Jornal Municipal Jul|Ago|Set'12

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SETÚBAL

Feira garante êxito

JORNAL MUNICIPAL.julho | agosto | setembro 2012.ano 12.n.º 46

págs. 12 e 13

Fórum está de volta! O Dia de Bocage e da Cidade ofereceu a Setúbal um novo centro de artes. O velhinho “Luísa Todi” reabriu moderno, com todas as condições técnicas e de conforto para a realização dos espetáculos mais exigentes

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Muralhas a caminho da classificação nacional

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União renova bairro Novas cores do Forte da Bela Vista estreitam laços de vizinhança

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Azeitão requalifica centro histórico


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Feira garante êxito págs. 12 e 13

2.ano 12.n.º 46 sto | setembro 201 IPAL.julho | ago JORNAL MUNIC

! a t l o v e d á t s e Fórum O Dia de Bocage e da Cidade ofereceu a Setúbal um novo centro de artes. O velhinho “Luísa Todi” reabriu moderno, com todas as condições técnicas e de conforto para a realização dos espetáculos mais exigentes

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União renova bairro

Novas cores do Forte da Bela Vista estreitam laços de vizinhança

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sumário 4  PRIMEIRO PLANO  O Fórum Municipal Luísa Todi foi devolvido a Setúbal como centro de artes dotado das mais modernas condições. A reabertura foi o ponto alto das comemorações do Dia da Cidade. 8  LOCAL   As muralhas da cidade aguardam classificação nacional como Monumento de Interesse Público. Em Azeitão, o centro histórico de Vila Nogueira prepara-se para receber uma obra de requalificação. 12  FESTAS  A Feira de Sant’Iago voltou a pulverizar os recordes de visitantes desde que se realiza nas Manteigadas, agora com 410 mil entradas registadas. Muitas outras festas animaram o verão no Concelho. 14  PLANO CENTRAL  O novo azul do Forte da Bela Vista melhorou o exterior das casas e o interior das pessoas. Esta obra do projeto “Nosso Bairro, Nossa Cidade” fortaleceu as relações de vizinhança. 16  AMBIENTE  A construção de um golfinho humano na Figueirinha fomentou a proteção da comunidade de roazes. Uma campanha apelou às boas práticas com os resíduos dos estabelecimentos comerciais. 17  TURISMO  A gastronomia esteve em alta, com festivais a proporem soluções inovadoras para as sardinhas e o marisco. Um protocolo passa a utilização e exploração do Moinho de Maré para a Autarquia. 18  FREGUESIA  Arranjos urbanísticos recuperam um espaço público na Quinta do Bom Pastor, em S. Simão. A entrada do Faralhão, no Sado, e uma rotunda na Reboreda, Anunciada, foram alvo de requalificação. 19  DESPORTO  A substituição do piso do Pavilhão Municipal das Manteigadas permite a prática de mais modalidades. Uma prova de natação no rio Sado juntou mais de quarenta populares de diversas idades. 20  CULTURA  O regresso ao Fórum Municipal Luísa Todi é a principal novidade desta edição do Festroia, entre os dias 21 e 30 de setembro. O Eurovision Live Concert e o festival FUMO deram música à cidade. 22  EDUCAÇÃO  O novo ano letivo é marcado por mais escolas básicas com obras de melhoramentos, no Faralhão, Viso e Amoreiras. O verão foi também tempo para miúdos e graúdos participarem em ateliers. 23  ACADEMIA  A Escola Superior de Tecnologia está a desenvolver um projeto de aproveitamento das gorduras para produção de biodiesel. Duas alunas estudam formas de livrar as águas de xenobióticos. 24  RETRATOS  Luís Páscoa é um dos pastores que conduzem rebanhos de ovelhas em Azeitão, para produção do afamado queijo. Com 28 anos, contraria uma tendência de envelhecimento na pastorícia. 25  INICIATIVA  Uma loja de roupa feminina, onde também se pode beber um chá, ler um livro ou ouvir música, revive o espírito “retro”. O espaço está instalado em pleno Troino, conferindo novos usos ao bairro. 26  MEMÓRIA  A indústria conserveira, fecunda no início do século XX, é revivida em Setúbal. Uma cidade protegida pelos azulejos e onde uma rua presta homenagem a um mais famosos pintores decoradores. 28  PLANO SEGUINTE  A Casa da Cultura prepara-se para abrir as portas como espaço multiartístico. O Convento de Jesus deve entrar em obras de requalificação ainda este ano, graças à intervenção da Autarquia.

informações úteis Câmara Municipal

Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: DICI/Divisão de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Hugo Martins, Manuel Cordeiro, Marco Silva, Susana Manteigas Fotografia: Mário Peneque, Gonçalo Pereira, Rui Minderico Paginação: Humberto F. Impressão: Daniel & Lino, Lda. Redação: DICI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal Telefone: 265 541 500 E-mail: dici@mun-setubal.pt Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição Gratuita Depósito Legal N.º 183262/02

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Turismo

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editorial

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Orgulho no que somos O 15 de Setembro, Dia de Bocage e da Cidade, celebrou-se, em 2012, num momento particularmente importante para a cultura setubalense. Depois de alguns anos de obras de remodelação, foi reaberta a nossa mais importante sala de espetáculos, o Fórum Municipal Luísa Todi. Nesta cidade de atores, artistas plásticos, cantores, músicos, poetas e escritores; nesta cidade onde a atividade cultural é, primordialmente, uma emanação popular, uma emanação profunda do saber e da vontade das suas gentes, sentimos especial orgulho por devolver aos setubalenses e azeitonenses uma sala integralmente renovada e modernizada. Sentimos que cumprimos o nosso dever, que cumprimos os compromissos que assumimos com os nossos cidadãos e sentimos, com cada vez mais intensidade, que a nossa cidade avança rapidamente na consolidação do seu reposicionamento como uma das mais importantes cidades portuguesas. Uma cidade dotada de gente capaz e sabedora, dotada de equipamentos culturais qualificados e qualificadores, de uma completa gama de serviços à disposição dos cidadãos e que fazem dela o grande polo urbano do que se convencionou chamar a margem sul do Tejo. Setúbal é das cidades do país com melhor qualidade de vida, o que pode, aliás, ser comprovado por indicadores estatísticos objetivos e credíveis que apresentam a real dimensão desta terra. Indicadores nas áreas da cultura, das acessibilidades, dos transportes, do saneamento básico. Indicadores que, esses sim, mostram a nossa realidade objetiva e que não podem ser contrariados por pseudoestudos resultantes de umas quantas opiniões, cujo número é absolutamente irrisório perante a massa de mais de 120 mil habitantes deste concelho. Como sempre, é, porém, dentro das nossas portas que há mais dificuldade em reconhecer o que somos e o que sabemos. Temos uma crónica propensão para nos flagelarmos por tudo e por nada. Por isso é tão necessário, todos os dias, relembrar que Setúbal é um mundo. Um mundo onde cabem muitos talentos, onde existe património cultural e natural incomparável. Onde se situam algumas das mais importantes empresas do país e que mais contribuem para a riqueza nacional. Precisamos de ter cada vez mais orgulho no que somos. De ter mais e mais vozes a levar pelo país fora, pelo mundo fora, o que temos para oferecer. Cada setubalense e azeitonense tem de ser um ativo divulgador da sua cidade e do melhor que ela tem. Tenho a certeza de que será fácil. Afinal, quem não concordará que temos na Arrábida um extraordinário património natural, que temos um fantástico estuário, com comunidades únicas de golfinhos, e uma das mais belas baías do mundo que levam o nome da nossa cidade bem longe? Que temos, cada vez mais, excelentes equipamentos culturais, variadas atividades para oferecer, bom peixe, boa gastronomia, bons restaurantes? Que temos uma verdadeira cidade, que desejamos sem muros nem ameias, como cantava Zeca Afonso, na sua Utopia? Apelei, no Dia de Bocage, a todos os setubalenses e azeitonenses para que se transformem em divulgadores da terra que amam. Repito aqui esse apelo, para que chegue mais longe, a mais gente que quer e sabe valorizar a sua terra. Não peço que concordem connosco em tudo, nem peço que não nos apontem erros, falhas, desvios involuntários de percurso. Não é isso que queremos. Estaremos sempre dispostos a ouvir, a incorporar nas nossas práticas as sugestões, as ideias justas que resultam da participação empenhada e criativa de todos os cidadãos. O que queremos é que se juntem a nós nesta interminável tarefa de elevar cada vez mais alto o nome da nossa terra. A cidade que todos amam. Que não trocariam por qualquer outra.

Setúbal avança rapidamente na consolidação do reposicionamento como uma das mais importantes cidades portuguesas

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal


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Obra em nome da cultura A nova página da história do Fórum Municipal Luísa Todi é feita de modernidade. Uma intervenção escultórica, à entrada e no interior, evoca a memória da diva setubalense. A principal sala de espetáculos de Setúbal abriu portas a uma programação cultural eclética com condições nunca antes oferecidas aos artistas e ao público

primeiro plano

A

imponência arquitetónica aumenta e deslumbra a cada passo mais próximo do renovado Fórum Municipal Luísa Todi. Os traços do antigo edifício da década de 60, inseparáveis da memória coletiva setubalense, misturam­ ‑se numa simbiose harmoniosa com elementos estruturais modernos. Um olhar rápido e de imediato se vislumbram grandes mudanças no imóvel, a começar pela entrada principal, agora no alçado poente, ladeada pela bilheteira, com utilização exterior e interior, e por um elevador panorâmico, para acesso ao balcão. No exterior, uma zona de estadia apela a momentos de convívio antes dos eventos culturais, arranjo circundado por um espelho de água e com uma intervenção escultórica alusiva à cantora lírica setubalense, elemento que pretende ser uma referência visual com ligação ao edifício e à cidade. A escultura, obra bidimensional com três metros de altura em aço inoxidável, é inspirada numa gravura de Luísa Todi. No foyer, elementos em ferro formam um fluxo narrativo do percurso da cantora lírica, com informação alusiva a todos os sítios que se renderam à diva setubalense Luísa Todi. Estas obras, do artista Sérgio Vicente, com um custo total de 35.300 euros, foram doadas pela Fundação Buehler-Brockhaus, no âmbito de um protocolo de colaboração com a Autarquia. A zona de cafetaria continua no mesmo local, num desnível sob a entrada da sala, agora também com instalações sanitárias adaptadas, com uma pequena zona de venda ao público e um espaço com atividades lúdicas e educativas para crianças durante os eventos. Ouve-se um sinal sonoro. Dez degraus separam o foyer da sala de espetáculos, totalmente forrada a madeira, ainda a cheirar a nova, para um melhor aproveitamento acústico. Dos 634 lugares disponíveis, 398 são na pla-

Meio século a criar públicos Espaço de encontro privilegiado dos grandes momentos da vida social e artística da cidade e uma das mais significativas memórias coletivas dos setubalenses, o edifício do Fórum Municipal Luísa Todi conta com mais de meio século de história. O espaço, inaugurado em 1960, substitui um edifício do final do século XIX, considerado uma joia da arquitetura de interiores, batizado como Teatro Rainha D. Amélia e que, após a implantação da República, passou a designar-se Teatro Avenida, em 1911. Quatro anos depois, recebeu o nome de Cineteatro Luísa Todi. A degradação do imóvel obrigou à sua substituição pelo atual, inaugurado em 1960, adquirido pela Câmara Municipal de Setúbal em 1990, passando a designar-se Fórum Municipal Luísa Todi. Agora, meio século depois, o espaço reabriu com novas condições.


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As novidades abundam no renovado Fórum Municipal Luísa Todi. Novos espaços foram criados enquanto outros, modernizados e adaptados às exigências legais, alargam o leque de valências do equipamento cultural.

Cafetaria com melhores O mesmo espaço ntinua ea de cafetaria co condições. A ár la, agora b a entrada da sa num desnível so adaptadas ações sanitárias dotada de instal da. obilidade reduzi a pessoas com m

Expositores No alçado norte, onde tam bém há uma entrada de acesso ao foyer, foram colocados sete novos exposi tores para a divulgação das várias inicia tivas e eventos culturais a dinamizar regula rmente no equipamento.

Régie A unidade nevrálgica para a realização de espetáculos foi ampliada e conta com novos sistemas. É ladeada por quatro cabinas de tradução, para a realização de ncia eventos internacionais, uma nova valê do equipamento.

teia, agora com carpete azul e com inclinação de piso mais acentuada e dotada de acessos a pessoas com mobilidade reduzida. Já o balcão, com 236 cadeiras, é acessível por duas escadas laterais e elevador.

Artes com vista A nova régie está acompanhada de quatro cabinas de tradução, para apoio à realização de eventos internacionais, enquanto o teto, original, foi restaurado e dotado de um sistema de climatização. O palco cresceu quase dez metros em profundidade e conta com uma área de chão amoví-

vel para acesso a um subpalco, o que possibilita outro tipo de soluções cénicas. Na frente foi criado um fosso de orquestra com capacidade para 55 músicos, permitindo uma maior diversidade de espetáculos. Com o alargamento da área de palco foi possível reformular a zona de camarins e salas administrativas, distribuídas ao longo de seis pisos, e criar, no último andar, uma sala polivalente para espetáculos de menor dimensão. Esta nova área, com uma grande janela virada a sul, que permite aproveitar a vista sobre o estuário do Sado e a península de Troia, e uma varanda a poente, para a Arrábida, tem uma lotação de 60 lugares na configuração de café­

Escultura A cantora lírica setubalense é evocada numa intervenção escultórica com dois elementos, uma imagem bidimension Janelas panorâmicas al A sala polivalente tem duas janelas, para de Luísa Todi, no exterior, e um fluxo momentos de convívio e de lazer, viradas narrativo alusivo aos sítios onde a diva a atuou, no a sul, com vista sobre o Sado e Troia, e interior. a e bida Arrá a ta avis se qual poente, da Avenida Luísa Todi.

Playground A brincadeira também tem espaço no Luísa Todi. O novo playground, instalado numa ponta do foyer, tem mobiliário pensado para as crianças, literatura infantil e juvenil, livros para colorir e jogos didáticos.

Espaço multiusos O edifício tem mais um andar, uma sala polivalente para espetáculos intimistas , com capacidade máxima para 132 pess oas, apetrechada com um espaço de cafetaria para uma utilização quotidiana.

‑concerto e 132 em plateia. A sala polivalente, a que se pode aceder por um elevador interno, inclui um pequeno espaço de café-pastelaria, proporcionando uma utilização diária.

Luz realça edifício A fachada norte, voltada para a Avenida Luísa Todi, onde se localizava a antiga entrada, está agora totalmente forrada a pedra, com vitrinas de exposição novas, enquanto no lado nascente foram instaladas duas escadas exteriores independentes para saída de emergência. De noite, o contorno luminoso da volume-

Foyer Para estar antes e depois do s espetáculos, o foyer conta com espaços de exposição, uma área de venda de merch andising e zona de bengaleiro. Aqui, é também possível ir à bilheteira e apa nhar o elevador de acesso ao balcão .

Sala principal Com um total de 634 lugares, 398 na plateia, mais inclinada e adaptada a pessoas com mobilidade reduzida, e 236 no balcão, a sala de espetáculos, forrada a madeira, tem cadeiras com tampos destacáveis.

tria do exterior do edifício, anteriormente a néon, mantém viva, agora a LED, uma das imagens de marca do Fórum Municipal Luísa Todi. O projeto “Ampliação e Modernização do Fórum Municipal Luísa Todi”, do Programa ­ReSet – Regeneração Urbana do Centro Histórico de Setúbal, representa um investimento global de 4 milhões, 279 mil e 461,71 euros, montante comparticipado com uma taxa de 65 por cento por fundos comunitários canalizados através do PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.


primeiro plano

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O Fórum Municipal Luísa Todi reabriu oficialmente a 15 de setembro, ponto alto das comemorações do Dia de Bocage e da Cidade, mais amplo e dotado de condições técnicas e de conforto renovadas, com uma programação cultural ambiciosa no horizonte. “A conclusão desta obra complexa é um momento de grande e incontida emoção. Devolvemos à população setubalense o mais importante espaço de cultura integralmente renovado e ampliado, mais moderno e confortável”, salientou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira. A preservação da arquitetura original do imóvel foi uma das principais premissas da obra, mantendo viva a memória de várias gerações e projetando novos públicos. “Podíamos ter optado por demolir o que cá estava e fazer novo. Não escolhemos esse caminho porque com o novo evaporam-se memórias e passados preciosos.” O Fórum Municipal Luísa Todi, reforçou, “não podia perder as características mais puras, mais simples e harmoniosas que marcam indelevelmente o traçado do grande passeio público da cidade [Avenida Luísa

Palco de sonhos cantados e representados, o Fórum Municipal Luísa Todi é devolvido aos setubalenses com condições renovadas de utilização. Um recital lírico reabriu o equipamento

Cidade recebe centro de artes

Todi]”, constituindo um “elemento indispensável da paisagem urbana setubalense, ponto de encontro para partidas e chegadas, para sonhos cantados e representados no palco onde, afinal, o que se vê e ouve é a vida”. Perante uma sala praticamente lotada, a presidente da Câmara Municipal recordou o “complexo percurso” da obra de modernização do edifício, enaltecendo os esforços e as inúmeras iniciativas conjuntas para a angariação de fundos e os contributos mecenáticos. “Dedicámos muitas horas de trabalho, com alegria e ansiedade, e fizemo-lo com muitos amigos e amigas.” A presidente da Liga dos Amigos do Fórum Municipal Luísa Todi, Helena Matos, considerou que o esforço “valeu a pena para fazer renascer o Fórum”, até porque “Setúbal está num momento de grande criatividade e dinâmica cultural, de criação e fidelização de novos públicos”.

Programação ambiciosa O Fórum Municipal Luísa Todi “conta com uma gestão artística exigente mas aberta às necessidades da comunidade local”, adiantou Maria das Dores Meira, lançando um rep-

to: “A Autarquia, por si só, terá dificuldades em pôr a andar uma programação mais exigente. É fundamental que existam outros apoios.” O diretor do Fórum Municipal Luísa Todi, João Pereira Bastos, afirmou

Homenagem a funcionários O renovado Fórum Municipal Luísa Todi reabriu as portas no dia 14, à noite, para uma sessão especial dedicada aos trabalhadores da Câmara Municipal. “Pelo empenho e pela dedicação” na concretização do ambicioso projeto, Maria das Dores Meira sublinhou que os funcionários da Autarquia “deviam ser os primeiros a ter o privilégio de ver o requalificado Fórum”. Na antestreia da sala de espetáculos, com a exibição, tal como no dia

da inauguração do edifício original, em 1960, de “Os Dez Mandamentos”, filme de Cecil B. DeMille, foram homenageados seis funcionários municipais que dedicaram as carreiras profissionais ao antigo Fórum Luísa Todi. A emoção invadiu o palco e a plateia, principalmente com a homenagem a José Duarte Gonçalves, o “Sr. Zé do Fórum”, que, com 82 anos de vida, dedicou 48 a zelar pela sala de espetáculos. Antes da cerimónia, José Gonçalves

confessava receio sobre o momento em que iria subir ao palco para receber o tributo da Autarquia. “Tenho algum medo por causa do coração”, desabafou, instantes antes de entrar pela primeira vez na “bonita” e renovada sala. A dedicação do “Sr. Zé do Fórum” foi tanta que até a mulher, Maria dos Reis Esteves, igualmente antiga funcionária e homenageada na cerimónia, chegou a “ganhar raiva ao Fórum”, pois o marido “trabalhou tanto que quase se esquecia que tinha família”.

que “Setúbal está a avançar para a criação de um centro de artes que verdadeiramente merece”. Um recital com a soprano Elisabete Matos, cantora lírica reconhecida internacionalmente, acompanha-

da pelo pianista Nuno Vieira de Almeida, marcou a reabertura do “Luísa Todi”, na qual participaram ainda o Teatro do Elefante e a Jazz Class Dámsom. Depois do festival de cinema Fes-


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Dia dedicado à exaltação de Setúbal O ator Fernando Luís e o músico Manuel Freire foram duas presenças na sessão solene evocativa do Dia de Bocage e da Cidade, a 15 de setembro, marcada pela entrega de medalhas honoríficas a entidades e personalidades do Concelho. Fernando Luís, o primeiro na cerimónia a ser agraciado com o título, na classe Cultura, manifestou o orgulho em ser setubalense, lembrando que tudo o que aprendeu foi nesta cidade, tendo frequentado a Academia Luísa Todi e o Teatro Animação de Setúbal. Na mesma classe, foi condecorado o professor e artista plástico António Galrinho, que apelou à prática do “voluntariado cultural”. Já o professor e investigador João Reis Ribeiro, impulsionador da Associação Sebastião da Gama, confessou esperar continuar a fazer aquilo que sabe e gosta. A título póstumo, foram agraciados o músico Ariovisto José Valério e o padre diocesano Manuel Frango de Sousa. Na classe Desporto, a lista de homenageados contemplou o árbitro de futebol João Ferreira e o professor e treinador de natação Pedro Vale. Em Ciência e Tecnologia as distinções foram atribuídas à Fundação Escola Profissional de Setúbal, ao Instituto Politécnico de Setúbal e aos agrupamentos verticais de escolas Luísa Todi e Ordem de Sant’Iago, estas representadas pelos presidentes, que elogiaram os investimentos feitos na área da educação. Nas arcadas dos Paços do Concelho, atuaram as tunas “Tunatal” e “TunavesT”, destes dois agrupamentos. Na classe Comércio, o empresário João Maria da Silva Lopes, conhecido localmente por “João Belezas”, foi homenageado, postumamente, com a Medalha de Honra da Cidade. Em Associativismo e Sindicalismo as distinções foram atribuídas à Associação de Paraquedistas de Setúbal, à Associação José Afonso e ao Centro Jovem Tabor. Ao receber a medalha, o presidente da Associação de Paraquedistas de Setúbal quis “incluir na distinção a gente da Bela Vista”, onde está localizada a sede há 25 anos. “Deixaram há muito de ser visita e passaram a fazer parte da família.” Cravos vermelhos, o entoar de “Grândola, Vila Morena” e a presença de Manuel Freire, autor da música “Pedra Filosofal”, tornaram a condecoração da Associação José Afonso (AJA) num dos momentos altos da cerimónia. Manuel Freire desejou que se continue a fazer

“um esforço para manter viva a chama que Zeca acendeu”. Na mesma classe, Duarte Caldeira foi condecorado pelas missões que tem desempenhado no âmbito da proteção civil. Além da homenagem aos 45 funcionários municipais aposentados entre setembro de 2011 e agosto deste ano, a sessão solene contou com a assinatura do protocolo de cooperação entre os municípios de Setúbal e de Aksakovo, na Bulgária. A finalizar a sessão solene, no Salão Nobre, atores do Teatro Animação de Setúbal recitaram poemas de Bocage. Seguiu-se uma visita à Casa da Cultura. Num discurso emotivo, a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, deixou um apelo aos setubalenses e azeitonenses para “que se transformem em divulgadores da terra que amam”. Tarefa que passa pela exaltação de valores naturais, como a Serra da Arrábida e o Estuário do Sado, culturais e económicos, onde estão localizadas “algumas das mais importantes empresas do país e que mais contribuem para a riqueza nacional”, referiu. “Esta é uma terra de gente trabalhadora, que gera riqueza”, afirmou, lembrando os poetas, pintores, cantores, escritores e desportistas que Setúbal “deu ao mundo”. O esforço do Município na estratégia de criação e recuperação de equipamentos culturais tem, cada vez mais, resultados visíveis, como a reabertura do Fórum Municipal Luísa Todi, um “momento particularmente importante para a cultura setubalense”. As comemorações do Dia de Bocage e da Cidade começaram no Parque Urbano de Albarquel, com uma “Regata da Baía do Sado em ‘Banheiras’ e Insólitos”. Vinte embarcações lançaram-se à água. No mesmo espaço, decorreu a segunda edição do “EcoBeats”, música em prol da ecologia. A meio da tarde, a Banda da Capricho Setubalense atuou no coreto da Avenida Luísa Todi. Dali para o Salão Nobre dos Paços do Concelho, as Comemorações Bocagianas receberam mais uma cerimónia de entrega de prémios do XIII Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage. Esta iniciativa da LASA – Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, com o apoio da Autarquia, premiou António Barroso, na categoria Poesia, Maria de Fátima Bica, em Conto, e Vânia Pimenta, Revelação.

Apelo feito a todos os setubalenses para que se transformem em divulgadores da sua terra

troia, o Fórum Luísa Todi recebe, a partir de outubro, um conjunto de iniciativas com o envolvimento de associações locais. Em janeiro começam as programações quadrimestrais.


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PDM alterado rentabiliza zona industrial

Uma alteração ao Plano Diretor Municipal (PDM) na zona da Mitrena, referente ao Parque Industrial Sapec Bay, introduz quatro novas medidas com o intuito de rentabilizar e valorizar esta área económica de Setúbal. A alteração ao instrumento urbanístico implica a reformulação da delimitação dos espaços verdes de proteção e enquadramento, que passam de 84,05 para 68,16 hectares, assegurando, desta forma, uma zona tampão de proteção e enquadramento à área adjacente sob jurisdição da Reserva Natural do Estuário do Sado. Um total de 29,76 hectares de espaços industriais vão ser reconvertidos em áreas de terciário T2, enquanto é reservado um “espaço-canal” para um novo ramal ferroviário no parque industrial, além de se assegurar a possibilidade de alargamento do atual ramal ferroviário de apoio à fábrica de papel da Portucel. A alteração implica, igualmente, a adição ao regulamento do PDM de normas que incrementam a defesa ambiental, permitindo, ainda, a instalação e ampliação de atividades de gestão de resíduos no âmbito das utilizações admitidas no parque. A alteração ao PDM, aprovada em reunião pública de 18 de julho, tem como finalidade fazer um aproveitamento racional de um espaço dotado de um conjunto de infraestruturas relevantes para o acolhimento de atividades económicas e assegurar uma maior rentabilidade os elementos essenciais do sistema logístico no Concelho. A adoção desta medida tem como estratégia promover uma maior sustentabilidade do território, favorecendo a concentração de unidades industriais em áreas adequadas para o efeito em vez de uma ocupação industrial disseminada pelo território.

Muralhas aguardam classificação nacional Vestígios e traços das muralhas medieval e seiscentista setubalenses, com torres, portas, cortinas e baluartes, estão em vias de classificação como Monumento de Interesse Público. O processo de proteção e valorização cultural deste património no Centro Histórico está na reta final e aguarda homologação oficial As muralhas medieval e seiscentista de Setúbal estão em vias de classificação como Monumento de Interesse Público pelo IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico, distinção que atesta o valor cultural destes elementos históricos. O processo de classificação, após a emissão de um parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura e de um período de trinta dias de consulta pública, fases processuais já concluídas, aguarda agora a homologação oficial, com a publicação da decisão final em Diário da República. O valor patrimonial e cultural das muralhas, torres, portas, cortinas e baluartes do Centro Histórico de Setúbal enquanto testemunho arquitetónico e técnico da memória militar foi um dos critérios para a proposta de distinção, na qual foi definida uma zona de proteção de 50 metros dos bens a classificar.

Os elementos em vias de classificação refletem, de igual modo, critérios de autenticidade, originalidade e exemplaridade que assumem um valor patrimonial e de relevância cultural de âmbito nacional. A atribuição da classificação de Monumento de Interesse Público das muralhas, torres, portas, cortinas e baluartes constitui um importante contributo para a preservação da memória do perímetro fortificado medieval e abaluartado seiscentista e fomenta a compreensão da evolução histórica da cidade.

Defesa terrestre e marítima A primeira estrutura de defesa da outrora vila de Setúbal foi edificada no reinado de D. Afonso IV para travar os ataques de pirataria e corso. O complexo defensivo comportava cinco portas e 13 postigos, abertos em diferentes épocas.

A muralha medieval, do século XIV, integra as portas de São Sebastião, a única ainda existente, de Évora, de Santa Catarina, da Vila e Nova, vários postigos, a grande maioria igualmente já desaparecida, cortinas e torres. À época da Restauração da Independência, o sistema defensivo da costa marítima foi totalmente reestruturado, quer com a edificação de novas fortalezas e baterias, quer com a reconstrução ou ampliação de algumas que haviam sido edificadas na centúria anterior. Em Setúbal construíram-se os fortes de Albarquel e Outão para reforçar a linha de fogo da fortaleza filipina e foram projetadas as novas muralhas da vila, concluídas em 1696, com 11 baluartes e dois meios baluartes. Atualmente subsistem alguns postigos medievais, bem como parte da estrutura seiscentista, bastante abalada, contudo, com o terramoto de 1755.

Grito do Povo com loteamento A constituição de 72 lotes no Bairro do Grito do Povo – 71 lotes de habitação e um de comércio –, numa área total de cerca de 18 mil metros quadrados, foi aprovada em reunião pública a 4 de julho, pela Câmara Municipal de Setúbal. O Bairro do Grito do Povo, localizado na freguesia da Anunciada, foi construído há cer-

Iluminação melhora na Baixa A limpeza de vidros e a substituição de lâmpadas em quatro dezenas de candeeiros públicos instalados na Baixa comercial, realizadas em julho, permitiram melhorar as condições de iluminação e aumentar a segurança nesta área da cidade. A intervenção liderada pela Câmara Municipal de Setúbal, num investimento superior a seis mil euros, incidiu em luminárias colocadas no chão e nas fachadas de imóveis em várias ruas de uma área entre a Praça de Bocage e a zona do Quebedo.

A operação consistiu na limpeza de vidros e na substituição de lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, a grande maioria com mais de dez anos, ações que garantem uma maior luminosidade da via pública sem aumento de consumos energéticos. Foram intervencionadas luminárias nas ruas Antão Girão, Pereira Cão, Dr. Paula Borba, Álvaro Castelões, Luís de Camões, dos Correeiros, dos Almocreves e José António Januário da Silva e no Largo Doutor Francisco Soveral.

ca de trinta anos em terrenos municipais e financiado pelo antigo Fundo de Fomento de Habitação (FFH), de forma a resolver o problema da falta de habitação e erradicar os bairros de barracas existentes junto do Forte Velho. A Associação de Moradores do Grito do Povo, constituída na altura, ficou com a responsabilidade de receber, durante trinta anos, uma prestação mensal de cada sócio e proceder ao pagamento do financiamento junto do FFH, atual Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). Para a transição dos lotes aos respetivos moradores é necessário haver concertação de todas as partes envolvidas, ou seja, do IRHU enquanto credor das prestações, da associação de moradores na qualidade de responsável pelo pagamento ao instituto e da Autarquia proprietária dos terrenos.


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Lazer aproxima cidade do rio

Contrato desenvolve Mercado Social

As atividades no Mercado Social, plataforma logística e de abastecimento de lojas sociais em construção no Bairro da Bela Vista, são dinamizadas pela Associação Jardim de Infância “O Sonho”, no âmbito de um contrato de comodato celebrado com a Câmara Municipal. O Município de Setúbal, enquanto proprietário da fração ocupada pelo Mercado Social, entrega àquela associação as competências para o funcionamento do equipamento, destinado ao desenvolvimento de ações de apoio local e auxílio comunitário. “O Sonho” é uma instituição particular de solidariedade social que realiza atividades de ação social e desenvolvimento comunitário, sobretudo nas valências de creche e jardim de infância e no acompanhamento de beneficiários de Rendimento Social de Inserção. A criação do Mercado Social, um investimento de quase 200 mil euros integrado no programa RUBE – Regeneração Urbana da Bela Vista e Zona Envolvente, permite aumentar o reaproveitamento de recursos, numa gestão partilhada entre a Autarquia e instituições particulares de solidariedade social do Concelho. O futuro equipamento, com a função de entreposto social de bens e serviços, tem como objetivo a captação e o armazenamento de bens não perecíveis, como vestuário, material escolar, móveis e eletrodomésticos, para posterior distribuição.

A pressa não tem lugar na nova área urbana de referência da cidade. Na requalificada Praia da Saúde há espaços para momentos de lazer e para a prática desportiva. De dia ou de noite, o tempo também é de convívio, em família ou com amigos, sobretudo no café-esplanada com vista para o Sado e a Arrábida Espaços de estadia e recreio, zonas ajardinadas e um café-esplanada fazem parte da requalificada Praia da Saúde, a nova área urbana de lazer na frente ribeirinha de Setúbal, local de eleição para momentos de convívio e lazer. “Devolvemos aos setubalenses boa parte da identidade sadina. O passeio ribeirinho da Praia da Saúde, por tantos anos praticamente vedado, está de novo aberto a todos”, frisou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, a 23 de junho, na cerimónia de inauguração do novo espaço.

Articulada com o traçado do passeio, num percurso linear com uma extensão aproximada de 260 metros, uma ciclovia, ladeada de árvores, na grande maioria pinheiros bravos, já é utilizada por muitos cicloturistas num percurso na frente rio. O café-esplanada, instalado numa zona central da área requalificada, com vista panorâmica para o rio e a serra, tem sido um dos principais pontos de interesse dos utilizadores deste espaço, em momentos de festa e confraternização. Um monumento em homenagem

ao navegador, oferecido à Autarquia pelo comendador Luís Filipe Gomes, integra a paisagem da Praia da Saúde, obra do artista setubalense José João Besugo.­ Na Praia da Saúde há ainda áreas ajardinadas amplas e uma plataforma de estadia na zona próxima do areal. A reposição da praia urbana não pode ser realizada na plenitude “por força das indeléveis marcas que os antigos estaleiros deixaram”, assinalou Maria das Dores Meira. “Ainda que nem todos sejamos responsáveis, todos pagamos duramente os custos do abandono

[dos estaleiros navais].” Novos lugares de estacionamento laterais foram definidos ao longo da Rua da Saúde, via de circulação cuja faixa de rodagem foi alargada e asfaltada na totalidade, facilitando o trânsito na zona. O projeto “Reconversão Urbana da Zona Ribeirinha Poente”, um investimento superior a um milhão de euros, foi implementado com apoios comunitários canalizados através do PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, ao abrigo do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.

Peões com prioridade no Troino A circulação pedonal tem primazia na zona nascente do Bairro do Troino, um dos mais característicos do Centro Histórico, em fase final de requalificação urbana, com obras de beneficiação de arruamentos e substituição de infraestruturas de água e saneamento. A reorganização do tráfego rodoviário e o reordenamento do estacionamento automóvel, traduzidos em diversas medidas, são ações consideradas fundamentais nesta intervenção, com conclusão prevista para outubro. O estacionamento de viaturas será interdito dentro do Bairro de Troino e a circulação automóvel apenas se procederá sem restrições na Rua Frei Agostinho da Cruz, num troço da Rua João Eloy do Amaral, na Praça Teófilo Braga e no Largo do Carmo, zonas onde é facilitado o parqueamento. Todas as travessas do bairro estarão apenas abertas à circulação

pedonal, o mesmo sucedendo nas ruas Fran Paxeco, António Maria Eusébio, 26 de Setembro e 19 de Abril, bem como na maior parte da Rua João Eloy do Amaral. Um cartão de residente, destinado aos munícipes que comprovem morar no Bairro de Troino,

isenta os portadores da respetiva acreditação do pagamento de parqueamento nas zonas de estacionamento localizadas na periferia. Num encontro realizado no Salão Paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Anunciada com moradores, o vereador das Obras

Municipais, Carlos Rabaçal, constatou que “já há muito mais gente a usufruir das ruas e das esplanadas, nas áreas em que as obras já estão concluídas” e também que “são recorrentes os casos dos moradores que, graças às intervenções, estão a promover a requalificação das fachadas de edifícios localizados no bairro”. As obras, numa área superior a dez mil metros quadrados, decorrem agora na Rua Fran Paxeco e na Praça Teófilo Braga, faltando ainda finalizar os trabalhos relacionados com a instalação de nova iluminação pública e de contadores de água. O projeto “Requalificação e Revitalização Urbana do Bairro de Troino Nascente”, um investimento de perto de um milhão de euros, comparticipado por fundos comunitários, está incluído no programa ReSet – Regeneração Urbana do Centro Histórico de Setúbal.


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Projeto requalifica

A circulação pedonal é um dos elementos catalisadores de um projeto de requalificação do centro histórico de Vila Nogueira de Azeitão. A proposta, um investimento superior a quatro milhões de euros, prevê a reformulação de ruas, a beneficiação de infraestruturas urbanas e a criação de estacionamento O projeto de requalificação da Rua José Augusto Coelho, destinado a privilegiar a circulação pedonal na via principal de Vila Nogueira de Azeitão, foi apresentado à população local, no final de julho, pelo Executivo municipal, em reunião pública realizada na Casa do Povo de Azeitão. A base concetual do projeto tem como finalidade dar primazia à fruição dos arruamentos, com a ampliação da largura dos passeios e a colocação de mobiliário urbano que confira uma imagem própria e diferenciadora da vila. A mesma lógica prevista para a Rua José Augusto Coelho será aplicada a vários arruamentos adjacentes, num projeto de execução desenhado na totalidade por técnicos da Câmara Municipal. O projeto, numa área total de 56.250 metros quadrados, representa um investimen-

to “para cima dos quatro milhões de euros”, o que, tendo em conta os valores em causa, só faz sentido avançar com a empreitada “se a maioria da população assim o quiser e desejar”, frisou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira. No total, foram definidas quatro zonas de ação, estando o projeto concluído em relação às indicadas como um e dois, faltando a três e a quatro. O vereador do Urbanismo, André Martins, esclareceu que a necessidade de elaboração do projeto para as zonas já planeadas se deve ao facto de a Autarquia estar ciente da abertura para breve de concursos para a atribuição de fundos comunitários para intervenções deste âmbito. “Se abrir uma candidatura, aproveitamos. Não queremos ser apanhados desprevenidos”, garantiu.

Azeitão beneficia arruamentos A criação de passeios, a execução de uma rede de drenagem de águas pluviais e asfaltamentos integram uma obra de requalificação de várias ruas junto de Brejos de Azeitão, intervenção urbana concluída em agosto. A operação liderada pela Câmara Municipal de Setúbal incidiu nas ruas José Malhoa, Abel Manta, Amadeu de Sousa Cardoso e Alfredo Roque Gameiro, nas travessas Bartolomeu Perestrelo e Tristão Vaz Teixeira e num arruamento sem toponímia. A empreitada, um investimento superior a 85 mil euros executado em pouco mais de dois meses, incluiu a criação de várias infraestruturas de arruamento, como passeios e lancis, dotando aquela área habitacional com condições de circulação pedonal condignas e em segurança. A instalação de um sistema de drenagem de águas pluviais e a colocação de sumidouros na Rua José Malhoa, que já se encontrava dotada de uma infraestutura deste género, são outros trabalhos executados nesta obra. Esta intervenção, dando continuidade ao trabalho de requalificação urbana que a Câmara Municipal de Setúbal está a desenvolver naquela área da freguesia de S. Lourenço, contemplou ainda a execução de operações de asfaltamento das vias, que se encontravam em terra batida. A implantação de sinalização vertical e horizontal é outro dos trabalhos assegurados. Na Rua José Malhoa o trânsito é realizado nos dois sentidos, enquanto nos restantes arruamentos a

circulação automóvel é efetuada apenas num sentido.

Rua assegura ligações A finalização das operações de asfaltamento, em agosto, da Rua Família Bronze, permitiu reabrir ao trânsito esta via central de ligação entre várias urbanizações de Azeitão, como Vale de Cães, Foios e Casas de Azeitão, bem como de acesso a Vendas de Azeitão e a Palmela. Os trabalhos foram assegurados pelos meios próprios da Autarquia, complementando uma obra mais vasta, realizada por uma empreitada orçada em mais de 700 mil euros, com intervenções ao nível das redes de água e esgotos domésticos e pluviais e de criação de passeios em vários arruamentos desta zona de Azeitão. Numa área de perto de 30 mil metros quadrados, a Autarquia está a proceder à substituição ou instalação de infraestruturas de águas e esgotos e à pavimentação de vias, algumas originalmente em terra batida, o que permite criar uma rede viária com cerca de três quilómetros com um sistema de circulação ordenado. A implantação de 13 mil metros quadrados de passeios em blocos de betão e a criação de 170 lugares de estacionamento são outros objetivos da empreitada de requalificação geral de Vale de Cães, uma obra de grande envergadura que se prolonga por 2013.


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Vila Nogueira

Avenida 22 de Dezembro reforça estacionamento

A Câmara Municipal de Setúbal avança em breve com uma obra de requalificação urbanística na Avenida 22 de Dezembro, numa área próxima do Centro Comercial São Julião. A intervenção, uma empreitada de perto de nove mil euros a desenvolver no segundo semestre, visa a reconstrução de um passeio público e a criação de estacionamento transversal. Os trabalhos, executados com o intuito de ordenar o parqueamento abusivo, incluem a deslocalização de um poste de iluminação pública.

Semáforos protegem na Praça do Brasil

A colocação de sinalização semafórica em dois pontos na zona da Praça do Brasil reforça a segurança rodoviária, em particular de peões, e garante a fluidez do tráfego rodoviário nesta área da cidade. Os equipamentos, instalados junto de passadeiras já existentes, uma na Estrada dos Ciprestes, perto da estação ferroviária, a outra na Avenida da República da Guiné-Bissau. Os semáforos foram colocados no final de junho, num investimento da Câmara Municipal de Setúbal superior a 20 mil euros.

Fontainhas testam solução de rotunda

Caso haja candidatura, a obra deverá avançar já em 2013. Se tal não acontecer, a Autarquia custeará a intervenção, que ocorrerá, então, em 2014. A primeira zona de intervenção focaliza-se na área central da Rua José Augusto Coelho e inclui as ruas 9 de Abril, Poeta Sebastião da Gama, da Misericórdia, Engenheiro Soares Franco, Helena Conceição Santos e Silva e Maria da Assunção Castilho, bem como o Largo 5 de Outubro.

Mais estacionamento O vereador André Martins explicou que “uma intervenção na Rua José Augusto Coelho implica mexer nas infraestruturas”, como água, saneamento e drenagem de pluviais, dessa via e das adjacentes.

A segunda zona de intervenção tem como principal objetivo o reordenamento do estacionamento. Enquanto na principal rua de Vila Nogueira será proibido o estacionamento, com permissão de paragem apenas para cargas e descargas em áreas específicas, nos arruamentos a norte foram estabelecidas quatro zonas de parqueamento, a que se junta uma outra, já existente, na Praça da República, vulgo Rossio. Com esta solução, aos 279 lugares existentes em Vila Nogueira, localizada na freguesia de São Lourenço, acrescem 219, totalizando, no futuro, 490 espaços reservados para o parqueamento de viaturas. No projeto atual falta completar os planos para as zonas três e quatro, referentes às áreas nascente e poente da Rua José Augusto ­Coelho.

Novo passeio liga bairros Uma obra liderada pela Câmara Municipal de Setúbal visa melhorar as condições de circulação pedonal na Avenida das Descobertas, na ligação entre as urbanizações de Vale do Cobro e Monte Belo Sul. A operação, um investimento superior a 23 mil euros, assegura uma ligação pedonal dotada de melhores condições de segurança e conforto para os transeuntes, com a construção de passeios numa área de intervenção com mais de 650 metros quadrados. A obra, com conclusão prevista para outubro, inclui a construção de passeios com 2,5 metros e largura e lancis em ambos os lados de um troço com mais de 200 metros lineares na principal artéria de Vale do Cobro. Para assegurar uma correta circulação pedonal, sem barreiras urbanísticas e arquitetónicas, a Autarquia vai proceder à deslocalização de três contentores de resíduos sólidos urbanos existentes na área, dotando-os de dispositivos de retenção. A construção de mais duas passagens de atravessamento pedonal, a juntar a três já existentes na Avenida das Descobertas, a instalação de sumidouros para recolha das águas pluviais, com ligação às câmaras de visita existentes, e o reforço da iluminação pública são outros trabalhos programados nesta obra.

Uma rotunda na ligação rodoviária entre as avenidas Luísa Todi e Jaime Rebelo, a funcionar com uma demarcação provisória, pretende melhorar a fluidez de trânsito automóvel na zona das Fontainhas. A rotunda definitiva, investimento da Autarquia da ordem dos 150 mil euros a executar em breve, visa facilitar a articulação entre as várias vias de circulação da área, promover uma melhor integração na malha urbana da cidade e contribuir para o aumento da segurança rodoviária na zona.

Investimentos melhoram redes

Um conjunto de intervenções lideradas pela Câmara Municipal de Setúbal permitiu melhorar as condições de abastecimento de água em várias áreas do Concelho, operações executadas por empreitadas que representam um investimento superior a 200 mil euros. Na zona do Vale de Mulatas, perto de três dezenas de famílias daquele aglomerado populacional que se encontravam privadas de infraestruturas básicas de abastecimento público de água já dispõem deste serviço. Os trabalhos, finalizados em agosto e com um custo de mais de 40 mil euros, consistiram no prolongamento de cerca de 335 metros de um troço da conduta da rede de abastecimento do município de Palmela e na extensão de 55 metros da rede de abastecimento de água, além da execução dos respetivos ramais de ligação e da colocação de uma boca de incêndio. A solução de dotar aquela área habitacional com o sistema público de abastecimento de água através da rede de Palmela é explicada pelo facto de o ponto mais próximo da rede de Setúbal se encontrar a quase três quilómetros de distância, o que tornaria a opção dema-

siado dispendiosa, até porque obrigava a um atravessamento de condutas pela A2. A medida implicou a instalação de um contador totalizador no limite dos dois concelhos e de uma válvula redutora de pressão. Na Arrábida, a reabilitação do sistema de abastecimento de água Carrascal/Creiro, investimento da ordem dos 110 mil euros finalizado em julho, permitiu solucionar problemas de roturas frequentes e perdas de volume de água nesta área do Concelho. A intervenção, centrada numa extensão com perto de quatro quilómetros, entre a Comenda e a Praia da Figueirinha, inclui a substituição da conduta de abastecimento de água e a execução dos respetivos nós de ligação às infraestruturas existentes. A colocação de caixas de ventosas nos pontos mais altos do traçado e de descargas de rede nos mais baixos, a demolição e remoção das antigas estruturas, a colocação de dois novos marcos de incêndio e a ativação de outro junto do Parque de Merendas da Comenda foram ainda trabalhos realizados. Também na zona de Algeruz foi executado o prolongamento das redes de água e saneamento ao futuro Complexo Fúnebre da Paz, investimento de 53 mil euros concluído em agosto que incluiu a instalação de um coletor de águas residuais domésticas numa extensão com cerca de 400 metros e a execução de várias caixas de visita. Os trabalhos visaram também o prolongamento da rede de distribuição de água numa extensão aproximada de 550 metros e a execução dos respetivos nós de ligação ao sistema.


festas

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O melhor certame de sempre

Foi a edição recordista no número de visitantes desde que se realiza, pelo nono ano consecutivo, nas Manteigadas. O segredo do sucesso passa por um bom cartaz musical com espetáculos gratuitos, diversidade de oferta e as gentes de Setúbal sempre animadas

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maior enchente de sempre na Feira de Sant’Iago desde que se realiza nas Manteigadas foi registada este ano, com perto de 410 mil pessoas a visitar o certame, entre 21 de julho e 5 de agosto. O cartaz de espetáculos, de entrada gratuita, com nomes de peso do atual panorama musical português contribuiu para o sucesso da edição deste ano, que teve como tema a história do Mercado do Livramento, equipamento municipal com 136 anos. Vanessa da Mata, Boss AC, Aurea, Janita Salomé, David Fonseca, José Cid e Carminho foram algumas das dezenas de artistas que

passaram pelo Palco Amarsul. De assinalar que o maior número de visitantes num só dia, com 48.441 pessoas, foi registado no fecho, 5 de agosto, noite em que José Cid lotou por completo o recinto. O músico ultrapassou as 47.980 pessoas do último dia da edição de 2011, quando os Homens da Luta passaram pelo Parque Sant’Iago. Ao longo de 16 dias, a Feira de Sant’Iago ofereceu animação e divertimentos para todos os gostos e bolsas e proporcionou conhecimento com stands institucionais e do tecido empresarial. Um pátio dedicado aos produtos regionais, uma feira do livro e uma exposição

de viaturas antigas foram pontos de interesse do evento. No pavilhão temático da Câmara Municipal, entidade organizadora da feira em parceria com a Associação Parque Sant’Iago, contou­ ‑se a tradição do Mercado do Livramento, através de imagens e palavras, numa réplica do principal espaço de venda da cidade. Uma exposição mostrou a evolução do mercado através dos marcos mais significativos desde a génese no Largo da Ribeira Velha ao atual edifício na Avenida Luísa Todi. De várias origens, como angolana, caboverdiana, brasileira e do Leste europeu, a


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Verão com animação total

Praça do Mundo acolheu culturas que deram a conhecer saberes e sabores. Este espaço, a funcionar de quinta-feira a domingo, foi também ponto de encontro para coletividades sediadas no Concelho.

Dígito comum Nesta edição, o algarismo 6 foi, curiosamente, comum aos aniversários da feira e do Mercado do Livramento, mas não só. A presidente da Câmara Municipal salientou este “acaso” durante a inauguração do certame, referindo que “os 436 anos de feira e os 136 anos de Mercado do Livramento são um casamento perfeito, em 16 dias de festa”. E mais, na homenagem prestada aos comerciantes do mercado, Maria das Dores Meira fez-se acompanhar por Ti Helena, a mais antiga comerciante em actividade no Livramento, imagine-se, com 86 anos. Ti Helena é uma das poucas vendedoras que recordam antigos pregões, recriados, na noite de abertura, por atores do TAS – Teatro Animação de Setúbal. Personagens trajadas à época mostraram, no pavilhão da Câmara Municipal, um pouco da história do comércio na cidade, da venda ambulante porta a porta, à criação do Mercado do Livramento, passando pela comercialização do peixe no Largo da Ribeira Velha e da fruta e legumes na antiga Praça do Sapal. Os visitantes puderam conhecer os marcos mais significativos do equipamento municipal através de uma exposição cronológica, com fotografias antigas e atuais, curiosidades para o público, utensílios comerciais de outros tempos e um documento audiovisual com testemunhos de diferentes gerações de comerciantes.

Longe já vai o mês de junho, quando arrancaram as primeiras festividades de verão. A São Julião em Festa decorreu praticamente durante todo esse mês, entre os dias 8 e 24. A sétima edição do certame, promovido pelo movimento associativo daquela freguesia da cidade, teve lugar no Largo de Jesus. Nos meses de julho e agosto foram raros os dias em que uma festa não estivesse a decorrer em algum ponto do Concelho. Só na primeira semana de julho, três festividades aconteceram em simultâneo, entre os dias 6 e 8, no centro da cidade, em Azeitão e na freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra. A SetFesta abriu a época das festas de verão, animando as noites no Largo José Afonso. A festa do movimento associativo das freguesias da Anunciada e de Santa Maria da Graça teve como ponto forte a gastronomia, com propostas diversificadas no formato e no preço, à escolha dos visitantes nos dez pavilhões das coletividades representadas. A 5 de julho, na freguesia de São Lourenço, tiveram início as Festas da Arrábida e de Azeitão, que integraram, uma vez mais, o tradicional Círio da Arrábida, nos dias 7 e 8. A 23.ª edição destas festas em Vila Nogueira proporcionou espetáculos musicais diversificados, desde a atuação da Banda da Perpétua Azeitonense às danças de salão do Centro Cultural e Desportivo de Brejos de Azeitão, passando por uma noite dedicada ao fado e pelo concerto comemorativo dos 40 anos de carreira de ­Clemente. Pelos mesmos dias, entre 6 e 8, no extremo oposto do Concelho, as Festas de Verão fizeram-se no Clube Desportivo, Cultural e Recreativo da Gâmbia, com bailes a animar as três noites. Enquanto a Feira de Sant’Iago decorria nas Manteigadas, de 21 de julho a 5 de agosto, outras festividades de diferentes índoles ­arrancavam para um mês recheado de animação, mas também de devoção. O primeiro fim de semana, de 3 a 5, começou com a concentração motard do Grupo Xupa Kabras que, entre passeios e espetáculos, reúne anualmente, há 14 edições, motards de todo o País. Também o Motoclube de Setúbal comemorou o 15.º aniversário com uma festa, no dia 18, no Largo José Afonso. Muito mais antiga é a freguesia de São Simão, que celebrou, entre os dias 4 e 5, em Vendas de Azeitão, os 442 anos com um programa gastronómico e musical, em parte destinado à população mais jovem da freguesia, para agrado da comunidade local e dos visitantes de fora do Concelho. Ainda em Azeitão, as Festas de Nossa Senhora da Conceição, na Aldeia da Piedade, voltaram a afirmar-se conseguindo o recorde de 15 mil visitantes. O tradicional certame,

Ao sabor do samba

realizado entre os dias 10 e 15 de agosto, compreendeu atos litúrgicos e quermesse, mas também animação e comes e bebes. Com o mês de agosto a chegar a meio, eis que as Escarpas de Santos Nicolau tornaram a ser palco da Festanima, um dos festejos mais concorridos da cidade, integrado nas Festas Populares de São Sebastião. A 10.ª Festanima,­ com uma vista privilegiada para o Sado, recebeu todas as noites, de 10 a 19, enchentes de pessoas que assistiram aos espetáculos em cartaz e que ali passaram para se divertirem. Paralelamente, realizou-se a Festa de Nossa Senhora do Rosário de Troia, festividade religiosa emblemática com o simbolismo do cortejo das embarcações de pesca entre as duas margens do Sado num tributo à fé e proteção dos marítimos. Depois de dois dias em Troia, onde a devoção foi manifestada através de convívio entre populares, a beleza do regresso a Setúbal dos barcos engalanados, a 20, foi o culminar destas festas. Ao longo da margem do Jardim da Beira-Mar milhares de pessoas assistiram à espetacularidade do momento. O fim de agosto traz a melancolia de um verão prestes a acabar, mas não sem antes dar um pulo até à Herdade da Mourisca, num dos recantos mais bonitos numa zona estuarina. A 13.ª Festa do Moinho de Maré da Mourisca, evento anual com tasquinhas, música, dança

e animação, realizou-se nos dias 24, 25 e 26, com um programa que incluiu concertos e bailes, concursos, atividades lúdicas e desportivas e ações de promoção e venda de produtos artesanais, como licores, doçaria e bijutaria. A gastronomia foi, contudo, ao longo dos três dias o maior destaque do certame, juntado à mesa, nas diversas tasquinhas, famílias inteiras, grupos de amigos e conhecidos em momentos de convívio e de degustação da panóplia de petiscos disponíveis. O calendário das festividades populares de 2012 não poderia fechar sem a realização das Festas de Nossa Senhora da Saúde, organizadas pela Sociedade Filarmónica Providência. Ao cariz religioso, com um programa de atos litúrgicos e quermesse, juntou-se a animação e os comes e bebes, entre 7 e 9 de setembro, em Vila Fresca de Azeitão.

A Avenida Luísa Todi “virou” sambódromo nas noites de 13 e 14 de julho para deixar passar escolas de samba e carros alegóricos em nova edição do Carnaval de Verão. As noites de folia, numa iniciativa organizada pela ACOES – Associação do Carnaval e Outros Eventos de Setúbal e pela ABARS – Associação dos Bares da Avenida, Restaurantes e Similares, estenderam-se, entre os dias 11 e 15, a uma minifeira no Largo José Afonso. Seis carros alegóricos iluminados representativos das coletividades que participaram no Carnaval de fevereiro, três escolas de samba e os trios elétricos “Trepa no Coqueiro”, “Tripa” e “Bota” participaram no desfile noturno, a 14, que este ano teve entrada gratuita. A Academia Cultural Teatro e Artes de Setúbal, a Associação de Moradores do Bairro da Anunciada, o Clube Recreativo Águias de São Gabriel, o Grupo Desportivo Fonte Nova, a União Desportiva e Recreativa das Pontes e a União Desportiva e Recreativa Praiense foram as coletividades que voltaram a desfilar na avenida. A segunda edição do Carnaval de Verão contou com outra novidade, a venda de kits, compostos por chapéu, t-shirt e um cartão com oferta de dez imperiais, que ajudou os 62 bares e restaurantes aderentes a financiar a iniciativa, orçada em cerca de 30 mil euros.


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Mudança em tons de azul Há muito que o Forte da Bela Vista não via a cor da tinta. Os moradores uniram-se para cuidar de um espaço que é deles, criando um local mais agradável para viver. O sentimento de pertença saiu reforçado desta ação inédita, assim como as relações de vizinhança. A cor azul, como a do céu que alberga o mundo, melhorou o exterior do bairro e o interior das pessoas

plano central

A

trincha usada por Francisco Sousa acaricia a parede de um dos pátios do Forte da Bela Vista. A tinta é cinza, a contrastar com o novo azul que já brilha em todo bairro. “Já não falta tudo. Aos poucos e poucos, a coisa vai lá”, solta, na companhia da filha mais pequena, que insiste em ajudar o pai. A trincha é ensopada de novo com tinta e mais um pedaço de parede fica renovado. Tem sido assim nas últimas semanas. Francisco Sousa, setubalense de gema, vive no Forte da Bela Vista vai para 15 anos. Interlocutor no âmbito do projeto “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, função criada para facilitar o contacto entre a comunidade e a Autarquia, deu o exemplo e resolveu deitar mãos à obra. “Esta iniciativa juntou aquilo que de melhor há nas pessoas. Não é só para mim. É para todos e sobretudo para os mais novos, para que vivam e possam crescer num bairro mais agradável e limpo”, revela, orgulhoso por fazer parte desta ação inédita no “Bairro Azul” da Bela Vista, com novas cores, mais de duas décadas depois da construção. A segunda vida do bairro começou há cerca de quatro meses, com os moradores, de todas as idades e etnias, a unirem esforços em torno de uma causa comum, com o apoio da Câmara Municipal, que cedeu tintas e outros materiais, envolvendo o mecenato. Agora, os 12 lotes do bairro onde residem sete centenas de pessoas estão como novos. A falta de emprego entre a comunidade acabou por se revelar um motivo para não estar

parado. A diversidade de profissões também ajudou nas tarefas, cada um na sua área de especialidade. “Apareceram com as tintas e nós começámos a pintar. O pessoal está desempregado e tinha de se mexer para fazer alguma coisa”, revela Leonel Catarino, 46 anos, há 15 no bairro, a viver com o filho. “Vivemos cá e temos de fazer parte deste projeto”, afirma, perentoriamente. Nasceu em Sines mas foi criado em Setúbal. Pescador, aproveita os tempos menos bons para se manter ocupado. “Cada um é especialista na sua área, o que ajuda a levar as coisas para a frente. O mais difícil é manter o ritmo. Não podemos abandonar isto.” Leonel acredita que “é preciso mudar mentalidades de alguns que estão parados no tempo”, acentuando: “Se fosse a Câmara a fazer não davam valor nenhum. Isto é fruto do nosso trabalho e temos de o defender. Leva algum tempo até algumas pessoas entenderem isto.” A cada passo, um novo canto do “Bairro Azul” aparece diferente, pintado ou renovado. Já existem canteiros com flores nos pátios, onde a criançada continua a brincar, agora com mais regras, para não estragar o fruto do trabalho que tanto custou a colher. “Não quero aqui nenhuma bola a bater na parede”, grita uma moradora, preparando-se para atear o lume num fogareiro pouco convencional, do qual sai o repasto para o almoço. “Eles já sabem, mas de vez em quando ainda insistem com a bola.” As pinturas começaram no bloco 10, no âmO azul do Forte da Bela Vista já não contrasta com o do céu. As antigas fachadas, sujas e sem ver a cor da tinta há mais de duas décadas, estão agora como novas, mais reluzentes. Falta pintar um muro, intervenção a ser preparada, num futuro próximo.

Bairro em números

1984 700 167 15 70 40 30 4830

foi o ano de construção do bairro pessoas vivem no Forte da Bela Vista fogos numa dúzia de lotes interlocutores eleitos mil euros gastos em materiais mil euros através de mecenas mil euros pagos pela Autarquia litros de tinta até ao momento

bito do projeto municipal de requalificação urbana “Setúbal Mais Bonita”. Smyle Campos, brasileiro de origem, 32 anos, a morar no bairro há oito, refere que começar não foi difícil, até porque, ânimo e vontade não faltavam. A dificuldade em pintar as paredes, demasiado secas e a absorver muita tinta, não o demoveram do objetivo. O esforço acabou por ser recompensado, não


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só por ele, mas por toda a comunidade, impulsionando outros moradores a arregaçar as mangas e a enveredar pelo mesmo caminho. Hoje, já pouco falta pintar. Ainda há muito por fazer, mas a comunidade está lá para o que der e vier. “Renascemos das cinzas”, garante o homem que antes era somente conhecido por “o brasileiro”. Montador de estruturas metálicas, Smyle prefere não falar em problemas, antes em soluções. “O diamante está a ser lapidado, com outras condições para as gerações futuras.”

Forte de relações A pintura de fachadas, galerias e muros do Forte da Bela Vista, agora mais reluzente e visível até de Troia, não foi a única mudança no bairro. As pessoas também mudaram, para melhor. Fortalecidas individualmente, tornaram a comunidade mais forte. “As relações mudaram. Não foi só a cor das paredes. Começou a haver diálogo entre as pessoas, algo que era impensável até há bem pouco tempo”, vinca Smyle Campos, ao abraçar a pequena Erica, irrequieta e com a birra de sono matinal. “Devolvemos o bairro à cidade, bonito como da altura da construção.” Natural de Angola, António Nicácio, 39 anos, vive no bairro há três com a família. Interlocutor no programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, confessa que caiu de “paraquedas” no bairro. Foi duro ao início, mas conseguiu dar a volta por cima. O dinheiro não abundava e não havia grandes opções a tomar. “No início, fiquei assustado. Era chegar ao bairro e ir diretamente para casa. Não havia conversa, nem conhecia os vizinhos. Agora, as pessoas olham para o que está a ser feito, ficam na rua a falar e ajudam nas tarefas, seja a pintar ou a limpar os pátios. Tudo é diferente”, sublinha. Não foi fácil unir os moradores. “Antes de haver tintas e outros materiais, poucos acreditavam. Depois, tudo ficou mais fácil e os moradores ficaram empolgados. Aquilo que antes era um sonho tornou-se uma miragem e agora é uma realidade.”

António, estucador de profissão, já se sente verdadeiramente em casa e integrado numa comunidade que estima. “As pinturas acabaram por mudar mais do que simples fachadas. Modificaram a maneira de pensar dos moradores e a imagem que as pessoas tinham do Forte da Bela Vista.” Por isso, considera que esta “é uma ação muito positiva, de interligação entre jovens, adultos e idosos, de todas as etnias”, e que “fomenta a autoestima das pessoas”. E agora novas oportunidades já se manifestam graças ao incremento das relações de vizinhança gerado por esta ação: “As pessoas começam também a arranjar as casas por dentro. Estes novos contactos permitiram isso mesmo. Um é canalizador, outro eletricista. É um género de troca de favores.”

Ideias não faltam Teresa Martinho é a única mulher do conjunto de interlocutores eleitos no Forte da Bela Vista. A constatação não a assusta. “Pelo contrário, é um orgulho pertencer a este grupo de trabalho e poder contribuir para uma causa maior.” Não tem medo das tarefas e contribui como pode, na organização, a pintar ou a limpar. “Acabei por conhecer melhor as pessoas e até fortaleci algumas relações de amizade”, afirma Teresa, parte do bairro há sete anos. A moradora não tem dúvidas que ainda há um longo caminho pela frente, mas, no que toca a pinturas e pequenos arranjos, já falta pouco para terminar. As portas estão abertas à realização de novas ações, culturais e desportivas, geradoras de novas fontes de dinamismo e interação entre as várias etnias. Outras ideias para melhoria do bairro estão também já no horizonte. A criação de um espaço num dos pátios para a dinamização de atividades desportivas e a requalificação de um espaço verde voltado ao Sado, com um quiosque, são sonhos que os moradores querem tornar realidade. O novo azul já brilha e veio ficar, tal como a maravilhosa vista, perpetuada com o Sado e a Arrábida.

Festa une moradores Atividades desportivas e momentos de animação intercultural marcaram o “Desporto na Rua” realizado no dia 11 de agosto, à tarde, iniciativa dinamizada no Bairro do Forte da Bela Vista, com o envolvimento de mais de uma centena de pessoas. Esta tarde de convívio e de desporto para os participantes, na grande maioria crianças e jovens residentes naquela área habitacional de Setúbal, foi desenvolvida no âmbito do “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, programa municipal em que os moradores dos bairros da Bela Vista, da Alameda das Palmeiras, do Forte da Bela Vista, das Manteigadas e da Quinta de Santo António se envolvem no processo de decisão e realização de ações muito diversas. Desportos de raqueta futebol, voleibol, gincanas de bicicleta, demonstrações de break­ dance e danças ciganas e ainda um concurso para eleição de miss e mister simpatia e beleza marcaram esta iniciativa no “Bairro Azul”.


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PASSO A PASSO. A equipa de trabalho iniciou bem cedo os preparativos. Às sete e meia, começou a fazer as marcações no areal com a forma de golfinho, além das palavras “rio” e “proteger”. Duas horas depois, tudo estava a postos para que os primeiros voluntários começassem a dar forma à figura do roaz-corvineiro. Pouco mais de meia hora bastou para que o objetivo fosse alcançado. Estava passada a mensagem: com a ajuda de todos, é preciso proteger o Sado e as espécies que nele habitam, como o golfinho.

Golfinho humano apela à proteção O apelo foi atendido e numa manhã nublada de verão mais de cem pessoas quiseram sensibilizar para a proteção do Sado e dos roazes-corvineiros que ali habitam. A melhor forma de o transmitir foi através de um grande golfinho humano

ambiente

Um golfinho formado por 130 pessoas no areal da Praia da Figueirinha, a 28 de julho, alertou os banhistas para a necessidade de proteção da comunidade de roazes-corvineiros que habita no Sado. Além da figura do golfinho, com dimensões aproximadas de cerca de 12 metros de comprimento e nove de largura, foi formada a palavra “rio”, refletindo a boa adesão das pessoas a esta ação, numa manhã que se mostrou nublada. Numa mensagem para uma maior sensibilização ambiental, de forma a assegurar a salvaguarda desta espécie, a ação, organizada pela APAMB – Associação Portuguesa de Inspeção e Prevenção Ambiental, em parceria com a Câmara Municipal, contou com a participação de voluntários inscritos através do Facebook e de pessoas que se encontravam a passar o dia na praia. “Explicámos a ideia às pessoas que estavam na praia e muitas juntaram-se a esta iniciativa. O

objetivo foi positivo e conseguimos passar a mensagem”, salientou Paula Pereira, da APAMB. Esta é uma das muitas ações realizadas no âmbito do Programa Bandeira Azul que a Autarquia vem desenvolvendo nas praias de Setúbal. A recolha de resíduos espalhados pelo areal e a realização de jogos de educação ambiental, para crianças e familiares, são algumas das ações realizadas que enriquecem a candidatura da Arrábida a Património Mundial Misto da Unesco. Recorde-se a ação de limpeza dos areais das praias de Albarquel e da Figueirinha, levada a cabo a 2 de junho, que permitiu retirar destes locais cerca de uma tonelada de resíduos. Com a ajuda destas entidades parceiras, a Câmara Municipal tem apostado em estratégias que passam pela dinamização de atividades de sensibilização ambiental e de promoção da defesa de uma maior harmonia entre a natureza e o meio urbano.

Esculturas divertem na areia Golfinhos, um crocodilo, a Minnie, tartarugas, caracóis, polvos, castelos e até um automóvel foram algumas das esculturas feitas na Praia da Figueirinha, a 7 de agosto, no âmbito do concurso nacional “Construções na Areia 2012”, promovido pelo Diário de Notícias. Trinta e oito concorrentes, divididos por duas categorias – a A dos 6 aos 10 anos e a B dos 11 aos 14 –, participaram nesta prova que pelo terceiro ano consecutivo passou pela Figueirinha, uma das 24 praias desta edição. Os dois golfinhos, num movimento de salto, esculpidos por Morgane Rocha, do Montijo, do escalão B, foram a escolha do júri para vencer o concurso, que se realiza desde 1952. Na categoria dos mais novos, foi o crocodilo de Renato Viola que se destacou. Mas numa e noutra categoria, muitas outras esculturas mereceram todos os elogios tecidos pelo júri e pelas dezenas de curiosos que ali se encontravam em pleno dia de verão. Um automóvel e a Minnie conquistaram o segundo e o terceiro lugares, respetivamente, no escalão B, enquanto no A a “prata” e o “bronze” foram para um espadarte e uma bailarina. Os trabalhos foram executados, de acordo com o regulamento do concurso, sem o auxílio de desenhos, numa área de quatro metros quadrados, podendo ser utilizado um balde de plástico para transporte de água, conchas, plantas e algas marinhas, seixos e apetrechos próprios para esculpir.

Campanha pela melhoria dos comportamentos Uma campanha de sensibilização ambiental, liderada pela Câmara Municipal, dirigida aos proprietários de estabelecimentos comerciais da cidade, pretendeu pôr fim à prática de maus comportamentos e incrementar ações positivas para uma melhor gestão dos resíduos. O mau acondicionamento de resíduos, a deposição de entulhos provenientes de obras na via pública, a utilização indevida dos recipientes de recolha e o lançamento em sarjetas ou sumidouros de objetos, águas poluídas, lubrificantes ou lixos foram algumas situações sobre as quais as equipas municipais incidiram. Focalizada em particular na restauração da zona ribeirinha, da Avenida Luísa Todi e dos bairros da Fonte Nova e das Fontainhas, a campanha centrou-se ainda em aspetos como o transporte indevido de peixe, carne ou outros bens sem estarem devidamente

tapados e acondicionados, sujando, com isso, o espaço público. Os comerciantes foram ainda alertados para as situações de incumprimento das normas estabelecidas para o funcionamento do sistema de gestão de resíduos e a prática de comportamentos lesivos para a imagem urbana da cidade, constantes no Regulamento de Resíduos Sólidos Urbanos e Limpeza Pública do Município de Setúbal. Situações, aliás, que podem ser alvo de contraordenações puníveis com coima. No caso de se tratar de situações praticadas por pessoas singulares, as coimas podem variar entre os 200 e os dois mil euros. Já para as pessoas coletivas, as punições monetárias são mais pesadas, oscilando entre os três mil e os 22.500 euros. Depois desta campanha de sensibilização, a Câmara Municipal intensificou as ações de fiscalização.


17SETÚBALjulho|agosto|setembro12

Sardinha com todos Da simples sardinha assada no pão à envolvida com compota de maçã. Esta que é uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa foi à mesa num festival de sabores Gourmet ou assada na grelha, houve sardinha para todos os paladares durante duas semanas, entre julho e agosto, em mais de cinquenta restaurantes setubalenses. O Festival da Sardinha, além de promover esta espécie de pescado da costa setubalense, uma das “7 Maravilhas da Gastronomia” de Portugal, pretendeu dar a conhecer receitas quase improváveis, como um gratinado de sardinha com massa fusilli e sardinha bêbeda feita num refogado e depois cozida em vinho tinto. O certame, realizado entre 28 de julho e 12 de agosto, trouxe muitos curiosos aos restaurantes que aderiram a esta iniciativa da Câmara Municipal, com os apoios da Lallemand e da Gásvari, surpreendidos pela fusão de diferentes sabores, só

com a sardinha como ingrediente comum. Para mostrar como estes e outros pratos se confecionam, o programa do Festival da Sardinha guardou para o último dia uma sessão de live cooking, com a chef Fernanda Amaro, da Amarobom Catering, na Casa da Baía. A cozinheira preparou um patê de sardinha com compota de maçã riscadinha e filetes daquela espécie piscícola com especiarias timorenses e indianas. Antes da demonstração da confeção do prato, que o público presente pôde experimentar, Ricardo Santos, presidente da Sesibal – Cooperativa de Pesca de Setúbal, Sesimbra e Sines, falou sobre as principais características biológicas e económicas da sardinha.

Outras curiosidades sobre este peixe, que os apreciadores preferem pequeno, foram abordadas durante o live cooking. Se assim terminou o certame, o arranque, a 28 de julho, não foi menos original. Os restaurantes participantes num encontro de degustação de sardinha, na Casa da Baía, surpreenderam com pratos como sardinhas em arroz, cozidas, enroladas em bacon, com fusilli e panadas. Para acompanhar o surpreendente menu, serviram-se os melhores vinhos da região, num final de tarde de puro prazer.

Moinho de Maré atrai visitantes O Moinho de Maré da Mourisca, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, vai ficar sob responsabilidade da Autarquia em termos de utilização e exploração do espaço. Um protocolo de cedência, por um período inicial de dois anos, visa o desenvolvimento de um trabalho em parceria para a realização de atividades de incremento da visitação do equipamento e zona envolvente. O Moinho de Maré da Mourisca, além de um espaço museológico e de exposições, dispõe de uma loja destinada à venda de produtos dos patrimónios natural e cultural do País, em particular desta região. Os visitantes podem admirar artefactos relacionados com a atividade da moagem de cereais. Duas réplicas das embarcações “Zé Mário” e “Hiate de Setúbal” suscitam também interesse por quem lá passa. Tanto o Moinho de Maré como a Herdade da Mourisca, onde está inserido, são áreas de excelência num território de sapal e de salinas, na Reserva Natural do Estuário do Sado, apto para implementar atividades nas vertentes do turismo de natureza e ornitológico, como os passeios pedestres e a observação de aves, associadas à gastronomia.

Arroz e açorda, paella, gambas e camarão-tigre foram algumas das iguarias mais apreciadas pelos visitantes do “Viva o Marisco & Cerveja”, festival que decorreu entre 5 e 9 de setembro. Cerca de cinco mil pessoas passaram pelo Largo José Afonso para degustar os petiscos confecionados pelos restaurantes “Nova Boia”, “Rius”, “Praxedes”, “Golfinho”, “Beira-Mar”, “Casa do Peixe”, “Serranito” e “Paella”, recinto que contou ainda com stands de doçaria, café, ginjinha e farturas.

Atuações de Jorge Nice, Gerson Santos e Rui do Cabo animaram este novo festival da Câmara Municipal, patrocinado pela Super Bock, o qual pretende consolidar Setúbal nas rotas gastronómicas nacionais e dinamizar a restauração local. MARAVILHA. Embora Troia tivesse sido palco da “Gala da Declaração Oficial das 7 Maravilhas – Praias de Portugal”, Setúbal, na outra margem do Sado, recebeu os convidados com um “welcome drink” e fez a respetiva acreditação, junto da Doca de Recreio, nas Fontainhas. A Câmara assegurou a receção, com os apoios de Casa Ermelinda Freitas, Transportes Sul do Tejo, Rock a Lot Praia e Aki, e ainda os “transfers” Lisboa/Troia, entre os dias 5 e 8, à equipa de produção da RTP e aos artistas participantes no espetáculo.

turismo

Marisco no bom caminho


18SETÚBALjulho|agosto|setembro12

Azeitão cria espaço público Áreas de estadia, zonas verdes e um palco para espetáculos variados fazem parte do futuro espaço público da Quinta do Bom Pastor. Com arranjos urbanísticos centrados num poço de uma antiga propriedade rural, o equipamento para ver, estar e usufruir pela população está pronto em breve

U

ma intervenção urbanística liderada pela Junta de Freguesia de São Simão está a criar um novo espaço público de lazer na Quinta do Bom Pastor, em Azeitão, com zonas verdes, áreas de estadia e um palco para a realização de espetáculos ao ar livre. A possibilidade de recuperação de parte de uma quinta centenária existente naquela zona habitacional foi o ponto de partida para a reali-

zação de uma obra mais abrangente, executada com meios técnicos e humanos da junta de freguesia, para usufruto da população. “É um espaço para estar e usufruir, com características diferentes e que não havia em nenhum outro local da freguesia”, salienta o presidente da Junta de Freguesia de S. Simão, João Carpelho, enaltecendo o apoio mecenático para a materialização deste projeto, com conclusão prevista

para breve. “O apoio da Câmara Municipal de Setúbal tem sido fundamental, assim como de algumas empresas do território, com ofertas de materiais”, explica o autarca, revelando que também o projeto paisagístico, que abrange uma área com perto de 1200 metros quadrados, foi oferecido por um gabinete de arquitetura. Um poço e um tanque, elementos alvo de intervenções de recuperação e que outrora eram utilizados para

regadio e como lavadouro, funcionam como elementos centrais do novo espaço público de S. Simão, no qual está a ser estudada a possibilidade de instalação de um parque infantil. A definição de duas zonas verdes, com plantas de época “para dar um outro colorido ao local”, frisa João Carpelho, e vegetação típica da Arrábida, a colocação de mobiliário urbano, com bancos de jardim, papeleiras e um bebedouro público, a construção de passeios e a instalação de luminárias estão incluídos na intervenção. Os arranjos urbanísticos na Quinta do Bom Pastor foram iniciados no final de maio, no âmbito de uma iniciativa do projeto municipal de requalificação urbana “Setúbal Mais Bonita”, com a construção de dois muros, um para suporte de terras, outro para delimitação de uma zona de palco, ações “realizadas com o apoio da população”, frisa o presidente da Junta de Freguesia de S. Simão. Os trabalhos incluíram ainda a plantação de cedros e a colocação de rails de proteção numa área próxima da Estrada Nacional 10, e a construção de escadas de acesso ao novo espaço público da Quinta do Bom Pastor.

A Estrada de Santo Ovídeo, a principal via de acesso ao ­Faralhão a nascente, foi totalmente requalificada no âmbito de uma intervenção liderada pela Junta de Freguesia do Sado, de melhoria da imagem urbana e aumento das condições de segurança para a população. O projeto de requalificação programado para esta área do Concelho, executado em duas fases distintas, incidiu numa área com mais de 800 metros lineares, num troço compreendido entre a Estrada de Santo Ovídeo e a interseção com a Rua Fruto do Nosso Trabalho. Numa primeira etapa, concluída em 2011, os trabalhos centraram-se na limpeza da zona requalificada, uma vasta área de canavial, e na construção de um muro de suporte de terras, erguido em alvenaria, numa extensão de mais de cem metros lineares. A segunda fase da obra de beneficiação da Estada de Santo Ovídeo, realizada por meios técnicos e humanos da Junta de Freguesia do Sado, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, que elaborou o projeto de especialidade e cedeu materiais, visou a execução de trabalhos mais abrangentes, concluídos no final de julho. A criação de passeios e lancis, para melhoria das condições de circulação e se-

gurança pedonal, foi uma das principais intervenções realizadas no âmbito desta operação, concretizada “com recurso a materiais aproveitados do antigo Mercado Abastecedor de Setúbal, como pavimento em pavet e inertes”, sublinha o presidente da Junta de Freguesia do Sado, Manuel Véstias. A criação de áreas de estacionamento longitudinal, a instalação de um sistema de drenagem de águas pluviais e a construção de um segundo muro de contenção de terras fizeram, igualmente, parte desta obra, um investimento global da ordem dos 42 mil euros. “A intervenção é uma reposta importante a uma reivindicação antiga da população, materializada com a melhoria das condições de segurança de transeuntes e benefícios para a imagem urbana do Faralhão”, reforça o autarca. A obra na Estrada de Santo Ovídeo contemplou ainda o ordenamento dos contentores de recolha de resíduos sólidos urbanos na via pública, com a criação de espaços dedicados para a colocação destes equipamentos, agora com grelhas de fixação para evitar deslocamentos indevidos.

REQUALIFICAÇÃO. Três malmequeres gigantes, criados a partir de antenas parabólicas, numa homenagem às três escolas do 1.º ciclo do ensino básico da freguesia da Anunciada, integram o novo arranjo urbanístico da rotunda da Praça da Reboreda. A estatuária, decorada com textos de alunos daquelas escolas, está apetrechada com repuxos de água, que ganham a forma de pequenas cascatas. A obra, um investimento da ordem dos 13 mil euros, foi executada pela Junta de Freguesia da Anunciada, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal.

freguesia

Entrada do Faralhão renovada


19SETÚBALjulho|agosto|setembro12

As vertentes de competição e lazer partilharam braçadas, a 21 de julho, na “Baía do Sado a Nado”, prova de cariz popular com a participação de mais de quatro dezenas de pessoas de várias faixas etárias. Atletas não federados e amantes da natação marcaram presença nesta prova desportiva dos “10.os Jogos do Sado”, com uma distância de 2,3 quilómetros, realizada num percurso entre a baía da Gávea e o Parque Urbano de Albarquel. Bruno Ruas obteve a melhor classificação geral da prova e alcançou o primeiro lugar do escalão A, para participantes dos 18 aos 30 anos. Nesta categoria, na vertente feminina, Carolina Garcia foi a vencedora. Rodrigo Costa e Joana Cunha ficaram no primeiro lugar nas provas masculina e feminina do escalão B, para atletas dos 31 aos 40 anos, enquanto Jaime Ferreira triunfou no escalão C, dos 41 aos 50. Já José Correia ocupou o primeiro lugar no pódio na categoria D, dos 51 aos 70 anos. “Foi uma prova muito rápida, realizada em excelentes condições, num espírito de convívio e também de competição”, salienta o chefe da Divisão de Desporto da Câmara Municipal de Setúbal, José Pereira, frisando, igualmente, a função de promoção desportiva da iniciativa: “Deu a conhecer um pouco das potencialidades turísticas da nossa costa.” O evento foi organizado pela Câmara Municipal com o apoio do Clube de Canoagem de Setúbal, do Clube Naval Setubalense e dos bombeiros Sapadores e Voluntários e com o patrocínio da Águas do Sado e da Coca-Cola.

Piso novo rentabiliza pavilhão

Mais modalidades desportivas podem ser praticadas no Pavilhão Municipal das Manteigadas após a instalação de um novo piso em madeira, que melhora as condições de utilização e segurança do equipamento. Um festival de patinagem artística e um encontro de andebol já puseram à prova o novo pavimento, aprovado com sucesso O Pavilhão Municipal das Manteigadas está equipado, desde o final de junho, com um novo piso em madeira flutuante, pavimento que oferece melhores condições aos atletas e permite a prática de um maior número de modalidades desportivas. Apetrechado com uma caixa de ar, o novo piso do equipamento municipal apresenta, igualmente, como vantagem, uma maior comodidade na execução das atividades regulares ali desenvolvidas e proporciona, ao mesmo tempo, mais segurança para os praticantes desportivos nas vertentes de lazer e de competição.

O novo pavimento do Pavilhão Municipal das Manteigadas, instalado ao longo de dois meses no âmbito de um investimento da Câmara Municipal no valor de 75 mil euros, permite a prática de modalidades que, até ao momento, não podiam ser organizadas em equipamentos desportivos municipais. A cerimónia oficial de inauguração do novo piso, a 7 de julho, contou com a presença da presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, num serão onde foi dinamizado o “VIII Festival de Patinagem Artística do Sado”, iniciativa de demonstração da modalidade por cerca de duas centenas de atletas

de diversos clubes, organizada pelo Clube de Patinagem do Sado. A patinagem, de resto, é uma das novas modalidades praticadas com regularidade neste recinto, onde aquele clube setubalense passa a treinar e a promover eventos desportivos. O Pavilhão das Manteigadas, beneficiado também com novos arranjos estéticos e pequenos trabalhos de arranjo e pintura, já acolheu, a 5 de julho, o “Encontro Nacional de Minis Masculinos”, prova de andebol na qual participaram seis centenas de atletas de 44 clubes, numa competição que passou por outros equipamentos desportivos do Concelho.

Dentro e fora de água A época desportiva da Piscina Municipal de Azeitão recomeçou no início de setembro com atividades para todas as idades, como natação, hidroginástica, hidroterapia, pilates e pentatlo moderno. Dentro de água, a oferta desportiva contempla várias atividades, com diversas classes de adaptação, aprendizagem e aperfeiçoamento, desde logo natação para bebés, uma vez por semana, com o preço mensal de 35,05 euros. Para os mais novos há também aulas de adaptação ao meio aquático, dos 3 aos 6 anos. Para crianças e jovens dos 6 aos 13 anos as aulas são de aprendizagem e, num nível mais avançado, de aperfeiçoamento. Estas atividades para crianças e jovens podem ser praticadas às terças e quintas-feiras, com um custo mensal de 29,50 euros, ou três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas, por 35,05 euros, o mesmo montante pago mensalmente por aulas aos fins de semana.

Para os adultos, há aulas de aprendizagem, nos níveis 1 e 2, e sessões de aperfeiçoamento. Estas atividades têm lugar às terças e quintas-feiras, custando, mensalmente, 29,75 euros e, às segundas, quartas e sextas, 39,75 euros, o mesmo valor mensal pago aos fins de semana. A natação pode ainda ser praticada na vertente de tempos livres, sem o acompanhamento técnico de monitor, em vários períodos do dia e com preços variados consoante a idade do utilizador. Por cada sessão, os associados até aos 17 anos ou maiores de 65 pagam 2,20 euros. O custo para os maiores de 18 anos é de 2,90 euros. Sem cartão de utilizador, os preços são de 2,20 euros, até aos 6 anos, 3,70, dos 7 aos 17 e maiores de 65 anos, e 4,05, maiores de 18. Na Piscina de Azeitão são desenvolvidas outras atividades, como hidroginástica e hidroterapia, com sessões duas vezes por semana, a 29,75 euros mensais, ou três vezes, por 39,75 euros.

Naquele equipamento desportivo há também sessões de pilates, às terças e quintas-feiras, por 29,75 euros, e, na vertente de competição, pentatlo moderno, aos sábados, com o preço­ de 35,65 euros, e aulas de natação pura,

todos os dias, com o custo de 35,65 euros. Mais informações sobre as atividades da Piscina Municipal de Azeitão, localizada em Vila Nogueira, podem ser solicitadas pelo número de telefone­212 199 540.

desporto

Natação junta atletas no Sado


20SETÚBALjulho|agosto|setembro12

Mundo em ponto grande Mais de uma semana de filmes a passar nas principais salas da cidade, o Fórum Municipal Luísa Todi e o Auditório Municipal Charlot. Culturas de todo o mundo reunidas em Setúbal, mas que este ano dá a conhecer a croata. Filmes que refletem países, histórias que espelham realidades. Assim continua o Festroia Os galardões Golfinho de Ouro e Golfinho de Carreira rumam, na 28.ª edição do Festroia, até à Croá­ cia, numa homenagem ao cinema daquele país do Leste europeu e ao ator Rade Serbedzija. Esta edição do Festival Internacional de Cinema de Setúbal, entre 21 e 30 de setembro, marcada pelo regresso ao Fórum Municipal Luísa Todi, ­regista ainda uma homenagem à atriz Alexandra Lencastre, galardoa­ da com o Golfinho de Carreira. Apenas com 300 mil euros, um corte em cerca de 100 mil euros em relação ao ano passado, e com o apoio da Câmara Municipal em 117 mil euros, a que acresce a cedência dos espaços e de meios humanos e lo-

gísticos, a diretora do Festroia, Fernanda Silva, não quis “deixar de fazer um festival digno de voltar a casa”, mesmo representando um “esforço muito maior”. Dificuldades acrescidas, mas “mantendo a qualidade e a diversidade”, numa edição com 183 filmes, de quarenta países, e com várias estreias internacionais. Além do Fórum Municipal Luísa Todi e do cartaz habitual no Cinema Charlot, a Casa da Baía juntou-se aos espaços do festival, um ponto de encontro de artistas e realizadores. A Secção Oficial, “a menina dos olhos do festival”, dedicada a países de pequena produção cinematográfica, este ano com 14 obras em competi-

ção, e as secções “Primeiras Obras” e “O Homem e a Natureza”, com três dezenas de filmes, são a essência do certame. Depois de “Histórias de Resistência” e de “O Amor e a Cozinha”, nas duas últimas edições, o 28.º Festroia escolheu como tema as histórias de suspense europeias, inéditas em Portugal, que se cruzam em ambientes de terror, psicológicos e policiais, algumas delas baseadas em factos verídicos. O Festroia exalta também memórias, quer através do prémio Mário Ventura, o mentor do festival, quer na homenagem “In Memorium”, dedicada a três realizadores falecidos recentemente, Fernando Lopes,

Primeiro lugar marcha a dois Este ano, não uma mas duas coletividades venceram, ex-aequo, o primeiro lugar das Marchas Populares de Setúbal, concurso que culminou com a entrega dos troféus a 26 de julho na Casa da Baía. O Grupo Desportivo Setubalense “Os 13” e o Núcleo de Amigos do Bairro Santos Nicolau foram os vencedores desta edição. Além do primeiro lugar no pódio, as duas coletividades arrecadaram outros galardões. O grupo “Os 13”, com o tema “Setúbal florida, por entre cautelas premiadas”, foi distinguido com o prémio de apreciação global, enquanto o Bairro Santos Nicolau, com “A Alma Portuguesa na Marcha do Bairro Santos”, obteve a melhor cenografia.

No segundo posto da classificação geral e com a melhor coreografia ficou o Núcleo Recreativo e Desportivo Ídolos da Praça, com o tema “Os Festejos dos Santos Populares”. A União Desportiva e Recreativa das Pontes, na terceira posição, arrecadou os galardões de melhor figurino e melhor música e viu a madrinha da sua marcha, Inês Pereira, ser considerada a melhor. O quarto lugar foi atribuído à Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, enquanto em quinto ficou a marcha do Grupo Desportivo Independente, distinguida igualmente com o prémio de melhor letra a concurso. O Núcleo de Bicross de Setúbal ficou em sexto na classificação geral, enquanto a sétima posição recaiu no União Futebol Comércio e Indústria. Os oitavo e nono lugares foram atri­­­ buídos, respetivamente, à Associação de Moradores do Bairro da Anunciada e ao Centro Cultural e Desportivo de Brejos de Azeitão.

Pano abre-se ao teatro Espetáculos lotados e sobrelotados mostraram o sucesso que a XIV Festa do Teatro teve, entre 25 de agosto e 1 de setembro. Ao longo de uma semana, sete peças e companhias teatrais estiveram em Setúbal no festival, organizado pelo Teatro Estúdio Fontenova, em parceria com a Câmara Municipal e a Escola Secundária Sebastião da Gama, espaço transformado no palco principal da festa. A organização do Festival Internacional de ­Teatro de Setúbal considera que o certame “correu acima das expectativas”. A comprovar está o aumento de quarenta lugares na bancada do palco principal. “Surpreendeu-nos termos lotações esgotadas. Em alguns espetáculos tivemos mesmo de recorrer à abertura da galeria.” A peça “Cavalo Manco não Trota”, da ACTA – Companhia de Teatro do Algarve, foi a pri-

meira a subir ao palco. O anfitrião Teatro Estúdio Fontenova apresentou a última produção, “O Cerco de Leninegrado”, enquanto os Artistas Unidos estrearam-se no festival com “Acamarrados”. “Julieta”, de Mario Gonzalez, numa produção de ACT/Teatro dos Aloés e Tell To Joy, deixou o público extasiado. “Os Três Capitães”, da FC Produções Teatrais/ Casa da Comédia, desembarcaram numa noite fria no Parque do Bonfim, enquanto “Spanish Blood” deslizou sobre rodas num espetáculo da companhia espanhola Azar Teatro. O pano da XIV Festa do Teatro só desceu depois de as três avós da Peripécia Teatro apresentarem “1325”. Além da representação teatral, o festival fez­ ‑se também de cinema, música e convívio, em locais como o Passo do Olival e o ArtKafé.


Especialista inimitável Francisco Finura, o “Finuras”, falecido a 4 de setembro, aos 83 anos, fica eternizado na memória dos setubalenses como uma personalidade única e multifacetada. O autointitulado “operário especializado em trabalhos não especializados” foi, entre muitas coisas, homem-rã, ilusionista, faquir, toureiro e professor de hipnose, telepatia e retenção memorial. A Câmara Municipal, que atribuiu a “Finuras”, em 2010, a Medalha de Honra da Cidade, expressou o seu profundo pesar pelo desaparecimento “deste homem grande e enorme setubalense”. Francisco Augusto da Silva Finura nasceu a 13 de abril de 1929, na Rua da Saúde, filho de um serralheiro e de uma doméstica. Depois de uma vida de inúmeros ofícios, nos últimos anos dedicava-se à “ferrugem, agricultura e ciências ocultas”. Em entrevista à agenda municipal “Setúbal – Guia de Eventos”, publicada em julho de 2007, contou que, de todas as atividades, a “ferrugem” – forma de se referir a tudo o que é chapas e motores – e o mergulho foram as eleitas. Vaclav Havel e Theodoros Angelopoulos. Cinema português do ano, curtas­ ‑metragens europeias e das escolas de cinema, bem como o “panorama” de todo o mundo, da Índia aos Estados Unidos da América, passando pela Austrália e pelos Camarões, são sempre bem recebidos pelo público que assiste aos nove dias de festival. Abrangendo todas as idades, o Festroia continua a apostar nos públicos mais jovens, infantil e juvenil, dedicando-lhes sessões. O Media Programe Europeu classificou este ano o Festroia com a pontuação máxima, o que resultou num apoio de 75 mil euros, o valor máximo concedido a um festival.

O bom contador de estórias A exposição “Um Bom Amigo”, uma evocação ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, chegou ao fim, a 16 de setembro, após dois meses de permanência no Museu do Trabalho Michel Giacometti. Centenas de crianças, jovens e adultos visitaram esta mostra, composta por tapeçarias, elaboradas por centenas de utentes de instituições educativas, sociais e culturais de todo o País, e ainda por escultura, cerâmica, quadros e livros ilustrados por artistas plásticos portugueses, medalhística, selos e postais. A par da exposição, inaugurada a 14 de julho, um programa recheado de atividades esteve à disposição dos visitantes, com visitas guiadas e ateliers de pintura por Niels Fischer, promotor da iniciativa, encenações a partir dos contos de Andersen e jogos didáticos.

cultura

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Eurovisão em palco sadino Mais de cinco mil pessoas assistiram ao Eurovision Live Concert, a 8 de setembro, no Auditório José Afonso, evento que contou com as atuações de cerca de vinte artistas, portugueses e estrangeiros, a maioria relacionada com edições do Festival da Eurovisão. A organização mostrou­ ‑se satisfeita pelo sucesso da noite. “Este foi o melhor ano. Teve excelentes condições técnicas, mais artistas e imenso público”, sublinhou Guilherme Santos, presidente da Organisation Générale des Amateurs de L’Eurovision – Portugal (OGAE), entidade responsável pela concretização do certame,

apoiado pela Câmara Municipal. A edição deste ano teve ainda a novidade de as entradas serem gratuitas, além de os artistas atuarem com música ao vivo. As participações mais aplaudidas da noite foram as de Katrina Leskanich, do grupo Katrina and the Waves, e de Simone de Oliveira, homenageada pela OGAE e pela Câmara Municipal de Setúbal, representada pela verea­dora Carla Guerreiro. Após o espetáculo principal do Eurovision, a festa continuou até às sete da manhã, com público e artistas a confraternizarem no lounge instalado no recinto do certame.

FUMO com fogo musical Mão Morta, Mazgani e The Legendary Tigerman com Rita Redshoes foram as grandes presenças na terceira edição do FUMO – Festival Urbano de Música e Outras Coisas, realizado entre 20 e 30 de junho. Música e cinema são a base deste certame, promovido pela associação setubalense Experimentáculo, com apoio da Câmara ­Municipal, que este ano trouxe muito público de fora, como Lisboa e Oeiras. Pedro Soares, da Experimentáculo, considerou a edição de 2012 a mais bem-sucedida, êxito a que ajudou o concerto de Mão Morta, a primeira vez que a banda de Braga atuou em Setúbal. Outra noite de grande sucesso foi a da participação de Tigerman e Rita Redshoes, que tocaram ao vivo a banda-sonora do filme “Estrada de Palha”, de Rodrigo Areias. O festival aliou as suas características ao património arquitetónico e cultural da cidade, utilizando espaços como a Casa Bocage, o Museu do Trabalho Michel Giacometti e o Convento de Jesus.


A criação de um refeitório, a reparação de coberturas e a aquisição de um monobloco climatizado materializam um investimento de perto de 200 mil euros da Autarquia em escolas do Concelho. Os trabalhos, realizados no período de férias letivas, melhoram as condições de ensino para mais de meia centena de alunos

Escolas melhoram condições A instalação de um refeitório e cozinha na EB1 n.º 2 do Faralhão, com vista a dotar este estabelecimento de ensino de condições de preparação e confeção de refeições alimentares para os alunos, é uma das intervenções realizadas pela Câmara Municipal de Setúbal em escolas do Concelho durante o período de férias letivas. As obras, uma empreitada orçada em perto de 34 mil euros, executada entre julho e o início de setembro, consistiram na adaptação e ampliação de um espaço já existente naquela escola para a instalação de duas novas valências, uma cozinha e um refeitório. As intervenções incluíram a execução de diversos trabalhos de construção civil, como a colocação de um teto falso na ala de entrada, o revestimento das paredes a azulejo da área

que acolhe o refeitório e a cozinha e a instalação de redes mosquiteiras nas janelas. A ampliação das redes de eletricidade, de abastecimento de água e de saneamento, para ligação aos novos equipamentos a instalar, foram outros trabalhos executados nesta empreitada, na qual foram incluídas ações de manutenção ao nível da cobertura do edifício e o aproveitamento da rede de deteção de incêndios. Num investimento complementar, a Autarquia realizou ainda o apetrechamento da cozinha e da área de refeitório, com a aquisição de cadeiras, mesas, utensílios de cozinha e equipamentos de apoio à confeção de refeições. Outra das intervenções realizadas pela Autarquia na rede escolar durante o período de ve-

rão foi desenvolvida na EB1/JI do Viso, com a instalação de um monobloco climatizado com as funções de área de refeitório e cozinha, possibilitando que os alunos deixem de ter de sair do recinto escolar para as refeições. O investimento, da ordem dos 105 mil euros,

Ateliers encerram em festa Miúdos e graúdos reviveram as experiências adquiridas nos “Ateliers de ­Verão”, atividade ocupacional de tempos livres dinamizada pela Câmara Municipal, numa festa de encerramento com a presença de mais 250 participantes realizada em meados de agosto, no Parque Urbano de Albarquel. Ao longo das duas horas e meia da festa, aberta ao público, houve demonstrações de ateliers de hip hop, capoeira, bateria, canto e música. Foi ainda possível apreciar uma exposição dos ateliers de trabalhos manuais. Em paralelo, mais de uma centena de fotografias foram projetadas numa tela, recordando alguns dos melhores momentos vividos pelos 750 participantes, entre crianças e jovens dos 6 aos 18 anos e adultos com mais de 65, envolvidos nas cerca de cinquenta oficinas lúdicas e pedagógicas dos “Ateliers de Verão”, organizados em parceria com várias instituições do Concelho.

educação

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incluiu a demolição de uma antiga estrutura naquele estabelecimento de ensino, operação necessária para a instalação do monobloco, e a aquisição de materiais de apoio ao funcionamento destas novas valências. Já na EB1 n.º 12 das Amoreiras, a Câmara Municipal de Setúbal procedeu à requalificação das coberturas, obra que permitiu solucionar problemas relacionados com infiltrações e dotar a escola de melhores condições de conforto térmico para as mais de duas centenas de alunos. Os trabalhos, uma empreitada orçada em mais de 47 mil euros executada em cerca de um mês, incidiram na reparação de fendas, na aplicação de materiais impermeabilizantes e na implementação de um revestimento térmico.

Transporte apoia 3 mil alunos

Dinamizados ao longo de dois meses, o estio foi ocupado de uma forma ativa e dinâmica, com iniciativas para todos os gostos e idades, sempre numa ótica intergeracional que proporciona tem-

po de qualidade e atividades divertidas para miúdos e graúdos. Em espaços públicos, ao ar livre ou em instalações associativas, realizaram­ ‑se atividades desportivas, como vela, natação e canoagem, e outras de áreas muito distintas, da música e dança ao teatro, do cinema à informática. Houve ainda iniciativas pontuais de aventura, com equitação, slide e escalada. A prevenção de comportamentos de risco nos jovens e o combate à solidão e ao sedentarismo sénior formam uma dupla função dos “Ateliers de Verão”, uma solução divertida para ocupar os tempos livres.

O serviço de transporte escolar para perto de três mil alunos a frequentar os estabelecimentos de ensino do Concelho é assegurado, num investimento de cerca de um milhão de euros. O Plano de Transportes Escolares para o ano letivo 2012-2013, aprovado no final de junho, em reunião pública ordinária, abrange um total de 2869 estudantes, em que 1925 são do ensino básico e 944 do secundário e profissional. O serviço, definido no quadro de atribuições e competências das autarquias locais no âmbito da Educação, é gratuito, mediante a legislação em vigor, para os alunos do ensino básico, na escolaridade obrigatória, quando residam a mais de três ou quatro quilómetros dos estabelecimentos de ensino, consoante estes disponham ou não de refeitório. O serviço para alunos do ensino secundário é comparticipado em 50 por cento, cumprindo, igualmente, a atual legislação. No mesmo documento está prevista uma receita de 345 mil e 122,02 euros, correspondente às comparticipações de alunos, da Direção-Geral das Autarquias Locais e de municípios com estudantes em estabelecimentos de ensino de Setúbal.


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O uso de gorduras até aqui desaproveitadas para a produção de biodiesel, com ganhos económicos e ambientais, é proposto por um grupo de trabalho da Escola Superior de Tecnologia. Duas alunas do mesmo estabelecimento do IPS estudam a forma de melhorar a qualidade das águas

Gordura conhece novos usos A Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal (EST/IPS) está a desenvolver um projeto de estudo e caracterização do biodiesel que revelou soluções pioneiras. O projeto “Valorização de resíduos de óleos e gorduras para produção de biodiesel”, iniciado em 2009, responde ao pedido de informação de empresas ligadas ao comércio de combustíveis sobre a qualidade final daquele produto, numa lógica de redução de custos e de benefícios ambientais. O trabalho descobriu alternativas ao nível das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), nos estabelecimentos que confecionam comida para levar para fora, supermercados, equipamentos hoteleiros e também em unidades industriais de fabrico de comida ou produtos associados, tal como a confeção de margarinas. No caso de uma ETAR, esclarece Ricardo Salgado, que orienta o projeto com a colaboração de docentes e alunos da EST/IPS, “existe logo à entrada do equipamento um separador onde as gorduras, através de um processo de flotação, se aglomeram e ficam separadas das águas residuais”. Numa destas estações é possível conseguir-se recolher, em média, trinta toneladas de gordura por ano, o que acontece devido à alimentação portuguesa ser rica neste composto, ao contrário do que sucede noutros países europeus. Outra vantagem na recolha da gordura das ETAR para a produção de biodiesel é que, deste modo, são suprimidos os custos associados à deposição deste material em aterros e evitam-se os encargos do tratamento do re-

síduo na própria estação. Num supermercado que confecione comida para levar para casa, em média, é possível recolher cerca de sete toneladas por ano. Em Portugal é obrigatório, de acordo com as normas europeias e ao abrigo do Protocolo de Quioto, controlar as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, designadamente ao nível das que são libertadas pelo uso dos carburantes. As metas estabelecidas situam-se nos 10 por cento de introdução do biodiesel no gasóleo, mas o uso está atualmente situado

nos 5 por cento. O biodiesel enquanto opção alternativa, viável e mais económica em relação à gasolina e ao gasóleo tem levado empresas a usarem-no exclusivamente nos seus veículos, designadamente as produtoras daquele combustível. “São obtidos grandes benefícios ao nível das emissões conseguindo-se uma redução de entre 30 a 70 por cento, dependendo da idade do veículo e do número de quilómetros percorridos”, clarifica Ricardo Salgado, docente de Ecologia. Como se está a usar uma matéria gorda, outra

vantagem apontada é o motor funcionar de um modo mais silencioso, o que se nota imediatamente pelo condutor, havendo igualmente ganhos ao nível da redução de custos, a rondar os 40 por cento face ao preço atual do gasóleo. Com uma performance idêntica, o biodiesel feito a partir de óleos vegetais apresenta em relação ao de gordura animal a vantagem de provocar uma mais lenta sujidade nos injetores da viatura. O investigador acredita que o uso corrente do biodiesel pode ajudar as empresas a melhorar a competitividade, designadamente a nível regional, já que as zonas urbanas têm bastantes equipamentos industriais e comerciais onde é possível recolher gorduras. Quanto ao futuro do projeto, ainda em desenvolvimento, Ricardo Salgado considera haver um grande potencial no uso desta tecnologia, apontando no entanto a existência de dificuldades de implementação por os encargos iniciais ainda serem elevados, o que condiciona as empresas a aproveitarem a ideia para a colocarem em prática. O trabalho em progresso tem em conta o objetivo de minimização desses custos iniciais, já que depois de instalados os equipamentos a obtenção do produto é muito barata. “A produção do biodiesel é uma reação química que faz uso do álcool [metanol], e disso resultam dois produtos, biodiesel e glicerina”, numa percentagem de 75 por cento para o primeiro e de 25 por cento para o segundo. “A produção é fácil e quase se pode obter de um modo caseiro”, indica o docente, revelando que a EST/IPS está disponível para colaborar com potenciais investidores.

Um projeto inovador que tem como objetivo assegurar um abastecimento de água potável de boa qualidade às populações e tornar as águas das praias mais limpas foi concebido por duas alunas da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal (EST/IPS). A proposta de Cátia Chanfana e Susana Martins, com o projeto de final de curso denominado “Tecnologias de oxidação aplicadas à remoção de retardadores de chama”, propõe a eliminação de compostos que usualmente são encontrados nas águas captadas para consumo habitacional e nas estações de tratamento de águas residuais, através da implementação de novas tecnologias. A importância da eliminação dos xenobióticos, “compostos que normalmente não existem na natureza, sendo criados pelo homem para vários fins”, é parte essencial do trabalho, já que a exposição a estes tem um efeito cumulativo e “pode dar azo a doenças, entre as quais alergias e disfunções hormonais e neurológicas”, aponta Cátia Chanfana. Um xenobiótico é um composto que encontra nas suas utilizações mais usuais

os retardadores de chama. Estes podem ser encontrados nos plásticos ou resinas, para que não ardam tão depressa e enquanto medida de segurança, enquanto outros são introduzidos nos produtos para realçar as suas características, tal como sucede com a cosmética. Parte da solução para este problema global centra-se essencialmente na preservação da saúde pública em ter-

mos preventivos, atuando-se ao nível das estações de tratamento de águas residuais que não conseguem remover estes compostos por completo, libertando-os no ambiente. O mesmo pode ocorrer nas estações de tratamento de água para consumo corrente. O processo de eliminação dos xenobió­ ticos requer, de acordo com o estudo elaborado pelas alunas finalistas de Engenharia do Ambiente, uma combi-

nação de processos de remoção em que são utilizados simultaneamente raios ultravioleta e a adsorção que retém as moléculas ou iões destes fluidos. Ao se utilizar a tecnologia proposta, aponta Cátia Chanfana, há custos associados, que não estão ainda quantificados, decorrentes do próprio processo e porque envolve a configuração que as estações de tratamento de águas terão de possuir para comportar todos os tratamentos, influindo igualmente na sequência dos vários tratamentos que se sucedem “numa lógica de linha de montagem”. A solução, ensaiada em laboratório, indica uma significativa remoção destes compostos perigosos para o ser humano, fauna e flora, que, deste modo, oferece a possibilidade do uso da água com menor risco. Os ganhos da implementação deste processo, indicam as alunas, é o aumento da segurança com que se pode utilizar a água em casa, nos vários usos, mas também a de quem vai a banhos nas praias e nos rios, os locais onde os efluentes são despejados.

academia

Água livre de xenobióticos


retratos

24SETÚBALjulho|agosto|setembro12

Quando o afeto é fogo que arde sem se ver, fica difícil encontrar palavras que exprimam o inexplicável. Luís Páscoa é jovem, é pastor e é incapaz de imaginar a vida noutro ofício. O prazer do convívio com as ovelhas, a “Milene” e a natureza não tem substituto. Apenas se transforma. Neste caso, em queijo

Amizade de coração Luís Páscoa cresceu com bichos e a eles se afeiçoou. Por isso é pastor, ofício milenar, mas que, hoje, apenas alicia alguns, os poucos que têm amor pelo campo, pelos animais e que são capazes de fazer da solidão uma companheira. Com 28 anos, um moço ao pé das rugas que imperam nos colegas, Luís Páscoa assume uma paixão desmesurada pelas ovelhas, quase lírica. “Sem elas não consigo viver. É como se me tirassem o coração”, explica, com os ombros encolhidos, a denunciarem que não existem outras palavras para dar forma ao seu afeto. E o coração continua a bater pois conduz diariamente um rebanho com cerca de duzentos animais dos 750 que constituem o efetivo do patrão e produtor de laticínios Humberto Ferrão. Tanta paixão na Quinta da Esperança, próxima de Vila Fresca, é condimento importante num fim específico, o queijo de Azeitão, produto artesanal, de origem demarcada, que só pode ser produzido em Setúbal, Palmela e Sesimbra, onde se colhe a generosidade da Arrábida.

O trabalho de pastor tem segredos, requer mestria e exige dedicação como tantos outros ofícios. “Há que saber dar a ‘volta’.” Esta “volta” é o passeio do rebanho, atividade central de um pastor, mas longe de ser a que mais tempo ocupa. “Os dias começam às seis da manhã e podem acabar lá para as dez da noite”, explica Luís Páscoa. Em cada jornada, o pasto rouba horas ao nascer do sol e ao final da tarde, sendo que pelo meio fica “o chocar de algum borrego, que é dar mama, o ordenhar”, e toda a manutenção diária que um rebanho exige, 24 horas por dia, todos os dias do ano. As duzentas cabeças de gado conhece-as ao pormenor, pois “são amigas, são quase família”, e conhece igualmente as reações e os hábitos de cada uma. Este é um segredo que não se aprende, mas que nasce nos predestinados a pastor. A esta sensibilidade, apresentada com tamanha naturalidade que quase assume contornos de enredo mitológico, junta-se o cajado. Porventura a única ferramenta material usada por um pastor, o cajado é tão importante como a batuta de

um maestro, onde uns acenos indicam direções e ritmos. “Sabe, só a presença já impõe respeito. Quando às vezes não obedecem ao assobio e as ovelhas vão para onde não devem, dá-se um ‘tautauzinho’ numa ou noutra só para saberem que fizeram uma coisa mal. Não é nada de mais, até porque a ovelha é um bicho medroso e desconfiado.” Tão medroso que, decifrada a intensidade do “tautauzinho”, descobre-se que se trata apenas de um toque no dorso. Nesta sinfonia à cumplicidade e à amizade toca ainda outro fiel amigo. A “Milene”, cadela com três anos que nutre tanto gosto pelo pastoreio como Luís Páscoa. “É mais meiga do que o outro cão do sr. Humberto, mas esse também é mais novo. Mesmo assim, veja lá, não mostre os dentes… É que os cães ficam tão amigos dos rebanhos como nós e depois tornam-se protetores”, alerta. A “Milene”, que, talvez em dia de feição, ainda permitiu umas festas, sobressai pelo bom domínio do português. “Olha o lado…”, lá foi, “não pá, o outro!”, lá corrigiu, “e mais devagar…”, lá abrandou.

Na “escola” apenas precisou de um ou outro “tautauzinho” em cachorro, de afeto e de saber que, no controlo do rebanho, do pasto, da comida e do seu próprio destino, está sempre o bom pastor. O inverno é o período mais duro para todos, sem exceção. Enquanto a chuva e o frio grassam no sopé da Arrábida, pastor, cão e rebanho enfrentam os pastos, pois as ovelhas têm de continuar a alimentar-se da melhor maneira. “Saímos um pouco mais tarde de manhã e um pouco mais cedo de tarde”, acrescenta Luís Páscoa. Mesmo assim, no campo é que o jovem pastor está confortável. Torcendo o nariz quando responde se gosta de viver em Palmela. “Sabe, há mais confusão…”

Carinho por um queijo O amor bucólico de Luís Páscoa é repartido pelo produtor Humberto Ferrão. Ao contrário do pastor, o patrão conhece não apenas as duzentas ovelhas do rebanho daquela tarde, como todas as mais de sete centenas que constituem a totalida-

de da produção. “Em tempos, cheguei a dar nomes a todas, mas, como estou desde 1995 neste ramo, já fica complicado. De qualquer forma conheço os números, sem exceção”, afirma Humberto Ferrão. Ambos, pastor e patrão, contribuem quotidianamente para o bem-estar dos animais e deles extraem o leite, matéria-prima vital para o queijo de Azeitão, neste caso, o “Vítor Fernandes”. Uma ovelha vive em média sete anos e cada raça tem traços físicos e psicológicos específicos. A “saloia”, com cornos e de tom avermelhado na barriga e nas pernas, é característica de Azeitão. Todavia, na região, esta espécie de ovelha é cada vez mais escassa, tendo vindo a ser substituída pela “Lacaune”, oriunda de França, toda branca e que oferece melhores índices de produtividade. Os hábitos gregários são comuns à espécie, tal como o instinto em seguir uma liderança. E é aí que a paixão de Luís Páscoa ganha razão de ser, para que, do afeto, se ordenhe um dos queijos mais famosos do País.


25SETÚBALjulho|agosto|setembro12

A fofoca está na moda

O conceito, a decoração e a localização tornam a Gossip Store única no negócio do vestuário. Num ambiente acolhedor, o estilo é sobretudo ‘retro vintage’, com roupa nova e usada. No coração do Troino, este é o ponto de encontro ideal para, entre amigas, se pôr a conversa em dia

iniciativa

B

isbilhotar o n.º 18 da Rua António Maria Eusébio, em pleno Bairro de Troino, é obrigatório, quer sejam fofoqueiras ou não. O certo é que esta loja de moda feminina está a dar muito que falar. Línguas afiadas à parte, a Gossip Store, em português, qualquer coisa como “loja da bisbilhotice”, prima por uma filosofia bem simpática. Roupas diferentes, retro vintage, com preços baixos e sem ser em série. O melhor de tudo é que esta é uma loja que rompe, em tudo, com o habitual conceito de espaço comercial, sobretudo na área do vestuário. Na Gossip Store a “cliente pode usufruir de um espaço sala como se estivesse em casa”, como refere Lina Ribeiro, a mentora do projeto. Para beber um café ou um chá, ler um livro ou ouvir música, navegar na internet ou simplesmente coscuvilhar com as amigas, “como o próprio nome da loja indica”. Aberta desde meados de junho, a “Gossip” surgiu de uma necessidade sentida por Lina: “Poder comprar mais roupa sem ter pena de me desfazer da que tinha.” As modas passam, mesmo que anos mais tarde voltem a estar… na moda. A renovação do roupeiro com regula-

ridade, sem gastar muito, pode tornar-se uma realidade para quem quer estar sempre “coquete”. Até porque a Gossip Store compra e vende roupa em segunda mão. “É sempre uma maneira de continuarmos a andar giras, em tempo de crise, com preços baixos”, salienta Lina Ribeiro. E agora, uma outra particularidade para quem ainda não visitou a loja: “A ‘Gossip’ não pratica preços acima dos trinta euros.” Ou melhor, dos 29,90 euros. Se o preço é justo para quem compra, o lucro é quase nenhum para quem vende. Mas só assim Lina diz fazer sentido o conceito que quis dar à sua loja. Caso contrário, era só mais uma.

A alma Gossip O prédio de dois andares onde funciona a “Gossip” não é casa de família, mas é sem dúvida da família e dos amigos. Não são apenas os preços acessíveis ou o risco reduzido de encontrarmos um modelito igual facilmente por aí que fazem de cartão de visita desta loja. A decoração é tão deliciosamente caseira e acolhedora que apetece tirar os sapatos assim que se sobe ao primeiro

piso, onde fica a sala de estar ou “Gossip Corner”. Aqui, Ana Crispim, irmã mais nova de Lina, dá as boas­‑vindas, mas antes mesmo de agradecermos já os olhos percorreram as paredes coloridas, o móvel antigo, o televisor com uns bons quarenta anos, a aparelhagem, os vinis e as cassetes, os livros que parecem ter saído de um alfarrabista, os bibelôs e, claro, como uma tradicional casa portuguesa, o quadro, quase tão famoso como a Gioconda, do Menino da Lágrima. Raros são os objetos que ali estão que foram comprados ou que são recentes. Muitos foram oferecidos, como cómodas e roupeiros. Entre raridades, velharias e preciosidades que dão alma à “Gossip”, a manta de rosetas estendida sobre o sofá feito pela avó de Lina, um ano antes de morrer, é “o objeto”. “Está aqui investido muito trabalho nosso, muito carinho e um envolvimento muito especial”, confessa Lina. Já a alma do “negócio” deve-se a Audrey Hepburn, ícone da moda vintage, que tem inspirado a proprietária “desde miú­da”. Embora este seja o estilo inerente ao conceito da loja e, não fugindo dele, a “Gossip” vai também ao encontro do que as pessoas procuram.

Roupas com história A oferta está no segundo piso, em duas salas, uma de roupa usada e outra de nova. Para encontrar o que se pretende ou algo que surpreenda, a cliente está à vontade para remexer as gavetas das cómodas e o interior dos roupeiros, onde os vestidos novos suspensos nos cabides esperam por uma prova. Aliás, o provador é simplesmente encantador. A promessa de preços baixo e acessíveis comprova-se nas etiquetas cujo logotipo da “Gossip” foi criado pelo primo Zé Nova. Óculos e biquínis, além de bijuteria, agendas e bolsas feitas por amigas e até pela sogra são alguns dos acessórios. A sala do lado destina-se à roupa em segunda mão, que Lina compra, ao quilo ou à consignação, desde que em bom estado. E, é claro, há preços para todas as bolsas. Se esta é uma mais-valia para todos, os que vendem e os que compram, a Gossip Store continua a surpreender com vários eventos a acontecer, sobretudo, à noite. Trocas de roupa no momento e penteados para sair à noite são alguns exemplos que as fãs da coscuvilhice podem ir acompanhando no www.facebook.com/gs.gossipstore. O horário de funcionamento da loja marca ainda a diferença, de segunda a sexta-feira das 14h00 às 19h00 e ao sábado das 10h00 às 13h00.

rosto Laços de família

A ideia estava em banho-maria há um ano. O apoio da família e a disponibilidade da irmã Ana, de 33 anos, para ficar na loja, enquanto Lina cumpre a profissão de assistente social, deram sentido à concretização da Gossip Store, inaugurada a 16 de junho. Lina Ribeiro, 39 anos, dotou este espaço no Bairro de Troino de um ambiente “cosy” (acolhedor), intimista e familiar. Cada objeto na sala e nos quartos tem uma história e um toque familiar, como duas fotografias das “manas”, aos três ou quatro anos, penduradas na parede. A familiaridade não fica por aqui. Mesmo na rua ao lado, a Fran Paxeco, trabalha Rui Garcia, marido de Lina e, para muitos, o “charroque da prrofundurra”. Sem raízes no Troino, a localização da loja só poderia ser naquele bairro que acolheu, há dois anos, a loja do Charroque “de uma forma quase maternal”. São dois projetos que só vieram ajudar a “dinamizar o bairro e envolver a população”, tal como o recuperar das festas populares na zona.


História

Cidade conserva passado O conforto da cama era deixado a meio da noite ao grito do “avisador”, mais tarde da sirene. Enquanto as mulheres corriam para a fábrica, já os carregadores chegavam da lota com o peixe. Descabeçar, engrelhar, enlatar, azeitar e cravar eram funções múltiplas vezes repetidas, horas a fio, na cadeia operatória das fábricas de conserva. Setúbal ficou com fama da boa sardinha em lata, hoje conservada em memórias de um trabalho duro que desenvolveu a região A palavra trabalho não poderia ser mais bem empregue no museu que, durante meio século, foi local de muita labuta numa atividade que teve em Setúbal um dos seus expoentes máximos. A indústria de conservas de peixe. Se em tempos a antiga fábrica Perienes “conservava” sardinhas em lata, em 90 por cento para exportação, hoje são as memórias do meio fabril que se conservam ali mesmo, no Museu do Trabalho Michel Giacometti. Homens, mulheres e crianças, familiares, amigos e vizinhos, várias gerações, tiveram ali um posto de trabalho, desde que houvesse peixe. Já a indústria conserveira em Setúbal ia no seu apogeu, com 130 fábricas e 10 mil trabalhadores, quase um terço dos 37 mil habitantes existentes à altura na cidade, quando a Perienes, em 1920, abriu portas. Esta atividade económica, trazida por franceses nos anos 80 do século XIX, impulsionou o crescimento do número de fábricas na cidade, acompanhado pelo aumento demográfico. Em pouco mais de trinta anos, a população setubalense duplicou, devendo-se em parte aos trabalhadores que deixavam a atividade agrícola. A proliferação de fábricas e a grande oferta de mão de obra propiciaram más condições laborais, salários baixos e várias horas de trabalho. Sobreviver à exploração patronal era “o pão de cada dia”. Com a implantação da República surgem as primeiras greves, com as reivindicações orquestradas pelos sindicatos, alastrando-se a outros pontos do País e a outros setores industriais, num período conturbado pela instabilidade política e pelo pós-I Guerra Mundial. Analfabetos, era com a observação dos movimentos repetidos e depois com a prática que os operários aprendiam os vários processos no fabrico das conservas. No entanto, a forma de laborar não era a mesma de fábrica para fábrica, embora existisse uma ou outra semelhança num ou noutro preceito.

Dura forma de vida O conhecimento que atualmente se tem da indústria conserveira setubalense, sobretudo o papel socioeconómico nas famílias inteiras que dela dependiam, deve-se em grande parte a uma investigação levada a cabo pelo Centro de Estudos de Etnologia da Universidade Nova de Lisboa em colaboração com o Museu do Trabalho Michel Giacometti. Num processo de registo, iniciado em 1987, foram ouvidas e documentadas estórias de antigos trabalhadores das fábricas de conserva de Setúbal, uma atividade que tem continuidade com o Centro de Memórias Orais, uma das valências do museu, a par da exposição “Da Lota à Lata”, a assinalar 25 anos.

LABORAÇÃO. A fábrica de conservas Alonso foi uma das muitas que transformaram Setúbal num dos principais polos nacionais deste setor industrial. A foto, de 1952, foi tirada por Américo Ribeiro

Hoje, numa das etapas do processo de enlatar, uma fábrica de conservas consegue fechar 800 latas por minuto. Antigamente, as fábricas como a Perienes empregavam vinte a trinta homens que soldavam os fundos das latas, num processo moroso e perigoso. Um pouco mais tarde, surgem as cravadeiras mecânicas, primeiro a pedal e depois automáticas, ficando dezenas de soldadores sem trabalho. Apesar da rapidez no cravar o, agora, tampo da lata, este trabalho requeria a máxima destreza e concentração. À mínima distração, a cravadeira automatizada ceifava um dedo à operária que a manuseava ou, se não estivesse bem afinada, causava prejuízo por romper as latas. Numa das memórias registadas, Eduardo Rodrigues Mateus, afinador e serralheiro, recorda, no tempo presente, quando algo corria mal na cravadeira, culpa da afinação ou da atenção: “Às vezes parte-se numa ponta e o rolão cai logo e, noutras vezes, parte-se ao meio. Então a máquina continua a cravar, a mulher está com pouca atenção e a cravação começa a sair frouxa e ali a lata fica rota.” Antes de enlatar, o peixe passava por tantas outras mãos, numa cadeia que começava na lota e acabava pronta para levar à mesa, num ciclo de tarefas com graus de responsabilidade e dificuldade diferentes. Peixe fresco, bem cozido e regado com um bom azeite é, ainda hoje, o segredo para a melhor conserva.

Da lota até à lata Antigamente, à época da fábrica Perienes, o peixe, principalmente sardinha, que chegava à lota, fosse dia ou noite, era levado imediatamente para a fábrica em canastras à cabeça dos carregadores, no chapéu de grandes abas fundas e redondas para que a água que escorria do peixe ali caísse. Nem sempre só a água. Por vezes, um movimento propositado mais “agitado” fazia com que um ou outro peixe ficasse na aba do chapéu. Desperdício? Nada disso. Fernando Armando, antigo carregador, lembra-se do peixe que por vezes vendia e outras “levava para casa”. Entre as várias viagens feitas, ladeira acima, ladeira abaixo, entre a fábrica e a lota, da chaminé, ainda existente, começava a sair fumo, sinal de trabalho da caldeira para aquecer o forno. Enquanto isso, o “moço da bicicleta” ia de porta em porta avisar os operários da chegada de peixe, a que horas fossem. Mesmo a meio da noite, todos se levantavam das camas. Não havia tempo para preguiça. Havia, sim, fome e pobreza. “Chegávamos à noite, estávamos muito bem em casa, apitava a sirene e lá vinha a gente a correr, a correr (…) de tamanquinhas”, recorda Adelaide Pernas, antiga operária na Perienes durante

trinta anos e o marido, que ali conheceu, quarenta. Anos mais tarde, o “avisador” foi substituído pela “vaca”, como apelidaram os operários à sirene que ecoava, num som inconfundível com o das outras fábricas de Setúbal. Ainda hoje se pode ouvi-lo numa visita guiada ao museu, já não da sirene original mas de uma réplica. À porta, o mestre tocava uma campainha e os trabalhadores entravam. “Quem viesse cinco minutos atrasada já não entrava, tinha de ficar na rua”, lembra Adelaide, que foi para a fábrica Perienes a pedido da irmã, que também lá trabalhava. Lá dentro, a cadeia operatória começava na bancada de descabeçar o peixe e tirar a cauda e as tripas, tarefa deixada para as mulheres e até crianças, que subiam a um caixote para ganhar altura. Dali, o peixe passava para a pia da salmoura onde ficava uma hora a salgar, cuja porção de água e de sal “só” um funcionário do sexo masculino sabia acertar. Para não se correr o risco de ficar demasiado salgado, o peixe levava outro banho num tanque com água sempre renovada. Mas antes, era engrelhado. Com o rabo para cima, cerca de uma centena de sardinhas era colocada numa grelha de ferro e sacudida com cuidado, durante a lavagem, para o peixe não cair. As grelhas eram colocadas, por mulheres e crianças, nos carros de cozimento, que os homens empurravam pelos carris, ainda existentes, até aos fornos. Numa temperatura altíssima, o peixe cozia ao vapor durante 15 minutos. Saídas do forno, as sardinhas eram colocadas numa bancada comprida onde, de pé, as mulheres as enlatavam, às quatro de cada vez, de forma desencontrada, sob a supervisão de uma operária para garantia do correto enlatamento ou encaixe. Outra tarefa nesta cadeia, que só terminava na exportação da conserva, era levar à mão, com destreza e equilíbrio, para um outro posto, uma pilha de trinta latas para “azeitar”. Antes de haver máquina, molho de tomate ou outras variantes, era a azeitadeira que regava com o melhor azeite as sardinhas de forma a ficarem cobertas. Depois de tapada e cravada, a conserva era levada ao forno durante um minuto para esterilizar. Passar no controlo de qualidade só depois de testado pelo operário que ao bater na lata reconhecia, pelo barulho, se o conteúdo estava pronto para consumo ou não. Todos estes preceitos, de uma época tão próspera para Setúbal mas turbulenta para os setubalenses, são recordados no Museu do Trabalho e, de viva memória, contados por quem dedicou uma vida ao trabalho fabril, em que a sobrevivência passava por uma lata de sardinhas.

memória

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Estória Centenário põe Setúbal em festa O ano de 1960 ficou marcado para as gentes de Setúbal pela visita de personalidades destacadas, como o Presidente Américo Tomás e o cardeal Cerejeira, nos dias 24 e 25 de julho. O centenário da elevação de Setúbal a cidade motivou um grandioso programa comemorativo, organizado por subcomissões para os vários eventos, incluindo as inaugurações do Cineteatro Luísa Todi, do Museu da Cidade e da Fonte do Centenário. A realização da Feira-Exposição de Sant’Iago, com o cortejo das atividades económicas, foi outro momento alto. Enquanto a Câmara Municipal pedia à população para engalanar as ruas e iluminar as janelas do percurso feito pelo Presidente da República, o jornal “O Setubalense” noticiava, a 80 dias do grande acontecimento, os pormenores da festa: “Após o jantar, que também será íntimo, o sr. Almirante Américo Tomás assistirá à récita de gala com que será inaugurado, pelas 22h00, o moderno Cineteatro Luísa Todi.” Isto para o dia 24, enquanto para 25, dia de Sant’Iago, o programa oficial era divulgado assim: “Às 11h00, inauguração do Museu da Cidade, no edifício do velho Convento de Jesus, e a abertura das exposições ‘Cem Anos da História da Cidade’, ‘Pintores Setubalenses’ e ‘Arte Sacra’; às 16h00, após almoço íntimo, será inaugurada pelo chefe de Estado a sede da comissão da Região de Turismo da Serra da Arrábida, instalada na antiga Casa do Corpo Santo, que está a ser devidamente restaurada. Às 17h00, depois de proceder à inauguração da ‘Fonte Centenária’, simbólica prenda da cidade, o sr. Presidente da República abrirá a Feira­ ‑Exposição de Sant’Iago.”


27SETÚBALjulho|agosto|setembro12

Pormenor

e Dr. Estêvão de Vasconcelos, 36, nos largos de Santo António e da Misericórdia e, ainda, nas ruas da Casa do Corpo Santo e Antão Girão, portas 67 e 71.

Azulejos protetores

Padrões coloridos

A colocação de azulejaria em fachadas de edifícios na Baixa setubalense, entre os séculos XVIII e XX, mais do que razões decorativas, teve propósitos económicos, sociais e protetores de pessoas e bens. A reconstrução arquitetónica pós­ ‑terramoto de 1755 e o medo de nova calamidade foram preponderantes para o surgimento de pequenos painéis, azuis e brancos, com figuras de santos, nas fachadas das casas, sobretudo de particulares, sobre a porta de entrada. Proteção era o que pediam os proprietários ao colocarem imagens alusivas à família, como a Virgem Maria e o menino, mas também alegóricas, alusivas aos terramotos (S. Francisco de Borja) e aos incêndios (S. Marçal). Além da escolha da imagem religio-

sa como elemento central do azulejo, é imperioso contextualizar no movimento artístico da época outras particularidades, como a cor e o desenho. Neste caso, identificam­ ‑se as duas últimas fases do estilo rococó, período entre 1745 e 1790. Pintados a azul e branco, utilizando a policromia e alguns pormenores em dourado mais tarde, os azulejos eram recortados por vezes só no topo e decorados com “asas de morcego” e concheados. Embora não exclusivos à zona da Baixa, num percurso entre a Praça de Bocage e a Casa do Corpo Santo, um levantamento do Museu de Setúbal sobre a “Panorâmica da Azulejaria no Concelho de Setúbal” identifica exemplares nas ruas dos Correeiros, n.º 27, Serpa Pinto, 12, Dr. Paula Borba, números 18 e 69,

Rua Decorada pelo tempo

A antiguidade da Rua Pereira Cão – um dos mais famosos pintores decoradores nacionais – não é percetível pelo caráter rudimentar das mais antigas plantas de Setúbal (de 1582 e de 1621). Estas apenas registam os arrabaldes das Fontainhas e do Troino, os contornos amuralhados da então vila medieval e, dentro desse perímetro, os principais arruamentos.

ontem

Na Planta da Praça e Villa de Setúbal, levantada em 1804 por Maximiano José da Serra e traçada em 1820, é que surge a artéria claramente desenhada, a atravessar de sul a norte o núcleo de Santa Maria e a ligar a Rua da Praia – a atual Avenida Luísa Todi – ao Largo de Santa Maria, mostrada com a designação de Rua das Farinhas. É com esta denominação que, nas últimas décadas de oitocentos,

A entrada num novo período artístico, a partir de 1790, trouxe outras abordagens à ornamentação azulejar. Combinações livres de imagens, aves, laços, plumas, em conjunto com fundos brancos ou marmoreados e centros com apenas um motivo ornamental ou mais figurativo representam o novo período estilístico, o neoclássico. O aparecimento de fábricas de cerâmica, nas primeiras décadas do século XIX, dando início ao processo industrializado, vem permitir o alargamento da utilização do azulejo através da estampilhagem, generalizando-se o gosto pelo revestimento integral das fachadas de prédios burgueses. É desta forma que, além de decorativo, o azulejo passa a contribuir para a proteção e durabilidade dos edifícios, tornando os interiores

recebe a coletividade Filarmónica Todi, um espaço que proporcionava noites de música e dança, nas quais, de acordo com os relatos da época, era frequente reunirem-se mais de quarenta senhoras dançando até às quatro da madrugada, “sempre na melhor ordem”, tal como os cronistas gostavam de acentuar. Um pouco mais tarde, numa das esquinas com a Rua da Praia, foi inaugurado o Café Príncipe, descrito por Arronches Junqueiro como um espaço frequentado pelos filhos dos utilizadores do emblemático Café Esperança, destinado às elites setubalenses. O “Príncipe” era procurado pelos jovens, que ali gozavam de maior liberdade. Era “vivamente disputado pela rapaziada sedenta de movimento e de parecer homens, atirando ao ar, com atrevimento e imponência, os fumos dos seus cigarros Scando”. Na sala de bilhar, a mais frequentada, “entremeavam as tacadas com copinhos de conhaque Martel, três estrelas, os mais aguerridos, e Père Kermann”, uma marca de absinto associada ao brilho e romantismo da Belle Époque francesa a que recorriam pintores e escritores à procura de estímulo criativo, descreve Arronches Junqueiro no manuscrito “Setúbal no O primeiro edifício do Mercado Livramento, na foto do Arquivo Américo Ribeiro, datada de 1918, foi construído para servir melhor a população, extinguindo-se os locais de venda dispersos pela cidade. Inaugurado em 1876, foi apontado como o mais faustoso de Portugal. Os novos tempos ditaram a substituição do imóvel por outro, de 1930, sujeito recentemente a profundas alterações que o tornam num espaço de venda dotado das mais exigentes normas de funcionamento.

mais frescos e conferindo um aspeto visual exterior mais colorido através da diversidade de padrões. O prédio onde funciona atualmente a loja Benetton na Rua de Bocage exemplifica a cobertura total da fachada, embora não sendo a azulejaria primária. No entanto, aquando da recuperação do edifício procedeu-se à substituição da original por uma idêntica. A utilização do azulejo acabou por se alastrar aos fins comerciais. O edifício na esquina da Rua Serpa Pinto com o Largo Francisco Soveral, onde funcionou o pronto-a-vestir Fetal, é exemplo desse propósito num trabalho realizado nos finais do século XIX por Luís Ferreira, conhecido como Ferreira das Tabuletas. Na fachada do edifício, alegorias ao comércio e à indústria publicitam não só o ramo de atividade, mas também os produtos vendidos. Neste revestimento figurativo, publicita-se a “caza de commercio de fazendas de lã, linho, algodão e seda, nacionais e estrangeiras, por atacado e a retalho e um variado sortimento de bijoterias e fato feito”.

meado do século XIX”. Igualmente numa das esquinas com a Rua da Praia foi instalada, em 1888, a Escola de Desenho Industrial Princesa Dona Amélia, onde também eram ensinados lavores femininos. O Colégio Económico, destinado a meninas, foi instalado em 1897, no número 17, com instrução primária e aulas de francês, desenho de ornato, trabalhos manuais e piano. No mesmo ano, a Escola Municipal Secundária passou a funcionar no número 37.

Pintor de renome O nome anterior da Rua das Farinhas foi Rua dos Cavaleiros, enquanto o posterior, Rua Rodrigo Soriano, surge por deliberação camarária de 10 de julho de 1912 como homenagem ao deputado republicano espanhol por serviços prestados à República Portuguesa. Finalmente, “logo após o golpe militar liderado pelo ‘herói’ da I Guerra Mundial general Gomes da Costa produz-se uma ‘revolução toponímica’ de dimensões comparáveis à operada a seguir à Implantação da República”, aponta o historiador Carlos Mouro, embora “em sentido contrário, com a reposição de topónimos abolidos após

hoje

1910”. Entre as mudanças feitas foi suprimida a designação da Rua Rodrigo Soriano, a 3 de novembro de 1927, o que determinou a designação que ainda hoje vinga, Rua Pereira Cão. O setubalense José Maria Pereira Júnior (1841-1921), mais conhecido por Pereira Cão, foi um pintor decorador de nomeada da segunda metade do século XIX. Com apenas 21 anos, já tinha no currículo obras de restauro do Palácio da Ajuda. De norte a sul do País, deixou obras de grande relevo ao nível da pintura e do azulejo, entre as quais as decorações dos palácios dos duques de Palmela – do Calhariz, Lisboa, e de Azeitão –, dos palácios de D. Luís Carneiro, na Anunciada, do Visconde de Coruche, do Conde de Fontalva, dos marqueses de Viana e da Praia e Monforte, ou do Palácio de Queluz, entre outros tantos exemplos. Em Lisboa, aponta o historiador Óscar Paxeco, no “Roteiro do Tríptico de Luciano”, “quase todas as grandes casas da última metade do século passado [século XIX] ostentam pinturas do admirável artista”. O mesmo autor aponta a decoração da cúpula da Câmara Municipal de Lisboa como sendo, “incontestavelmente, o seu melhor e mais notável trabalho”.


Casa abre portas à cultura

plano seguinte

28SETÚBALjulho|agosto|setembro12

Um espaço de partilha, de debate e de aprendizagem, com áreas para a criação artística e a juventude. Na Casa da Cultura há música, cinema, teatro, dança e fotografia, atividades para usufruto de setubalenses e visitantes, já a partir de outubro A Casa da Cultura, futuro polo de concentração cultural, gerador de novas dinâmicas sociais, abre portas à população a 5 de outubro, com várias valências de aprendizagem e criação artística e uma programação variada, com música, cinema, teatro, dança e fotografia. Instalado em pleno Centro Histórico, num edifício totalmente requalificado onde outrora funcionou o Círculo Cultural de Setúbal, pre-

sente, certamente, na memória de muitos cidadãos, o equipamento recebe atividades regulares dinamizadas por associações da cidade, algumas delas com espaços próprios no imóvel. O novo local de fruição e partilha cultural da cidade vai contar com centros de documentação, espaços para a música e para as artes, áreas multiusos e zonas de lazer e restauração.

Uma galeria de exposições e o Café das Artes, que funcionará como café-concerto e espaço para colóquios, debates e encontros, são duas valências a instalar no piso térreo, com uma zona ao ar livre, designada Pátio do Dimas, e uma área para a Casa Municipal da Juventude. O Centro de Documentação, Estudo e Promoção da Canção Popular Portuguesa, o Espaço das Artes e um

Museu assinala 25 anos com programa

Os 25 anos do Museu do Trabalho Michel Giacometti são assinalados com um programa especial, a 10 de outubro, incluindo uma exposição dedicada à efeméride e artesãos a trabalhar ao vivo, em profissões como a renda de bilros, a moldagem do barro, a preparação do pão e a criação e reparação de redes de pesca. O programa, de entrada livre para o público, integra um apontamento audiovisual com testemunhos de pessoas que têm colaborado ao longo dos 25 anos do museu municipal na preparação e conceção de várias iniciativas culturais que integram a memória coletiva setubalense.

Cinema na escola ajuda a criar públicos

A iniciativa “O Cinema vai à Escola”, a realizar a partir de outubro, em estabelecimentos de ensino e no Cinema Charlot, dirige-se a alunos do pré-escolar, 1.º ciclo e secundário, dinamizada pela Autarquia e pelo Festroia, mediante marcação prévia, em horário a acordar com os interessados. Mais informações sobre este programa de criação de novos públicos e hábitos culturais podem ser obtidas pelo endereço de correio eletrónico dicul@mun-setubal.pt.

Olhos na natureza em certame na Mourisca

O “ObservaNatura 2012”, nos dias 13 e 14 de outubro, na Herdade da Mourisca, conta com diversos pontos de observação de aves no Estuário do Sado, nomeadamente com binóculos e telescópios. Palestras com especialistas na área do turismo de natureza e ornitológico, workshops de anilhagem de aves, de identificação de espécies e de técnicas de ilustração, passeios de barco e de canoa e percursos pedestres, de charrete e todo o terreno são outras atividades do certame, organizado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas em parceria com a Autarquia.

Idosos com atividades durante um mês

O Mês do Idoso, em outubro, é assinalado pela Câmara Municipal e pelas juntas de freguesia com um programa variado de atividades direcionadas à população sénior, com passeios, ações de informação e convívios, alguns com momentos musicais, devendo as inscrições ser feitas junto das instituições organizadoras. A Autarquia organiza quatro passeios integrados no projeto municipal “Memórias, Identidades e Património”, dois a Cascais e dois a Alpiarça.

auditório multiusos, denominado José Afonso, ficam instalados no primeiro andar. No primeiro piso fica também o Salão Nobre da Casa da Cultura. Este espaço, antigamente com as mesmas funções, é uma das principais atrações do equipamento municipal, que conta com um fresco pintado no teto, totalmente restaurado, assim como um antigo candeeiro. Uma Escola de Música, com um

estúdio de gravação e cinco salas, duas de ensaios e três para ensino, funciona no segundo piso da Casa da Cultura, local também com um espaço de promoção da vida e obra de Bocage. A Casa da Cultura, instalada num edifício histórico totalmente recuperado, dispõe de um elevador central que serve os três pisos do imóvel, epicentro da criação e programação cultural do Concelho.

Obras recuperam Convento de Jesus A obra de recuperação e valorização do Convento de Jesus, imóvel do período Manuelino classificado como Monumento Nacional, é iniciada ainda no decorrer deste ano. O avanço deste projeto é assegurado através de um protocolo de colaboração realizado entre a Câmara Municipal de Setúbal e a Direção-Geral de Património e Cultura, antigo Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico que não foi provido, no Orçamento do Estado de 2012, dos meios financeiros necessários à conclusão do projeto. No âmbito deste acordo, a Autarquia garantiu a posição de beneficiário, solicitou a reprogramação temporal da obra e assumiu o investimento de recuperação do imóvel, verba no orçamento municipal que já se encontra devidamente dotada para o ano de 2012, bem como para o de 2013. Esta intervenção estruturante para a cidade conheceu mais um passo decisivo com a abertura de um concurso público, com um preço-base de três milhões e 405 mil euros, a que acresce IVA, e um prazo máximo de execução de oito meses, deliberação aprovada a 5 de setembro, em reunião pública. A obra de “Recuperação e Valorização do Convento de Jesus”, integrada no Programa ReSet – Regeneração Urbana do Centro Histórico de Setúbal, é comparticipada por fundos comunitários com uma taxa de 65 por cento, montante canalizado através do PORLisboa- Programa Operacional Regional de Lisboa, ao abrigo do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.


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