SETÚBAL JORNAL MUNICIPAL.março 2015.ano 15.n.º55
pág. 6
Largo renova imagem
Arte invade forte
Obra reativa edifício com núcleo museológico, polo de atividades culturais e sala de visitas págs. 4 a 7
Jogos do Sado com edição recorde em 2015
pág. 17
RUMOS Atriz em a ric nova rub al n do jor
Melodia familiar Casa do Gaiato ajuda rapazes a crescer com autonomia
págs. 14 e 15
Joana sorri para a vida pág. 23
Setúbal na moda Turismo cresce mais do que em toda a região de Lisboa
pág. 11
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SETÚBAL ano 15.n.º55 IPAL.março 2015. JORNAL MUNIC
sumário
Rotundas renovam visual pág. 7
Arte invade forte
Obra reativa cleo edifício com nú lo museológico, polturais de atividades cu e sala de visitas págs. 4 a 7
pág. 17
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Joana sorri para a vida
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pág. 23
Setúbal na moda
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págs. 14 e 15
Turismo cresce mais do que em toda a região de Lisboa
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4 PRIMEIRO PLANO O papel de defesa de Setúbal e os tempos de quartel militar dão lugar a um projeto que tem na cultura o alvo principal. O Forte de Albarquel vai ser reconvertido. 6 LOCAL O Largo da Misericórdia foi modernizado para servir um modelo de requalificação da malha urbana. A cidade também se prepara para embelezar as suas rotundas. 10 AMBIENTE A melhoria da imagem é uma preocupação transversal a todas as áreas de intervenção. O ambiente vive dias de atividade intensa, com investimento em contentores higiénicos. 11 TURISMO O crescimento exponencial no número de visitantes e de dormidas não deixam dúvidas de que Setúbal está na moda. A estratégia turística passa também pela promoção no estrangeiro. 12 FREGUESIA Azeitão recuperou o adro da Igreja de S. Lourenço, enquanto o Sado fez passeios na Estrada da Morgada. A freguesia da Gâmbia previne inundações no Bairro da Bonita, Pontes. 13 ECONOMIA Um conjunto de protocolos apoia o desenvolvimento do negócio de pequenas e médias empresas. O Mercado do Livramento ganha outras valências, como polo de debate público. 14 PLANO CENTRAL A Casa do Gaiato ajuda a transformar rapazes em homens, com a preocupação do respeito pelo crescimento e a procura da autonomia. Vivem lá 55 crianças, jovens e adultos. 16 CIDADANIA Uma caminhada pela igualdade de género foi uma das iniciativas do Dia Internacional da Mulher. Os bairros da zona da Bela Vista aprofundam o espírito comunitário. 17 DESPORTO Mais de quarenta eventos compõem esta edição dos Jogos do Sado, a maior de sempre. Uma terra com tanta atividade só podia candidatar-se a Cidade Europeia do Desporto. 18 CULTURA O novo Ensemble Juvenil de Setúbal, assente na união de diferenças, já se apresentou ao público. Este tem aproveitado a oferta de espaços como o Fórum Luísa Todi e a Casa da Cultura. 21 EDUCAÇÃO Os estudantes vestiram a pele de deputados para discutirem propostas e apontarem soluções. Um direito garantido, nalguns casos gratuito, é o transporte escolar. 22 ACADEMIA Estudantes de enfermagem testam procedimentos de socorro, com o apoio dos Sapadores. Docentes da Escola Superior de Educação disseminam a programação informática. 23 RUMOS Joana Barradas é o primeiro rosto desta nova rubrica que dá a conhecer jovens. A atriz, de 23 anos, representa desde criança, mas ainda se acha em início de carreira. 24 RETRATOS A oficina Azulejos de Azeitão aposta na manutenção das técnicas ancestrais como modelo de sucesso comercial. O resultado pode ser visto em vários cantos do mundo. 25 INICIATIVA A pereirapisco.creativity é um dos vários exemplos que brotam do Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal. A inovação é a imagem de marca desta empresa familiar. 26 MEMÓRIA A aventura ferroviária de Setúbal remonta a 1854 e o comboio chegou sete anos depois. Dessa altura são 12 fotografias da cidade, descobertas nos escombros de um sótão. 28 PLANO SEGUINTE O Mês da Juventude ofereceu um conjunto de eventos, com a música e a fotografia em lugar de destaque. Março também é do teatro, com iniciativas para todos os públicos.
informações úteis
Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: SMCI/Serviço Municipal de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Hugo Martins, Marco Silva, Pedro Moreira, Raquel Proença Fotografia: José Luís Costa, Mário Peneque Paginação: Humberto Ferreira Impressão: PROS – Promoções e Serviços Publicitários, Lda. Redação: SMCI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal Telefone: 265 541 500 E-mail: smci@mun-setubal.pt Tiragem: 8000 exemplares Distribuição Gratuita Depósito Legal N.º 183262/02
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editorial
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Setúbal está na moda! Está mesmo. São mais cada vez os que nos visitam em procura de paisagens fabulosas, saborosa gastronomia, gente acolhedora, oportunidades de investimento. Os postos de turismo de Setúbal, como revelamos nesta edição do Jornal Municipal, receberam mais dez mil visitantes em 2014 do que em 2013, crescimento verificado igualmente nas dormidas, área em que o concelho registou o maior aumento de toda a região de Lisboa. Os números indiciam que estamos a dar a volta por cima em matéria de promoção turística. Porém, é fundamental que se reconheça que sem o trabalho e o empreendedorismo de muitos dos empresários da
Os dados que agora divulgamos sobre o nosso crescimento turístico confirmam o acerto da nossa estratégia de intervenção no concelho que resumimos em três simples ideias: Mais Trabalho,
Mais Rio, Mais Cidade
restauração, da hotelaria e de outros setores, acompanhados, sempre, pela Câmara Municipal, teria sido impossível fazer o que nunca foi feito no nosso concelho: promovê-lo e divulgá-lo com qualidade e eficácia, num trabalho que leva tempo e do qual é preciso saber esperar os resultados. Teria sido impossível dar à cidade e à região a ímpar visibilidade que tem hoje, visibilidade que, todos o sabemos, é mais do que merecida. Temos paisagens fabulosas de serra e mar, a mais saborosa gastronomia feita de produtos de grande qualidade, mas temos, acima de tudo,
enorme vontade de mostrar as nossas maravilhas, o diamante que está ser polido e aproveitado por milhares e milhares de turistas nacionais e estrangeiros. Para estes resultados é decisivo o trabalho de renovação urbana e de abertura do rio à cidade que a autarquia está a desenvolver. Renovação feita nas praças, nas avenidas, nos largos, nos bairros sociais, na zona ribeirinha, com a bem sucedida obra da Praia da Saúde e do Parque Urbano da Albarquel, mas também acompanhada de novos e qualificados equipamentos culturais e turísticos, em que se destacam espaços como a Casa da Baía, a Casa da Cultura, o Fórum Municipal Luísa Todi renovado, as galerias de arte do Banco de Portugal e do Quartel do Onze e, em breve, o renovado Convento de Jesus, melhoria há muito reclamada pelos setubalenses e azeitonenses e agora concretizada pela Câmara Municipal. Sempre acreditámos que estes investimentos seriam geradores de mais investimento, de mais desenvolvimento, de mais procura de turistas e de investidores. Assim como sempre acreditámos que o investimento que fizemos na realização de uma série televisiva em Setúbal, com exibição diária durante um ano num dos principais canais generalistas nacionais, seria uma forte aposta capaz de ampliar, ainda mais, a notoriedade da nossa cidade. Não nos enganámos. Hoje, há mais gente a visitar-nos para ver os palcos em que é gravada a série que, não por acaso, ocupa, desde o início, o primeiro lugar dos índices de audiências televisivas. Os dados que agora divulgamos sobre o nosso crescimento turístico confirmam o acerto da nossa estratégia de intervenção no concelho que resumimos em três simples ideias: Mais Trabalho, Mais Rio, Mais Cidade. Este é o caminho que continuaremos a percorrer. Com a certeza de que estamos a fazer Mais Setúbal!
Presidente da Câmara Municipal de Setúbal
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Em defesa da cu Missão cumprida. O tempo de serviço militar acabou para o Forte de Albarquel. Depois da defesa da povoação marítima de Setúbal, da passagem à reserva e de anos de abandono, a fortificação volta ao ativo, agora com outras funções. Antes, há que reabilitar o imóvel do século XVII para materializar um projeto que alia valências culturais, museológicas e de sala de visita da cidade
primeiro plano
V
ida nova para o Forte de Albarquel. Esquecido ao longo de largas décadas e longe da imponência militar de outros tempos, a antiga instalação militar de defesa da barra de Setúbal prepara a requalificação com novas valências ao serviço da cidade, agora com baterias apontadas à dinamização cultural. A reativação do baluarte é impulsionada pela Câmara Municipal, que, após largos anos, conseguiu assegurar junto do Estado a cedência da fortificação por um período de 32 anos, um imóvel do século XVII que, no prazo máximo de três anos, renasce com uma nova imagem. A intenção é valorizar a antiga instalação militar, localizada junto da Praia de Albarquel, no Parque Natural da Arrábida, de forma a pôr o edifício ao serviço dos munícipes e dos visitantes, a que acresce a beneficiação urbanística dos espaços exteriores envolventes. Uma das componentes do projeto, de índole museológica e expositiva, envolve a instalação de um núcleo museológico permanente e temporário, destinado à fruição cultural e
histórica pelos cidadãos em geral, mas sobretudo pelos alunos dos diversos níveis de ensino. Uma segunda valência, para atividades culturais, prevê manifestações artísticas de caráter mais restrito, incluindo concertos de música de câmara, recitais de poesia, apontamentos teatrais, apresentação de obras literárias e mostras de artes plásticas. A terceira componente pretendida, vocacionada para receção e acolhimento, visa capitalizar o enquadramento natural do Forte de Albarquel, utilizando o edifício como sala de visitas de Setúbal, para receber,
nomeadamente, corpos diplomáticos, delegações estrangeiras, investidores e empresas. Para o cumprimento destes objetivos, a Autarquia conta com o apoio do The Helen Hamlyn Trust, entidade que financia a totalidade do investimento necessário para a obra de intervenção no imóvel histórico, com um custo estimado de 1.817.100 euros. O projeto para a reabilitação do Forte de Albarquel, em desenvolvimento com acompanhamento da Autarquia, é apoiado por um estudo técnico em elaboração pelos serviços camarários que analisa a
integridade estrutural do edifício construído à beira-Sado.
Passeio com vista A recuperação da antiga instalação militar é apenas uma das metas de um objetivo maior preconizado pela Câmara Municipal para aquela área localizada no sopé da Serra da Arrábida, que inclui a criação de um amplo corredor pedonal e a possibilidade de instalação de uma unidade hoteleira. No âmbito do acordo de cedência do Forte de Albarquel, o Estado português entregou ao Município uma
OPERAÇÃO EM CURSO CEDÊNCIA. O Forte de Albarquel é cedido à Câmara Municipal por um período de 32 anos. A Autarquia assegurou, igualmente, uma parcela de terreno para construir uma passagem pedonal entre o Parque Urbano e a Praia de Albarquel.
RECUPERAÇÃO. O projeto e a análise estrutural do imóvel estão em desenvolvimento. A obra, com conclusão no prazo máximo de três anos, tem o valor previsto de 1.817.100 euros e financiamento garantido pelo The Helen Hamlyn Trust.
REATIVAÇÃO. O Forte de Albarquel renasce com nova missão ao serviço de Setúbal, com valências museológicas e expositivas, componentes para diversas manifestações culturais e artísticas e funções de sala de visitas da cidade.
ENVOLVENTE. A par da requalificação do Forte de Albarquel, a Câmara Municipal prevê a execução de arranjos urbanísticos na zona envolvente ao imóvel. Em aberto está ainda a possibilidade de instalação de uma unidade hoteleira.
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cultura Bastião marítimo O Forte de Albarquel, edifício de arquitetura militar seiscentista, da época barroca, integrou a linha defensiva do trecho do litoral que no século XVII se estendia de Setúbal a Sesimbra e funcionava, igualmente, como um importante complemento de proteção da povoação marítima sadina. A fortificação, com construção iniciada em 1643, para reforçar o poder de fogo da Fortaleza de São Filipe, foi projetada no período da Restauração, no reinado de D. João IV (1640-1656), no âmbito da remodelação da estratégia defensiva de Portugal e, em particular, da barra de Setúbal. O equipamento militar, cujas muralhas abaluartadas apresentam um perfil em talude, foi construído em função da topografia do terreno e adaptado aos tempos de conflito da época. Além dos dispositivos de vigilância e ataque, destaque para os pormenores decorativos, como frisos, entablamentos e gárgulas. O Forte de Albarquel, cujas obras de construção contaram com os contributos dos proprietários das marinhas de sal e dos navegantes da Casa do Corpo Santo, parcela de terreno junto da linha de costa, com cerca de 7800 metros quadrados, para a construção de um passeio pedonal panorâmico com vista para a cordilheira e o Sado.
O objetivo é criar um corredor de ligação entre a plataforma superior do Parque Urbano de Albarquel e a praia, voltado para o lazer, que visa facilitar o acesso da população ao
futuro equipamento cultural, à zona balnear e aos estabelecimentos comerciais existentes. A construção de uma unidade hoteleira, com uma área máxima de im-
só ficou concluído, tal como a ampliação do Forte de Santiago do Outão, no reinado de D. Pedro II (1667-1706). Depois da remoção da artilharia, em 1883, a fortificação, classificada como Imóvel de Interesse Público, teve várias ocupações. Serviu de moradia ao governador militar do forte, secretaria, quartel e casa de material de guerra, entre outros usos. Foi ainda arrendada a privados. Na primeira metade do século XX, o Forte de Albarquel passou a integrar o Regimento de Artilharia de Costa, já extinto, do Exército, com a construção, em 1939, da 8.ª Bataria, erguida no morro por trás da fortificação seiscentista. A porta de armas da fortificação, que ainda ostenta o brasão da unidade e a arma de artilharia, guarda na memória os tempos de um perímetro inexpugnável, uma bataria subterrânea com várias dependências, artilhada por três canhões Krupp de 150 mm com um alcance de precisão de vinte quilómetros.
plantação de cerca de 4500 metros quadrados, num terreno ocupado pela 8.ª Bataria de Albarquel, localizado num morro contíguo à fortaleza, a norte, é outro investimento em análise. O terreno, propriedade do Estado e no qual ainda resistem três peças de artilharia e várias instalações subterrâneas, está à venda e a Câmara Municipal procura um investidor para a instalação de um hotel com vista privilegiada sobre uma das mais belas baías do mundo.
Momento histórico “Estamos perante um momento histórico para a cidade”, salientou a presidente da Câmara Municipal na cerimónia do auto de cedência e de aceitação do Forte de Albarquel e da parcela de terreno destinada ao corredor pedonal, assinado a 29 de janeiro com o Estado, através dos ministérios da Defesa e das Finanças, em cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho. A cedência do equipamento, refor-
çou Maria das Dores Meira, “fica registada na história da cidade e deste monumento seiscentista, fechado, degradado e abandonado há largas décadas”, porque assinala “o início de uma transformação que era exigida pelos setubalenses”. A secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, Berta Cabral, destacou que a transferência do imóvel para a autarquia setubalense permite “dar uma nova vida a um património que é da cidade e da população, instalado numa zona privilegiada de Setúbal e da região”. A governante sublinhou que é agora possível reativar a antiga instalação militar com novas funções, sobretudo “nas vertentes de turismo e economia” e materializa “um sentimento de realização, sobretudo para os responsáveis diretos do Município”. Já a secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco, explicou que a cedência cumpre um duplo objetivo: “Rentabiliza um património de elevado valor histórico e confere ao equipamento um uso de excelência ao serviço da população.”
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local
Investimento nas redes
Um novo desenho urbanístico, mais contemporâneo, renovou as valências de fruição e atratividade do Largo da Misericórdia. A operação revitalizou o espaço público daquela área do centro histórico e, ao mesmo tempo, apoia e dinamiza o comércio local
Largo requalificado ganha dinâmicas O Largo da Misericórdia foi requalificado com novas condições de atratividade e usufruto, intervenção liderada pela Câmara Municipal, que incluiu a introdução de equipamentos de conceção contemporânea no espaço público. A operação urbanística, realizada durante um mês, concluída no final de março, permitiu dotar aquele espaço de uso coletivo, que acolhe, regularmente, iniciativas culturais e comerciais, de novas valências de fruição e socialização para lojistas e, sobretudo, visitantes da Baixa comercial. A obra do Largo da Misericórdia, uma empreitada que materializa um investimento municipal da ordem dos 110 mil euros, foi impulsionada com o objetivo de revitalizar aquela área do centro histórico da cidade e, ao mesmo tempo, apoiar e dinamizar o comércio local.
A instalação de cinco bancos modelares, um dos quais dotado de iluminação LED em tons de branco, que no seu conjunto formam uma peça escultórica contemporânea, é uma das alterações de maior impacte visual no largo. Nessa zona será colocada uma escultura em bronze que retrata as formas femininas, da autoria de João Duarte. As obras, numa área com um total de 128 metros quadrados, incluíram a repavimentação do Largo da Misericórdia em lajeado de granito, com acabamento antiderrapante. O conjunto de árvores do local também foi intervencionado, com a manutenção de três dos quatro espécimes existentes. Estes receberam novas caleiras em aço galvanizado, versáteis e com apontamentos artísticos que criam uma simbiose harmoniosa com as árvores.
O sistema público de saneamento e de abastecimento de água é melhorado em várias zonas de Setúbal e Azeitão com um conjunto de empreitadas lideradas pela Câmara Municipal que materializam um investimento global de cerca de 120 mil euros destinado ao aumento da qualidade de vida das populações. No território azeitonense avançou a segunda fase da reabilitação integrada da rede de Brejos de Azeitão, operação que visa assegurar um adequado serviço de abastecimento de água àquela zona habitacional. A intervenção, no valor de 48.475,81 euros, com conclusão prevista para maio, incide sobretudo na substituição de vários troços daquela rede com o objetivo de resolver problemas de ruturas recorrentes. Em curso, igualmente em Azeitão, está o prolongamento da rede de saneamento em Casal de Bolinhos, com a construção de mais 715 metros de coletores que permitem a ligação de uma parte daquela zona habitacional ao sistema de esgotos. Esta operação, com trabalhos centrados nas ruas Casal de Bolinhos e do Caldeirão, a par da Praceta Francisco Perdigão, uma empreitada no valor de 43.157,87 euros, deverá estar concluída até ao final de maio. Na cidade de Setúbal, a Rua dos Romanos, na zona do Viso, foi apetrechada com uma rede de drenagem de águas residuais domésticas, intervenção de 11.544,46 euros que ligou habitações à rede pública de saneamento.
O local onde estava plantada a outra árvore, removida por motivos de salubridade pública, recebeu uma fonte ornamental. O equipamento, dotado de seis plataformas com bicos pulverizadores, é outra das novidades no novo desenho urbanístico do largo. A Baixa comercial, no qual se insere o Largo da Misericórdia, reúne um conjunto de características de grande interesse patrimonial, cultural e paisagístico. Utilizada ao longo de todo o ano por munícipes e turistas, é palco de variadas manifestações culturais e já recebeu diversas intervenções de embelezamento, como são exemplo recente as sombrinhas coloridas que enfeitam as ruas (ver pág. 13) e, nas fachadas dos edifícios, elementos decorativos com flores e apontamentos de artes plásticas.
Acessibilidades crescem no Bairro Afonso Costa Um conjunto de intervenções promovidas pela Câmara Municipal melhorou as acessibilidades em duas áreas do Bairro Afonso Costa, num investimento global da ordem dos 20 mil euros que permitiu a criação de novas condições de conforto e segurança urbana. Uma das empreitadas, no valor de 9211,46 euros, incidiu na criação de um nova área de acesso pedonal ao bairro, com cerca de cinquenta metros, no entroncamento da Praceta Manuel Rodrigues Coelho com a Avenida Infante D. Henrique, área beneficiada com vários arranjos. A intervenção, concluída em fevereiro, incluiu a definição de uma área de circulação pedonal, com a construção de passeios e lancis, assim como a pintura de passagens de
superfície para peões e a colocação de sinalização rodoviária. Mais recentemente, a Autarquia assegurou a requalificação de um espaço descaraterizado na Rua Dr. José Leite de Vasconcelos, operação concretizada em março, uma empreitada no montante de 10.144,27 euros. Neste caso, os trabalhos realizados ao longo de dois meses incluíram a criação de uma área de circulação pedonal e a definição de passadeiras, além de uma bolsa de estacionamento, medida que permitiu eliminar situações de parqueamento abusivo. Estas obras constituem uma resposta direta do Município a duas necessidades identificadas no âmbito do “Ouvir a População, Construir o Futuro”, projeto municipal que aproxima a população da gestão camarária.
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Rotundas renovam imagem A imagem de Setúbal sai reforçada com um conjunto de apontamentos urbanísticos que embelezam novas infraestruturas rodoviárias. As beneficiações são impulsionadas por profundas ações de reperfilamento urbano em avenidas e numa praça, que conferem renovada prioridade ao usufruto público A Câmara Municipal lidera uma operação urbanística que está a transformar a imagem da Praça Vitória Futebol Clube e das avenidas Alexandre Herculano, República da Guiné‑Bissau e da Europa. O objetivo é tornar o espaço público mais apelativo e criar novos esquemas de circulação viária. Na Praça Vitória Futebol Clube, o redimensionamento do nó giratório que distribui o trânsito nas avenidas Alexandre Herculano, República da Guiné-Bissau, Dr. António Rodrigues Manito e 22 de Dezembro é uma
Beneficiações nas Amoreiras
As condições de usufruto da área envolvente a um equipamento desportivo existente na Praceta das Amoreiras são melhoradas numa obra a realizar pela Autarquia, orçada em cerca de 7 mil euros, com conclusão prevista para maio. A intervenção, uma necessidade identificada no projeto municipal “Ouvir a População, Construir o Futuro”, centra os trabalhos na pavimentação do espaço com recurso a lajetas e pavet.
das alterações mais visíveis no investimento global da Autarquia, da ordem dos 300 mil euros. A nova rotunda é embelezada com um arranjo urbanístico que traz para a zona central da praça um dos ícones da história do Vitória, o futebolista Jacinto João, ou JJ, imortalizado numa escultura que transita do Estádio do Bonfim para a infraestrutura rodoviária, envolta num relvado sintético. Na mesma praça, a zona de confluência das avenidas Dr. António Rodrigues Manito e 22 de Dezembro recebeu uma nova rotunda, que será ornamentada com elementos em pedra circulares e uma área ajardinada que inclui a plantação de várias árvores ciprestes. Na Avenida da Europa, a nova rotunda de ligação à Avenida Independência das Colónias e parte integrante de um eixo de distribuição do trânsito automóvel será embelezada com um arranjo inspirado na União Europeia, com estrelas preenchidas com flores de várias cores. A redistribuição de trânsito da Avenida da Europa é otimizada com a construção de outra rotunda, já em curso, na interseção com a Rua Manuel Joaquim Santana Reimão, que dá acesso à zona habitacional do Bairro do Liceu. As obras globais em curso, com conclusão
prevista para meados de abril, envolvem ainda as avenidas Alexandre Herculano e República da Guiné-Bissau, requalificadas numa profunda operação urbanística que incluiu a renovação da rede de saneamento pública. Na Avenida Alexandre Herculano, com trabalhos praticamente concluídos, foi criado um amplo corredor pedonal, dotado de uma ciclovia, que ganha novas valências com a remoção da vedação do Parque do Bonfim, medida facilitadora da instalação de pequenos quiosques. O estacionamento automóvel ficou ordenado em bolsas com mais de uma centena de lu-
gares, enquanto o trânsito passou a ser feito, definitivamente, numa faixa de rodagem com uma via em cada sentido de circulação. Os trabalhos estão agora centrados na Avenida República da Guiné-Bissau, que passa a integrar um corredor pedonal e ciclável, no lado sul, de ligação entre a Avenida Alexandre Herculano e a Estrada dos Ciprestes. A reformulação da faixa de rodagem, agora com sete metros e uma via em cada sentido, permite dar mais primazia pedonal e criar uma bolsa de estacionamento que serve os vários estabelecimentos comerciais existentes.
Pinheirinhos mais condigno
Intervenção na CHE Setúbal
20 de Julho melhora esgotos
A Câmara Municipal beneficiou a zona envolvente a um parque infantil no Bairro dos Pinheirinhos, obra de cerca de 10 mil euros com melhorias ao nível das acessibilidades e do espaço urbano. A requalificação, concluída no final de janeiro, teve como principal finalidade a pavimentação da zona envolvente ao parque infantil, o ordenamento e a criação de estacionamento e a definição de uma área ajardinada e de passadeiras para peões.
A Praceta Dr. Miguel Torres, no bairro da CHE Setúbal localizado perto da Praça de Portugal, foi requalificada pela Autarquia, que investiu perto de 20 mil euros para melhorar as condições de atratividade e usufruto. A intervenção, concluída em fevereiro, incluiu beneficiações nas acessibilidades, com a criação de passeios e bolsas de estacionamento, a par de pequenas áreas com árvores, e a instalação de mobiliário urbano diverso.
A construção de novos ramais de ligação predial dos esgotos domésticos em alguns edifícios do Bairro 20 de Julho é uma das empreitadas que a Autarquia tem em curso na cidade. O investimento, de mais de 15 mil euros, com conclusão prevista para maio, inclui a construção de novas caixas de recolha de águas residuais, no âmbito da reabilitação de um conjunto de infraestruturas que se encontravam degradadas e obsoletas.
local
8SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15
Protocolo assegura proteção comercial
Sapadores mais fortes
Aos 229 anos, os Sapadores mostram vitalidade. Um conjunto de mais-valias operacionais acrescenta meios de proteção e socorro ao serviço da população. Em dia de aniversário, foi reforçado o empenho na procura de mais condições laborais para os bombeiros O reforço dos recursos operacionais, com novos veículos e equipamentos de proteção e socorro, e a ampliação e melhoria das instalações da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal (CBSS) marcaram, a 21 de fevereiro, a cerimónia do 229.º aniversário da instituição. Com a chegada de uma viatura de combate a incêndios florestais ficou concluído o apetrechamento ao abrigo do “Resiliência Setúbal +”, um investimento global de 2 milhões e 758 mil euros com financiamento europeu e comparticipado pelo Município em 15 por cento. A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, salientou que, a par dos novos equipamentos, o quartel foi requalificado com “a ins-
talação de novos portões no parque de viaturas, mais funcionais, e com novos balneários”, que totalizam “um investimento estimado de 70 mil euros”. No contexto dos investimentos,
referiu, têm sido adotadas “novas soluções para valorizar os bombeiros”, com a preocupação “de respeitar os direitos destes trabalhadores municipais, compatibilizando esta visão com
Voluntários mudam comando João Francisco Ferreira, major do Exército português, tomou posse, a 5 de fevereiro, como novo comandante dos Bombeiros Voluntários de Setúbal para o próximo triénio. O novo responsável afirmou que tem como objetivo “estabelecer uma cadeia hierárquica assente no mérito” e aumentar o recrutamento, já que entende que esta será a melhor forma de “cumprir com mais quali-
dade as funções” do corpo de bombeiros. Na cerimónia, na qual tomaram igualmente posse os novos órgãos sociais da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, o vereador da Proteção Civil da Autarquia, Carlos Rabaçal, destacou o papel “relevante” dos Voluntários no sistema municipal de proteção e socorro.
a absoluta necessidade de racionalizar o investimento da Autarquia no setor”. A autarca, acompanhada do vereador da Proteção Civil, Carlos Rabaçal, assegurou o empenho, juntamente com a Associação Nacional de Municípios Portugueses, “na procura de soluções” que permitam melhorar as condições laborais dos sapadores. O comandante da CBSS, Paulo Lamego, agradeceu o empenho de todos os operacionais. No final, foi descerrada uma placa relativa à recuperação da primeira autoescada da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal. No veículo, de 1927, foi incorporada uma escada magirus, toda construída em madeira.
Um protocolo de colaboração com as superfícies comerciais instaladas no concelho foi aprovado pela Câmara Municipal em reunião pública, a 4 de março, com o intuito de aprofundar e estender o mecanismo a novos parceiros estratégicos, de forma a prevenir e antecipar situações caóticas. O objetivo é agilizar, em situações de catástrofe, a obtenção de alimentos, alojamento, roupas e outros elementos básicos de primeira necessidade para vítimas ou desalojados e providenciar alojamento e alimentação para todo o pessoal envolvido nas ações de resposta e de recuperação enquanto o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil se mantiver ativado. As superfícies comerciais que adiram ao protocolo devem comprometer-se com uma gestão de preços que compreenderá um período de acomodação mínimo de seis meses após os pedidos de auxílio, realizando-se atualizações para valores correntes de mercado a cada período trimestral subsequente enquanto decorrer a vigência da situação de exceção. Depois de assinado, o protocolo a celebrar, ao abrigo do Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil, entre a Autarquia e as superfícies comerciais é válido por um ano, com renovação automática por períodos de igual duração.
Plano prepara requalificação da Salmoura O contrato de planeamento para a elaboração do Plano de Pormenor da Salmoura, assinado a 20 de fevereiro, cria condições para a expansão de empresas e a instalação de novos equipamentos de usufruto social e urbano naquela área em Azeitão. O instrumento urbanístico permite a reestruturação do tecido urbano do território ocupado por diversas tipologias de terrenos, nomeadamente habitacionais, industriais e terciários e por equipamentos de utilização coletiva, com uma área total de 147,5 hectares. A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, indicou “a urgência” em “estruturar e qualificar um território marcado pela dispersão da ocupação urbana e pela falta de infraestruturas básicas de suporte à vivência urbana”, nomeadamente uma estrutura viária que assegure
a articulação com a envolvente, a criação de estacionamento, o estabelecimento de circuitos pedonais, a criação de espaços públicos de recreio e lazer e a ampliação da rede de equipamentos de utilização coletiva.
A intenção é criar condições que assegurem a sustentabilidade económica das unidades empresariais locais e enquadrem os equipamentos sociais, de forma a garantir os parâmetros necessários à realidade
existente e à qualificação da oferta atual e futura. Os custos relativos à elaboração deste instrumento urbanístico são suportados integralmente pelas empresas Refrige, Metalúrgica Central
de Alhos Vedros e Externato Rumo ao Sucesso, as quais celebraram o contrato de planeamento com a Autarquia. Mais recentemente, a 4 de março, a Câmara Municipal aprovou em reunião pública propostas relativas à elaboração do Plano de Pormenor da Salmoura, já com objetivos programáticos devidamente definidos, entre os quais a promoção de infraestruturas básicas, a criação de oferta de estacionamento ajustado às necessidades identificadas e a implantação de espaços públicos e de lazer. Na mesma reunião foi aprovada a estrutura multidisciplinar responsável pela produção do documento urbanístico, a qual reúne diversos especialistas em diversas áreas técnicas. O plano tem conclusão prevista para setembro.
9SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15
Concelho mostra-se a Angola
Cidade recorda a diva
Setúbal tem potencial e está sempre recetivo à realização de bons investimentos. A estratégia de desenvolvimento foi apresentada pela presidente da Autarquia ao embaixador de Angola, em visita ao concelho. O diploma ficou a conhecer os novos projetos locais catalisadores da qualidade de vida urbana As potencialidades de crescimento e a estratégia de desenvolvimento para Setúbal foram destacadas pela presidente da Câmara Municipal, a 23 de fevereiro, num jantar-conferência com a participação do embaixador de Angola, de governantes portugueses e de empresários da região. “Setúbal tem condições para crescer”, afirmou Maria das Dores Meira no encontro promovido no âmbito do “Embaixadorias”, programa do Ministério dos Negócios Estrangeiros que leva embaixadores acreditados em Portugal a conhecer várias regiões do País. A autarca destacou algumas das mais-valias que fazem de Setúbal
um território com potencial nas mais variadas áreas, desde logo por “ser uma cidade charneira na articulação da Área Metropolitana de Lisboa com o Litoral Alentejano”. O potencial ambiental e paisagístico da Serra da Arrábida e do Estuário do Sado, as riquezas naturais, culturais e gastronómicas, a par da crescente importância do Porto de Setúbal no contexto nacional e internacional foram outros atrativos salientados pela presidente da Autarquia. Maria das Dores Meira frisou, igualmente, “um conjunto importante de atividades económicas instaladas na península da Mitrena”, empresas responsáveis “por uma boa
parte” do Produto Interno Bruto. “E há espaço, dotado de boas acessibilidades, disponível para a instalação de mais atividades.” Na intervenção, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal deu nota de alguns dos projetos em curso e das áreas de atuação estratégicas no concelho e no desenvolvimento da região, desde logo com a revitalização da frente ribeirinha, numa aposta que assenta no reforço da ligação entre a cidade e o rio. A instalação de uma plataforma intermodal, de articulação ferroviária, rodoviária e fluvial entre a Área Metropolitana de Lisboa e o Litoral Alentejano, e a criação de uma marina, para o desenvolvimento de
atividades náuticas desportivas, de turismo e de lazer, foram projetos enunciados. O embaixador de Angola, José Marcos Barrica, que realçou “as potencialidades da região e o fulgor do tecido empresarial da região”, respondeu positivamente ao repto lançado pela autarca de voltar a Setúbal para uma visita mais alongada e para “conviver com as comunidades angolanas”. Já o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Luís Campos Ferreira, teceu rasgados elogios ao concelho. “A gastronomia, os vinhos, as potencialidades naturais e turísticas e o tecido empresarial. Aqui há uma grande margem de progressão.”
Setúbal homenageou a cantora lírica Luísa Todi, 262 anos após o seu nascimento, com um programa cultural que recordou a importância da diva setubalense na memória e identidade da cidade. As comemorações incluíram uma cerimónia evocativa, a 9 de janeiro, com a deposição de flores na glorieta erguida à cantora, momento a que se seguiu um apontamento musical por alunos da Academia Luísa Todi. Do programa comemorativo fizeram ainda parte dois concertos pelo Coral Luísa Todi, um espetáculo de homenagem a Ruy de Carvalho e a exibição do filme “Todi – A segunda morte de Luísa Aguiar”.
Acolhimento defende crianças
CARNAVAL. A folia carnavalesca saiu às ruas da cidade de Setúbal e de Azeitão, com perto de duas mil crianças dos jardins de infância e escolas do 1.º ciclo do concelho a desfilar, a 13 de fevereiro, com máscaras e fantasias inspiradas em temáticas diversas. Além dos desfiles, a iniciativa contou com animação e concursos associados.
A importância do trabalho desenvolvido pelas instituições no acolhimento de crianças e jovens em risco, em face da falta de respostas do Estado, foi destacada num seminário realizado a 3 de março, no auditório da Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico de Setúbal. “Este é um trabalho que todos preferíamos que não fosse necessário, mas que, infelizmente, continuará a ocupar muitas das nossas preocupações”, referiu, no encerramento do encontro, o vereador com o pelouro da Inclusão Social na Autarquia, Pedro Pina, ao referir-se ao período atual, “em que se enfraquece o estado social, em que se reduzem e anulam prestações sociais, tudo em nome de rácios financeiros, de juros da dívida, do equilíbrio do défice”. No encontro “Laços que quebram ou nós que se desatam?”, organizado pela Cáritas Diocesana de Setúbal, o autarca referiu, com base nos dados oficiais, que, além dos 19,5 por cento de portugueses em risco de pobreza, os números refletem que são as crianças as mais afetadas, com a taxa a situar-se em 25,6 por cento nos cidadãos menores de 18 anos.
No fecho do seminário marcaram também presença a diretora do Centro Distrital da Segurança Social, Ana Clara Birrento, em representação do ministro da Solidariedade, do Trabalho e da Segurança Social, e o bispo de Setúbal, D. Gilberto Reis. Ao longo do encontro foram discutidas questões relacionadas com a legislação e o acolhimento de crianças e jovens em risco e, ainda, com os melhores procedimentos no apoio às famílias. No ano em que se comemora o 25.º
aniversário do Centro de Acolhimento Temporário Nossa Senhora do Amparo, foi inaugurada, no mesmo dia, à margem do seminário, a exposição “Um olhar para dentro: 25 anos depois”, no átrio do Hospital de São Bernardo. Quatro painéis mostram notícias da abertura deste equipamento da Cáritas, bem como fotografias, gráficos estatísticos e o relato de Sérgio Canas, uma das primeiras crianças a viver no equipamento de apoio social.
10SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15
ambiente
População contribui para óleos reciclados
Novos contentores beneficiam higiene
Perto de 5 mil litros de óleos alimentares usados foram reciclados em 2014 no concelho, no âmbito do RecOil, projeto ambiental coordenado pela ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, com o apoio da Autarquia e financiamento europeu, que fomenta a separação e recolha seletiva deste tipo de resíduos para posterior conversão em biodiesel. Na Rede Municipal de Recolha Seletiva de Óleo Alimentar Usado de Setúbal, com 41 pontos de deposição instalados no espaço público, edifícios municipais e escolas, foram recolhidos, só no ano passado, 4845 litros de óleos usados, reciclagem que permitiu a produção estimada de 3755 litros de biodiesel e evitou a emissão de 5730 quilogramas de gases com efeito de estufa. O sucesso da reciclagem de óleos alimentares usados depositados na rede do concelho, cuja recolha é efetuada regularmente pela empresa Biocanter, só não tem maior expressão devido ao elevado número de furtos verificados nos oleões, problema que tem vindo a ser mitigado com a implementação de medidas de segurança adicionais nos equipamentos. A Rede Municipal de Recolha Seletiva de Óleo Alimentar Usado é reforçada pela Autarquia, durante o primeiro trimestre de 2015, com a instalação de mais 15 Ecobox no espaço público de Setúbal e Azeitão. O circuito fica completo com a colocação, até ao final do ano, de mais 14 pontos de recolha de 360 litros.
A capacidade de recolha de resíduos é reforçada com a instalação de novos contentores subterrâneos em vários locais de Setúbal. Ganha a imagem urbana da cidade, mais apelativa e com melhores condições de higiene, e a população, com mais pontos de deposição de resíduos sólidos urbanos O sistema de deposição e recolha de resíduos sólidos urbanos em Setúbal sai melhorado com a instalação de 15 contentores subterrâneos, beneficiação da Câmara Municipal, executada em janeiro e fevereiro, que dá continuidade ao objetivo de favorecer a imagem urbana da cidade. Estes equipamentos, mais funcionais e com maior capacidade de integração na malha urbana, instalados em várias zonas, possibilitam a melhoria das condições de higiene urbana ao permitir retirar da via pública um total de 64 contentores convencionais de superfície. A expansão do sistema de deposição e recolha de resíduos sólidos urbanos em contentores subterrâneos, equipamentos com um volume unitário de 5 mil litros, incidiu na Avenida
Alexandre Herculano, com a instalação de dois “moloks” naquela via em reabilitação. Um novo contentor foi instalado na Avenida da Bela Vista, enquanto no bairro da Nova Azeda foram colocados quatro equipamentos nas avenidas Mestre Lima de Freitas e Coração de Maria e nas ruas Lázaro Losano e do Xarafe, o que conclui o circuito de recolha naquela zona. A operação englobou ainda a instalação de seis “moloks” na zona da Quinta do Freixo e outros dois na Avenida 5 de Outubro, neste caso de substituição da bateria de oito contentores de superfície que existia na Rua Joaquim Brandão. Os 15 novos contentores instalados permitem o aumento da capacidade de deposição
de 51.200 para 75 mil litros. Este acréscimo, da ordem dos 46 por cento, permite, simultaneamente, a otimização da utilização dos recursos municipais na recolha dos resíduos sólidos urbanos no concelho. A Autarquia tem ainda prevista a instalação de mais cinco “moloks”, dois na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra e três na Avenida República da Guiné-Bissau, estes últimos durante a requalificação urbanística em curso. Por se tratar de equipamentos no subsolo, onde a temperatura é inferior à da superfície, a deterioração dos lixos e consequente emissão de cheiros é retardada, traduzindo-se numa melhor qualidade de vida para as populações.
Arrábida avalia proteção A importância de conciliar diversas atividades num espaço protegido como é a Arrábida foi destacada num seminário sobre os valores naturais da área realizado a 26 de janeiro, na Casa da Baía, que centrou atenções na revisão em curso do POPNA – Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida. A avaliação e revisão do POPNA dá a “oportunidade de encetar uma reflexão mais intensa sobre a Arrábida para encontrar soluções mais adequadas e equilibradas que garantam a pro-
teção do património natural”, sublinhou o vice-presidente da Autarquia, André Martins. O seminário, uma organização da Câmara Municipal e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o qual contou com a participação de investigadores e professores da Universidade Nova de Lisboa, incluiu uma exposição de posters científicos com trabalhos de investigação realizados recentemente na Arrábida.
turismo
11SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15
Município ultrapassa fronteiras
Setúbal atrativa
O concelho está mais apelativo para quem o visita e os turistas parecem saber disso. O número de visitas em 2014 disparou, tal como o de dormidas. Não houve melhor registo em toda a região de Lisboa Os postos de turismo de Setúbal receberam mais 10 mil visitantes em 2014 do que em 2013, crescimento verificado igualmente nas dormidas, área em que o concelho registou o maior aumento de toda a região de Lisboa. Entre janeiro e novembro de 2014 os pontos de informação turística do concelho receberam 26.719 visitantes, o que representa um aumento de 58,7 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, que teve a passagem de 16.836 turistas. No Moinho de Maré da Mourisca verificouse que os atendimentos em 2014 ascenderam a um total de 8167, com o espaço a ser procurado para turismo de natureza.
A Casa da Baía, na Avenida Luísa Todi, registou 6695 visitantes. Os Paços do Concelho, com 4709, o posto junto da doca dos catamarãs para Troia, com 4191, e Azeitão, com 2957, completam as estatísticas que fazem de Setúbal uma referência turística a nível nacional. Segundo a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, entre 2013 e 2014, Setúbal registou um aumento nas dormidas de 20,1 por cento, mais do que o total da região, que verificou um acréscimo de 15 por cento, e do que o do País, que teve mais 11 por cento. Nos postos turísticos do concelho sadino aumentou a procura de informações pelo
turismo de natureza, sendo a gastronomia e restauração outro setor catalisador do interesse dos visitantes do município. Do total de turistas que procuraram os serviços dos postos de atendimento de Setúbal em 2014, 39,49 por cento eram portugueses, 14,35 por cento, espanhóis, e 10,72 por cento, franceses. Embora com um impacte global menos significativo, destaca-se ainda o aumento do número de visitantes provenientes da Alemanha, com 6,74 por cento, e de Inglaterra, 5,69 por cento, países que, em 2013, ficaram abaixo dos 5 por cento do total de turistas em Setúbal.
Segurança atrai visitantes A principal revista de informação belga francófona recomenda Setúbal para férias por considerar que a cidade é um dos dez destinos turísticos mais seguros do mundo. Um artigo da “Le Vif/L’Express”, semanário com uma tiragem média próxima dos 100 mil exemplares, integra Setúbal na seleção das “Dez cidades mais seguras para viajar sozinho”. “A maioria dos belgas gosta de viajar sozinho. Se quiser visitar uma cidade sozinho mas não sabe muito bem aonde ir, selecionámos dez cidades
Os recursos naturais e os produtos regionais foram bandeiras hasteadas por Setúbal na FITUR 2015 – Feira Internacional de Turismo, que decorreu entre 28 de janeiro e 1 de fevereiro em Madrid, Espanha. Num pavilhão próprio, o concelho promoveu a marca turística “Setúbal é um mundo – Visit Setúbal”, assente nas linhas de força Arrábida e Sado, Gastronomia e Vinhos, e Birdwatching. Acresce que o pavilhão de Portugal dedicou um dia ao concelho, com a apresentação de um novo filme turístico e a realização de provas e degustações de Moscatel de Setúbal. A Autarquia aproveitou o certame para estabelecer contactos com jornalistas, bloggers, agências e operadores na área do turismo e agendar reuniões para a criação de parcerias de divulgação do concelho na imprensa espanhola como destino turístico. “Este foi mais um passo na projeção turística e na promoção de Setúbal como uma grande capital de distrito e um destino de excelência”, aponta a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, sobre a aposta do investimento municipal na FITUR, a qual contou com 200 mil visitantes e a representação de 165 países.
TURQUIA. A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, esteve em Istambul, Turquia, para uma reunião do conselho de direção do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, a que também preside. A jornada de trabalho, entre 21 e 25 de janeiro, incluiu uma passagem pela EMITT – Exposição Internacional de Turismo e Viagem do Mediterrâneo Este.
seguras onde corre menos riscos de ter encontros desagradáveis”, refere a revista, associada do “L’Express”, um dos jornais generalistas com maior destaque em França. O texto é acompanhado de fotografias do “top 10” dos locais turísticos mais seguros do mundo, que inclui ainda Copenhaga, na Dinamarca, Otava, no Canadá, Auckland, na Nova Zelândia, Helsínquia, na Finlândia, Hilo, no Havai, Estados Unidos, Perth, na Austrália, Oslo, na Noruega, Malmo, na Suécia, e Marselha, em França.
Concelho ao natural A Câmara Municipal aprovou no dia 18 de fevereiro, em reunião pública, um acordo de colaboração com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para implementação da marca Natural.PT. A parceria destina-se a áreas integradas e classificadas no território do concelho sadino, como o Parque Natural da Arrábida e a Reserva Natural do Estuário do Sado. A Natural.PT, da responsabilidade do Instituto
da Conservação da Natureza e das Florestas, é uma marca nacional de divulgação de produtos e serviços de excelência das áreas protegidas de Portugal continental. Estrategicamente ligada a um património natural nacional de exceção, reconhece a conservação dos valores naturais e socioculturais das áreas protegidas e a preservação das atividades e saberes tradicionais de Portugal, projetando essas áreas nacional e internacionalmente.
freguesia
12SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15
Adro recupera encanto
A entrada de Vila Nogueira de Azeitão está cada vez mais bonita. Depois da recuperação dos antigos lavadouros, foi agora requalificado o adro da Igreja de S. Lourenço
O adro da Igreja de S. Lourenço, em Vila Nogueira, foi integralmente requalificado no início do ano, depois de uma intervenção da Junta de Freguesia de Azeitão recuperar o pavimento e assegurar trabalhos de arranjos urbanísticos.
A junta de freguesia investiu cerca de 15 mil euros no projeto, que consistiu na recuperação do espaço localizado numa das principais entradas e cartões de visita da vila azeitonense, próximo da Praça da República, mais conhecida como Rossio, da Fonte dos Pasma-
dos e da Casa-Museu José Maria da Fonseca. “De certa forma, esta intervenção dá seguimento às obras de requalificação dos lavadouros de Azeitão, que se encontram ao lado da igreja e que reabriram ao público com a cerimónia realizada durante as últimas comemorações do 25 de
Abril”, sublinha a presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Celestina Neves. As obras, feitas por empreitada, decorreram durante sensivelmente um mês, ao longo de janeiro. Os trabalhos incidiram na substituição das árvores que ali se encontravam, por se apresentarem totalmente secas, e na remoção das pedras do pavimento, o que resultou no nivelamento do solo do adro da Igreja de S. Lourenço. O projeto incluiu igualmente uma intervenção profunda de melhoria e modernização do sistema de drenagem de águas pluviais, etapa após a qual foram novamente colocadas as pedras originais do pavimento, agora sem desnivelamentos. Quanto a arranjos urbanísticos foram instaladas novas floreiras em ferro, pintados os bancos do adro e executados pequenas beneficiações no mobiliário e nas estruturas ali existentes. A iluminação pública foi reforçada, não apenas na área correspondente ao adro, onde foram instalados novos focos de luz no chão, mas também ao redor de toda a igreja. O cruzeiro em pedra existente no adro da Igreja de S. Lourenço beneficiou igualmente de trabalhos de lavagem. Na Rua José Augusto Coelho, na área adjacente ao adro, foram pintadas novas passadeiras para reforçar a segurança rodoviária na zona.
Trabalhos dão fim a cheias A Rua Francisco Serranito, no Bairro da Bonita, na localidade das Pontes, foi alvo de trabalhos ao nível da drenagem de águas pluviais, intervenção realizada durante o mês de fevereiro. A obra teve como principal objetivo terminar com o fenómeno de inundações que repetidamente se verificava naquela via durante a ocorrência de chuvas. A intervenção, desenvolvida através de administração direta pela Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, tem um orçamento estimado de cerca de 5 mil euros. A execução dos trabalhos contou ainda com a colaboração da Câmara Municipal de Setúbal, responsável pela cedência de materiais de construção. O projeto consistiu na construção de uma vala, devidamente impermeabilizada, onde
se aplicaram manilhas de esgoto. À superfície foram instalados sumidouros para a correta captação das águas pluviais. As obras decorreram ao longo de 15 dias e as chuvas que entretanto caíram já puseram à prova o novo sistema de drenagem de águas pluviais, que “funcionou como esperado e evitou a ocorrência de cheias na zona e os consequentes transtornos para o comércio e moradores”, sublinha o presidente da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, José Belchior. Com a conclusão dos trabalhos na Rua Francisco Serranito, a junta de freguesia conta dar início, o mais brevemente possível, a uma intervenção semelhante na Rua 9 de Outubro, localizada na Gâmbia, onde também será instalado um sistema de drenagem de águas pluviais.
Passeios de todos A Estrada da Morgada, no Faralhão, freguesia do Sado, beneficiou de uma ação de requalificação no final de dezembro, através da qual se construíram cerca de trezentos metros de passeio, numa intervenção que contou com a participação da população. O projeto, desenvolvido por administração direta pela Junta de Freguesia do Sado, com o apoio da Câmara Municipal, beneficiou um troço localizado sensivelmente a meio da Estrada da Morgada, via desprovida de passeios na maior parte do trajeto. O presidente da junta de freguesia, Manuel Véstias, aponta que “uma das preocupações é a segurança dos peões” e salienta que a medida resultou, ainda, “numa melhoria da própria segurança rodoviária, com o alargamento da faixa de rodagem”. A instalação de vias pedonais daquele troço re-
presentou um investimento de cerca de 9 mil euros, com sensivelmente 4 mil a serem canalizados para a aquisição de material. O projeto, que incidiu em cem metros de um lado da via e noutros duzentos do lado oposto, teve a participação direta de moradores, que assumiram os encargos inerentes à aquisição de materiais para a construção dos passeios, nomeadamente pavet e lancis. A Câmara Municipal, que contribuiu com o fornecimento de materiais, vai executar no local, em breve, um sistema de drenagem de águas pluviais. Em paralelo, a Junta de Freguesia do Sado procedeu à colocação ou, consoante os casos, à requalificação de passeios nas Praias do Sado, mais concretamente nas ruas Engenheiro Ribeiro da Silva, Ferreira Castro e parte da Gomes Leal.
economia
13SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15
Inovação com rota
DECORAÇÃO. As ruas da Baixa ganharam novos tons, com cerca de seis centenas de sombrinhas coloridas penduradas entre os edifícios a embelezar o espaço público ocupado pelo comércio tradicional. Brancos, amarelos, vermelhos, verdes, azuis. Há chapéus de chuva de todas as cores pendurados nas ruas Dr. Paula Borba e Álvaro Castelões e transversais, com a maioria a fazer referência a lojas locais aderentes ao projeto. A iniciativa dos lojistas com o apoio da Autarquia capta a atenção das pessoas, sendo frequente ver telemóveis, tablets ou máquinas fotográficas apontadas ao céu para registar o novo visual. Até maio, não há chuva que molhe o chão da Baixa de Setúbal.
A inovação e o empreendedorismo e, principalmente, estratégias e ferramentas para os gerir foram o ponto de partida do primeiro encontro Rotas da Inovação Empresarial, a 28 de janeiro, no Fórum Municipal Luísa Todi, promovido pela empresa Gastão Cunha Ferreira. A iniciativa, com o apoio da Autarquia, reuniu num único local responsáveis de empresas e instituições que representam diferentes caminhos possíveis para assegurar que novos empreendedores garantam o êxito de investimentos inovadores. A vereadora das Atividades Económicas, Carla Guerreiro, assinalou a pertinência do início do ciclo de seminários em Setúbal, concelho com um grande polo industrial e empresarial e no qual a atividade turística teve um aumento de 17 por cento em 2014. A autarca referiu que a Autarquia tem ao serviço o Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal, “importante ponto de apoio para quem deseja iniciar ou dar um seguimento sólido a um projeto”.
Parcerias incentivam negócios Sinergias para o sucesso. A Câmara Municipal firmou um conjunto de parcerias que procuram estimular o empreendedorismo e o investimento em Setúbal. O objetivo é apoiar novas oportunidades de negócio, capazes de catalisar mais riqueza para o concelho Um conjunto de protocolos de colaboração com o objetivo de apoiar e incentivar o desenvolvimento de pequenas e médias empresas no concelho foram celebrados pela Câmara Municipal, a 26 de fevereiro, no Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal. Na cerimónia, a vereadora das Atividades Económicas, Carla Guerreiro, sublinhou a aposta forte na melhoria dos serviços de apoio ao empreendedorismo, até porque “muitas pessoas procuram a Autarquia todos os dias porque têm uma ideia, um projeto, e precisam de orientação para os implementar”. Os protocolos, celebrados com cerca de uma dezena de entidades, permitem desenvolver ou reforçar parcerias entre a Câmara Municipal e associações que, direta ou indiretamente, apoiam o empreendedorismo e o crescimento de empresas.
A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, destacou que as parcerias representam um passo para Setúbal “aprofundar a estratégia de desenvolvimento regional, com a participação ativa dos diversos agentes económicos e sociais”. A autarca acentuou que a estratégia de desenvolvimento é canalizada através dos serviços municipais, nos quais se verifica “a maior celeridade praticada na análise das intenções de investimento, o acompanhamento especializado e a permanente disponibilidade para procurar soluções”. Maria das Dores Meira assinalou, igualmente, que o concelho “tem enormes capacidades de gerar riqueza”, em função de várias características que o distinguem, como o facto de ser o “polo urbano mais autónomo e menos dependente das relações pendulares com Lisboa”. As parcerias foram firmadas com a ANECRA
Tertúlias contribuem para debate de ideias
– Associação Nacional das Empresas do Comércio e Reparação Automóvel, a ANPME – Associação Nacional das Pequenas e Médias Empresas, a ANDC – Associação Nacional de Direito ao Crédito, a Agrobio, a APERSA – Associação de Pequenos Empresários da Re-
gião de Setúbal e Alentejo, a CPPME – Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas, a EDINSTVO – Associação de Imigrantes dos Países de Leste e a IDSET – Associação Portuguesa para a Inovação e Desenvolvimento.
O impacte económico no comércio tradicional com a abertura do Alegro Setúbal foi debatido a 25 de fevereiro, no Mercado do Livramento, na segunda sessão do ciclo “Tertúlias no Mercado”, organizado pela Autarquia em parceria com a pereirapisco.creativity e a WinWin Talents. A forma como o comércio local se adaptou à chegada da nova superfície comercial centrou atenções no segundo encontro do novo evento municipal, que procura promover a reflexão sobre temáticas económicas diversas e com particular interesse para a região. No encontro, em que participaram representantes do comércio local, da Associação de Comerciantes do Mercado do Livramento e do Alegro Setúbal, além de diversos munícipes, a maioria dos intervenientes apontou como positiva a chegada do novo centro comercial.
Clementina Vira, que falou em nome de alguns comerciantes da Baixa, considerou que “foi bom o Alegro ter vindo para a cidade” e que os problemas existentes no comércio tradicional vêm de trás e resultam da “falta de dinheiro das pessoas”. A diretora do Alegro Setúbal, Ana Santos, refutou a ideia da existência de uma divisão entre o Alegro e a Baixa comercial. “Temos clientes que vêm do Alentejo e que me dizem que, depois das compras, vão à cidade comer um peixinho.” Os mecanismos de revitalização do centro histórico da cidade também foram abordados no encontro realizado no auditório do Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal. A próxima sessão das “Tertúlias no Mercado”, a realizar a 29 de abril, é dedicada ao tema “A Marca Setúbal”.
14SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15
O trabalho, o contacto com a natureza, a formação musical, a responsabilidade e a união ganham peso na vida dos 55 rapazes que vivem na Casa do Gaiato de Setúbal. São conhecidos no exterior pela mala de ganga a tiracolo, onde guardam o jornal que vendem, mas pouca gente lhes conhece verdadeiramente os sonhos e a obra que os acolhe
Uma história de rapazes plano central
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inguém é criado de ninguém.” O quadro com uma das regras de ouro está numa parede exterior da Casa do Gaiato de Setúbal. Todos sabem o seu dever. Mamadu, João, Sidney e Florentino cumprem a obrigação de tratar do espaço onde vivem. Apanham as folhas secas que o inverno deixa no jardim, cortam a relva, cultivam a terra e apanham laranjas. Cada um tem uma tarefa, como é normal numa família numerosa. Conhecer o campo e a vida animal é um dos hábitos que os quatro rapazes partilham. O cheiro a natureza e o chilrear dos pássaros caracterizam o ambiente que os rodeia. “Temos vacas, vitelos, patos, porcos, jardins, flores, laranjas, hortaliças, batatas, tomate, feijão, milho… sombras. Há todo um conjunto de riquezas que a mãe terra nos dá. Tudo isto entra na vida dos rapazes sem eles darem por isso”, explica o padre Acílio Fernandes, responsável pela Casa do Gaiato de Setúbal. Jedi Nelson, 10 anos, junta-se aos amigos. Fanático sportinguista, visível na camisola que veste, tem o sonho de ser futebolista. Vive na Casa do Gaiato de Setúbal, em Algeruz, desde os 6 anos e acabou por entrar na grande família dos “rapazes sem família”. Alguns deles querem, como Jedi, ser futebolistas. Por agora, no campo, entusiasmam-se a colher, cheirar e aproveitar para comer uma laranja ou outra. Os cinco rapazes frequentam a EB Luísa Todi e sabem que têm de estudar, estudar muito, estudar
sempre. A escolaridade é a grande prioridade na Casa do Gaiato. Todos os dias têm explicações dadas por voluntários. É o caso de João Banha, engenheiro aeroespacial, que se desloca à casa todos os domingos à tarde para explicar matemática e físico-química a quatro alunos do 7.º ao 9.º ano.
Olhar para a música “Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.” É dia de ensaios para os vinte e três jovens da Banda Filarmónica da Casa do Gaiato, formada no âmbito do projeto “Humanitária Solidária”. O projeto, uma parceria entre a Volkswagen Autoeuropa e a Sociedade Filarmónica Humanitária, de Palmela, criou uma bolsa de estudo – Bolsa Tarquínio da Silva Reis –, com o objetivo de formar musicalmente os rapazes. Além da iniciação musical, aprendem a tocar vários instrumentos
– saxofone, bombardino, tuba, trompete, trompa, clarinete, flauta e percussão. “É uma porta aberta em termos profissionais para construir um futuro”, explica o professor, João Cipriano, que ensina um dos alunos enquanto dá umas dicas. “Tenta estar mais relaxado no músculo dos lábios. Imagina uma linha na sala e toca.” Além de João, à frente do projeto estão Pedro Cordeiro, Tânia Mendes, Sandra Teixeira e Fábio Oliveira, professores da Sociedade Filarmónica Humanitária. Um som muito grave proveniente do pátio irrompe no silêncio indolente do início da manhã. Camam, 17 anos, agarrado a uma tuba, pratica cada nota a partir da música “Aura Lee”. Parece um teste de respiração debaixo de água. “Sou bom aluno, mas muito conversador”, confessa. Apesar de gostar de música, principalmente das “mais calmas”, Ca-
Caminho de autonomia A finalidade da Casa do Gaiato é acolher, educar e integrar na sociedade crianças e jovens que, por qualquer motivo, se viram privados de meio familiar adequado. Dentro da Casa do Gaiato de Setúbal, em Algeruz, já existiu uma telescola e uma escola primária, entretanto encerrada devido à redução do número de alunos. Hoje, apenas restam as oficinas – uma carpintaria, uma serralharia e uma tipografia –, noutras instalações, na Rua Camilo Castelo Branco, para formar os gaiatos num ofício e criar hábitos de trabalho. Em termos financeiros, sobrevive com a contribuição de donativos de entidades particulares e da comuni-
mam não sonha fazer da atividade uma profissão. Um tumor na cabeça virou-lhe a vida do avesso, mas fez com que ganhasse uma certeza: “Quero ser médico para tratar das outras pessoas como trataram de mim.” Sonho, apenas, ou talvez realidade. Por enquanto, Camam frequenta o 9.º ano e continua a tocar tuba no átrio de casa.
De portas abertas São onze da manhã. Na cozinha, o ambiente é bastante descontraído e de alegria genuína. Tiago Encarnação, 28 anos, trabalhador da Sa-
dade em geral. A grande maioria é formada por alimentos, calçado, vestuário, brinquedos. A Casa do Gaiato de Setúbal abriu portas em 1955. Atualmente, acolhe 55 rapazes, com idades compreendidas entre os 9 e os 35 anos. O objetivo, explica o padre Acílio Fernandes, é que constituam projetos de vida que passem pela autonomia, a qual se traduz “numa aquisição de regras e competências organizativas, na maturação da personalidade, na entrada no mercado de trabalho, na obtenção de uma habitação”, ou seja, que se tornem “indivíduos socialmente autónomos”.
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pec, confeciona o almoço. O cheiro a feijoada, cozinhada numa panela enorme, toma conta do espaço. Numa mesa a um canto da sala, o padre Acílio, ao serviço na obra há quase sessenta anos, come uma sandes e bebe um copo de leite. Ele é o encarregado de educação de todos os gaiatos, desde que entram até ao dia em que saem, já adultos. Acompanha-os de perto, orienta-os, percebe as dificuldades e capacidades de cada um e garante a saúde, a alimentação, os estudos, as férias, os tempos livres e a cultura de cada um. “Não somos um reformatório, um refúgio, um asilo, um colégio ou um orfanato. Somos uma grande família”, costuma dizer. O mote da Casa do Gaiato é fazer de cada rapaz um homem. “Utilizamos todos os meios ao nosso alcance, sempre com amor e devoção, explorando as capacidades intelectuais, morais, sensitivas de cada rapaz, de forma a serem homens”, explica. A instituição, fundada pelo padre Américo há sessenta anos, é hoje a estrutura familiar de 55 rapazes. Os mais novos saem todos os dias de manhã para a escola. Os mais velhos vão para o trabalho e os que estão desempregados trabalham
na casa. Também há quem ande na universidade, a sonhar com um canudo. Enquanto, na cozinha, Tiago faz o almoço para todos, na sala de refeições, espaço com muita luz natural e guardada pelos 10 Mandamentos de Deus, afixados num quadro, uma das 14 mesas é preenchida por estudantes. “Tenho muitas dúvidas nas contas de dividir, Vasco.” A matemática não é a disciplina preferida de Sydney, aluno do 5.º ano, mas parece ser mais fácil com a ajuda do amigo. Vasco, 21 anos, estudante do 2.º ano do curso de Tecnologias de Energia no Instituto Politécnico de Setúbal, é um dos sete gaiatos a frequentar um curso superior. “Quero seguir as energias renováveis”, diz, sem tirar os olhos das contas de dividir de Sydney. Terminada a refeição e até às cinco da tarde, hora a que se inicia o período dedicado ao estudo, jogam à bola no campo de futebol e matraquilhos, andam de bicicleta ou brincam despreocupados, alguns perto do laranjal. Não falta espaço para serem livres, espontâneos e fazerem as suas traquinices. Não é por acaso que um dos princípios do padre Américo, figura omnipre-
sente na casa, é “ninguém espere fazer homens de rapazes domados”.
Forte união Alguém bate à porta do escritório do padre Acílio. “Senhor padre, posso levar alguns miúdos a Lisboa para irmos ver o Ivanoel?” (ver texto ao lado). É David, 25 anos, acompanhado de dois gaiatos. Aproveitando o dia de folga, veio visitar os amigos. “Esta é a minha segunda casa”, comenta o trabalhador da Secil, que saiu da casa há cinco anos. Depois de um ralhete, porque “deviam ter dito mais cedo”, um leve aceno com a cabeça basta para que os rapazes saiam com um sorriso nos lábios de uma ponta à outra, felizes da vida. Apesar de já não viver na Casa do Gaiato, David sabe que leva consigo muitos hábitos para o resto da vida. “Não consigo ver ninguém a deixar comida no prato, por exemplo.”
Sonhos realizados Queria ser jogador de basquetebol, mas foi a dança que o apaixonou. Ivanoel Monteiro Tavares, 21 anos, nasceu na Baixa da Banheira, Moita. “A minha mãe não tinha condições para estar comigo e pôs-me na Casa do Gaiato quando eu tinha 10 anos.” Antes de entrar, andava por maus caminhos. “Roubava, fazia muitas coisas que não se deve fazer”, reconhece. “A minha mãe tomou a melhor decisão.” Foi através da Casa do Gaiato que “Belas”, como é conhecido entre os amigos, se formou na Academia de Dança Contemporânea de Setúbal. “Ele é um bom rapaz, muito dedicado”, sublinha o padre Acílio. Mais tarde, estagiou na Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo e no Quorum Ballet e trabalhou dois anos com a Dançarte, em Palmela, mas “não é fácil, um mês com trabalho, outro, sem”. Acorda todos os dias às sete, treina trinta horas por semana, mas assegura várias tarefas na casa. “Faço leitura na missa, estou na vacaria a trabalhar, na cozinha, entre muitas outras coisas.” Quando começou a dançar, Ivanoel gostava da liberdade que sentia a cada pirueta. “É um refúgio em que posso esquecer tudo o que aconteceu, em que posso pensar que consegui superar isso.” Chegou ao top 20 do programa televisivo “Achas que sabes dançar?”, da SIC. “Foi o momento mais feliz da minha vida.” Vê o padre Acílio como um pai. “Foi ele que me ajudou a definir o que eu queria de profissão. Fez com que conseguisse realizar muitos sonhos. Tirei o 12.º ano, a carta de condução e entrei para a academia.” Os comentários que ouviu entre os amigos, a ideia de que os rapazes calçam chuteiras e não sabrinas, tudo o que de bom e de mau viveu só fizeram com que uma certeza crescesse dentro dele. É a dançar que Ivanoel é feliz.
cidadania
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Mulher partilha caminhos Igualdade entre género. A premissa dá alma a um programa comemorativo que celebra, ao longo de março, o Dia Internacional da Mulher. Pela paz e pelos direitos das mulheres, uma caminhada juntou uma centena nas ruas a dar voz contra as desigualdades de género. No Museu do Trabalho houve uma tarde intercultural no feminino, enquanto nas Manteigadas a gastronomia deu o mote a um convívio de moradores
Uma “Caminhada pela Paz e Direitos das Mulheres”, com mais de cem pessoas, que culminou com a plantação de uma oliveira, foi um dos momentos altos do programa que assinalou em Setúbal, a 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. Com pontos de partida na Praia da Saúde e na Junta de Freguesia de S. Sebastião, a marcha de alerta para os problemas e as desigualdades que afetam as mulheres em pleno século XXI juntou homens e mulheres em direção ao Jardim de Palhais, para uma ação simbólica.
A vereadora Carla Guerreiro prestou homenagem a todas as mulheres que lutaram pela consagração dos seus direitos e aludiu a problemas atuais como a discriminação no trabalho, as desigualdades salariais e a violência doméstica. Os participantes, entre os quais um representante da República Árabe Saharaui Democrática, relembraram, numa ação de solidariedade que incluiu a plantação de uma oliveira, as mulheres do Sahara Ocidental, muitas a viver em campos de refugiados há quarenta anos. A iniciativa, realizada pelo terceiro ano
consecutivo, foi promovida pelo Movimento Democrático de Mulheres com o apoio da Autarquia, da União das Freguesias de Setúbal, da Junta de Freguesia de São Sebastião e da Associação de Atletismo Lebres do Sado. O programa que assinala o Dia Internacional da Mulher, este ano com o tema “Igualdade – Caminhos Partilhados”, inclui um vasto conjunto de atividades dinamizadas ao longo de março, com debates, desporto, exposições, cinema, música e teatro.
Destaque para uma tarde intercultural realizada a 8 março, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, com a exibição de um filme sobre a organização da relação hierárquica entre género e uma palestra sobre tradição das mulheres na Roménia. A celebração do Dia Internacional da Mulher incluiu ainda um convívio gastronómico, com um atelier de culinária, realizado nas Manteigadas no âmbito do programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade” (ver mais informações em baixo).
Dinâmica à vista nos bairros
Nas asas da liberdade Os valores universais da Liberdade e da Paz foram evocados a 9 de fevereiro numa iniciativa europeia da Federação Internacional de Resistentes, promovida a nível nacional pela União de Resistentes Antifascistas Portugueses, que assinalou o 70.º aniversário do final da II Guerra Mundial. Mais de meia centena de pessoas receberam a Tocha da Liberdade e da Paz na Praça de Bocage, defronte dos Paços do Concelho, momento que culminou com a libertação de 14 pombas brancas que voaram pelos céus de Setúbal.
A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, recordou o dia em que o exército soviético entrou em Auschwitz, na Polónia, e encontrou “o horror de 8 mil prisioneiros, enregelados, famintos, moribundos, os últimos de um total de 1 milhão e 300 mil enviados para aquela fábrica da morte do regime nazi”. Setúbal foi um dos pontos passagem do périplo europeu da Tocha da Liberdade e da Paz, símbolo do fim do conflito mundial, a qual percorreu, na cidade, vários locais públicos e escolas antes da chegada ao centro histórico.
A participação ativa de moradores da área de intervenção do “Nosso Bairro, Nossa Cidade” não para de surpreender. Novas iniciativas, com destaque para as áreas da formação, mostram dinâmicas renovadas. Mas também há convívios e celebrações, sempre no espírito de comunidade. A realização de ações de formação, com as mais variadas temáticas e para todos os públicos, tem sido uma das principais apostas neste início de ano do programa em desenvolvimento desde 2012, com ações impulsionadas por moradores com o apoio da Autarquia. Habitação, associativismo e higiene e limpeza foram algumas das áreas temáticas trabalhadas nas várias sessões formativas abertas a moradores da Bela Vista, Forte da Bela Vista, Alameda das Palmeiras, Quinta de Santo António e Manteigadas, bairros englobados na zona de intervenção do programa. As formações, dinamizadas em instalações municipais, incluíram sessões direcionadas exclusivamente para interlocutores, a par de ações para monitores do projeto “Férias no
Bairro”, que aprenderam e praticaram técnicas de escalada na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal. O “Nosso Bairro, Nossa Cidade” também é feito de festa. Nas Manteigadas, o Carnaval foi celebrado nas ruas, com as crianças a desfilar as mais variadas máscaras e fantasias. Já no Dia Internacional da Mulher, a comunidade juntou-se para um convívio que teve na gastronomia o fator de união.
Que comecem os Jogos Os Jogos do Sado estão de volta e já fazem mexer a cidade. Em terra e na água, há atividades para todas as idades, com competições oficiais e provas abertas à população, sem esquecer o público escolar. A 13.ª edição bate o recorde de eventos organizados na história do programa municipal de promoção e incentivo da prática desportiva Atividades abertas à participação popular e provas de competição oficial marcam o calendário desportivo dos “13.os Jogos do Sado”, ecletismo que ficou patente na cerimónia de abertura do programa desportivo, realizada a 22 de fevereiro no Fórum Municipal Luísa Todi. No habitual ambiente de confraternização de atletas, dirigentes, clubes e associações participantes nos Jogos do Sado, a edição 2015 arrancou com um espetáculo que juntou um conjunto variado de demonstrações desportivas e apontamentos culturais. “Voltamos a viver as emoções de mais uma fes-
ta do desporto, evento que afirma a cidade e o concelho como um exemplo de boas práticas desportivas e de promoção de hábitos de vida saudáveis”, salientou a presidente do Município, Maria das Dores Meira, na abertura do evento. Os Jogos do Sado, organizados pela Autarquia com o patrocínio da Águas do Sado, proporcionam atividades de participação popular, provas escolares e competições oficiais, todas com o envolvimento de “milhares de setubalenses e azeitonenses em momentos de partilha e diversão desportiva”, frisou. No calendário deste ano, com um total de 42
Candidatura europeia para a cidade Setúbal é candidata a Cidade Europeia do Desporto em 2016, decisão anunciada a 22 de fevereiro, no Fórum Municipal Luísa Todi, pela representação portuguesa da ACES Europe – Associação das Capitais e Cidades Europeias do Desporto, entidade que atribui o título desportivo. A aceitação da candidatura setubalense, oficializada na cerimónia de abertura dos 13.os Jogos do Sado, “é o corolário das apostas que o Município tem concretizado ao longo dos últimos anos”, vincou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira. Para a autarca, convicta de que Setúbal será Cidade Europeia do Desporto em 2016, ano de competição olímpica, esta é a prova de que os investimentos feitos no concelho estão a ter retorno. “Seremos vencedores, até porque temos todas as condições reunidas”, afirmou. Momentos antes da entrega de uma placa simbólica pela aceitação da candidatura, o presidente da representação portuguesa da ACES Europe, Nuno Santos, afirmou que “Setúbal tem cumprido todos os requisitos necessá-
eventos, dos quais 17 são no rio Sado e oito na Serra da Arrábida, destaque para a realização de uma etapa da Taça do Mundo de Águas Abertas FINA 2015, prova de natação internacional que reúne os melhores atletas do mundo na modalidade. Os Jogos materializam um momento em que Setúbal “recebe alguns dos melhores atletas do mundo em especialidades como a natação em águas abertas ou o biatle” e que mostra a vertente integradora “com a organização de um conjunto de atividades de desporto adaptado”, realçou a autarca. No elenco desportivo, a dinamizar até outu-
desporto
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bro, sobressaem ainda outras provas como o Campeonato da Europa de Biatle/Triatle, a Taça de Portugal de Kayak-Mar, o XV Raide Bicasco, o III Aquatlo Cidade de Setúbal, o III Duatlo Jogos do Sado e etapas dos campeonatos nacionais de Kayak-Polo e de Master Laser. Em clima de convívio que juntou atletas, dirigentes, clubes e associações participantes nos “13.os Jogos do Sado”, promovidos com o apoio da empresa 100 Entrada, a edição arrancou com um espetáculo que juntou demonstrações desportivas e apontamentos culturais.
Corta-mato junta três mil Perto de 3300 alunos, de 87 escolas do distrito, participaram no Corta-Mato Escolar Península de Setúbal 2015, prova desportiva realizada a 11 de fevereiro no Parque Sant’Iago, este ano com competição em benjamins, o que permitiu alargar a participação a alunos do 1.º ao 12.º ano de escolaridade. No evento, com organização conjunta do Desporto Escolar da Península de Setúbal e da Câmara Municipal, aberta aos alunos das escolas públicas e privadas, os atletas foram distribuídos por escalões, de acordo com a idade e o género, percorrendo, desse modo,
rios”. A decisão final é conhecida até ao final de setembro. O incentivo da vertente competitiva e a promoção do desporto informal e de estilos de vida saudáveis são objetivos da iniciativa daquela entidade, que elege anualmente uma capital europeia do desporto e, no máximo, duas dezenas de cidades europeias do desporto, sendo que cada país pode ter, no máximo, duas cidades a ostentar o título.
distâncias que variaram entre os 500 e os 3500 metros. Letícia Bragança, em benjamins, Madalena Sardinha e Gabriel Peso, infantis A, Raquel Aleixo e Rui Sousa, infantis B, Joana Branco e João Valido, iniciados, Rita Ribeiro e David Ferreira, juvenis, e Catarina Anastácio e Cláudio Ribeiro, juniores, foram os vencedores da prova. Depois da competição setubalense, os melhores atletas representaram o distrito no Corta-Mato Escolar Nacional, realizado a 7 de março, na Guarda.
cultura
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Simone com força de viver
Simone de Oliveira esteve no dia 6 de março no auditório da Biblioteca Pública Municipal de Setúbal para apresentar a obra autobiográfica. Na apresentação de “Simone: Força de Viver”, criado com Patrícia Reis, a cantora e atriz recordou os momentos que a marcaram na vida e que partilha no livro. Simone de Oliveira interagiu com o público presente no encontro, respondendo às perguntas que lhe foram lançadas.
Vitória com alma
Boa parte da técnica vem da formação académica, dedicada ao canto lírico. Mas é na alma que nasce a voz genuína com que Mickael Salgado canta o fado. O mais recente vencedor do Concurso de Fado Amador de Setúbal assume o desejo de se tornar profissional Mickael Salgado brilhou no desfecho do 7.º Concurso de Fado Amador de Setúbal ao vencer a gala final, que decorreu, no dia 21 de fevereiro à noite, na sede esgotada da Sociedade Musical Capricho Setubalense. O jovem de 23 anos, natural de Tentúgal, Montemor-o-Velho, sobressaiu entre os sete finalistas que conquistaram um lugar na gala final do concurso promovido pela Câmara Municipal de Setúbal e pela Capricho Setubalense. Formado no canto lírico, no qual é licenciado e mestre, Mickael Salgado sente uma paixão especial pelo fado desde criança. Com Fernando Farinha como “ídolo de sempre”, o fadista amador, invisual, entende o primeiro lugar no Concurso de Fado Amador de Setúbal como um incentivo
para a profissionalização. “Assumo que é um desejo tornar-me profissional e este momento acaba por ser mais uma ajuda nessa direção.” O salão da Capricho Setubalense encheu por completo com público que fez questão de marcar presença para assistir à gala final do 7.º Concurso de Fado Amador, a qual contou ainda com as participações de Susana Almeida, segunda classificada, Sofia Ramos, que ficou em terceiro lugar, Raquel Faria, Valter Palma, Carla Marono e Maria João Rodrigues. Mickael Salgado, também vencedor do Prémio do Público, recompensado com 125 euros, recebeu, pelo primeiro lugar no concurso, um cheque de 500 euros, um fim de semana para duas pessoas no Hotel do Sado e o direito a gravar um CD através da RW Música, patrocinadora da prova.
O fadista garantiu também atuações no cartaz de 2015 da Feira de Sant’Iago, bem como na iniciativa “Lugar ao Fado”, na Casa da Cultura, e um showcase na Fnac Setúbal, no centro comercial Alegro. No desfecho do concurso, o vereador da Cultura da Câmara Municipal, Pedro Pina, salientou que “os mais de trinta candidatos oriundos de vários pontos do País que se apresentaram para a sétima edição do evento são um sinal de que este é um evento que chega longe e de que a cidade de Setúbal recebe bem quem a visita”. Entre os três elementos do júri desta edição do concurso estava Toy, que atuou nos intervalos da gala final. “Estou aqui também como fadista amador. A minha profissão não é cantar fado”, advertiu instantes antes de impressionar e emocionar a plateia com a qua-
lidade da interpretação dos fados. A gala final do 7.º Concurso de Fado Amador de Setúbal ficou marcada por um constante ambiente de festa, envolto no registo castiço do fado. Para isso contribuiu o jantar organizado pela Capricho Setubalense, que encheu o salão logo a partir das oito da noite, apesar de os concorrentes só começarem a cantar cerca de duas horas mais tarde. A sala, que entoou juntamente com os participantes os refrões dos fados mais conhecidos, tinha vários núcleos de apoio aos diferentes fadistas amadores. A organização do evento contou com o apoio da Fundação Büehler‑Brockhaus, da União das Freguesias de Setúbal, da Fnac, da RW Música, do Hotel do Sado e da Rádio Amália, media partner do evento.
Aplauso para Maria Clementina Cerca de uma centena de pessoas homenagearam a autora, atriz e professora Maria Clementina Pereira num serão que decorreu, na Casa da Cultura, a 27 de fevereiro, dia em que completou 80 anos. O tributo “Maria Clementina – Uma Mulher da Ribalta”, que resultou da organização, em parceria, da Câmara Municipal de Setúbal, da Livraria Culsete, da Uniseti – Universidade Sénior de Setúbal e do atelier DDLX, juntou personalidades de diversas áreas. Algumas, como a presidente do Município, Maria das Dores Meira, a livreira Fátima Medeiros, o ator Carlos Rodrigues e o autor Arlindo Mota, discursaram sobre a homenageada, para destacarem
a importância que assume na cultura de Setúbal. “Tem uma marca indelével na vida da cidade, seja no teatro, seja nos
livros que escreveu, seja pela participação cívica na direção de várias associações”, salientou a presidente da Autarquia, referindo-se
a Maria Clementina, “fundadora de grupos de teatro amador, que passou pelo teatro profissional, que fez dos palcos sua casa”. Ao longo da noite foram proporcionados vários momentos em que a poesia de Maria Clementina Pereira foi lida e interpretada por Odete Santos, Célia David, Isabel Ganilho, Graziela Dias e José Nobre, acompanhados ao piano por António Laertes. No decorrer da sessão foram projetadas imagens que retratam o percurso pessoal e profissional de Maria Clementina Pereira. No final, foi servido um bolo de aniversário, com a inscrição “Maria Clementina | 80 anos de vida. Uma mulher da ribalta”.
Câmara ouve o cante
A música coral, com tónica no cante alentejano, levou a 6 de janeiro, Dia de Reis, dezenas de setubalenses aos Paços do Concelho da Câmara Municipal, para se ouvir cantar as janeiras. O final de tarde contou com os Toquivozes, de Vila Fresca de Azeitão, e os grupos corais alentejanos “Amigos do Independente” e “Amigos dos Sadinos”, da cidade. No final das atuações, foi servido moscatel de honra e o tradicional bolo-rei.
Janeiras em tom especial
Alunos da Escola de Ensino Especial da APPACDM de Setúbal estiveram na manhã do dia 5 de janeiro nos Paços do Concelho a cantar as janeiras. Mais de duas dezenas de crianças e jovens, com idades entre os 6 e os 18 anos, deslocaram-se à Autarquia para apresentar os tradicionais votos de bom ano à presidente da Autarquia. Maria das Dores Meira foi presenteada com uma música alusiva às janeiras da autoria dos próprios alunos.
Externato entoa tradição
As típicas janeiras foram cantadas no dia 9 de janeiro, na Câmara Municipal, por um grupo de seis dezenas de crianças do Externato Diocesano Sebastião da Gama. Na escadaria dos Paços do Concelho, pequenos cantores, com idades entre os 4 e os 10 anos, entoaram para a vereadora da Câmara Municipal de Setúbal Carla Guerreiro e funcionários da Autarquia duas canções tradicionais do Dia de Reis, que encerra a quadra do Natal.
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O recém-formado Ensemble Juvenil de Setúbal apresentou-se ao público pela primeira vez com um amor supremo. A paixão pela música é catalisadora nesta união de jovens que, à primeira vista, poderiam ter muitos outros motivos para se manterem separados. Com a música, ganha o grupo, mas também o público, que pode ouvir de Coltrane a Vivaldi e do Bangladesh à China O Ensemble Juvenil de Setúbal, novo grupo musical constituído por jovens com diferentes níveis de formação e capacidades cognitivas, concretizou no dia 1 de março, perante um Fórum Municipal Luísa Todi praticamente esgotado, a primeira apresentação pública. O novo Ensemble Juvenil, impulsionado pela Câmara Municipal e The Helen Hamlyn Trust, parceiras na A7M – Associação Festival de Música de Setúbal, mantém o mes-
Juntos pela música
mo espírito inclusivo do certame anual, que promove concertos interpretados por músicos de renome em conjunto com elementos da comunidade local, como estudantes e pessoas com deficiências. O espetáculo de estreia, com a duração aproximada de uma hora, consistiu na apresentação de um reportório eclético, que percorreu ritmos como o jazz, a world music e a música clássica. “Acknowledgement”, da composição “A Love
Supreme” de John Coltrane, e “Inverno”, das “Quatro Estações” de Vivaldi, foram dois temas interpretados pelo novo Ensemble Juvenil, constituído, atualmente, por jovens provenientes dos conservatórios regionais de Setúbal e Palmela, do grupo de percussão BelaBatuke, com atividade na Bela Vista, e, com necessidades especiais, do Externato Rumo ao Sucesso, da APPACDM de Setúbal e da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo.
Fórum promete ano mágico O Fórum Municipal Luísa Todi começou 2015 com casa cheia, registo que tem sido imagem de marca da sala de espetáculos onde os eventos percorrem caminhos como os da música, do teatro e até da magia. Sondeseu – Orquestra Folk da Galicia deu as boas-vindas ao novo ano com um concerto praticamente esgotado no dia 5 de janeiro. Na sequência de homenagens que o Fórum Luísa Todi tem prestado a grandes nomes das artes, coube a vez, no dia 10, do ator Ruy de Carvalho. Seguiu-se “Don Giovanni”, uma das mais famosas óperas de Mozart, apresentada a 17 de janeiro pelo Atelier de Ópera da Metropoli tana. A atuação teve ainda interpretação musical da Orquestra Metropolitana de Lisboa e do Coro de Câmara Lisboa Cantat. A programação do Fórum Luísa Todi apresentou, no dia 30, a comédia “Tiro e Queda”, com dois dos nomes mais conhecidos do humor português da atualidade, Eduardo Madeira e Manuel Marques. Num registo para o público infantil, o famoso Sítio do Picapau Amarelo levou nos dias 1 e 8 de fevereiro ao palco do Fórum Luísa Todi as aventuras de Emília, Narizinho e amigos, numa encenação da Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense.
Marta Miranda, João Lima e Pablos, que, em grupo, respondem pelo nome de OqueStrada, deram um concerto no dia 6 de fevereiro, integrado na digressão nacional da banda. Com sala esgotada várias semanas antes da data do concerto, 19 de fevereiro, Ana Moura apresentou no Fórum Municipal o novo álbum “Desfado”. Este foi o primeiro de três espetáculos do Ciclo de Concertos Íntimos 2015, que inclui Deolinda, a 11 de abril, e António Zambujo, 9 de maio. A Grand Union Orchestra atuou no dia 21 de fevereiro, numa noite de “Mil e Uma Marés”, em que apresentou a diversidade da música internacional. Já em março, a 6, a Banda da Armada assinalou o Dia Internacional da Mulher com um espetáculo original, em que se fez conduzir, pela primeira vez na história da formação, no feminino, pela batuta da maestrina Chiara Vidoni. No dia seguinte, a 7, Ana Bola apresentou-se ao público “Sem Filtro”, num monólogo em que refletiu sobre os quarenta anos de carreira e a falta de trabalho. O primeiro trimestre no Fórum Municipal Luísa Todi quase desapareceu diante do público, com Mário Daniel a dar dois espetáculos de ilusionismo. Nos dias 14 e 15 o mágico encantou, quase literalmente, as famílias com o espetáculo “Fora do Baralho”.
O reportório reservou também, na área da world music, temas tradicionais africanos, do Bangladesh e da China, com arranjos criados especificamente para o Ensemble Juvenil pelo compositor e maestro Tony Haynes. O novo ensemble atuou sob a regência de Rui Borges Maia, também responsável pela secção clássica. Pedro Condinho dirigiu os músicos com necessidades especiais e Fernando Molina orientou a secção de percussões tradicionais.
Polo das artes bate recorde Sucesso crescente. Ano após ano, a Casa da Cultura afirma-se como espaço privilegiado de promoção e divulgação das mais variadas formas de criação artística, da música ao teatro, das artes plásticas à literatura. Os números atestam o êxito consolidado do equipamento municipal. Mais de 70 mil visitantes só em 2014 De portas abertas há pouco mais de dois anos, a Casa da Cultura é uma referência para setubalenses e visitantes. Polo de concentração das mais diversas formas de arte e residência permanente de instituições do concelho, o espaço dá provas da importância cultural na região. Mais de 70 mil pessoas passaram, em 2014, pelo equipamento gerido pela Câmara Municipal de Setúbal, o que representa um aumento de 7,5 por cento em relação ao ano anterior, registo revelador do destaque crescente que o
equipamento tem vindo a assumir como polo de atividades artísticas. No total, verificou-se durante o ano passado a entrada de 72.808 utilizadores que recorreram às diferentes valências disponibilizadas na Casa da Cultura, equipamento de todos e para todos que conta com áreas dedicadas ao desenvolvimento das artes. O espaço, além de acolher manifestações artísticas como concertos, espetáculos cénicos e exposições, é utilizado para um leque mais alargado de eventos, como colóquios e
workshops, assim como de residência para diferentes instituições culturais do concelho dinamizarem a sua atividade. A Casa da Cultura, instalada num edifício de elevado valor patrimonial na história da cidade e inaugurada a 5 de outubro de 2012, havia sido visitada em 2013 por cerca de 67 mil pessoas. Em pouco mais de dois anos de funcionamento foi utilizada por perto de 150 mil visitantes. O perfil dos utilizadores, a apurar após a realização de um estudo em curso pela Autar-
cultura
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quia, engloba utentes das mais variadas origens e idades, inclusivamente de diferentes nacionalidades. Sabe-se, por exemplo, que já foi visitada por franceses, espanhóis, ingleses, belgas, holandeses, alemães, brasileiros e japoneses. Além dos serviços culturais disponibilizados e de integrar o Gabinete de Juventude da Autarquia, a Casa da Cultura conta com o Café da Artes, ponto de encontro para momentos de convívio e pequenos apontamentos culturais.
Autarquia em apoio do Festroia
Casa feita de gente A preto e branco, cerca de sessenta personalidades ligadas às mais variadas formas de arte e que, ao longo de dois anos, apresentaram trabalhos, conversaram e partilharam experiências na Casa da Cultura, voltaram a Setúbal, agora numa exposição fotográfica. Escritores, artistas plásticos, atores e músicos, a par de outras individualidades e agentes culturais, que debateram temas da atualidade, foram retratados na iniciativa “Gente Muito Cá de Casa”, organizada pelo atelier DDLX e pela Câmara Municipal, com fotografias tiradas por António Correia. Na exposição foi possível reencontrar António Mega Ferreira, José Mouga, Francisco Louçã, José Eduardo Agualusa, José Ruy, Luísa Tiago de Oliveira, Ana Sendas, André Carri-
lho, Sérgio Godinho, André Gago, Rui Zink, Teolinda Gersão, Fernando Dacosta e Viriato Soromenho-Marques. Entre os retratados, destaque, igualmente, para personalidades setubalenses que contribuem para a construção da memória e identidade sadina, como é o caso de Carlos Rodrigues, mais conhecido por Manel Bola, Fátima Medeiros, Albérico Afonso, Paulo Curto, Manuel Augusto Araújo e Zé Nova. A mostra, patente entre janeiro e fevereiro na Galeria de Exposições, foi dinamizada no âmbito do ciclo “Muito Cá de Casa”, projeto que, desde 2012, apresenta obras de autor na primeira pessoa, com o aliciante de o público poder participar em conversas informais com as personalidades convidadas.
A Câmara Municipal apresentou um forte repúdio pelo cancelamento da edição de 2015 do Festroia – Festival Internacional de Cinema de Setúbal, motivado pelo corte de apoios financeiros do Estado à organização. Em comunicado, a Autarquia, como principal parceiro e financiador do certame promovido anualmente ao longo de três décadas pela Associação Cultural Festroia, dedicado à divulgação e difusão da cultura da sétima arte, lamentou esta interrupção. “Tais cortes representam duro golpe na promoção das artes que muito penaliza Setúbal, mas também para todos os apreciadores da sétima arte que, desde 1985, acorrem a esta festa do cinema.” O Município sublinha que “foi, desde a primeira hora, um dos principais parceiros do certame e nunca regateou apoios à sua realização”. Acrescenta que, “só desde 2002, os apoios financeiros diretos aprovados ascendem a 1.633.400 euros, valor que indica a real dimensão do empenho municipal” na iniciativa. “A Autarquia, isolada, é incapaz de garantir todos os meios financeiros necessários à concretização do festival e, por isso, apela a que os organismos do Estado que gerem os meios financeiros para apoiar o cinema reconsiderem a decisão de reduzir o apoio ao Festroia, no que é um inaceitável ataque à cultura portuguesa.”
Aventuras com valor nacional O Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico foi uma das nove companhias presentes, em fevereiro e março, no XI Concurso Nacional de Teatro, realizado na Póvoa de Lanhoso, distrito de Braga. Nesta edição, apadrinhada pelo ator Ruy de Carvalho, o Espelho Mágico apresentou-se com a peça infantil “As Aventuras de Rom Rom e Fofoca”, escrita por Fernando Guerreiro. Esta foi a terceira vez que o grupo cénico sadino, especialmente orientado para o teatro infantil, foi nomeado para o concurso organizado pela autarquia de Póvoa de Lanhoso, pela Federação Portuguesa de Teatro e pela Fundação Inatel. O Espelho Mágico, apoiado pela Câmara Municipal de Setúbal, atingiu, até agora, a fase final em todas as participações do concurso e foi premiado nas duas últimas edições.
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A Câmara Municipal aprovou na reunião pública de 4 de fevereiro o Plano de Transportes Escolar para o Ano Letivo 2014/2015, que beneficia os alunos dos ensinos básico, secundário e profissional do concelho. O serviço de transporte é gratuito para as crianças do ensino básico, na escolaridade obrigatória, que residam a mais de três quilómetros dos estabelecimentos de ensino sem refeitório ou de quatro com refeitório. No caso dos estudantes do secundário, a Autarquia comparticipa a deslocação em 50 por cento. O plano de transportes para 2014/2015 estima uma despesa de quase 690 mil euros, abrangendo 1945 alunos. Está prevista, porém, uma receita de 140 mil e 168 euros, correspondente às comparticipações dos estudantes do 3.º ciclo do ensino básico, a cargo da Direção-Geral das Autarquias Locais, e dos municípios com alunos em estabelecimentos de ensino de Setúbal. O plano de transportes prevê dois circuitos especiais, um nas zonas rurais em que foram desativadas escolas, o outro por áreas de Azeitão.
educação
Serviço beneficia alunos
Estudantes votam futuro Alunos dos ensinos básico e secundário organizaram-se segundo as regras da Democracia e debateram problemas reais. Como deputados, discutiram propostas e legislaram soluções. Neste Parlamento dos Jovens aprendeu-se a respeitar opiniões e, principalmente, a importância da cidadania ativa O insucesso escolar esteve em debate no dia 3 de março na Escola Secundária Sebastião da Gama numa sessão do Parlamento dos Jovens, pelo círculo de Setúbal, que contou com as participações do vereador da Câmara Municipal Pedro Pina e do deputado Eduardo Cabrita. A sessão distrital de Setúbal do Parlamento dos Jovens, para o ensino básico, organizada pelo Ministério da Educação, teve a participação de 48 alunos em representação de 12 escolas de todo o distrito. A apresentação e debate de propostas de combate ao insucesso escolar deu o mote ao plenário, no qual foi votada a melhor proposta a apresentar, posteriormente, na sessão de âmbito nacional a realizar no início de maio na Assembleia da República com a participação de escolas de todo o País. O vereador com o pelouro da Educação na Câmara Municipal, Pedro
Pina, sublinhou na abertura que, “tal como votar, participar é importante”, realçando a pertinência de iniciativas como o Parlamento dos Jovens, ação com a capacidade de transmitir aos mais novos a forma como funciona “a democracia representativa tal como ela é”. O deputado Eduardo Cabrita, que
Heróis comem a fruta toda A quarta edição do programa “Heróis da Fruta – Lanche Escolar Saudável”, iniciada a 10 de março, incentiva as crianças a adotar hábitos de alimentação mais saudável. O programa, de âmbito nacional, dirigido a escolas do 1º ciclo e jardins de infância, pretende estimular as crianças a comer fruta diariamente e mostrar os benefícios de uma alimentação equilibrada. A iniciativa inclui um “Quadro de
Mérito”, no qual as crianças pintam uma “Estrela de Mérito” sempre que comam fruta ao lanche. Os professores recebem um “Guia Motivacional”, com conteúdos concebidos para o efeito, como fichas de trabalho, jogos educativos e sugestões de aula, e até visitas de estudo. A motivação é reforçada com um concurso nacional em que as crianças partilham as informações que aprenderam com as famílias,
convidando os adultos a ver, ouvir e votar no “Hino da Fruta”, a criar pelos alunos para difundir a mensagem sobre a importância de comer fruta todos os dias. A Câmara Municipal associa-se à iniciativa da Associação Portuguesa contra a Obesidade Infantil em face de estudos que indicam que, no País, 33,3 por cento das crianças entre os 2 e os 12 anos têm excesso de peso, 16,8 por cento das quais são obesas.
participou, ainda, num período de perguntas e respostas com os jovens dos 2.º e 3.º ciclos presentes na sessão, recordou que “a Assembleia da República é a voz de todos os portugueses” e frisou que o envolvimento dos alunos neste encontro constitui “os primeiros passos para uma cidadania ativa”.
O plenário do Parlamento dos Jovens contou também com os contributos do diretor-geral dos Esta belecimentos Escolares, José Duarte, e da diretora da Escola Secundária Sebastião da Gama, Fernanda Oliveira. A sessão de 3 de março, destinada ao ensino básico, foi a segunda de duas, tendo-se realizado na véspera, no mesmo estabelecimento de ensino, uma outra de âmbito distrital, mas orientada para o secundário, em que participou o deputado Paulo Ribeiro, numa organização do Instituto Português do Desporto e Juventude. “Ensino Público e Privado: Que desafios?” foi o tema do debate entre alunos do ensino secundário, no qual também se votaram propostas a apresentar pelos jovens do círculo eleitoral de Setúbal no encontro nacional a realizar em maio na Assembleia da República.
academia
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Estudantes de enfermagem da Escola Superior de Saúde testam no terreno procedimentos de socorro, com o apoio de bombeiros sapadores. Na Escola Superior de Educação, dois docentes impulsionam um projeto que procura disseminar uma linguagem de programação informática acessível a todos
Treino salva vidas
Estudantes de enfermagem da Escola Superior de Saúde de Setúbal e bombeiros sapadores unem forças para um conjunto de exercícios que testam, em contexto real, procedimentos e formas de atuação de socorro a sinistrados em vários teatros de operações. A atividade é impulsionada pelo “Critical ESS”, entidade formativa em emergência da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal e materializa uma das ações do projeto que, anualmente, procura capacitar os estudantes de mais competências profissionais. Este ano, pela primeira vez, à componente teórica desenvolvida em ambiente curricular foi acrescentado um exercício prático de grande amplitude, no quartel da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, com a simulação de socorro a vítimas em diferentes contextos de emergência.
Um acidente rodoviário, uma explosão num prédio e uma tentativa de suicídio, todos com vítimas politraumatizadas, foram os cenários testados na formação realizada em janeiro e que deverá ser replicada nos próximos anos letivos, sempre em formato de simulação. Bombeiros sapadores apoiados por quatro viaturas chegam ao local dos sinistros. No terreno, estudantes finalistas dos cursos de Enfermagem e de Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica estão a postos para apoio médico. “É preciso uma equipa para estabilizar estas vítimas. Rápido, rápido, rápido!”, comanda o chefe de equipa dos Sapadores a cargo do acidente viário. Enquanto os estudantes se centram, sobretudo, na estabilização cervical dos sinistrados, os sapadores tratam de desencarcerar uma pessoa presa numa viatura. Em escassos minutos, garantida a
segurança de todos, ouvem-se as ferramentas hidráulicas de corte e perfuração a trucidar o metal. Noutro local, outra pessoa está em perigo. Um jovem grita por auxílio dentro de um poço, depois de uma tentativa de suicídio falhada. Rapidamente, a equipa de resgate e salvamento urbano dos Sapadores monta o equipamento para a descida até ao fundo do poço. A vítima é alcançada, estabilizada e socorrida. Depois, já na superfície, o jovem sinistrado fica inconsciente e é necessário iniciar os procedimentos de reanimação. Ao mesmo tempo, outros estudantes e sapadores trabalham no terceiro cenário preparado, um resgate multivítimas após uma explosão, que deixa quatro feridos no interior de um prédio, o edifício ‑escola utilizado para treino pelos Sapadores. A simulação termina com os feri-
dos a serem transportados para um hospital de campanha montado no local, para tratamento e análise de cada uma das situações dos feridos.
O exercício, com o envolvimento de cerca de uma centena de pessoas, entre sapadores e mais de seis dezenas de alunos, permite que os estudantes testem em contexto real competências essenciais à futura atuação enquanto profissionais de saúde em situações de catástrofe e de emergência. “Pretendemos melhorar a capacidade de intervenção no terreno dos alunos participantes e contribuir para o desenvolvimento, aprofundamento e atualização de competências específicas do enfermeiro”, explicou Nuno Oliveira, docente da Escola Superior de Saúde e membro do “Critical ESS”, entidade constituída há
cerca de três anos. O exercício, dinamizado no âmbito de atividades curriculares, foi promovido pela primeira vez com este modelo, ou seja, com dois dias de formação, teórica e prática, e com cenários de socorro com complexidade acrescida. “A aplicação, com maiores dificuldades, do suporte básico e avançado de vida, a par dos procedimentos de trauma”, adiantou o docente, esteve na base da participação dos estudantes no exercício, “uma ação conjunta” que se deverá manter nos próximos cursos de mestrado. A articulação estabelecida entre o “Critical ESS” e a Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal procura, igualmente, proporcionar aos participantes uma experiência pedagógica profissional diferente e inovadora, com vista a reforçar a proximidade entre a comunidade escolar e os Sapadores.
cooperativa. “Mais importante do que o produto final é o caminho percorrido pelos alunos para a criação”, sublinha Miguel Figueiredo, docente e coordenador do projeto, difundido a nível nacional, mas, sobretudo, em escolas do concelho, quer em ambiente letivo, quer em formato de clube. O “EduScratch” é simples e acessível a todos. É, basicamente, uma ferramenta com uma série de recursos que facilitam a programação. “Funciona quase como um lego. Temos as peças e só precisamos de as montar”, acrescenta Miguel Figueiredo. O projeto, dinamizado em colaboração com vários docentes-formadores, é baseado no “Scratch” desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology, nos Estados
Unidos, que tem como objetivo “reduzir barreiras entre a evolução e a fluência tecnológica”, explica João Torres, outro dos dinamizadores. Os mais de cinco milhões de programas já criados são difundidos numa comunidade online, para partilha de experiências e até aperfeiçoamentos. O projeto, com o lema “Imaginar, Programar e Partilhar”, pode ser descoberto em http://eduscratch.dge.mec.pt/. O “EduScratch”, pela divulgação de boas práticas no uso crítico da internet e, sobretudo, pelo fomento à inclusão e acessibilidades digitais, valeu à equipa o prémio nacional “Inclusão e Literacia Digital”, atribuído recentemente pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Reforço de competências
Programação sem complexos A linguagem informática é descomplicada através do projeto “EduScratch”, um ambiente gráfico de programação inovador que proporciona a oportunidade de a comunidade escolar desenvolver os próprios programas educativos, sobretudo ao nível dos alunos. É a tecnologia ao serviço da aprendizagem. À distância de alguns cliques no computador, crianças a partir dos 5 anos já podem ser programadoras. De simples jogos didáticos a programas educativos, da aplicação de formas matemáticas à construção de pequenas narrativas, é possível fazer de tudo um pouco. Basta haver imaginação. Mais do que consumidores de tecnologia, o “EduScratch”, divul-
gado nestas páginas há dois anos e agora em pleno desenvolvimento, impulsionado pelo Centro de Competências TIC da Escola Superior de
Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, procura estimular os alunos a serem criadores e, ao mesmo tempo, fomenta a aprendizagem
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“Sou uma pessoa muito sensível”
Começou na televisão, representou no Teatro Estúdio Fontenova, esteve no Conservatório Nacional para entretanto regressar aos televisores. Como vê o seu trajeto até ao momento? Apesar de querer voltar ao Conservatório, tem aparecido sempre trabalho. Também fiz cinema, ao entrar no filme do António Pedro de Vasconcelos [“Os gatos não têm vertigens”] e publicidade. Tem sido um trajeto calmo, progressivo. Não quero dar um pulo do oito para o oitenta. Estudou na Secundária de Bocage, seguiu para a António Arroio, em Lisboa, ainda passou pelo Conservatório Regional de Setúbal e pelo Coral Infantil de Setúbal. As artes foram sempre um chamamento? Sempre. Comecei novinha na televisão e ganhei uma paixão. Na António Arroio não havia teatro, mas havia cinema. A minha primeira experiência foi em “Tudo por Amor”. Uma amiga falou-me de um casting nacional. Falei com o meu pai e consegui convencê-lo... Lembro-me do casting. O Pedro Granger falou comigo um bom tempo, a explicar o que tinha de fazer. Estava super nervosa. Vá lá, correu-me bem. Era muito tímida. Estava cheia de vergonha. Tinha receio das câmaras por todo o lado.
rumos
Tem 23 anos e sente que está no início da carreira, embora encante o público desde criança. Joana Barradas faz de Setúbal, a cidade natal de que tanto gosta, um ponto de partida para conquistar o mundo através dos palcos, dos televisores e das telas de cinema. Assume-se como aventureira, desde que as aventuras se apresentem com poucos riscos, e cosmopolita, desde que a azáfama urbana refreie a insanidade das grandes metrópoles. Na representação tem acumulado experiência em diferentes estilos, embora com mais assiduidade nas telenovelas, de que “Mar Salgado”, em exibição na SIC, é o exemplo mais recente. Porém, é do cinema que retira plena satisfação e está na “cara” a explicação do porquê desse deleite. Ter uma personalidade sensível também ajuda. Em paralelo, gosta de música, para a qual tem inclusivamente muita intuição. O Y ouTube até já lhe ensinou uns truques. Em conversa descontraída, com a simpatia de um sorriso na ponta de cada resposta, Joana Barradas conta que caminhos percorreu e quais deseja desbravar. Seja como for, o futuro terá de passar sempre pelas artes. Operar é que não é com ela. Os bastidores surpreenderam-na? Nem por isso. Nunca sentira curiosidade por esse ambiente. Quase nem via telenovelas. Até porque quando era pequenina gostava mesmo era de ser veterinária. Um dia a minha mãe disse-me que os veterinários não dão só abracinhos e beijinhos aos animais, mas também fazem operações. Bastou para ver que aquilo não era para mim [risos].
E em relação ao teatro? É tão diferente... No cinema e na televisão as emoções passam pela cara. Uma pessoa, esteja triste ou contente, tem tudo a ver com a cara. É como vejo as coisas. No teatro usa-se uma expressão corporal total. Um ator triste, mas a vinte metros do público, tem de revelar esse sentimento de uma forma mais completa além da lágrima.
E agora, que rumo dar à carreira? Sinto que estou no início, mas passará sempre pelas artes. Sempre tive esse gosto. Nem que seja na música. Aprendi a tocar piano sozinha, no YouTube. Facilitou saber ler partituras e tocar violino, que aprendi no Conservatório Regional.
A sedução está no domínio da expressão facial? É isso. Sou uma pessoa muito sensível e adoro ver filmes. Essa concentração de sentimentos na expressão facial capta mais a minha atenção.
Enquadra-se na geração YouTube, que aprende coisas como tocar piano na internet? Sem dúvida. A sério que sim. Facilita imenso [risos]. Televisão, teatro e cinema. Há preferência? Cinema! É um ritmo muito mais lento, mas exigente. Na televisão, com vinte a trinta cenas por dia, acaba por ser um bocadinho a correr. No cinema, como temos duas a três num dia, acabamos por nos aperfeiçoar muito mais.
Tem referências? O cinema americano, genericamente. Quando vejo um ator ou realizador de que gosto, tento ver outros trabalhos dele. Mas também trabalhei com pessoas que me ajudaram muito e que me marcaram. Um bom exemplo é o Vítor Norte, durante o “Bando dos Quatro”. Era muito divertido, brincava imenso e deixava-nos à vontade para gozarmos o nosso papel. Quais os desafios no presente? Estou a apostar na aprendizagem de línguas.
É um aspeto importante na formação de um ator. Incluindo o japonês... O japonês é uma paixão. Estou a aprender sozinha. Não posso dizer que falo fluentemente, embora perceba umas coisinhas. Praticou hipismo e atletismo. Amor ao desporto, à aventura ou a ambos? Gosto de desporto. E depende da aventura. Muito arriscada, não! [risos] Até no hipismo ganhei algum medo. Curiosamente foi quando deixei de cair. Setúbal é um bom ponto de partida para um ator? Claro que sim! Não vejo como não. Temos aqui boas companhias de teatro, que são excelentes começos e bons ‘futuros’. E o que viu no mundo? Estive por exemplo em Nova Iorque a filmar um anúncio. Foi maravilhoso. Estava uma tempestade! [risos], mas nunca tinha visto neve. A cidade é que já não me convenceu. Achei-a demasiado movimentada. Gosto muito de movimento. Sou citadina. Mas aquilo é de mais. Talvez seja contraditória. Gosto de aventura sem riscos e de cidades sem gente.
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retratos
Cerâmica com história. Desenhos, formas e estilos de várias épocas ganham vida nas peças criadas na Azulejos de Azeitão. Na oficina, o barro ainda é trabalhado de forma artesanal, com técnicas ancestrais de molde e pintura que procuram o máximo de originalidade. A arte está em Azeitão mas também no mundo, com a maior parte dos trabalhos a seguir a via internacional
Azulejo através do tempo No coração de Vila Fresca há uma oficina que perpetua a arte azulejar. O método artesanal mantém vivas técnicas e processos de fabrico de outros tempos para criar azulejos e reproduzir desenhos de vários recantos do mundo. Tudo como antigamente, numa viagem entre os séculos XV e XIX. A Azulejos de Azeitão existe há quase uma década. Num espaço bem perto do Palácio da Bacalhôa, património com um dos mais importantes espólios de azulejaria do País, trabalham nove artesãos, cada um com uma especialidade distinta, do trabalho com o barro à pintura. A exceção é Luís Oliveira, um dos três sócios-proprietários e mestre faz-tudo. Começou na arte azulejar há mais de três décadas. Antes, esteve ligado à indústria vínica. Por pouco tempo, até porque a paixão pela cerâmica acabou por falar mais alto. A aventura empresarial começou numa garagem na Quinta do Anjo, Palmela, um espaço pequeno para as aspirações, que não passavam somente por fabricar azulejos. A pesquisa histórica, a execução de técnicas e processos antigos e as experiências com cores impul-
sionaram o desafio da Azulejos de Azeitão. Corda seca e aresta, técnicas mouriscas dos séculos XV e XVI, respetivamente, a par da majólica, de origem italiana, igualmente quinhentista, são as mais utilizadas. Menos frequente é a iznik, também arábica, com grande difusão até ao século XIX. Alguns dos trabalhos artesanais produzidos na oficina, visitada, só em 2014, por cerca de 8 mil pessoas, na grande maioria turistas estrangeiros, podem ser apreciados e adquiridos numa galeria/loja existente naquele espaço. “O azulejo passa pelo tempo e está sempre na mesma”, realça Luís Oliveira. Além das peças para venda, com estilos variados para todos os gostos e carteiras, há uma área expositiva com azulejos de vários pontos do mundo, a maior parte raros, como é o caso de um arábico do século XVI, com cerca de meio século. A arte azulejar da oficina embeleza também o espaço público da região, como são os casos do Fontanário da Aldeia de Oleiros e dos Lavadouros de Vila Nogueira de Azeitão. “É importante deixar a marca na nossa terra”, sublinha
o mestre setubalense, a viver em Azeitão há largos anos.
Método artesanal Nas paredes da oficina, um puzzle de azulejos que mistura diferentes exemplos de técnicas e processos, de desenhos e de cores, exalta alguns dos trabalhos artesanais, cuja maior diferença em relação à arte ancestral reside nos fornos elétricos que agora cozem a cerâmica. “O barro é o papel onde nós escrevemos”, sublinha Luís Oliveira, momentos antes de o rolo começar a esticar a pasta cinzenta que espera no tabuleiro polvilhado com grãos de areia. “Assim, não agarra”, explica, antes de recortar a chacota, como é designado o azulejo antes de terminado. O pequeno quadrado de barro serve de base à aplicação de qualquer das técnicas. No caso da aresta é feito um molde negativo que projeta as saliências do desenho, antes da secagem, enquanto na majólica a imagem é decalcada posteriormente com carvão vegetal. Antes da vidragem e da pintura, a chacota passa por um primeiro processo de cozedura, durante 18 horas, numa temperatura que
atinge um máximo de 1030 graus. Cada peça é depois raspada e batida, para detetar e limpar eventuais imperfeições. “A essência desta arte é fazer tudo como antigamente.” A pintura é uma das etapas de maior complexidade, até porque há que encontrar as tonalidades certas. “É um pouco por tentativa e erro”, refere Jorge Oliveira, responsável pela alquimia de óxidos que, no final, desvenda as cores que cobrem os azulejos. “Houve um trabalho em que fizemos perto de uma centena de experiências para encontrar a tonalidade certa. É uma descoberta e aprendizagem constante”, frisa Jorge Oliveira, depois de passar em revista o portfólio com as fórmulas de mais de quatro centenas de cores. Depois de pintadas, tarefa a cargo de quatro artesãos que trabalham na oficina, as peças são submetidas a um último processo de cozedura, etapa que atribui as características finais dos azulejos, cuja história atravessa os tempos e as memórias da sociedade.
Azeitão no mundo Na oficina são fabricadas, anualmente, cerca de 25 mil peças, nú-
mero que fica aquém da produção industrial em virtude da utilização de técnicas ancestrais. Se no tempo quente a chacota demora três semanas a secar, no período frio pode levar até três meses. Acresce a pintura manual, peça a peça, com tempos de execução variados. As obras de arte criadas na oficina de Vila Fresca são muito apreciadas, sobretudo por clientes internacionais. Não espanta, portanto, que a maior parte da produção vá para o estrangeiro, nomeadamente para os Estados Unidos da Amé rica, que absorve cerca de 70 por cento das peças. No outro lado do Atlântico, há azulejos portugueses em salas de estar, cozinhas, casas de banho e espaços exteriores de residências dos mais variados clientes, incluindo algumas individualidades do mundo da moda, como Giorgio Armani e, mais recentemente, Christian Louboutin. Contudo, o maior projeto desenvolvido na Azulejos de Azeitão foi para África. Em Libreville, no Gabão, a fachada da Igreja de Lourdes está forrada com 12 mil azulejos feitos em Azeitão ao longo de cerca de dois anos. “Foi, até hoje, um dos maiores desafios”, revela Luís Oliveira.
Criatividade em família Num abraço coletivo às apetências comuns pela arte e a criatividade, abriram uma empresa. A proposta é tornar em realidade as ideias dos clientes. Os serviços, que se querem interligados e complementares entre si, são variados. A originalidade é a ponta da espada numa família sem medo do risco. O resultado é a pereirapisco.creativity Como projeto empreendedor, a inovação da pereirapisco.creativity reside, precisamente, na própria inovação. Apresentam-se como prestadores de serviços integrados para os clientes que tenham uma ideia de negócio e que precisam de um rumo para levar a teoria à prática. “Fazemos ‘fatos’ à medida dos clientes.” Esta é a forma que Paulo Pisco encontra para um esquisso de resumo sobre o conceito da empresa que fundou e dirige desde janeiro de 2014. Arquitetura, formação, criação de conceitos de comunicação e imagem e organização de eventos são alguns dos serviços disponíveis na pereirapisco.creativity. Uma oferta tão variada e, aparentemente, tão dispersa tem quatro sólidas bases que sustentam na empresa uma forte crença no futuro. E esses alicerces até têm nome: Paulo, Fátima, Leonardo e Mariana. Juntos, são o casal e os dois filhos Pereira Pisco que, em família, decidiram apostar nas potencialidades de cada um para as colocar ao serviço dos outros. Paulo Pisco e Fátima Pereira são arquitetos com vários anos dedicados ao ensino. Já Mariana, a terminar o secundário, sobressai no gosto pela imagem e fotografia, enquanto Leonardo, a estudar arquitetura, destaca-se
rosto Ninho de ideias
principalmente na música, vertente, de resto, que é uma paixão comum a toda a família. Outra aposta dos Pereira Pisco foi Setúbal. “Gostamos de viver aqui. Já viajámos um pouco e é aqui que queremos ficar”, defende Paulo Pisco. Por isso não hesitaram em instalar a empresa no Ninho de Novas Iniciativas Empresariais. “É perfeito! Fica no coração da cidade e as condições são boas, mas o que nos arrebatou, o que até nos fez abrir mais cedo, foi quando vimos o gabinete onde estamos e esta vista fantástica”, aponta
Paulo, com a mão aberta na direção da janela de onde se pode ver a azáfama diária da Avenida Luísa Todi, ao nível do primeiro andar do Mercado do Livramento, onde funciona o NNIES (ver texto em baixo). Como empresa a dar os primeiros passos, uma “startup”, na definição dada ao gosto da moda atual, já conta com alguns projetos, como a nova igreja do Faralhão, com a construção a decorrer. Pelo caminho, apresentou-se ao público com
O Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal (NNIES), criado pela Câmara Municipal, é uma incubadora para projetos como a pereirapisco.crativity e muitos outros. A funcionar no primeiro andar do Mercado do Livramento desde o início de 2014, faculta às “startups” os meios necessários, físicos e não só, para que os novos projetos ganhem bases para crescer e se desenvolver. No NNIES estão também instaladas, atualmente, a WinWinTalents, em franca expansão na área do recrutamento e coaching, a Delícias da Estrela, que vende online produtos da Serra da Estrela, a Goldindrops, de comercialização de produtos de joalharia, a MediAction, agência de comunicação, a F23 – Publicações, ligada à comunicação social, e a ConsuePortugal, para consultoria em projetos de mobilidade internacional. Os serviços de apoio municipais funcionam das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, de
segunda a sexta-feira, mas os empresários têm acesso às respetivas instalações 24 horas por dia. A incubadora, entre outras valências, faculta várias salas de 25 metros quadrados para a instalação das empresas, um auditório, uma sala de reuniões e outra de formação. O NNIES, com taxas muito acessíveis, pode também ser usado como incubadora virtual, funcionando como sede social dos negócios cuja atividade da empresa não exija a utilização de um espaço físico fixo. Desde que entrou em atividade, já ajudou na realização de mais de duas centenas de atividades desenvolvidas por empresas que recorreram a este serviço municipal. As empresas podem beneficiar dos serviços proporcionados pelo NNIES até um máximo de cinco anos, tempo mais do que suficiente para que ideias de pequenos negócios tenham um grande futuro.
iniciativa
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um flashmob no Mercado do Livramento e um pequeno concerto, além de promover tertúlias naquele espaço comercial. E o trabalho com a família, é uma mistura saudável? Fátima garante que sim. “Complementamo-nos. Partilhamos ideias e discutimos. Mas não há fórmulas mágicas. O que retenho é que todos nos compreendemos e as coisas surgem naturalmente.” Com a inovação e a originalidade como uma das principais armas da pereirapisco.creativity, Paulo adianta que projetos futuros podem até incluir cheiros personalizados para os projetos dos clientes. “De entre as várias parcerias que desenvolvemos, uma delas passa por essa adição. A ideia é sermos capazes de dar respostas o mais integradas e completas possível.” Tudo porque, além da materialização e conceitos, propõem-se dar vida a espaços, seja a uma loja, uma fábrica, uma sala de espetáculos ou até uma rua ou um bairro. Por isso, Paulo Pisco consegue afirmar com segurança, em nome de toda a equipa, que “um projeto de sonho seria um que fosse do urbano ao cheiro. E não é só porque um dos desejos da pereirapisco passa pela revitalização dos espaços. Esta empresa propõe-se dar vida às pedras, mas também às pessoas”.
História
COMBOIO. Locomotiva a vapor, em 1927. Imagem do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro
Pouca terra pouca terra...
memória
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Setúbal para, escuta e vê chegar o comboio. Com ele vem a modernidade, a ligação ao Tejo, a Lisboa, ao Mundo. A cidade recebe do rio as suas riquezas e através do novo meio de locomoção consegue fazê-las circular A aventura ferroviária de Setúbal remonta a 1854, quando foi concedida pela Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo uma linha férrea de Aldeia Galega, atual Montijo, a Vendas Novas. Segundo uma lei de 7 de agosto desse ano, seria possivelmente “continuada até Setúbal, até Beja e até Évora, ou até qualquer daqueles três pontos”. Não havia ideias definitivas sobre o assunto. A norma determinava, apenas, que o Governo procedesse “aos estudos para a fixação do ponto de partida e da melhor diretriz”. No mesmo ano, a 26 de agosto, celebrou-se um contrato para ligar o Tejo com o Sado, que tinha o Barreiro na origem da linha, no qual a Companhia Nacional declara “que se obriga a continuar até Setúbal”. Abandonou-se a ideia de ser no Montijo pelas dificuldades técnicas na construção de um cais fluvial nessa cidade. O primeiro ramal de caminho de ferro que serviu Setúbal foi inaugurado a 21 de fevereiro de 1861, de acordo com a política de fomento ferroviário defendida pelo Duque de Loulé. A ramificação foi construída utilizando uma bitola de via (largura entre carris) de 1,44 metros e a adjudicação foi feita pela quantia de 7.900$09 por quilómetro. Para fugir aos problemas de construir dentro da cidade, a estação foi instalada na periferia. O transporte de peixe, que tinha de ser feito desde a margem do rio Sado em carroças, ficou, no entanto, bastante prejudicado. Em 1864, as linhas passaram para gestão da Companhia do Sueste, de origem inglesa. José Fernando de Sousa, na “Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 1103”, de 1933, menciona que “o Governo contratou a compa-
nhia concessionária com a obrigação do alargamento da via” e a “construção da nova estação de Setúbal”. A Companhia do Sueste foi nacionalizada em 1869. Trinta anos depois, foi constituído um órgão estatal, os Caminhos de Ferro do Estado.
Linha do Sado Com a ligação Barreiro-Setúbal em funcionamento, Sousa Brandão, engenheiro e político, vislumbrou, em 1877, a vantagem da continuação da linha até ao Algarve. A favor tinha a fácil construção, com exceção da transição do Esteiro da Marateca, com zonas de elevada produção florestal, mineira e agrícola. Em “Setúbal – Economia, Sociedade e Cultura Operária”, de Maria da Conceição Quintas, a historiadora escreve que a criação da Linha do Sado – denominação do projeto – foi prevista em leis de 29 de março e 17 de setembro de 1883, que indicavam, ainda, a possibilidade de “edificação de uma estação terminal e de uma ponte-cais”. Na “Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 1103”, José Fernando de Sousa
escreve que uma lei de 12 de junho de 1901 “confiava à Câmara de Setúbal a regularização da margem, a construção de uma doca” e “autorizava a emprestar 40 contos para o prolongamento do ramal”. Conceição Quintas dá conta de que, em 1903, se realizou, em Setúbal, uma “reunião para estudar o percurso mais viável e rentável” da linha sadina. Nela, estiveram presentes as câmaras de Setúbal, Alcácer, Grândola, Santiago e Ferreira, pares do reino, deputados e o Conde de Paçô Vieira, ministro das Obras Públicas. Concluiu-se que Setúbal devia ser a “testa da linha” a construir. Coube a Justino Teixeira a elaboração do projeto. O engenheiro fez o ramal sair da estação pelo lado sul, passar pela Praça do Quebedo, atravessar um túnel e cruzar a Avenida Luísa Todi na zona das Fontainhas, antes de chegar à margem do rio, onde teria uma estação fluvial de acordo com a doca planeada. O projeto, de 30 de abril de 1903, foi aprovado a 6 de julho e constitui o primeiro troço da Linha do Sado. Carlos Manitto Torres, na “Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 1684”,
de 1958, indica que, no mesmo ano, “foram fixados Setúbal e Alvalade [concelho de Santiago do Cacém] como pontos obrigatórios da linha em projeto”. Nova lei de outubro de 1909 mandou que se continuasse até ao Garvão – hoje Funcheira –, onde seria ligada à linha, que já existia, vinda de Beja.
Rota desviada Em 1910, surgiu uma preocupação entre os setubalenses – a notícia de que ia ser feito o estudo de a Linha do Sado começar no Pinhal Novo, em vez de Setúbal, sem passagem pela cidade. Sobressaltados, os setubalenses viam desaparecer uma regalia a que se consideravam com direito pela lógica da sua concessão. Conceição Quintas refere, no seu livro, que, a partir daí, “desencadeou-se um processo de luta, através de representações, reuniões públicas”. Constituíram-se comissões que se deslocaram aos poderes superiores, “entre outras diligências reconhecidas necessárias”. Os esforços dos munícipes foram coroados de êxito quando Estêvão de Vasconcellos, ministro do Fomento, se deslocou a Setúbal para verificar as vantagens que resultariam para a economia nacional com a passagem da via férrea pela cidade. A questão ficou resolvida com a ligação entre Setúbal e Alcácer do Sal. A população, que havia investido uma verba bastante volumosa nas obras do seu porto contando com aquele melhoramento, não podia ter ficado mais contente.
De volta aos eixos ESTAÇÃO. Aspeto da Estação dos Caminhos de Ferro de Setúbal, em 1896, em reprodução de fotografia de autor desconhecido. Imagem do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro
A viagem inaugural da Linha do Sado, a 25 de maio de 1920, foi de grande emoção popular. Estiveram
presentes dois ministros e não faltou música filarmónica a bordo. A cidade transfigurou-se. Agora tudo estava perto. Em “Setúbal – Economia, Sociedade e Cultura Operária”, Maria da Conceição Quintas escreve que “os produtos agrícolas, vindos do Alentejo e do Algarve, o arroz produzido na península, especialmente em Alcácer do Sal, os vinhos de Azeitão e Palmela, as laranjas e o sal” eram dificilmente transportados antes da existência dos caminhos de ferro, “que passou a colocá-los perto do porto para serem exportados” para o resto do País, mas especialmente para o estrangeiro. O aglomerado urbano desenvolveu‑se a olhos vistos. Alguma matéria-prima necessária às indústrias que aqui se instalavam fazia-se transportar pelo comboio. Era mais fácil e mais barato. O município tornou-se o centro económico da península e do sul do País. Através do porto, exportavam ‑se os produtos vindos das terras ao sul do Tejo e da própria cidade. Daqui, importavam-se e distribuíam-se mercadorias oriundas do estrangeiro. O caminho de ferro e o porto fizeram de Setúbal um dos maiores núcleos industriais de Portugal. Até hoje.
Fontes “A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário” in “Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 1684”, Carlos Manitto Torres, 1958 “A linha do Sado” in “Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 380”, José Fernando de Sousa, 1903 “As linhas férreas e o Porto de Setúbal” in “Gazeta dos Caminhos de Ferro 46, n.º 1103”, José Fernando de Sousa, 1933 “Setúbal – Economia, Sociedade e Cultura Operária. 1880 – 1930”, Maria da Conceição Quintas, 1998, Livros Horizonte “Caminhos de Ferro Portuguezes”, Conde de Paçô-Vieira, 1905, Lisboa
27SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15
Estória Tesouro escondido Pessoa no entulho do sótão As doze fotografias de Setúbal com mais de 150 anos classificadas recentemente como Bem de Interesse Nacional, recebendo a designação de “tesouro nacional”, foram descobertas por acaso no meio do entulho de uma obra, prestes a perderem-se para sempre. O “Álbum Setubalense”, como o conjunto se intitula, foi salvo há vinte anos por Bruno Silva, então trabalhador da construção civil, quando, durante o restauro de um edifício em Lisboa, as encontrou num sótão. “Estavam lá muitos livros antigos”, conta. “Fiquei com aquele álbum porque foi o que achei mais engra çado.” Por considerar que o álbum de fotografias tinha muito valor, guardou-o religiosamente no cofre de um amigo da terra, em Salvaterra de Magos, e contactou diversas entidades para analisarem a obra. Carla Barros, do Centro Português de Fotografia, foi fundamental no apuramento da importância do álbum fotográfico, da autoria de Anthero Seabra, processo que demorou dois anos. “A raridade e a qualidade das fotografias, a importância do autor na história da fotografia em Portugal e a utilização da albumina como proces-
ontem
so fotográfico” foram, segundo Carla Barros, fatores determinantes para a classificação daquele património como Bem de Interesse Nacional. “A albumina é um processo fotográfico raro e antigo, utilizado com clara de ovo, sal e nitrato de prata, que tornam o papel mais sensível ao registo de imagens, através do contacto entre o negativo e o papel”, explica a técnica.
Anteriores a 1860 Nas fotografias estão representadas as igrejas de Nossa Senhora de Saúde vista do antigo Largo das Almas – Largo dos Combatentes –, de S. Julião e de Santa Maria, panorâmicas da cidade vista de nascente, de poente e da Quinta de Aranguês, os Paços do Concelho, a Praça de Palhais e o antigo Liceu Municipal, o Gasómetro, o Mosteiro e Cerca de Brancanes, as ruínas do Convento de S. Francisco e os arrabaldes da cidade. A data das fotografias reveste-se de alguma incerteza. “O caminho de ferro foi inaugurado em 1861 e não está representado, por isso acredito que são de data anterior. Talvez de 1860 ou antes”, refere Bruno Silva. De acordo com o que António Sena refere no livro “História da Imagem Fotográfica em Portugal – 1839-
1997”, estas fotografias foram, seguramente, as primeiras tiradas no País para registo da topografia das cidades. Além de Setúbal, Anthero Seabra registou em fotografia Lisboa, Coimbra, Porto, Braga, Guimarães e Viana do Castelo. Anthero Frederico Ferreira de Seabra da Mota e Silva, nascido em S. Martinho, Pombal, a 22 de setembro de 1821, apaixonou-se pela fotografia no final dos anos 50 do século XIX, altura da sua passagem pela Academia de Belas-Artes do Porto. Participou em diversas exposições, nomeadamente na Exposição Industrial do Porto, em 1861, e na Exposição Agrícola de Braga, em 1863. Entre 1857 e 1868, colaborou com o jornal “Archivo Pittoresco”. Pela assinatura no interior do “Álbum Setubalense”, presume-se que este tenha pertencido ao general Henrique José das Neves. Publicista e intelectual, o militar do Exército destacou-se ainda como editor e articulista em jornais açorianos. São conhecidas ligações a Setúbal, por exemplo quando colaborou na divulgação da obra “O Calafate”, do poeta António Maria Eusébio, através da recolha de donativos para pagar o custo de impressão.
Pai do choco frito Virgílio Espada Santiago é o homem que, há 41 anos, abriu o primeiro restaurante de choco frito em Setúbal. Natural da Moitinha, na Carrasqueira, aldeia piscatória de Alcácer do Sal, onde nasceu a 17 de abril de 1943, numa família humilde, o seu trajeto passou pela agricultura e pela pesca. Comprou a primeira barca a motor com 20 anos e era no rio Sado que apanhava peixe, ostras, amêijoas. A condição financeira de um agregado com três filhos obrigou-o a ir à aventura. Foi em Setúbal que viu a oportunidade de negócio. Um restaurante, que batizou de Casa Santiago, na Avenida Luísa Todi, na zona das Fontainhas. Virgílio começou este império em 1974. Nos dois primeiros anos, a “casa de pasto” – como é identificada, ainda hoje, no alvará do estabelecimento – servia apenas petiscos, quase todos fritos, e era frequentada sobretudo por trabalhadores da Setenave e pescadores da zona que por ali passavam. Bifanas, carapaus, bitoques eram algumas das especialidades que faziam parte do menu. A popularidade de Virgílio Santiago surgiu quando revolucionou a forma de confecionar o choco. Lembrou-se de fritá-lo, à semelhança
O instantâneo do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro, de 1981, mostra um Parque das Escolas, como se chamava o Largo José Afonso, a precisar de uma intervenção requalificadora, como revela a imagem atual, de Mário Peneque. O terreno revolto, ainda com a casa de banho pública ao fundo, à esquerda, deu lugar a um espaço que apela à fruição pública, na sequência de melhorias feitas nos últimos numa praça com 35 mil metros quadrados, dotada de auditório, e que, em 2014, foi alvo de obras com alargamento da alameda lateral poente em mais de uma d ezena de metros e instalação de uma plataforma técnica de apoio à realização de eventos.
do que se fazia com os calamares em Espanha, como se apercebeu durante uma viagem. Ficou tão popular que depressa se tornou a especialidade da casa. Por ser tão apreciada, hoje é uma iguaria típica do concelho. O segredo não está só no choco. A qualidade do piripiri apura-lhe o paladar. Apesar de reformado, Virgílio ainda se passeia pelo restaurante que fundou. À frente do negócio estão dois filhos, Mariana e Júlio San tiago. Localizada na Avenida Luísa Todi, a Casa Santiago foi instalada na antiga Taberna Carlos da Maia. Ali vendiam-se abafados aos pescadores, jogava-se às cartas. Quando Virgílio comprou o estabelecimento, em 1974, tinha dois trabalhadores. Hoje, são 16. Por dia, a Casa Santiago vende cerca de 150 quilos de choco. Aos sábados, aumenta para os 300. Ao domingo, encerra para descanso do pessoal, como é tradição há longos anos. A paixão da família pela iguaria é de tal forma que, em 1992, Amândio, o filho mais velho, abriu o Cais 56, bem perto da Casa Santiago. Leonel Santiago, irmão de Virgílio, inaugurou, em 1987, a Adega Leo do Petisco, na outra ponta Avenida Luísa Todi, onde o choco também é rei.
hoje
28SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15
Juventude com ritmo
Março é da juventude. Os concursos de bandas e de fotografia foram os principais atrativos do m@rço.28, que proporcionou um vasto leque de atividades para todos os públicos
O concelho esteve em festa em março, o mês mais jovem do ano, com um programa cultural que aliou desporto, dança, workshops, cinema e música, com o 11.º Concurso de Bandas de Garagem e a 12.º Meia Maratona Fotográfica em particular destaque. Da garagem para o palco, novos projetos musicais encontraram protagonismo no Concurso de Bandas de Garagem de Setúbal, competição rea-
lizada na Sociedade Musical Capricho Setubalense, parceira da Autarquia nesta iniciativa do m@rço.28. A final, a 28 de março, coroou os Conjunto!Evite como os grandes vencedores. A música inspirada no rock psicadélico dos anos 60 e 70 desta banda de Rio Maior convenceu o júri. Na segunda posição ficaram os roqueiros Proud Larry, de Leiria, enquanto o restante lugar do pódio foi
ocupado pelos Alex Page, de Almada, com um som mais alternativo. Referência ainda para os N.O.T.E., de Montemor-o-Novo, no quarto posto, e para os Loosense, de Setúbal, no quinto e eleitos Melhor Banda do Concelho. O galardão de Banda do Público, atribuído por votação online, coube aos também setubalenses Low Budget. O grupo vencedor, além de receber mil euros, é distinguido com uma
atuação na Feira de Sant’Iago e com a gravação de um EP com cinco temas. A prova entrega 700 euros ao segundo, 500 ao terceiro, 200 ao quarto e 100 ao quinto. Todos os finalistas têm ainda a possibilidade de gravar um tema. A Melhor Banda do Concelho, além de um prémio monetário de 500 euros, conquistou o direito a atuar na Feira de Sant’Iago, o mesmo sucedendo com a Banda do Público.
Nem só de música se fez o programa comemorativo do Mês da Juventude. Através das objetivas e ao longo de 12 horas, mais de duas dezenas de fotógrafos amadores, com profissões e idades distintas, percorreram o concelho na 12.ª Meia Maratona Fotográfica de Setúbal para captar imagens relacionadas com “Bocage: vida e obra”, naquela que foi mais uma das muitas iniciativas do m@arço.28.
Hortas alargam cultivo Trinta metros quadrados para atividades agrícolas desenvolvidas de forma biológica e sustentável são disponibilizados a cada participante na segunda fase do projeto Hortas Urbanas de Setúbal, nos viveiros municipais das Amoreiras, que duplica a área de terreno para o cultivo. Na iniciativa promovida pela Câmara Municipal são facultadas mais 74 parcelas, número igual ao da primeira fase do programa, algumas delas com características naturais que facilitam a acessibilidade, destinadas a munícipes com mobilidade reduzida. As novas parcelas, para as quais foi agendado um período de inscrições, em março, situam-se num terreno anexo ao local no qual já se encontram as primeiras hortas, com plan-
tas hortícolas para autoconsumo ou recreio. Os critérios de seleção e distribuição dos candidatos obedecem a parâmetros de cariz social, nomeadamente se o proponente se encontra em situação de desemprego sem auferir do respetivo subsídio, se é beneficiário de prestações de apoio social e se estas representam a única fonte de rendimento ou se é detentor do menor rendimento do agregado familiar. O projeto Hortas Urbanas de Setúbal tem como objetivo promover e incentivar as atividades de horticultura em modo biológico, fomentando as práticas ancestrais de trabalho do solo, o uso e a partilha sustentável da água e o aproveitamento das características naturais das plantas.
Setúbal subiu o pano às artes cénicas em março com um programa comemorativo do Dia Mundial do Teatro que incluiu espetáculos para todos os públicos, a par de uma panóplia de workshops. Numa encenação inédita, o Teatro Estúdio Fontenova apresentou no Fórum Municipal Luísa Todi, ao longo de três dias, “O Homúnculo”, um texto de Natália Correia apreendido pela PIDE em 1965. O Luísa Todi foi também o palco escolhido para o Teatro Animação de Setúbal repor, nos dias 26 e 27, “O Sonho”, peça baseada na obra de August Strindberg, com uma narrativa que deambula entre a realidade e o imaginário.
Para o público infantil e escolar, o Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico decidiu estrear, a 27, Dia Mundial do Teatro, no Cinema Charlot – Auditório Municipal, “A Feiticeira de Oz outra X”. O programa organizado pela Autarquia em parceria com companhias profissionais e grupos amadores de teatro incluiu ainda, além de vários workshops, a encenação de “Claribombo”, pelo Projeto GoG, com várias sessões no Charlot. “La Familia Romanesku”, da companhia espanhola La Finestra Nou Circ, dia 28, na Praça de Bocage, e “Pinóquio e a Baleia Branca”, do Teatro do Elefante, a 29, na Casa da Cultura, também constaram do programa.
plano seguinte
Teatro para todos