Jornal Municipal - jul | ago | set'15

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SETÚBAL

Feira atrai multidão pág. 13

JORNAL MUNICIPAL.setembro 2015.ano 15.n.º57

Genialidade de Bocage ganha vida

Dia da Cidade dá início a programa comemorativo dos 250 anos do poeta págs. 4, 5 e 6

pág. 12

Peixe é marca de qualidade

pág. 18

Arte setubalense chega a Itália Projeto internacional debate futuro da Europa

Bairros ativos Moradores sugerem alterações à Lei do Arrendamento Apoiado

pág. 7

pág. 17 págs. 14 e 15

Teatro em festa sem apoio estatal


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SETÚBAL

sumário

ão Feira atrai multid pág. 13

57 2015.ano 15.n.º IPAL.setembro JORNAL MUNIC

Genialidgaede de Bocaida ganha v

Dia da Cidade dá início a programa comemorativo dos 250 anos do poeta págs. 4, 5 e 6

pág. 12

Peixe é marca de qualidade

pág. 18

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pág. 7

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sta Teatro em fe l sem apoio estata

4  PRIMEIRO PLANO  O Dia da Cidade marcou o início de um programa ambicioso de comemorações dos 250 anos do nascimento de Bocage. Até 15 de setembro de 2016, há atividades culturais pelo País. 7  LOCAL  Setúbal uniu-se a municípios de Espanha, Itália e Bulgária num projeto destinado a refletir sobre o futuro da União Europeia. Por cá, a cidade moderniza-se com obra pública. 12  TURISMO  O concelho é mundialmente famoso pela qualidade do seu peixe e essa realidade foi transformada numa marca de promoção turística. A Feira de Sant’Iago atrai multidões a cada edição. 14  PLANO CENTRAL  Os moradores dos bairros sociais voltam a mostrar iniciativa. Agora, uniram-se para discutir alterações à Lei do Arrendamento Apoiado e querem fazer-se ouvir a nível nacional. 16  FREGUESIA  Passeios das Praias do Sado foram recuperados, enquanto o Pontal de Musgos, na Gâmbia, ganhou fogareiros públicos. Azeitão entregou manuais escolares a duas centenas de crianças. 17  CULTURA  A XVII Festa do Teatro, ensombrada pela perda de apoios do Estado, foi um sucesso. Em Itália, há um museu dedicado à obra do descarregador de peixe e pintor naïf José Miguel da Fonseca. 20  EDUCAÇÃO  Uma conferência destacou o investimento municipal feito no aumento da qualidade da oferta educativa no concelho. O ensino profissional também saiu beneficiado desse esforço. 21  DESPORTO  Setúbal foi eleita Cidade Europeia do Desporto em 2016, o que se traduz num conjunto significativo de realizações. A Alegro Meia Maratona de Setúbal foi um sucesso em ano de novo impulso. 22  ACADEMIA  Um antigo aluno da Escola Superior de Tecnologia criou uma aplicação de telemóvel que ajuda diabéticos. Uma página de internet do Instituto Politécnico de Setúbal é dedicada a alunos estrangeiros. 23  RUMOS  Tiago Henriques, 34 anos, recebeu o prémio nacional Jovem Empresário/Empreendedor do Ano. Proprietário do restaurante “Choco Real”, colheu ensinamentos no Mercado do Livramento. 24  RETRATOS  Junta conceitos de mercearia, padaria, restaurante, cafetaria, charcutaria e galeria de arte. Um casal abriu, no início de agosto, a Rota dos Saberes e Sabores, perto da Praça de Bocage. 25  INICIATIVA  Um espaço museológico guarda as memórias do Grupo Desportivo “Os Amarelos”. A coletividade orgulha-se do passado mas aposta no futuro, aderindo às novas tecnologias de informação. 26  MEMÓRIA  A zona do Alto do Viso enfrentou um cenário de guerra, com mais de meio milhar de mortos. José Rodrigues dos Santos, o mestre Azoia, deixou a sua arte ao serviço do associativismo. 28  PLANO SEGUINTE  Setúbal está a viver uma semana dedicada ao mar, com atividades que potenciam a vocação costeira. Em terra, um passeio de cicloturismo explora o prazer de pedalar pela cidade.

informações úteis

Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: SMCI/Serviço Municipal de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Hugo Martins, Marco Silva, Pedro Moreira, Raquel Proença Fotografia: José Luís Costa, Mário Peneque, António Cunha (design da imagem de Bocage, pág. 6) Paginação: Humberto Ferreira Impressão: PROS – Promoções e Serviços Publicitários, Lda. Redação: SMCI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal

Câmara Municipal

Turismo

Paços do Concelho Praça de Bocage 265 541 500 | 808 200 717 (linha azul) Gabinete da Presidência gap@mun-setubal.pt Departamento de Administração Geral, Finanças e Recursos Humanos dafrh@mun-setubal.pt Gabinete da Participação Cidadã gapc@mun-setubal.pt

Casa da Baía de Setúbal Centro de Promoção Turística Av. Luísa Todi, 468 265 545 010 | 915 174 442

Edifício do Banco de Portugal Rua do Regimento de Infantaria 11, n.º 7 265 545 180 Departamento de Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclusão Social Departamento de Recursos Humanos Edifício Sado Rua Acácio Barradas, 27-29 265 537 000 Departamento de Ambiente e Atividades Económicas daae@mun-setubal.pt Departamento de Obras Municipais dom@mun-setubal.pt Departamento de Urbanismo Gabinete de Apoio ao Consumidor Gabinete de Apoio ao Empresário Av. Luísa Todi, 165 Mercado do Livramento, 1.º andar 265 545 390

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editorial

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Poeta da Liberdade Hoje, como há 250 anos, quando nascia Bocage, impõe-se a ideia de mudança contida na liberdade com que o poeta contaminou muitos dos poemas que nos legou. Dois séculos e meio depois do nascimento de Manuel Maria, a mudança que advogou nos seus escritos, a frontalidade, o talento e a inteligência com que confrontou poderes abusivos e conquistados com base em falsas promessas mantêm a mesma validade. Talento e inteligência que depositou também em versos como aquele em que apela aos “Lusos heróis” para que se ergam “dentre o pó” e salvem de “pardais castiços as searas de arroz” arduamente ganhas pelos portugueses com esforço e luta. O luso herói perante quem o poeta queria que, “de pavor ante vós

Bocage é da cidade e de quem a habita

no chão se deite tanto fusco rajá, tanto nababo, E as vossas ordens, trémulo, respeite”. Era de nós que ele falava, lusos heróis que continuam a resistir

aos que nunca desistem do esbulho das nossas “searas”. Era da nossa liberdade, da nossa vida, do nosso direito de querer viver melhor que ele falava. As comemorações dos 250 anos de Bocage que iniciámos em 15 de setembro e de que damos conta nesta edição do Jornal Municipal são, mais do que mera comemoração de efeméride redonda, algo que a cidade deve ao seu poeta maior. Ao longo de um ano o poeta volta a estar ainda mais presente nas ruas da cidade onde nasceu, da cidade que verteu nas linhas límpidas da escrita que nos legou. Para cumprirmos este dever de manter o poeta nas nossas memórias e nas memórias daqueles que, nas novas gerações, continuarão a sentir o dever de homenagear o homem que viveu livre e sempre deixou essa liberdade expressa nas palavras, baseámo-nos numa simples ideia: Bocage é da cidade e de quem a habita. Queremos que a cidade, os setubalenses e todos os que fazem desta a sua terra se apropriem do poeta, que o sintam como seu, que o conheçam melhor, o declamem, falem dele, se alegrem e entristeçam com o que escreveu e sejam capazes de ler a atualidade das palavras que compôs há dois séculos. Este é o nosso dever. O dever de manter vivas as mais ricas vozes que a cidade fez nascer.

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal


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Cidade faz vénia O 15 de Setembro foi longo, mas só o início. O Dia de Bocage e da Cidade foi preenchido de manhã à noite. Recordou-se o génio do poeta e, a partir dele, homenagearam-se outras mentes brilhantes e lançaram­‑se bases para um concelho melhor. Foi o primeiro dia de 365 que estão para vir. Estão aí as Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de Bocage

primeiro plano

D.

Gilberto Canavarro dos Reis, Mário Narciso e Nuno Melo foram alguns dos homenageados com a Medalha da Cidade, em cerimónia realizada na manhã de 15 de setembro, no início das comemorações do Dia de Bocage e da Cidade. “Fui apanhado de surpresa, por uma surpresa agradável”, confessou D. Gilberto Canavarro dos Reis, bispo de Setúbal, agraciado com a Medalha de Prata da Cidade, uma das principais condecorações da Câmara Municipal. A cerimónia do Salão Nobre dos Paços do Concelho foi um dos momentos altos da celebração do feriado municipal de Setúbal, Dia de Bocage e da Cidade, mas também do início do programa que, ao longo de um ano, comemora os 250 anos do nascimento do poeta sadino (mais informações na pág. 6). Além do bispo de Setúbal, que recebeu a Medalha de Prata, outras 35 personalidades e instituições foram agraciadas com a Medalha de Honra da Cidade.

Na classe Atividades Culturais, Joana Melo, filha de Nuno Melo, recebeu a condecoração que a Autarquia dedicou ao ator a título póstumo. As Medalhas da Cidade representam o agradecimento do Município a individualidades ou instituições

que se destaquem por serviços excecionais ou de relevo prestados em prol do concelho e dignos de reconhecimento geral. A lista de condecorados incluiu também, na classe Atividades Culturais, o escultor João Limpinho, a título póstumo, os músicos José

Marquês de Sousa e Pedro Marquês de Sousa, o diretor do Fórum Municipal Luísa Todi, João Pereira Bastos, o pintor Eduardo Carqueijeiro e a bailarina Ana Sendas. Na mesma classe, foi entregue a Medalha de Honra à investigadora francesa de etnofisiologia Noëlle

OBRAS E CULTURA ENGRANDECEM 15 DE SETEMBRO

REDONDA. A estátua de Jacinto João decora agora uma rotunda defronte do Estádio do Bonfim e redonda como tantas bolas que a antiga glória do Vitória Futebol Clube tratou bem durante a carreira no futebol. Na inauguração da nova localização da estátua de JJ marcaram presença familiares e dirigentes e atletas do Vitória. Antigos colegas do craque que fez de Setúbal a terra de adoção também se associaram à cerimónia.

PRÉMIO. A LASA – Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão entregou os prémios do XVI Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage. Em “Revelação” destacou-se João Diogo Pereira Barreira, com “Pentapétalo”. Na categoria “Poesia” foi distinguido João Carlos Costa da Cruz, com “Na luz das janelas pestanejam as sombras”. A categoria “Ensaio” foi arrebatada por António Alberto Sancho Trabulo, com “Bocage no Oriente”.

TRADIÇÃO. A Mercearia Confiança de Troino, fundada em 1926, foi, outrora, o centro de um bairro inteiro, fruto de hábitos de outras épocas. O filho do antigo proprietário, Eduardo Silva, e a Câmara Municipal juntaram-se em cogestão e recuperaram o espaço. A Confiança de Troino reabriu as portas como mercearia pedagógica, para que a memória recente não se perca entre modernos minis, supers e hipers.


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a Bocage

Perez da Fonseca e ao pesquisador etnológico italiano Stefano Lenzi. Na classe Desporto foram agraciados Mário Narciso, selecionador nacional de futebol de praia, Mário Mestre, presidente do Clube Desportivo “Os Pelezinhos”, Domingos Vieira, antigo diretor da Meia Maratona Internacional de Setúbal, Manuel Santana, dirigente associativo e antigo jogador e treinador de futebol, Custódio Carvalho Pinto, ligado ao associativismo desportivo, e o Vólei Clube de Setúbal. Na classe Associativismo e Sindicalismo, foram condecorados António da Cunha Bento, pela atividade desenvolvida na Associação Cultural Sebastião da Gama e na Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, António Manuel Fernandes Alves, que se destacou em várias coletividades, e Francisco Alves Monteiro, do Corpo Nacional de Escutas. Ainda em Associativismo foi condecorado João Marques de Carvalho, antigo vereador da Câmara Municipal, também com cargos de presidência da Junta de Freguesia de S. Simão e da Sociedade Filarmónica Providência.

Na mesma classe, a Autarquia atribuiu a Medalha de Honra à APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, a Josué Monteiro, do Vitória Futebol Clube, à ACML – Associação dos Comerciantes do Mercado do Livramento, a Armando Oliveira e a José Lopes, ambos da Comissão de Festas de Nossa Senhora do Rosário de Troia. O padre Constantino Gonçalves Alves foi agraciado na classe Paz e Liberdade, assim como o padre Luís Manuel Ferreira e Rui D’Espiney. Em Ciência e Tecnologia foram agraciados a docente e dirigente educativa Maria da Fé Costa, o professor Carlos Cunha e Luís Sousa, da Euronext Lisbon e da Inter­ bolsa. Na classe Comércio foram distinguidos João Carlos Gonçalves Casimiro, antigo comerciante de Setúbal, a Celui, empresa familiar, e Clementina Calado, comerciante da Baixa de Setúbal. A Óptica Pita e a Quinta de Alcube, produtora vitivinícola, também foram condecoradas com a Medalha de Honra na Classe Comércio. A cerimónia de entrega de medalhas foi antecedida do hastear da

bandeira e da deposição de uma coroa de flores na estátua de Bocage.

A tempo inteiro As comemorações do Dia da Cidade prosseguiram até à noite, com vários momentos marcantes. A chuva não impediu a inauguração da requalificada rotunda da Praça do Vitória Futebol Clube (ver fotolegenda e pág. 8). A presidente da Câmara Municipal destacou um conjunto de projetos para manter o ritmo de desenvolvimento do concelho e de aumento da qualidade de vida da população. “Temos já preparados projetos para candidatar a fundos do novo Quadro Comunitário de Apoio que atingem o valor global de 10 milhões e 90 mil euros.” Entre várias intervenções programadas, Maria das Dores Meira indicou o reforço intermodal do interface das Fontainhas, destinado a melhorar as deslocações pendulares entre a Área Metropolitana de Lisboa e o Alentejo, o reforço da rede de ciclovias, a construção de trajetos intermunicipais e o prosseguimento do investimento no en-

sino, com candidaturas preparadas de mais de dois milhões de euros para projetos baseados na arte e requalificação de instalações de três dezenas de escolas. O Convento de Jesus, com requalificação já iniciada pela Câmara Municipal, que assumiu “responsabilidades do Poder Central”, vai ser candidatado a fundos europeus para a prossecução da recuperação. A candidatura tem o valor aproximado de 1 milhão e 500 mil euros, com comparticipação municipal de cerca de 50 por cento. No âmbito das comemorações do Dia de Bocage e da Cidade, o Salão Nobre dos Paços do Concelho recebeu a sessão solene de abertura das Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de Bocage, em que foi apresentada a comissão de honra do programa, presidida pelo Presidente da República. Maria das Dores Meira, acompanhada na mesa pelo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, e por Daniel Pires, investigador bocagiano e membro da comissão científica das comemorações, sublinhou que o programa, com a duração de um ano, é “algo

que a cidade deve ao seu poeta maior”. Murade Murargy, natural de Moçambique, frisou que Bocage “representa um património inestimável para Setúbal, mas também para Portugal e para todos os países que partilham a língua portuguesa”. Na Casa da Cultura, Daniel Pires, também presidente do Centro de Estudos Bocageanos, apresentou a obra iconográfica de que é autor “Bocage – A Imagem e o Verbo”. As festividades também vincaram as tradições de Setúbal. A Câmara Municipal inaugurou no Largo da Fonte Nova uma mercearia pedagógica, destinada a reavivar tradições antigas da cidade (ver fotolegenda). O programa do Dia de Bocage e da Cidade reservou, ainda, a inauguração da exposição “O Livro na Época do Iluminismo”, coordenada por Daniel Pires, patente até 28 de novembro na Galeria Municipal do 11. A encerrar, o Fórum Municipal Luísa Todi recebeu um concerto da Orquestra do Norte, espetáculo inaugural das Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de Bocage, dirigido pelo maestro José Ferreira Lobo, com as participações dos solistas Cristiana Oliveira, Liliana de Sousa e Rui Silva.


primeiro plano

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Bocage de 15 a 15 É um ano, ininterrupto, a celebrar a figura e o legado de Bocage. O poeta nasceu em Setúbal e enche de orgulho o concelho e o País. Há 250 anos a Língua Portuguesa ficava mais rica, numa época em que mentes mais incomuns procuravam o Iluminismo. O génio de Manuel Maria Barbosa du Bocage é celebrado por tudo o que deixou, muito para lá da pena Conferências, congressos, exposições, concertos, apresentações de obras literárias, teatro, entre vários outros eventos, inclusivamente muitos deles fora do concelho de Setúbal, preenchem o dinâmico programa das Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de ­Bocage. Durante um ano, entre 15 de setembro de 2015 (ver págs. 4 e 5) e 15 de setembro de 2016, a memória de Bocage é uma constante, com cerca de nove dezenas de eventos a recordar o génio do poeta nas mais diferentes facetas. A Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, acolhe, até 31 de dezembro, a exposição “Da inquietude à transgressão: eis Bocage...”, comissariada pelo investigador bocagiano Daniel Pires, membro da comissão científica do programa comemorativo organizado pela Câmara Municipal em parceria com várias entidades. Também na Biblioteca Nacional, no dia 17, foi apresentado o livro “A Imagem e o Verbo”, obra de Daniel Pires que reúne e comenta substancial iconografia bocagiana. Noutro exemplo de iniciativa fora do território setubalense, ainda em Lisboa, a Biblioteca da Ajuda/Palácio Nacional da Ajuda promove, até ao final de setembro, juntamente com a Direção-Geral do Património Cultural, a mostra documental “Bocage e a Censura”. Em Setúbal, no centro histórico, a 10 de outubro, são lidos trinta poemas de Bocage por cidadãos e figuras públi-

cas, numa iniciativa dinamizada pela Autarquia em parceria com o Teatro Estúdio Fontenova. Ainda em outubro, o poeta setubalense pode ser, literalmente, a face da sorte, com as cautelas do sorteio do dia 19 da Lotaria Nacional a serem dedicadas a Elmano Sadino. Bocage, de resto, também “dá” a cara pelos correios, com os CTT a integrarem o poeta na emissão de 2015 de “Vultos da História e da Cultura”, em circulação desde 31 de março. Espreitando ainda para fora do concelho, as comemorações reservam outra exibição, intitulada “Bocage, 250 anos: exposição Biblio-Icono-

gráfica”, a decorrer entre 16 e 30 de novembro, no Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Programa até 2016 O traço inconfundível de Júlio Pomar preenche uma mostra, que sobressai no cartaz das comemorações no início de 2016, patente entre 9 de janeiro e 6 de fevereiro na Casa da Baía. A avaliação, sistematização e apresentação de toda a obra de e sobre Bocage existente na Biblioteca Municipal de Setúbal e respetivos polos é divulgada

O poeta é da cidade A divulgação do nome de Bocage nos mais variados planos culturais e sociais é um dos principais objetivos das comemorações. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, salienta que a programação teve como alicerce um conceito base: “Bocage é da cidade e de quem a habita.” Uma das preocupações reveladas por Daniel Pires, da comissão científica das comemorações, é a desmistificação da imagem de Bocage associada ao anedotário. “Trata-se de um dos principais poetas da literatura portuguesa, que

pode ombrear com Camões ou Fernando Pessoa”, defende o investigador, que sublinha o profícuo trabalho de Bocage noutros campos literários, como a dramaturgia e as traduções. As comemorações, adianta Maria das Dores Meira, têm igualmente o propósito de “internacionalizar mais Elmano Sadino” e de o trazer “para o século XXI”. Através de “um ano de intenso espírito bocagiano”, é esperado que “as escolas, coletividades e movimento associativo participem ativamente nas comemorações”. A programação ambiciosa é demonstrada pelo vereador da Cultu-

numa apresentação pública, a 19 de fevereiro, nos serviços centrais daquele espaço municipal. As obras concorrentes e, em particular, a vencedora do Concurso de Artes Plásticas de Bocage, de âmbito nacional e iniciado em novembro, são conhecidas numa exposição na Galeria Municipal do 11, patente entre 3 e 24 de abril. A 15 de maio, a Câmara Municipal divulga na Casa da Cultura os projetos vencedores do concurso “Curtas de Cinema sobre Bocage” e, a 21 do mesmo mês, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, Daniel Pires apresenta a “Obra Completa de Bocage”.

ra, Pedro Pina, através de um dos públicos que concentra mais atenções. “Só na comunidade educativa, para a qual estão pensadas dezenas de atividades, está uma ínfima parte de todo o programa comemorativo.” A presidente da Câmara Municipal deseja que as comemorações acentuem a modernidade, a capacidade transgressora e o inconformismo e mundanidade de Bocage. Por isso, salienta, o programa “ganha corpo e identidade no espaço público e apresenta diversidade de linguagens estéticas e artísticas para diferentes públicos”.

A Orquestra Académica Metropolitana sobe a um palco instalado no Largo de Jesus, a 16 de julho, para interpretar o “Concerto Sinfónico a Bocage”, enquanto, já em setembro, um dos destaques do programa recai no 1.º Congresso Internacional Bocage, a decorrer nos dias 13 e 14, no Fórum Municipal Luísa Todi. Ao longo das comemorações, além de inúmeras iniciativas pensadas para e pela comunidade educativa e pelo movimento associativo, dezenas de conferências procuram aprofundar os conhecimentos sobre o complexo legado de Bocage. Os encontros contam com os contributos, por exemplo, de Baptista Pereira, António Coimbra Martins, Miguel Real, Ernesto Rodrigues, Manuel Morais, Daniel Pires, António Mateus Vilhena, Pedro Martins, Vanda Anastácio, Lauro António, Ana Margarida Chora, Álvaro Arranja e António Galrinho. O 15 de Setembro de 2016 está, naturalmente, repleto de eventos na agenda, cabendo o encerramento destas comemorações bocagianas, com uma dimensão que nunca antes se havia dedicado ao poeta setubalense em termos nacionais, à Orquestra Metropolitana de Lisboa, que, no Fórum Luísa Todi, interpreta o “Concerto a Bocage”. O programa completo das Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de Bocage pode ser consultado em www.mun-setubal.pt.


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Municípios com projeto pelo futuro da Europa O destino da União Europeia não passa apenas por Bruxelas. É feito em cada um dos estados que a constituem. Localmente, municípios e cidadãos têm uma palavra – bem importante – a dizer. É isso que Setúbal está a fazer, juntando-se à Bulgária, Espanha e Itália para ajudar a construir uma Europa melhor

local

Um encontro internacional em Aksakovo, Bulgária, no final de agosto, marcou o início de um ciclo previsto no âmbito de uma parceria entre Setúbal e municípios europeus para debater o futuro da Europa. A iniciativa deste verão, subordinada ao tema “A Europa aos nossos olhos”, além das presenças portuguesa e dos anfitriões búlgaros, contou com representantes dos municípios de Igualada, Espanha, e de Nughedu Santa Vittoria, Itália. Ao longo dos três dias do encontro, no qual participou a presidente da Autarquia setubalense, Maria das Dores Meira, debateram-se temas relacionados com o futuro da Europa, como “Os principais problemas económicos e sociais da adesão à União Europeia” e “Apresentação dos resultados de projetos realizados no seguimento da adesão à União Europeia”. Além de encontros entre técnicos e de uma apresentação sobre “Cidades Geminadas”, temática que incluiu uma mostra fotográfica, uma mesa redonda trocou experiências sobre “Serviços eletrónicos e o seu papel na globalização”.

Este encontro internacional, o primeiro de cinco, lançou as bases para a criação de uma página de internet dos municípios envolvidos sobre “Rede de Cidades”, assim como um concurso escolar sobre a temática do projeto e um estudo sobre expectativas para o futuro da União Europeia. As quatro cidades, juntamente com a empresa Bio Network Association, formam a candidatura comunitária “A Europa no Futuro – Multifacetada e Unida”, financiada integralmente pela União Europeia no âmbito do programa “Europa para os Cidadãos”. A candidatura pretende canalizar recursos e conhecimentos do poder local em benefício do desenvolvimento europeu, promovendo, em paralelo, a proximidade e participação cidadã ao nível comunitário. Setúbal organiza um evento semelhante a 20, 21 e 22 de abril de 2016, com o tema “A Europa pelos olhos dos jovens”. Os municípios envolvidos esperam, também, incrementar as relações interinstitucionais. Setúbal e Aksakovo, por exemplo, mantêm desde 2012 um protocolo de cooperação.

MODERNIZAÇÃO. As obras de requalificação do Lar Dr. Paula Borba, da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal, foram inauguradas a 12 de setembro, após um investimento superior a 100 mil euros que dotou o equipamento de acolhimento de idosos de melhores condições, 102 anos depois da sua abertura. A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, salientou na cerimónia, dirigida pelo provedor Cardoso Ferreira, que o lar “é um exemplo do que deve ser um sistema que assenta na solidariedade intergeracional, em que hoje os mais novos ajudam a construir as condições para que os mais velhos possam viver bem”.

Caminhos do investimento debatidos em seminário Questões relacionadas com a capacidade de investimento e a competitividade em Setúbal estiveram em discussão no dia 16 de setembro, no auditório do Centro de Negócios BlueBiz. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal destacou no encerramento dos trabalhos do seminário promovido pela AICEP Global Parques que a Autarquia apresenta uma “postura proativa” em relação à atração de investimento para o concelho, a qual “tem contribuído decisivamente para diminuir os custos de contexto da fixação de novas empresas”. Perante uma plateia de investidores atuais e potenciais, Maria das Dores Meira referiu que o Município reconhece a importância da competitividade e que “quer continuar a ser um parceiro ativo neste processo, na linha das boas práticas que se têm estabelecido com a administração do BlueBiz”. A autarca ilustrou o trabalho de captação de

investimentos para o concelho nos últimos anos com os casos da Portucel, da Decathlon e do Alegro, acrescentando a preocupação de adequar o esforço financeiro a “medidas de qualificação e formação dos recursos humanos” e a um “processo de desenvolvimento sustentável, inteligente e inclusivo”. Com vista à criação de condições que permitam aprofundar este modelo de desenvolvimento, indicou a intenção de se instalar um Parque de Ciência e Tecnologia, de “fomento da capacidade de inovação e internacionalização da base empresarial da região”. No seminário “Investimento & Competitividade” estiveram presentes, entre outros, o secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Gonçalves, e o presidente da Comissão Executiva da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. Em dois painéis foram discutidos aspetos associados a investimentos e a apoios.

Luz certa acende poupança A Câmara Municipal de Setúbal aprovou a celebração de um protocolo no âmbito de uma candidatura a um plano de promoção de eficiência energética em edifícios públicos designado “A Luz Certa no seu Município”. A parceria, com a RNAE – Associação das Agências de Energia e Ambiente e a ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, foi aprovada pela Autarquia em reunião pública ordinária, a 19 de agosto. O principal objetivo do protocolo prende­ ‑se com a formulação de uma candidatura ao Plano de Promoção da Eficiência Energética do Consumo “A Luz Certa no seu Município”, promovido pela ERSE – Entidade Reguladora de Serviços Energéticos. O objetivo é a instalação de otimizadores de energia, tecnologia que procura maximizar os níveis de eficiência energética na iluminação. Os otimizadores destinam-se às instalações do Edifício Sado e do Mercado 2 de Abril, espaços municipais que reúnem as melhores condições para o êxito da iniciativa mediante a tipologia das lâmpadas instaladas e o número de horas de utilização. O projeto representa um investimento de 14.732,67 euros, dos quais a Câmara Municipal assume 12.863,58 euros, enquanto a entidade reguladora assegura o montante remanescente, no valor de 1869,09 euros.

Um estudo prévio indica que o montante aplicado poderá ter retorno no prazo de três anos, no caso do Mercado 2 de Abril, e de um ano e meio, para o Edifício Sado. Compete à ENA garantir o acompanhamento da instalação e a monitorização da performance energética da nova tecnologia.


local

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Rotundas embelezadas Apontamentos paisagísticos embelezam novas rotundas construídas na cidade. Na Praça Vitória Futebol Clube, uma das antigas glórias do clube sadino ganha novo protagonismo, enquanto na Avenida da Europa há estrelas inspiradas na União Europeia A imagem de Setúbal saiu reforçada com um conjunto de operações de embelezamento em quatro novas rotundas, construídas no âmbito de uma operação de reperfilamento urbanístico e de otimização do tráfego automóvel na cidade. Na Praça Vitória Futebol Clube, um dos locais abrangidos pela ação promovida pela Autarquia, a rotunda que distribui o trânsito nas avenidas

Alexandre Herculano, República da Guiné-Bissau, Dr. António Rodrigues Manito e 22 de Dezembro foi redimensionada. O nó giratório reformulado recebeu um arranjo que traz para a zona central da praça um dos ícones da história do Vitória, o futebolista ­Jacinto João, ou JJ, imortalizado numa escultura que transitou do Estádio do Bonfim para a infraes-

trutura rodoviária, envolta num relvado sintético. Na mesma praça, na zona de confluência das avenidas Dr. António Rodrigues Manito e 22 de Dezembro, foi criada uma nova rotunda, agora ornamentada com elementos em pedra circulares e uma área que inclui vasos com árvores ciprestes. Já na Avenida da Europa, a nova rotunda de ligação à Avenida Inde-

pendência das Colónias, parte integrante de um eixo de distribuição do trânsito automóvel, foi embelezada com um arranjo inspirado na União Europeia, com estrelas preenchidas com flores de várias cores. A Câmara Municipal avançou, igualmente, para o embelezamento de uma outra rotunda na Avenida da Europa, esta criada na interseção com a Rua Manuel Joaquim Santa-

na Reimão, que dá acesso ao Bairro do Liceu, alindada com laranjeiras iluminadas, em alusão a uma antiga quinta agrícola daquela zona. O embelezamento das novas rotundas é enquadrado na estratégia camarária que visa tornar o espaço público mais apelativo, com prioridade para a circulação pedonal e ciclável, e criar, em simultâneo, novos esquemas de trânsito rodoviário.

Azeitão beneficia espaço público

Novo eixo rodoviário melhora circulação A Câmara Municipal liderou uma obra de beneficiação de um eixo viário nas imediações do Parque Urbano de Brejos de Azeitão, operação que permitiu a ligação entre as ruas José Afonso e Stuart Carvalhais. A intervenção, concluída em julho, materializou um investimento de 81.377,26 euros com vista à requalificação e prolongamento de um eixo viário localizado nas traseiras do equipamento de lazer. Os trabalhos, realizados ao longo de dois meses, incluíram a construção de zonas de circulação pedonal

e rodoviária, a criação de bolsas de estacionamento e o ordenamento de lugares de parqueamento já existentes. O esquema de circulação rodoviário naquela zona foi também otimizado no âmbito da intervenção através da implementação de sinalização vertical e horizontal. A operação, executada por empreitada, além de facilitar o acesso dos utilizadores ao mais recente espaço de lazer de Brejos de Azeitão, permitiu a ligação pedonal e viária entre as ruas José Afonso e Stuart Carvalhais.

A melhoria as redes públicas de saneamento e abastecimento de água, a par de intervenções de beneficiação urbana, que incluem a construção de passeios e a instalação de sistemas de drenagem de águas pluviais, é assegurada pela Câmara Municipal no território de Azeitão. Os trabalhos de beneficiação urbanística, todos executados por empreitada, materializam um investimento camarário da ordem dos 218 mil euros na melhoria da qualidade de vida das populações e garantem condições renovadas de usufruto do espaço público. Em Vale de Choupo, vários arruamentos são requalificados numa empreitada orçada em 87.898,67 euros, a decorrer até outubro, com

a instalação de novas redes de água e saneamento básico nas ruas da Felicidade, dos Marmelinhos, dos Diospiros e do Zambujeiro. O reforço do sistema de abastecimento de água é uma das principais operações asseguradas com o investimento naquela área habitacional de Azeitão, com a instalação de mais 425 metros lineares de condutas, que visam assegurar uma melhor qualidade do serviço prestado às populações. Além da reabilitação do coletor doméstico da Rua da Felicidade, no âmbito desta empreitada o Município leva o sistema público de esgotos a habitações que ainda não se encontravam ligadas, neste caso com a implantação de um total de 980

metros lineares de novos coletores. Igualmente em Vale do Choupo, a Autarquia tem em curso uma obra na Rua da Padaria, num troço entre as ruas Paris e Cruz Tudo, arruamento beneficiado num investimento municipal de 55.373,91 euros a decorrer, previsivelmente, até ao final de setembro. Neste caso, os trabalhos incluem a execução de um sistema de drenagem de águas pluviais numa extensão aproximada de 150 metros e a reabilitação das zonas de circulação pedonal e rodoviária, com a construção e pavimentação de passeios e de lancis. Já na Jardia, a Rua da História Portuguesa foi recentemente requali­ ficada num investimento camarário de 27.465,98 euros que permitiu a construção de novos troços da rede de abastecimento de água e de ­drenagem de águas residuais domésticas. Outro investimento, este no montante de 46.752,25 euros, dotou aquele arruamento de condições condignas de usufruto urbano, sobretudo ao nível da circulação pedonal e rodoviária, com a construção de passeios e de lancis e a implantação de sinalética.


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Juventude ganha pousada nova Reabilitação urbana alarga limites

A alteração à delimitação da ARU – Área de Reabilitação Urbana de Setúbal com o alargamento dos limites a toda a zona do centro histórico e à frente ribeirinha da cidade foi aprovada pela Autarquia em reunião pública de 19 de agosto. A ARU incorpora agora todo o centro histórico e zonas envolventes homogéneas, incluindo o conjunto de baluartes existentes nas muralhas seiscentistas, bem como a totalidade da frente ribeirinha, com o objetivo de potenciar a estratégia municipal de aproximar a cidade e o rio.

Bela Vista repara prédio de habitação

A Pousada da Juventude de Setúbal é devolvida à cidade. A iniciativa alia a reabilitação e reabertura do edifício de alojamento a valências que criam um novo polo de animação e atração para os jovens A Pousada da Juventude de Setúbal é explorada desde 30 de junho pela Câmara Municipal, depois da assinatura de um protocolo de cedência de exploração celebrado com o Instituto Português do Desporto e Juventude e a Movijovem. O edifício localizado no Largo José Afonso recupera a valência de pousada, encerrada desde janeiro de 2012, mas também a de centro focado na juventude e em atividades de e para jovens. “Esta é uma solução encontrada, a de uma parceria muito forte com a Câmara Municipal”, salientou o secretário de Estado da Juventude, Emídio Guerreiro, sobre o modelo adotado em Setúbal para que o edifício seja recuperado e devolvido aos jovens. O protocolo determina a exploração do edifício pela Autarquia por um

período de 15 anos, automaticamente renováveis, mediante o pagamento de uma renda anual de mil euros à Movijovem, acrescida de 15 por cento do valor da faturação bruta das dormidas na pousada. Em contrapartida, a Autarquia, além de recuperar o serviço de pousada, vai instalar naquele espaço o Gabinete da Juventude municipal, transformando o edifício, adiantou Maria das Dores Meira, “em mais um polo de animação e cidadania, numa zona bastante procurada por jovens”. A autarca sublinhou que o protocolo devolve à cidade “um equipamento fundamental para receber os jovens” e impede o processo de “quase abandono deste espaço e a sua previsível degradação”. As alternativas à gestão municipal,

indicou, passariam pelo encerramento definitivo da pousada ou pela entrega a privados, o que resultaria na subtração “deste equipamento à lógica do interesse público”. Adiantou que o edifício da Pousada da Juventude vai beneficiar de obras de melhoria, dotando-o de novas valências, como um auditório. “No final, ficará irreconhecível.” A cerimónia incluiu um apontamento musical de um ensemble de jovens violinistas dos Paganinus, do Conservatório Regional de Setúbal, e uma intervenção introdutória, a cargo da diretora regional de Lisboa e Vale do Tejo do IPDJ, Eduarda Marques, que classificou como um “desafio aliciante” o futuro trabalho em conjunto com a Câmara Municipal no âmbito da Pousada da Juventude.

O edifício E2A do Bairro da Bela Vista é reabilitado numa empreitada liderada pela Câmara Municipal com vista à melhoria das condições de usufruto do imóvel. As intervenções, a decorrer desde o início de setembro, materializam um investimento municipal de 52.772,10 euros e dão continuidade ao objetivo de reabilitação do parque habitacional da Bela Vista. A operação inclui a pintura da fachada do edifício E2A, a par da reparação de fissuras, de elementos estruturais, de rebocos e de juntas de dilatação.

Piscina municipal renova condições

A Piscina Municipal de Azeitão foi beneficiada recentemente pela Autarquia numa empreitada dinamizada ao longo de um mês e meio que assegurou um conjunto de ações que melhoraram as condições de utilização do equipamento. As obras, entre o início de agosto e meados de setembro e que materializaram num investimento camarário de 15.454 euros, centraram-se na reparação de infraestruturas de abastecimento/recirculação de água aos balneários e tanque principal da Piscina Municipal de Azeitão.

Campismo aponta à revitalização A Câmara Municipal assegurou a transferência de titularidade dos direitos da licença de utilização do Parque de Campismo do Outão para o Município, com vista à revitalização daquele equipamento e à potenciação da dinamização turística de Setúbal. “O Parque de Campismo do Outão apresenta, pelas suas características de localização e espaço físico, um valor único que poderá potenciar e reforçar a dinâmica turística do destino Setúbal”, indica a deliberação camarária da reunião pública de 15 de julho.

A transferência da titularidade implica que a Autarquia dê resposta aos problemas de degradação, inadequação da estrutura e do espaço, bem como ao funcionamento, modernização e autossustentação do Parque de Campismo do Outão. A criação de um equipamento que preserve o enquadramento natural, com estruturas de apoio para visitantes, turistas e caravanistas são pressupostos em que se baseia a decisão de aceitar a transferência da titularidade do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

Bairro de S. Gabriel recupera largo

O Largo Campo das Flores, no Bairro de São Gabriel, foi beneficiado numa intervenção liderada pela Autarquia, no valor de 15.869,07 euros, que criou novas condições de usufruto urbano. Os trabalhos, dinamizados entre junho e setembro, incluíram a construção de acessibilidades pedonais, assim como a reparação de pavimentos e a criação de áreas delimitadas de estacionamento. A operação urbanística englobou ainda a reabilitação da faixa arbórea, agora mais adequada ao espaço.


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local

A cidade está cada vez mais unida e cada vez menos são aqueles que lhe ficam à margem. Na Bela Vista e zona envolvente crescem as raízes do programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade”. A cidadania ativa, que se fortalece e serve de exemplo a muitos, juntou vizinhos em torno de uma causa comum: festejar o verão com alegria

Verão em boa vizinhança Os bairros da zona da Bela Vista mantiveram e até reforçaram o espírito de união entre vizinhos, com a comunidade a aderir efusivamente em diversas atividades realizadas ao longo dos meses de julho e agosto. Música, gastronomia e encontros étnico-culturais, entre muitas outras ações, marcam aquela zona da cidade através de atividades dinamizadas partir do programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, que tem, como grandes empreendedores, os próprios moradores dos bairros abrangidos, responsáveis pela organização da maioria dos eventos. Novos talentos da música e da dança mostraram-se, a 11 de julho, no Festival Mudar o Olhar, que levou centenas de pessoas ao Parque Verde da Bela Vista. Destinado a toda a população, oriun­da de dentro e de fora da Bela

Vista, a quarta edição consecutiva do festival, que estimulou, mais uma vez, a partilha multicultural pela expressão artística, foi um sucesso organizacional, a cargo de um grupo de jovens locais, e artístico. O funaná, o hip-hop, o rap e o dancehall foram alguns dos géneros que se fizeram ver e ouvir a partir do palco do “Mudar o Olhar”, com mais de uma dezena de atuações de música e dança proporcionadas por artistas locais e de outras zonas da área metropolitana de Lisboa.

Também no dia 11 de julho, nas Manteigadas, mais de uma centena de moradores daquele bairro participaram num almoço-convívio dinamizado com o objetivo de fortalecer laços de amizade e de vizinhança. A boa disposição foi tónica dominante durante o evento realizado junto do Parque Infantil das Manteigadas, que incluiu gastronomia, música e dança de várias culturas e se prolongou pela tarde fora, numa organização dos moradores, com

os apoios da Câmara Municipal Setúbal e da Junta de Freguesia de São Sebastião. Cachupa, muamba, grelhados, saladas, frutas e doces diversos fizeram parte do almoço, preparado e partilhado pelos próprios moradores, que aderiram ao lema “Traz o teu farnel e junta-te a nós”. A iniciativa contou com o apoio de comerciantes do Mercado do Livramento, que disponibilizaram alguns alimentos. As Manteigadas voltaram a unir-se

em torno do trabalho e da alegria comuns com cerca de uma centena de pessoas, oriundas de vários locais da cidade, a participar na Festa de Verão. A iniciativa realizou-se na Travessa João Augusto Rosa, perto da Escola Profissional de Setúbal, e proporcionou um fim de tarde e uma noite repletos de boa disposição. A Festa de Verão das Manteigadas contou com bancas gastronómicas, de confeção pelos próprios moradores. Em paralelo, ao longo dos meses de verão, crianças e jovens da Bela Vista e área envolvente participaram em nova edição do programa “Férias no Bairro”. Durante a interrupção letiva, os mais novos estiveram envolvidos num conjunto de atividades lúdicas e pedagógicas dinamizadas por diferentes entidades do concelho.

Bela Vista com dinâmica pública A Câmara Municipal de Setúbal aprovou, em agosto, um protocolo com a Associação Cristã da Mocidade para dinamizar e conservar espaços públicos da zona da Bela Vista. O acordo enquadra o desenvol-

vimento, pela ACM, de ações no Parque Verde da Bela Vista, como a criação de uma Academia de Ténis, e de outras de promoção de atividades desportivas, culturais e de lazer. O protocolo pretende ainda garantir a manutenção e conservação dos

pátios e zonas adjacentes dos bairros da Bela Vista, tarefa para a qual a ACM disponibiliza equipas comunitárias de higiene urbana definidas para aquele território através do grupo de trabalho no âmbito do programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, constituídas por moradores locais. A Autarquia compromete-se a assegurar a limpeza e manutenção dos espaços verdes e asfaltados envolventes do Parque Verde da Bela Vista e a apoiar ações de formação e sensibilização desportiva e ambiental, e de intervenção comunitária e relação de vizinhança. O protocolo, válido por um ano, renovável, envolve um apoio financeiro anual por parte da Câmara Municipal de Setúbal no valor de 42 mil euros, a transferir para a ACM.

EXPOSIÇÃO. A mostra de aves Internacional Sado-Tejo – 1.º Campeonato Exóticos da Confederação Ornitológica Mundial, realizada na EB 2,3 Luísa Todi, entre 10 e 13 de outubro, foi visitada por perto de duas mil pessoas. O evento, organizado pelo Clube Ornitológico de Setúbal e pela Associação de Avicultores de Portugal, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, trouxe até à cidade perto uma centena de criadores portugueses, espanhóis e belgas, com 1800 aves. Destas, 213 exemplares foram distinguidos com o primeiro lugar, em três classes distintas.


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Vestuário aumenta proteção

Prémio valoriza inovação

A proteção individual de bombeiros Sapadores e Voluntários é reforçada com a chegada de novo vestuário de segurança. Os equipamentos, um investimento da ordem dos 50 mil euros, são especializados para a atuação em cenários de incêndio florestal Novos equipamentos de proteção individual especializados para o combate a incêndios florestais em espaços naturais, adquiridos com comparticipação financeira da Câmara Municipal, reforçam a capacidade operacional e as condições de segurança de bombeiros Sapadores e Voluntários. Os equipamentos de proteção individual, compostos por calças, casacos, botas, luvas, cogulas e capacetes, foram obtidos no âmbito de um concurso público nacional lançado pela Área Metropolitana de Lisboa, com comparticipação financeira da Autarquia. À Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal chegou um total de 53 conjuntos de equipamentos

de proteção individual, no valor de 27.878 euros, enquanto a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal recebeu 38 conjuntos, correspondentea a 19.988 ­euros. “É mais um investimento assegurado no apetrechamento das equipas operacionais de bombeiros Sapadores e Voluntários presentes no concelho”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, a 7 de julho, no ato de entrega formal dos equipamentos. O concurso representa um investimento global de 47.866 euros, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional, ao abrigo do Programa Operacional Valorização do Território, no

eixo Sistemas Ambientais e de Prevenção, Gestão e Monitorização de Riscos. A aquisição dos equipamentos, financiada com uma taxa de 85 por cento através de fundos comunitários, contou com a comparticipação do Município, em 7,5 por cento, cabendo à Área Metropolitana de Lisboa o restante financiamento. Para a autarca, a aquisição de novos equipamentos de proteção individual traduz “mais um passo para a qualificação da operacionalidade dos bombeiros”, com benefícios para “o desempenho das funções que Sapadores e Voluntários realizam, diariamente, ao serviço da população e da cidade”. Maria das Dores Meira realçou,

Acampamento ativo ocupa mais novos

Vigilância defende Arrábida Ao longo da época balnear, sete dias por semana, 15 voluntários fiscalizaram a Praia da Figueirinha, no âmbito do Programa Nacional de Vigilância da Bandeira Azul, garantindo desta forma os requisitos exigidos para a atribuição do galardão. Pelo terceiro ano consecutivo, os grupos constituídos por três jovens percorreram toda a zona da praia, com o objetivo de avaliar se os critérios para a atribuição da Bandeira Azul se mantiveram inalterados. Estes jovens participam na vigilância da Praia da Figueirinha pelo programa municipal Atitude Positiva – Desperta a Tua Vocação”, enquanto outros quatro voluntários, do pograma municipal sénior Patrulheiros, vigiaram o Parque da Secil e a Praia da Figueirinha. As atividades contaram com o apoio dos Transportes Sul do Tejo, que contribuíram com deslocações gratuitas aos participantes.

igualmente, que os novos equipamentos materializam um acréscimo significativo na melhoria das condições de segurança dos bombeiros aquando da atuação em cenários de perigo. “São equipamentos que protegem as próprias vidas dos operacionais.” A cerimónia, realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho, contou ainda com a presença dos comandantes dos bombeiros Sapadores e Voluntários, Paulo Lamego e João Ferreira, respetivamente, do presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, José Luís Bucho, e do vereador com o pelouro da Proteção Civil e Bombeiros na Autarquia, Carlos Rabaçal.

A instalação de um sistema de gestão de emergências moderno, que operacionaliza os meios e recursos do concelho a partir do Centro Municipal de Operações de Socorro de Setúbal, valeu um prémio de inovação tecnológica. A distinção foi atribuída pela empresa Intergraph, parceira da Hexagon, consórcio líder em tecnologias de informação, que promoveu, a 25 de junho, o evento HxGN Live Local – Lisboa 2015. O prémio atribuído ao Município foi entregue ao vereador da Autarquia com o pelouro da Proteção Civil, Carlos Rabaçal, que marcou presença naquele encontro realizado no Centro de Congressos de Lisboa. O Sistema de Gestão de Emergências, desenvolvido pela empresa Intergraph, inclui um software de coordenação, com informação georreferenciada, monitores para gestão de diversas ocorrências e sistemas de comunicações modernos. O sistema funciona a partir do Centro Municipal de Operações de Socorro, instalado no quartel da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, com gestão de uma equipa de bombeiros Sapadores e Voluntários e elementos da Cruz Vermelha Portuguesa.

Fulgor nos 127 anos dos Socorros Mútuos A importância da Associação de Socorros Mútuos Setubalense foi sublinhada a 15 de julho, na sessão solene comemorativa do 127.º aniversário daquela instituição de solidariedade social. A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, saudou a associação setubalense pela “coragem de persistir na aplicação e divulgação dos valores solidários que presidiram à criação no século XIX”, um exemplo que considera “inspirador”. A autarca salientou que os valores que se encontram na génese da As-

sociação de Socorros Mútuos Setubalense “estão hoje mais atuais do que nunca, numa Europa que, supostamente, assentaria numa forte ideia de solidariedade e que, nos últimos dias, se desmoronou por completo”. Durante a sessão solene foram entregues lembranças a antigos funcionários da Associação de Socorros Mútuos Setubalense, instituição que recebeu da Câmara Municipal uma placa simbólica alusiva à efeméride. A cerimónia contou com um momento musical do Grupo Coral Alentejano “Amigos do Independente”.

A 2.ª edição do Arrábida Camp, ação para jovens dos 13 aos 18 anos, com oficinas culturais e desportivas dinamizadas ao longo de seis dias, culminou a 19 de julho numa festa realizada no Parque Ambiental do Alambre, com a presença de quatro dezenas de pessoas, entre campistas e monitores. A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, destacou a importância do acampamento promovido pela Autarquia para os jovens do município, evento que, na abertura contou com a presença do

vereador com o pelouro da Juventude, Pedro Pina. Oficinas nas áreas do cinema, teatro, pintura, escultura e desporto foram atividades proporcionadas no acampamento para ocupação de tempos livres no período de férias escolares, que promove momentos de aprendizagem e diversão, nomeadamente através de ações conjuntas. Nesta segunda edição, o Arrábida Camp contou com as parcerias do Parque de Campismo Centro Ambiental da Arrábida e da Associação Deriv@Status.


turismo

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Bom peixe é em Setúbal. O conhecimento é do senso comum. O facto atrai milhares de turistas todos os anos. E o concelho abraça de vez esta verdade e faz do pescado um símbolo da terra. Afinal, “Setúbal é Terra de Peixe”

Peixe marca Setúbal A qualidade do pescado é a mais recente bandeira promocional turística do concelho com a criação da marca “Setúbal Terra de Peixe”, apresentada no dia 17 de julho, na Casa da Baía, num evento que incluiu degustação de pratos gastronómicos. “Se há algo que imediatamente ocorre quando se fala na cidade do Sado é, sem dúvida, o bom peixe”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, na apresentação oficial da nova marca de promoção turística, que reuniu cerca de 150 pessoas. “Setúbal Terra de Peixe” é agora o eixo comu-

nicacional no qual se centraliza um vasto conjunto de ações concertadas de promoção da gastronomia local e que a Autarquia já vinha a realizar, caso dos festivais gastronómicos, e outras a implementar, como a certificação do peixe de qualidade apanhado na costa do concelho e servido nos restaurantes locais. Maria das Dores Meira salientou que o peixe de Setúbal é um “importante capital de promoção e dinamização turística a estimular e ampliar” e que a nova marca vai ajudar a detalhar “o perfil de quem procura o concelho em busca de boa gastronomia, de bom peixe”.

Quinzenas gastronómicas de fevereiro a dezembro, criação de merchandising e a recolha, valorização e promoção do receituário tradicional são algumas das ações que a Autarquia vai começar a promover no âmbito da nova marca “Setúbal Terra de Peixe”. Cursos sobre alimentação saudável, dirigidos principalmente ao público infantil, e a realização da Feira Peixe e Mar, para demonstração e comercialização de produtos e serviços de empresas locais, regionais e nacionais na área do mar e sobretudo das pescas, são outras iniciativas previstas para a marca turística.

Exposições sobre peixe, pesca e artefactos marítimos e a criação de um banco de imagens e de informação científica, técnica e literária estão também contempladas no âmbito do “Setúbal Terra de Peixe”. A ação de divulgação da nova marca turística setubalense contou com o envolvimento dos chefs Carlos Oliveira, Fernanda Amaro e Álvaro Santos, bem como dos restaurantes Casa do Mar, Poço das Fontainhas, Kefish, Espaço Setúbal, Praxedes, Ponto de Encontro e O Ramila e de Piedade Mendão, comerciante do Mercado do Livramento, que preparou uma caldeirada.

Arrábida responde a turistas

Marisco servido ao largo Os sabores do mar e a cerveja artesanal cruzaram-se no “Marisco no Largo”, certame gastronómico que decorreu entre os dias 13 e 23 de agosto, no Largo José Afonso. Mariscos servidos simples, como camarões, lagostas, sapateiras, amêijoas e ostras, foram algumas das iguarias do mar que temperaram as ementas apresentadas no festival, da iniciativa nacional Encontros de Gastronomia, com eventos em várias cidades. Perto de 10 mil pessoas passaram pelo “Ma-

risco no Largo”, organizado pelas empresas EV – Essência do Vinho e Unicer, em parceria com a Câmara Municipal e com o patrocínio da Super Bock, que contou ainda com música. Além da participação dos restaurantes Rius, Martróia, Poço das Fontainhas e Solar do Marquês e da Ostras Neptuno, o certame teve os contributos dos chefs Nuno Diniz, do restaurante Tágide, João Sá, Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, Luís Barradas, Sea Me, em sessões de cozinha ao vivo.

“Ask Me Arrábida”, novo espaço de promoção e informação turística, com venda de produtos regionais e uma exposição sobre o património natural e histórico da região, está em funcionamento desde o dia 6 de agosto na Baixa de Setúbal. O espaço ocupa o edifício da extinta Região de Turismo da Costa Azul, na Travessa Frei Gaspar, em pleno centro histórico da cidade, e reúne propostas de promoção turística de Setúbal, Palmela e Sesimbra, com a Serra da Arrábida como plataforma catalisadora, nas áreas da natureza, da gastronomia e dos vinhos. O projeto, da responsabilidade da Entidade de Turismo da Região de Lisboa, no âmbito do Plano Estratégico de Turismo de 2015 a 2019, implicou a requalificação e modernização de um edifício que integra um conjunto de cetárias romanas do século I d.C. Além de fornecer conteúdos informativos e de incluir uma exposição fotográfica e documental permanente sobre a Arrábida, o espaço promove e vende produtos regionais como doçaria, azeite, vinhos e conservas, a par de um conjunto de outros artigos turísticos relacio-

nados com a região, como vestuário e acessórios de moda, artesanato e peluches inspirados na vida marinha. O “Ask Me Arrábida” disponibiliza ainda um ponto de acesso gratuito à internet e inclui um auditório. O espaço funciona diariamente das 10h00 às 19h00, no verão, e das 10h00 às 18h00, no inverno, integrando a rede de postos do Turismo de Lisboa.


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Bocage brilha em Sant’Iago

Muita música, gastronomia e diversão. A Feira de Sant’Iago voltou a chamar para a festa. Ao convite responderam cerca de 300 mil pessoas. No centro das atenções esteve Bocage, nascido há 250 anos Cerca de 300 mil pessoas passaram pela Feira de Sant’Iago, numa edição dedicada aos 250 anos do nascimento de Bocage e que, entre 24 de julho e 2 de agosto, recebeu artistas como Ana Moura, GNR e Amor Electro. Concertos para todos os públicos, gastronomia, artesanato, animações históricas e diversões voltaram a preencher o programa de festas da Feira de Sant’Iago. Centenas de pessoas encheram repetidamente o recinto do palco “Setúbal” para assistir a espetáculos de Con­ jut!Evite, Expensive Soul, Master Jake, Diogo Piçarra, União das Tribos e da Grande Filarmónica de Setúbal, formação que marcou a história da música no concelho ao reunir pela primeira vez numa participação conjunta as bandas da Capricho Setubalense, Perpétua Azeitonense e Providência. Toy, além de atuar, levou ainda vários amigos para o palco num espetáculo especial que teve as participações de Luís Represas, Dany Silva, Vitorino, Rui Pregal da Cunha e António Manuel Ribeiro. A festa da feira fez-se também, entre muitas outras atividades, com a entrega dos prémios

das Marchas Populares e a apresentação oficial da equipa de futebol e do equipamento do Vitória Futebol Clube. A Feira de Sant’Iago teve, como é tradição, várias tasquinhas gastronómicas e de artesanato, bem como dezenas de stands institucionais e empresariais. “Bocage: o génio nasceu há 250 anos” foi o tema desta edição, com o pavilhão da Câmara Municipal, de 300 metros quadrados, totalmente dedicado à figura do poeta sadino. Além de apontamentos biográficos, o espaço, constituído por vários painéis informativos, incluiu curiosidades sobre a presença de Bocage como fator de inspiração na criação de marcas, produtos e outros elementos, caso, por exemplo, da Nicola. O percurso proposto através do pavilhão da Autarquia apresentou também várias estrofes da autoria de “Elmano Sadino”, enquadradas com cada uma das musas que o pintor Fernando Santos representou no quadro que dedicou, em 1929, a Bocage. Em paralelo, atores do Teatro Animação de Setúbal realizaram ao longo do certame várias performances alusivas ao poeta.

Produções da Câmara em festival de cinema Dois filmes promocionais da Câmara Municipal de Setúbal foram selecionados para exibição na 8.ª edição do Festival Art&Tur – Festival Internacional de Cinema de Turismo, a realizar, entre 20 e 24 de outubro, no Porto. Os filmes foram produzidos exclusivamente pelos meios da Autarquia, através do Serviço Municipal de Comunicação e Imagem, no âmbito da candidatura setubalense a Cidade

Europeia do Desporto 2016 e da reabertura ao público do Convento de Jesus. O Art&Tur, com um total de 88 obras nesta edição, de 54 países, repartidas em 13 categorias temáticas, pertence a uma rede de 17 festivais internacionais que anualmente coorganizam o Festival dos Festivais, em Viena, Áustria, no qual é eleito o melhor filme de turismo a nível mundial.

Festas com sabor a verão Na rua, à beira-rio ou na cidade, no centro de Setúbal ou em Azeitão e na Mourisca, o verão celebrou-se no concelho com a energia e alegria das várias festas e certames com temáticas para todos os gostos. Entre o extenso programa festivaleiro dos meses quentes, sobressai este ano o regresso do cortejo fluvial das Festas do Círio de Nossa Senhora da Arrábida, realizadas entre 4 e 12 de julho. Com quatrocentos anos de tradição na comunidade piscatória da Anunciada e interrompido na década de 70, participaram no típico círio cerca de trinta embarcações. A comunidade piscatória de Setúbal volta assim a contar com dois círios fluviais, sendo o outro o das famosas Festas de Nossa Senhora do Rosário de Troia. Estas festas, entre 29 de julho e 3 de agosto e repartidas entre a cidade e Troia, incluíram dois círios no Sado em que, só no de regresso a Setúbal, participaram cerca de 170 embarcações, recebidas na frente ribeirinha por uma multidão de 10 mil pessoas. Noutro plano, já em terra firme, o Fest’Asso abriu as hostilidades festivas do estio, numa iniciativa da União das Freguesias de Setúbal de apoio ao movimento associativo local e que decorreu, com muita música e gastronomia, entre 26 de junho e 5 de julho, no Largo José Afonso. Na 26.ª edição das Festas da Arrábida e Azeitão, entre 2 e 5 de julho, em Vila Nogueira, o tenor Carlos Guilherme foi um dos aliciantes do programa proposto pela Junta de Freguesia de Azeitão e que incluiu outros concertos, stands gastronómicos e de artesanato e várias atividades lúdicas. Música, gastronomia e divertimentos para os mais novos foram atrativos das Festas de São Simão, certame realizado entre 31 de julho e 2 de agosto, em Vendas de Azeitão, e que nesta edição, também organizada pela junta de freguesia azeitonense, recuperou uma iniciativa de cariz religioso. Um concerto dos Lucky Dukies foi o ponto alto da Festa de São Lourenço, que decorreu a 7 e 8 de agosto, no Azeitão Bacalhôa Parque, em Vila Nogueira. A missa da procissão em honra do padroeiro realizou-se pela primeira vez no anfiteatro localizado no parque. A Aldeia da Piedade registou um aumento do número de visitantes durante as Festas de Nossa Senhora da Conceição, que decorreram entre 12 e 16 de agosto. Além das celebrações religiosas associadas, incluíram um programa cultural e de atividades animado, sem esquecer várias tascas de petiscos. Com o verão a terminar, as festividades também entram na reta final e coube à 16.ª Festa do Moinho de Maré da Mourisca, realizada entre 28 e 30 de agosto, na Herdade da Mourisca, Faralhão, fechar os dias de calor com artesanato, música, passeios e exposições. A gastronomia foi novamente o prato principal, em especial com os sabores únicos do Estuário do Sado.


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Casa de uma causa A uma só voz, moradores de habitações sociais de Setúbal contestam o novo regime de arrendamento apoiado e reivindicam mais justiça. Num movimento sem precedentes, querem fazer-se ouvir na Assembleia da República, com propostas de alteração da lei elaboradas com base na realidade das pessoas

plano central

A

determinação é inabalável no seio de um movimento de moradores de Setúbal que contesta o novo regime de arrendamento apoiado em habitação social. Não estão contra a lei. Querem torná-la mais justa e adaptá-la à realidade de quem, por uma ou outra circunstância, utiliza o apoio. Quatro dezenas de moradores representam os habitantes atingidos pela legislação. São de várias culturas, idades e formações profissionais. São voluntários que abraçaram uma causa que toca a todos. E só em Setúbal são perto de oito mil inquilinos em regime de arrendamento apoiado, aplicável às habitações detidas por entidades com gestão direta ou indireta do Estado, incluindo as municipais, com rendas calculadas em função dos rendimentos dos agregados familiares. A entrada em vigor do novo regime de arrendamento apoiado, a 1 de março, levou a Autarquia a promover reuniões informativas, conduzidas pelo vereador Carlos Rabaçal, com e para os moradores de todos os bairros. Foi nestes encontros que, perante aquilo que consideraram injusto, as pessoas se organizaram. “Não havia nenhuma figura de organização dos moradores com arrendamento apoiado antes dos encontros”, recorda João Costa, porta-voz do grupo que trabalha diariamente para implementar um conjunto de alterações à lei que consideram “excessivamente complexa”. Nos encontros promovidos pela Autarquia participaram, nas 12 sessões dinamizadas ao longo de um mês e meio, cerca de seiscentos moradores, representantes das 1853 casas de habitação social que existem em 13 bairros no território setubalense. O trabalho intermitente do morador do Bairro Afonso Costa serve de pretexto à motivação para fazer algo melhor. Aos 38 anos, é uma das vozes ativas do grupo que se quer fazer ouvir na Assembleia da República, não para falar de intenções, mas para apresentar propostas concretas de alteração. João Costa, que reside naquele bairro setubalense com a mãe há 11 anos, explica que o movimento não pretende mudar radicalmente a legislação. “Trata-se de limar arestas. A realidade que está na lei não é a mesma com que as pessoas são confrontadas diariamente.” A alteração à fórmula de cálculo da renda, determinada pela aplicação de uma taxa sobre os rendimentos brutos, é uma das principais reivindicações. Os moradores querem que a mesma seja calculada em função dos rendimentos líquidos do agregado familiar. A mobilidade e o despejo administrativo são outras questões em cima da mesa. Na primei-

CRONOLOGIA

Bairro a bairro As habitações municipais com arrendamento apoiado estão dispersas pelo concelho. Na freguesia de São Sebastião, na qual se concentra a grande maioria, encontram-se os bairros da Bela Vista, Forte da Bela Vista, Alameda das Palmeiras, Quinta de Santo António, Manteigadas, Pote d’Água, 20 de Julho, Afonso Costa, 25 de Abril e 2 de Abril. Na União das Freguesias de Setúbal estão as quintas do Freixo e dos Vidais, enquanto em Azeitão fica a Brejoeira. Num total de 1853 habitações, com tipologias que variam entre o T0 e o T4, residem atualmente 7710 pessoas.

2014 DEZ. A Lei n.º 81/2014, de 19 de dezembro, que estabelece o novo regime do arrendamento apoiado para a habitação e regula a atribuição de fogos de âmbito social, é publicada em Diário da República.

2015 MAR. A lei entra em vigor no dia 1 e a Câmara dinamiza reuniões para dar conta das principais mudanças introduzidas com o novo regime do arrendamento apoiado. No total, participam seiscentas pessoas.


15SETÚBALjulho|agosto|setembro15

comum PRINCIPAIS PROPOSTAS DOS MORADORES CÁLCULO. A grande reivindicação é a alteração da fórmula de cálculo das rendas, com a aplicação da taxa de esforço ao rendimento mensal líquido do agregado familiar e não sobre o rendimento bruto. INDEXANTE. A proposta dos moradores passa por trocar as referências ao Indexante de Apoios Sociais, bastante voláteis, pelo Salário Mínimo Nacional, que é negociado em sede de concertação social. AGREGADO. São considerados dependentes os estudantes menores ou com idade inferior a 26 anos. A proposta visa alargar o benefício àqueles que, com esta idade, sejam não estudantes ou não trabalhadores. PROTEÇÃO. Outra das alterações visa proteger os cidadãos com incapacidade permanente para o trabalho, medicamente comprovada, facultando o acesso aos direitos concedidos aos portadores de deficiência. MOBILIDADE. A lei admite, caso seja necessário, que o senhorio atribua outra habitação ao arrendatário num concelho limítrofe. A proposta passa por alterar esta condição que consideram abusiva e injusta. DESPEJO. Os moradores entendem que o despejo administrativo deve estar reservado para situações de abandono e de ocupação indevida da habitação, pelo que não deve constituir norma para todos os despejos.

Apoiado em números 120 83 7710 1853 13 10 12 600 40 Em Portugal existem

Mais de

mil habitações sociais

por cento das casas são de propriedade municipal

Setúbal regista Existem

inquilinos em habitações sociais

casas com arrendamento apoiado na cidade

As habitações estão dispersas em Destes,

bairros camarários

estão no território da freguesia de S. Sebastião

A Autarquia realizou

Mais de

reuniões com moradores

pessoas marcaram presença nos encontros

O grupo de trabalho inclui

elementos eleitos pelos moradores

tendem ver implementadas no novo regime do arrendamento apoiado. A missão para a qual se voluntariou tem sido, até agora, bastante gratificante. “Acaba por ser um contributo para encontrar uma solução para um problema que toca a todos, para pessoas que pouco se conhecem e que em comum têm apenas o arrendamento apoiado em habitação social.” Vânia Silva acredita no sucesso do movimento. “O contacto real com a lei ou, melhor, com o desconhecimento desta, acabou por nos unir. Contudo, apesar deste primeiro passo, há um longo caminho a percorrer, desde logo cativar mais pessoas.”

As repercussões que chegaram com o novo regime do arrendamento apoiado foram, em boa forma, o despertar de muitos moradores para a realidade. Das necessidades individuais emergiu uma vontade comum, que pode ser sintetizada na frase do escritor Alexandre Dumas “um por todos, todos por um”. Esta é a máxima que move Vânia Silva, residente com a família de cinco elementos no

Bairro da Bela Vista. Para a universitária de 23 anos, a concluir o mestrado na área da Ciência Política e Relações Internacionais, na Universidade Nova de Lisboa, a união faz a força. Chegou há 11 anos com a família à Bela Vista. Antes de chamar casa ao bairro “Amarelo”, recorda, com poucas saudades, a passagem por uma habitação com poucas condições, no Bairro Santos Nicolau, igualmente em regime de arrendamento apoiado. A decisão de integrar o movimento foi fácil, até porque as implicações também batem à porta de sua casa, na qual vive com os pais e dois irmãos, ambos mais novos, uma rapariga com 16 anos e um menino com 3. Ainda conta como dependente do agregado, mas a situação vai mudar em breve. “Estou a acabar os estudos e vou deixar de contar como dependente. Isto perante a lei, mas na realidade continuo a ser dependente da minha família”, afirma a jovem, para depois precipitar uma série de penalizações para o agregado, sobretudo ao nível da renda da casa. O alargamento do estatuto de dependente, de forma a abranger igualmente os menores de 26 anos não estudantes ou não trabalhadores, é outra das alterações que os moradores pre-

O movimento impulsionado pelos moradores é recente mas tem pernas para andar. “Precisamos de estar unidos se queremos atingir o objetivo”, realça João Costa, convicto de que este primeiro passo é o início de algo de maior dimensão. “Espero que seja o embrião de uma futura associação.” A ideia é partilhada por Paulo Leal, 50 anos, integrado num dos grupos de trabalho do movimento. “Este pode ser um ponto de partida para algo que, com o apoio de todos, pode vir a colmatar

um conjunto de necessidades das pessoas, bairro a bairro.” Antes de conseguir a habitação com arrendamento apoiado na Quinta do Freixo, que reparte somente com a mulher após a filha ter deixado o agregado, vivia numa casa abarracada. Uma realidade que deixou para trás há 14 anos. “Acredito que vamos conseguir”, solta, entusiasmado. Elogia o trabalho desenvolvido pela Autarquia, sobretudo pela importância que as ações municipais tiveram no fomento da organização dos moradores. “Foram catalisadoras.” Natural de Setúbal, Paulo Leal considera fundamental alargar as fronteiras desta luta a outros municípios, algo que o grupo já esta a preparar, com a produção de folhetos informativos e contactos diretos com outros moradores. O movimento, que já enviou as suas propostas aos grupos políticos com representação parlamentar, bem como à Comissão Parlamentar do Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local, espera chegar mais longe. “Seis centenas de moradores envolvidos é bom mas não chega. Queremos que mais pessoas sintam o apelo”, vinca João Costa.

ABR. Os quarenta moradores eleitos para integrar o grupo de trabalho fazem o primeiro encontro no dia 28, realizado nos Paços do Concelho, no qual participa a presidente da Câmara, Maria das Dores Meira.

JUN | JUL. O grupo de trabalho dinamiza encontros para refletir sobre a nova lei, analisando-a ponto por ponto. Do trabalho resulta um conjunto de propostas de alteração e eventuais medidas a adotar.

AGO. Os moradores solicitam reuniões aos grupos políticos com representação parlamentar e à Comissão Parlamentar do Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local para apresentar as propostas.

SET. A Câmara Municipal, a Junta de Freguesia de São Sebastião e a União das Freguesias de Setúbal apresentam moções de apoio às propostas de alteração da lei reivindicadas pelos moradores.

ra, a proposta passa por suprimir a possibilidade de recolocação de inquilinos noutros concelhos, enquanto na segunda os moradores querem que a ordem de despejo imediata, por indicação do senhorio, seja feita somente em casos de abandono ou ocupação indevida, ao passo que outras situações devem ser analisadas pelos tribunais. “Qualquer das alterações não vai mudar em muito o meu caso, mas posso dar um contributo importante para melhorar a vida de outros”, afirma, sem rodeios, o porta-voz do grupo, que já foi jornalista, vai para duas décadas, numa rádio local, e, até há bem pouco tempo, bombeiro voluntário no Barreiro.

Despertar para a realidade

Embrião para maturar


Passeios mais condignos Do velho se fez novo. Os passeios com perto cinquenta anos de dois arruamentos na zona das Praias do Sado foram totalmente reabilitados numa intervenção que dotou aquela área habitacional de condições de circulação mais condignas

As condições de circulação e segurança pedonal saíram reforçadas com a execução de obras de beneficiação em dois arruamentos nas Praias do Sado, intervenção impulsionada pela Junta de Freguesia do Sado, com a execução de novos passeios e a regularização de acessos. A intervenção, concluída no final de junho, incidiu na reabilitação

da totalidade dos passeios existentes na Rua Engenheiro Ribeiro da Silva, numa extensão aproximada de trezentos metros lineares, bem como de troços das áreas de circulação pedonal na Rua Gomes Leal. “Os passeios, construídos em argamassa de cimento e com perto de cinquenta anos, estavam bastante degradados. Em vez de remendos novos em pano velho optámos pela renova-

ção integral”, adianta o presidente da Junta de Freguesia do Sado, Manuel Véstias. A obra, realizada ao longo de dois meses, por administração direta, ou seja, com recursos a meios técnicos e humanos da própria junta de freguesia, com o apoio da Câmara Municipal, através de apoio logístico e cedência de materiais, incluiu a picagem e levantamento dos

elementos obso­letos e a aplicação de novo pavimento em pavet, mais atual e com maior durabilidade. A intervenção, que materializou um investimento de cerca de 15 mil euros, englobou, igualmente, a regularização de várias áreas de circulação pedonal naquela zona habitacional das Praias do Sado, nomeadamente nos acessos a habitações e garagens, agora dotados

freguesia

16SETÚBALjulho|agosto|setembro15

de características urbanas que asseguram a mobilidade para todos. “Esta foi mais uma obra importante em prol da população e concretizada no espírito do Poder Local Democrático”, sublinha Manuel Véstias, para vincar que a melhoria das condições de circulação e segurança pedonal tem sido “uma aposta constante” no território da freguesia do Sado.

Lazer ganha fogareiros Uma dezena de novos fogareiros públicos podem ser utilizados, desde o final de julho, pelos utilizadores dos espaços de merendas existentes no Pontal de Musgos, zona de lazer à beira-rio localizada em pleno Estuário do Sado, no território da Gâmbia. “Esta era uma intervenção há muito reivindicada pelos utilizadores daquele espaço de lazer, que é um dos locais de excelência e mais bonitos da freguesia”, sublinha o presidente da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, José Belchior.

Azeitão oferece manuais As cerca de duas centenas de crianças do território azeitonense que iniciam este ano a aventura escolar receberam, gratuitamente, os manuais para o primeiro ano de escolaridade, iniciativa de âmbito social impulsionada pela Junta de Freguesia de Azeitão. “É um apoio que a junta decidiu dar às crianças de Azeitão num momento tão importante como é a entrada, pela primeira vez, na escola, naquele que é um marco nas suas vidas”, destaca a presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Celestina Neves.

Os manuais escolares, oferecidos “a todas as crianças, sem exceção, que frequentam o primeiro ano de escolaridade no território azeitonense”, vinca a autarca, foram entregues na receção aos alunos, a 18 de setembro. A iniciativa materializa, igualmente, “um contributo solidário para os orçamentos familiares, sobretudo dos jovens casais, numa altura do ano que é tendencialmente mais complicada” em termos de gestão financeira, realça Celestina Neves. A oferta dos manuais escolares

para o primeiro ano de escolaridade pode também constituir “um incentivo a que novas famílias se fixem no território azeitonense”, afirma a autarca. O regresso às aulas foi marcado por uma outra iniciativa da Junta de Freguesia de Azeitão, que ofereceu a todos os alunos a frequentar o ano letivo 2015/2016 o livro “Afonso à descoberta de Azeitão”, obra que faz uma retrospetiva histórica sobre o património histórico e cultural, da autoria da azeitonense Idalina Veríssimo.

A obra incluiu a instalação de uma dezena de novos fogareiros, fabricados em betão armado e em tijolo refratário, que podem ser usufruídos, gratuitamente, pelos utilizadores do Pontal de Musgos, espaço que conta com uma pequena zona de praia, igualmente beneficiada, no âmbito de outra intervenção dinamizada pela junta de freguesia. “As pessoas já não precisam de trazer os fogareiros próprios para confecionar a comida. Acaba por ser muito mais prático”, realça o autarca, para vincar, igualmente, a melhoria das

condições de salubridade e de segurança na zona de lazer do Pontal de Musgos. “Com os novos equipamentos já não existe necessidade de fazer fogueiras no chão e reduz-se o risco de incêndios naquela área”, reforça José Belchior. A obra, executada por administração direta, ou seja, com recurso a meios técnicos e humanos da própria junta de freguesia, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, que cedeu materiais, e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.


cultura

17SETÚBALjulho|agosto|setembro15

Teatro afirma-se em festa A Direção-Geral das Artes negou apoio e o Festival Internacional de Teatro abriu em sobressalto. A incerteza gerada em relação ao futuro não impediu que a 17.ª edição se afirmasse no presente. Ao distanciamento do Governo, o público respondeu com salas esgotadas Companhias portuguesas e estrangeiras fizeram a Festa do Teatro em Setúbal entre 20 de agosto e 5 de setembro, numa edição marcada pela falta de apoio do Governo àquele que é um dos eventos do género mais reconhecidos no País. O Teatro Estúdio Fontenova, responsável pela organização da Festa do Teatro – Festival Internacional de Teatro de Setúbal, tomou conhecimento na véspera do início do certame de que, ao contrário das edições anteriores, a de 2015 não seria contemplada pela Direção­ ‑Geral das Artes (DGArtes) para a atribuição de um subsídio de 25 mil euros. José Maria Dias, diretor artístico do certame, explicou, na cerimónia de abertura, realizada nos claustros do Convento de Jesus, que a decisão do Governo colocou em cheque a continuidade do certame e até o cartaz deste ano. “Arriscámos na programação e na extensão geográfica, com dois espetáculos em Sesimbra, e

Sambar até de madrugada

Seis centenas de foliões desfilaram alegria no dia 18 de julho, na Avenida Luísa Todi, na versão de verão do Carnaval em Setúbal. O evento, organizado pela ACOES – Associação do Carnaval e Outros Eventos de Setúbal, com o apoio da Câmara Municipal, envolveu sete escolas de samba de Sesimbra, Quinta do Conde e Ovar, um grupo de carnaval e um trio elétrico. A festa do desfile começou à noite e só acabou já de madrugada. Em paralelo, a Feira de Verão animou o Largo José Afonso com música, gastronomia e artesanato entre 16 e 19 de julho.

temporal, prevista para novembro. Não sabemos agora como iremos fazer face ao investimento”, sublinhou na altura. Enquanto os espetáculos de Sesimbra se concretizaram, continua em dúvida a extensão de novembro, cuja viabilidade será avaliada “só depois de feito o balanço do festival”. Maria das Dores Meira, presidente da Câmara Municipal, uma das entidades que apoiam a realização do festival internacional, reagiu com indignação à decisão da DGArtes. “É um boicote deliberado à Cultura! O Estado Central tem o dever, até constitucional, de apoiar as artes e as atividades culturais”, apontou a autarca. A presidente da Câmara Municipal sente que o Governo, depois de negar ou diminuir

substancialmente os subsídios a outros projetos de grande impacte cultural, como ao Festroia e ao TAS – Teatro Animação de Setúbal, deve justificar-se perante a política de distribuição de apoios. Para tal, decidiu solicitar uma reunião com o diretor-geral das Artes, destinada a protestar contra estas medidas e a obter esclarecimentos sobre as decisões dos cortes de apoio à Cultura em Setúbal. O Teatro Estúdio Fontenova está, em paralelo, a preparar um recurso a apresentar à Direção-Geral das Artes para que a decisão seja revertida. Para que a edição de 2015 se tornasse uma realidade, José Maria Dias salientou que foram fundamentais os apoios de várias instituições, como

os da Autarquia e da Fundação Buehler-Brockhaus, mas também gestos de solidariedade de companhias cénicas convidadas, “que baixaram muito os preços iniciais”. No plano cultural, a Festa do Teatro voltou a afirmar em palco a importância do evento no plano da dramaturgia no País. “As salas estiveram sempre cheias e, boa parte delas, com lotação esgotada”, adiantou o diretor artístico. O certame contou com a participação de companhias oriundas de Setúbal, Lisboa, Sintra, Amadora, Covilhã, Faro e Beja, mas também do Brasil, Alemanha e de Espanha, entre elas a reputada La Compañia Atalaya, a Lapso Produciones e o Circus VangBunt. O programa incluiu também várias sessões de cinema e encontros informais de artistas e outros convidados com o público, nos quais se debateram algumas das peças levadas a cena ou temáticas relacionadas com o universo do Teatro.

Verão animado na Baixa

Filarmónicas em tom afinado

Som do jazz chega ao top(o)

A Baixa comercial foi o palco de vários espetáculos e animações de rua entre os dias 11 de julho e 9 de setembro. Música, dança, teatro e expressões acrobáticas atraíram centenas de pessoas ao centro histórico, que, no âmbito do Verão na Baixa, aproveitaram o comércio aberto aos sábados muito para lá do horário habitual. Os eventos tiveram como principal efeito o estímulo e a revitalização do centro histórico. O Verão na Baixa, organizado pela Câmara Municipal, teve as parcerias dos comerciantes e da União das Freguesias de Setúbal.

O centro histórico encheu para receber o público que fez questão de assistir, a 4 de julho, aos concertos do 11.º Festival de Bandas Filarmónicas de Setúbal. A iniciativa, organizada pela Câmara Municipal e pela Sociedade Musical Capricho Setubalense, incluiu um desfile nas ruas da Baixa e concertos na Praça de Bocage e no Largo da Misericórdia. Além da anfitriã Capricho, participaram no festival as filarmónicas Boa Vontade Lorvanense, de Coimbra, Centro Cultural Azambujense, de Azambuja, e Clube Recreativo Musical Rerizense, de Castro Daire.

Novos sons do jazz nacional estiveram em destaque, entre 3 e 5 de julho, em vários locais da cidade, com o 3.º Festival de Jazz de Verão de Setúbal. O evento, organizado pela Jazz Class de Setúbal, com o apoio da Câmara Municipal, apresentou em palco as formações Cine Qua Non, HAKKEn e o duo João Barradas e João Moreira. O certame incluiu também uma sessão de cinema, com o filme “Bird”, de Clint Eastwood, sobre Charlie Parker, e uma palestra sobre a história do jazz, conduzida por Manuel Jorge Veloso, referência no País neste género.


cultura

18SETÚBALjulho|agosto|setembro15

Andersen de regresso

Pintor setubalense em museu italiano

O escritor dinamarquês Hans Christian Andersen esteve em destaque em duas exposições em Setúbal, que serviram igualmente de tributo ao designer Niels Fischer, falecido no início do ano e promotor da obra literária do seu conterrâneo. A Casa da Cultura mostrou, dez anos depois, peças da mostra original dedicada ao autor, a que se juntaram trabalhos de artistas plásticos e recortes que acompanhavam os contos do escritor. Na outra mostra dedicada a Hans Christian Andersen, no Museu do Trabalho, estiveram tapeçarias, quadros, livros ilustrados, esculturas e peças em cerâmica.

De descarregador de peixe a pintor naïf, de Setúbal a Paris, e uma improvável história de amor. A vida e obra de José Miguel da Fonseca é perpetuada além-fronteiras, em Itália, numa iniciativa cultural e etnográfica impulsionada pela mulher do setubalense A vida e obra do setubalense José Miguel da Fonseca, descarregador de peixe e pintor naïf, é perpetuada num museu etnográfico, inaugurado a 23 de agosto, em Cento, Itália, que junta pinturas e esculturas a uma vasta pesquisa documental, incluindo fotografias antigas de Setúbal. O espaço museológico dedicado a José Miguel da Fonseca, falecido recentemente, inclui três secções distintas. Uma com a coleção de pintura naïf, outra dedicada ao culto da vaca e do touro através do olhar do artista e a terceira com base num estudo documental realizado pela mulher, a investigadora francesa Noëlle Perez Christiaens, sobre as diferentes formas de transporte e descargas marítimas no mundo. A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, presente na inauguração, enalteceu a iniciativa cultural, que destaca “a vida de um setubalense humilde e complexo”, numa homenagem que simboliza, “acima de tudo, uma bela e extraordinária história de amor”.

A autarca sublinhou que José Miguel da Fonseca, através da “pintura naïf, construiu recordações de gentes e terras, de histórias e sentimentos”. Destacou, igualmente, a importância do espaço museológico, criado com um investimento do Município de Cento e dos vizinhos Ferrara e Bolonha. José Miguel da Fonseca, nascido em Setúbal a 17 de março de 1932, analfabeto, exerceu a profissão de descarregador de peixe. No início dos anos 80, conheceu a investigadora pari-

Estilista Luís Buchinho festeja prata no mercado

siense Noëlle Perez Christiaens, que estudava a postura dos descarregadores de peixe. Apaixonado pela atividade tauromáquica, José Miguel da Fonseca casou com Noëlle Perez Christiaens, em 1984, na Praça de Touros de Alcochete. Foi em Paris, França, dois anos depois, que descobriu a pintura. Retratava o que conhecia, a doca de Setúbal, os descarregadores de peixe e as touradas. Descrito por especialistas como “um puro naïf”, José Miguel da Fonseca já expôs os seus trabalhos, quer as pinturas em tela, quer os apontamentos gráficos que realizava em crustáceos, em duas galerias de Paris e numa de Amesterdão, Holanda. José Miguel da Fonseca, agraciado pela Câmara Municipal com a Medalha da Cidade em 2011, faleceu a 31 de julho. “Recordo o homem que, com inteligência, se manteve fiel ao que sempre foi e que era feliz por ser quem era”, referiu Maria das Dores Meira.

O estilista Luís Buchinho, a celebrar 25 anos de carreira, apresentou a 19 de julho, à noite, no Mercado do Livramento, a coleção outono/ inverno 2015/2016, num desfile a que assistiram mais de quinhentas pessoas. O designer de moda escolheu a terra natal para apresentar em Portugal a mais recente coleção, “Comics”, com linhas geométricas em todo o vestuário, silhuetas simples e por vezes andróginas. A maioria das peças joga com blocos de cor ou com mistura de materiais. A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, assinalou o evento com a oferta de lembranças a Luís Buchinho. No final, o mercado foi palco de um cocktail, animado com música DJ, no qual o estilista sadino confraternizou com amigos e convidados. O êxito do desfile levou o estilista a manifestar o desejo de realizar mais eventos semelhantes em Setúbal.

Mostra aproxima cidades

“Rasgos, Trazados de una Realidad” deu título a uma mostra de pintura e escultura do artista plástico Antón Montaño Rodríguez, iniciativa cultural dinamizada na Casa da Baía e que potenciou uma aproximação entre os municípios de Setúbal e de Almendralejo. Os trabalhos do artista plástico de Almendralejo, feitos em “Invinacción”, técnica inovadora criada a partir do vinho, são o resultado de uma visão e reflexão em torno do ambiente rural, com um conjunto de elementos visuais que transparecem a relação entre pessoas e lugares através da ligação entre o ser, a paisagem e a cultura.

Memória da arte urbana

O escultor João Limpinho é recordado através de uma exposição póstuma patente até 8 de outubro na Galeria de Exposições da Casa da Cultura. “Uma mão no ferro. Outra dentro da cabeça” é o título da mostra que recupera algumas esculturas do artista, falecido a 24 de junho, responsável pelo conjunto de trabalhos escultóricos que constituem o Núcleo Museológico Urbano da Bela Vista. A exposição inclui ainda desenhos concecionais de João Limpinho, produzidos no âmbito do processo criativo de elaboração das peças daquele núcleo museológico de Setúbal.


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Comédia de obscenidades

“A Secreta Obscenidade de Cada Dia”, peça de teatro encenada e protagonizada pelos atores João Ricardo e Gonçalo Diniz, teve estreia nacional em Setúbal, onde foi apresentada entre nos dias 17, 18 e 19 de julho, no Fórum Municipal Luísa Todi. Mais de 1200 pessoas assistiram às apresentações da comédia escrita por Marco Antonio de La Parra em que Karl Marx e Sigmund Freud esgrimem ideias sobre realidades do quotidiano.

Musical canta vida de Jesus

Ao som do pop, do rock e do gospel, a vida pública de Jesus foi narrada, numa sequência de parábolas intercaladas com êxitos da Broad­ way, no musical “Godspell”, com dez atores a interpretar diversas personagens históricas ligadas ao universo religioso. O espetáculo, uma adaptação do musical criado por John­ ‑Michael Tebelak, com música de Stephen Schwartz, esteve em cena no Fórum Municipal Luísa Todi nos dias 5, 6 e 7 de agosto.

Tributo celebra cantor lírico

Os 70 anos de vida e 35 de carreira do cantor Carlos Guilherme foram celebrados a 23 de julho num concerto comemorativo realizado no Fórum Municipal Luísa Todi, que contou com a presença de vários artistas e amigos do tenor, como Elisabete Matos e Armando Vidal, e a participação da Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo maestro João Paulo Santos. O tenor foi agraciado com uma peça oferecida pela Autarquia.

Cultura dinamiza Bonfim

Concertos, aulas de dança, animações infantis e uma feira de artigos em segunda mão integram o “Há Música no Jardim”, programa dinamizado pela Autarquia entre julho e outubro, no Parque do Bonfim. A iniciativa, que já contou com dança de diversos estilos e várias atuações, incluindo o Quarteto Deolinda de Jesus, encerra a 18 de outubro, numa sessão com zumba e hip hop, a par de um concerto com Joaquim Gouveia Urban Trio.

Fado homenageia Georgette A cantora Georgette de Jesus foi homenageada no espetáculo de encerramento do programa municipal “Fado em Setúbal”, realizado na noite de 12 de setembro, na Praça de Bocage. O concerto, ao qual assistiram cerca de quinhentas pessoas, contou com a participação da maioria dos fadistas envolvidos no projeto “Fado em Setúbal”, que, desde julho, promoveu, regularmente, espetáculos gratuitos em espaços públicos das cinco freguesias do concelho. António Almeida, Carla Lança, Cecília Sil-

va, Eduardo Silva, Eugénio Almeida, Inês Pereira, Joana Lança, Luís Miguel, Maria do Céu Ribeiro, Ramiro Costa, Sara Margarida e Susana Almeida cantaram um fado cada na primeira parte do serão. Na segunda parte, as atenções recaíram na fadista Georgette de Jesus, que também atuou. A longa carreira da cantora foi recordada num pequeno filme com notas biográficas, produzido pela Câmara Municipal, na leitura de um texto pela poetisa Alexandrina Pereira e numa atuação de Deolinda de Jesus, sobrinha da homenageada.

Festa da canção junta estrelas Um espetáculo trouxe a Setúbal artistas que a maioria só conhece do pequeno ecrã, celebrizados nas várias edições do Festival Eurovisão da Canção. O Eurovision Live Concert – Portugal 2015 juntou uma constelação de estrelas do mundo da música A sétima edição do Eurovision Live Concert – Portugal praticamente esgotou, na noite de 12 de setembro, o Fórum Municipal Luísa Todi em mais uma festa dedicada ao Festival da Eurovisão. Ao longo de duas horas e meia de música, subiram ao palco da maior sala de espetáculos do concelho artistas internacionais como Knez, de Montenegro, Hera Björk, da Islândia, Twiins, da Eslováquia, Marija Šesti , da Bósnia & Herzegovina, Kurt Calleja, de Malta, e Eduard Romanyuta, da Moldávia. O evento, que se caracteriza por ser a maior festa no continente dedicada ao Festival Eurovisão da Canção, contou ainda com as participações das cantoras portuguesas Suzy e Yola Dinis. Um dos momentos altos da noite foi uma homenagem a Manuela Bravo, que representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção em 1979. A cantora recuperou no palco setubalense o êxito “Sobe, Sobe, Balão Sobe”. Carla Ribeiro, Gerson Santos e Ana Luísa Car-

doso foram convidados especiais do espetáculo, no qual participam ainda o bailarino Ivanoel Tavares, com um apontamento de dança contemporânea, e os Vision Ensemble, com Artur Jordão nas teclas, numa atuação inédita. A festa da Eurovisão, organizada pela associação Deriv@status, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, incluiu outros dois eventos musicais, a 11 de setembro. A Casa da Cultura recebeu um concerto com os Vision Ensemble, formação constituída por Gonçalo Fernandes e Rita Nunes, violinos, Catarina Domingues, viola d’arco, Marco Madeira, violoncelo, e Diogo Fernandes, saxofone, e que contou com a participação especial da soprano Ana Luísa Cardoso. Já no Lounge Caffé, uma welcome party foi completamente dedicada à música de dança “schlager”, estilo muito popular no norte e centro da Europa e que animou pela noite dentro o momento de convívio e de confraternização entre artistas e entusiastas da Eurovisão.

ANIMAÇÃO. Música, dança, teatro, patinagem e muito mais. O AJA Eventos proporcionou, entre julho e setembro, de forma gratuita, espetáculos e animações adaptados às características de um recinto ao ar livre como é o Auditório José Afonso. O projeto municipal resulta de parcerias com associações culturais de Setúbal que realizam atividades artísticas vocacionadas para o grande público.


educação

20SETÚBALjulho|agosto|setembro15

Cidade educadora aponta ao futuro

A construção do Projeto Educativo Local, documento orientador do ensino no concelho, reforça o compromisso assumido por Setúbal como cidade educadora. O projeto, para o qual é imperativo o envolvimento de todos, foi debatido numa conferência que desbravou novos trilhos para a educação

A reflexão e a partilha de experiências educativas com vista à melhoria do ensino no concelho foram destaques na III Conferência Anual de Educação de Setúbal, a 16 de setembro, no Fórum Municipal Luísa Todi, com o tema “Cidade Educadora – Um Compromisso com Todos”. “É nosso compromisso orientarmos e planearmos a ação de acordo com os princípios da Carta das Cidades Educadoras, nos quais acreditamos e que são a base na construção de uma cidade com todos e para todos”, realçou a presidente da Autarquia. Para Maria das Dores Meira, a educação é “um caminho obrigatório para o sucesso e o desenvolvimento” não só individual mas também co-

letivo, pelo que “é necessário que cada um, na sua prática quotidiana, seja educador, em cada gesto, em cada palavra e em cada ação”. A autarca salientou “a necessidade de construção do Projeto Educativo Local”, um documento “orientador do rumo da educação no concelho” e para o qual é imperativo que haja “uma forte participação e intervenção de todos” os agentes da sociedade. O “Conceito de cidade educadora, hoje” foi refletido por Joan Manel del Pozo, da Universidade de Girona. “A educação tem de ser vista como a alma da construção humana e a cidade como o local privilegiado para essa criação”, afirmou, para defender que “todos os indivíduos são educadores e educandos”.

A conferência, promovida pela Câmara Municipal e pelo Conselho Municipal de Educação de Setúbal, incluiu ainda alocuções com os temas “Projeto Educativo Local, um desafio para a cidade” e “A escola e o projeto educativo local”. O vereador com o pelouro da Educação na Autarquia, Pedro Pina, afirmou que o encontro materializou “o primeiro passo para a construção do Projeto Educativo Local, um documento que se quer aberto e que possa ir sendo construído”. Acrescentou que “a participação e o envolvimento ativo são cruciais para o sucesso e que o grande desafio assenta em descobrir que caminho tomar”.

Resolução alcançada no ensino profissional A Câmara Municipal aprovou uma alteração de procedimentos na liquidação da Fundação Escola Profissional de Setúbal, resultante de alterações legais relacionadas com as competências dos municípios. As medidas, aprovadas em reunião pública de 19 de agosto, resultam de alterações recentes do Regime Jurídico das Autarquias Locais, que acrescentou às atribuições dos municípios o ensino e formação profissional e incluiu nas competências materiais das câmaras municipais a promoção da oferta de cursos de ensino e formação profissional dual no âmbito do ensino não superior. Foi ainda introduzida na lei a categoria de escolas profissionais de âmbito municipal e intermunicipal, “criadas pelos respetivos órgãos autárquicos, sendo-lhes aplicável, com as devidas adaptações, o regime previsto no presente diploma para as escolas profissionais privadas”. Com estas alterações, foi reposto “o regime vigente à data da criação da Escola Profissional pelo Município de Setúbal” e “torna-se também mais claro o processo de sucessão da fundação, podendo agora a universalidade dos bens, património e estabelecimento Escola Profissional regressar ao Município que, neste novo quadro legal, tanto pode assegurar diretamente a titularidade e gestão da escola, como indiretamente”. Nestes termos, a Autarquia decidiu promover a criação de uma associação sem fins lucrativos, de forma a assegurar a titularidade e gestão da Escola Profissional de Setúbal, que sucede à Fundação Escola Profissional de Setúbal, em liquidação. Além da Câmara Municipal, a associação pode incluir pessoas singulares ou coletivas, empresas e outras entidades empregadoras de relevante interesse para os fins e atividades da instituição de ensino.

Férias à volta dos livros Trinta e duas crianças e jovens participaram no Clube de Leitura de Verão, iniciativa gratuita de promoção do gosto pela literatura de modo divertido e pedagógico, centrada na Biblioteca Pública Municipal de Setúbal. No programa, dirigido a escalões etários dos 8 aos 17 anos, os participantes apresentaram,

ATELIERS. As danças latinas foram uma das muitas propostas para crianças, jovens e, também, idosos, se ocuparem entre o final de junho e julho. Ao longo de seis semanas, os “Ateliers de Verão”, programa da Câmara Municipal de Setúbal, registaram perto de 650 participantes no total de cinquenta ateliers e de 15 ações pontuais, em áreas muito distintas. Além da ocupação dos tempos livres nas férias letivas, estreitou relações geracionais, através da participação de pessoas com mais de 65 anos.

no final, um trabalho a Teresa Martinho Marques baseado em obras desta escritora. A iniciativa, realizada entre 26 de junho e 29 de julho, incluiu ainda atividades no exterior, com visitas a locais de interesse histórico, lúdico e cultural, em Setúbal, Lisboa e Sintra.

SEGURANÇA. A “Ciência Viva no Verão – À Descoberta da Terra”, a 31 de julho, no Parque Urbano de Albarquel, incutiu a cultura de segurança nos mais novos. De forma simples e lúdica, foram transmitidos conhecimentos em áreas como os vulcões e os sismos, com recurso a simuladores. A iniciativa nacional, da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, em parceria com o Instituto Geofísico do Infante Dom Luiz, contou com o apoio do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros.


desporto

21SETÚBALjulho|agosto|setembro15

Insólitos navegam no Sado

Vinte e três embarcações, feitas apenas com recurso a materiais reutilizados, participaram na “4.ª Regata de Banheiras & Insólitos”, a 13 de setembro, no Parque Urbano de Albarquel. Algumas acabaram por não resistir, obrigando os tripulantes a nadar até à margem, mas a prova mereceu o incentivo entusiasta da assistência da edição mais concorrida de sempre em participantes e público.

Eventos de dimensão nacional e internacional e atividades que promovem a aposta municipal de “desporto para todos” são aguardados em 2016, ano em que Setúbal é Cidade Europeia do Desporto. Para já, está garantida uma prova qualificação olímpica de natação em águas abertas, a única a realizar em Portugal

Europa distingue modelo desportivo Setúbal é Cidade Europeia do Desporto em 2016, decisão anunciada no dia 11 de julho, com a Câmara Municipal a assumir a dinamização de um programa desportivo de excelência no qual já está garantida uma prova de qualificação olímpica. “Setúbal tem muito trabalho desenvolvido na área desportiva e merece o título”, anunciou, em conferência realizada na Casa da Baía, Francesco Lupatelli, presidente da ACES Europe – Associação das Capitais e Cidades Europeias do Desporto, entidade que atribui a distinção. A cidade sadina torna-se na quarta urbe portuguesa – depois de Guimarães, em 2013, Maia, 2014, e Loulé, 2015 – a receber este título europeu, que confere prestígio internacional, assumindo o compromisso de dinamizar um programa desportivo mais abrangente. O relatório de avaliação destacou o potencial

desportivo de Setúbal, com o mar, o rio Sado e a Serra da Arrábida identificados como locais de excelência para a prática desportiva, e realçou a aposta de “desporto para todos” impulsionada pelo Município. Para Pedro Pina, vereador com o pelouro do Desporto na Autarquia, o título de Cidade Europeia do Desporto em 2016 constitui, não só um “grande privilégio e uma enorme responsabilidade”, mas também “um desafio em que Setúbal não vai defraudar as expectativas”. O autarca, que destacou o “empenho para tornar o objetivo uma realidade”, vincou que o desporto é “um dos pilares da estratégia municipal para tornar Setúbal uma cidade mais atrativa e com mais qualidade de vida”. Frisou, ainda, que “esta foi uma candidatura da cidade impulsionada pela Autarquia”. Setúbal, já com uma taxa de referência de 35

Milhar e meio a correr Ricardo Espada e Liliana Veríssimo venceram a Alegro Meia Maratona de Setúbal, a 20 de setembro, na qual participaram cerca de oitocentos atletas, a que se juntaram mais sete centenas de pessoas numa competição complementar. O atleta do R/R Online, que liderou isolado a maior parte do percurso da 26.ª edição da prova, organizada pela Câmara Municipal, com o patrocínio principal do Alegro Setúbal, local da partida, cruzou a meta com 1h14m34s. Ao pódio masculino da competição principal, realizada num trajeto renovado com mais de 21 quilómetros pela cidade e pela zona da Arrábida, subiram ainda Pedro Maia, do Amigos do Atletismo de Mafra, com 1h16m51s, e João

Ferreira, a participar a título individual, com 1h17m59s. Entre as mulheres, Liliana Veríssimo, igualmente a título individual, foi a primeira a cortar a meta, instalada no Largo José Afonso, com 1h32m24s, enquanto Lúcia Oliveira, do Generg, já a alguma distância, ficou em segundo com 1h36m57s. Chantal Xhervelle, do Xtreme Level, em terceiro, com 1h37m37s, completou o pódio feminino. O convívio e a boa disposição deram a tónica à Corrida das Famílias/Corrida Mais Solidária da Cruz Vermelha Portuguesa de Setúbal, prova de caráter popular, com 5,5 quilómetros. O evento desportivo incluiu ainda, no dia anterior, a Corrida Miúdos Alegro.

por cento de atividades desportivas dinamizadas ao longo do ano, valor acima da média europeia, pretende melhorar este registo com a dinamização de um programa desportivo com “iniciativas irrepetíveis”, afirmou Pedro Pina. Além de “eventos de grande montra nacional e internacional”, como a prova de natação em águas abertas “FINA Olympic Marathon Swim Qualifier 2016”, a 11 e 12 de junho, de apuramento para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Brasil, o autarca quer que Setúbal seja “o epicentro da reflexão desportiva em Portugal”. Pedro Pina realçou ainda que “o que mais move o Município é potenciar o trabalho que tem vindo a ser feito e pôr as pessoas a fazer mais desporto”. O autarca adiantou que as iniciativas vão procurar aproveitar “o vasto património natural” do concelho.

Biatle escolhe os melhores

Os campeões europeus de biatle foram definidos a 18 de julho numa competição que trouxe 270 atletas de vários países ao Parque Urbano de Albarquel. O evento desportivo, dos “13.os Jogos do Sado”, incluiu o Campeonato da Europa e a Taça do Mundo de Biatle, com provas nos escalões de seniores, juniores, iniciados, infantis e masters.

Atletismo noturno à beira-rio

Mais de três centenas de atletas participaram, a 4 de julho, de noite, na III Marginal do Rio Azul, com 10 quilómetros, realizada na frente ribeirinha. A competição, integrada nos “13.os Jogos do Sado”, juntou várias gerações num evento que aliou a competição ao lazer. Teve como vencedores Paulo Guimarães, com 34m36s, e Chantal Xhervelle, com 43m05s.


22SETÚBALjulho|agosto|setembro15

Um antigo aluno da Escola Superior de Tecnologia desenvolveu uma aplicação para telemóveis que ajuda os diabéticos a gerir e a controlar a doença. O território setubalense é dado a conhecer numa nova página do Instituto Politécnico de Setúbal dedicada a estudantes internacionais

Aplicação monitoriza diabetes

academia

Inovação no controlo da diabetes. O GliControl, aplicação para telemóveis com sistemas operativos android, da Google, e iOS, da Apple, que permite a sincronização de leitores de glicemia através de um adaptador Bluetooth, ajuda os diabéticos a monitorizar com mais eficácia a doença crónica. Da necessidade surgiu a oportunidade. Em 2011, Hugo Ferreira, diplomado em Engenharia Informática pela Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal, e criador da aplicação, que se encontra disponível em www.glicontrol.pt, descobriu que era diabético tipo I. “Procurei uma solução que me pudesse auxiliar no cumprimento do conjunto de tarefas diárias de diabético. O que encontrei não correspondeu às expectativas e, como programador, decidi desenvolver uma aplicação para uso pessoal”, recorda. As necessidades vão do controlo da glicemia (valor de açúcar no sangue) ao registo dos valores diários para controlo médico, aponta o informático. Acrescenta, ainda, a importância de saber onde aplicar corretamente a insulina e de efetuar a contagem de hidratos de carbono. “A aplicação, desenvolvida por um diabético e para diabéticos, responde às necessidades reais dos doentes”, salienta Hugo Ferreira, para clarificar que o GliControl consiste“num conjunto de ferramentas” que facilita a vida dos utilizadores. A primeira versão da aplicação que desenvolveu era muito simples e passava, simplesmente, pelo registo de valores. “As medições realizadas e registadas na aplicação eram muito idênticas aos resultados obtidos em laboratório. Assim tive a certeza de que estava no caminho certo.” Impulsionado pelo espírito de empreendedor, decidiu partilhar a criação com outros utilizadores. Disponibilizou-a nas plataformas de aplicações para telemóveis e obteve reações

positivas. “Pediram-me outras funções e eu próprio senti a necessidade de uma evolução da app.” Além do registo de dados/informação diária dos utentes, que podem ser partilhados nas consultas médicas ou enviados diretamente para os profissionais de saúde, a mais recente versão da aplicação disponibiliza análises úteis, como a HbA1C, ou seja, o cálculo geral do estado glicémico do diabético. Inclui, igualmente, uma calculadora de hidratos de carbono, uma tabela de alimentos e os locais corretos para administrar a insulina. “Os diabéticos podem fazer uma vida normal. Contudo, é uma si-

tuação que requer informação e alguma autoaprendizagem”, afirma Hugo Ferreira.

Ferramenta inovadora Apesar de já existirem no mercado várias aplicações para telemóveis semelhantes, a criação de Hugo Ferreira marca a diferença. Primeiro, porque é disponibilizada em vários idiomas, entre os quais o português, que é a língua padrão do interface do GliControl. Depois, porque permite a sincronização entre o leitor de glicemia convencional e a aplicação, através de um adaptador Bluetooth, que está com uma patente em cur-

so. “Ao contrário de outras aplicações disponíveis, o GliControl não está dependente de um registo manual por parte do utilizador.” A picagem do leitor de glicemia é captada automaticamente pela aplicação, sem haver necessidade de o utilizador estar constantemente a sincronizar. “Se houver um pico de glicemia, faz-se o registo, e todas as leituras normais que estavam pendentes são sincronizadas em massa.” Em caso de deteção de um nível anormal de glicemia, a aplicação faz imediatamente o cálculo de quanta insulina é preciso para resolver o problema e indica o local do corpo a aplicar. “O diabético não pode aplicar a insulina sempre no mesmo sítio devido à ocorrência de lesões”, ­explica. Outra das novidades da mais recente versão do GliControl é a função de alerta, para o smartphone ou para o smartwacth, com indicações sobre administração de insulina ou, até mesmo, calendarizações para consulta médicas. A aplicação de Hugo Ferreira chegou às casas de milhões de portugueses a 13 de junho quando o programador informático levou o GliControl ao programa televisivo “Shark Tank” na tentativa de captar investimento. A aposta correu de feição e um dos “tubarões” aceitou o negócio. A promoção do produto, uma das dificuldades sentidas por Hugo Ferreira, foi quase automaticamente suprimida após a participação no programa, com a aplicação a alcançar o primeiro lugar no iTunes, tando na vertente de instalação (Top Free Downloads) como em vendas (Top Grossing). O empresário Tim Vieira gostou da ideia do lisboeta, atualmente a viver na Quinta do Conde, e aceitou investir 40 mil euros por 35 por cento da empresa, com a condição de, antes, serem realizadas reuniões de trabalho com especialistas para atestar a potencialidade do negócio.

Ensino politécnico aberto ao mundo As potencialidades e vantagens de estudar e viver na região de Setúbal são dadas a conhecer a estudantes internacionais num novo portal do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), com um conjunto de ferramentas que ajudam na integração social e escolha formativa. O “Study in Setúbal” materializa uma “porta de entrada para que o estudante estrangeiro possa descobrir a região, em particular as cidades de Setúbal e do Barreiro”, adianta Nuno Nunes, da equipa de desenvolvimento do projeto. O portal surgiu no âmbito do novo regime de acesso para estudantes internacionais, que permite a qualquer aluno que não tenha nacionalidade portuguesa candidatar-se e frequentar uma licenciatura ou mestrado no Instituto Politécnico de Setúbal. A primeira fase do “Study in Setúbal” está centrada na comunicação para jovens de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, países da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Nuno Nunes esclarece que o portal está inserido “numa estratégia de internacionalização” que procura “expandir as fronteiras do ensino superior e tornar Setúbal num destino credível

e referenciado para a formação dos jovens de qualquer parte do mundo”. Através do portal, os alunos encontram informação sobre o IPS e podem descobrir um pouco sobre alojamento, pontos turísticos de referência, espaços de lazer, restaurantes, atividades desportivas e culturais bem como a história e cultura da região. Além de descrições pormenorizadas sobre os vários cursos de licenciatura e mestrado ministrados pela instituição, aos estudantes internacionais é dada a oportunidade de conhecer os apoios sociais dinamizados pelo IPS ao nível de alimentação, alojamento e saúde. As áreas “Porquê Politécnico de Setúbal?”, que apresenta mais de uma dezena de motivos para viver e estudar na zona, e “Testemunhos”, com mensagens de estudantes estrangeiros a realizar o percurso académico na região, são destaques do portal, acessível em www.studyinsetubal.pt. A ferramenta inclui um mapa interativo com indicação de locais de interesse, referências sobre percursos a realizar de automóvel ou de transportes públicos a partir de Lisboa e até Setúbal e Barreiro, bem como um conjunto de informações legais necessárias para estudar e permanecer em Portugal.


rumos

23SETÚBALjulho|agosto|setembro15

“Cresci muito no mercado” Professor de educação física, Tiago Henriques, 34 anos, foi empurrado para longe de casa, na Guarda, a mando dos caprichos concursais de cada ano letivo. Em Setúbal conheceu a mulher, casou e, também aqui, à beira-Sado, rejeitou o futuro aleatório da docência para assentar, com a ajuda do sogro, no Mercado do Livramento. Na “pedra” da família aprendeu sobre peixe e atendimento ao público. Abriu o apetite para outros projetos. Juntamente com Susana Henriques, 33 anos e que deixou os quadros de um colégio para agarrar o futuro em equipa com o marido, decidiu apostar noutro rumo e a chegada do Alegro Setúbal abriu uma janela de oportunidade. O risco, elevado, traduziu-se numa equação que teve tanto de simples como de arrojada: sem experiência e no meio de uma crise teimosa, levar às mesas tradição, temperada com modernidade gourmet. O projeto tem o batismo majestoso de “Choco Real”. A aposta, tudo indica, pode vingar. A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal também acha. Tiago Henriques venceu, em maio, o prémio nacional Jovem Empresário/Empreendedor do Ano. Um restaurante de choco num centro comercial não é comum. De onde vem a ideia? Fui peixeiro no Mercado do Livramento e daí, se calhar, ter começado um bocado o bichinho do negócio. A relação com as pessoas, da venda ao público, isso tudo contribuiu para me abrir os horizontes. Além disso, a minha mulher é de Setúbal. Os antecedentes dela estão ligados à cidade e ao mar. Os tios são pescadores e até o pai andou embarcado. Os tempos são adversos no mundo dos negócios. Mas, como casal, abdicaram de empregos estáveis. Como se dá a decisão de deixar essa estabilidade e investir num futuro diferente? Foi um projeto discutido a três. Como é comum nesta coisa de jo-

vens empreendedores, há quase sempre um forte apoio familiar. Neste caso foi vital a ajuda do pai da minha mulher, Fernando Lopes. Vitoriano convicto, com uma pedra no Mercado do Livramento, faleceu no início do ano. A minha área não é esta. Não sou gestor. Sou professor do 1.º ciclo ao secundário, com especialidade em educação física. Como a Educação está, nesta conjuntura tão adversa para os docentes, proporcionou-se lutar por algo diferente. Cresci muito no Mercado do Livramento. Cada vez mais temos de ser empreendedores. Não podemos estar parados. A chegada do Alegro foi uma oportunidade. Procurámos algo original e ligado a Setúbal. Começámos a pensar no que faltava nos “shoppings”, no que podería-

mos oferecer às pessoas na restauração. A ligação acabou por ser fácil. Temos mar, peixe, Setúbal. E agora temos o “Choco Real”. Professor e educadora de infância. Ambos sem experiência de gestão e nenhum é chef de cozinha. A falta de experiência foi um obstáculo no arranque? O início foi… atribulado. Os pratos são confecionados no momento. Quando se replicam milhares de menus, sempre com a mesma qualidade, é preciso estar bem coordenado. Foi uma curva de aprendizagem elevada para todos nós. Decidimos abraçar este projeto de corpo e alma. Isso significa que tanto eu como a minha mulher abandonámos todos os projetos que tínhamos em mãos. Ela, em espe-

cial, estava efetiva como educadora de infância. Foi preciso muito tempo, muita dedicação e uma boa dose de coragem. Comemos muitos quilos de choco no processo. Sabíamos que tínhamos um conceito novo e uma oportunidade para aproveitar. Contámos, e contamos, com a ajuda importante dos nossos colaboradores. A equipa tem oito elementos e a maioria foi formada na Escola de Hotelaria de Setúbal. O chef José Serrano, que é quem assina os nossos menus, foi também uma preciosa colaboração. Com menus a saírem “aos milhares”, a crise ainda assusta? Ainda assusta. Começa logo pelo IVA na restauração. Sou da opinião de que a crise está para ficar muito tempo. Mas também sei mais duas

coisas: que o produto tem qualidade e que as pessoas têm de comer todos os dias. Se continuarmos a acreditar e a melhorar, não haverá razão para não superar esse obstáculo. Com certeza que o prémio Jovem Empresário/Empreendedor do Ano da AHRESP reforça essa confiança. Distinções desta natureza ajudam o negócio ou alimentam apenas o ego? Sim, sem dúvida que é um aconchego para o orgulho. Mas também se trata de um prémio de âmbito nacional. De duzentas candidaturas apresentadas, foram selecionadas cinco na nossa área. Para nós está ótimo. O facto de ter sido uma votação online permite-nos analisar a aceitação do público. Isso vale ouro.


retratos

24SETÚBALjulho|agosto|setembro15

Há um espaço onde as latas de conservas se associam a azulejos e pinturas partilham paredes com produtos biológicos e artesanais. É uma mercearia especializada, gerida por um casal ligado à restauração e às artes. Neste novo espaço da Baixa só entram produtos portugueses

Paladares servidos com arte Qual é coisa qual é ela que não é uma mercearia nem uma padaria, não é um restaurante nem uma cafetaria, mas que é tudo isso ao mesmo tempo e também charcutaria e galeria de arte? A adivinha ganha sentido na Rota dos Saberes e Sabores, aberta desde o início de agosto no n.º 82 da Rua dos Almocreves, junto da Praça de Bocage. Parece confuso, mas o objetivo de Isabel Costa e Vasco Leonardo, casados, é bastante simples: juntar o gosto à experiência e o útil ao agradável. Nascida e criada na Fonte Nova, Isabel é profundamente ligada às tradições e ao que é português. Neta e filha de gentes ligadas à indústria conserveira, confessa que na escolha dos produtos teve em conta “alguns pormenores, principalmente o de ir ao encontro de certos paladares de infância”. Num olhar atento à vitrina do balcão é possível provar isso com as sombrinhas e tabletes de chocolate Regina.

Isabel sempre esteve ligada à res­ tauração e ao comércio. “O contacto com o público é muito gratificante para mim”, explica. Já Vasco é homem das artes. Na juventude, foi aluno na Escola Artística António Arroio, em Lisboa, frequentou vários cursos na área da cerâmica e trabalhou na maioria dos acervos de galerias de Setúbal. É um “autodidata”, como ele próprio se caracteriza.

Mãos à obra A Rota dos Saberes e Sabores esconde um pequeno atelier. O casal aproveitou uma divisão contígua à mercearia que serve para Vasco Leonardo produzir as suas peças. As paredes do estabelecimento com quadros a carvão e a tinta-da-china e algumas aguarelas espalhadas pelas mesas e pelo balcão exaltam a sua paixão pela arte. Azulejos pintados à mão, esculturas e peças em cerâmica dão um toque especial ao espaço. E a intenção dos proprietários foi não ficar só pela

exposição. Por isso, é possível encomendar retratos a carvão, com os preços a variar entre os quarenta e os cem euros. “Gosto de manifestar a ligação do espaço às artes. Já pintei na rua”, conta o artista. Depois de atravessarem um momento de crise económica, o casal, com duas vocações diferentes, decidiu abrir o estabelecimento na Baixa da cidade. “A escolha do local foi pensada no sentido de o espaço ter uma maior visibilidade”, explica Isabel. Tendo em conta o conceito, “a abertura noutro sítio da cidade não fazia tanto sentido”. A Rota dos Saberes e Sabores está aberta de segunda a sexta, das 08h30 às 19h00. Aos sábados encerra às 13h00. Sem cozinha ao serviço, não faltam, porém, propostas para petiscar. Sejam tostas ou sandes. Ou ainda tábuas de queijos e enchidos e conservas no prato, acompanhadas de vinho. Para adoçar, há, entre outros, fogaças de Palmela, pastéis de moscatel e de ginja e bolachas de amendoim.

O espaço está ainda preparado para acolher dias temáticos. “Um dia dedicado aos vinhos da região, outro ao moscatel, o que serve também para mostrar aos clientes o que se vende por aqui”, explica Vasco.

Made in Portugal Bolos, broas, pão, bolachas, compotas, doces, mel, azeites, conservas, queijos, enchidos, presuntos, licores, vinhos, cervejas, chás. Tudo na Rota dos Saberes e Sabores é nacional. E nada do que vendem é vulgar ou comercial. “Privilegiamos tudo o que é genuíno”, garante Isabel. “Vendemos produções de quintas, de pequenas hortas, e até chás plantados na Serra da Arrábida”. Dar a conhecer os produtos nacionais, de norte a sul e de este a oeste, ilhas incluídas, é um dos grandes objetivos do casal. “Muitos de nós não conhecemos a maioria dos nossos produtos”, evidencia. Investigaram, viajaram, provaram muita coisa e puseram-se em contacto com pequenos produtores.

Deslocam-se ainda a feiras locais e regionais. “Existem alguns produtos medalhados”, afirma Isabel. Os produtos que ali se vendem são todos escolhidos a dedo, o que faz com que as prateleiras estejam recheadas com uma verdadeira seleção do melhor que o País tem para oferecer em diversas áreas. Exemplos disso mesmo são as conservas Briosa Gourmet, de Matosinhos, com patés de salmão e cavala picante, o moscatel de Setúbal, a famosa bolacha Piedade, os licores de alfarroba, de poejo e de medronho, o atum em azeite da Açôr, os pastéis de laranja de Setúbal, o pão de centeio da Lagoinha, o sumo de maracujá dos Açores, os pastéis de feijão Brasão, de Torres Vedras. A variedade de produtos 100 por cento nacionais é grande. E não faltam os materiais genuinamente portugueses. Peças em cortiça elaboradas por Vasco Leonardo também estão para venda e demonstram o reconhecimento do espaço pela velha frase: o que é nacional é bom.


iniciativa

25SETÚBALjulho|agosto|setembro15

Não há ‘pai’ para eles Quase a completar sessenta anos, o Grupo Desportivo “Os Amarelos” aceitou o desafio lançado pela Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto para a criação de um espaço museológico, inaugurado de junho. As memórias do clube preparam-se agora para entrar no mundo cibernauta

No topo das escadas da sede do Grupo Desportivo “Os Amarelos”, cinco armários com diversas prateleiras de vidro arrumam as memórias de mais de meio século, pintadas a cores de vitórias e participações em torneios. Alinhados, impecavelmente limpos e catalogados, os troféus são o testemunho material de um clube que nasceu no Bairro Santos Nicolau, em 1956, local de gentes ligadas ao mar. O Grupo Desportivo Setubalense, nome com que nasceu a coletividade, associada ao futebol, foi fundado por três amigos e habitantes do bairro, Francisco Soares, Fernando Silva e José Crispim, figura conhecida da cidade, que acumulava as funções de presidente, tesoureiro e treinador.

A partir desse momento, a coletividade alterou o nome e passou a chamar-se Grupo Desportivo “Os Amarelos”. No palmarés constam o Campeonato Distrital de Juniores da 2.ª Divisão, época 1984/85, Vice-Campeão Distrital de Juniores da 1.ª Divisão, em 1985/86, Campeão em Juvenis, Infantis e Escolas em diversas épocas e ainda um terceiro lugar no Campeonato do Mundo de Pesca Embarcada, por clubes, em 2014.

História divulgada

No início, com o objetivo de ganhar alguma verba para comprar as primeiras camisolas, os futuros futebolistas jogavam descalços e com a roupa do dia-a-dia num descampado perto da Doca das Fontainhas, onde apostavam algum do pouco dinheiro que tinham. Com perseverança e alguma ajuda dos habitantes do bairro, através da venda de papelão, o clube conseguiu, finalmente, juntar dinheiro para os tão desejados equipamentos. Como era habitual na altura, as cores dos equipamentos das equipas de futebol mais modestas eram as mesmas dos clubes “grandes”, mas o presidente, José Crispim, optou por escolher as do Estoril-Praia, camisola amarela e calções azuis, numa ligação com o sol e o mar.

Muito mais vida para lá do futebol Desde a fundação até à comemoração dos cinquenta anos, em 2006, o Grupo Desportivo “Os Amarelos”, atualmente com perto de 450 sócios, tinha no futebol a única modalidade. Com o virar de meio século de história, o clube quis “marcar presença noutras áreas, nomeadamente no campo cultural”, refere Nuno Soares, vice-presidente. Passou a participar nas Marchas Populares de Setúbal e no Carnaval e, nos últimos anos, aderiu à pesca desportiva, às damas clássicas e ao atletismo. A atividade ligada ao mar é a que mais troféus deu ao clube, em particular em pesca desportiva em alto-mar.

Em 2010, João Farinha venceu o Campeonato Nacional de Juniores e João Silva sagrou-se campeão nacional da 3.ª Divisão, Zona Sul. No ano seguinte, João Farinha conquistou o Campeonato Regional Sul – 3.ª Divisão e o Grupo Desportivo “Os Amarelos” ganhou o Campeonato Nacional de Clubes. O feito mais significativo foi o terceiro lugar, em 2014, no VII Campeonato do Mundo de Pesca Embarcada, por clubes, realizado em Setúbal. No total, são cerca de cem os atletas do clube, naquelas modalidades e no futebol, repartido nos escalões de benjamins, infantis e iniciados (duas equipas).

A primeira competição em que participaram foi o Torneio Popular de Setúbal, na época de 1956/57. O Grupo Desportivo Setubalense, com uma equipa de futebol composta por alguns pescadores, chegou à final e ganhou ao Estrelas da Avenida, levando para casa dois troféus, de vencedor e de simpatia. Os jogadores e os apoiantes ficaram tão eufóricos com a vitória que desfilaram do Campo dos Arcos ao Bairro Santos Nicolau. “Uma das pessoas, o Diamantino, vinha a cantar e de repente saiu-se com a frase: ‘De sapatos, descalços ou de chinelos, não há pai pròs Amarelos.’ Os outros repetiram: ‘Não há pai pròs Amarelos.’ E assim ficou”, conta António Vaz, sócio e um dos responsáveis pela organização do espólio do clube.

rosto Orgulho bairrista António Vaz, nascido e criado no Bairro Santos Nicolau, viu o Grupo Desportivo “Os Amarelos” dar os primeiros passos. Desafiado pelos responsáveis do clube onde jogou futebol sénior, aceitou ajudar a inventariar e catalogar os troféus e recortes dos jornais. “O meu conhecimento de arquivo era zero.” Hoje, olha com orgulho para o trabalho desenvolvido com outros dois sócios. Todos os troféus são motivo de orgulho, mas António Vaz tem uma predileção especial pela taça de vencedor do Torneio Popular de Setúbal, de 1956/1957. “Não há amor como o primeiro.”

São estas e outras histórias que os dirigentes consideraram importante compilar, catalogar e inventariar para que os visitantes possam usufruir destes quase sessenta anos de dedicação ao desporto. “Nós sempre tivemos interesse pela história e de ir em busca dos documentos relacionados com o clube. Achámos que era uma boa altura para aceitar o desafio da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, para procedermos à organização do espólio”, salienta Nuno Soares, vice-presidente dos “Amarelos” e responsável pelo projeto do “Espaço Museu”. A organização dos perto de trezentos troféus e dos 605 recortes de jornais, guardados desde os anos 70, foi possível graças ao trabalho e à dedicação dos sócios António Carinhas, António Lopes e António Vaz. O próximo grande objetivo da coletividade é avançar para o museu virtual no âmbito da “Rota do Associativismo”, numa parceria com a Fundação Montepio e com a Fundação Calouste Gulbenkian, para que o clube fique ao alcance de todos.


26SETÚBALjulho|agosto|setembro15

História

INÍCIO. Gravura de M. M. Bordallo Pinheiro sobre a Revolta da Maria da Fonte, verificado em maio de 1846 no Minho, a génese de uma guerra civil que se estendeu a quase todo o País

Viso no palco da Patuleia Setúbal tem uma rua com o nome de Batalha do Viso. Apesar de muitos não saberem, a zona do Alto do Viso enfrentou um cenário de guerra, com mais de meio milhar de mortos. Tudo se deveu a uma revolta popular originada no Norte que se transformou numa guerra civil generalizada a quase todo o País, com a duração de oito meses A revolta popular conhecida na história por “Maria da Fonte” começou na primavera de 1846, num contexto de grave crise económica e social de Portugal. O movimento popular e camponês do Minho ergueu-se contra as reformas autoritárias produzidas pelo governo de António Costa Cabral, um dos chefes do movimento constitucionalista, que, desde 1842, liderava o País. A rebelião foi o culminar de uma luta contra um processo sistemático de privatização e expropriação dos bens públicos. Começou com o marquês de Pombal, mas é com as leis de Mouzinho da Silveira, durante a primeira metade do século XIX, que se generaliza este processo. A proibição de enterrar os mortos nos adros das igrejas, o surgimento de novas exigências fiscais, o recenseamento da propriedade e a elaboração de matrizes prediais foram fatores que estiveram no centro dos protestos. Apesar de ter começado em Fonte Arcada, a revolta espalhou-se por todo o Minho com assaltos do povo às juntas de freguesia, apedrejadas e atacadas com todas as armas que tinham à mão. O povo tomava as aldeias e vilas e fazia juntas revolucionárias, que ameaçavam estender-se a cidades como Porto e Santarém.

Da revolta à guerra Mais tarde, com o envolvimento dos militares e a participação de todo o espetro político, aquilo que tinha começado como um movimento de contestação popular desembocou num confronto generalizado, que se manteve por oito meses, pouco mais de uma dezena de anos após o fim da guerra civil de 1828-1834. Para derrotar os populares envolvidos na de-

signada Revolta da Patuleia, o governo português pediu a intervenção dos exércitos inglês e espanhol, que, em 1847, entraram no País, por mar (ingleses) e por terra (espanhóis). O confronto registou o envolvimento das principais forças nacionais organizadas que agiam no espaço público de então – constitucionais, cartistas e miguelistas. Contou, igualmente, com a participação diplomático­ ‑militar de Espanha e Inglaterra e ainda com a intervenção francesa, ao abrigo dos acordos da Quádrupla Aliança, que permitiam a intervenção dos países signatários – Portugal, Espanha, França e Inglaterra –, se qualquer um deles estivesse em risco de regressar ao absolutismo. Os constitucionais eram partidários da Constituição liberal de 1822. Distinguiam-se, de entre eles, os setembristas, que defendiam a Constituição de 1838, baseada na de 1822, e que tinha sido aprovada graças à eclosão de uma revolução em setembro de 1836. Tratava-se de uma constituição que limitava fortemente o poder real.

Os cartistas eram partidários da Carta Constitucional outorgada por D. Pedro IV ao reino em 1826, que dava ao soberano uma forte capacidade de intervenção sobre o Governo do País através do exercício do poder moderador. Tinham por líder Costa Cabral, um antigo radical constitucional, que, em 1842, repusera em vigor a Carta, graças a um golpe de estado, e que contava com um movimento de apoio, os cabralistas.

A chegada a Setúbal A 11 de abril de 1847 rebentam tumultos em Lisboa. As tropas inglesas e espanholas estacionam ali e o Governo destaca o brigadeiro Simão da Costa Pessoa, conde de Vinhais, para as colinas de Azeitão, de forma a impedir o avanço sobre Lisboa das forças patuleias estacionadas em Setúbal. Cinco dias depois, as forças enfrentam-se na batalha do Alto Viso, às portas da cidade, onde os patuleias perdem quinhentos homens. O combate termina de forma indecisa por um

Destroços humanos Um dos médicos que vivenciaram a Batalha do Viso, Manoel Joze Rocha, relata no livro “Cirurgia e medicina, clínica positiva” a perturbação e o horror dos setubalenses após o dia da batalha, que considera “um embate muito sangrento”. As forças de Sá da Bandeira perderam mais de meio milhar de homens. O cirurgião conta no seu livro que as colunas do general foram “varridas por metralha a tiro de pistola”. Do outro lado, das forças do conde de Vi-

nhais, leais à rainha, o balanço foi, nas contas do cirurgião, de “cento e quatro feridos de todas as armas, dezoito prisioneiros e setenta mortos”. De acordo com o relato do médico-cirurgião, os feridos foram levados para o Palácio do Sapal, o edifício do antigo Governo Civil na Avenida Luísa Todi, onde se estabeleceu um “hospital de sangue”. Entre os feridos mais graves contava-se um soldado que estava “ferido de bala” na testa.

armistício negociado pelo comandante inglês do navio HMS Polyphemus, presente na foz do Sado. Em “A Batalha do Viso e a Revolta da Patuleia em Setúbal”, o historiador Álvaro Arranja escreve que a vila serviu como “ponto de união da população descontente e de proteção contra o exército apoiante da rainha D. Maria II” e “entre 3000 a 4000 pessoas organizaram-se para contestar o poder, vindas do norte, centro e sul do País”. De um lado, estavam as forças fiéis a D. Maria II, comandadas pelo conde de Vinhais. Do outro, a Junta Insurrecional, liderada pelo setembrista general Bernardo de Sá Nogueira, visconde de Sá da Bandeira. A 2 de maio, o coronel Wylde, mediador inglês, envia uma descrição pormenorizada da batalha, na qual explica que o ataque começou com “grande entusiasmo” e que “a força dos insurgentes era quase de quatro mil infantes, e duzentos e trinta cavalos”. As muralhas e os 13 baluartes seiscentistas construídos na sequência da Restauração da Independência de 1640 por se temerem novas invasões espanholas serviram para a vigília e proteção da vila. Os vestígios destas edificações militares ainda hoje são visíveis em diversos pontos da cidade. Fontes “A Batalha do Viso e a Revolta da Patuleia em Setúbal”, Almeida Carvalho. Organização, Prefácio e Notas de Álvaro Arranja, Centro de Estudos Bocageanos, Setúbal, 2013 “Cirurgia e medicina, clínica positiva”, Manoel Joze da Rocha, 1853 “Duas palavras ao autor do esboço histórico de José Estêvão ou refutação: da parte respetiva aos acontecimentos de Setúbal em 1846-1847, e a outros, que com aquelas tiveram relação”, Almeida Carvalho, Lisboa, 1863


Talento ao serviço do associativismo

Pessoa

José Rodrigues dos Santos, ou melhor, mestre Azoia, alcunha que ganhou da terra, perto de Sesimbra, onde o avô paterno era moleiro, foi um ícone nas mais antigas coletividades de cultura e recreio locais. Nascido em 1916 em Setúbal, no seio de uma família humilde, sonhou desde cedo ser artista no mundo da música. Depois de várias tentativas frustradas, começou a

tocar as primeiras notas ao piano com os ensinamentos de uma espanhola, Margarita Palmer y Mejia, pianista na Sociedade Musical Capricho Setubalense, instituição onde a mãe de Azoia trabalhava como encarregada dos figurinos dos atores das peças ali levadas a cena. A estreia em público aconteceu tinha Azoia 13 anos. Foi na Capricho. As lições foram de tal modo aprendidas que um dia em que a professora, doente, faltou, foi ele quem abrilhantou o baile. A partir daí nunca mais parou. Frequentou o liceu, mas desistiu, com 14 anos, para ajudar no sustento da casa. Entre notas de música e teclas de piano, o mestre Azoia passou pelo palco como ator. Como assistia aos ensaios das peças de teatro na Capricho, depressa ganhou o gosto por esta arte. As marchas fazem também parte do seu registo enquanto artista. Em 1949, escreveu a marcha do VII Centenário do Fórum de Setúbal,

Estória

Joia do renascimento

As catorze pinturas que fazem parte do retábulo do altar-mor da igreja do Convento de Jesus, atualmente expostas na Galeria Municipal do Banco de Portugal, formam um conjunto representativo das artes do período renascentista português. Desde o encerramento do Convento de Jesus, há vinte e três anos – monumento nacional que reabriu agora parcialmente graças a obras de requalificação – que as pinturas se encontravam instaladas numa edificação anexa ao antigo balneário Doutor Paula Borba, utilizadas pelo Museu de Setúbal. O retábulo encontra-se, desde a abertura da Galeria Municipal do Banco de Portugal, em setembro de 2013, instalada neste equipamento cultural, que recebeu parte do espólio do Museu de Setúbal/Convento de Jesus.

O conjunto de pinturas pode ser admirado na exposição de longa duração “Tesouros do Museu de Setúbal/ Convento de Jesus”. Com a conclusão do projeto geral de modernização do Convento de Jesus, voltará ao monumento. O retábulo tem uma disposição narrativa em três histórias. “A Paixão de Cristo”, na parte superior do conjunto, com “Cristo e a Verónica”, “Cristo a ser pregado na cruz”, “Calvário”, “Deposição”, “Ressurreição”, “Anunciação”, e com o “Calvário”, tábua de maiores dimensões, ao centro. Por baixo, a série representativa da “Infância de Jesus” ou das “Alegrias da Virgem”, com “Anunciação”, “Presépio”, “Assunção da Virgem”, “Adoração dos Reis Magos” e “Apresentação do menino no templo”. Por fim, a série dos “Santos Franciscanos”,

ontem

“Setúbal das Sardinhas”, a que se juntaram outras, o que lhe valeu a conquista de diversos primeiros prémios. Inspiração para outros artistas setubalenses, como Piedade Fernandes e Georgette de Jesus, Azoia não confinou a atividade artística à Capricho. Estendeu-a a outras coletividades. Conta ainda participações em coletividades como os Ídolos da Praça e a União Setubalense. E escreveu e musicou uma revista infantil para a Casa dos Pescadores de Setúbal, com o título “A gente do mar”, que se tornou um sucesso na época. No TAS – Teatro Animação de Setúbal, trabalhou para o musical “Luiza Todi” e para a revista “À Coca”. Homem multifacetado, praticou hóquei em patins na escola do Clube Naval, onde se lesionou e ficou coxo. A vasta produção artística em Setúbal contribui para que recebesse, em 1991, a Medalha de Mérito Distrital e, no ano seguinte, a Medalha

com “Aparição do Anjo a Santa Clara, Santa Inês e Santa Coleta”, “São Boaventura, Santo António e São Bernardino de Siena”, “Santos Mártires de Marrocos” e “Estigmatização de São Francisco de Assis”.

de Honra da Cidade, na classe Atividades Culturais. A 28 de fevereiro de 2004, a Câmara Municipal, em colaboração com algumas coletividades, homenageou o mestre Azoia num espetáculo que durou cinco horas no Fórum Luísa Todi. José Rodrigues do Santos morreu em fevereiro de 2006, quase a completar 90 anos.

A importância artística e histórica deste grupo de gravuras pintadas a óleo sobre madeira de carvalho é ainda dada a conhecer no projeto “...Aqui há tesouros!”, promovido pela Câmara Municipal, a decorrer

A Avenida Luísa Todi, quase cinquenta anos depois da primeira imagem, de Américo Ribeiro, registada em 1961, recuperou o estatuto de passeio público. A principal avenida da cidade, após décadas em que foi perdendo fulgor enquanto local de fruição para moradores e visitantes, é hoje, de novo, um espaço privilegiado de usufruto público, além de via de ligação do centro da cidade, como mostra a fotografia recente, de Mário Peneque. Esta imagem foi tirada da varanda do café-concerto do Fórum Municipal Luísa Todi, local que simboliza um dos muitos investimentos feitos ao longo dos últimos anos de recuperação de edifícios nesta avenida.

memória

27SETÚBALjulho|agosto|setembro15

durante o ano letivo. As crianças a partir dos 5 anos dos jardins de infância e das escolas do 1.º ciclo assistem a uma animação com duas personagens – o mestre Jorge Afonso, a cuja oficina de Lisboa é atribuída a autoria da obra, executada nos períodos entre 1519 e 1530, e a rainha D. Leonor, mulher de D. João II, que a terá encomendado, estabelecem um diálogo sobre a pintura renascentista, com referência ao retábulo. Os participantes na atividade ficam a conhecer, de uma forma informal e lúdica, o processo que levou à criação desta obra de arte, bem como aspetos associados à produção das tintas, ao aparecimento da pintura a óleo e à organização das oficinas de artes plásticas, que incluíam mestre, praticantes e aprendizes.

hoje


plano seguinte

28SETÚBALjulho|agosto|setembro15

A cidade está cada vez mais voltada para o rio. Porque o horizonte de Setúbal vai muito além do Sado, a zona ribeirinha recebe a Semana do Mar. O debate sobre cruzeiros na cidade durante um seminário internacional e visitas aos navios Sagres e Creoula e à caravela Vera Cruz são alguns apelativos. Esta é uma semana que deixa água na boca

Setúbal faz-se ao mar Um seminário internacional sobre turismo de cruzeiros, uma regata e visitas aos navios Sagres e Creoula e à caravela Vera Cruz são algumas atividades da Semana do Mar, a decorrer entre os dias 20 e 27 de setembro em Setúbal. O evento, uma parceria da Câmara Municipal e da APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, com os contributos da Marinha Portuguesa e da Aporvela, volta a celebrar a relação entre a cidade e o rio Sado com um conjunto de iniciativas pensadas para a população e para profissionais

ligados direta ou indiretamente ao setor náutico. Um dos pontos altos do programa da Semana do Mar é o II Seminário Internacional – Cidades Portuárias e a Relação Porto-Cidade “Oportunidades para o turismo em Setúbal: cruzeiros e marítimo-turística”. O programa do encontro, dia 24, no Fórum Municipal Luísa Todi, inclui, na abertura, os contributos do secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, bem como da presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, e do presidente do Conselho de

Administração da APSS, Vítor Caldeirinha. “O Mercado dos Cruzeiros” e “Oportunidades para o turismo de cruzeiros em Setúbal” são temas de debate integrados na programação do encontro, com a participação de responsáveis associados ao setor marítimo-turístico. Ao longo da Semana do Mar, entre os dias 20 e 27, na antiga lota, está patente uma exposição fotográfica intitulada “Tradições da Pesca e Circuito do Pescado”. O seminário “Educação, Formação Marítimo-Portuária e Empregabi-

lidade”, particularmente orientado para profissionais do setor náutico, e as visitas guiadas “Conversas sobre as artes de pesca” e “Simulação da pesagem e primeira venda de pescado” são outras das atividades previstas. No decorrer do programa da Semana do Mar é possível realizar visitas aos navios Sagres e Creoula e à caravela Vera Cruz. As visitas abertas à população em geral, com exceção das que estão reservadas para a comunidade educativa, requerem marcação prévia junto do Gabinete da Juventude da Autarquia.

Durante a iniciativa Veleiros ao Luar, a funcionar como uma extensão do Festival da Ostra, são servidos aqueles moluscos, junto de veleiros acostados, em ambiente de certame gastronómico animado com música. Batismo de mar pela Marinha Portuguesa, uma regata de cruzeiro e um desfile náutico com a largada dos navios acostados em Setúbal completam a festa desta segunda edição da Semana do Mar. O programa pode ser consultado nas páginas www.mun-setubal.pt e www.portodesetubal.pt.

Receção à escola

Passeio mostra zonas cicláveis Centenas de ciclistas são esperados no V Setúbal Bike Tour, passeio cicloturista a realizar a 11 de outubro, a partir das 09h00, em ritmo lúdico, num circuito urbano com 16 quilómetros de extensão. Com grau de dificuldade baixo, o evento promove o convívio entre cicloturistas e dá a conhecer zonas cicláveis na cidade. As inscrições, no

valor de dois euros, devem ser feitas até 6 de outubro. Os interessados em participar na iniciativa, dos 13.os Jogos do Sado, organizada pela Câmara Municipal em parceria com o Núcleo de BTT de Vila Fresca de Azeitão, podem recolher mais informações através do endereço bttvilafresca@gmail.com ou pelo telefone 916 747 596.

A Autarquia dá as boas-vindas à comunidade educativa 2015/16 com um programa de atividades entre setembro e outubro, com destaque para uma cerimónia de receção. Professores, pessoal não docente, encarregados de educação e alunos são recebidos no encontro de convívio a 8 de outubro, às 18h00, no Convento de Jesus. As inscrições, feitas pelo telefone 265 547 925 ou pelo endereço eletrónico diedu@mun-setubal.pt, estão aber­tas até 30 de setembro. No âmbito do programa, o vereador da Educação, Pedro Pina, realiza visitas às escolas até 5 de outubro. O programa inclui ainda a III Conferência Anual de Educação (ver pág. 20) e atividades como formações para pais, palestras, concertos e eventos desportivos.

Jovens desfilam no Livramento Mais de vinte jovens, dos 15 aos 20 anos, desfilam na oitava edição da Moda Sado, que apresenta, a 18 de outubro, as coleções outono/inverno das lojas da Baixa comercial. O Mercado do Livramento recebe, às 21h30, além dos modelos de lojas da Baixa, propostas mais arrojadas da estudante de design de moda Benedita Formosinho.

A Moda Sado é organizada pela Câmara Municipal, com o apoio da agência Best Models, e conta com a coordenação técnica de Ana Sobrinho, ex-miss Portugal e empresária de moda. Alguns dos jovens podem ser agenciados como manequins, o que representa uma porta de entrada no mundo da moda.


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