.


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O espírito empreendedor de um grupo de jovens da Bela Vista é estimulado através de um projeto que democratiza o uso das novas tecnologias. A criação de um jornal de bairro é a primeira iniciativa a nascer no âmbito do Comité para a Democratização da Informática O empreendedorismo, o espírito de cidadania ativa e a inclusão digital são promovidos no Comité para a Democratização da Informática. O projeto, direcionado para a comunidade jovem, funciona no Mercado 2 de Abril e disponibiliza um conjunto de recursos tecnológicos e ações de formação. A iniciativa de âmbito internacional, promovida pela AICD – Associação para a Inserção por Centros Digitais de Informação, é implementada localmente através de um protocolo de colaboração, assinado a 28 de abril entre aquela instituição e a Câmara Municipal. “Este é um território no qual há mui-

Informática fomenta criatividade jovem

tos talentos para trabalhar”, salientou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, para destacar a “grande transformação” gerada na Bela Vista e na zona envolven-

te, sobretudo através do programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, que envolve os moradores em ações de melhoria dos bairros. A autarca acentuou que esta é uma

“iniciativa de oportunidades” ao dirigir-se aos jovens que tiravam apontamentos e captavam imagens do momento com o intuito de produzir um trabalho para constar no

jornal “O Bairro”, a primeira iniciativa dos oito jovens, entre os 15 e os 22 anos, que integram o novo projeto. O fundador e presidente do Comité para a Democratização da Informática, Rodrigo Baggio, recordou o lançamento deste projeto em Portugal, há um ano. “Lançámos as sementes e hoje estamos a colher os frutos”, sublinhou, orgulhoso do trabalho promovido pelos jovens setubalenses. “Este é o primeiro passo, um exemplo que queremos estimular”, frisou aquele responsável ao folhear uma edição do jornal, que inclui um logotipo personalizado que integra três bairros – Bela Vista, Alameda das Palmeiras e Forte da Bela Vista – assim como uma imagem de grupo em caricatura. A criação de um jornal foi a resposta encontrada pelo grupo de trabalho para quebrar estereótipos quanto à imagem da Bela Vista no exterior. No futuro, há a possibilidade de este projeto se tornar sustentável e local de trabalho para alguns dos participantes.

Bela Vista beneficia prédios

A higiene urbana dos pátios do Bairro da Bela Vista é reforçada com uma equipa comunitária de limpeza, composta por seis moradores, que zela pela manutenção do espaço público desde o início de junho. A iniciativa, do programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, é garantida através de um protocolo de colaboração celebrado entre a Câmara Municipal, a Junta de Freguesia de S. Sebastião e a ACM – Associação Cristã da Mocidade. As tarefas conduzidas pela “Equipa Comunitária de Limpeza Urbana da Bela Vista” incidem nos 19 pátios e zonas adjacentes do “Bairro Amarelo”, espaços reabilitados através do programa RUBE – Regeneração Urbana da Bela Vista e Zona Envolvente. O fardamento e outros equipamentos necessários para a execução dos trabalhos, como carrinhos de varredura, pás e vassouras, foram dispo-

nibilizados pelos serviços camarários, que promoveram, igualmente, sessões de formação. A iniciativa, executada em regime de voluntariado, é comparticipada pela Autarquia, que apoia este projeto com um subsídio anual destinado a financiar, com o valor simbólico de três euros por hora, o trabalho de cada morador envolvido. A valorização das capacidades da população, através da prestação de uma colaboração de grande utilidade para a comunidade, é um dos objetivos da iniciativa, que fomenta, ao mesmo tempo, a cidadania ativa na utilização adequada dos espaços públicos. Através do projeto pretende-se, igualmente, que o modelo possa vir a ser alargado a outros moradores daquele bairro da cidade, no sentido de elevar o sentido de responsabilização individual na manutenção do espaço no qual residem.

AMBIENTE. Uma ação de sensibilização para a recolha e separação seletiva de óleos alimentares usados realizou-se a 12 de abril, nas imediações e dentro do Mercado do Livramento. A campanha, com distribuição de folhetos informativos e oferta de funis que ajudam na recolha, em casa, de óleos alimentares usados, foi promovida pela ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, com o apoio da Autarquia, no âmbito do projeto RecOil.

S­ etúbal dá continuidade à conservação do parque habitacional da Bela Vista, com um conjunto de empreitadas a decorrer desde maio, que visam suster a degradação do edifi­cado. As operações, que materializam um investimento superior a 50 mil euros, incidem, sobretudo, na reabilitação de revestimentos e de fachadas de prédios, a par do reforço estrutural nas caixas de escadas.

local

Moradores zelosos

As entradas de vários prédios do edificado habitacional do Bairro da Bela Vista estão a ser alvo de intervenções de beneficiação. A instalação de portões é umas das melhorias introduzidas no âmbito destas operações, que visam o reforço das condições de segurança. As obras, promovidas pelos moradores com o apoio da Câmara Municipal, são dinamizadas no âmbito do programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade” e impulsionadas no espírito de participação cidadã do projeto “Setúbal Mais Bonita”, com ações de embelezamento urbano. A Autarquia cede cimento, areia e tijolos, os materiais de alvenaria utilizados pelos moradores para fechar as entradas dos prédios, que contam, em breve, com novos portões, adquiridos pelos inquilinos e instalados com apoio técnico dos serviços camarários. As intervenções, além de reforçarem o sentimento de segurança dos moradores, asseguram melhores condições de limpeza e manutenção dos prédios, trabalhos garantidos pelos próprios residentes, alguns já com condomínios constituídos. Paralelamente a estas obras, a Câmara Municipal de


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Abril festeja por melhor

especial

Portugal viaja por caminhos diferentes dos que Abril trilhou há quarenta anos, como se uma nuvem ensombrasse o dia inicial inteiro e limpo descrito por Sophia de Mello Breyner. Setúbal festejou a data à espera de melhores dias, a recordar a urgência em recuperar os ideais da Revolução dos Cravos

Os 40 anos do 25 de Abril foram vividos em clima de festa no concelho, mas a presidente da Câmara Municipal de Setúbal não esqueceu a necessidade de lutar por um país com futuro que dê trabalho e dignidade aos portugueses. “Não houve, nem haverá, machado que nos corte a raiz ao pensamento, há 40 anos, como hoje. Abril demonstrou-o com a alegria que as revoluções comportam, com a dignidade que só os povos conhecem”, assinalou a Maria das Dores Meira, em sessão solene da Assembleia Municipal. É tempo, acrescentou, de questionar o caminho apontado, de interrogar se a Revolução foi uma linha contínua ou se a realidade atual demonstra uma inversão de marcha que deve ser travada. “A resposta a esta questão é fácil e resulta de um imperativo de consciência: claro que temos o dever de travar este retrocesso! É o que faremos porque a história não acabou.” A autarca defendeu que este dia de festa deve ser usado para afirmar a capacidade de construir uma sociedade melhor e mais justa, que acabe com as desigualdades e respeite os direitos políticos, sociais e económicos alcançados. “Queremos, acima de tudo, ter a possibilidade de viver com dignidade.”

Maria das Dores Meira afirmou que comemorar Abril “é também comemorar a inigualável obra que o Poder Local Democrático fez em todo o País”, considerando que as câmaras municipais e as juntas de freguesia são “os principais responsáveis pela correção das abissais diferenças de desenvolvimento entre os grandes centros urbanos e um interior que foi, durante demasiado tempo, esquecido e desprezado”. Esse “esquecimento e desprezo”, alertou, começa de novo a acentuar-se, realidade materializada no encerramento de diversos equipamentos do Estado e na entrega a privados de serviços básicos e que “se consumou com a extinção de freguesias, sem qualquer respeito pelas identidades locais e históricas, contra a vontade das populações, contra tudo e contra todos”. A Câmara Municipal de Setúbal, afirmou Maria das Dores Meira, orgulha-se do “contributo fundamental” que dá para “o Portugal construído pelo Poder Local Democrático”, apesar das dificuldades, nomeadamente financeiras. Por isso, destacou a autarca, no caso de Setúbal, o esforço feito nos últimos anos pela melhoria da qualidade de vida das populações resulta num retorno para a eco-

nomia local. Isto ao atrair “novos investidores, novos visitantes, novos turistas em número nunca alcançado” e gerar “a alteração de perceções sobre Setúbal”. E garantiu que a Autarquia tudo fará, no contexto das oportunidades que surjam no quadro dos apoios comunitários, para “transformar projetos em realidades”.

Concelho comemora Os 40 anos do 25 de Abril foram assinalados por todo o concelho de Setúbal com um programa comemorativo que incluiu um vasto leque de atividades e incentivou a população a festejar a data nas ruas em ambiente de convívio. Após uma cerimónia do hastear da bandeira e a sessão solene da Assembleia Municipal, o Coro Lima Voxx, constituído por alunos da ES 2,3 Lima de Freitas, recordou num pequeno concerto de dez minutos, à entrada dos Paços do Concelho, perante cerca de uma centena de pessoas, temas clássicos do período da Revolução dos Cravos, como “Filhos da Madrugada” e “Somos Livres”. Pouco depois, no coreto da Avenida Luísa Todi, o grupo de percussão BelaBatuke e a banda da Socieda-

de Musical Capricho Setubalense recuperaram outros temas conhecidos de Abril, numa atuação que culminou com o público a entoar o refrão de “Grândola, Vila Morena”. Seguiu-se uma cerimónia de deposição de flores no Monumento à Resistência Antifascista, organizada pela Autarquia e pelo núcleo de Setúbal da URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses. Francisco Lobo, representante da URAP, sublinhou a importância de “recuperar o ideário que a Revolução deixou”, valores que considera estarem ameaçados na atualidade, quando “a riqueza de apenas 25 famílias totalizam 10 por cento do PIB de Portugal, algo que faz lembrar o período antes do 25 de Abril, em que 40 famílias sustentavam o fascismo”. Seguiu-se uma visita a atividades das várias freguesias, nomeadamente à de Azeitão, onde foram inaugurados uns antigos lavadouros, agora recuperados, em Vila Nogueira (ver pág. 20). Antes, durante a manhã, no Parque da Lanchoa, em Setúbal, decorreram várias atividades desportivas, complementadas com animação musical e uma exposição de artesanato. Em paralelo, o mesmo local foi ponto de partida e chegada da 9.ª edição da Corrida da Liberdade.


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ores dias Já no Clube Desportivo, Cultural e Recreativo de Gâmbia realizou-se um jogo de futebol e uma matiné dançante, enquanto na Fonte Nova, na Associação Centro de Bem-Estar Social dos Reformados e Idosos de Setúbal, muitos pensionistas festejaram Abril ao ritmo de um animado baile. “40 Poemas à Liberdade” é o título de uma exposição inaugurada, ao final da tarde, na Biblioteca Pública Municipal, com textos de autores consagrados, numa viagem literária com início no século XVIII, com Bocage, um dos primeiros portugueses a dedicar poesia ao tema da liberdade, e final já em pleno século XX, com Jaime Rocha. De regresso aos Paços do Concelho, a Casa da Poesia de Setúbal apresentou o livro “Abril, 40 Anos, 40 Poetas”, com poemas de autores locais. Alexandrina Pereira, da comissão instaladora da Casa da Poesia de Setúbal, agradeceu todo o apoio que a Câmara Municipal tem dado na constituição da nova associação cultural, bem como para a produção da publicação lançada no 25 de Abril. No programa comemorativo previsto para o feriado, a Artiset – Associação de Artistas Plásticos de Setúbal, com a colaboração da As-

sociação José Afonso, inaugurou a exposição “Entre Trovas e Cantigas”, no Espaço das Artes da Casa da Cultura. Também no âmbito das festividades do dia 25 de Abril, A Naifa apresentou, à noite, no Fórum Municipal Luísa Todi, o concerto “As Canções d’A Naifa”. O serão reservou ainda a apresentação da peça “A Estrela de Seis Pontas” e a tertúlia “Conversas sobre Abril”, no Teatro de Bolso, numa organização do Teatro Animação de Setúbal, e o lançamento do livro “Militares e Política: o 25 de Abril”, de Luísa Tiago Oliveira, numa iniciativa do programa “Muito Cá de Casa”, desenvolvido pelo atelier DDLX na Casa da Cultura. Na véspera, na noite de 24, Sérgio Godinho voltou a atuar em Setúbal passados dez anos sobre o concerto de inauguração da Feira de Sant’Iago no atual recinto, localizado nas Manteigadas. A seguir ao concerto de Sérgio Godinho, que atraiu uma multidão à Praça de Bocage, seguiu-se um espetáculo de fogo-de-artifício na Avenida Luísa Todi nos primeiros minutos da madrugada que completou 40 anos sobre o 25 de Abril de 1974.

Palavra aos jovens A Câmara Municipal de Setúbal, em colaboração com as seis escolas do ensino secundário do concelho, lançou um desafio aos alunos. Simplesmente responder o que o 25 de Abril representa para os jovens entre os 13 e os 17 anos. De escola em escola, recolheram-se depoimentos, fotografaram-se rostos e o resultado final ficou à vista

de todos, com pendões colocados nos respetivos estabelecimentos de ensino. Os alunos envolvidos neste projeto fizeram o trabalho de casa e com os familiares (re)descobriram que muitas coisas foram conquistadas, como a Democracia e a Liberdade, esta, sem dúvida, a palavra mais pronunciada.

Paz nascida na revolução Há 40 anos, quando Maria da Paz veio ao mundo, na noite de 25 de abril de 1974, em Almada, já a prima tinha nascido em Vizela, ao mesmo tempo que a revolução acontecia na capital, às primeiras horas da manhã. Um feliz acaso entre a família de Maria da Paz e a Revolução do Cravos que não se fica por aqui. Há outras coincidências, como o nascimento noutro 25 de abril dos dois sobrinhos gémeos. Por pouco, também o filho mais velho nasceria na mesma data, mas foi um pouco preguiçoso. Aniversários à parte, Maria da Paz sente que tem um dever cívico “mais apurado” porque desde cedo a família esclareceu sobre o antigo regime e a importância da Revolução da Liberdade. “Os meus pais sempre comemoravam de uma maneira diferente, participando em manifestações, incutindo-me os valores grandiosos pelos quais se fez a Revolução de Abril.” Maria da Paz sentiu no seio familiar as agruras do antigo regime. “Vários familiares viveram fugidos da PIDE, batalhando sempre por um mundo melhor, inclusive um tio de meu pai, que trabalhou com Álvaro Cunhal”, conta Maria da Paz, que era para se chamar Maria da Liberdade. Não deixaram. Nos dias imediatos à Revolução dos Cravos, a conservatória de Almada não autorizou o registo do nome “Liberdade”. Agora com 40 anos, explica que, ainda assim, os pais quiseram homenagear as “transformações vividas e ganhas naquele dia, que iriam trazer a Portugal muita alegria e ’Paz’”. Embora a data seja especial para as pessoas que saibam o que mudou no contexto político, económico e social do País, Maria da Paz lamenta que, “para uma grande parte da população, o 25 de Abril é só mais um feriado”. Lembra-se que tomou consciência do significado da data do aniversário quando, aos 5 anos, numa manifestação em Lisboa, se perdeu dos pais. “Alguém, que reparou em mim, levou-me ao palco e foi bonito ter muitas pessoas a baterem-me palmas.”

Parabéns e Zeca Afonso Márcia Pacheco, nascida a 25 de abril de 1979, sente-se “muito vaidosa” por ter nascido numa data tão simbólica. “A minha família sempre deu muita importância a este dia e sempre se preocupou em explicar-me o significado e valor.”

Da infância, recorda as manhãs animadas em que o pai punha no gira-discos um vinil do Zeca Afonso e ouvia foguetes e gaiteiros nas ruas de Palmela, onde cresceu. “Contam-me os meus pais que quando era pequena perguntava se todos aqueles festejos eram por ser o meu aniversário.” Anos mais tarde, nos jantares de aniversário, Márcia distribuía cravos pelos amigos e, à meia-noite, além dos parabéns, cantavam-lhe “Grândola, Vila Morena”. “Sempre gostei de comemorar o meu aniversário e o 25 de Abril com as pessoas, na rua, pois esta é uma celebração do povo, de liberdade e fraternidade.” Tal como Maria da Paz, a família de Márcia “sempre se preocupou” em explicar o significado e valor da data. “Com maior ou menor entendimento, penso que cedo fui percebendo que tinha nascido num dia de grande significado para Portugal, como também foi inspirador e exemplo para outros ­países.” Márcia, com 35 anos, tem vindo a reunir livros, jornais, documentários, discos e fotografias de família, que utiliza em exposições e muito jeito deram para trabalhos na escola. Na faculdade, apresentou uma série de depoimentos sobre as experiências aquando da instrução primária. Por isso, há uma importância acrescida para aqueles que nasceram depois da revolução. Celebrar a liberdade, mas também procurar estar informado, esclarecido, além de “questionar e pensar o futuro”. Conceição Noronha ainda viveu 11 anos no antigo regime. Nascida a 25 de abril de 1963, confessa que não tem noção dos últimos anos da ditadura e só compreendeu a importância da data por volta dos 14 anos. Depois da Revolução dos Cravos, o aniversário passou a ter contornos duplamente especiais, celebrando o nascimento e a liberdade “tão importante para a democracia”. Na escola, sentia “uma vaidade enorme por ter nascido neste grande dia” e a responsabilidade acrescida de “respeitar os ideais de Abril, os princípios da revolução, e dá-los a conhecer aos outros”. Conceição tenta incutir esses valores aos filhos, celebrando o aniversário a assistir aos festejos das comemorações do 25 de Abril.


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Olhos abertos à A Bela Vista está diferente. As novas gerações marcam a diferença. Fazem por isso ao aproveitar a embalagem do projeto “Nosso Bairro, Nossa Cidade”. Trabalham para desconstruir estigmas e construir novos olhares

plano central

A

driana, Cassandra, Bruno (Congas), Flávio (Tiozinho), Leny, Jessica, Eti, Indi, Cristina, Leandro, Idalécio, Helder (Babas) e Janete são os bravos que pretendem “Mudar o Olhar” ao acreditarem ser possível mudar a forma como os olhares de quem está de fora incidem sobre a Bela Vista. Outra certeza que estes jovens têm é de que essa mudança não passa só por “cimentar” boas vizinhanças, tão-pouco por recuperar edifícios e pátios no labiríntico complexo urbanístico dos anos 70. Mas já é um princípio, uma ponta solta para desmistificar o que sai dos limites do bairro, sobretudo na comunicação social. O “Nosso Bairro, Nossa Cidade” tem possibilitado tudo isto, não esquecendo, sobretudo, o lado humano. A constituição de condomínios, as reuniões com moradores e os vários programas direcionados às novas gerações têm sido prioridade tanto da Câmara Municipal como dos que ali residem. Estela, ou “Tia”, como carinhosamente lhe chamam, garante que a Bela Vista está diferente e que “as novas gerações são mais calmas”. Prova disso é o envolvimento dos jovens em múltiplas atividades. O projeto “Mudar o Olhar”, sob orientação da Tia, é exemplo da vontade dos 15 jovens que planificam e concretizam, com a coordenação conjunta com a Autarquia. E o que planeiam estes munícipes com idades entre os 15 e os 23 anos?

Festival de Música e Dança, com desfile de moda incluído, e monotorização das Férias do Bairro, as de verão, Páscoa e Natal, além de uma formação de informática para desenvolverem um projeto, patrocinado pela Microsoft. Este curso, do Comité para a Democratização Informática, vai permitir a criação de um jornal online disposto num ecrã gigante nas ruas da Bela Vista onde passem notícias e campanhas de sensibilização e formação cívicas. “Mudar o Olhar” de fora para dentro, mas também a servir de exemplo para os de “casa”.

Olhar para a música É na reunião quinzenal, entre o “Mudar o Olhar” e o grupo de trabalho da Câmara Municipal, que se cose o que vem alinhavado das reuniões em casa da Tia. A poucas semanas do Festival de Música e Dança, a 19 de julho, no Parque Verde da Bela Vista, ainda falta confirmar a presença e a boa vontade de artistas, fazer o alinhamento do espetáculo, tecer estratégias de comunicação, angariar patrocínios e amadurecer o desfile de moda que querem integrar no evento. Ao final da tarde, depois das aulas, os jovens começam a chegar a conta-gotas ao Gabinete da Bela Vista, da Câmara Municipal, onde os esperam os técnicos da Autarquia que ali estão para apoiar o grupo na organização de mais uma edição, a

Bela Vista no liceu Bruno bem tentou mas não conseguiu entrar na Escola D. Manuel Martins. A alternativa foi a Escola Secundária de Bocage, o “Liceu”, como ainda hoje se lhe referem. Aos 19 anos, o “Congas” frequenta o segundo ano do curso técnico-profissional de Apoio à Infância. Quanto ao futuro não sabe o que lhe reserva. Amizades “só na turma” e pouco mais, e, mesmo assim, não foi fácil. Não gosta da escola, sente-se deslocado e, por falar em deslocação, Bruno não esquece o primeiro mês de aulas em que, por não ter a senha do passe, descia a pé da Bela Vista até à escola no centro da cidade.

terceira, do festival. A folha de presença roda por todos e o nome de cada um começa a encher as linhas. Metade do grupo está presente. Adriana, uma das jovens, faz o ponto da situação. Querem um festival diferente dos outros anos, com “diversidade de estilos para não ser só

música africana”, bem como acrescentar a vertente de dança ao programa. Do fado à música popular, a maior parte dos artistas sugeridos é de Setúbal, mas também são propostos participantes de outros concelhos para subirem ao palco.


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mudança e com maior frequência na casa de Estela para o final da tarde do dia seguinte.

Uma “tia” do bairro

Para assistir ao espetáculo estão convidados os moradores dos bairros vizinhos Alameda das Palmeiras, Forte da Bela Vista, Manteigadas e Quinta de Santo António e, claro, todos os setubalenses e não setubalenses. O que se pretende com este festival

é que, através da música, da dança e do convívio, a Bela Vista comece, finalmente, a ser vista com outros olhos, com bons olhos, sem medos nem preconceitos, onde todos são bem-vindos. A pouco mais de um mês do acontecimento, o programa está longe

de estar fechado. O entusiasmo é tal que os jovens presentes na reunião quinzenal entre o grupo “Mudar o Olhar” e os técnicos da Autarquia se atropelam nas sugestões. “Para decidirmos alguma coisa tem de ser em conjunto”, lembra a Tia, pondo ordem na mesa. Quem fica res-

ponsável por conseguir patrocínios e quem começa a alimentar a página do facebook “Mudar o Olhar”, à medida que o festival começa a ganhar forma. Até lá, agenda-se a próxima reunião no gabinete da Autarquia e, entre o grupo, o encontro mais informal

Cassandra, 15 anos, é a mais nova do grupo e a que está, literalmente, em casa, na Avenida da Bela Vista. A rapariga, que estuda na Escola D. Manuel Martins, é filha de Estela, a matriarca do “Mudar o Olhar”. Em casa desta família, os jovens reúnem-se frequentemente enchendo a sala, ao final da tarde, já ocupada por Emanuel, o filho mais novo da “tia” Estela, sempre presente nas reuniões, por um aquário com peixes, por um hamster e pela cadela Lady. Estela, convidada a coordenar o projeto “Mudar o Olhar” há um ano, substituindo a “tia Riquita”, acredita no que o “Nosso Bairro, Nossa Cidade” pode fazer pela Bela Vista. “Os miúdos são responsáveis, podem confiar neles”, garante, ansiando que de uma vez por todas os estigmas à volta dos problemas do bairro desapareçam e que se desconstrua a imagem de insegurança. “Não deixam de ser miúdos.” A “tia” – uma forma de os angolanos mostrarem respeito pelos mais velhos, enquanto estes tratam por “mãe” a geração mais antiga – veio da então Nova Lisboa, atual Huambo, para Portugal aos 2 anos. “Sou mais portuguesa do que angolana. Gostava de lá ir, mas acho que não conseguiria viver.” A Setúbal chegou há mais de vinte anos e à Bela Vista há apenas um, embora morasse nas proximidades, e não se arrepende. Na sala de estar de Estela, no terceiro andar, as janelas estão abertas e ouvem-se os “miúdos” lá em baixo a jogar à bola. “Daqui a pouco vão para casa e não se ouve mais nada. A Bela Vista mudou.”


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Bicross marcha para vitória inédita O concurso das Marchas Populares de Setúbal 2014 baixou o pano com um vencedor inédito no concurso. Três grupos arrecadaram a totalidade dos galardões em disputa. A entrega de prémios é a 26 de julho O Núcleo de Bicross de Setúbal alcançou uma vitória inédita nas Marchas Populares, em decisão tomada pelo júri após os desfiles a concurso, realizados nos dias 20 e 21 de junho, na Praça de Touros Carlos Relvas. A coletividade, que arrecadou ainda os prémios na categoria de música e de melhor madrinha, Inês Pereira, recorreu à calçada portuguesa e a canteiros florais para evocar “Pedaços de um passado, uma História, uma lição”, com as mulheres a desfilarem embelezadas por flores, enquanto os homens prestaram uma homenagem aos antigos funcionários de limpeza urbana da cidade. O júri, presidido pela cantora Maria José Valério, atribuiu o segundo lugar ao Núcleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau, que alcançou também os prémios de melhor letra e de desfile. Amores e namoricos, personificados por um

Pelos sítios da memória

A inauguração da mostra “A semente lançada germinou” e a visita aos lugares de Sebastião da Gama assinalaram o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, a 18 de abril. Com o tema “Lugares de Memória”, o Museu do Trabalho expôs instrumentos musicais, partituras e fotografias de músicos. Em Azeitão, percorreram-se locais na Arrábida onde Sebastião da Gama se inspirou para escrever alguns dos seus poemas.

Museu pela noite dentro Zé pintor e uma Rosa florista, inspiraram esta marcha, pontuada por flores e paletas, sobre o “Bairro Santos, tela de pintores e floristas”. O restante lugar do pódio é ocupado pelo Grupo Desportivo Setubalense “Os 13”, que, com o tema “No meu bairro tão velhinho… foi a nossa inspiração”, numa homenagem à evolução da própria marcha e do antigo Bairro da Trindade, leva ainda para casa os troféus de coreografia, cenografia e figurino. Esta coletividade foi, no entanto, penalizada com dois pontos, conforme disposto na alínea c) do ponto 4 do artigo 17.º, por incumprimento do ponto 1 do art.º 17.º do Regulamento do Concurso das Marchas Populares de Setúbal. A quarta e a quinta posições coube, respetivamente, à União Desportiva e Recreativa das Pontes e à ACTAS – Academia Cultural de Teatro e Artes de Setúbal

Grupo Desportivo Independente, em sexto, Centro Cultural e Desportivo dos Brejos de Azeitão, em sétimo, Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, oitavo, Diabo no Corpo – Associação Cultural, nono, e Cooperativa de Habitação e Construção Económica Bem-Vinda a Liberdade, décimo, são os restantes lugares da classificação geral. A entrega de prémios do concurso, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal, com o patrocínio da SGS Car e os apoios da Europrol e da Aplaudir e que, antes dos desfiles a concurso na Praça de Touros, contou ainda com uma apresentação das marchas na Avenida da Liberdade, realiza-se a 26 de julho. A cerimónia, com atuação das madrinhas e a presença dos marchantes e alguns arcos, tem lugar na Feira de Sant’Iago, na Praça do Mundo, a partir das 21h00.

Caldo verde, livros e música animaram a Noite dos Museus, a 17 de maio, no Museu do Trabalho Michel Giacometti. Ao contrário do horário normal de funcionamento, as portas do espaço museológico abriram às oito da noite para receber os mais de cem visitantes. O programa, que só finalizou perto da meia-noite, depois de servido caldo verde, contou com a apresentação de livros e momentos de música popular portuguesa.

Alentejo canta para Setúbal

cultura

Montra do cinema europeu O produtor Paulo Branco, com mais de 270 filmes em Portugal e no estrangeiro, foi homenageado com o Golfinho de Carreira na última edição do Festroia, edição que distinguiu, com o prémio máximo, uma película servo-croata. “Não sei o que dizer. Um produtor normalmente não fala, age”, afirmou Paulo Branco. “Festivais como o Festroia devem ser aplaudidos, pois fazem com que o cinema continue a ser visto, ouvido e falado.” “As Crianças do Sacerdote”, obra do realizador Vinko Brešan, arrecadou o Golfinho de Ouro do 30.º Festival Internacional de Cinema de Setúbal, edição em que a própria

diretora do certame, Fernanda Silva, foi surpreendida com uma distinção, a cargo da organização não-governamental de jornalistas católicos SIGNIS. Fernanda Silva recebeu do bispo de Setúbal, D. Gilberto Canavarro dos Reis, um prémio que sublinha o trabalho desenvolvido pelo Festroia e, em especial, pela direção, em garantir a cada edição uma programação diversificada e de qualidade. “Quando soube deste prémio, agora mesmo, ali sentada, pensei para comigo: ‘Já não mando nada aqui’”, brincou Fernanda Silva, instantes após ter recebido a distinção, a qual assinala ainda os 30 anos do festival e os 25 anos nos quais o prémio SIGNIS é atribuído no Festroia. Antes, no início da cerimónia, realizada a 14 de junho, Fernanda Silva já havia deixado a convicção de dever cumprido e, em simultâneo, num aparente paradoxo, também por cumprir. “Mais uma vez, sentimos que o público não saiu desiludido com a qualidade da programação. Mas, mal acabe esta edição, começamos imediatamente a pensar como podemos fazer a próxima de uma forma ainda melhor.” A diretora do festival de cinema sadino, no qual foram exibidos 188 filmes entre os dias 6 e 15 de junho, agradeceu os vários apoios que o certame recebe, em especial da Câmara Municipal de Setúbal, o principal patrocinador.

Um espetáculo de cante alentejano no Largo da Misericórdia, a 17 de maio, foi o culminar de mais um encontro, o nono, do evento “Alentejo Abraça Setúbal”. Seis grupos corais alentejanos que participaram nesta iniciativa da Câmara Municipal em parceria com “O Independente” entoaram cânticos, em passo vagaroso e trajando indumentária a rigor, pelas ruas da Baixa da cidade, surpreendendo lojistas e clientes.

Testemunho da história local

“Setúbal Sob a Ditadura Militar 1926|1933”, livro que resulta de uma investigação do historiador Albérico Afonso Costa, foi apresentado em maio, numa sessão que teve como oradores o historiador Fernando Rosas, o arqueólogo Carlos Tavares da Silva e o designer José Teófilo Duarte, que concebeu a capa e editou o livro. Fotografias, recortes de jornais e outros documentos integram ainda a obra.


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Japão mostra arte Setúbal recebeu uma exposição inédita em Portugal com um importante espólio de arte japonesa nas mais diversas expressões. Quatro equipamentos culturais da cidade acolheram esta mostra de grandes dimensões

Fórum denota humores variáveis

Mais de duas centenas de obras de arte de 180 artistas japoneses foram apreciadas em Setúbal na exposição “Arte Atual do Japão”, patente até 22 de junho em quatro galerias municipais da cidade. A mostra foi inaugurada oficialmente no Dia Internacional dos Museus, 18 de maio, na Casa da Baía, onde estiveram patentes alguns dos 225 trabalhos, a par da Casa da Cultura, da Galeria Municipal do Banco de Portugal e da Galeria Municipal do 11. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal salientou na abertura que esta iniciativa “é o prolongamento dos laços que unem portugueses e japoneses, laços que se iniciaram no longínquo século XVI”. O embaixador do Japão em Portugal, Hiroshi Azuma, destacou tratar-se de “um privilégio poder apreciar em Portugal um número tão grande de peças de arte japonesas”, sendo este um “excelente exemplo do intercâmbio cultural entre os dois países”. Na cerimónia de inauguração participaram também o vice-presidente do Clube dos Amigos da Europa e das Artes (CAEA), Bumpei Magori, o diretor-geral das Artes, Samuel Rego, os vereadores Manuel Pisco e Pedro Pina e o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso­ ‑Japonesa, Fernando Pinto Bessa. Esteve ainda presente uma delegação de 15 artistas nipónicos com

Os meses de abril e maio foram pródigos em espetáculos no Fórum Municipal Luísa Todi, em particular com música, mas também com teatro de entretenimento. A 4 de abril, o humorista Filipe Menezes apresentou “Loop”, no qual misturou a comédia com muitas doses de música e tea­tro. Ouviu-se Queen, Madonna e até Michael Jackson ritmados por uma forte componente humorística. No dia seguinte, a Orquestra Metropolitana de Lisboa promoveu uma produção encenada de “Così Fan Tutte”, de Mozart, com a participação do Atelier de Ópera da Metropolitana. Uma semana depois, a 11 de abril, o mais recente trabalho de The Legendary Tigerman, “True”, resultou num concerto de rock’n’roll que pôs o público a dançar. No dia 12, num registo bem mais calmo, Mafalda Veiga apresentou “Todas as Palavras Tocam”, acompanhada de Filipe ­Raposo, no piano e arranjos, Lars Arens, trombone e eufónio,

obras patentes na exposição, organizada pelo CAEA e pela Câmara Municipal, com o alto patrocínio da Sociedade Internacional de Arte do Japão e o apoio da Embaixada do Japão em Portugal.

Importância do pormenor A mostra, iniciativa de caráter itinerante a nível internacional e que pôde ser vista pela primeira vez em Portugal, integrou um leque alargado de expressões artísticas nipónicas, com pintura, caligrafia, gravura, cerâmica, escultura e arte decorativa como origami e têxteis. Bumpei Magori sublinhou que “o mais importante em qualquer peça de arte japonesa são os pequenos detalhes, pois poucas são as que não têm pormenores que merecem uma observação mais cuidada”. Durante a cerimónia inaugural, que contou no início com uma demonstração de caligrafia japonesa pelo mestre Bokuzan Takada, que promoveu ainda, no Mercado do Livramento, um workshop, realizou-se uma visita guiada pelo historiador de arte Batista Pereira a todos os espaços expositivos. Além dos trabalhos patentes, a mostra incluiu iniciativas como conferências, nomeadamente na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, e workshops de caligrafia japonesa.

e Cláudio Silva, trompete e flugel. Este foi o segundo evento do “Ciclo Concertos Íntimos” de 2014, enquanto o terceiro e último aconteceu a 10 de maio, no espetáculo acústico “Voz e Piano”, em que Paulo de Carvalho recuperou temas marcantes de uma longa e profícua carreira. A música erudita voltou ao Fórum no dia 16, com “Era uma vez o Lied e a Chanson”, uma viagem a obras de grandes compositores alemães e franceses dos séculos XIX e XX, interpretadas pela soprano Ana Paula Russo e pelo barítono Luís Rodrigues, acompanhados ao piano por João Paulo Santos. A 23 maio, a plateia mudou de comportamento e riu a bom rir quando Bruno Nogueira e Manuela Azevedo pediram que “Deixem o Pimba em Paz”. O humorista e a cantora, acompanhados de músicos, fizeram com que canções populares se transformassem em temas de jazz e pop.


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Música inunda cidade

O mar, fonte de inspiração artística e espaço de ligação entre culturas, moldou os espetáculos apresentados no Festival de Música de Setúbal. A cidade assistiu a um programa que juntou intérpretes conceituados a grupos da comunidade local

Poeta homenageado

José Madeira, Michel Giacometti e James Knight-Smith. O espetáculo contou com o Conservatório Regional de Setúbal, nos violinos, e o Coral Infantil de Setúbal, no canto e objetos sonoros.

... e sobre o mar

percussão desceu a Avenida Luísa Todi até ao Largo José Afonso, com a participação de várias turmas das escolas EB da Brejoeira, EB de Azeitão, EB Barbosa du Bocage, EB Luísa Todi, EB+S Lima de Freitas, EB do Viso, EB de Aranguez e EB+S Ordem de Sant’Iago, além da Edinstvo – Associação dos Imigrantes dos Países do Leste, do Projeto “Agora Sim E5G” e da APPACDM de Setúbal. Depois de percorrem a avenida, atuaram em conjunto no Auditório José Afonso no apontamento musical “A Foz dos Ritmos”, com direção de Fernando Molina. À noite, a Igreja de Santa Maria acolheu o “Encanto Marítimo – Requiem pelos Navegadores Portugueses”, dirigido por Armando Possante, em que atuaram o Grupo Vocal Olisipo, o Coro do Conservatório Regional de Setúbal e o ator Luís Madureira. Através da música, foi

Uma cerimónia evocativa homenageou Sebastião da Gama no dia em que o escritor e pedagogo completaria 90 anos, a 10 de abril. No ato, com deposição de flores no monumento dedicado ao poeta da Arrábida, em Vila Nogueira de Azeitão, o vereador da Cultura, Pedro Pina, sublinhou que “são homens como Sebastião da Gama que permitem fazer continuar a querer sonhar”. Um passeio na Arrábida, uma exposição e um concerto coral foram outras atividades dedicadas a Sebastião da Gama.

Imagens da revolução

evocada a perda de vidas nos mares dos Descobrimentos.

A ver o rio... A travessia do rio Sado, por ferry, surpreendeu os passageiros no dia 31 de manhã com a atuação de diversos grupos do Conservatório Regional de Setúbal. Em terra, a iniciativa, intitulada “Música nas Ruas e no Rio”, esteve no centro da cidade com diversos apontamentos artísticos. Com coordenação de Carlos Barreto Xavier, ouviram-se “Canções do Mar”, a 31, à tarde, no Fórum Munici-

Mais de uma centena de desenhos de Abel Manta, expostos entre abril e maio na Galeria Municipal do 11, mostraram a ferocidade, a ironia e a subtileza dos pormenores. “João Abel Manta – Cartoonista de Abril”, composta por trabalhos publicados sobretudo no suplemento literário do Diário de Lisboa, evidenciaram a caracterização de Portugal nos últimos anos da ditadura e a aceleração apaixonada vivida entre 25 de abril de 1974 e 25 de novembro de 1975, durante o PREC.

Dança ganha adeptos

pal Luísa Todi, com os coros de várias escolas do 1.º ciclo e da ­APPACDM de Setúbal e Luís Barrigas Quarteto. O evento mostrou canções criadas no âmbito de projeto de integração dos alunos numa metodologia de ensino em torno da composição musical em sala de aula. Meia hora depois de terminar o concerto, às 17h00, começou “Música no Coreto”, com a Banda de Música da Capricho Setubalense e o BelaBatuke, numa confluência de duas distintas tradições musicais da cidade. O mar e o trabalho uniram-se num concerto-instalação de homenagem aos pescadores portugueses, intitulado “Quando o Homem Lavrava o Mar”, na noite de dia 31, no Museu do Trabalho Michel Giacometti. Com conceção e interpretação de Fernando Mota, o vídeo e as imagens pertenciam a Tiago Pereira,

A cultura cubana foi explorada ao ritmo da salsa e da rumba num workshop realizado a 29 de abril, Dia Mundial da Dança, na Casa da Cultura, com a participação de mais de quatro dezenas de pessoas. A atividade “Baila Cuba”, dinamizada pelos professores Papyto Gonzalez e Lilian Rivera, integrou o programa municipal Semana da Dança, que começou com uma atividade rua, ao longo de três horas, incluiu ainda ateliers, workshops e espetáculos em vários locais.

O último dia do Festival de Música de Setúbal, 1 de junho, começou com “Olhares sobre o Mar e Reflexos”, no Convento da Arrábida. O evento, uma visita guiada ao local histórico acompanhada de música com vista para o mar, contou com um quinteto de sopros da Orquestra de Câmara Portuguesa e alunos de canto e instrumento do Instituto Gregoriano de Lisboa. Antes do concerto de encerramento “Mar de Emoções”, a tarde foi dedicada à “Diversidade e Inclusão”, com conversas com especialistas e responsáveis de projetos de inclusão pela música desenvolvidos no âmbito do festival e uma atuação da Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi e de alunos da EB 2,3 Cruz de Pau com deficiências auditivas, no Fórum Municipal. Seguiu-se a “Viagem”, no Cais 3 do Porto de Setúbal, espetáculo-performance com vista para o Sado que juntou alunos do Externato Rumo ao Sucesso e do Grupo de Música Contemporânea do Conservatório Regional de Setúbal, com direção e composição de Pedro Condinho e António Laertes.

Atualidade cheia de graça

Uma exposição do ilustrador André Carrilho, intitulada “Estado de Graça”, esteve na Casa da Cultura entre abril e maio, com cartoons e caricaturas que percorrem com sagacidade temas nacionais e internacionais dos últimos anos e mostram algumas das personagens centrais. A dívida e a crise, a pedofilia na Igreja e a liberdade de expressão, mas também imagens de García Márquez, Mandela, Putin, Mr. Bean e Dr. House, entre outros, estiveram na exposição.

cultura

Doze espetáculos musicais inspirados no mar, com concertos ao ar livre e em espaços culturais, realizaram-se, durante quatro dias, na quarta edição do Festival de Música de Setúbal. Entre os dias 29 de maio e 1 de junho, o certame promoveu a cultura e o património musical do concelho, numa organização da A7M – Associação Festival de Música de Setúbal, resultante de uma parceria da Câmara Municipal e da The Helen Hamyn Trust, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. O festival chegou ao fim na noite de 1 de junho, com “Mar de Emoções”, no Fórum Municipal Luísa Todi, num espetáculo da Orquestra de Câmara Portuguesa com a participação da soprano Susana Gaspar. No concerto, dirigido pelo maestro Pedro Carneiro, foram interpretadas obras de Mendelssohn, Mozart, Beethoven, Berlioz e Haydn O certame abriu com “Trova de Três Oceanos”, a 29 de maio, concerto dirigido por Tony Haynes que apresentou temas originais deste compositor e arranjos de músicas das mais distintas proveniências. Ao palco do Fórum subiu meia centena de crianças e jovens da Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi, do Conservatório Regional de Setúbal e do grupo de percussão BelaBatuke, a que se juntaram dez músicos de todo o mundo da Grand Union Orchestra. No dia 30, o habitual desfile de


Caldeirada servida a preceito

O melhor peixe apanhado na costa de Setúbal enriqueceu as ementas dos cinquenta restaurantes envolvidos no Festival da Caldeirada 2014, que decorreu entre 29 de março e 13 de abril, numa organização da Câmara Municipal. Em mais esta edição de um certame dedicado a um dos pratos típicos de Setúbal, organizado com o apoio das empresas Lallemand e Makro, houve ainda, no último dia, na Casa da Baía, a confeção e degustação de uma caldeirada, a cargo do chef Rui Praxedes, do restaurante O Praxedes, ação que incluiu uma atuação musical do grupo popular Os Massacotes.

Criação de marina em análise

A Câmara Municipal de Setúbal e a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra formaram um grupo de trabalho para análise da instalação de uma marina, processo que envolve a auscultação de especialistas. A primeira reunião de avaliação da melhor localização para a marina, realizada em abril, na Casa da Baía, foi promovida pelo Clube Naval Setubalense, presidido por Hugo O’Neill, nomeado interlocutor do grupo de especialistas e da parceria APSS-CMS. A sessão debateu a atratividade para futuros clientes, a qualidade da oferta e a expectativa de retorno do investimento.

Cavala ao gosto do cliente

A Semana da Cavala, organizada pela Câmara Municipal, com o apoio das empresas Lallemand e Makro, além de desafiar a imaginação dos estabelecimentos de restauração de Setúbal, incluiu, na Casa da Baía, um live cooking do chef Ivan Shemchuk, da Taberna Flamenca Alvarez el Gato. A Semana da Cavala, realizada no final de maio, é um dos eventos gastronómicos que a Câmara Municipal de Setúbal desenvolve ao longo de todo o ano com o objetivo de promover os produtos regionais, em particular associados à pesca, e de apoiar a dinamização da restauração local.

Três dias para provar o que de melhor a região tem para oferecer em termos de vinhos e gastronomia. Um certame turístico inédito chegou, viu e venceu

Setúbal à prova de qualidade A gastronomia e os vinhos da região de Setúbal foram mostrados e saboreados num evento enogastronómico realizado no final de maio, na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, com provas vínicas comentadas e sessões de cozinha ao vivo. Doces tentações saltavam à vista ao entrar na zona de expositores do “Setúbal à Prova” convidando a momentos de degustação e de descoberta de sabores da região. Entre vinhos e outras iguarias, difícil foi escolher por onde começar neste evento da Câmara Municipal e da Comissão Vitivinícola da Região da Península de Setúbal, promovido entre 23 e 25 de maio. Uma primeira passagem ajudava a conhecer as mais de duas dezenas de participantes, sobretudo adegas da Península de Setúbal, mas também confeitarias e produtores de ostras e de sal. De Espanha veio o Município de Almendralejo e uma empresa de produção gráfica. Tintos, verdes, brancos e os generosos moscatéis. Todos marcaram presença e puderam ser experimentados e adquiridos pelos visitantes, assim como os queijos, o pão, o mel e tantos outros artigos de produção regional. Também não faltaram as típicas conservas e as ostras do Sado. Ao som de jazz, os visitantes saboreavam mais vinho, momentos apenas interrompidos pela curiosidade de participar nas sessões de show cooking e nas conversas e provas comentadas

por especialistas sobre néctares da Península de Setúbal, incluindo os generosos moscatéis, Se nas provas comentadas foi possível receber conselhos práticos para aprender a selecionar, guardar e degustar diferentes tipologias de vinho, na cozinha vários chefs convidados demonstraram formas inovadoras de confecionar produtos como o atum, o choco e a sardinha, a par da preparação de sushi. As provas comentadas do evento produzido pela Essência do Vinho, com o apoio da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, contaram com as participações de Rodolfo Tristão, presidente da Associação de Escanções de Portugal, e de Manuel Moreira, sommelier da Revista Wine. Já as atividades de cozinha ao vivo, todas com temáticas diferentes, foram dinamizadas pelos chefs José Serrano, Vasco Alves, Luís Barradas e Fernanda Amaro, a par do chef Alexandre Silva, dos restaurantes lisboetas Bica do Sapato e Alexandre Silva na Ribeira.

Certame recolhe elogios “É uma iniciativa fantástica”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, na inauguração evento, o primeiro deste tipo a ser realizado no antigo Quartel de Infantaria 11, um “espaço histórico que ganhou uma nova vida e condições de utilização excecionais e que deve ser usufruído por todos”.

Tradição saborosa

turismo

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A autarca, ao destacar o investimento realizado nos últimos anos na promoção das “potencialidades da cidade e da região”, afirmou que “é precisamente com este tipo de eventos que Setúbal fica à prova” dos munícipes e visitantes. “E Setúbal passa na prova com distinção.” Na visita ao espaço, um cumprimento mais alargado a Almendralejo, município espanhol que marcou presença no evento e com o qual a Autarquia celebrou, recentemente, um acordo de colaboração, para partilha de experiências no âmbito de diferentes quadrantes sociais e económicos, nomeadamente do turismo ­vínico. “A participação de expositores internacionais atesta a importância deste evento ibérico”, realçou Maria das Dores Meira, ao frisar que “Setúbal tem muita qualidade nos eventos que dinamiza e condições de excelência para promover os produtos da região”. O evento enogastronómico, que ao longo de três dias atraiu muitos setubalenses e visitantes do concelho àquela montra privilegiada dos produtos da região, mereceu elogios do presidente da Comissão Vitivinícola da Região da Península de Setúbal, Henrique Soares. “Tudo o que é bom está aqui. É uma iniciativa que tem tudo para ser um sucesso e continuar”, referiu, ao vincar a importância de associar a gastronomia e os vinhos ao turismo. “É uma aposta estratégica e fundamental para a região. Atrai mais turistas e gera riqueza.”

A vida no campo, as antigas profissões e o espírito de aldeia foram recriados no “Tradições, Sabores e Aromas de Azeitão”, certame que destacou, entre 23 e 25 de maio, produtos gastronómicos, vínicos e artesanais da região da Arrábida. Sopa caramela, provas de vinho, queijo, mel e doçaria, a par de produtos hortícolas, florais, artesanais e turísticos da região, foram atrativos para os visitantes do certame, no rossio de Vila Nogueira, organizado pela Junta de Freguesia de Azeitão, com mais de seis dezenas de expositores presentes. O tema “Azeitão Antigo” inspirou animações de rua dinamizadas pelo “Manuel da Horta” juntamente com as suas Marias, numa recriação que recordou pedaços da vivência do

antigo estilo de vida rural daquela região do concelho de Setúbal. Além de vários momentos de animação musical, o certame “Tradições, Sabores e Aromas de Azeitão” contou com exposições diversas, visitas guiadas ao património local e iniciativas direcionadas aos mais novos, de momentos de animação infantil a jogos tradicionais e ateliers pedagógicos, no “Espaço Descoberta”. A presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Celestina Neves, ao destacar os momentos “de confraternização e de descoberta” proporcionados na festa, sublinhou que a quinta edição do certame “renovou o sucesso”, com “milhares de pessoas a conhecer um pouco mais das riquezas de Azeitão e da Arrábida”.


A antiga estrutura em ruínas foi recuperada para dar lugar a novos lavadouros, agora rejuvenescidos. O hábito ancestral de lavar a roupa em tanques públicos mecanizou-se, mas em Vila Nogueira reergueram-se as instalações como um símbolo da identidade e cultura locais. Esforço coletivo inaugurado em pleno dia da Liberdade

Vila da roupa branca Os antigos lavadouros de Vila Nogueira foram inaugurados em ambiente de festa no 25 de Abril, depois de concluídas as obras de recuperação do equipamento desenvolvidas pela Junta de Freguesia de Azeitão e pela Câmara Municipal com o apoio de empresas locais. Ao som da banda da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, centenas de pessoas lotaram o espaço para assistir ao descerrar da placa que assinala a abertura dos lavadouros da vila, recuperados após uma intervenção que durou um mês e meio. A presidente da Junta de Freguesia de Azei-

tão salientou que o novo espaço representa um investimento da ordem dos 100 mil euros, “repartido entre Junta, Câmara e as empresas Fábrica de Azulejos de Azeitão e Águas do Sado”. Celestina Neves adiantou igualmente que os lavadouros, “dado hoje em dia já não se lavar a roupa em tanques públicos, vão ser aproveitados para a realização de diferentes iniciativas, como um mercado biológico”. Está ainda a ser estudada a hipótese de acolher um espaço para a venda de produtos típicos de Azeitão. “Esta é a melhor forma de comemorar Abril”,

sublinhou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, aludindo ao trabalho em parceria desenvolvido entre o Município e a Junta de Freguesia. O projeto foi desenhado em sintonia por uma equipa de arquitetos da Câmara Municipal e da Junta, da qual Nuno Maroco e Nuno Viterbo são as caras mais visíveis. “O tanque é alimentado pela chuva com recurso a um implúvio, uma técnica arquitetónica maravilhosa que remonta ao período dos romanos e que, através de um buraco no teto, faz com que a água caia unicamente na área do tanque”, explicou Nuno Maroco.

freguesia

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O arquiteto adiantou que, para os períodos de menor pluviosidade, o tanque é servido por uma ligação à Fonte dos Pasmados, localizada em frente dos lavadouros, na Rua José Augusto Coelho. A inauguração dos lavadouros de Vila Nogueira, que contou ainda com uma recriação cénica humorística, protagonizada por duas “lavadeiras” e pelo Manel da Horta, é a quarta do género feita nos últimos anos em Azeitão. Património local igual já havia sido recuperado nas aldeias de Pinheiros, em janeiro de 2009, de Vendas de Azeitão, em março de 2013, e depois Oleiros, em julho.

Fonte como nova A Fonte Nova, localizada junto da Praça Machado Santos, no Bairro de Troino, foi alvo de arranjos de beneficiação que devolveram o fornecimento de água e acrescentaram ao monumento um sistema de iluminação. A intervenção, realizada por administração direta pela União de Freguesias de Setúbal, representou um investimento de 3700 euros e levou cerca de três semanas a executar. A inauguração realizou­‑se a 26 de abril, no âmbito das comemorações da Revolução dos Cravos, perante a presença dos presidentes da Junta, Rui Canas, e da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, assim como de populares, que assistiram ainda à atuação dos Bardoada e do grupo João da Ilha. As obras incluíram a instalação de um jogo de luz, desenha-

do com a preocupação de não encandear os edifícios circundantes, e a recuperação dos sistemas de bombagem de água e de esgoto. “Esta intervenção reveste-se de grande importância. A fonte não deitava água há mais de vinte anos e este monumento passa a estar iluminado, com outro destaque”, salienta Rui Canas. “Criou-se um espelho de água que permite ver o chão original da fonte.” A Fonte Nova, datada do século XVI, é abastecida por uma nascente situada no Outeiro da Saúde. Alvo de obras ainda nesse período, por ordem de D. Sebastião e com o apoio de fundos provenientes da população, o fontanário conheceu as formas atuais, em que se reconhece o estilo neoclássico de um projeto de recuperação realizado em finais do século XVIII.

Centro reforça coesão social O Centro Sociocultural Elmano Sadino, projeto de reforço da coesão social, que alia, num edifício totalmente reabilitado, novas valências culturais e de saúde, abriu portas no final de abril à comunidade setubalense. O espaço, composto por 16 salas, um auditório e uma sala de reuniões, aposta na dinamização de atividades comuns desenvolvidas pela Cruz Vermelha Portuguesa – delegação de Setúbal, Espaço Integrar, Núcleo de Poesia de Setúbal e Teatro do Elefante, instituições residentes no centro. O presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa, ao afirmar que o centro materializa “um importante contributo para a coesão social”, destaca a abrangência do

projeto ao constituir-se como “uma resposta integrada que aposta num espírito de proximidade”. O centro, uma obra conjunta da Autarquia e da Junta de Freguesia, materializa um investimento global da ordem dos 200 mil euros. Para o equipamento está a ser estudada a criação de mais valências de índole social e da área da saúde, nomeadamente um “serviço de apoio domiciliário, uma enfermaria e um refeitório social”, adianta Nuno Costa. A cerimónia de inauguração do centro, no âmbito das comemorações locais dos 40 anos do 25 de Abril, incluiu o apontamento cénico “Abril Cravos Mil”, pelo Teatro do Elefante.


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Competições oficiais e uma prova aberta, todas com natação e corrida, em vários escalões etários, marcaram o “II Aquatlo de Setúbal”, iniciativa dos 12.os Jogos do Sado realizada a 17 de maio. No Parque Urbano de Albarquel, Vasco Pessoa e Helena Carvalho sagraram-se campeões da modalidade enquanto o Alhandra Sporting Clube ganhou em equipas. O evento incluiu uma recolha solidária para escoteiros.

Sapadores vencem prova

A Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal representa Portugal num campeonato mundial a realizar em Phoenix, Estados Unidos, após vencer o Firefighter Combat Challenge, nos dias 17 e 18 de maio, em Alcobaça. A prova desportiva, ganha com o tempo de 01m19s, foi disputada por estafetas, em cinco estações. Participaram 21 equipas de corporações de bombeiros, entre profissionais e voluntários.

Taça junta meio milhar

As equipas “Magic Foot” e “Estrelas do Feijó”­venceram a etapa de Setúbal da Taça ­Coca‑Cola, torneio com 500 participantes, no qual nove jovens foram pré-selecionados para as representações nacionais do troféu. No dia 24 de maio, além dos jogos de futebol, o Estádio do Bonfim acolheu o Parque Vida Ativa, com atividades lúdicas e desportivas, jogos didáticos e uma ação solidária, com recolha de vestuário.

Remo setubalense triunfa

Dinis Costa, atleta do Clube Naval Setubalense, sagrou-se campeão nacional em Skiff Juvenil Masculino, em Merles, Gondomar, ao terminar uma prova de 3000 metros com o tempo de 13m16s. Na competição, uma tripulação mista com atletas de Setúbal e do Clube Naval Barreirense alcançou ainda o título de campeã nacional em Quadri-Scull Júnior Masculino, com o tempo de 20m28s em 6000 metros.

Cidade ganha polidesportivo Dois campos, um para futebol, outro para basquetebol. Vale do Cobro ganhou um polidesportivo, uma obra de Abril para o usufruto de toda a população, já com iniciativas garantidas Um polidesportivo, campos de futebol com relvado sintético, com 38 metros de comprimento por 19 de largura, e de basquetebol em piso betuminoso, nas dimensões de 18 por 10 metros, foi criado em Vale do Cobro. O equipamento, inaugurado a 26 de abril, no âmbito das comemorações locais dos 40 anos da Revolução dos Cravos, está localizado numa zona residencial e materializa um investimento de 23 mil euros da Autarquia. “Isto continua a ser 25 de Abril, porque Abril faz-se todos os dias”, sublinhou a presidente de Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, na cerimónia de abertura do polidesportivo.

O equipamento, com gestão assegurada pela Junta de Freguesia de S. Sebastião, é cedido para o desenvolvimento de atividades promovidas pela Junta, a par de eventuais parceiros, população escolar e projetos municipais. Nuno Costa, presidente da Junta de Freguesia, salientou o facto de a gestão do polidesportivo estar a ser desenvolvida em conjunto com moradores locais, política que considera enquadrar-se “perfeitamente nos valores de Abril”. Na cerimónia, um grupo de jovens participou num torneio de futebol de abertura. O pontapé de saída do novo polidesportivo foi dado por Maria das Dores Meira.

Atletismo festeja nas ruas Emiliano Vieira e Cláudia Pereira foram os vencedores da XXV Meia Maratona de Setúbal, realizada a 11 de maio, na qual participaram mais de 800 atletas, a que juntaram perto de mil pessoas em duas outras competições. O atleta da RB Running completou o reformulado percurso da prova setubalense em 1h07m37s, enquanto Cláudia Pereira, do Joma, foi a mais forte entre as mulheres e triunfou com o tempo de 1h16m13s. O evento, organizado pelo Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Setúbal, com o apoio da Autarquia, incluiu uma competição do Circuito Nacional de Estrada e a Minimaratona das Famílias. Mais de três centenas de atletas participaram nos 10 quilómetros do Circuito Nacional de Estrada, prova ganha por Luís Margarido, a título individual, com 33m15s, e por Liliana Veríssimo, do Olímpico de Lagos, 45m47s. O convívio e a boa disposição deram a tónica à Minimaratona das Famílias, corrida de caráter popular, com cerca de seis mil metros, no qual marcaram presença 650 pessoas, a correr ou simplesmente a caminhar.

desporto

Aquatlo define campeões

Pesca lúdica mostra potencial

PRIMEIRO. Rui Azevedo foi distinguido como o melhor instrutor profissional de fitness aquático do mundo, prémio da Aquatic Exercise Association, atribuído a 16 de maio, numa cerimónia realizada em Palm Harbor, nos Estados Unidos. O prémio internacional é um reconhecimento do trabalho dinamizado pelo setubalense na modalidade, ao longo de 17 anos, ao nível da formação, investigação e prática desportiva.

Mais de 30 mil pessoas passaram pela quarta edição da Feira de Pesca Lúdica e Desportiva de Setúbal, evento realizado entre 24 e 27 de abril, no Parque Urbano de Albarquel, com exposição e venda de material, workshops e concursos. A interação entre importadores, lojistas, clubes, associações, federações, sítios de internet, revistas da especialidade e pescadores das mais variadas técnicas voltou a ser uma das imagens de marca desta iniciativa dos 12.os Jogos do Sado. Ao longo de quatro dias, houve formações de vários níveis, do jigging vertical à pesca apeada, mostra e testes de todo o tipo de material relacionado com a atividade, a par da venda de embarcações de náutica de recreio ligadas à pesca, concursos e atividades para os mais novos.


Famílias em festa no parque O encerramento do ano letivo foi celebrado por miúdos e graúdos, com atividades desportivas, lúdicas e pedagógicas e também exposições de trabalhos escolares. A diversão foi a palavra de ordem para as famílias que passaram pelo “Há Festa no Parque” As famílias de Setúbal festejaram nos dias 24 e 25 de maio, no Parque do Bonfim, o final do ano letivo com um conjunto de atividades desenvolvidas no âmbito do evento “Há Festa no Parque”. Entre três a quatro mil pessoas passaram pelo jardim central da cidade, onde decorreram ao longo dos dois dias atividades orientadas para pais e filhos. Pelo Parque do Bonfim encontravam-se espalhados ateliers de pintura facial, de modelagem de balões e de pintura de murais. Os mais audazes aventuraram-se a pular no dynamic bungee, enquanto a pequenada pôde gastar o resto das energias em insufláveis e jogos tradicionais.

O programa do “Há Festa no Parque” conciliou, como é habitual, vertentes lúdicas e pedagógicas, incluindo uma exposição de projetos escolares, música, dança, teatro, modalidades desportivas e um peddy paper. No Bonfim esteve também em funcionamento um circuito de prevenção rodoviária. O “Há Festa no Parque” incluiu ainda a en-

trega de diplomas de participação e brindes a alunos da turma vencedora do concurso de criação da mascote da campanha “Setúbal em Bom Ambiente”, promovida pela Câmara Municipal. As lembranças foram entregues pelo vereador Manuel Pisco a alunos da EB do Montalvão, que batizaram a mascote da campanha

educação

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com o nome “SAMBI”, com o objetivo de homenagear a Arrábida e o Sado e alertar para a importância da preservação das espécies. O “Há Festa no Parque” contou igualmente com a habitual Mostra de Cursos e Profissões, que apresenta as ofertas disponíveis em diferentes escolas profissionais e de ensino superior, bem como em empresas.

Organismo junta entidades

Segurança total visita a escola Cerca de mil alunos do Agrupamento de Escolas Luísa Todi assistiram, a 28 de abril, aos exercícios da equipa cinotécnica da PSP, demonstração que deu início à 10.ª edição da Semana da Segurança e Educação Rodoviária. Na abertura da iniciativa, na EB 2,3 Luísa Todi, a atividade com os cães polícia atraiu as atenções dos vários alunos dos pré-escolares e das escolas do 1.º ciclo do agrupamento. Dos exercícios simples com cinco cães-polícia, como sentar, deitar e rebolar, aos de deteção de armas, drogas ou explosivos, o ponto alto esteve nos saltos com arcos em chamas.

Quito e Hero foram os cães destemidos, que, mesmo com a euforia desmedida das crianças ao verem as chamas, saltaram sem dificuldade. “Para os cães, acaba por ser uma brincadeira, para nós, é serviço”, referiu o chefe Lourenço, da PSP, explicando que o cão sabe que se fizer um movimento bem feito tem sempre uma recompensa. A 10.ª edição da Semana da Segurança e Educação Rodoviária, realizada entre 28 de abril e 2 de maio com um conjunto variado de atividades, com organização da Autarquia, contou com a parceria das forças e serviços de segurança e outras instituições.

O Conselho Municipal de Educação de Setúbal, constituído por agentes educativos e parceiros sociais, para o quadriénio 2014-2018 tomou posse a 16 de maio, em cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho. O presidente da Assembleia Municipal de Setúbal, Palma Rodrigues, o primeiro membro empossado, formalizou a instalação do conselho, seguindo-se a assinatura dos restantes 17 representantes das várias entidades que integram este órgão de coordenação da política educativa local. A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, que também preside ao Conselho Municipal de Educação, frisou a importância do trabalho deste órgão junto da comunidade educativa, desenvolvido “em estreita colaboração” entre os 18 representantes. Ao lamentar que, 40 anos depois do 25 de Abril, seja mostrado aos jovens “o caminho da emigração”, a autarca referiu que “apostar na escola pública de qualidade é rejeitar esse caminho”, um dos temas em discussão no Conselho Municipal de Educação. O Conselho Municipal de Educação integra representantes de entidades da comunidade e gestão educativa, da saúde, da segurança social, do desporto, da juventude, dos órgãos municipais e das forças de segurança.

Cidadania ativa A aposta na formação de uma cidadania mais ativa, aliada a uma constante modernização do concelho, foi destacada pela presidente da Câmara Municipal, a 7 de abril, no encontro nacional da Rede Portuguesa das Cidades Educadoras, o primeiro realizado em Setúbal. “Orgulhamo-nos de ser uma cidade educadora, que investe no desenvolvimento de uma cidadania mais forte, ativa e participada”, salientou Maria das Dores Meira, na abertura do encontro, realizado no auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal. Aliada à formação de uma melhor cidadania, frisou a autarca, está uma profunda transformação do concelho, materializada na execução de grandes investimentos nas mais variadas áreas de intervenção, da educação ao desporto, da cultura à inclusão, passando pela reabilitação urbana. O vereador com o pelouro da Educação da Autarquia, Pedro Pina, vincou que o Executivo “entende Setúbal como uma cidade educadora e um espaço de emancipação” nas variadas formas de construção de uma sociedade dinâmica. O autarca lançou a comunicação “5 notas para uma cidade educadora” dinamizada por Pedro Maia, docente e investigador com vários trabalhos dedicados à formação da cidadania e desenvolvimento educativo. O concelho de Setúbal integra, desde setembro de 2012, a Associação Internacional das Cidades Educadoras, plataforma de trabalho e de partilha de conhecimento, com mais de quatro centenas de representantes dos cinco continentes.


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A Escola Secundária D. Manuel Martins tem uma Sala de Aula do Futuro, única em toda a Península Ibérica, espaço de desafios educativos que abre portas a uma nova metodologia de ensino. Docentes e alunos da Escola Superior de Ciências Empresariais desenvolvem uma estratégia de marketing que aposta no reforço da atratividade da região

Algumas das mais modernas tecnologias ocupam grande parte de uma nova sala de aula da Escola Secundária D. Manuel Martins. O cenário convencional de ensino, com as tradicionais cadeiras e secretárias alinhadas em fila e o clássico quadro de giz e ardósia, desapareceu. É a evolução educativa. A Sala de Aula do Futuro é feita de computadores, calculadoras gráficas, equipamentos audiovisuais, mesas e ecrãs interativos e mobiliário informal. Tem pequenas áreas de trabalho, distintas nas funções para a resolução de desafios lançados a uma turma com um máximo de vinte alunos. É única em Portugal e na Península Ibérica e a segunda em toda a Europa. Virada para o ensino do século XXI, a sala, criada no âmbito do projeto iTEC, da European Schoolnet, demonstra como as novas tecnologias podem transformar o processo de educação e aprendizagem. Levou dois anos a ser preparada até à inauguração, a 24 de abril. “A ideia de criar a Sala do Futuro em Setúbal surgiu após uma formação que tive em Bruxelas, precisamente num espaço semelhante a este”, explica o professor Carlos Cunha, coordenador do projeto. Equipada com o apoio de várias empresas, num investimento da ordem dos 100 mil euros, a sala destaca-se

NÚMEROS

1 microscópio 2 mesas interativas 4 computadores, com quadros e ecrãs interativos

5 estações de trabalho 10 calculadoras gráficas 20 alunos por turma 100 mil euros em gadgets educativos

pela forte componente prática. É direcionada para alunos do 2.º ciclo e do secundário e abrange várias áreas educativas, da ciência às artes, da economia às humanidades. “Este espaço enquadra-se na atual forma de pensamento europeu em termos de educação”, reforça Carlos Cunha, ao defender um novo modelo de ensino no qual “a sala de aula surge com um caráter menos formal e cada vez mais atrativo para alunos e professores”.

Tecnologia sensata Na génese da criação da Sala de Aula do Futuro está a mobilização daqui-

lo que as novas tecnologias disponibilizam para potenciar a aprendizagem dos alunos. É a mudança do paradigma em que o professor é o exclusivo transmissor de conhecimento e os alunos são os agentes passivos de aprendizagem. “A tecnologia tem de ser utilizada com sentido”, salienta Carlos Cunha, ao mencionar as cinco zonas de trabalho existentes na sala de aula, criadas com base na metodologia do Enquiry Base Learning, que desafia os alunos a investigar e a apresentar soluções em equipa. A área “Apresentar”, projetada numa tipologia de anfiteatro, é o ponto de partida da aula do futuro.

Seguem-se, de acordo com os trabalhos a dinamizar, passagens por outras estações da sala, como a zona “Criar”, na qual é possível realizar uma variedade de produções audiovisuais. A navegação na internet e a consulta de documentos são feitas na área “Interagir”, dotada de uma mesa interativa e de um ecrã multitouch. Ao lado, num pequeno laboratório, são feitas pesquisas no “Investigar”, espaço apoiado em vários recursos educativos, como calculadoras, sensores, um microscópio e uma outra mesa interativa. A quinta área de trabalho, designada de “Desenvolver”, a mais informal,

dotada de puffs, cadeiras pequenas e uma mesa, é um local de discussão e de troca e partilha de ideias entre alunos. A Sala de Aula do Futuro espera ainda um conjunto de outros equipamentos, como tablets, um fundo verde utilizado em televisão e um software que permite a avaliação em tempo real.

Estudo de caso Para testar os potenciais benefícios da Sala de Aula do Futuro, já durante o próximo ano letivo, uma turma do 7.º ano passa a ter ali pelo menos 50 por cento das aulas, revela Carlos Cunha. “A ideia é tentar perceber até que ponto este espaço tem real impacte na aprendizagem dos alunos.” Para as restantes turmas, as atividades serão pontuais mas sistemáticas, de modo a que todas possam contactar com a Sala de Aula do Futuro, que recebe, a partir de maio, formações para docentes, quer em termos técnicos, quer a nível de metodologia de ensino. “Acredito que a Sala de Aula do Futuro poderá ser uma real mais-valia na aprendizagem”, afirma o professor, ao adiantar que vários estudos apontam para que cada vez mais o espaço tradicional mude. “Vamos demonstrar uma maneira diferente de ensinar.”

Setúbal marca presença A conceção de uma abordagem de marketing integradora da região, com uma marca capaz de direcionar os esforços dos diversos intervenientes locais, está na mira de um projeto académico, iniciado em março, na Escola Superior de Ciências Empresariais, do Instituto Politécnico de Setúbal. A ideia do “Setúbal Marca.me”, que envolve professores, alunos e a empresa Interbrand, é, essencialmente, colocar a cidade e a região “de forma mais presente no mapa mental dos habitantes, das empresas e de potenciais visitantes”, explica o docente Paulo Silveira. Mais de centena e meia de alunos do curso de Marketing do primeiro ao terceiro ano estão envolvidos neste projeto, transversal a várias unidades curriculares. “Acompanha-os em diferentes fases do curso e, ao mesmo tempo, enriquece o currículo”, frisa a professora Graziela Vieira da Silva. O ponto de partida do projeto assenta numa inquietação. “Há muitas políticas e intervenientes locais que tentam, individualmente, promover a região, embora de uma forma descoordenada”, sublinha Duarte Xara Brasil, docente que adianta várias possibilidades de aplicação da investigação. Os contributos possíveis passam por “dar aos decisores um conjunto de ferramentas para que estes possam gerir mais eficazmente as políticas de promoção”, assim como melhorar “a perceção que os cidadãos têm da própria região”, reforça o docente. O projeto, centrado, nesta etapa, no eixo geográfico Setúbal, Palmela e Sesimbra, está pensado para ser alar-

gado a outras áreas do distrito e abre portas a novos caminhos de intervenção, como a melhoria da atratividade da região, a captação de novos investimentos e a promoção turística. A primeira fase do projeto consistiu na realização de um trabalho de recolha de informação, um género de diagnóstico sobre as perceções e visões da região, nomeadamente através de um questionário online, cuja estrutura foi baseada num estudo semelhante realizado numa cidade australiana. Questões como “Acha que a cidade tem suficientes parques verdes?” ou “Como classifica a dinamização de eventos culturais?” foram respondidas individualmente por mais de 1200 pessoas e por cerca de 150 empresas, entidades e instituições da região. Através do Facebook, os alunos envolvidos no projeto trocam impressões e partilham diferentes perceções e visões recolhidas nas várias dimensões do trabalho, da natureza às festividades, do turismo ao quotidiano, passando pelas artes e património, entre outras. Fotografias, vídeos, frases e até trabalhos jornalísticos realizados sobre a região são partilhados naquela rede social, informações aproveitadas posteriormente para o desenvolvimento de um produto final que possa ter uma utilidade prática. Também a escolha do título da investigação não foi aleatória. “Setúbal Marca.me” é um projeto que “pretende contar várias histórias”, esclarece Duarte Xara Brasil. “A marca é algo que nos influencia e com a qual nos relacionamos.”

academia

Futuro vai à sala de aula


Barba, cabelo e coisas de homem. No After Shave o corte é feito com arte e recupera o conceito de barbearia antiga. A decoração vintage inspira penteados clássicos e modernos, ao som de uma qualquer música. Já a barba volta a ser feita à navalha com toalha quente, uma técnica que já conquistou o público

Passado corta no presente A decoração retro, ao estilo dos anos 60, marca o ambiente da Barbearia After Shave. No espaço, inspirado em antigos estabelecimentos de Nova Iorque e Paris, cabelo e barba são embelezados com recurso a utensílios e técnicas que cruzam o passado e o presente. O “Barber’s Pole” na Rua João Eloy do Amaral indica o sítio da barbearia. Abriu portas em março, no Centro Comercial Fonte Nova, após algum tempo de pesquisa para montar um espaço com alma que recuperasse a tradição do corte de barba à navalha, com toalha quente. O conceito, que começou como uma brincadeira, pegou. “É um prazer olhar para o resultado final e, sobretudo, marcar pela diferença”, confessa Manuela Rodrigues, proprietária, juntamente com a sobrinha, Ana, que a desafiou para um negócio conjunto. Com o espaço praticamente montado, faltava o barbeiro. Um candidato respondeu prontamente a um anúncio do jornal. Entrevista marcada e... era um velho conhecido. “Foi um encontro inesperado. Não foi preciso procurar mais, porque houve logo sintonia entre o Mário e o conceito.” No After Shave, cada cabeça, sua

sentença. Cada corte de cabelo ou barba é diferente, adaptado à vontade do cliente. “Sou um faz-tudo, do mais clássico ao contemporâneo. Se puder melhorar, tanto melhor”, frisa o barbeiro profissional Mário Machuqueiro. À limpeza do cabelo caído no chão, em vinil aos quadrados pretos e brancos, um novo cliente entra na loja para um corte personalizado. O pedido é aceite e a tesoura nas mãos de Mário parece que ganha vida própria. O trabalho é complementado à navalha e à máquina. Na barbearia, música não pode faltar. Os cortes são feitos ao som de um reportório eclético que inclui rock, fado, blues e eletrónica. “Até aceito discos pedidos. Tudo menos quizomba”, brinca, entre risos, o jovem, para quem estar no After Shave “é estar em casa”. Entre a barba e o cabelo, a barbearia, cujo espaço foi totalmente criado pelos próprios proprietários, disponibiliza outras coisas de homem, nomeadamente serviços de manicura e pedicuro, a par de depilações e hidratação de pele. Na barbearia, aberta de terça a sexta-feira das 09h00 às 19h00 e aos sábados das 09h00 às 17h00, há um conjunto de produtos nacionais

para venda, como espuma de barbear, after shave, lápis hemostáticos e cera para o cabelo, assim como vários artigos de merchandise. São aceites marcações, pelo telefone 916 937 547, incluindo fora do horário normal de funcionamento, serviço disponibilizado, por exemplo, para os clientes que vão a algum tipo de cerimónia. Manuela e Ana, juntas, dinamizam também o Pó d’Arroz, instalado defronte da barbearia e direcionado para o público feminino. O espaço, com o mesmo espírito vintage, conta com vários elementos pintados a rosa claro, entre os quais dois conjuntos toucador, com cadeirões forrados a veludo bege. A moda retro chegou, viu e venceu. É um conceito diferenciador, cada vez com mais adeptos. E está para ficar.

Cadeira de sonho As paredes, forradas a madeira recente, contrastam com os elementos vintage que decoram a barbearia. Há recordações familiares e fotografias de barbearias de outrora, discos de vinil de antigos conjuntos portugueses e vários utensílios de barbeiro em exposição.

Contudo, a peça de maior destaque do After Shave está no chão, entre o vinil preto e branco. É, para já, a única cadeira disponível. Descoberta por acaso, foi, pode dizer-se, um autêntico achado. Os elementos em ferro cromado continuam a reluzir e a pele ainda solta o cheiro característico. “Foi numa viagem ao Porto que a achámos. Passámos por uma barbearia e vimos a cadeira. Decidimos tentar a sorte e meter conversa. Correu bem, até porque o homem já não tinha utilidade para ela. No fim, confessou que o filho ia ficar chateado por a ter vendido”, partilha Manuela Rodrigues. Impecável, como se tivesse saído diretamente da fábrica, a “cadeira de sonho” da proprietária do After Shave vai em breve ter companhia. “É uma cadeira antiga, idêntica à que temos. Contudo, precisa de uma intervenção de restauro. Mas tudo a seu tempo.”

Barbearia sai à rua A arte de cortar não é feita somente no espaço da Fonte Nova. Para cativar o público e promover o negócio, a barbearia sai à rua para participar em eventos de caráter alternativo, como é o caso do STB Urban Market,

retratos

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realizado mensalmente na Praia da Saúde. “Foi uma experiência espetacular. Trabalhar ao ar livre, defronte do rio, é algo singular”, salienta Mário Machuqueiro, que alimentou desde miúdo o desejo de se tornar profissional desta arte. “A sério foi de há cinco anos para cá, até que completei a formação, em 2012.” Na primeira participação naquele evento da Autarquia, a cadeira do After Shave marcou presença, assim como um outro reforço, um Volkswagen “pão de forma”. O veículo, emprestado por amigos, está apetrechado com um enorme bigode, a imagem de marca da barbearia. Recentemente estiveram no II Rock Tattoo Show, que decorreu no pavilhão dos Bombeiros Voluntários de Setúbal. “Estava um pouco cética quanto à relação barbearia/tatuagens”, confessa Manuela Rodrigues. “Acabou por ser um sucesso inesperado. Eram dez da noite e ainda o Mário cortava cabelos.” Com a participação nestas iniciativas, “além da promoção do negócio”, pretende-se “marcar uma presença diferenciadora”, destaca a proprietária. ”Barbearias há muitas, mas esta é o orgulho do nosso trabalho.”


Educação com ritmo afinado O rufar de objetos sonoros e instrumentos musicais anuncia a chegada do grupo. Crianças e jovens da Bela Vista partilham ritmos num projeto de percussão como forma de integração social. Aprendem na escola, tocam para a comunidade e até repartem o palco com músicos profissionais. São o BelaBatuke A percussão marca o ritmo do BelaBatuke. O ensino da música é apenas o ponto de partida deste projeto da EB+S Ordem de Sant'Iago, da Bela Vista, que fomenta as relações interpessoais de crianças e jovens e contribui para uma educação mais humanizada e integradora. Através da música são geradas ligações afetivas, não só entre alunos, mas também com os professores, que se mantêm inseparáveis ao longo dos anos, mesmo quando a ligação física é cortada, uma vez que este é um projeto em constante mutação. “Nunca acontece da mesma maneira até porque as competências individuais diferem. A principal preocupação é que cada um se sinta capaz para aquilo que foi responsabilizado”, salienta a professora Rosa Nunes. O processo acaba por ser facilitado

pelo espírito de entreajuda, com os mais velhos a ajudar os mais novos. Perto de setenta crianças e jovens dos 11 aos 16 anos, do 5.º ao 9.º ano, integram o projeto, que “marca pela vertente integradora”, salienta a docente. “Mais do que o ensino da música, é o trabalho colateral com as competências sociais e humanas de cada um que se destaca.” A disciplina, a organização e a concentração são transversais no trabalho do BelaBatuke e refletidas no ensino e na formação pessoal. “Sentimos uma transformação quando educamos através da música”, salienta, ao revelar o desafio constante de envolver os encarregados de educação no projeto. O grupo, que entre os alunos integra alguns com necessidades educativas especiais e percursos curriculares

alternativos, afirma-se como “um contributo no combate aos problemas diagnosticados no projeto educativo”, com enfoque, igualmente, na comunidade da Bela Vista.

Objetos e instrumentos

tos do lixo. “Somos um calcanhar dos Stomp”, ilustra. A participação do grupo no Festival de Música de Setúbal alargou horizontes. A doação de instrumentos pela Fundação Helen Hamlyn Trust,

Baldes de tinta, jerricans de óleo, paus de vassouras, garrafas variadas e até piaçás. Estes são materiais que estão na base da criação de mais de uma centena de objetos sonoros do BelaBatuke. “Tudo o que faz som é aproveitado”, confessa Elsa Mobilha, outra das docentes envolvidas no projeto. A ideia, que começou como uma brincadeira, acabou por se tornar a imagem de marca, inspirada num famoso grupo de dança e percussão que faz música com variados obje-

rosto Arte transformadora A crença de Elsa Mobilha, dinamizadora do BelaBatuke, no poder transformador da música é inabalável. “Faz toda a diferença na formação de indivíduos”, assinala a professora de Educação Musical, que divide o ensino entre a EB+S Ordem de Sant'Iago, na qual leciona desde 2005, e a Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi, onde fez o curso. “É um maravilhoso contraste de dois mundos.” A aproximação à música surgiu através do pai. Começou os estudos no Instituto Musical Patrício, a aprender órgão, e fez a profissionalização de serviço e um curso de mestrado na Escola Superior de Educação de Setúbal. O projeto de percussão BelaBatuke foi objeto de estudo numa tese de investigação que elaborou sobre estratégias de promoção da socialização através da música, em contextos sociais complexos. Marcante foi também um workshop conduzido por um jovem de etnia cigana com objetos sonoros. “Inesquecível”, classifica. Para explicar a sua filosofia de vida recorre a uma frase do companheiro de andanças musicais, o músico Fernando Molina. “Música é aquilo que me inspira, não só diariamente, quando a estou a fazer, mas também quando estou a pensar nela, que é quase sempre.”

iniciativa

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instituição de apoio à inclusão social de jovens, permitiu a criação de uma nova vertente musical, o BelaBatuk’Olodum. Ainda assim, não esquecem as origens. “Fazemos questão de manter os objetos sonoros.” A oportunidade de o grupo tocar com músicos profissionais revela­ ‑se um misto de sentimentos. “Para eles, é ótimo, para nós, um drama”, refere Elsa Mobilha, uma vez que é preciso fazer escolhas e nem todos podem atuar. O festival é uma mais-valia, mas a professora destaca o papel da Câmara Municipal. “Tem sido uma madrinha incrível para nós”, ao possibilitar as primeiras aparições públicas, nos eventos municipais “Há Festa no Parque” e “Receção à Comunidade Educativa”.

Da escola para a cidade O BelaBatuke começou em 2006, com quarenta alunos. Já foram pouco mais de vinte e hoje são quase setenta. De um pequeno projeto de percussão em clube, atividade extracurricular, passou para a sala de aula. Saiu para a rua, envolveu a comunidade local e tocou para a cidade. O grupo surge no âmbito de um programa TEIP – Território Educativo de Intervenção Prioritária na EB+S Ordem de Sant'Iago. O desafio foi lançado a Elsa Mobilha, que convidou os outros cinco professores de música. “Entrámos de cabeça!”, recorda. O ano seguinte, já com material angariado e as complicações burocráticas resolvidas, é marcado pela estreia, ainda em versão pré-BelaBatuke. “Foi numa festa de Natal, só com os professores a tocar objetos sonoros. Os miúdos ficaram espantados, mas agradados.” A atuação promocional resulta. Têm dezenas de inscrições e um horário não letivo atribuído para trabalhar em percussão, mas a irregularidade dos alunos quanto a assi-

duidade e compromisso leva a que apenas 24 fiquem aptos a assumir o grupo no final do ano letivo. Novos caminhos surgem no terceiro ano do projeto. Muitas solicitações e pouco tempo transportam o trabalho de percussão para a sala de aula. Integrado, para os interessados, na disciplina de Educação Musical, o BelaBatuke começa a crescer e a atuar em mais “palcos”. A reorganização curricular e a perda de autonomia das escolas na atribuição das horas destinadas às Expressões lançam a incerteza na continuidade. Há material e massa humana para trabalhar, mas falta tempo, pois as aulas de música são reduzidas a metade. A solução foi recuperar o clube. Dos seis professores iniciais ficaram apenas dois… e meio. Elsa Mobilha e Rosa Nunes, a tempo inteiro, a par de António Brazinha, reformado, mas que continua a fazer questão de acompanhar os ensaios e incursões do grupo.


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O foral de D. Manuel

História

Ao longo da história de Portugal são vários os marcos aqui deixados por reis, seja pelo património arquitetónico, seja por episódios como a ratificação do Tratado de Tordesilhas. Na época em que Vasco da Gama chegava à Índia, Setúbal era um importante porto, reconhecido por D. Manuel I no foral atribuído há 500 anos Setúbal, tal como muitas cidades, vilas e lugares do “reino de Portugal e dos Algarves”, recebeu um novo foral, no reinado de D. Manuel, datado de 27 de junho de 1514. Inovador e renovador, ao longo de uma regência de 26 anos, entre 1495 e 1521, ano da sua morte, D. Manuel levou a cabo inúmeras alterações na gestão administrativa, financeira e judicial do reino, reformando as políticas desajustadas à realidade do País, implementadas na época medieval, para dar lugar a um Estado moderno, tanto a nível interno como externo. Para isso, D. Manuel reuniu uma comissão, em 1497, encabeçada por Fernão de Pina, cavaleiro da Casa Real, destinada a reformular as velhas cartas forais. Tal como o primeiro foral de Setúbal, concedido em 1249 pela Ordem de Santiago, muitos outros documentos produzidos ao longo da Idade Média estavam desajustados dos vários contextos do reino, como os sociais, geográficos, demográficos e económicos, dos séculos XV e XVI. Cada cidade, vila ou lugar interpretava o respetivo foral, redigido em latim, nem sempre da forma mais fiel, acabando por criar disparidades entre comarcas em aspetos como a divergência no sistema do peso e das medidas e os diferentes valores da moeda. Apesar de regulamentação própria, estes são dois exemplos reformistas que caracterizam o reinado de D. Manuel I e que foram de extrema importância na revisão dos forais medievais e na elaboração dos novos. Para o cumprimento desta tarefa, que decorreu entre 1497 e 1552, e anteriormente solicitada no reinado de João II (1481-1495) pelos representantes dos concelhos, foi emitida uma carta, no mesmo ano da constituição da comissão, para a recolha de todos os forais e demais documentos respeitantes à cobrança de rendas e direitos reais.

Aplicação de leis gerais A regulamentação da administração local e a orientação das ações dos oficiais régios e municipais nas várias áreas do respetivo contexto territorial foram os objetivos do foral, um instrumento normativo. Ao contrário dos forais da Idade Média, que regiam a organização e povoação do reino após a reconquista de Palmela e Alcácer aos mouros, dando direitos e privilégios especiais aos habitantes de cada comunidade para que a administrassem económica e politica-

Frases do documento Lagares “E os lagares do vinho e do azeite poderão fazer, livremente, os moradores da dita vila sem nenhuma ‘prema’, nem pagarão por isso nenhum foro (…)” Pesos “E os pesos por que hão de pesar as coisas que se vendem são da dita ordem, as quais hão de estar no dito paço onde sempre estiveram (…)” Alcaidaria “E posto que de propósito tomem o dito pau ou pedra se não fizerem mal com ele não pagarão a dita pena; nem mulher de qualquer idade que seja; Nem pagarão a dita pena aquelas pessoas que castigando a sua mulher, filhos, escravos e criados tirarem sangue; nem pagará a dita pena quem jogando ‘punhadas’ sem armas tirar sangue com bofetada ou punhada (…)” Barcos de Sesimbra “E de todas as barcas de Sesimbra e de quaisquer outros lugares da ordem, assim do alto como do baixo, que vierem vender a esta vila de Setúbal os seus pescados, pagarão a dízima antiga à ordem da dita vila como pagam os pescadores dela (…)” Rede de pesca “E os que matarem pescado com rede de pesca, ‘bicheyro’, anzol ou a linha, somente para comer e não para vender, não pagarão dízima (…)” Mouro “E se um mouro cativo sair pela foz para se vender por mercadoria pagarão dele a dízima. E se o levarem para seu uso não pagarão dele dízima, nem direito (…)” mente, os forais manuelinos pretendiam aplicar leis gerais, e não de exceção, de forma a centralizar o poder régio, assegurando um controlo mais eficaz sobre o território. Com os novos forais, e posto fim ao Estado feudal, os concelhos deixaram de obedecer a leis particulares, o que lhes retirou direitos e privilégios, para reger numa única ordem jurídica e fiscal todos os municípios, favorecendo assim a centralização do poder régio. Ao obedecer às mesmas linhas orientadoras de todos os outros, o foral de Setúbal, assinado por Fernão de Pina e Rui Boto, fez parte dos mais de 230 forais redigidos em 1514, o qual destacava os direitos e deveres da comunidade setubalense para com o Rei e a Ordem de Santiago, como se de senhorios do concelho se tratassem. Integrado no volume dos “Forais de Entre Tejo e Guadiana”, da obra “Forais Manuelinos do Reino de

Portugal e do Algarve, conforme o exemplar do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Lisboa”, de Luís Fernando de Carvalho, o foral de Setúbal, e outros integrados na divisão administrativa, muito estudado por académicos e curiosos, aborda principalmente questões subordinadas às atividades marítimas, como a pesca, a entrada e saída da foz e a venda de mercadorias. A par da atividade piscatória, a maior fonte de rendimento da vila, também o sal se destacava numa época de expansão portuguesa e de descobertas além-mar. Como em todas as regras há exceções, entre o pagamento de dízimas, de portagens, de aquisição de direitos e dos demais “impostos” à coroa, o foral nomeava algumas “coisas de que não se paga portagem”. Uma isenção concedida em alguns casos, como por exemplo a compra e venda de gado, desde que não ultrapassasse as quatro cabeças.

Portugal estava a sair de uma crise graças a um novo período da história, a expansão ultramarina. Em 1498, já no reinado de D. Manuel, Vasco da Gama chegava, por mar, à Índia e regressava um ano depois carregado de especiarias, fama e prestígio. Com orgulho, D. Manuel acrescentou ao título de Rei de Portugal e dos Algarves o epíteto “daquém e dalém mar em África, senhor da Guiné e da conquista, navegação e comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia”. A posição geográfica de Setúbal foi determinante para o desenvolvimento da vila e uma mais-valia

para o reino, uma vez que aportavam barcos que carregavam e descarregavam os mais variados produtos. Enquanto Setúbal crescia, contando com 1200 fogos em 1527, a produção de cereais decaiu, dando lugar à produção, e por conseguinte à exportação, de vinho e de azeite. Em 1502, em carta régia, foi determinada a abolição da dízima do trigo, cevada e biscoito (alimento para os navegadores) que entrassem nos portos de Lisboa e Setúbal. Uma medida que vigoraria até à morte do Rei, embora o filho, D. João III, tivesse tornado essa isenção permanente. Aquando da subida ao trono de D. Manuel I, já decorria a construção do Convento de Jesus, arquitetada pelo mesmo autor do Mosteiro dos Jerónimos, mestre Boitaca, e ordenada no reinado de D. João II, monarca que viveu em Setúbal vários períodos e que aqui ratificou o Tratado de Tordesilhas.

grafia é desenhada ao estilo Gótico Librário, com as capitulares desenhadas. A encadernação é de couro castanho-escuro com as esferas armilares de D. Manuel e do Reino gravadas.

Fontes: “Setúbal, a vida quotidiana há 500 anos”, João Costa, Arquivo Municipal de Setúbal; “História e Cronologia de Setúbal 1248 | 1926”, Albérico Afonso Costa; “História de Portugal volume I – Das Origens ao Renascimento”, A. H. de Oliveira Marques; “Foral de Alhos Vedros”, Câmara Municipal da Moita

Quem desrespeitasse o foral – nomeadamente na alegação de mais direitos ou na cobrança de quantias mais elevadas do que declaradas no documento régio – ficava sujeito à expulsão da vila ou à cadeia.

Setúbal renascentista

Livro secular Sabe-se que do foral manuelino de Setúbal foram feitos três exemplares. Um para a Torre do Tombo, outro para a Ordem de Santiago e um terceiro para o Município, que provavelmente ardeu entre a documentação destruída no in-

cêndio nos Paços do Concelho que deflagrou em 1910. É composto por 25 fólios, ou folhas, pautados, 21 respeitantes ao corpo do foral, em papel pergaminho, e três fólios anexos datados de 1517. Em cada fólio de 30 linhas, a cali-


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Rua

Bocage e o Brasil

prédios que formam a atual Praça do Brasil, construídos poucos anos antes e ocupados nos seguintes, mas, em vez de um parque de estacionamento, a área habitacional era servida de uma zona verde. O espaço, dotado mais tarde de um parque infantil, possuía diversas parcelas relvadas e arborizadas, separadas por percursos feitos de pedra, com o pouco trânsito a circular a todo o redor da praça. No centro, num pequeno parque com piso de tijoleira, um muro feito em argamassa tosca pintada de branco, com uma configuração em arco, ostentava na zona mais alta, a dois metros do chão, o busto de Olavo Bilac. Com o crescimento populacional e a banalização do uso do automóvel, a zona verde deu lugar a um parque de estacionamento, no início da década de 80. A Praça do Brasil ganhou uma nova configuração, que incluiu a supressão da faixa de trânsito do lado norte. Com o novo desenho, o busto do poeta brasileiro teve de ser deslocado alguns metros.

CERIMÓNIA. Foto da inauguração do busto de Olavo Bilac, na Praça do Brasil, a 15 de setembro de 1965, do Arquivo Américo Ribeiro

ontem

Estória

Gaiola de sustento Aos 90 anos, Vicente Inácio Martins conseguiu a proeza, embora apanhado de surpresa, de ser notícia por causa de uma fotografia com quase tantos anos como ele. O Rapaz dos Pássaros saiu do anonimato quando um sobrinho o reconheceu com pés descalços a ganhar forma, pelo street artist Odeith, numa lateral do Auditório José Afonso. A família foi ver a obra de graffiti ainda a ser produzida. Ali estava Vicente, com 8 anos, numa rua das Fontainhas, a carregar uma gaiola com pássaros, posando para a fotografia tirada nos anos 30 por Américo Ribeiro. O ferimento na perna do rapaz, representada também no mural, foi uma chaga que acabou por sarar. “Antigamente, era o tempo que curava tudo”, refere Júlia, casada com Vicente há 65 anos, A memória de Vicente, nascido na Azinhaga do Maltalhado, ainda guarda algumas espécies de pássaros que um homem lhe dava para vender. Pintassilgos, rouxinóis e pintarroxos eram vendidos a cinco tostões cada, sobretudo nos restaurantes, numa época em

A Praça de Bocage muito tem mudado ao longo dos anos, seja em termos de estruturas físicas, seja enquanto eixo de circulação rodoviária e pedonal. Na imagem de Américo Ribeiro, feita em 1944, vê-se, onde hoje é uma agência bancária, uma loja de artigos elétricos e, ao canto, um espaço dos Grandes Armazéns do Chiado. Hoje, a zona central da cidade tem mais oferta de restauração, mas é possível observar edifícios que parecem intactos, excluindo o quiosque com esplanada e, por trás, a pizzaria, onde funcionou o Café Central, o qual ainda não existia há setenta anos.

que havia “muita miséria”, lembra Júlia. “Um senhor é que apanhava os pássaros e depois dava ao Vicente para ele os vender.” Claro que, numa família com mais três irmãos para sustentar, o rapaz levava alguns para casa, justificando a falta com uma fuga da gaiola. Com tal responsabilidade, não havia tempo para brincadeiras. Mas andou na escola, tirando a segunda classe. A professora, ao saber que o rapaz queria fazer a comunhão, arranjou-lhe um fato e um par de sapatos. A terceira classe tirou-a em adulto para conseguir ter a carta de condução. À medida que foi ganhando altura, massa muscular, força e destreza, Vicente começou a andar pelos campos a rachar lenha. Semanalmente, ia de bicicleta até Alcácer do Sal e depois a pé para o Torrão. Até que aos 24 anos casou com Júlia, na altura, com 17, começando a “estabelecer-se” num pequeno quintal onde montou a sua primeira serralharia. Décadas passadas, Vicente voltou aos restaurantes em Setúbal, não para vender pássaros, mas para fornecer lenha.

memória

Portugal e o Brasil sempre tiveram em comum a poesia de Bocage como objeto de estudo e de divulgação, uma ligação perpetuada na estátua da Praça de Bocage, ideia que surgiu no Rio de Janeiro, durante as comemorações do centenário do nascimento, a 15 de setembro de 1865. Cem anos depois, outra manifestação de apreço dos brasileiros para com Bocage e a sua terra natal foi a colocação de um busto de Olavo Bilac, poeta brasileiro e grande entusiasta da obra bocagiana, na urbanização que se conhece como Praça do Brasil. Olavo Bilac (1865-1918) deu ainda nome à pequena artéria compreendida entre a Praça do Brasil e a Rua Ormuz. A cerimónia de inauguração do busto de Olavo Bilac, monumento oferecido por uma comissão brasileira, deu-se a 15 de setembro de 1965, por ocasião do segundo centenário do nascimento de Bocage, cerimónia que contou com a presença do Presidente da República, Américo Tomás. Por essa altura, já existia a maioria dos

hoje


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Feira de Sant’Iago festeja com Abril Os aliciantes daquele que é o maior certame realizado a sul do Tejo são uma constante. O 25 de Abril é recordado na Feira de Sant’Iago, mas a história local também é elevada através da comemoração dos 500 anos do foral manuelino. Feirantes, diversões e concertos são em fartura. E, estas, claro, também as há Dezenas de feirantes, espaços de restauração, diversões e, claro, de espetáculos prometem fazer da edição de 2014 da Feira de Sant’Iago um evento a não perder entre 25 de julho e 3 de agosto. “Setúbal 1974-2014 | 25 de Abril 40 Anos” é o tema principal, patente no pavilhão da Câmara Municipal, numa grande exposição que recupera os momentos da Revolução dos Cravos no País e, em particular, em Setúbal. Uma outra área é dedicada ao foral manuelino, responsável, há precisamente 500 anos, pela reorganização do concelho, nomeadamente ao nível normativo. Dinamizada pelo Arquivo Municipal de Setúbal, inclui uma mostra, ateliers lúdico-pedagógicos, encenações de

época de um picadeiro e mercadores, animações de rua e jogos e restauração medievais. As juntas de freguesia, além de representações institucionais, têm também uma área de restauração. O Espaço Ciência, interativo com o público, reserva, pelo IPS, experiências científicas, pelo Circo Matemático, um ambiente circense que propõe desafios de matemática e, pela Fundação Champalimaud, o Champimóvel, simulador de movimento, com filme em 3D, que convida a uma viagem pelo corpo ­humano. O Festival do Desporto inclui, entre muitas outras atividades, paintball, karts, pista de skate e aulas de artes marciais e esgrima.

Com partida e chegada no recinto da Feira, realiza-se ainda uma caminhada, pelo projeto Nosso Bairro Nossa Cidade, um passeio de cicloturismo e a corrida de obstáculos Setubatlon. Na área Turismo, o certame promove produtores vitivinícolas e produtos regionais. Nesta onda de novidades, a Feira de Sant’Iago apresenta pela primeira vez uma roda gigante nas diversões. Com dois palcos de espetáculos, o cartaz inclui dezenas de concertos, com artistas como Pedro Abrunhosa e cantores do programa do televisivo Factor X. Mais informações em www.facebook.com/ feiradesantiagooficial.

Carnaval anima no verão Uma dezena de escolas de samba, dois grupos carnavalescos e um trio elétrico, de Sesimbra, Quinta do Conde e Ovar, a que se juntam foliões, num total de meio milhar de pessoas, desfilam no Carnaval de Verão, a 19 de julho, na Avenida Jaime Rebelo. O evento, a realizar pelo quarto ano consecutivo, assenta arraiais mais junto do rio, transitando da Avenida Luísa Todi, o que promete uma desejada brisa fresca nas noites escaldantes oferecidas por esta animação popular. O desfile noturno, a partir das 22h00, de entrada gratuita, é o ponto alto dos festejos, transformando toda a extensão da Avenida Jaime Rebelo num sambódromo, aberto à participação de grupos de coletividades e de formação espontânea. A iniciativa, organizada pela Câmara Municipal e pela ACOES – Associação do Carnaval e Outros Eventos de Setúbal, proporciona ainda convívio e animação numa minifeira, entre os dias 17 e 20, junto do Jardim da Beira-Mar, com tasquinhas, esplanadas, artesanato, um programa de espetáculos e divertimentos para os mais novos.

Rock e não só no Sado

plano seguinte

Emoção nas águas abertas O australiano Jarrod Poort e a brasileira Ana Marcela Cunha ganharam a etapa de Setúbal da FINA 10 Km Marathon Swimming World Cup 2014, prova de natação em águas abertas realizada a 28 de junho, no Parque Urbano de Albarquel. A participar pela primeira vez na competição sadina, Jarrod Poort bateu os rivais ao sprint, o que lhe valeu um triunfo internacional inédito. “Foi difícil, com condições muito traiçoeiras”, sublinhou o australiano, vencedor com o tempo de 1h52m06s.

O alemão Thomas Lurz, segundo classificado, com 1h52m07s, e o brasileiro Allan do Carmo, terceiro, com 1h52m08s, que já haviam participado na “Setúbal Bay”, ocuparam os restantes lugares do pódio masculino no regresso desta competição internacional ao Sado, com edições garantidas até 2017. A prova foi, no entanto, dominada durante muito tempo pelo grego Spyridon Gianniotis, que chegou a ter mais de cem metros de vantagem sobre os adversários mais próximos. Mas o ritmo forte que impôs esgotou-se à entrada da última volta, levando-o a desistir. Nas mulheres, Ana Marcela Cunha foi a mais forte, com a marca de 2h03m52s. “Foi muito bom voltar a Portugal e vencer”, afirmou a brasileira. O segundo lugar foi para a compatriota Poliana Okimoto, que registou 2h03m54s. A italiana Martina Grimaldi, com 2h04m01, ficou no terceiro posto.

Cerca de trinta bandas portuguesas compõem o cartaz do Rock no Sado, festival que, entre 15 e 17 de agosto, no Parque Sant’Iago, apresenta artistas como Richie Campbell, Boss AC e Xutos & Pontapés. Mais de 40 mil pessoas são esperadas nesta segunda edição do festival sadino, agora com os horizontes alargados a outros géneros musicais além do rock, mas que não abdica de promover e de dar um lugar de destaque nos festivais de verão aos grupos portugueses. O festival, com bilhetes diários a 15 euros e passes de três dias por 30 com direito a campismo, apresenta, no palco “Arrábida”, Richie Campbell e Klepht, no dia 15 de agosto, Boss AC e Lemm Project, a 16, e Xutos & Pontapés, UHF e Alcoolémia, a 17. O segundo palco, o “Sado”, recebe, a 15 de agosto, Børge, Million Dollar Lips, Zop, Get a Dog, Ol’Jolly Roger, Electric Divinity e Dead Stone, vencedores do Concurso de Bandas de Garagem de Setúbal deste ano. O mesmo espaço acolhe, no dia 16, Switchtense, Hills Have Eyes, The Quartet of Woah, Low Torque, Fokker e Phazer, enquanto no último dia atuam União das Tribos, Karpe Diem, Um Zero Azul, Booster, Rysko e Gente Estranha.


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