Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'13

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SETÚBAL

Mercado recupera azulejos pág. 6

JORNAL MUNICIPAL.janeiro | fevereiro | março 2013.ano 13.n.º 48

Concelho atrai investimento Decathlon e Alegro aplicam 140 milhões de euros e geram 2500 postos de trabalho. Estrangeiros vêm conhecer oportunidades de negócio

págs. 4 e 5

Qualidade garantida Ouvir

prepara futuro Câmara e freguesias resolvem problemas da população pág. 10

págs. 18 e 19

pág. 13

Humanidade ao fundo do túnel

Abertura de caminhos previne fogos na Arrábida

Reclusos colhem liberdade Revolução em festa

Programa de reinserção inédito no País

pág. 28

págs. 14 e 15

pág. 9


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SETÚBAL

Mercado recupera azulejos pág. 6

3.ano 13.n.º 48 ereiro | março 201 IPAL.janeiro | fev JORNAL MUNIC

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Câmara e freguesias resolvem problemas da população

pág. 13

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Reclusos colhem liberdade

Revolução em festa

Programa de reinserção inédito no País

pág. 28

págs. 14 e 15

sumário 4  PRIMEIRO PLANO  Setúbal está no caminho dos grandes investimentos económicos, que garantem desenvolvimento e postos de trabalho. A Decathlon e a Alegro são dois dos mais recentes empreendimentos garantidos. 6  LOCAL  Obras estão a beneficiar o Mercado do Livramento e o Convento de Jesus, dois edifícios emblemáticos da cidade. A operacionalidade da proteção civil marca pontos na defesa da Arrábida. 11  FREGUESIA  A Anunciada transformou mais um espaço num miradouro, enquanto S. Lourenço embelezou a entrada de Vila Nogueira. Já S. Simão melhorou o abastecimento de um fontanário de Vendas. 12  AMBIENTE  A Secundária D. Manuel Martins tem um projeto pioneiro de aproveitamento da água da chuva para rega. A transformação dos óleos em biodiesel e as boas práticas de cidadania são outras apostas. 13  TURISMO  A inscrição da Arrábida como património da humanidade está a um passo de se tornar realidade. A nível local destaque ainda para a melhoria da loja Coisas de Setúbal e para prémios de enologia. 14  PLANO CENTRAL  Cinquenta reclusos estão no regime aberto da Quinta da Várzea onde trabalham em prol da comunidade, a que voltarão como cidadãos de pleno direito. É um projeto de reinserção único no País. 16  CULTURA  O concurso de fado amador deu a conhecer novas vozes, enquanto o Fórum Municipal Luísa Todi continua a abrir portas à excelência do mundo das artes. O Carnaval trouxe a folia à rua. 20  DESPORTO  Os Jogos do Sado regressaram com competições oficiais e um programa alargado de promoção da atividade física. A chegar estão as sessões de fitness gratuito no Parque Urbano de Albarquel. 21  INCLUSÃO  Os investimentos na Bela Vista sucedem-se a favor da melhoria das condições locais, onde foi criado um Mercado Social de apoio a carenciados. A população escolhe o que deve ser feito no bairro. 22  EDUCAÇÃO  O Arquivo Municipal de Setúbal desenvolve ao longo do ano um programa em que as crianças partem à descoberta da história local. Outra descoberta é proporcionada aos alunos no “Mar Pedagógico”. 23  ACADEMIA  Dois professores da Escola Superior de Educação integram a primeira linha de um projeto informático que nasceu no MIT. Alunos da Escola Superior de Tecnologia ensinam como poupar energia. 24  RETRATOS  Uma tipografia da Baixa resiste aos sinais dos tempos, aliando métodos de impressão atuais e antigos. Júlio Trindade retira da gaveta as letras e os números para compor os textos dos clientes. 25  INICIATIVA  O Clube da Malha Corrida da Azeda desenvolve uma modalidade inventada em Setúbal. As jogatanas mantêm o convívio entre amigos de longa data e estimulam a rivalidade sã com os adversários. 26  MEMÓRIA  O antigo Orfanato Municipal de Setúbal é hoje um centro de memórias. E um museu vivo de um tempo em que rapazes desvalidos aprenderam uma profissão e ganharam uma família. 28  PLANO SEGUINTE  Em cada canto do concelho são comemorados os 39 anos do 25 de Abril, com festejos ao longo do mês. Em maio há Festival da Música, Festroia e Setúbal Mais Bonita.

informações úteis

Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: DICI/Divisão de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Hugo Martins, Manuel Cordeiro, Marco Silva, Susana Manteigas Fotografia: Mário Peneque, Rui Minderico Paginação: Humberto Ferreira Impressão: Daniel & Lino, Lda. Redação: DICI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal Telefone: 265 541 500 E-mail: dici@mun-setubal.pt Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição Gratuita Depósito Legal N.º 183262/02

Sugestões e informações dirigidas a este jornal podem ser enviadas ao cuidado da redação para o endereço indicado nesta ficha técnica.

Câmara Municipal

Turismo

Paços do Concelho Praça de Bocage 265 541 500 | 808 200 717 (linha azul) Gabinete da Presidência gap@mun-setubal.pt Departamento de Administração Geral e Finanças | daf@mun-setubal.pt Gabinete da Participação Cidadã gapc@mun-setubal.pt

Casa da Baía de Setúbal Centro de Promoção Turística Av. Luísa Todi, 468 265 545 010 | 915 174 442

Edifício da Praça do Brasil Praça do Brasil, 17 265 547 900 Departamento de Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclusão Social Departamento de Recursos Humanos Edifício Sado Rua Acácio Barradas, 27-29 265 537 000 Departamento de Ambiente e Atividades Económicas daae@mun-setubal.pt Departamento de Obras Municipais dom@mun-setubal.pt Departamento de Urbanismo Gabinete de Apoio ao Consumidor Praça Almirante Reis 265 534 086 Gabinete de Apoio ao Empresário Av. Belo Horizonte – Escarpas de Santos Nicolau 265 545 150 gae@mun-setubal.pt SEI – Setúbal, Etnias e Imigração Rua Amílcar Cabral, 4-6 265 545 177 | Fax: 265 545 174 sei@mun-setubal.pt Gabinete da Juventude Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 gajuve@mun-setubal.pt

Posto Municipal de Turismo - Azeitão Rua José Augusto Coelho, 27 212 180 729 Loja municipal “Coisas de Setúbal” Praça de Bocage – Paços do Concelho coisasdesetubal@mun-setubal.pt

espaços culturais Biblioteca Pública Municipal Serviços Centrais Av. Luísa Todi, 188 265 537 240 Polo da Bela Vista Rua do Moinho, 5 265 751 003 Polo Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra Estrada Nacional 10, Pontes 265 706 833 Polo de S. Julião Pct. Ilha da Madeira (à Av. de Angola) 265 552 210 Polo Sebastião da Gama Rua de Lisboa, 11, V. Nogueira Azeitão 212 188 398 Fórum Municipal Luísa Todi Av. Luísa Todi, 61-67 265 522 127 Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 Museu de Setúbal/Convento de Jesus Galeria de Pintura Quinhentista Rua do Balneário Dr. Paula Borba 265 537 890

Museu do Trabalho Michel Giacometti Utilidade Pública Lg. Defensores da República 265 537 880 Loja do Cidadão Av. Bento Gonçalves, 30 – D Casa Bocage 265 550 200 Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro Balcão CMS: 265 550 228/29/30 Rua Edmond Bartissol, 12 265 229 255 Piquete de água 265 529 800 Piquete de gás 800 273 030 Museu Sebastião da Gama Eletricidade 800 505 505 Rua de Lisboa, 11 Vila Nogueira de Azeitão Urgências 212 188 399 SOS 112 Casa do Corpo Santo Intoxicações Museu do Barroco 217 950 143 Rua do Corpo Santo, 7 SOS Criança 265 534 402 808 242 400 Cinema Charlot – Auditório Municipal Linha Saúde 24 Rua Dr. António Manuel Gamito 808 242 424 265 522 446 Hospital S. Bernardo 265 549 000 equipamentos Hospital Ortopédico do Outão desportivos 265 543 900 Companhia Bombeiros Sapadores Complexo Piscinas das Manteigadas 265 522 122 Via Cabeço da Bolota 265 729 600 Linha Verde CBSS 800 212 216 Piscina Municipal das Palmeiras Bombeiros Voluntários de Setúbal Av. Independência das Colónias 265 538 090 265 542 590 Proteção Civil 265 739 330 Piscina Municipal de Azeitão Rua Dr. Agostinho Machado Faria Proteção à Floresta 212 199 540 117 Capitania do Porto de Setúbal Complexo Municipal de Atletismo 265 548 270 Estrada Vale da Rosa Comissão Proteção Crianças 265 793 980 e Jovens de Setúbal 265 550 600 Pavilhão Municipal das Manteigadas PSP Via Cabeço da Bolota 265 522 018 265 739 890 GNR Pavilhão João dos Santos 265 522 022 Rua Batalha do Viso 265 573 212


editorial

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Mais Setúbal Perguntam-me, frequentemente, se Setúbal é ou não a terceira cidade do país. É difícil saber qual o critério utilizado para atribuir esta, ou outra, posição a Setúbal, se partirmos do pressuposto que Lisboa e o Porto são a primeira e segunda classificadas. Será o critério da população? Será o do contributo para a economia nacional? Será o da disponibilidade de infraestruturas de base para o exercício da atividade económica? Será o critério da história da cidade? Ou o da diversidade de contributos dados para a cultura nacional e internacional? Será o critério da riqueza do património ambiental? Como se calcula, afinal, a classificação de uma cidade? Costumo responder que somos, sem qualquer margem para dúvidas e sob todos os pontos

Fomos, somos e seremos uma das mais importantes cidades do país

de vista, uma das mais importantes cidades de Portugal e acrescento que, apesar de sermos uma das mais importantes cidades de Portugal, queremos ainda mais para Setúbal. Queremos continuar, acima de tudo, a trabalhar para ter mais desenvolvimento, mais trabalho, mais cidade, mais riqueza para todos. Queremos trabalhar para evidenciar que o nosso concelho continua a ser um dos mais atrativos destinos turísticos, um dos pontos do país

onde a disponibilidade para acolher investimentos é mais notória. Queremos mais Setúbal, com a certeza de que já somos uma grande cidade, um grande concelho. Mais importante do que saber em que lugar estamos neste campeonato é a constatação de que Setúbal tem uma importância económica, social, cultural e política no todo nacional que está para lá de quaisquer classificações artificiais. Fomos, somos e seremos uma das mais importantes cidades do país. Sei, porém, que ainda há muito por fazer. Nas páginas deste número do Jornal Municipal pode constatar-se como estamos a fazer, neste momento, mais Setúbal; como estamos a favorecer mais desenvolvimento com novos investimentos privados no valor de muitos milhões de euros pelos quais também a Autarquia muito lutou (págs. 4 e 5); como estamos a delinear estratégias para o futuro com novos projetos, como o do planeamento de um Parque Urbano Florestal na Quinta do Xaraz (pág. 8); como estamos a recuperar a memória da cidade, com a recuperação do Convento de Jesus, depois de décadas de indefinições, de avanços e recuos (pág. 7). Estes são apenas três exemplos de como podemos fazer mais Setúbal, mais para os setubalenses e azeitonenses.

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal


primeiro plano

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S

Setúbal na rota Um conjunto de novos projetos está a mexer com o concelho. São investimentos dinamizadores da economia local e responsáveis pela criação de mais emprego. A unidade logística da Decathlon já funciona, o centro comercial Alegro está a ser construído e na calha estão outras oportunidades para a cidade. Os tempos não são favoráveis, mas Setúbal continua a demonstrar aos investidores que aqui é possível ter sucesso etúbal está na rota dos grandes investimentos. Apesar dos tempos menos favoráveis, o concelho tem conseguido atrair novos projetos, geradores de riqueza e de empregabilidade, que fomentam, igualmente, o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da cidade. As excelentes condições de logística no concelho, com modernas ­infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, proporcionam a Setúbal uma ligação estratégica com o Norte e o Sul do País, assim como com diversos pontos do mundo, por via marítima, a partir de um dos mais importantes portos portugueses. Os recursos naturais do concelho, com a Serra da Arrábida, o Estuá­ rio do Sado e uma das mais belas baías do mundo como principais cartões de visita, são as grandes mais-valias para a atração de investimento na área turística, assim como a gastronomia e as tradições locais.

A unidade logística da Decathlon, inaugurada em meados de dezembro de 2012, e o Alegro Setúbal, com a obra de construção já em desenvolvimento, são dois exemplos do investimento que está a ser dinamizado no concelho. Juntos, materializam uma verba superior a 140 milhões de euros, responsáveis pela criação de perto de 2500 postos de trabalho, diretos e indiretos. “Setúbal está sempre a trabalhar para atrair mais investimento. É fundamental e de extrema importância para a região, em particular nos tempos difíceis que atravessamos”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, a 18 de fevereiro, na cerimónia que marcou o arranque oficial das obras do Alegro Setúbal. Cada projeto económico captado para o concelho significa “a criação de mais riqueza, com mais trabalho e melhores condições de bem-estar para as populações”, frisou a autarca, re-

forçando o contributo de Setúbal para a sustentabilidade económica de Portugal. “Estamos em contraciclo com aquilo que é a tristeza nacional. No concelho não existe nenhuma média ou grande empresa a fechar ou a reduzir o número de trabalhadores”, constatou, adiantando que novos e ambiciosos projetos estão já na calha para serem implementados num futuro próximo. Maria das Dores Meira evidenciou ainda o trabalho municipal no acompanhamento de delegações chinesas em visita ao território. “Vêm conhecer a nossa forma de trabalhar nas mais variadas áreas e saber as oportunidades de negócio existentes. Vamos ter algumas surpresas muito agradáveis que resultaram destas visitas, como, possivelmente, um grande investimento na área farmacêutica”, revelou.

Reuniões com estrangeiros O desenvolvimento de esforços para a captação de novos investidores, um dos fatores de fomento da atratividade e modernização do concelho, constitui uma das linhas estratégicas definidas pelo Executivo municipal para o incremento da qualidade urbana de Setúbal. No âmbito deste objetivo, a Câmara Municipal vai promover, em março e abril, encontros em Setúbal com câmaras de comércio e indústria provenientes de vários pontos do mundo, nos quais os potenciais investidores podem ficar a conhecer as características e as mais-valias que o concelho tem para oferecer nas mais variadas áreas. Num dos encontros, agendado para 16 de abril, com câmaras de comércio e indústria dos continentes americano, asiático e europeu, é feita uma apresentação do concelho aos participantes, entregue uma brochura e exibido um vídeo promocional. A reunião de trabalho contempla a realização de um almoço típico, de

promoção e divulgação da gastronomia regional, e visitas guiadas a vários pontos turísticos e a áreas de expansão económica. “Esta iniciativa tem como objetivo a captação de novos investimentos e demonstrar as condições excecionais que o concelho tem para a instalação de empresas e outro tipo de atividades”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal. Noutra ótica de investimento, a Autarquia dinamiza, a 26 de março, um encontro entre empresas da região e a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Árabe, entidade que apresenta o plano quinquenal de potenciais negócios. O objetivo é proporcionar a empresas sediadas no território oportunidades de expansão comercial no estrangeiro, dando a conhecer as áreas de investimento disponíveis.

Alegro em construção O Alegro Setúbal já está em construção. O novo espaço comercial da cidade, um equipamento de última geração com uma arquitetura marcante, materializa um projeto de


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dos investimentos

110 milhões de euros que engloba uma profunda renovação urbanística na entrada norte da cidade. “Este é o centro comercial que os setubalenses há muito reclamavam. É o equipamento que evitará que milhares de munícipes e população de zonas limítrofes se desloquem para espaços comerciais em concelhos vizinhos para fazer compras ou para ir ao cinema. Significa, a partir de 2014, mais riqueza em Setúbal”, sublinhou Maria das Dores Meira. O Alegro Setúbal, equipamento

com uma área bruta de construção de 137 mil metros quadrados promovido pela Immochan, empresa imobiliária do Grupo Auchan, vai ter 115 lojas e criar perto de um milhar de postos de trabalho diretos e 500 indiretos. O centro comercial, construído a partir da renovação e ampliação do atual hipermercado, que se mantém em atividade durante o período de obras, inclui duas dezenas de restaurantes, alguns temáticos, e dez salas de cinema totalmente digitais.

O equipamento, com abertura prevista para o último trimestre de 2014, terá três pisos de área comercial, dispondo de 2600 lugares de estacionamento subterrâneo. No projeto Alegro Setúbal está programada a criação de pequenos logradouros interiores e exteriores para a dinamização de vários eventos culturais e desportivos, assim como a instalação de um campo de jogos, de uma parede de escalada e de vários parques infantis. O projeto Alegro Setúbal concretiza uma importante transformação e melhoria urbana da principal porta de entrada da cidade. Na vertente viária, é construída uma ampla rotunda no final da A12 e executado o reperfilamento integral da Avenida Antero de Quental e da Rua Nova Sintra, dotando estas vias de características mais urbanas, com novos passeios, ciclovias, espaços verdes e locais para estacionamento. Para a Avenida Antero de Quental está ainda prevista a construção de um novo viaduto de acesso ao futuro Alegro Setúbal, com quatro vias de circulação, assim como a criação de uma rotunda na interseção com

a Estrada dos Ciprestes, com um novo enquadramento paisagístico. A operação urbanística a desenvolver na zona da Nova Azeda, com conclusão prevista para junho deste ano e que abrange uma área total de 221 mil metros quadrados, inclui a renovação dos sistemas de saneamento da área.

Decathlon centra logística O Centro de Aprovisionamento Logístico da Decathlon, equipamento com 30 mil metros quadrados, construído de raiz para abastecimento da rede de lojas da marca existentes em Portugal, é outro dos recentes investimentos, da ordem dos 30 milhões de euros, concretizados no concelho. A unidade, instalada num terreno com perto de vinte hectares na zona do Vale Ana Gomes, inclui um centro de aprovisionamento logístico, com três naves para operações distintas e cerca de três dezenas de cais de cargas e descargas. “Este centro logístico, que na plena fase de laboração cria 420 postos de trabalho diretos e 500 indiretos, é um exce-

lente indicador para que os que ainda podem investir olhem para Setúbal como um destino privilegiado dos seus investimentos”, sublinhou a presidente da Autarquia na inauguração do equipamento, em dezembro. A implementação deste projeto constitui, igualmente, uma demonstração do posicionamento estratégico assumido pela Autarquia, através da canalização de mais de dois milhões de euros na construção da nova Avenida José Saramago. Esta via estruturante do Polo Comercial do Monte Belo Norte, além de servir a unidade da Decathlon, faz a ligação ao novo prolongamento da autoestrada A12 e representa a primeira fase da ligação desta zona à frente ribeirinha, constituindo o troço inicial da “Via Urbana P1”. A infraestrutura comercial, também com uma loja de venda ao público com quatro mil metros quadrados, com abertura prevista para o primeiro semestre deste ano, inclui a Oficina País, um serviço de reparação de equipamentos comercializados pela marca e de personalização de artigos para a prática desportiva.


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Património azulejar volta ao mercado O valioso painel de azulejos do início do século XX está de volta ao Mercado do Livramento. Uma delicada operação de restauro permitiu recuperar o património azulejar, uma das imagens de marca do espaço comercial. Em fase de conclusão está a obra de criação de uma nova área técnica de apoio ao equipamento municipal Uma delicada e complexa intervenção de restauro do património azulejar foi conduzida no Mercado do Livramento, operação que incluiu a reposição de um valioso painel original no interior do equipamento municipal. Os trabalhos, promovidos pela Câmara Municipal com apoio da Fundação Buehler-Brockhaus, instituição que suportou os encargos financeiros da intervenção, foram executados pela empresa Esgrafito Mural com apoio de técnicos municipais. A parede interior do topo sul do Mercado do Livramento volta a ostentar o painel de azulejos seriamente danificado na derrocada de uma parede registada há um ano, reposto agora no âmbito desta sensível operação de restauro, com alguns dos trabalhos executados no Museu de Setúbal. A intervenção permitiu recuperar a grande maioria das peças originais que compõem aquele património azulejar, entre 80 e 85 por cento, através de ações que incluíram a separação dos azulejos da argamassa, a limpeza de fragmentos, a reintegração cromática e a replicação de algumas das peças. A operação, de grande significado para Setúbal, permite recuperar um pedaço importante da memória

coletiva local e do Mercado do Livramento, espaço de vivências, de comércio e de cultura. O painel de azulejos neobarroco, azul e branco, com representações de atividades agrícolas e comerciais, bem como uma vista de Setúbal do início do século XX, contém aproximadamente 5700 peças, numa área total de 117 metros quadrados. A obra de arte foi reposta numa ­estrutura com 1,5 centímetros de profundidade, solução técnica que

garante uma maior proteção, uma vez que evita que as peças sejam afetadas por vibrações e facilita, caso seja necessário, a desmontagem de todo o conjunto. A intervenção, com um custo global de 58.739 euros, incluiu também a execução de operações de restauro de dois painéis de azulejos patentes nas entradas norte do espaço comercial, com acesso à Avenida Luída Todi, peças do século XX igualmente em estilo neobarroco, policromos, representando uma

Prioridade aos peões

Uma obra de beneficiação na Rua Oriental do Mercado, complementar aos trabalhos gerais de beneficiação do Mercado do Livramento, dota aquela lateral do espaço comercial de novas condições de atratividade, com primazia para a circulação pedonal. A intervenção visa a requalificação total daquela via

área total de 90 metros quadrados. A Autarquia vai colocar em cada painel uma menção alusiva ao apoio mecenático prestado para a execução da obra, enquanto no painel do topo sul vai também constar uma homenagem aos cinco trabalhadores falecidos aquando da derrocada da parede do edifício.

Modernização assegurada A segunda fase da obra de requalificação e modernização do Mercado

da cidade com ações que incluem a instalação de novas infraestruturas de saneamento e a execução de um conjunto de arranjos urbanísticos. Os trabalhos na Rua Oriental do Mercado, por empreitada, com um custo global de 154 mil e 850,39 euros, incluem a substituição da totalidade do antigo pavimento betuminoso por um novo asfalto em calçada portuguesa, o mesmo tipo de solução adotado nas áreas de circulação pedonal, agora com novos lancis, em cantaria e com faixas em granito. A obra visa ainda a execução de operações ao nível das redes de saneamento e de drenagem de águas pluviais, com a instalação de novas tubagens, de câmaras de inspeção e sumidouros e a execução das ligações de prumadas dos edifícios. A colocação de mobiliário urbano, nomeadamente floreiras com focos de iluminação, também faz parte da operação naquela via, cuja utilização rodoviária fica limitada a cargas e descargas de mercadorias.

do Livramento, com a criação de uma zona de apoio técnico ao funcionamento daquele espaço comercial da cidade e a instalação de um ninho de empresas, está na fase final de construção, com inauguração programada para breve. A criação da zona técnica foi possível com a ampliação do edifício, no topo sul, onde funcionou provisoriamente o mercado durante a primeira fase das obras de requalificação geral, e contempla uma ampla área para cargas e descargas, com acesso pela Rua Ocidental do Mercado. Nesta zona, no piso térreo, ficam instalados a portaria, balneários e sanitários, áreas de frio e gelo para a conservação de produtos alimentares e uma arrecadação. No primeiro andar foram definidos novos espaços para a instalação de oito lojas. Já no edifício principal, a zona de galerias foi totalmente renovada e apetrechada com novos materiais para acolher o Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal. O novo equipamento municipal conta com vários gabinetes individuais, com uma área de cerca de 25 metros quadrados cada, e diversos espaços comuns, como um auditório equipado com meios audiovi­ suais, salas para formação e reu­ niões e instalações sanitárias.


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Obras devolvem convento à cidade São mais de três milhões de euros para recuperar o Convento de Jesus. A Autarquia assumiu a responsabilidade das obras que permitem suster a degradação do imóvel e reabrir o monumento nacional ao público. As intervenções já estão a decorrer e devem ficar concluídas no verão O Convento de Jesus, um dos marcos principais do Manuelino em Portugal, está a ser reabilitado numa obra com um custo global superior a três milhões de euros que inclui um conjunto de trabalhos gerais de beneficiação e a recuperação mais profunda de uma das áreas do edifício. As intervenções, lideradas pela Autarquia, a decorrer desde dezembro, permitem suster a degradação do edifício e a reabertura ao público deste monumento nacional. As ações centram-se na ala poente do primeiro piso do imóvel, com o objetivo de o recuperar para ser reaberto ao público, acolhendo várias peças do acervo do Museu de Setúbal, incluindo a Galeria de Pintura Quinhentista.

A criação de um local com todas as características necessárias para que o espólio museológico possa ser visitado pela população de forma condigna, proporcionando, ao mesmo tempo, condições técnicas que permitam uma maior preservação daquele património são os principais objetivos da obra. A obra na ala poente envolve a reabilitação e o reforço de todas as infraestruturas, a substituição integral de pavimentos e revestimentos das paredes, a remodelação do sistema elétrico e a instalação de redes de comunicação e de um sistema de climatização. A empreitada inclui ainda a substituição integral da laje no primeiro piso e das coberturas e o reforço do sistema de drenagem de águas

pluviais no interior do imóvel e nas áreas envolventes.

Condições de acesso A criação de rampas de acesso para pessoas com mobilidade reduzida, a instalação de um elevador, colocado no exterior, e a construção de um edifício para apoio técnico, que acolhe, por exemplo, a maquinaria de climatização, são outras ações programadas. No âmbito da empreitada foram demolidos dois edifícios anexos que não integravam a estrutura do Convento de Jesus, sem utilidade para a obra que visa reverter a situação de degradação a que se encontram votadas algumas das partes e dos elementos constituintes do imóvel.

O projeto “Recuperação e Valorização do Convento de Jesus”, do programa ReSet – Regeneração Urbana do Centro Histórico de Setúbal, é comparticipado por fundos comu-

nitários com uma taxa de 65 por cento através do PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, ao abrigo do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.

Investimento melhora redes A construção de um sistema de drenagem com mais de três quilómetros de coletores para encaminhar águas residuais domésticas e pluviais de três aldeias localizadas em Azeitão é um dos novos investimentos programados pela Câmara Municipal de melhoria das condições de vida das populações do concelho. Para a concretização desta obra, foi aprovada, a 13 de fevereiro, em reunião pública da Câmara Municipal, a abertura do concurso público da empreitada “Reformulação do sistema de tratamento de águas residuais domésticas das aldeias da Piedade, Portela e S. Pedro”. O projeto, com um preço-base de referência de 1 milhão, 193 mil e 181,71 euros e um prazo de execução de 240 dias, inclui ainda a execução de condutas de água para abastecimento das duas estações elevatórias a construir no âmbito desta empreitada. Na área do abastecimento de água, a Autar-

quia executou, recentemente, obras de melhoria da qualidade deste serviço numa área da Avenida Bento de Jesus Caraça e na Rua Padre José Maria Nunes da Silva. No primeiro caso, foi implementada uma nova rede de distribuição de água numa extensão aproximada de 175 metros, entre os números 14 e 66 daquela via, investimento de 20 mil euros que incluiu a instalação de ramais de abastecimento, a construção de caixas para colocação de contadores e a execução de novos nós de ligação. Já na Rua Padre José Maria Nunes da Silva, junto da Bela Vista, uma empreitada orçada em 60 mil euros permitiu requalificar a rede de abastecimento de água ali instalada, numa área com cerca de 400 metros, através da substituição, supressão e prolongamento de troços de tubagens, da instalação de ramais de abastecimento aos edifícios, da criação de caixas para contadores e da colocação de marcos de incêndio.

A Praça Teófilo Braga, no Bairro do Troino, está a ser reabilitada com um conjunto de arranjos urbanísticos liderados pela Câmara Municipal, investimento superior a 70 mil euros para reforço da atratividade da zona. As intervenções, a concluir em breve, permitem modernizar o largo com a introdução de elementos urbanos de expressão contemporânea, mas preservando os traços gerais e as manifestações históricas existentes. A empreitada, orçada em 73 mil e 651,13 euros, visa a demolição de alguns dos muros existentes na área central da praça, ação que permite eliminar barreiras arquitetónicas e reforçar as condições de usufruo para a população. Já os muros situados no perímetro exterior, mantidos para conservar uma barreira de proteção, evitan-

do, desta forma, o estacionamento desordenado na zona, são alvo de operações de conservação e reparação pontual. Os trabalhos visam ainda a reabilitação do pavimento existente, a manter em calçada portuguesa, e a limpeza do Chafariz do Sapal, elemento histórico mandado construir pelo Senado da Câmara da Vila de Setúbal em 1697 e classificado como Monumento de Interesse Público desde 1977. A redefinição das áreas ajardinadas existentes e o reforço da iluminação pública são outras ações desta obra de reabilitação, que inclui a instalação de mobiliário novo, como bancos e papeleiras, equipamentos semelhantes a outros colocados na zona no âmbito de uma empreitada mais profunda de requalificação urbana executada na área nascente do Bairro do Troino.

local

Praça ganha nova vida


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Parque urbano em estudo

Reorganização aumenta eficiência dos Sapadores A capacidade operacional da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal é otimizada com a reorganização do sistema municipal de proteção e socorro. A instituição, com 227 anos, conta com um novo recrutamento em 2014. O dispositivo técnico também é reforçado com a chegada de mais veículos e equipamentos no âmbito de uma candidatura a fundos comunitários O aumento da eficácia operacional verificado com as mudanças no sistema municipal de proteção e socorro foi salientado pelo vereador Carlos Rabaçal, na sessão solene do 227.º aniversário da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, realizada a 21 de fevereiro. “O resultado das mudanças [processo iniciado em 2010] materializa uma maior eficácia na prestação do socorro e uma melhor racionalidade do investimento municipal neste setor”, afirmou o vereador da Proteção Civil, anunciando, para 2014, a abertura de um novo recrutamento de operacionais, que se traduz num reforço de 20 a 30 bombeiros sapadores. A concentração de meios no quartel da Companhia de Bombeiros Sapa-

dores de Setúbal (CBSS), no Monte Belo, foi uma das principais mudanças introduzidas, medida que permitiu “reunir na cidade um maior número de meios e de recursos humanos vocacionados para o combate a acidentes urbanos e industriais” e reduzir “valores despendidos pela Autarquia”, sublinhou. O investimento municipal no reforço do dispositivo operacional da CBSS foi também salientado por Carlos Rabaçal na sessão solene realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho. “A candidatura que apresentámos a fundos comunitários para adquirir mais viaturas e outros equipamentos está bem encaminhada e deveremos saber o resultado muito em breve”, anunciou, tecendo elogios ao tra-

balho desempenhado pelos bombeiros. A CBSS “é uma das mais prestigiadas e qualificadas do País e uma referência internacional em matéria de proteção e segurança”, frisou, aludindo à participação em projetos-piloto como o sistema de alerta de tsunamis e o Plano Municipal de Intervenção no Centro Histórico.

Profissão exemplar O papel do bombeiro sapador e a sua importância para a construção de sociedades mais seguras foram destacados pelo comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, Paulo Lamego. “São a espinha dorsal do socorro, a garantia de continuidade das corretas for-

mas de atuação, 24 horas por dia”, ao longo de todo o ano. Paulo Lamego abordou “a indefinição” que afeta as carreiras dos bombeiros profissionais, como o “congelamento das progressões e promoções imposto pelos sucessivos governos”, o que tem “asfixiado e corroído toda a ação de comando”, sobretudo se comparado com outros setores. A função “nobre” de ser bombeiro foi igualmente destacada pelo vicepresidente do conselho executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Machado, reforçando que estes profissionais “são a força de maior confiança da população portuguesa”. Aquela entidade homenageou, “pelo exemplo de coragem e abnegação”, o chefe Carlos do Ó, que recebeu o crachá de ouro.

Resíduos não perigosos deslocalizados A Câmara Municipal aprovou, em fevereiro, em reunião pública, um protocolo para a deslocalização da atividade de recolha, triagem, armazenamento e valorização de resíduos não perigosos a funcionar na Quinta da Caiada. A medida determina que, num prazo de cinco

anos, contado a partir de maio de 2012, a atividade de gestão e valorização de recicláveis desenvolvida na Quinta da Caiada, Monte Belo Norte, passe para a zona de Poçoilos, em Vale de Mulatas. Um acordo entre a Autarquia, a particular proprietária do terreno e a VALORSET – Gestão e

Valorização de Recicláveis, empresa que desenvolve a atividade em causa, destina-se a libertar a zona deste tipo de indústria com vista à futura requalificação e acolhimento de investimentos, como definido no Estudo Urbanístico do Monte Belo Norte.

Um estudo urbanístico vai analisar a viabilidade de criação de um parque urbano florestal, com percursos pedonais e circuitos de manutenção e de zonas de estadia, recreio e lazer, na Quinta do Xarraz, um espaço com 46 hectares, na zona norte da cidade. A melhoria das acessibilidades rodoviárias e um novo arranjo urbanístico para a zona estão também contemplados no estudo a elaborar, aprovado pela Autarquia em reunião pública de 13 de fevereiro, com um custo global de 52 mil euros e um prazo máximo de execução de 90 dias úteis. A Quinta do Xarraz, uma área com 46,38 hectares, é delimitada a poente pela autoestrada A12, a nascente e a norte pela Estrada de Vale de Mulatas e a sul por um loteamento urbano. A criação de um parque urbano florestal, dotado de percursos pedonais e circuitos de manutenção e de zonas de estadia, recreio e lazer, preservando os maciços arbóreos e arbustivos com interesse ecológico e paisagístico, é um dos principais objetivos programáticos do estudo. A requalificação da Estrada de Vale de Mulatas e a criação de uma nova entrada de acesso na cidade com ligação ao nó de Poçoilos/sublanço da A2 são outras metas do estudo urbanístico, que visa, igualmente, promover a integração urbanística do loteamento “Jardins de Sant’Iago”.

HOMENAGEM. A Câmara Municipal apresentou um voto de pesar por Orlando Curto, falecido a 27 de janeiro, presidente da Autarquia setubalense no mandato resultante das primeiras eleições democráticas para as autarquias locais, na qualidade de militante do Partido Socialista. Em homenagem, a Câmara vai propor à Comissão Municipal de Toponímia a atribuição do nome de Orlando Curto a uma das ruas do concelho para que a sua intervenção na administração de Setúbal seja recordada.


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local

Operação melhora proteção florestal A melhoria das condições de segurança na Arrábida em caso de incêndio florestal é concretizada com a limpeza e beneficiação de mais de trinta quilómetros de caminhos. A operação inclui alargamento de vias, trabalhos de limpeza, e desmatação e construção de novos acessos para uso dos meios de proteção e socorro Vários trilhos e troços existentes na zona dos vales dos Picheleiros e do Alambre, no Parque Natural da Arrábida, vão ser alvo de um conjunto de intervenções de limpeza e de beneficiação, com o objetivo de minimizar os riscos de incêndio florestal. A operação, a iniciar no final de março, incide em mais de trinta quilómetros de caminhos e na criação de cerca de dois mil metros de novos troços. Os trabalhos são promovidos pela Câmara Municipal e executados pelo Regimento de Engenharia n.º 1 do Exército, no âmbito de um protocolo entre a Autarquia e aquela unidade militar que já permitiu a concretização de outras intervenções no concelho, como a limpeza da Várzea e de vários caminhos na Serra de S. Luís e a construção da Estrada de Fuga da Mitrena. A nova intervenção, destinada a facilitar o

acesso a viaturas das forças de proteção e socorro, a auxiliar evacuações em situações de urgência e a corrigir a densidade arbórea da zona, é executada no quadro do plano de prevenção de incêndios florestais. Os trabalhos incluem a regularização de pisos em terra batida, o revestimento de estradas com tout venant regado e compactado, a criação de valetas para o escoamento de águas pluviais e ações de limpeza e desmatação. A reparação de taludes, a criação de zonas de inversão de marcha para viaturas, a regularização de passagens hidráulicas, a remoção de resíduos e de entulhos e o alargamento de vias até um máximo de três metros são outros trabalhos a promover no âmbito desta operação, com conclusão prevista para o final de maio. Estão incluídos na operação os caminhos Monte da Lua, da Brogueira, de S. Rafael, do Pinheiro da Velha, da Murteira, do Parque de Campis-

mo, do “Chico das Saias” e da Quinta de Santo António, assim como várias vias localizadas na Arrábida sem designação atribuída. A equipa que integra a dinamização desta ação, a qual inclui, igualmente, o Gabinete Técnico Florestal Intermunicipal da Arrábida, GNR, Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros e Junta de Freguesia de S. Lourenço, realizou várias visitas aos locais a intervencionar, para um estudo mais elaborado sobre as soluções a adotar em cada um dos caminhos. As operações a desenvolver nas vias daquela área de S. Lourenço incidem, nalguns casos, em caminhos particulares, facto que motiva um envolvimento de proprietários nesta ação de prevenção de riscos de incêndio florestal, estando em estudo a organização de uma associação de moradores e proprietários.

Simulacros testam segurança escolar Dois simulacros dinamizados pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros testaram, no início de março, as condições de segurança de estabelecimentos de ensino e as capacidades operacionais das forças de proteção e socorro em situações de emergência. “A Autarquia tem feito um grande investimento na área da prevenção, sobretudo nas escolas, agora todas apetrechadas com sistemas de deteção de incêndios e com planos de emergência personalizados, elaborados pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal num dos exercícios, na EB1/JI da Azeda. Os simulacros, realizados no Dia Internacional da Proteção Civil, são ações que testam no terreno os comportamentos de todos os intervenientes. “É assim que as situações têm de decorrer, com as crianças em aula, para termos a plena noção da realidade na eventualidade de um acidente real”, reforçou a autarca. A edil vincou ainda “o trabalho muito intenso” dinamizado na área da proteção civil, destacando o “esforço financeiro realizado pela Autarquia

no apetrechamento das corporações de bombeiros”, aludindo a uma nova candidatura a fundos comunitários, “da ordem dos dois milhões de euros, praticamente assegurada”. Um incêndio, com ocorrência de um ferido, foi o cenário escolhido para o exercício LiveX realizado na

EB1/JI da Azeda, durante a manhã, e na EB1 das Areias, de tarde. Estes exercícios servem “para verificar a funcionalidade de equipamentos de segurança e rotinar procedimentos”, adiantou o coordenador do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros, José Luís Bucho.

A intenção é avaliar à escala real a capacidade de resposta perante determinado tipo de ocorrências e aprofundar os procedimentos que as escolas treinam regularmente, agora com o complemento de meios de proteção civil como bombeiros Sapadores e Voluntários e PSP.

População defende centro histórico

Moradores e comerciantes da área histórica da cidade integram as futuras Brigadas de Apoio Local, equipas de voluntários que recebem formação específica para lidar com situações de emergência numa zona delicada da cidade. A iniciativa, uma das ações do Plano Municipal de Intervenção no Centro Histórico de Setúbal, já arrancou. A Associação da Velha Guarda e dos Amigos da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, criada com o propósito de colaborar em ações na área da proteção civil, já encetou os primeiros contactos para a constituição das brigadas, ação que deve estar concluída até ao final de abril. O objetivo é dotar estes cidadãos de conhecimentos básicos que permitam uma primeira intervenção em caso de ocorrência de situações de emergência e de perigo, até à chegada dos bombeiros. Os voluntários que integrem estas equipas, cada uma composta por cinco ou seis elementos, recebem formação no quartel dos Sapadores nas áreas de socorrismo, extinção de incêndios e manuseamento de materiais de primeira intervenção, disponíveis em armários que já se encontram instalados em pontos estratégicos do centro histórico. Apetrechados com material de primeira intervenção, equipamentos de sinalização e proteção individual para duas pessoas, como fatos completos, luvas e botas, os 32 armários estão presentes em zonas de difícil acesso a veículos, junto de bocas de incêndio.


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Em ano e meio de visitas no terreno, Câmara Municipal e juntas de freguesia inteiraram-se dos pequenos problemas que afetam quem vive e trabalha no concelho. No projeto “Ouvir a População, Construir o Futuro” foram assinaladas mais de duas mil anomalias. A quase totalidade das questões já está resolvida, resultado do esforço conjunto das autarquias Cerca de 80 por cento dos problemas detetados nas freguesias do concelho no âmbito do projeto “Ouvir a População, Construir o Futuro” já estão resolvidos, estimando a Câmara Municipal que a totalidade das anomalias seja superada até 2014. Entre 9 de fevereiro de 2010 e 26 de julho de 2011, autarcas da Câmara Municipal e das juntas de freguesia percorreram o concelho, auscultando os munícipes sobre os problemas sentidos.

Ouvir resolve Das 2194 dificuldades detetadas, mais de 1700 já foram debeladas pelos serviços municipais ou pelas juntas de freguesia com o apoio da Câmara. Restam, sensivelmente, apenas 20 por cento de problemas por ultrapassar, sendo que a taxa de êxito está em permanente atualização. Durante aproximadamente um ano e meio, autarcas da Câmara Municipal de Setúbal e das juntas de freguesia inventariaram as neces-

sidades no terreno, ouvindo diretamente dos munícipes os problemas sentidos nos locais onde vivem e trabalham. No âmbito do “Ouvir a População, Construir o Futuro”, promovido pela Câmara Municipal, através do Gabinete de Apoio às Freguesias e do Gabinete da Participação Cidadã, em estreita parceria com as oito juntas de freguesia do concelho, foram visitados, no total, 169 bairros e urbanizações, 690 ruas, 127 esta-

belecimentos de ensino, 257 coletividades e instituições de solidariedade social e 91 empresas. Em complemento, presidente e vereadores da Câmara Municipal ouviram e responderam às solicitações colocadas pelos 361 munícipes que recorreram às sessões de atendimento descentralizado realizadas durante os períodos de visita a cada freguesia. As requalificações de espaços devolutos, calçadas e zonas verdes

Obra requalifica estacionamento Um conjunto de trabalhos liderados pela Câmara Municipal está a requalificar, desde o início de março, uma área urbana utilizada para estacionamento automóvel no interior de uma praceta com acesso pela Rua Baluarte do Socorro, no centro da cidade. A ação urbanística, um investimento global de 38 mil e 263 euros executado por empreitada, inclui a definição de zonas de circulação pedonal, com novos passeios e lancis, a criação de 47 lugares de estacionamento e a implementação de um sistema de drenagem de águas pluviais. A intervenção, com conclusão prevista para o final de abril, é motivada pelo facto de aquele espaço, localizado numa área de grande densidade populacional, com vários serviços e na proximidade de uma escola e de um terminal de autocarros, ser muito procurado para estacionamento de veículos. A obra, que em simultâneo permite dotar aquele espaço urbano de melhores condições de usufruto para a população e ordenar o parqueamento, contempla, igualmente, o reforço da segurança, com a instalação de novos pontos de iluminação na via pública.

Azinhaga dos Touros ganha passeio As condições de circulação pedonal melhoraram na Azinhaga dos Touros, na zona do Monte Belo, com a criação de um novo passeio, obra executada pela Junta de Freguesia de S. Sebastião, com o apoio da Câmara Municipal, que também resolveu problemas relacionados com a drenagem de águas pluviais. A intervenção, realizada numa área com cerca de dois mil metros quadrados, com conclusão em meados de fevereiro, consistiu na criação de uma ampla área de circulação pedonal e na definição de espaços para estacionamento automóvel, abrangendo uma área total de 500 metros quadrados. A intervenção, com um custo global de cerca de 16 mil euros, prevê ainda a colocação de vegetação urbana ao longo do novo passeio. “Este é o último passeio que faltava criar nesta área da cidade”, sublinhou o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa, contextualizando com outras intervenções semelhantes já realizadas na zona, nomeadamente na Avenida das Descobertas e na Rua Fernando Lopes-Graça. A importância da obra na Azinhaga dos Touros, executada no seguimento de um problema identificado no âmbito do projeto “Ouvir a População, Construir o Futuro”, deve-se igualmente às características da zona, salienta Nuno Costa. “É uma área próxima de muitos serviços, como a EB 2,3 Luísa Todi e o Centro de Saúde, e muito utilizada pelos munícipes.”

são alguns exemplos de questões apuradas durante o levantamento exaustivo das necessidades sentidas em cada freguesia e que incidiu, essencialmente, em pequenas intervenções. Os munícipes foram entretanto informados sobre a capacidade de resposta das autarquias na resolução dos problemas, sendo que a Câmara Municipal conta ter todas as situações resolvidas até ao próximo ano.

Refeições fomentam socialização Uma nova sala de refeições foi criada pela Câmara Municipal de Setúbal no edifício do Paços do Concelho. O espaço é também um local de socialização durante os períodos de paragem para o almoço. A obra, realizada entre dezembro e janeiro, foi executada por meios técnicos e humanos da Autarquia, numa adaptação de um espaço localizado no último piso. A sala, com capacidade para três dezenas de funcionários, dispõe de equipamentos para aquecimento de refeições e um frigorífico. Conta ainda com uma área apetrechada com um televisor. A intervenção, orçada em pouco mais de mil euros, englobou ainda a criação, no exterior, de um pequeno espaço que serve de entrada e de uma área para lavagem de utensílios de cozinha.


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DESCENTRALIZAÇÃO. A proximidade com a população é uma premissa fundamental para a construção de um concelho melhor. No terreno, os problemas são detetados com mais facilidade e resolvem-se com mais rapidez. Para isso, a Autarquia delega competências nas juntas de freguesia, filosofia adotada há mais de uma década. “São as populações que mais ganham com este trabalho conjunto que dinamizamos nas mais vastas áreas de intervenção, um esforço dinâmico e puro que representa a união do Poder Local Democrático”, vincou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, na cerimónia de assinatura dos protocolos de descentralização para 2013. Os resultados não desiludem e este ano há um aumento de mais de 150 mil euros nas verbas atribuídas às oito juntas. O investimento global de 2 milhões, 447 mil e 46 euros mantém as áreas delegadas em 2012 e reforça os setores do ensino, da limpeza do espaço público e da manutenção de edifícios autárquicos.

Miradouro a perder de vista Num local devoluto nasceu uma área para usufruto da população. O novo miradouro da Anunciada, espaço para estar e contemplar, tem zonas ajardinadas, vegetação atrativa, diverso mobiliário urbano e uma vista privilegiada para a cidade e o rio

freguesia

Uma intervenção urbanística liderada pela Junta de Freguesia da Anunciada permitiu criar um novo miradouro na cidade. A obra, em fase de conclusão, visou a recuperação de um local descaracterizado para servir melhor aquela área do concelho. Os trabalhos, iniciados no ano passado, consistiram, numa primeira fase, na limpeza integral daquele local, situado na Rua de Nossa Senhora do Cais, e, posteriormente, na criação de uma ampla área de lazer, com zonas ajardinadas e vegetação diversa, apetrechadas com um sistema de rega automática. “Criámos mais um espaço de lazer na freguesia para a população utilizar. O local, devoluto e cheio de inertes, foi devolvido à cidade com novas condições para usufruto”, destaca o presidente da Junta de Freguesia da Anunciada, José Manuel Silva.

Fontanário recupera caminho de água Uma obra da Junta de Freguesia de S. Simão está a reabilitar um dos caminhos que abastecem o fontanário do Largo do Chafariz, em Vendas de Azeitão, com água proveniente de uma mina subterrânea. A intervenção, iniciada em outubro, consiste na substituição integral da tubagem de abastecimento do fontanário na Rua de Setúbal, num total de 110 metros, que se encontrava bastante deteriorada. Os trabalhos, orçados em cerca de 600 euros, incluíram a construção de duas caixas de visita naquela rede de abastecimento e a execução das respetivas ligações ao fontanário, um dos elementos patrimoniais de revelo da aldeia. “Trata-se de uma recuperação do histórico fontanário, um elemento de Vendas de Azeitão com uma forte ligação sentimental aos habitantes”, sublinha o presidente da Junta de Freguesia de S. Simão, João Carpelho, adiantando que pretende ainda recuperar o outro caminho de água existente na Rua da Chapeleira. O fontanário já havia sido restaurado, respeitando o desenho original do equipamento, no âmbito de uma outra intervenção da junta de freguesia, que vai repor, brevemente, duas réplicas de torneiras da época que haviam sido furtadas da fonte.

Mobiliário urbano, como bancos e papeleiras, e um apontamento estético no pavimento, um desenho de um sol, fazem parte desta intervenção, realizada com o apoio da Autarquia e orçada em mais de 60 mil euros, O novo local de lazer da freguesia tem “um cenário com uma vista privilegiada para a cidade e o rio”, sublinha José Manuel Silva sobre a obra que permitiu recuperar uma das últimas zonas com função de miradouro naquela área do concelho. A área, adianta o presidente da Junta de Freguesia da Anunciada, pode vir a ser ainda mais atrativa com a introdução de novos elementos de iluminação. “Estamos a estudar a possibilidade de embelezar ainda mais aquele espaço com focos de luz instalados no chão.”

Vila Nogueira valoriza entrada

A atratividade da entrada de Vila Nogueira de Azeitão sai reforçada com a criação de um elemento decorativo e de valorização urbana, uma obra liderada pela Junta de Freguesia de S. Lourenço. A intervenção urbanística, que abrange uma área com cerca de 140 metros quadrados, situada na interseção da EN 10 com a Rua de Lisboa, é composta por um elemento que funciona como uma porta de entrada para a vila, inspirada na construção das antigas quintas da região. “A obra decorativa contém elementos habitualmente usados nas antigas quintas, como figuras de convite em azulejo, cabeças de pilar em pedra e uma soleira”, explica a presidente da Junta de Freguesia de S. Lourenço, Celestina Neves. A obra, concretizada ao longo do mês de janeiro, inclui, na zona frontal, uma pequena área ajardinada, enquanto nas traseiras a junta de freguesia optou por plantar um conjunto de arbustos. “Não podiam faltar os ciprestes, tão presentes e característicos nas antigas quintas de Azeitão”, sublinha Celestina Neves. No novo elemento decorativo da entrada de Vila Nogueira foram ainda instalados vários focos de iluminação para que a obra artística possa ser apreciada igualmente de noite.


Escola aproveita água da chuva Mais água disponível, menos gastos energéticos. A medida sustentável é alcançada com um equipamento inovador que permite aproveitar a água da chuva para a rega na Escola Secundária D. Manuel Martins. Estabelecimento de ensino que há mais de uma década hasteia a bandeira verde, galardão do programa “Eco-Escolas” Um equipamento instalado na Escola Secundária D. Manuel Martins funciona como uma cisterna de retenção de águas pluviais, que integra o sistema de rega existente para utilização nas várias áreas ajardinadas e canteiros de flores. “Este é um dos bons exemplos em matéria de sustentabilidade ambiental e que permite, ao mesmo tempo, uma considerável poupança financeira”, sublinhou o vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Setúbal, Manuel Pisco, na cerimónia de inauguração do equipamento, a 7 de fevereiro. A cisterna de retenção de águas pluviais, com

capacidade para 30 mil litros, funciona em conjunto com um outro depósito, este apenas com capacidade para cinco mil litros e ligado a um furo de captação subterrâneo. Na existência de água no novo reservatório, o sistema de rega é alimentado automaticamente. Caso não haja água suficiente, a rega das áreas ajardinadas da escola é feita com recurso a água do furo, tendo em conta que uma única rega consome cerca de cinco mil litros. “O projeto nasceu de uma ideia simples, o aproveitamento de um recurso que estava a ser desperdiçado”, esclareceu o professor responsá-

vel pelo projeto, Carlos Cunha, adiantando as duas principais mais-valias alcançadas: “A poupança de água e a poupança de energia, uma vez que a bomba elétrica do equipamento ecológico tem uma potência reduzida.” O equipamento foi desenvolvido em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal, que construiu a base de sustentação e efetuou as ligações de tubagens ao sistema de rega da escola, e as empresas Secil, Lisnave e Construções 3P. A medida ecológica, dinamizada e implementada ao longo de quatro anos, permitiu “pôr em prática conhecimentos teóricos adquiri-

ambiente

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dos na formação ambiental”, adiantou Manuel Pisco, reforçando que a questão ambiental está bem assimilada nas escolas do concelho. “Quem ganha são as gerações vindouras.” Na cerimónia de inauguração do novo equipamento, foi hasteada, pelo décimo segundo ano consecutivo, a bandeira verde “Eco­ ‑Escolas” na Secundária D. Manuel Martins, atribuída pela ABAE – Associação Bandeira Azul da Europa. O prestigiado galardão voltou a distinguir o estabelecimento de ensino por iniciativas e trabalhos dinamizados ao longo do ano letivo em prol de um ambiente mais sustentável.

Óleos produzem biodiesel Apelo às boas práticas A sensibilização dos munícipes para a necessidade de adoção de medidas sustentáveis e que permitam a melhoria da imagem urbana da cidade e consequente aumento da qualidade de vida motiva o desenvolvimento da campanha “Setúbal em bom ambiente”. A sensibilização para a recolha dos dejetos caninos na via pública, com particular incidência nos espaços verdes, os locais onde o risco de contacto humano é maior, nomeadamente com crianças, é um dos principais objetivos da iniciativa promovida pela Câmara Municipal. A Autarquia pretende fazer uma abordagem educativa junto das populações, através da distribuição de folhetos, informando os munícipes sobre como devem proceder quando passeiam os animais e, sobretudo, sublinhando aquilo que não devem fazer. As informações, a distribuir igualmente nas caixas de correio, nas juntas de freguesia e noutros locais do concelho, alertam para as coimas existentes pelo incumprimento da legislação, que variam entre os 50 e os mil euros. A campanha “Setúbal em bom ambiente” divulga ainda uma série de boas práticas ambientais, com informações úteis e dicas, que podem e devem ser dinamizadas pelos munícipes em prol da melhoria urbana, nomeadamente na recolha de monos, de entulhos, de lixos domésticos e de resíduos verdes. A recolha seletiva de resíduos sólidos urbanos, através da separação de detritos nos ecopontos, e a deposição de óleos alimentares usados nas ecobox são outros desafios lançados à população no âmbito desta ação ambiental.

A criação de um guia europeu de auxílio à implementação de redes de recolha e transformação de óleos alimentares usados para biodiesel é o grande objetivo do projeto RecOil, apresentado a 27 de fevereiro em Setúbal, na Casa da Baía. Esta iniciativa pioneira, promovida pela União Europeia e liderada por Portugal, através da ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, visa a produção sustentável de biodiesel, tornando-o comercializável em larga escala, por meio da reciclagem de óleos alimentares usados (OAU). No âmbito do RecOil, em desenvolvimento desde maio de 2012 em Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Bélgica e Dinamarca, estão a ser feitos inquéritos, mais de 200 por país, para aferir a recetividade e as necessidades das populações e de instituições para que as redes de recolha de OAU sejam implementadas e otimizadas. O RecOil está igualmente a estudar a viabilidade de comercialização de biodiesel nos mercados. Quando o projetopiloto estiver terminado, em maio de 2014, a Comissão

Europeia, através do programa Intelligent Energy for Europe, conta ter um guia completo que servirá de ferramenta de consulta para que os óleos alimentares usados sejam recolhidos e reciclados em biodiesel da maneira mais eficaz possível mediante as características específicas de cada localidade europeia. Em Setúbal, 8781 litros de óleos alimentares usados foram recolhidos ao longo de 2012 pela rede municipal de recolha seletiva, composta por sete dezenas de pontos de deposição, o que evitou a emissão de mais de dez toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera. Na totalidade dos pontos de recolha disponíveis ao público em geral, os oleões instalados no Intermarché de Azeitão, no Parque de Vanicelos, nos mercados do Livramento e de Nossa Senhora da Conceição registaram a maior deposição de OAU. Com vista à otimização da rede, os oleões com recolhas pouco significativas ou nulas vão ser deslocalizados, estando previsto, até 2015, o alargamento da rede em mais de 30 pontos de recolha.


O Estado reconheceu a importância da Arrábida e a candidatura a Património Mundial está nas mãos da Unesco. O processo começou como uma bandeira da região. Hoje, é do País. Em breve pode ser da humanidade

turismo

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Arrábida a caminho da humanidade A candidatura da serra da Arrábida a Património Mundial Misto foi oficialmente entregue pelo Estado Português na Unesco a 1 de fevereiro, após a validação do dossier pelo Grupo de Trabalho Interministerial. O processo entrou agora numa nova fase, encontrando-se nas mãos do Comité Internacional daquele organismo das Nações Unidas a classificação da Arrábida como um bem natural e cultural património da humanidade. O projeto da candidatura, com início em 2000, é conduzido pela Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), pelas câmaras municipais de Setúbal, Sesimbra e Palmela e pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em parceria com várias entidades. Alfredo Monteiro, presidente da AMRS, sublinhou numa conferên-

cia de imprensa realizada no dia da entrega do processo na sede da Unesco em Paris que a admissão da candidatura naquele organismo é “muito importante para a região, mas também para Portugal”. As equipas da Unesco estão agora a analisar o processo e a aferir a validade da argumentação da candidatura portuguesa que sustenta os seis critérios pelos quais a Arrábida poderá ser classificada como Património Mundial Misto, ou seja, um bem com importantes valores naturais e culturais. Ao longo do ano decorre um período de peritagem, que inclui visitas de equipas da Unesco à Arrábida. Para que a classificação da cordilheira se torne uma realidade só é necessário que dois dos critérios apresentados sejam considerados válidos pela Unesco, prevendo a organização da candidatura a possibilidade de o organismo internacio-

nal anunciar o resultado definitivo no final de 2013. Os últimos dias do período disponível para a entrega da candidatura em Paris decorreram quase em velocidade de contrarrelógio. Caso o dossier não tivesse sido entregue a 1 de fevereiro, o processo só deveria conhecer novos desenvolvimentos em 2018, uma vez que é quase certa a entrada de Portugal no Comité Internacional da Unesco, facto que inviabilizaria a apresentação de candidaturas nacionais até que o País terminasse a representação naquela instância.

Mediatismo Para que o processo desenvolvido pela AMRS, câmaras municipais e ICNF se tornasse uma realidade junto da Unesco foi necessário o esforço e empenho de várias entidades e de muitos profissionais.

Entre as inúmeras iniciativas realizadas ao longo dos anos para consolidar e fortalecer a candidatura, uma das mais recentes e, provavelmente, das mais mediáticas, foi a elaboração de um documentário televisivo sobre a Arrábida. O programa da SIC “Vida Selvagem” transmitiu a 6 de janeiro deste ano um episódio especial intitulado “Arrábida – Da Serra ao Mar”, no qual foi retratada a riqueza da biodiversidade existente na cordilheira. O filme, produzido pela Traduvárius, com o patrocínio da AMRS, foi realizado por Luís Quinta e Ricardo Guerreiro. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, recordou na conferência de imprensa de anúncio da entrega da candidatura na Unesco, como exemplo da importância e dimensão do projeto, que o narrador do documentário, Eduardo Rêgo, con-

fessou em público que, em mais de três mil filmes narrados, o da Arrábida foi o primeiro totalmente feito em Portugal.

Saudação A Câmara Municipal aprovou na reunião pública ordinária de 13 de fevereiro uma saudação pela entrega da candidatura da Arrábida a Património Mundial, pelo Estado Português, na Unesco. A justiça da intenção regional, “enquanto projeto estratégico para a afirmação da região no País e no mundo”, foi enaltecida no texto da saudação. A Autarquia expressou “regozijo pelo parecer positivo do Grupo de Trabalho Interministerial e pela decisão do Estado Português de proceder à entrega da candidatura da Arrábida a Património Mundial, confirmando a dimensão nacional desta candidatura da região”.

Enologia premiada

Loja ganha atratividade

A Península de Setúbal e a José Maria da Fonseca foram premiadas, em janeiro, no âmbito dos W Awards, galardões atribuídos pelo enólogo e crítico de vinhos Aníbal Coutinho. O prémio de Melhor Indicação Geográfica Protegida distingue a Península de Setúbal como a região com os vinhos certificados “com o desempenho mais positivo de entre todas as regiões vinhateiras de Portugal”. Em paralelo, a José Maria da Fonseca arrecadou o prémio de Melhor Enoturismo sem Estadia, tendo a produtora registado em 2012 mais de 32 mil visitantes e faturado mais de meio milhão de euros. Pela casa-museu localizada em Vila Nogueira de Azeitão passaram visitantes oriundos de 66 países, em particular do Reino Unido, dos Estados Unidos, da Rússia, da Alemanha, do Brasil e de França. A casa-museu está aberta ao público todos os dias, incluindo fins de semana e feriados, proporcionando diferentes tipos de serviços aos visitantes, como provas de vinhos e visitas guiadas.

Uma nova dinâmica é criada com um conjunto de trabalhos de reformulação e embelezamento da loja “Coisas de Setúbal”, espaço de venda ao público instalado no edifício dos Paços do Concelho com vários artigos típicos da região e produções locais. As intervenções dotaram a loja de melhores condições de atratividade e funcionamento, com a instalação de novo mobiliário, a criação de uma pequena zona de armazém e a conceção de novas áreas para exposição de produtos, nomeadamente um espaço para mostra e venda de pinturas de artistas locais. A operação, orçada em perto de cinco mil euros, permite, igualmente, uniformizar as zonas de venda de produtos turísticos, nomeadamente o do edifício dos Paços do Concelho e o existente na Casa da Baía. A melhoria da área de acesso à Sala do Município a partir da loja “Coisas de Setúbal” foi outro dos trabalhos realizados no âmbito desta obra, executada com meios técnicos e humanos da Autarquia.

SOBERANO. O bolo “Rei da Baía de Setúbal” governou no dia 6 de janeiro na Casa da Baía, num evento promovido pela Câmara Municipal para festejar o Dia de Reis. Mais de centena e meia de visitantes experimentaram entre duas dezenas de bolos, todos confecionados por alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal e inspirados no ­bolo-rei tradicional. Moscatel e música a cargo do Conservatório Regional de Setúbal acompanharam a degustação.


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Semear liberdade A rede com arame farpado na Quinta da Várzea é adereço inútil perante o portão destrancado. Esta é uma prisão de regime aberto. A falta de liberdade quase cai no esquecimento. Aqui, trabalha-se pela redenção e por um futuro melhor

plano central

O

s aguaceiros que ameaçam boicotar o dia não impedem o subchefe Luís Joaquim de fazer a rotineira distribuição de tarefas durante a formatura matinal dos reclusos do regime aberto da Quinta da Várzea. A quinta é uma prisão, mas, ainda assim, uma prisão que foge aos parâmetros normais. Integrada no Estabelecimento Prisional Regional (EPR) de Setúbal, funciona às portas da cidade como um presídio em regime aberto, onde, nem que seja por instantes, é possível esquecer que é um local de encarceramento de indivíduos que cometeram algum tipo de delito. Um estabelecimento prisional em regime aberto destaca-se por atribuir mais responsabilidades aos reclusos, que desenvolvem vários tipos de trabalhos de cariz comunitário com vigilância reduzida. A clausura, nomeadamente na Quinta da Várzea, cinge-se, praticamente, à obrigatoriedade de pernoitar nas camaratas, que alojam meia centena de presos e, em breve, com um novo bloco, a construir pelos próprios reclusos, terão capacidade para oitenta. Ali, as penas são dedicadas ao trabalho nas produções agrícolas de citrinos e hortofrutícolas, que se estendem por 25 hectares dos terrenos mais férteis do País. “Isto ajuda muito para termos alguma coisa lá fora”, defende Florentino Mendes, 32 anos, condenado por furto. Ao contrário do que se verifica com a maioria dos homens, oriundos de centros urbanos, a lide rural está desprovida de novidades para Florentino. “Sou do Poceirão. Era carpinteiro, mas sempre estive perto do trabalho no campo. Estou aqui há meses e não houve problemas de adaptação. Agora estou responsável pelas estufas”, resume, sem se lembrar de quanto tempo ainda lhe falta cumprir da pena.

Colher um rumo Tiago Bernardo, 27 anos, não receia o futuro. Ao contrário de Florenti-

no, conduzido ao mundo do crime pela insidiosa mão das drogas, o pasteleiro natural do Laranjeiro sabe que tem um trabalho garantido quando completar a pena a que foi sujeito pela falta de pagamento de uma multa. “O patrão até está a torcer para eu sair. Lá fora não será problema. Mas aproveito e saio daqui com mais conhecimentos do que tinha”, reforça. Tiago é ainda mais assertivo no que respeita à realidade do País e às vantagens da Quinta da Várzea: “Aqui é muito acerca de se criar rotinas, respeitar regras e aprender a trabalhar. Isso é bom… é bom… Sem-

pre trabalhei, não tenho problemas com isso e com o que representa. Mas há muitos que não sabem de nada. E mesmo que conheçam esse mundo, o problema também começa lá fora. Se no final do mês o cheque não der para as despesas é claro que as pessoas procuram outros caminhos. Alguns, quando saem da prisão, até fazem de propósito só para voltar.” De cabelo rapado, fato de treino largo e pés calçados com meias enfiadas em chinelos, Tiago, não fosse a cicatriz na têmpora direita, assemelha-se mais à figura de um monge tibetano do que à de um recluso.

O espírito crítico e a perceção social também ajudam à imagem de indivíduo esclarecido. “A agricultura sempre deu dinheiro ao País, mas não a aproveitamos a sério, vá lá alguém perceber porquê. E continua tanta gente a ir do campo para a cidade. Aqui na quinta ao menos saímos com conhecimentos de agricultura. Depende de cada um saber aproveitar esta oportunidade. Mas é uma oportunidade. Isto é útil”, solta.

Ânimo natural O trabalho no campo fica tolhido quando chove. Entre outras limita-


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Trabalho em prol da comunidade Os reclusos da Quinta da Várzea participam em vários projetos de âmbito social, como as “Hortas Solidárias”, através das quais já produziram e entregaram mais de 370 toneladas de hortícolas ao Banco Alimentar Contra a Fome de Setúbal. Um outro protocolo, celebrado com a Junta de Freguesia de São Sebastião, coloca alguns reclusos em trabalho de regime aberto voltado para o exterior. Noutras palavras, um punhado de homens faz trabalho comunitário pela freguesia, como limpeza de ruas, sem vigilância direta. Saem, trabalham e recolhem à quinta no final do dia. Adérito Semedo é um desses homens. Gosta da quinta, mas pre­ fere o regime voltado para o exterior. “Andamos pelo bairro todo [Bela Vista] e fazemos o que há para ser feito, sem stress. Também ganhamos um bocadinho mais.” Outros protocolos proporcionaram iniciativas semelhantes no Porto de Setúbal e na Escola Secundária de Bocage. A Câmara Municipal desenvolve, desde 1997, uma parceria com o Ministério da Justiça para a colocação de reclusos em funções laborais no exterior, tendo realizado, por exemplo, a limpeza de praias e do recinto da Feira de Sant’Iago. Muito em breve entram em vigor outros dois acordos. Um, para a venda de produtos hortícolas a funcionários da Câmara e, outro, para o comércio do mesmo tipo de produtos em mercados municipais. Ambos, naturalmente, dinamizados por reclusos da Várzea. Tudo para que, do trabalho e da responsabilidade, renasçam novos cidadãos, prontos para contribuir em pleno para a sociedade.

ções, a lama dificulta o uso das máquinas e adia tarefas. Sem atividades, cada hora do dia tem muito mais do que sessenta minutos. Por isso, a maioria dos reclusos torce contra a chuva. Luís Abreu travou o primeiro contacto com a vida rural na Quinta da Várzea. Depois de ter substituído o futebol pelo crime, vê agora, aos 41 anos, um novo caminho, frequentando, inclusivamente, os cursos de técnico e de operador de jardinagem. “É bom mexer na natureza. Olhe bem para estes campos”, convida, com o indicador em riste, em linha com o verde horizonte.

José Mendes, vendedor ambulante, condenado a cinco anos de cadeia na sequência de uma rixa com outro indivíduo de etnia cigana, também aprendeu a gostar do campo. “Em relação ao EPR de Setúbal quase nos esquecemos que estamos presos. Não sabia nada destas coisas de agricultura. Outros colegas é que me ensinaram. É fácil. Até nem custa muito”, refere. O diretor do Estabelecimento Prisional Regional de Setúbal, João Paulo Gouveia, sabe bem do potencial da Quinta da Várzea, exclusiva, entre outros fatores, a reclusos com bom comportamento e um tempo

mínimo de pena cumprida em regime fechado, numa seleção que depende ainda das vagas, do interesse demonstrado e de avaliação técnica. “Esta prisão, com este tipo de interação, inclusivamente com o resto da sociedade civil, é única no País”, aponta, acrescentando que, embora a taxa de êxito na reinserção social seja impossível de medir, é inegável que os homens saem da quinta com mais e melhores ferramentas para vingar em liberdade. A engenheira agrónoma Teresa Almeida, responsável pelos trabalhos agrícolas, assegura que na quinta “há sempre muito para fazer”.

Mesmo que a chuva impeça o trabalho nos oito hectares de pomares, nos cinco de hortícolas ou nos três de pinheiro manso e de estufas, sobram ainda 85 ovelhas e dezenas de galinhas, patos e coelhos para cuidar.

Aberto à sociedade No local funciona uma loja aberta ao público, onde é possível comprar produtos hortícolas a preços convidativos. Dona Madalena, funcionária, repara que, com a crise, “há cada vez mais particulares e comerciantes a adquirir produtos na loja”.

A funcionar de segunda a sexta-feira, das 08h15 às 12h00 e das 13h30 às 17h15, aceitando encomendas pelo telefone 265 535 858, o corrupio de clientela a entrar e a sair na prisão é maior ao final das manhãs ou ao início das tardes. Idalina Limpo conheceu o espaço no verão, curiosa pela placa “Vende-se Produtos Hortícolas”, visível da Estrada dos Ciprestes, e garante que “os produtos são um espetáculo”, pois “no sabor não há igual”, sem que por um instante tivesse estranhado ou receado o facto de ter de entrar numa prisão para os comprar. Afinal, “somos todos iguais”.


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Vozes do fado revelam talento

Nem só de profissionais vive uma arte. O fado é prova deste facto. O concurso nacional de Setúbal destinado a fadistas amadores continua a mostrar novos talentos. Fevereiro revelou Diana Soares e Pedro Calado

O Concurso de Fado Amador de Setúbal continua a promover novos talentos na área da canção nacional e a quinta edição, realizada em fevereiro, não foi exceção, com Diana­ ­Soares e Pedro Calado a arrecadarem os principais prémios da prova. Com apenas 25 anos, Diana Soares conquistou em Setúbal pela segunda vez na carreira o primeiro prémio de um concurso de fado, tendo participado em outras tantas provas do género. “Nunca é fácil pisar um palco”, frisou no momento da consagração a fadista do Seixal,

para quem as atuações perante o público representam “uma grande responsabilidade”. Depois do concurso que culminou com a gala final do dia 23 de fevereiro, Diana Soares volta a assumir responsabilidades e a encantar o público a 24 de maio, data de uma grande noite de fado agendada para o Fórum Municipal Luísa Todi, num espetáculo em que participam todos os vencedores das várias edições do concurso de fado amador de Setúbal. O evento sadino, organizado pela Câmara Municipal e pela Sociedade Musical Capricho

Setubalense, distinguiu também Pedro Calado, fadista eborense de 37 anos que recolheu a maioria dos votos para o Prémio Especial do Público, tendo, ainda, alcançado o segundo lugar na classificação geral. Diana Soares e Pedro Calado vão atuar no grande palco da Feira de Sant’Iago e a seixalense tem ainda direito a um fim de semana para duas pessoas no Hotel do Sado, instituição que apoiou esta edição, a par da Rádio Amália, da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra e da Gasvari. Na terceira posição do concurso, que esgotou

na final a Capricho Setubalense, ficou Sofia Ferreira, de 17 anos, de Almeirim. O júri do “V Concurso de Fado Amador de Setúbal” foi constituído pelo maestro Nuno Batalha, em representação da Câmara Municipal, pelo pianista Afonso Malão, pela Capricho Setubalense, e pela fadista Ada de Castro, que também atuou no final da noite, após uma homenagem da Autarquia. O serão contou ainda com as atuações de Nuno Mega e de Ramiro Costa, vencedores em edições anteriores do Concurso de Fado Amador de Setúbal.

cultura

Juventude até à final

Dança afasta violência contra as mulheres As águas de março não conseguiram demover as cerca de cem pessoas que, na Praça de Bocage, dançaram contra a violência sobre as mulheres no Dia Internacional da Mulher. A iniciativa, a 8 de março, contou com a colaboração de quatro monitores de dança do ginásio proAventuras, que puseram mulheres e homens de todas as idades a dançar. Mesmo debaixo de uma chuva intensa, a coreografia, baseada em movimentos que simbolizaram o corpo e a individualidade da mulher, gestos que significam “basta!” e “para!”, foi executada várias vezes. O evento, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal e pela SEIES – Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social através do projeto VOA – Vontade, Otimismo e Autonomia, integra o movimento internacional “One Billion Rising”, campanha contra a violência sobre as mulheres. Esta foi apenas uma das muitas iniciativas que, ao longo do mês, compõem o programa Março Mulher 2013, com o tema “A Igualdade nos Caminhos da Cidadania”.

A melhor banda da edição deste ano do Concurso de Bandas de Garagem está prestes a ser conhecida mas só depois de uma última atuação, no dia 30 de março, no Festival 7Rock, às 22h00, na Capricho Setubalense. Em palco estão os grupos apurados nas três eliminatórias, fase ainda a decorrer, um setubalense selecionado na pré-eliminatória e um outro que, classificado em segundo lugar nas eliminatórias, será escolhido pelo método de repescagem. O grupo vencedor do 9.º Concurso de Bandas de Garagem, integrado no programa municipal m@rço.28, que assinala o Mês da Juventude em Setúbal, é premiado com atuações no festival Super Bock Super Rock, bem como na Feira de Sant’Iago e na Semana Académica de Setúbal, recebendo, ainda, um cheque de mil euros. O Concurso de Bandas de Garagem de Setúbal, este ano com 13 grupos concorrentes, entrega ainda 700 euros ao segundo lugar, 500, ao terceiro, 200, ao ­quarto, e 100, ao quinto. A banda eleita como a melhor do concelho, escolhida através de votação online no sítio do jornal Setúbal na

Rede, em www.setubalnarede.pt, além de receber 500 euros, atua na Feira de Sant’Iago. Além da música, em destaque em todo o programa do m@rço.28, com concertos em vários espaços, a fotografia esteve de parabéns pelos dez anos de Meia Maratona Fotográfica de Setúbal, tema da edição deste ano do concurso para fotógrafos amadores. Workshops de artes plásticas, teatro, moda e televisão, atividades desportivas, cinema e a realização da 19.ª Sessão Plenária do Fórum da Juventude de Setúbal, dedicada à igualdade, são algumas ações do m@rço.28, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal e pelo movimento associativo. CINEMA. João Bordeira foi o primeiro convidado das “Conversas com realizadores online”, a 7 de fevereiro, no Café das Artes da Casa da Cultura. A iniciativa, dinamizada no âmbito do concurso Curtas Sadinas 2013, promove a troca de impressões, ao vivo e em direto pela internet, entre cineastas e público, além de exibir um filme. Num ambiente informal, a conversação com o realizador sadino passa no Facebook, enquanto a que decorre pela internet é mostrada num ecrã.


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Folia carnavalesca anima cidade

A alegria mascarou-se e saiu à rua para os tradicionais festejos carnavalescos num programa com teatro, concursos de fantasias e onde não faltou o circo. A pequenada também brincou ao Carnaval, num desfile na Baixa. A realeza da folia encontrou uma sucessora, a jovem Bela Ribeiro Fantasias variadas, máscaras mais ou menos elaboradas, serpentinas e confettis no ar. Os foliões saíram à rua para brincar, num programa organizado pela ACOES – Associação do Carnaval e Outros Eventos de Setúbal, Câmara Municipal e juntas de freguesia. Depois de um domingo chuvoso, a terça­ ‑feira de Carnaval juntou os foliões e levou muito público à Avenida Luísa Todi e ao Largo José Afonso, epicentro dos festejos com diversos pontos de interesse, onde houve um concurso de máscaras e fantasias. Se o Circo Nómada e os divertimentos deliciaram a pequenada, os graúdos riram com a cegada “Vão prá Troika que os pariu”, uma sátira de teatro-comédia à situa­ ção atual do País, encenada pela ACOES, no Auditório José Afonso. O público mais novo também teve o momento de destaque, com um desfile infantil, no dia 8 de fevereiro, que juntou perto de um milhar de crianças nas ruas da Baixa, e um concurso, ganho pelas personagens da Walt Disney do jardim de infância “O Côco”. Na Praça de Bocage, num ambiente de muita alegria e animação, sempre ao som de ritmos carnavalescos, crianças, pais e avós fantasiados das personagens “Mickey” e “Minnie” mereceram a distinção do júri do concurso, que também premiou os alunos da EB1 n.º 3 do Montalvão, com o tema “Mar Pedagógico – Rio Azul”, e os do Jardim de Infância VivaKids, com os “Distritos de Portugal”. Bela Ribeiro, em representação do Núcleo de Bicross de Setúbal, é a rainha do Carnaval 2013, e terá o momento de glória no corso de verão. A jovem foi eleita num espetáculo com momentos de música,­ ­teatro e dança realizado a 11 de fevereiro, no ­Fórum Municipal Luísa Todi. Mais de três centenas de pessoas assistiram ao espetáculo, com oito candidatas em representação de coletividades do concelho a mostrar as suas capacidades em provas de dança, teatro e desfiles livres e trajando fantasias.

Música de Abril partilha emoções

“Poemas cantados” deu o mote a um concerto de Francisco Fanhais, a 18 de janeiro, na Casa da Cultura, com lotação completamente esgotada, numa noite de partilha de emoções intensas. Ao longo de mais de duas horas, o público teve um papel ativo, participando mesmo no alinhamento musical, composto por temas próprios e canções de Zeca Afonso, como “Utopia”, “Os Vampiros”, “Menino do Bairro Negro” e o sempre atual “Grândola, Vila Morena”.

Ano Novo festejado à beira-rio

Setúbal entrou em 2013 com um espetáculo de fogo de artifício sobre o rio Sado, assistido de perto pelas muitas pessoas presentes no réveillon realizado na Doca dos Pescadores, com atuações musicais do DJ Rui Estêvão e das bandas doismileoito e Mesa. A entrada no novo ano foi igualmente festejada nos muitos bares da Avenida Luísa Todi e da zona ribeirinha que aderiram ao evento, abrindo as portas para prolongar a animação até de madrugada.

Artes dinamizam Livramento

O Mercado do Livramento é palco de pequenas atuações ao vivo no âmbito do projeto “Artes no Mercado”, todas as primeiras quartasfeiras e terceiras quintas-feiras dos meses. O programa, promovido pela Câmara Municipal, conta com atuações variadas, como concertos, leituras de poemas e encenações, dinamizadas durante o horário de funcionamento daquele espaço de comércio, a partir das 10h30, com a duração de uma hora.

Tradição entoada nos Paços

O átrio dos Paços do Concelho encheu-se de público para ouvir cantar as Janeiras, no início de janeiro, cumprindo a tradição de assinalar os votos de um bom ano novo ao Executivo municipal. O evento, brindado com moscatel de honra e bolo-rei, contou com as participações do grupo Toquivozes, da Sociedade Filarmónica Providência, e do Grupo Coral Alentejano Amigos do Independente, que entoaram várias músicas dedicadas a Setúbal.

Biblioteca nova a concurso A Câmara Municipal está a promover um concurso público de conceção para a elaboração do projeto da nova Biblioteca Municipal de Setúbal, a instalar no Largo José Afonso, processo desenvolvido em parceria com a Ordem dos Arquitetos – Secção Regional Sul. A intenção é construir de raiz um edifício, numa área bruta de 3200 metros quadrados, com um custo estimado de 3 milhões e 200 mil

euros, resultando numa “biblioteca aberta, moderna e convidativa” com capacidade de ampliação e adaptabilidade, que se traduza num “objeto arquitetónico notável de referência na cidade, mas em harmonia com a área, dotado de um comportamento energético exemplar”. O edifício, com um máximo de três pisos, deve apresentar uma “linguagem formal aliada a uma estética contemporânea”, constituindo-se como

um elemento estruturante na relação do centro histórico com a frente ribeirinha e um motor de reabilitação urbana do Largo José Afonso. O equipamento terá uma secção de adultos, com zonas de consulta de livros e jornais e de autoformação e salas de trabalho, de apoio a invisuais e de formação em tecnologias de informação, e uma secção infantil, que inclui, nomeadamente, área de animação e atelier de expressão.

APPACDM canta as Janeiras

Alunos, professores e técnicos da Escola de Ensino Especial da associação APPACDM de Setúbal cantaram as Janeiras à edil setubalense nas arcadas dos Paços do Concelho, no início de janeiro. Mais de trinta pessoas entoaram, num tema com letra própria, as boas-festas a Maria das Dores Meira, que agradeceu o gesto, acompanhando o refrão da música, numa ação em que esteve também presente a vereadora dos Recursos Humanos, Carla Guerreiro.


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Sem reservas O Fórum Municipal Luísa Todi não é um espetáculo. São vários. A programação da nova era da principal sala de espetáculos do concelho é eclética e apelativa. Tanta qualidade tem resultado sistematicamente em lotações esgotadas semana após semana

SINFONIA. A Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos deram as boas-vindas a 2013 com um concerto memorável a 5 de janeiro que não deixou nenhuma cadeira vaga da sala principal do Fórum Luísa Todi. Duas horas de espetáculo, em que se recordaram grandes compositores e obras dos períodos romântico e clássico, deixaram saudades no público que assistiu ao desempenho de 146 instrumentalistas e coralistas coordenados pela batuta do maestro Rui Pinheiro.

cultura

OVAÇÃO. As comemorações dos 260 anos do nascimento de Luísa Todi encerraram com 634 pessoas a aplaudir de pé, durante largos minutos. O dia 9 de janeiro terminou com a estreia de “Luísa Todi – O Musical”, espetáculo que, logo na abertura, esgotou o Fórum Municipal. O musical, que esteve em cena até 13 de janeiro, contou com o envolvimento de 52 atores, cantores, bailarinos e músicos, entre profissionais e amadores, das mais variadas instituições culturais e coletividades do concelho. A encenação dirigida por Miguel Assis deslumbrou ao contar a vida e obra de Luísa Aguiar Todi, a cantora lírica que deu a conhecer o nome de Setúbal durante o século XVIII nas principais salas de ópera e cortes do mundo.


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ÍNTIMO. O concerto acústico “Ao Piano” de Rita Guerra deu início, a 9 de março, ao ciclo “Concertos Íntimos” que leva, ainda, Jorge Palma, a 5 de abril, e a Ala dos Namorados, a 4 de maio, ao Fórum Luísa Todi. Na atuação em Setúbal, Rita Guerra recordou muitos dos êxitos dos 25 anos de carreira, assim como temas celebrizados por outros artistas e que marcaram a cantora.

INÉDITO. Em “Lar, Doce Lar”, Maria Rueff e Joaquim Monchique atuam juntos pela primeira vez num palco de teatro. A comédia, que reflete sobre a velhice, estava marcada para 9 de fevereiro e esgotou. A procura de bilhetes foi tanta que o Fórum promoveu um espetáculo extra no dia seguinte, a 10, e que também lotou a sala. “Lar, Doce Lar” será reposto novamente em Setúbal, com datas a anunciar em breve.

SILÊNCIO. Cantou-se o fado no Fórum Municipal Luísa Todi no dia 2 de fevereiro perante, mais uma vez, uma sala esgotada. Ao todo, 16 fadistas aceitaram o convite da Rádio Amália, para participar na Grande Noite do Fado, serão em que, além de nomes conhecidos do meio, foi dada primazia a cantores setubalenses.

ROMÂNTICO. Nelson e Sérgio Rosado, os “Anjos”, cantaram aos corações no Dia dos Namorados, a 14 de fevereiro. Na noite mais especial do ano dedicada ao amor, o Fórum Municipal encheu para ouvir “Anjos Acústico”, o mais recente trabalho, em que a dupla de irmãos revive os principais êxitos da carreira.

PARABÉNS. O Conservatório Regional de Setúbal deu início a 26 de janeiro, no Fórum, ao programa que promove ao longo do ano para comemorar o 25.º aniversário daquele estabelecimento de ensino musical. Cerca de 170 alunos, provenientes dos coros Juvenil e Infantil e de ensembles de todas as classes de instrumentos passaram pelo palco. Mais tarde, a 1 de março, os Paganinus, orquestra de violinos do Conservatório, celebraram em concerto, também no Fórum Municipal, os dez anos de atividade. Perto de 120 violinistas estiveram em simultâneo em palco e o público foi ainda surpreendido com um momento de atuação de pais dos alunos. Ambos os espetáculos tiveram sala esgotada.

LÍRICO. A soprano Teresa Cardoso de Menezes e o pianista João Lucena e Vale brincaram com as próprias profissões. O espetáculo “Clássicos Divertidos”, criado por Teresa Menezes, apresentado em Setúbal a 23 de fevereiro, é uma rábula musical aos exageros e maneirismos tão característicos das divas do canto lírico.


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Jogos oferecem competição e muito lazer Os Jogos do Sado estão de volta e já mexem com a cidade. São perto de trinta eventos desportivos, em mais de uma dezena e meia de modalidades, a dinamizar até outubro. Em terra e na água, há atividades para todas as idades, com provas de competição oficial e eventos abertos à participação popular, sem esquecer o público escolar

desporto

Os “11.os Jogos do Sado”, programa dinamizado pela Câmara Municipal, já começaram para levar as mais variadas modalidades desportivas à população, em eventos com momentos de convívio e lazer, de promoção da atividade física, mas também provas de elevada qualificação técnica e desportiva. Com perto de seis mil participantes em 2012, a edição deste ano mantém a aposta na dinâmica popular do projeto, concretizada em eventos e provas com maior peso lúdico e menos carga competitiva, num programa desportivamente mais acessível a todos os munícipes. Após a cerimónia oficial de abertura, a primeira atividade da edição deste ano do calendário desportivo decorreu em meados de fevereiro, com o Torneio Regional de Remo Indoor, dinamizado ao longo de todo o dia, no pavilhão do Clube Naval Setubalense. Para março foram programados o Festival de Andebol Infantil, dia 16, nos pavilhões Antoine Velge, João dos Santos, das Manteigadas e de Vendas de Azeitão, e o Passeio Popular de BTT, a 24, pelo Parque Natural da Arrábida. Para os próximos meses, os Jogos do Sado reservam mais eventos, sobretudo em abril e maio, período que concentra 16 atividades, incluindo algumas das novidades desportivas desta edição, como a introdução das discipli-

nas de pentatlo moderno, hóquei em patins e triatlo. O mês de abril começa com provas náuticas de vela, logo nos dias 6 e 7, com o I Troféu do Sado, enquanto a 13 há uma regata de veleiros. Já entre os dias 19 e 21 decorre a III Feira de Pesca Lúdica e Desportiva de Setúbal (ver caixa). Os Jogos do Sado prosseguem com um torneio escolar de boccia, a 24, no Pavilhão das Manteigadas, e um passeio pedestre escolar,

a 26, pelo Parque Natural da Arrábida. Um dia depois, a 27, realiza-se o Troféu Cidade de Setúbal, em nautimodelismo, no Parque Urbano de Albarquel, e um torneio de voleibol de praia, na Figueirinha. A finalizar o mês, a 28, há um peddy paper popular, a partir do Parque Urbano de Albarquel. Até outubro, mês de encerramento dos “11.os Jogos do Sado”, há ainda um conjunto variado de atividades desportivas, com destaque para o XIII Raid Bicasco, nos dias 25 e 26 de maio,

Pesca com prazer

A pesca lúdico-desportiva mostra-se no Parque Urbano de Albarquel, num certame a realizar entre 19 e 21 de abril, com exposição e venda de materiais, workshops e concursos, iniciativa integrada nos “11.os Jogos do Sado”. Espaço de interação e partilha de conhecimentos, a III Feira de Pesca Lúdica e Desportiva de Setúbal centra atenções, em terra, em stands de materiais e acessórios de pesca e em workshops temáticos. Na água, são feitos testes a alguns dos equipamentos por atletas federados, pescadores amadores e mesmo curiosos pela prática da pesca lúdico-desportiva, comprovando inovações e experimentando os mais recentes materiais apresentados pelas marcas da especialidade. A divulgação das potencialidades de Setúbal para a prática da pesca lúdico-desportiva é também feita no mar, com a realização de concursos de pesca embarcada e de costa.

Atividade gratuita de volta ao parque

APURAMENTO. A seleção portuguesa de ténis de mesa garantiu em Setúbal o apuramento direto para os quartos de final do Campeonato da Europa, após bater a congénere alemã por 3-1, competição realizada a 29 de janeiro, com mais de oito centenas de pessoas a assistir no Pavilhão das Manteigadas. João Monteiro, André Silva e Tiago Apolónia foram os atletas responsáveis pela derrota infligida à atual campeã europeia, alcançando o primeiro lugar da poule A de apuramento para o Europeu de 2013.

Depois de uma temporada nos ginásios, durante o período de inverno, com melhores condições de conforto para a atividade física, o programa de sessões gratuitas em torno do fitness está de volta ao exterior, ao Parque Urbano de Albarquel. Em abril, este espaço de lazer volta a acolher, sempre aos sábados, por volta das 10h00, as “Manhãs no Parque”, com atividade desportiva para todas as idades, sobretudo na área do fitness, mas também com aulas de cardiofitness e de fortalecimento muscular, danças, pilates e ciclying. Num cenário onde o Sado e a Arrábida convergem, setubalenses e visitantes, em família ou com amigos, são convidados a exercitar-se, num evento desportivo dinamizado no âmbito do programa “Ativo dos 0 aos 100”, organizado pela Autarquia com o apoio de ginásios da cidade. A promoção da prática desportiva para todas as idades e o estímulo da atividade física como fator promotor de saúde são os principais objetivos do “Ativo dos 0 aos 100”.

o Campeonato da Europa/Taça do Mundo de Biatle, a 20 e 21 de julho, a Regata de Banheiras e Insólitos, a 15 de setembro, e o III Setúbal Bike Tour, a 6 de outubro, prova que em 2012 juntou um milhar de participantes.

Popular e eclético Num ambiente de confraternização de atletas, dirigentes, clubes e associações participantes nos Jogos do Sado, organizados pela Autarquia, com o apoio da Águas do Sado, a iniciativa desportiva arrancou a 3 de fevereiro com a exibição de algumas das modalidades que integram o calendário de 2013. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, salientou a importância da dinamização deste evento desportivo para a região. “Esta é uma iniciativa que tem crescido com o apoio de todos e evoluído a cada edição”, sublinhou, reforçando que “os Jogos do Sado têm contribuído decisivamente para a afirmação do potencial desportivo de Setúbal”. A vertente eclética da iniciativa ficou ainda patente com demonstrações de dança, exibições gímnicas, patinagem artística e um momento musical que animou as centenas de pessoas que assistiram à cerimónia no Pavilhão das Manteigadas.

CAMPEÕES. João Martinho, na categoria de -73 Kg, e Patrícia Matias, -48 Kg, atletas do Vitória Futebol Clube, sagraram-se campeões nacionais de judo no escalão de cadetes, em competição realizada a 2 de fevereiro, no Multiusos de Odivelas. Já Ruben Correia, -60 Kg, e António Silva, -66 Kg, alcançaram terceiros lugares, conquistando medalhas de bronze. Com estes resultados, os quatro judocas sadinos garantem uma presença na seleção nacional e procuram um lugar em futuras competições, como os campeonatos da Europa e do Mundo e os Jogos Olímpicos da Juventude.


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Mercado social apoia carenciados O apoio solidário a famílias carenciadas do concelho é reforçado com o Mercado Social. Instalado no coração da Bela Vista, o equipamento da Autarquia, gerido por uma instituição particular, funciona como um entreposto logístico para tratamento e distribuição de bens. Apetrechado com salas e materiais de uso coletivo, está preparado para desempenhar, no futuro, funções e serviços de âmbito comunitário e armazenamento de bens não perecíveis, como vestuário, móveis e eletrodomésticos, provenientes de doações particulares, para posterior redistribuição a famílias carenciadas através das lojas sociais existentes em Setúbal. No primeiro piso, além da área de receção, foram criadas cinco salas polivalentes, aptas para assumir várias funções, nomeadamente para gabinetes técnicos, realização de iniciativas de formação, atendimento e desenvolvimento de trabalhos comunitários. Na área de armazém, no piso térreo, existe um espaço amplo para armazenamento de materiais, uma zona para cargas e descargas de bens e uma outra que funciona como copa e refeitório. Numa área anexa, também integrada no Mer-

cado Social, foi adaptado um espaço para acolher futuramente uma lavandaria comunitária e uma oficina vocacionada para a realização de pequenas reparações. A obra, uma componente do programa RUBE – Regeneração Urbana da Bela Vista e Zona Envolvente, representa um investimento global de 189 mil e 750 euros, comparticipado em 65 por cento através de fundos comunitários canalizados pelo PORLisboa – Programa

‘Nosso Bairro’ junta moradores O trabalho dinamizado ao longo de mais de um ano no âmbito do programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade” foi debatido num encontro entre moradores e o Executivo municipal, realizado a 15 de fevereiro, na Bela Vista. Mais de uma centena de pessoas, entre residentes, interlocutores eleitos e representantes de entidades, marcaram presença na reunião de balanço, que permitiu apresentar, em traços gerais, as ações mais significativas já desenvolvidas, com o apoio da Câmara Municipal, como ações de requalificação do edificado e iniciativas culturais e desportivas. No encontro, realizado no auditório do Centro Social Nossa Senhora da Paz, da Cáritas Diocesana de Setúbal, os intervenientes lançaram novas ideias a implementar no âmbito do “Nosso Bairro, Nossa Cidade”.

Mediadores auxiliam imigrantes A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, sublinhou a importância de uma participação ativa e permanente dos moradores na sugestão e concretização de ações em prol de uma melhor qualidade de vida. Na sessão foram apresentadas as linhas estratégicas do programa para este ano, algumas das atividades já agendadas, assim como os principais aspetos do programa que necessitam de ser reforçados e melhorados.

Interculturalidade debatida em Dublin As políticas e ações de inclusão social desenvolvidas em Setúbal foram apresentadas na Conferência da Rede das Cidades Interculturais, evento realizado no início de ­fevereiro, em Dublin, na Irlanda. Mais de 250 participantes de cerca de 60 países partilharam experiências e conhecimentos na conferência internacional, tendo Setúbal apresentado num workshop várias das ações que têm sido dinamizadas pela Câmara Municipal na área da interculturalidade. A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, salientou a importância “da participação social e cidadã das populações imigrantes e das minorias étnicas” nas políticas sociais de integração de imigrantes, motivo pelo qual existe o serviço muni-

Operacional Regional de Lisboa, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional. O Mercado Social funciona através de uma gestão partilhada entre a Câmara Municipal de Setúbal e várias instituições particulares de solidariedade social, numa ótica de reaproveitamento de recursos, gerida no âmbito de um contrato de comodato celebrado com a Associação Jardim de Infância “O Sonho”.

cipal do Gabinete do Imigrante e das Minorias Étnicas. A necessidade do envolvimento da própria população em ações que visem a melhoria das condições de vida e o incremento da coesão social foi apontada pela autarca, que apresentou o programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade”. “Acreditamos que só assim, só com a participação de todos os moradores e não apenas com ações institucionais, é possível transformar o espaço nos bairros”, defendeu. A autarca vincou que, “nunca como hoje, na história desses bairros, a intervenção municipal e das várias instituições que ali operam foi tão concertada. Nunca como hoje a participação dos moradores foi tão intensa. É este movimento popular que sustenta a melhoria da qualidade de vida”, garantiu.

Três agentes mediadores prestam apoio personalizado a cidadãos imigrantes através do projeto MISP – Mediação Intercultural em Serviços Públicos, a funcionar em Setúbal desde o final de 2012. O MISP é promovido pelo ACIDI – Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, pela Câmara Municipal de Setúbal e pela associação de imigrantes Edinstvo, sendo cofinanciado pelo Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros. Repartições de Finanças, Segurança Social, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Centro de Emprego e Centros de Saúde são alguns dos serviços públicos para os quais os três agentes mediadores do MISP de Setúbal têm sido mais solicitados. Os cidadãos devem deslocar-se ao gabinete do MISP, a funcionar no Centro Multicultural, na Rua das Piteiras, de forma a ser prestado apoio, nomeadamente na questão da língua, no local ou, caso seja necessário, numa deslocação a um serviço determinado. Focada para a comunidade, esta ajuda, aberta também a instituições, é facultada pelos agentes mediadores destacados pela associação Edinstvo, fluentes em línguas como russo, moldavo, romeno e crioulo. O projeto MISP de Setúbal tem ainda atendimento no Gabinete do Imigrante e Minorias Étnicas da Câmara Municipal, a funcionar na Rua de Damão, n.º 19 B.

inclusão

O Mercado Social, equipamento logístico com funções de tratamento, armazenamento e distribuição de bens não perecíveis, a funcionar na Bela Vista, materializa um importante contributo no apoio solidário a famílias carenciadas do concelho e no combate à exclusão. Espaço de utilidade imprescindível, o equipamento “é mais uma das respostas que a Autarquia, com os seus parceiros, dá no apoio aos mais carenciados e às instituições particulares de solidariedade social”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, na inauguração do Mercado Social, a 10 de janeiro. O equipamento, localizado na Rua da Figueira Grande, funciona como uma plataforma logística concelhia com funções de captação


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educação

Estudantes descobrem relação com o mar O conhecimento sobre a relação de Setúbal com a atividade marítima é aprofundado com o “Mar Pedagógico”, projeto de divulgação e promoção de várias ações para crianças e jovens em idade escolar. A iniciativa, promovida pela Câmara Municipal e pelo Fórum Empresarial da Economia do Mar, é desenvolvida localmente numa experiência-piloto a dinamizar com o Agrupamento Vertical de Escolas Cetóbriga e com a Fundação Escola Profissional de Setúbal. Na apresentação da iniciativa, realizada a 14 de janeiro, na Casa da Baía, foi lançado o repto a mais de três dezenas de empresas e entidades para uma participação ativa neste projeto, dinamizado em torno de quatro eixos orientadores nos quais são promovidas várias ações pedagógicas. O projeto, adaptado à realidade marítima da região, envolvendo, numa primeira fase, perto de 2500 alunos, inclui iniciativas como visitas guiadas a vários locais de interesse cultural, atividades desportivas náuticas, ações de sensibilização ambiental e a realização de vários trabalhos escolares. O “Mar Pedagógico” foi desenvolvido num projeto-piloto implementado em Peniche, através do Colégio Pedro Arrupe, no âmbito do componente “Visibilidade, Imagem e Cultura Marítimas” do Fórum Empresarial da Economia do Mar, associação criada em 2010 que reúne perto de oito dezenas de membros oriundos de vários setores da atividade marítima.

Arquivo ensina história local Pedaços da história da cidade e da identidade local são dados a conhecer às crianças no Arquivo Municipal de Setúbal. Na iniciativa, os participantes descobrem o património documental da Autarquia através de atividades lúdicas a pedagógicas, que incluem a dinamização de várias oficinas temáticas e visitas guiadas aos Paços do Concelho O vasto património documental da Autarquia é revelado às crianças numa atividade gratuita, dinamizada no Arquivo Municipal de Setúbal, nos Paços do Concelho, com o objetivo de sensibilizar os mais novos para a importância dos livros e dos documentos na construção da identidade e história locais. A iniciativa, dinamizada com grupos de alunos a frequentar o pré-escolar e o ensino básico em escolas do concelho, contempla a realização de um conjunto variado de ações lúdicas e pedagógicas, desenvolvidas em diferentes períodos do dia. As atividades, com visitas guiadas e ateliers temáticos, pretendem divulgar junto da comunidade educativa a importância do trabalho desenvolvido no Arquivo Municipal,

bem como algumas das técnicas utilizadas no processo de preservação e conservação de documentos. Uma das atividades programadas contempla a realização de visitas guiadas nas quais os participantes podem ficar a conhecer vários espaços dos Paços do Concelho, como as salas de Sessões e do Município, o Salão Nobre e o próprio Arquivo Municipal. A importância das chancelas na oficialização dos diversos documentos é demonstrada na “Oficina de Carimbos”, atelier prático em que as crianças podem dar largas à imaginação e personalizar o próprio carimbo a partir de uma imagem ou de um nome. A iniciativa, dinamizada no âmbito do projeto “AnimArq”, engloba ainda o atelier “Kit do

Arquivista”, no qual as crianças tomam contacto com os materiais usados pelos técnicos na conservação de documentos, atividade que inclui, igualmente, a construção de um tabuleiro de limpeza. Fonte de conhecimento de épocas passadas, a imagem também está em destaque nesta iniciativa lúdica e pedagógica, com a oficina “A fotografia como um documento”, que inclui o visionamento de uma apresentação de imagens antigas de Setúbal, preservadas através de vários suportes. Para participar na iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Setúbal, os interessados devem inscrever-se pelo endereço de correio eletrónico arquivo@mun-setubal.pt ou pelo telefone 265 541 500.

Crianças recebem materiais Os alunos da EB1 das Manteigadas tiveram no dia 18 de janeiro uma manhã especial ao receberem material escolar e um lanche, uma oferta da empresa Vibeiras no âmbito do projeto municipal “Uma Escola, Um Amigo”. Lápis, canetas, borrachas, cola e réguas foram alguns dos materiais que cada uma das 45 crianças dos 6 aos 12 anos daquele estabelecimento de ensino recebeu, oferta com um valor global de 500 euros. “Além de dar estas prendas, estamos a pensar mais algumas ações de melhoramento no espaço exterior da escola”, adiantou a representante da empresa de arquitetura paisagista,

Rita Cabral, deixando em aberto a possibilidade de instalação de um parque infantil. Porque quem recebe também gosta de dar, as crianças retribuíram o gesto com a oferta de um cartaz de agradecimento em nome de todos os alunos e saquinhos de chá cultivado numa pequena horta daquela escola. O projeto “Uma Escola, Um Amigo”, promovido pela Câmara Municipal desde 2003, consiste no apadrinhamento de estabelecimentos de ensino do concelho por empresas e individualidades, que dinamizam iniciativas em benefício da comunidade escolar.


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A ferramenta Scratch, divulgada a nível nacional pela Escola Superior de Educação, facilita a produção de conteúdos informáticos. Alunos da Escola Superior de Tecnologia iniciaram o desenvolvimento de uma aplicação para telefones inteligentes, associada a um jogo, que ajuda a poupar na conta da luz

Informática à medida da imaginação deste projeto, o qual pretende “desmistificar a programação e o poder do computador”, segundo Miguel Figueiredo, pois a ideia é ensinar o computador a fazer o que se deseja. Deste modo, têm surgido pais que adotam o Scratch para poder ajudar os filhos nos trabalhos escolares, acabando por se dedicar a projetos próprios. A plataforma apresenta­ ‑se igualmente como um desafio aos cidadãos seniores para se ocuparem criativamente, podendo, por exemplo, compilar álbuns de fotografias, fazer cartões de boas-festas e mesmo animar histórias ou contos.

Scratch lusófono

resolvê-las e saber comunicar e relacionar-se com os outros, salienta a investigadora.

Salto quântico Ao nível da aprendizagem, para quem utiliza a plataforma Scracth, tudo acontece mais rapidamente, destaca Teresa Marques, exemplificando que alunos do 1.º ciclo já conseguem compreender problemas matemáticos que vão além do seu nível de escolaridade, como o referencial cartesiano, matéria lecionada exclusivamente a partir do 7.º ano. Este salto quântico deve-se à atitude com que as crianças abordam o uso da ferramenta de ensino. “Entusiasmam-se e, com o aumento do engenho e da motivação própria, as coisas ganham forma”, regista a técnica de educação. São igualmente observados progressos em crianças com necessidades educativas especiais, que, de outro modo, não conseguiriam

aprender certas matérias, o que é atestado pelos relatos de educadoras que recorreram ao Scratch em ambiente de sala de aula. Alunos com deficiência mental, dislexia profunda e autismo saem igualmente beneficiados ao utilizarem esta ferramenta, que se apresenta, afinal, como uma linguagem, em português, onde encontram um modo de expressão ideal.

Todos a programar Os elementos que incentivam a criança a autodesafiar-se para poder ultrapassar desafios são transversais a todas as idades já que, em meio escolar, a aplicabilidade do Scratch vai do pré-escolar à universidade. A idade com que se deve começar a utilizar esta ferramenta é apontada como os 7 anos ou a entrada no 1.º ciclo, mas ela pode ser usada antes, desde que a criança seja bem orientada. Adultos e idosos também podem usufruir

Portugal foi o primeiro país do mundo a avançar nesta parceria com o MIT no uso da ferramenta desenvolvida desde os anos 80, numa altura em que usava a denominação LOGO, sendo apenas divulgado publicamente em maio de 2007. Teresa Marques e Miguel Figueiredo têm como missão dar formação a educadores para a utilização corrente do Scratch em ambiente escolar, além de constituírem, tanto em Portugal como em países de expressão portuguesa, com destaque para o Brasil, a equipa de suporte. O trabalho desenvolvido, desde 2009, consiste igualmente na tradução dos manuais para português e na compilação e criação de recursos variados, que têm servido como base para os projetos que estão a ser desenvolvidos nos países lusófonos. A aplicação, resultante de uma parceria entre o MIT e a PT Inovação, pode ser descarregada gratuitamente no portal Sapo Scratch, onde, mediante registo, se pode aceder à programação de projetos já realizados, podendo-se alterar os mesmos e republicar com menção de que é baseado num trabalho anterior, assim como publicar trabalhos inteiramente novos.

Energia vencedora Uma aplicação para telefones inteligentes, no sistema operativo Android, promete ajudar a reduzir a conta da luz, projeto que disponibiliza ainda um jogo que consciencializa para hábitos corretos de consumo energético. Num trabalho de fim de curso de engenharia informática da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal (EST/IPS), os alunos André da Silva e Catarina Santos tiveram como desafio a construção de um protótipo para uma aplicação móvel e uma página de internet de suporte que informa em tempo real os consumos domésticos de energia através de sensores em tomadas ou no contador. Com esta potencialidade, foi igualmente possível, através de programação, a construção de um jogo em dois modos possíveis, o de combate, entre dois utilizadores registados, e o de torneio, num grupo de até dez jogadores. Com a vertente competitiva em evidência, é gerada uma pressão social que acaba na consciencialização dos consumidores, que, deste modo, reforçam a atitude de poupança de eletricidade.

Outras vantagens apontadas pelos alunos, ao nível da monitorização caseira dos gastos elétricos, é a possibilidade de receber no telemóvel uma notificação enviada pelo programa a relatar consumos elétricos não habituais. Tal informação, indica Catarina Santos, “pode servir como um alerta a alguém que se esqueceu de desligar um aparelho, por exemplo, um ferro de passar roupa, e deste modo evitar-se uma situação de maior perigo, como um incêndio.” A aplicação, de acordo com o coordenador e mentor do projeto, Rui Neves ­Madeira, docente de informática na EST/IPS, encontra-se atualmente em fase de correção de falhas, devendo estar disponível ao público no final do ­verão. O projeto é conhecido por LEY, de Less energy Empowers You, tendo sido desenvolvido no âmbito do projeto de investigação DEAP – Developing Environmental Awareness with Persuasive systems, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

academia

Uma ferramenta educativa inovadora que faz a programação informática parecer uma brincadeira pela facilidade com que se manuseia, o Scratch, proveniente do principal centro de tecnologia mundial, o norte-americano MIT – Massachusetts Institute of Tecnhology, está a ser divulgada a nível nacional pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal (ESE/IPS). Teresa Marques e Miguel Figueiredo, professores e investigadores, respetivamente nas áreas da educação e da informática, integram a primeira linha do projeto EduScratch, uma parceria entre a Direção-Geral da Educação, o portal Sapo Kids e o Centro de Competências TIC da ESE/IPS, que visa a criação e desenvolvimento de uma comunidade de educadores em torno da utilização do Scratch em ambiente escolar. Com a mesma facilidade com que os DJ remasterizam temas de outros e lhes dão nova expressão, com a ferramenta Scratch – que deve o nome à técnica de manusear o vinil –, é possível pegar em ideias já existentes e trabalhá-las. Mas, essencialmente, o que se pretende é “produzir tudo o que se imagina”, destaca Teresa Marques. Exemplos do que pode ser feito situam-se ao nível dos jogos, das apresentações de trabalhos e das animações. O Scratch, com o slogan “imagina, programa, partilha”, foi concebido e desenvolvido como “resposta ao crescente distanciamento entre a evolução tecnológica no mundo e a fluência tecnológica dos cidadãos”, frisa Teresa Marques. Serve para contrariar o conceito “click and play”, em que o consumidor utiliza apenas aquilo que já está feito, para o cidadão se ir tornando num construtor de conteúdos informáticos. Com este passo, são desenvolvidas competências com os conteúdos que são produzidos e, em contexto educativo, há ganhos transversais, como saber colocar questões e


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retratos

Há ofícios que ainda nos surpreendem quando passeamos pela Baixa da cidade. É o caso da Gráfica Santa Maria, que poderia ser mais uma não fosse a arte de composição manual, com letras de chumbo, em plena era digital

Arte de outra galáxia Em cada gaveta abre-se um abecedário. Cada um com muitos “a”, “s” e acentos, num tipo e tamanho de letra só. No total, são 48 os “abc” feitos de chumbo que formam cada palavra pretendida pelo cliente da Gráfica Santa Maria, tipografia a funcionar na Rua Pereira Cão. O puzzle, para produzir livros de faturas e recibos, guias de remessas e de transporte, envelopes ou cartões de visita, é montado por Júlio Trindade, que compõe os escritos retirando da gaveta as vogais, as consoantes e os números para o componedor, formando na galé o texto pretendido. “Tem de estar tudo alinhadinho”, salienta o tipógrafo de 69 anos, que ainda faz “como antigamente”, como inventou Gutenberg. Embora a gráfica produza materiais em digital e offset, Júlio Trindade continua a fazer todo um trabalho de composição tal como aprendeu, há 55 anos, no jornal “O Setubalense”. “Era assim que trabalhávamos a composição do cheio”, salienta, explican-

do a importância do alinhamento numa publicação, mostrando um recorte de jornal com um “cheio bonito”. “Isto é uma arte”, ressalta. É que há ainda que espaçar as palavras, meticulosamente, com outras chapas de chumbo. Já a offset “faz tudo”, conta, “imprime, picota e numera”. Ao contrário da máquina de escrever, com o seu martelar de teclas inconfundível, o computador veio facilitar, e muito, a vida aos utilizadores quer domésticos quer profissionais. Para se escrever um texto, basta selecionarmos o espaçamento entre linhas, o tamanho e o tipo de letra pretendidos, gravar numa pen ou enviar através da internet para produção gráfica. Todas estas facilidades, mesmo a da máquina de escrever, estavam longe nos tempos de aprendizagem da profissão de Júlio, em 1958. Os textos entregues eram escritos à mão e distribuídos pelos vários tipógrafos. O tipógrafo, que depois do trisse-

manário local trabalhou noutras gráficas, confessa que o “mais chato” na composição é manusear as letras “miudinhas”, como as dos folhetos informativos dos medicamentos. Esta técnica é ainda frequentemente utilizada quando o “cliente está mais aflito”. Um livro de recibos em três folhas, por exemplo, desde a composição ao acabamento, demora cerca de hora e meia a ser produzido.

Folha tripla É na última fase de produção, a do acabamento, que o livro ganha forma tal como numa linha de montagem. Ao fundo da oficina, Sérgio Silva, o membro mais recente da equipa da Gráfica Santa Maria, está entre resmas de folhas de papel, pronto para finalizar mais um trabalho que exige concentração. Em três minutos, consegue, por exemplo, montar um livro com 150 páginas. Na verdade são 50 folhas

brancas numeradas, correspondendo às originais, que deve intercalar com 50 folhas amarelas e outra meia centena cor-de-rosa fazendo coincidir a numeração a cada conjunto das três cores. Por mais atenção que tenha, os enganos acontecem. Como “já não se usa papel químico”, a ordem das vias, que contêm químico, tem de ser respeitada – original, duplicado e triplicado. Ao escrever-se na folha que corresponde ao original, esta deve passar para o duplicado, que por sua vez transfere para a outra cópia. No entanto, se houver uma troca no intercalar das folhas, por exemplo, e o triplicado ficar em segundo já não passa para a última folha. Montado o livro, passa-se para o acabamento, nada mais, nada menos do que agrafar e colocar a capa.

De pai para filho O gosto de Júlio Trindade pelo ofício foi passado para o filho João, de

43 anos, com quem fundou a Gráfica Santa Maria, na Rua Pereira Cão, em 1987. Há 12 anos, juntou-se o cunhado de João, Sérgio Silva. Já foram seis a trabalhar na oficina, agora, com apenas metade, acaba por ser uma empresa da família que, ao longo dos tempos, se foi modernizando. Mas duas relíquias alemãs, ainda operacionais, suscitam muita curiosidade sobretudo nos turistas estrangeiros que por ali passam. São duas offset Heildelberg, uma da década de 50 e outra de 60, que dão um encanto à oficina de artes gráficas, como Júlio Trindade diz que “chamam agora a uma tipografia”. E dá outro exemplo das mutações lexicais ao longo dos anos: “Antes, dizíamos programas, agora, flyers.” Ou folhetos. A Gráfica Santa Maria é ainda local de visita de estudo de alunos que frequentam a área da comunicação, que aproveitam para ver ao vivo como começou a história da imprensa.


Grande malha Jogada por cabelos brancos, a malha corrida até é de tenra idade. Invenção sadina, ganhou corpo – e campo – no Clube da Malha Corrida da Azeda. Mas o melhor nem é jogar. É simplesmente estar lá e brindar à vida com os amigos O tilintar do deslize do aço da malha pela pista de 18 metros de comprimento faz muito mais do que tombar pinos. O jogo da malha corrida derruba distâncias e é, principalmente, um pretexto para o convívio. Filinto Ruas, presidente do Clube da Malha Corrida da Azeda durante seis anos, sabe isso mesmo. “O convívio é essencial. Quando a malta se junta, há sempre almoços e lanches.” Este é o verdadeiro desígnio da malha corrida, desporto em que um bom menu gastronómico com certeza faria parte das regras oficiais, caso estas estivessem escritas nalgum lado. Coisa que não acontece. Todos os jogadores sabem as normas de cor. Existem alguns clubes de malha corrida, mas foi no da Azeda onde tudo começou, em 2000, sendo o único dedicado em exclusivo à modalidade. Praticado, essencialmente, pelos mais antigos, pois “no clube estão todos na casa dos ‘entas’ para cima”, a malha corrida não é propriamente uma tradição ancestral. Na verdade, tal como o clube, foi criada na altura da viragem para este milénio, inspirada em jogos tradicionais do Baixo Alentejo. O senhor António esteve na origem do jogo e lembra-se que, na época, foi “um senhor de mais idade, chamado Figueira, que desafiou o grupo a fazer um campo para a malha corrida”. Pouco depois surgiria, com a ajuda da Câmara Municipal de Setúbal, o atual Campo das Rosas, mesmo ao lado do rinque polidesportivo da Azeda e paredes-meias com a Avenida Antero de Quental.

A força da técnica Jogar à malha corrida requer perícia e técnica. Numa pista com 18 metros de comprimento e 35 centímetros de largura, duas equipas de quatro jogadores lançam, à vez, discos de aço a partir de uma das extremidades. A malha deve percorrer o “carreiro”, onde, no final, está um pino à espera de ser derrubado. Esse feito dá direito a dois pontos e o alvo é ­reposto no sítio. Após os oito lançamentos de cada turno, são atribuídos cinco pontos aos jogadores cujas

malhas ficam em cima da zona final da pista,­ uma área com cerca de 40 centímetros de comprimento e onde o pino é colocado ao centro.­ Tal precisão foge ao alcance de muitos braços. “Estou aqui [no clube] há uma mão-cheia de anos e não sei lançar o raio da malha”, confirma o sorridente Filinto Ruas. As partidas são disputadas à melhor de 15. Oito turnos com êxito dão a vitória final.

Clube unido é vencido Cerca de duas centenas de sócios preenchem as fileiras do Clube da Malha Corrida da Azeda, contribuindo, cada um, com quota mensal de um euro.

Os elementos mais ativos fazem com que não falte óleo queimado de motor para colocar na pista, onde, por cima do unto, se polvilha com areia da Costa de Caparica, “a melhor, pois é mais fina”, para que as malhas deslizem em perfeitas condições. Os projéteis do clube da Azeda são feitos por uma única pessoa, árdua tarefa agora a cargo de José Francisco, filho do senhor António. As malhas “oficiais” são discos com dez centímetros de diâmetro e 600 gramas de peso, achatados de um lado e parabólicos do outro, em que as semelhanças a um OVNI serão pura coincidência. O aço de que são feitas, explica José Francisco, “pode ser de carris de caminhos de ferro ou lâminas de corte da Portucel”, o que é “coisa difícil de arranjar”. Reunida a matéria-prima, corta-se e molda­‑se com uma retificadora, para depois polir com lixa de água. “É trabalho para um dia inteiro.” Com tudo pronto para a competição, respeita­ ‑se um calendário próprio. Além de torneios isolados ao longo do ano, que fogem ao inverno, realiza-se entre a primavera e o verão o Campeonato Nacional, nome com alguns toques hiperbólicos, mas, ainda assim, fiel na descrição da prova: das cinco equipas envolvidas, quatro são de Setúbal e, a restante, do Pinhal Novo. Mais houvesse, mais participariam. A pista oficial do troféu é o Campo das Rosas e cada jornada chega a juntar para lá de quarenta pessoas naquele simpático espaço de comunhão e festa. Justiça seja feita, Filinto, António e José são os primeiros a reconhecer que os melhores moram no Pinhal Novo. “Não é que a gente não ganhe. Também não damos a taça de mão beijada. Mas há lá gente muito boa. Num dia normal, ganham eles”, elogia o senhor António, sem deixar de morder os lábios. Só que as rivalidades geradas pela ambição dos pontos são rapidamente ultrapassadas à mesa, por sinal montada mesmo ao lado da pista. “Só se joga de manhã. De tarde nada!”, garante ­Filinto Ruas, rindo-se ao perceber que, mesmo que quisessem, dos repastos resultaria apenas o descarrilamento, em vários graus, da tão necessária pontaria.

iniciativa

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rosto Número 1

O senhor António é o sócio número 1 do Clube da Malha Corrida da Azeda. Estava no grupo de amigos que colaram as memórias de infância e deram origem à nova modalidade. “Lembro-me em miúdo de ver em Grândola, onde nasci, os homens jogando ao lado da taberna a uma coisa parecida. Tinham uma pista, como a nossa, mas abaulada. Os discos não saíam do carreiro”, recorda. António ainda se ri quando foi legalizar o clube a Lisboa. “Não queriam deixar. A menina dizia que já havia o registo de um campo da Azeda. Demorou até lhe conseguir explicar que não era futebol. Era outra coisa. Um jogo diferente. Quando a moça percebeu, abriu os olhos e soltou um ‘aaah!’. Bom, lá safei o registo.” A genica septuagenária faz do senhor António, taticamente, um jogador de derrube do pino, ao invés de jogar no fim dos turnos para deixar a malha na zona que amealha os cinco pontos. Mas, acima de tudo, a malha corrida é apenas um pretexto. “Ocupávamos o tempo onde? Nas tabernas? Para depois fazermos ‘avarias’? Assim, a gente convive e diverte-se ao redor da malha”, atira.


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História

Homens de palmo e meio

O Orfanato Municipal de Setúbal foi uma casa para muitos, uma escola para outros e, acima de tudo, uma família para todos. Durante cinco décadas a instituição fez de trezentos meninos pobres e órfãos homens de família, de trabalho e de gratidão

António dos Santos foi o 268.º rapaz a dar entrada, aos 7 anos, em 1948, no Orfanato Municipal de Setúbal, de onde saiu, aos 20, com o ofício de tipógrafo, homem de trabalho e responsável. Como ele passaram muitos outros, mais de três centenas de meninos desamparados, órfãos de pai e mãe, pela casa de acolhimento criada pela Câmara Municipal, a 18 de maio de 1919, a única família que muitos conheceram apenas até um dia lá entrarem e se juntarem aos “irmãos”. A ligação continua tão forte que, ainda hoje, as portas das instalações do agora Centro de Convívio dos ExAlunos do Orfanato Municipal de Setúbal se mantêm abertas a todas as recordações. Cinco gerações de rapazes foram ali criadas até à extinção do orfanato, na década de 60, que funcionou em todo o edifício ocupado pela Casa da Baía – o mesmo local que, até 1834, serviu de residência para religiosas – e pelo espaço do atual centromuseu. “Besugo” ou “30”, “Osguinha” ou “43”, “Mijão” ou “69”, todos tinham nome próprio, mas era assim que se apelidavam, uns aos outros, quer tivessem 7 ou 17 anos, dentro ou fora das camaratas. A máxima do Orfanato Municipal de Setúbal, que também foi Orfanato

Municipal Presidente Sidónio Pais, “primeiro, o rapaz, depois, a casa”, revela como a instituição, ao contrário de outras na época, zelava pela educação e formação das crianças e dos jovens. O regulamento da instituição ditava que se destinava “a recolher, educar e instruir menores do sexo masculino, indigentes ou desvalidos, e torná-los úteis para, segundo as tendências e aptidões, poderem angariar os meios de subsistência”. Pretendia-se, sobretudo, formar “criaturas honestas”, trabalhadoras, disciplinadas, cumpridoras dos seus deveres e conhecedoras dos seus direitos cívicos, bem como desenvolver faculdades físicas, “tornando o indivíduo robusto, destro, resoluto e senhor de si mesmo”.

Quatro ofícios Educação física e instrução moral, intelectual e profissional eram as valências do orfanato. “O sistema não era nada mau e quem quisesse estudar estudava”, recorda António dos Santos, o “69”, lembrando as responsabilidades que cada um tinha, embora houvesse pessoal para tratar da casa. Tipografia, encadernação, sapataria e carpintaria eram os quatro ofícios ensinados no orfanato. Depois de

completarem a instrução primária, os rapazes podiam optar pelo ofício ou por um outro curso, como o de secretariado, na antiga Escola Comercial e Industrial de Setúbal, continuando a viver no orfanato até terem pelo menos 18 anos. “Tivemos muita sorte em existir o orfanato, que era um orgulho da cidade”, afirma António dos Santos que, depois da tropa, saiu da instituição onde esteve 11 anos, para trabalhar numa tipografia, “com salário para alugar quarto e para roupa lavada”. Naquela época, “havia sempre trabalho”. Para o “Mijão”, alcunha recebida por urinar na cama durante os primeiros anos, as portas do Orfanato Municipal abriram-se não só para encontrar uma grande família como para exercer a profissão nas artes

gráficas, chegando a sócio fundador da empresa Corlito, onde trabalhou 35 anos, numa época, décadas de 50 e 60, em que o trabalho de tipógrafo estava em ascensão.

Menino(s) diferente(s) António dos Santos tem contado em livros, já com quatro números publicados, as memórias do Orfanato Municipal. As suas e as dos companheiros. Todos chegavam ali pela mesma razão, pobres e órfãos. Uns porque tinham perdido o pai no mar, outros por pai incógnito. Os primeiros anos de vida de António foram, no entanto, muito peculiares. Abandonado pela mãe no Asilo Dr. Paula Borba, que acolhia bebés durante o dia para que as progenitoras pudessem trabalhar, com

pouco mais de ano, António acabou por entrar no Asilo da Infância Desvalida. Os seis anos que ali permaneceu, até ao Orfanato Municipal, diz terem sido “os melhores” da sua vida, sentindo-se como um “príncipe” entre as 60 raparigas, com idades até aos 18 anos. Saiu do “paraíso” cheio de aprumo para entrar num mundo só de rapazes que o olhavam “de alto a baixo”. De início estranhou tudo nos camaradas. O cabelo muito cortado, as roupas sujas, os pés descalços, as caras tristes. As alcunhas e os números. Depressa se tornou no “Mijão” e no “69” e se habituou à disciplina, ao fardamento de domingo, à marcha de saída, aos horários das oficinas, à vigilância do “Prefeito”, funcionário sob a alçada da Câmara Municipal.


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Rua

República aristocrática

Ali, como internado, ficou a conhecer a realidade de muitas famílias. A da pobreza extrema. E a dos próprios camaradas. A dos poucos, muito poucos, rapazes que ao domingo à tarde recebiam a visita de familiares.

Museu de recordações As estórias são muitas – as do “Zarolho”, do “Tinteiro”, do “Quitolas”, do “Lambuças” ou do “Cacetete” – e relembradas todos os anos, no domingo mais próximo do 18 de maio. “O orfanato acabou em 1966, mas ficou quase uma irmandade”, salienta o “69”. Os “irmãos” ainda vivos fazem todos os anos uma romagem aos cemitérios da Piedade e da Paz depositando flores nas sepulturas de diretores,

mestres de oficinas, funcionários e, claro, ex-alunos. A homenagem, em jeito de gratidão pelos ensinamentos e companheirismo para a vida, é, no entanto, um momento de alegria e um encontro da grande família, em que são recordadas velhas estórias, lembrados episódios, muitos contados ainda na primeira pessoa, de peripécias de rapazolas que desde cedo aprenderam a ser homens. Todas as memórias, além de se perpetuarem no tempo através dos livros da autoria de António dos Santos, hoje com 72 anos, estão ali, bem vivas, nas instalações do Centro de Convívio dos Ex-Alunos do Orfanato Municipal de Setúbal, no número 11 da Rua João Soveral. Um verdadeiro museu, aberto em 1975, a funcionar no espaço de algumas antigas oficinas e da sala de música, onde são mostradas peças, máquinas e ferramentas dos ofícios. A Sala dos Quatro Ofícios – carpintaria, tipografia, sapataria e encadernação – representa a aprendizagem dos cerca de 300 meninos que por ali passaram ao longo de cinco décadas. As carteiras da instrução primária, os livros de estudo, fotografias de alunos, diretores e professores, certidões de aproveitamento escolar, composições e ditados, tudo permanece ali, no centro-museu do antigo Orfanato Municipal.

tendo a família mudado, seis meses depois, para uma outra habitação, na mesma rua, no número 140, perto da Misericórdia de Azeitão.

Político da terra José Augusto Coelho é um dos nomes da história da República em Setúbal, tendo integrado a primeira Comissão Administrativa do concelho após 1910. Nascido a 17 de fevereiro de 1865, em Vila Nogueira, filho do conceituado azeitonense António Coelho, José Augusto faleceu a 25 de abril de 1919. Nesse mesmo ano, a Rua Direita passou a denominar-se Rua José Augusto Coelho, em tributo ao filho da terra, que foi vinicultor, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão, vereador e, depois, membro do Senado Municipal. Enquanto político, fez ainda parte das listas do Partido Evolucionista, pelas quais foi eleito, embora não fosse filiado. José Augusto Coelho surpreendeu ainda pelo gosto na área musical, tendo participado em várias atuações. Foi ainda fundador da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, em atividade desde 23 de abril de 1882, e dirigiu e regeu o efémero Grupo de Bandolinistas 17 de Fevereiro.

ontem A antiga Rua dos Ourives, nos anos 30, vivia já o movimento próprio de uma urbe dotada de Baixa comercial, como atesta a foto de Américo Ribeiro, em que é possível encontrar diferenças visíveis com a atualidade, como a existência de passeios porque havia que dar passagem aos automóveis. A agora Rua Dr. Paula Borba, na imagem de Mário Peneque, não difere no edificado mas o piso é todo dos peões, que circulam livremente sobre a calçada portuguesa.

hoje

memória

Por mais anos que passem, a antiga Rua Direita, atual Rua José Augusto Coelho, via principal de Vila Nogueira de Azeitão, continua a ser o centro do desenvolvimento daquele aglomerado populacional. Ao longo dos seus 1500 metros, outrora de passagem obrigatória entre Setúbal e Sesimbra, a Rua José Augusto Coelho reúne aspetos curiosos de uma vila com características aristocráticas. O palácio dos Duques de Aveiro, na Praça da República, antes do início da artéria principal da vila, como quem vem da EN 10, no sentido Setúbal-Azeitão, é prova da importância da localidade na sociedade portuguesa do século XVI ao XVIII, que foi sede de concelho, como testemunha o pelourinho setecentista. Além de todo o comércio, sobretudo o de artesanato e o de produtos gastronómicos e vinícolas, como as tortas de Azeitão, nas afamadas pastelarias, e os vinhos das Caves José Maria da Fonseca, a Rua José Augusto Coelho destaca-se pelas habitações revestidas por azulejos e janelas ornamentadas com um floral colorido. Com todo o seu valor histórico e patrimonial, artístico e arquitetónico, como a Igreja de São Lourenço e a Fonte dos Pasmados, Vila Nogueira ganhou também um grandioso poeta. Sebastião da Gama nasceu no número 88 da Rua José Augusto Coelho, a 10 de abril de 1924,


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Celebração da Liberdade

Os 39 anos da Revolução dos Cravos são assinalados em Setúbal com um programa cultural que inclui cinema, música, exposições e desporto. Na noite de dia 24 e na tarde de 25, há concertos. A festa decorre em todo o concelho com momentos que perpetuam os valores de Abril

Amour, amour... A cinematografia belga é homenageada na 29.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Setúbal, que decorre entre 7 e 16 de junho, no Fórum Municipal Luísa Todi. Além do cinema que se faz pelas terras do melhor chocolate e do Tintin, o Festroia dedica um ciclo especial ao amor. Como acontece em cada edição do Festroia, estão em competição na Secção Oficial obras cinematográficas provenientes de países cuja produção não exceda, anualmente, trinta filmes. Premiados são também os filmes que competem em “Primeiras Obras” e “O Homem e a Natureza”, sendo ainda atribuído o Prémio Mário Ventura, galardão em homenagem ao fundador do festival. Em 2012, o Festival Internacional de Cinema de Setúbal, de regresso ao Fórum Luísa Todi, encheu-se de glamour para homenagear estrelas nacionais e estrangeiras, como a atriz portuguesa Alexandra Lencastre e o ator croata Rade Ser­bedzija, ambos galardoados com o Golfinho de Ouro de ­Carreira.

plano seguinte

Um espetáculo na noite de 24, no Largo da Misericórdia, anuncia a chegada do Dia da Liberdade. O evento, de entrada gratuita, começa às 21h30 com um concerto pela Banda do Andarilho. Depois da projeção de um vídeo alusivo à efeméride e dos discursos oficiais, a música volta, às 22h30, desta vez com o grupo Navegante. À distribuição de cravos, segue-se uma arruada pelas ruas da Baixa pela orquestra de percussão Bardoada até junto do coreto da Avenida Luísa Todi, local onde, à meia-noite, decorre um espetáculo pirotécnico. No dia 25, há um conjunto de atividades na Praça de Bocage e nos Paços do

Concelho, com hastear da bandeira, às 09h00, e, meia hora depois, uma sessão solene da Assembleia Municipal. Depois de um momento de animação infantil junto dos Paços do Concelho, às 10h30, realiza-se, às 11h30, na Avenida Luísa Todi, uma cerimónia evocativa com deposição de flores no Monumento à Resistência organizada pela Autarquia em conjunto com a União de Resistentes Antifascistas Portugueses. Ao meio-dia é inaugurada a primeira fase do projeto museológico urbano da Bela Vista, intitulado “O Museu está na Rua”, ação do Programa RUBE – Regeneração Urbana da Bela Vista e Zona Envolvente.

Após a visita à exposição museológica, segue-se, a partir das 13h00, a habitual deslocação do Executivo municipal às freguesias do concelho, as quais dinamizam atividades próprias ao longo de todo o mês. O programa central das comemorações do 25 de Abril encerra com um concerto no Fórum Municipal Luísa Todi, às 18h00, a cargo da Associação José Afonso. A celebração dos 39 anos da Revolução dos Cravos engloba ainda um conjunto de iniciativas variadas, organizadas em parceria com o movimento associativo, em espaços públicos e equipamentos municipais.

Setúbal continua mais bonita A terceira edição do projeto municipal Setúbal Mais Bonita, de participação de voluntários em ações de requalificação no concelho, realiza-se entre os dias 3 e 5 de maio. A iniciativa, desenvolvida no âmbito da política de participação cidadã da Câmara Municipal de Setúbal, contou com o contributo de cerca de duas mil pessoas em 2012, fasquia que, tendo em conta o grau de envolvimento nas edições já realizadas, deve ser ultrapassada este ano. As centenas de ações de beneficiação de património edificado, de mobiliário urbano e de zonas verdes, entre outras, são realizadas de acordo com propostas feitas por grupos de voluntários, ­associações, coletividades, empresas, instituições, da própria Câmara Municipal e de juntas de freguesia. As pessoas que pretendam participar devem ­inscrever-se até 19 de abril no endereço setubalmaisbonita@mun-setubal.pt, no número telefónico 910 008 581, nas juntas de freguesia, em www.mun-setubal.pt ou na página do Facebook do projeto.

Festival comunica pela música

O Festival de Música de Setúbal volta a juntar a população ao redor da arte e da criatividade, num harmonioso cruzamento com espetáculos dinamizados por artistas de renome e ­ilustres desconhecidos que utilizam a mesma linguagem universal. A comunicação é o tema transversal aos momentos musicais proporcionados na terceira edição do evento, a realizar entre 16 e 19 de maio, mas que perdura na comunidade ao longo do ano, em vários equipamentos municipais e espaços públicos. O programa organizado pela fundação britânica The Helen Hamlyn Trust e pela Câmara Municipal inclui, a 16, às 21h00, o concerto “Contos de Fadas, Casas Assombradas, Princesas Encantadas – E um Elefante!”, do pianista Artur Pizarro, no Fórum Municipal Luísa Todi. No dia seguinte, no mesmo local, às 21h30, “Tocando Ritmos e Trocando Canções” é possível juntar a londrina Grand Union Orchestra aos setubalenses Conservatório Regional de Setúbal, Academia de Belas-Artes Luísa Todi e BelaBatuke. A 18, à mesma hora, também no Luísa Todi, a Orquestra de Câmara Portuguesa, dirigida pelo maestro Pedro Carneiro, apresenta “Bomtempo & Beethoven”, enquanto no último dia, às 18h00, na Igreja de S. Sebastião, o coro Voces Caelestes dá voz a “Rosa Immaculata – Cenas da Vida da Virgem”. Os quatro dias do Festival de Música de Setúbal contam ainda com uma série de concertos e eventos, dinamizados por vários artistas e agrupamentos musicais, em diversos locais do concelho.


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