Jornal Municipal - Out | Nov | Dez'14

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SETÚBAL

Festa a postos junto do Sado pág. 28

JORNAL MUNICIPAL.dezembro 2014.ano 14.n.º54

Comércio total Abertura do Alegro marca nova era na economia local. Baixa atravessa período de fulgor com atividade cativante para clientes págs. 4 a 7 e visitantes

Orçamento municipal reforça consolidação financeira

pág. 12

Tremoço elevado a estatuto de pitéu Jovens setubalenses surpreendem com pág. 25 patê improvável

Futuro chega aos Sapadores

Bela Vista é de todos Atelier de tricot e crochet ajuda a partilhar experiências e até atrai quem vive fora do bairro págs. 14 e 15

págs. 16 e 17 pág. 28

Espírito de Natal contagia concelho


2SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

sumário

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SETÚBAL 54 2014.ano 14.n.º IPAL.dezembro JORNAL MUNIC

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Natal Espírito de nc contagia co elho

4  PRIMEIRO PLANO  O comércio está em alta em Setúbal. O Alegro abriu portas a uma nova realidade, num espaço que concilia modernidade e inovação, e a Baixa responde com iniciativas que atraem os clientes. 8  LOCAL  Um conjunto de obras de requalificação da rede viária está a mudar a cidade. Novos equipamentos servem um município dotado de uma gestão com preocupações de rigor financeiro. 13  FREGUESIA  Um polo operacional concentra serviços de limpeza da União das Freguesias de Setúbal. A Gâmbia melhorou a imagem da Quinta da Amizade e S. Sebastião tem uma assembleia do futuro. 14  PLANO CENTRAL  Na Bela Vista, velhos nem os trapos. Um atelier de tricot e crochet, dinamizado por munícipes no âmbito do “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, é um hino ao convívio e à partilha de experiências. 16  SEGURANÇA  A capacidade operacional dos Bombeiros Sapadores melhorou com o reforço de viaturas e equipamentos graças a uma candidatura municipal. Os Voluntários também são apoiados pela Autarquia. 18  DESPORTO  O tapete sintético do Campo Municipal da Várzea já está em funcionamento para gáudio dos Pelézinhos. A cidade continua a marcar pontos na atividade desportiva, incluindo a pesca. 19  TURISMO  Um projeto académico procura contribuir para o aumento da qualidade do setor turístico, numa aposta na sustentabilidade. As iniciativas associadas ao Sado continuam a ser aposta segura. 20  CULTURA  O regresso dos Disto & Daquilo, uma exposição de José Mouga, e mais, nos dois anos da Casa da Cultura. As artes estão em foco também com mostras de Rogério Chora e sobre o Finuras. 22  EDUCAÇÃO  Figuras públicas e instituições são padrinhos ativos dos estabelecimentos de ensino, no âmbito do projeto “Uma Escola, Um Amigo”. Setúbal acolhe bem a comunidade educativa. 23  ACADEMIA  Uma aluna da Escola Superior de Tecnologia levou à NASA um revestimento protetor de ligas de magnésio. A Escola Superior de Saúde associa deficiências de mastigação a problemas da fala. 24  RETRATOS  Verdadeiras obras de arte nascem do ouro e da prata num atelier de joalharia de Azeitão. A Officina Bellu Conti produz trabalhos personalizados únicos, alguns já premiados. 25  INICIATIVA  O empreendedorismo não para de surpreender. Um engenheiro de automação, um mestre em engenharia biológica e um estudante de marketing inventaram uma gama de patês de tremoço. 26  MEMÓRIA Quinze minutos abalaram a vila de Setúbal, a 1 de novembro de 1755, quase a destruindo e matando um terço da população. Meio século depois nasceu o visionário José Maria da Fonseca. 28  PLANO SEGUINTE  O Natal anima a cidade e Azeitão, com um conjunto de iniciativas culturais e de lazer que se prolonga até 2015. Como já se tornou hábito, o novo ano é festejado nas duas margens do rio.

informações úteis

Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: SMCI/Serviço Municipal de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Frederico Campos, Hugo Martins, Marco Silva, Raquel Proença, Susana Manteigas Fotografia: José Luís Costa, Mário Peneque, Nuno Gaspar (foto da Escola Lima de Freitas) Paginação: Humberto Ferreira Impressão: Daniel & Lino, Lda. Redação: SMCI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal Telefone: 265 541 500 E-mail: smci@mun-setubal.pt Tiragem: 8000 exemplares Distribuição Gratuita Depósito Legal N.º 183262/02

Sugestões e informações dirigidas a este jornal podem ser enviadas ao cuidado da redação para o endereço indicado nesta ficha técnica.

Câmara Municipal

Turismo

Paços do Concelho Praça de Bocage 265 541 500 | 808 200 717 (linha azul) Gabinete da Presidência gap@mun-setubal.pt Departamento de Administração Geral e Finanças | daf@mun-setubal.pt Gabinete da Participação Cidadã gapc@mun-setubal.pt

Casa da Baía de Setúbal Centro de Promoção Turística Av. Luísa Todi, 468 265 545 010 | 915 174 442

Edifício do Banco de Portugal Rua do Regimento de Infantaria 11, n.º 7 265 545 180 Departamento de Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclusão Social Departamento de Recursos Humanos Edifício Sado Rua Acácio Barradas, 27-29 265 537 000 Departamento de Ambiente e Atividades Económicas daae@mun-setubal.pt Departamento de Obras Municipais dom@mun-setubal.pt Departamento de Urbanismo Gabinete de Apoio ao Consumidor Mercado do Livramento, 1.º andar 265 545 390 Gabinete de Apoio ao Empresário Av. Belo Horizonte – Escarpas de Santos Nicolau 265 545 150 gae@mun-setubal.pt SEI – Setúbal, Etnias e Imigração Rua Amílcar Cabral, 4-6 265 545 177 | Fax: 265 545 174 sei@mun-setubal.pt Gabinete da Juventude Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 gajuve@mun-setubal.pt

Posto Municipal de Turismo - Azeitão Praça da República, 47 212 180 729 Loja municipal “Coisas de Setúbal” Praça de Bocage – Paços do Concelho coisasdesetubal@mun-setubal.pt

espaços culturais Biblioteca Pública Municipal Serviços Centrais Av. Luísa Todi, 188 265 537 240 Polo da Bela Vista Rua do Moinho, 5 265 751 003 Polo Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra Estrada Nacional 10, Pontes 265 706 833 Polo de S. Julião Pct. Ilha da Madeira (à Av. de Angola) 265 552 210 Polo Sebastião da Gama Rua de Lisboa, 11, V. Nogueira Azeitão 212 188 398 Fórum Municipal Luísa Todi Av. Luísa Todi, 61-67 265 522 127 Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 Museu de Setúbal/Convento de Jesus Exposição de longa duração Avenida Luísa Todi, 119 265 537 890

Museu do Trabalho Michel Giacometti Utilidade Pública Lg. Defensores da República 265 537 880 Loja do Cidadão Av. Bento Gonçalves, 30 – D Casa Bocage 265 550 200 Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro Balcão CMS: 265 550 228/29/30 Rua Edmond Bartissol, 12 265 229 255 Piquete de água 265 529 800 Piquete de gás 800 273 030 Museu Sebastião da Gama Eletricidade 800 505 505 Rua de Lisboa, 11 Vila Nogueira de Azeitão Urgências 212 188 399 SOS 112 Casa do Corpo Santo Intoxicações Museu do Barroco 217 950 143 Rua do Corpo Santo, 7 SOS Criança 265 534 402 808 242 400 Cinema Charlot – Auditório Municipal Linha Saúde 24 Rua Dr. António Manuel Gamito 808 242 424 265 522 446 Hospital S. Bernardo 265 549 000 equipamentos Hospital Ortopédico do Outão desportivos 265 543 900 Companhia Bombeiros Sapadores Complexo Piscinas das Manteigadas 265 522 122 Via Cabeço da Bolota 265 729 600 Linha Verde CBSS 800 212 216 Piscina Municipal das Palmeiras Bombeiros Voluntários de Setúbal Av. Independência das Colónias 265 538 090 265 542 590 Proteção Civil 265 739 330 Piscina Municipal de Azeitão Rua Dr. Agostinho Machado Faria Proteção à Floresta 212 199 540 117 Capitania do Porto de Setúbal Complexo Municipal de Atletismo 265 548 270 Estrada Vale da Rosa Comissão Proteção Crianças 265 793 980 e Jovens de Setúbal 265 550 600 Pavilhão Municipal das Manteigadas PSP Via Cabeço da Bolota 265 522 018 265 739 890 GNR Pavilhão João dos Santos 265 522 022 Rua Batalha do Viso 265 573 212


editorial

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Temos muito para dar A afirmação de Setúbal como a grande capital que é continua a ser feita com enorme intensidade pelos vários protagonistas da vida local. No que diz respeito à Câmara Municipal, temo-lo feito de variadíssimas formas, entre as quais a requalificação urbana da cidade e do concelho, tornando-os mais atrativos para os que nos visitam e criando mais qualidade para os que cá vivem. Estamos convencidos de que, por esta via, criaremos mais e melhores condições para o desenvolvimento sustentado, para a criação de mais riqueza, para o aumento do número de turistas que nos visitam. O aumento gradual e sustentado da procura de Setúbal como destino turístico confirma, aliás, esta nossa visão. De acordo com dados do INE, registou-se, este ano, um crescimento de 16 por cento de dormidas no concelho apenas no período entre janeiro e agosto, crescimento que parece ser a continuação

Vamos continuar a trabalhar para reforçar o posicionamento e a notoriedade de Setúbal

como destino turístico

da tendência verificada desde 2013, em que a subida deste indicador em relação ao ano anterior foi de cerca de 11 por cento. Tais números são ainda mais relevantes quando comparados com os 4,8 por cento de aumento do número de dormidas a nível nacional e de 6,4 por cento na Área Metropolitana de Lisboa. Vamos continuar a trabalhar para reforçar o posicionamento e a notoriedade de Setúbal como destino turístico, aumentando

a perceção de valor de destino por parte de visitantes nacionais e estrangeiros. Quem nos visita sabe bem, aliás, que temos muito para dar, em especial e de forma integrada produtos associados aos segmentos Sol e Mar, tradicional e ativo, Touring, nas áreas rural, descoberta e citadino, e Gastronomia e Vinhos. O que estamos a fazer é “apenas” aproveitar todo este enorme potencial. Os números indicam que estamos no bom caminho. O Centro Comercial Alegro Setúbal, inaugurado em novembro, corresponde a uma forma de comércio que transformou, definitiva e obrigatoriamente, o tecido comercial do nosso país. Na Câmara Municipal de Setúbal acreditamos, porque conhecemos intenções de investimento que apontam nesse sentido, que será também um potenciador para que todo o comércio local se renove, se modernize, ainda que os tempos sejam complexos e até mesmo de asfixia dos pequenos e médios negócios, com uma carga fiscal brutal e injusta de que é o mais acabado exemplo a taxa de IVA que a restauração é obrigada a praticar. A autarquia continuará, contudo, empenhada na transformação urbana das principais zonas centrais e de comércio da cidade, requalificando-as para que atraiam mais gente, mais consumidores. Fizemo-lo com a criação de novos polos de atração, como é o caso do Fórum Municipal Luísa Todi e da Casa da Cultura, da Casa da Baía, da Galeria de Arte do Banco de Portugal ou com a instalação no Quartel do Onze de uma escola de hotelaria que traz, diariamente, à zona mais e novos utentes. O apoio municipal às mais recentes iniciativas de animação da Baixa comercial é outro dos exemplos que evidenciam o nosso profundo interesse em criar condições para que estas zonas continuem a ser espaços comerciais de oferta qualificada e diversificada, capazes de atrair cada vez mais consumidores. Claro que ainda temos muito para fazer. Mas não podemos nem queremos fazê-lo sozinhos. Precisamos do empenho franco e aberto de todos, em particular dos mais interessados nestas questões, para que possamos ultrapassar tempos difíceis; para que possamos, também, mudar o paradigma da prestação de serviços comerciais que hoje temos em muitas zonas da cidade. Sabemos que esta caminhada será longa, recheada de dificuldades, mas também sabemos que, juntos, temos capacidade e força para chegar a bom porto. A todos(as) um Feliz Natal e um Bom Ano Novo.

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal


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Setúbal inspira Alegro A modernidade e a inovação unem-se no Alegro, o novo espaço comercial da cidade. Há lojas e serviços para todos os gostos e idades, salas de cinema de última geração e espaços para entreter os mais novos. Tudo num edifício vanguardista, com traços da identidade setubalense, instalado numa área alvo de uma profunda reabilitação urbanística

primeiro plano

A

o longo de vinte meses, a cidade assistiu, passo a passo, à concretização de uma complexa obra de engenharia e arquitetura. O Alegro é mais do que um equipamento de comércio. É um espaço de lazer e entretenimento, de portas abertas a todas as gerações. Traços de Setúbal saltam à vista à chegada ao Alegro. O rio, a serra e a baía dão as boas-vindas nas portas de entrada do moderno espaço comercial, um edifício de referência que tanto aposta na inovação tecnológica como na sustentabilidade ambiental. Há mais de uma centena de lojas, uma dezena de restaurantes, nove salas de cinema de última geração e um ginásio, sob um teto, parcialmente transparente, que em dias de céu limpo lembra a leveza azul do Sado. Máquinas de costura, cabides e cartolas de outros tempos decoram as paredes dos acessos pelos três pisos subterrâneos de estacionamento e indicam aos clientes a localização do núcleo comercial Alegro. No lado oposto, pela porta da Baía, são carrinhos de compras a remeter para a loja Jumbo.

O edifício, criado de acordo com a mais exigente certificação ambiental, inclui sistemas de aproveitamento de águas pluviais para rega e lavagem, iluminação com tecnologia LED, mais eficiente e com consumos menores, a par de plantas naturais no interior do imóvel para renovação do ar. Entre as 114 lojas disponíveis no Alegro Setúbal com diversas insígnias do mercado nos mais variados setores, destaque para uma FNAC, assim como para uma Mango, com a primeira megastore em Portugal,

e uma H&M, a segunda maior do País. Na praça da restauração, há uma grande esplanada exterior virada a poente, inspirada em vários conceitos arquitetónicos. O espaço oferece uma vista privilegiada para a cidade e a Arrábida, tal como duas varandas, para fumadores, localizadas a sul. Experiências para ver, fazer e sentir são proporcionadas, em breve, na “Experience Box”, projeto que inclui a instalação de uma estrutura modelar, com aplicações diversas,

para a dinamização de workshops e cursos, assim como para a realização de exposições temporárias. No exterior do centro comercial há uma ampla área destinada ao lazer e entretenimento a descobrir, com parques infantis, um campo de jogos, uma parede de escalada e um vasto jardim com máquinas desportivas. O Alegro Setúbal foi criado a partir da renovação do hipermercado Jumbo, espaço comercial presente na cidade há 22 anos, com um total de 11.150 metros quadrados de área,

CARACTERÍSTICAS DA OBRA POSIÇÃO. A Immochan investiu 110 milhões de euros em Setúbal. É o terceiro centro comercial da marca Alegro a ser criado em Portugal e o único espaço desta tipologia de comércio aberto no País nos últimos dois anos.

DESIGN. O projeto de arquitetura do Alegro Setúbal foi desenvolvido pela Sua Kay Arquitectos. O mobiliário e a sinalética, criados pelo designer português Pedro Gomes, deram origem a 14 produtos exclusivos para o centro comercial.

TECNOLOGIA. Paredes digitais que interagem com o público, mesas que se assemelham a tablets gigantes e elevadores panorâmicos que criam um cenário de ecrãs LED em movimento são exemplos do pioneirismo tecnológico.

LAZER. Além da área comercial, há equipamentos para miúdos e graúdos usufruírem, como parques infantis, um campo de jogos e uma parede de escalada, a par de jardim e varandas com vista para a cidade e a Arrábida.

AMBIENTE. Este é o primeiro edifício do País a respeitar completamente a BREEAM – Bilingue Research Establishment Environmental Assessment Method, a certificação ambiental mais exigente a nível internacional.


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Arte volta a casa

o qual foi também intervencionado no âmbito deste investimento. A reabilitação da loja, que agora incorpora a zona da Box, dedicada a novas tecnologias e equipamentos domésticos, permitiu tornar este espaço num dos mais modernos, com a introdução de serviços como o Avulso, de venda a granel, e o Drive, para compras online e entregas na viatura particular estacionada numa área dedicada. O investimento de 110 milhões de euros para a construção do Alegro impulsionou, igualmente, uma

transformação urbanística na entrada norte de Setúbal que cria uma ligação entre o centro comercial e a cidade (ver caixa).

Inovação em português A experiência digital é um dos destaques do Alegro. A tecnologia de vanguarda, desenvolvida pela empresa Edigma, complementa o mobiliário e a sinalética criados em exclusivo para o espaço pelo atelier de Pedro Gomes. Tudo com assinatura em português.

A arte está em toda a parte. A cidade e o Alegro sabem disso. Ao longo da construção do centro comercial, a população setubalense foi envolvida num processo criativo que resultou na produção de um conjunto de oito manifestações culturais. Várias formas e expressões artísticas foram utilizadas por fotógrafos, graffiters e designers, a par de outros artistas locais, nacionais e internacionais, para retratar a identidade de Setúbal, com pessoas, costumes e sentimentos, a fauna, a flora e o próprio Alegro. Começou com arte urbana exposta em tapumes que alindaram a obra, agora colocados numa das fachadas. Continuou com Bisnau, uma réplica de golfinho criada a partir de lixo recolhido no mar e que hoje embeleza a porta da baía, envolta num espelho de água. Num dos pisos subterrâneos, estão patentes as restantes intervenções do “Arte em Toda a Parte”, como os desenhos que decoraram três camiões betoneiras ou a reprodução fotográfica do mural em graffiti criado a partir de uma imagem de Américo Ribeiro. Ali, estão ainda os rostos de três dezenas de setubalenses fotografados, outdoors que formaram uma galeria ao ar livre, materiais de construção convertidos em obras de arte e um antigo bote, decorado com 20 mil pioneses dourados, numa alusão aos marítimos da cidade sadina.

44.000 27.000 2600 1500 364 115 110 20 10 9 1

N ÚM E RO S

Pelos corredores, há ecrãs que interagem à passagem das pessoas, com informações úteis ou a anunciar eventos. A interação também está patente nos dois elevadores panorâmicos interiores, que, em movimento, criam cenários digitais. Em pequenas estações, zonas tecnológicas com iluminação e energia dedicadas, é dada a oportunidade de os clientes utilizarem os seus equipamentos portáteis, em momentos de trabalho ou de lazer. Em todo o lado, disponível gratuitamente, está uma rede sem fios. Na praça da restauração, o mobiliário é essencialmente feito em madeira. Há diferentes áreas temáticas, com características adaptáveis a vários momentos de fruição, seja uma refeição mais demorada, em família, numa zona dedicada, ou um snack ligeiro, degustado num dos sofás. Já as mesas são tablets gigantes. A inovação tecnológica proporciona jogos para os miúdos e um conjunto de conteúdos e funcionalidades para os graúdos, como o acesso a jornais digitais, informações meteorológicas e um mapa interativo do Alegro.

metros quadrados construídos metros quadrados com lojas lugares de estacionamento postos de trabalho Alegro no mundo lojas em dois pisos milhões de euros investidos meses de obras restaurantes salas de cinema health club

Cidade reabilita entrada A criação do Alegro Setúbal resultou na oportunidade para a Câmara Municipal avançar, em paralelo, com uma profunda intervenção de renovação urbanística naquela zona da cidade, dotando uma área de 221 mil metros quadrados de novas condições de vivência e usufruto. Uma das alterações mais relevantes foi concretizada na Avenida Antero de Quental, com um novo reperfilamento, via agora dotada de características mais urbanas e que, a par da envolvente, possui zonas de circulação pedonal, ciclovias, áreas ajardinadas e bolsas de estacionamento. Ao nível das acessibilidades rodoviárias, destaque para a criação de uma rotunda de grandes dimensões no nó de interseção do final da A12 com as avenidas Álvaro Cunhal, Antero de Quental e Pedro Álvares Cabral, assim como um novo viaduto de acesso à Nova Azeda. As obras, previstas no Plano de Urbanização da Entrada Norte da Cidade de Setúbal, incluíram a reabilitação das redes de saneamento e abastecimento de água daquela zona e impulsionaram a criação do emissário Ciprestes/Bonfim, com trabalhos igualmente em várias vias da cidade (ver página 8). Infraestruturas básicas, como passeios, redes de esgotos e águas e iluminação pública foram também criadas na envolvência do Alegro, em concreto numa zona que pode vir a receber um empreendimento habitacional, com arquitetura contemporânea.


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A primeira pedra do Alegro foi lançada no início de 2013. Em menos de dois anos, o que era um ambicioso projeto tornou-se uma realidade. O Alegro Setúbal foi revelado à população em ambiente de festa, numa cerimónia com vários apontamentos culturais. “A mais importante conquista alcançada por este novo espaço comercial setubalense é a vitória sobre o ceticismo”, afirmou a presidente da Câmara Municipal, a 11 de novembro, na cerimónia de inauguração. A autarca, ao sublinhar que o Alegro “corresponde a uma forma de comércio que transformou, definitiva e obrigatoriamente, o tecido comercial do País”, vincou que o investimento será “um potenciador para que todo o comércio local se renove e modernize”, apesar dos tempos complexos. Maria das Dores Meira salientou que, além das “limitações financeiras” impostas pelo Orçamento do Estado para as autarquias locais, este é um período de “asfixia dos pequenos e médios negócios, com uma

carga fiscal brutal e injusta, como a taxa de IVA que a restauração é obrigada a pagar”. Apesar de todas as restrições, garantiu que o Município continua “empenhado na transformação urbana das principais zonas centrais da cidade, requalificando-as para que atraiam mais gente e mais consumidores”. Setúbal “cresceu e avançou com projetos que há muito esperavam para sair da gaveta, com a imparável vontade de abrir à cidade um rio que esteve demasiados anos bloqueado, e com novas e ímpares condições para a criação cultural e artística”, frisou. A inauguração do novo espaço comercial contou com a participação do ministro da Economia, António Pires de Lima, que destacou a importância do investimento para Setúbal. “O Alegro Setúbal traz melhorias assinaláveis para Setúbal e para os setubalenses.” O governante, ao assinalar que este “é o maior investimento estrangeiro concretizado em Portugal este ano”,

primeiro

Estímulo à economia da cidade destacou o “empenho da presidente da Câmara Municipal de Setúbal na atração de mais investidores e oportunidades de negócio para a região”. A cerimónia de inauguração do Alegro Setúbal contou com vários momentos de animação, com música e demonstrações cénicas e de dança, a par de apontamentos festivos de índole cultural promovidos por algumas lojas.

Última geração “Com o Alegro Setúbal está preenchido um vazio na cidade”, afirmou o diretor-geral da Immochan, Mário Costa, ao frisar que “Setúbal era a

única capital de distrito que não tinha uma oferta deste tipo”. Destacou, ainda, que “os serviços e comércio” disponibilizados vão atrair “mais gente e negócios”. Mário Costa adiantou que são “muitas são as razões que fazem do Alegro um projeto único e especial”, porque “é o único equipamento comercial deste tipo a ser inaugurado em Portugal nos últimos dois anos”, e tendo em conta que, “finalmente, a região tem um centro comercial de última geração”. Já o diretor-geral da Immochan Internacional, Valentin Serrano, indicou que o Alegro Setúbal é “um exemplo de pioneirismo” que merece um destaque especial. “É diferente e

inovador e será uma fonte de inspiração para todos.” Para a concretização desta realidade, afirmou Mário Costa, foi fundamental a “excecional interação com a presidente da Câmara Municipal de Setúbal e a sua equipa, numa parceria empenhada em contribuir para a formulação de soluções para alcançar os objetivos do projeto”. Aquele responsável realçou que, “num período de profunda crise nacional, a Immochan acreditou no projeto e teve consciência da importância do investimento a nível regional e nacional”, nomeadamente com a contratação de empresas e fornecedores portugueses.


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plano

Baixa renova dinâmica A Baixa está diferente. Um conjunto de novas iniciativas impulsionadas pelos comerciantes com o apoio da Câmara Municipal renova a atratividade e estimula o comércio local. Há programas de animação, mais oportunidades de negócio, assim como decorações modernas e tradicionais a descobrir

A vida na Baixa é feita de música e de cor, de animação e de movimento. É feita de símbolos da identidade setubalense e da vontade dos lojistas de revitalizar o comércio local. É feita de estabelecimentos abertos fora de horas e de oportunidades de negócio imperdíveis. É feita de Setúbal. Cardumes de peixes, golfinhos e chocos, entre outros, confecionados com trapilho e linha, além de uma praia, construída a partir de metal e plástico, sem esquecer o mar, enfeitam as ruas Álvaro Castelões e Dr. Paula Borba, num trajeto entre os largos da Misericórdia e Francisco Soveral. A decoração tradicional, introduzida no âmbito da campanha municipal “Setúbal Mais Bonita” e impulsionada através de um projeto promovido por comerciantes, convive em harmonia com o novo mobiliário urbano instalado recen-

temente nos arruamentos do centro histórico (ver fotolegenda). Uma caminhada pela Baixa, além de um pretexto para ver as montras e fazer algumas compras, é uma oportunidade para um passeio de convívio e de descontração, momento acompanhado de um banda sonora regular que ecoa nas ruas. Artigos e serviços a preços bonificados, com uma panóplia de oportunidades de negócio e verdadeiras pechinchas, a par de momentos de animação cultural, somaram atrativos de uma feira outlet, realizada a 25 de outubro, que levou uma enchente à Baixa comercial. Vestuário e acessórios de moda, perfumes e cosmética e artigos de decoração foram alguns dos produtos em destaque e com preços convidativos na iniciativa que trouxe os estabelecimentos comerciais à rua, com zonas de mostra e venda instaladas no espaço público.

A iniciativa incluiu ainda, ao longo de todo o dia, um vasto programa de animação cultural, com apontamentos musicais e cénicos pelas ruas da Baixa e nos largos Francisco Soveral e da Misericórdia que centraram atenções das pessoas que aderiram ao evento.

Cheira a Natal!

com apontamentos musicais, dança e animação cultural pelas ruas. O Tocador de Realejo Orlandito, o tango argentino ao ar livre pelo professor Carlos Matias e o Grupo de Gaiteiros Bardoada marcaram presença neste programa de animação do centro histórico. Neste dia, vários espaços comerciais da Baixa aderentes a esta iniciativa de estímulo e dinamização

do comércio local estiveram abertos fora de horas e proporcionam um conjunto de promoções especiais e surpresas para setubalenses e visitantes. Esta foi a primeira iniciativa de um programa mais vasto, intitulado “Natal da Baixa”, com a zona comercial a receber, durante a quadra, um conjunto de apontamentos culturais e de atração turística.

As luzes tradicionais de Natal iluminam a cidade desde o final de novembro. Estão colocadas na Praça de Bocage e na Avenida Luísa Todi, numa iniciativa da Câmara Municipal, enquanto a decoração das ruas da Baixa ficou a cargo de comerciantes. Para celebrar o espírito natalício, a Autarquia, a União das Freguesias de Setúbal e comerciantes juntaram-se para oferecer um programa, dinamizado a 22 de novembro, intitulado “Na Baixa já cheira a Natal!”,

MODERNIDADE. A atratividade da Baixa comercial foi reforçada com novas floreiras, instaladas nas ruas Álvaro Castelões e Dr. Paula Borba, bem como em algumas vias adjacentes. As floreiras, um investimento municipal da ordem dos 7 mil euros, são constituídas por pequenas torres em aço corten, material nobre e moderno, esteticamente intemporal e que não necessita de manutenção. A operação foi concretizada no âmbito da estratégia do Município de criar novas dinâmicas de fruição desta área do centro histórico.


local

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Reforço na iluminação

A iluminação pública sai reabilitada e modernizada num investimento municipal superior a 75 mil euros que incluiu a substituição de lanternas de vapor de sódio por outras de tecnologia LED e o restauro de candeeiros. A operação, no centro da cidade, no âmbito do Plano de Otimização Energética Municipal, incidiu no início de novembro na conclusão dos trabalhos no Jardim do Quebedo e nos largos da Misericórdia e Francisco Soveral.

Obras otimizam trânsito As condições de mobilidade e de circulação automóvel em Setúbal saem melhoradas com a reabilitação de um conjunto de vias estruturantes. A adoção de novas soluções rodoviárias, com a criação de acessos e rotundas, impulsiona a beneficiação urbana em vários locais da cidade A otimização da distribuição de trânsito na cidade é assegurada com um conjunto de beneficiações viárias em curso, obras da Câmara Municipal enquadradas num plano integral de reabilitação viária que inclui a reabilitação de vias e a construção de infraestruturas rodoviárias. Na Avenida da Europa, a criação de uma rotunda na zona de confluência com a Avenida Independência das Colónias, permitiu a redução de tráfego na Avenida República da Guiné-Bissau, via para a qual está programada uma profunda reabilitação urbanística. A redistribuição de trânsito programada para a Avenida da Europa inclui, posteriormente, a construção de uma outra rotunda, a instalar na interseção com a Rua Manuel Joaquim Santana Reimão, que dá acesso à zona habitacional do Bairro do Liceu.

Na zona da Várzea, área para a qual está projetada a construção de um amplo parque urbano para usufruto da população, está igualmente em curso uma obra viária que corresponde à criação da primeira fase de uma via de ligação entre a Estrada dos Ciprestes e a Avenida da Europa. A reformulação do cruzamento nas imediações do Alegro Setúbal, com a construção de uma rotunda de grandes dimensões, com três vias de circulação, materializa mais uma das ações de requalificação urbana e de otimização viária em execução na cidade. Esta reestruturação do nó de interseção do final da A12 com as avenidas Álvaro Cunhal, Antero de Quental e Pedro Álvares Cabral é uma medida que permite uma maior fluidez no tráfego automóvel naquela que é uma das principais entradas na cidade.

A otimização e o reordenamento do esquema de circulação rodoviária impulsionado naquela área motivaram a criação de uma rotunda no cruzamento dos Quatro Caminhos, solução que permite melhorar ainda mais o escoamento do tráfego proveniente, sobretudo, da A12, e a passagem a prioridade na rotunda da Praça de Portugal.

Arruamentos mais urbanos No âmbito da requalificação de vias estruturantes da cidade, a Autarquia está a avançar com uma operação urbanística que dota um conjunto de vias de características urbanas renovadas, com prioridade para o usufruto público, e que promove, igualmente, o reordenamento de trânsito. Os trabalhos englobam operações nas avenidas Alexandre Hercula-

no e República da Guiné-Bissau e na Praça Vitória Futebol Clube, arruamentos que ganham uma maior atratividade e renovam as dinâmicas de usufruto e de vivência urbana. O objetivo de assegurar uma melhor redistribuição do sistema de circulação viário na cidade passa pela Praça Vitória Futebol Clube, nó giratório que distribui o trânsito nas avenidas Alexandre Herculano, República da Guiné­ ‑Bissau, Dr. António Rodrigues Manito e 22 de Dezembro. Naquela praça, os trabalhos incluem o redimensionamento da rotunda existente a par da construção de uma infraestrutura viária semelhante, na confluência das avenidas Dr. António Rodrigues Manito e 22 de Dezembro, soluções que asseguram uma maior fluidez e reorganização de tráfego na cidade.

Intervenção reabilita Quatro Cabeças A Casa das Quatro Cabeças, no centro histórico de Setúbal, é reabilitada numa operação impulsionada que faz renascer aquele património classificado desde 1977 como Imóvel de Interesse Municipal com um uso habitacional renovado. A reabilitação da Casa das Quatro Cabeças, edifício de tipologia multifamiliar localizado no Troino, com trabalhos de recuperação a decorrer desde dezembro, materializa um dos grandes investimentos da Autarquia para este ano na área do urbanismo. A operação, consignada a uma empresa especializada na recuperação de imóveis antigos, centra os trabalhos na reabilitação, con-

servação e restauro das fachadas do edifício, com vestígios históricos de várias épocas arquitetónicas, e na reconstrução do interior. Antes da obra, um investimento

global de 368.977,98 euros, uma equipa dos serviços camarários de arqueologia foi chamada a conduzir trabalhos de estudo e investigação no interior e exterior.

A possibilidade de requalificação da Casa das Quatro Cabeças surgiu no âmbito de uma candidatura da Autarquia ao “Reabilitar para Arrendar”, programa promovido pelo IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana que impulsiona, com condições especiais, a recuperação de imóveis antigos. Os cinco fogos a criar – quatro com tipologia T0 e um T1 – são destinados a realojar temporariamente, em regime de renda apoiada ou condicionada, os arrendatários ou proprietários que decidam reabilitar edifícios e que, por esse motivo, necessitem de um local para permanecer durante as obras.

Rotunda nova em Azeitão

Uma nova rotunda, localizada na interseção da EN 10 com a EN 379, melhora a fluidez de trânsito e a segurança rodoviária em Azeitão e na ligação à Arrábida e a Sesimbra. A obra da Estradas de Portugal, que inclui a reabilitação de uma conduta de abastecimento de água dinamizada pela Autarquia, a terminar em breve, permite eliminar um dos pontos negros identificados na EN10 no que respeita à sinistralidade rodoviária.

Peões ganham mobilidade

A mobilidade urbana na cidade é melhorada com uma intervenção que inclui a criação e reconstrução de acessibilidades pedonais, a par de ações de ordenamento do estacionamento público. O investimento superior a 42 mil euros, com conclusão prevista para o início do ano, decorre na zona do Bairro do Liceu e envolve a construção, reconstrução e alteração de passagens de peões de superfície e a eliminação de barreiras arquitetónicas.

Requalificação de terreno

Novas acessibilidades pedonais e rodoviárias, a par de uma rede de drenagem de águas pluviais, são criadas numa intervenção liderada pela Autarquia que permite reabilitar uma área descaracterizada entre a Rua dos Quatro Caminhos e a Avenida Pedro Álvares Cabral. A obra, um investimento superior a 30 mil euros com conclusão prevista para o final do ano, dota aquele espaço público de condições mais condignas de usufruto urbano.


9SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Dia do Mar exalta potencial ribeirinho Um estudo para a instalação da futura marina de Setúbal foi apresentado num seminário internacional dedicado ao turismo náutico. O encontro, visitas aos navios Sagres, Creoula e Vera Cruz e uma exposição integraram o programa que assinalou o Dia Mundial do Mar A apresentação de um estudo preliminar sobre a futura Marina de Setúbal, num seminário internacional sobre náutica de recreio dinamizado no âmbito do Dia Mundial do Mar, aponta aquela infraestrutura como um projeto âncora para a requalificação e o desenvolvimento da frente ribeirinha. O estudo foi apresentado no I Seminário Internacional Cidades Portuárias e a Relação Porto-Cidade “A Náutica de Recreio e o Turismo Náutico”, a 26 de setembro, no Fórum Municipal Luísa Todi. O projeto da Marina de Setúbal está em estudo desde 2013 por um grupo de trabalho que junta elementos da Autarquia e da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra para avaliar uma estratégia para o desenvolvimento do futuro equipamento e a otimização do potencial da frente ribeirinha da cidade. O vice-presidente da Autarquia, André Martins, anunciou que a fu-

Setúbal esteve representado no Fórum Internacional sobre Gestão de Baías, a 25 de setembro, em Salvador, Baía, no Brasil, com especialistas em baías de vários países. Maria das Dores Meira, presidente eleita do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, fez uma apresentação do historial da instituição e comentou um filme sobre a baía setubalense.

Cidade chega à Coreia

tura infraestrutura, considerada um dos eixos estratégicos para a requalificação da frente ribeirinha, terá como melhor localização a doca de recreio utilizada atualmente pelo Clube Naval Setubalense. “Qualifica a cidade e contribui decisivamente para melhorar a sua relação com a frente ribeirinha”, sublinhou, acrescentando que as vantagens urbanísticas da marina naquela localização resultam da proximidade de equipamentos culturais e turísticos, o que potencia investimentos. André Martins adiantou que já estão a ser preparados dossiers para potenciais investidores no projeto da marina, que incluem um estudo de mercado sobre náutica de recreio, um estudo prévio de viabilidade económica e uma caracterização de Setúbal como destino turístico. O autarca anunciou que a Câmara e o Porto de Setúbal vão celebrar em breve um protocolo de intenções com dois objetivos basilares.

O primeiro prevê a melhoria da “articulação de Setúbal com o Polo Turístico de Troia e com o Litoral Alentejano em matéria de transportes e acessibilidades, fazendo convergir numa plataforma intermodal os transportes rodoviários, ferroviários e fluviais e o estacionamento automóvel”. O segundo está associado à náutica de recreio e ao turismo náutico, no qual se identificam os locais para a implantação de novas infraestruturas de apoio neste setor e se caracterizam os equipamentos existentes, contribuindo para uma melhoria dos serviços prestados.

Navios de portas abertas O encontro incluiu um debate com a participação de responsáveis de áreas de interesse na náutica de recreio, que explanaram sobre as potencialidades do projeto para a Marina de Setúbal. Já o diretor-geral da Política do

Delegação internacional visita Convento de Jesus O Convento de Jesus, monumento nacional atualmente em fase de reabilitação e requalificação numa obra liderada pela Câmara Municipal, foi visitado no início de outubro por uma delegação constituída por elementos da Associação Europeia de Casas Históricas. Durante a visita, promovida pela Associação Portuguesa das Casas Antigas, foi apresentada à comitiva o projeto de requalificação do monumento em curso e que permitirá, no

Baía encanta no Brasil

final desta fase de intervenções, receber o espólio do Museu de Setúbal. A visita impressionou a delegação devido aos avanços registados na reabilitação do Convento de Jesus, sendo que a obra atualmente em curso no monumento nacional destina-se a suster a degradação e a permitir a abertura parcial do edifício ao público. A intervenção foi assumida pela Câmara Municipal de Setúbal após a Direção-Geral do Património Cul-

tural, instituição do Estado, alegar incapacidade orçamental para realizar as obras. Participaram na visita Carrilho da Graça, o arquiteto responsável pelo projeto de requalificação integral do convento, Fernando António Baptista Pereira, investigador de história de arte, a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, assim como o presidente da Associação Portuguesa das Casas Antigas, Hugo O’Neill.

Mar, o comandante João Fonseca Ribeiro, frisou que o “urbanismo azul [frentes ribeirinhas] tem um espaço de afirmação” no futuro das cidades e que o desenvolvimento da náutica de recreio “deve centrar-se na valorização dos recursos endógenos dos locais”. Além do seminário, o programa comemorativo do Dia Mundial do Mar, promovido pela Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra e pela Autarquia, proporcionou a oportunidade de a população conhecer os navios Sagres, Creoula e Vera Cruz, acostados ao longo de três dias na frente ribeirinha, em visitas que revelaram um pouco da história naval portuguesa. A iniciativa dinamizada em Setúbal incluiu, igualmente, a exposição “Portos em Banda Desenhada”, mostra de vários autores, que esteve patente na Casa da Baía, sobre a atividade portuária e o mundo marítimo.

O esforço de recuperação da frente ribeirinha de Setúbal foi destacado no 10.º Congresso do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, realizado entre 17 e 19 de outubro, em Yeosu, na Coreia do Sul. A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, falou sobre os investimentos que permitiram devolver o usufruto daquela zona à população.

Património à descoberta

As riquezas setubalenses estiveram à descoberta, entre setembro e novembro, num programa que assinalou em Setúbal as Jornadas Europeias do Património. A exposição “Meu Pátrio Sado”, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, foi um destaque da iniciativa, que incluiu tardes interculturais, uma visita à Arrábida e conferências sobre arquitetura.


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Zeca Afonso revisitado pelos discos

A obra discográfica de José Afonso foi revisitada numa mostra patente entre 8 de novembro e 13 de dezembro na Galeria Municipal do 11. Da edição do primeiro registo fonográfico, em 1953, nos estúdios da Emissora Regional de Coimbra, até ao último disco, “Galinhas do Mato”, de 1985, a exposição da Associação José Afonso deu uma perspetiva global de um dos mais marcantes autores da música portuguesa. “Desta canção que apeteço – Obra discográfica de José Afonso 1953//1985” foi dinamizada com o apoio da Autarquia.

Arte é espaço sem barreiras

O Festival ExpressArte – XV Encontro de Teatro e Dança, da APPACDM, realizado entre o final de novembro e o início de dezembro, promoveu um conjunto de eventos em vários espaços de Setúbal, de Palmela e da Moita. Na abertura da iniciativa, que apresentou excertos desses espetáculos, o vereador com o pelouro da Inclusão Social, Pedro Pina, afirmou que “a arte não tem barreiras nem constrangimentos”.

Cerimónia engradece patrono

Aposta no caminho da inclusão

A importância de prosseguir o trabalho de criação de condições para uma cidade inclusiva foi destacada a 3 de dezembro na abertura da 6.ª Semana Temática da Deficiência. O vereador Pedro Pina lembrou que a inclusão “só acontece se todos continuarem empenhados”, numa altura em que, lamentou, há “um desinvestimento no apoio às famílias e às instituições”.

A deposição de flores no monumento de S. Francisco Xavier assinalou, a 3 de dezembro, os 462 anos da morte do padroeiro da cidade de Setúbal. “É um grande orgulho para a Autarquia estar associada a esta homenagem”, frisou o vereador Pedro Pina na cerimónia, assistida por cerca de cinquenta pessoas. O autarca destacou a missão da Câmara Municipal de “perpetuar a memória das pessoas, homens e mulheres, que representam a cidade” e agradeceu a participação e o envolvimento de várias entidades e associações na homenagem.

Momentos de vitória As fotografias de Américo Ribeiro, com textos associados, ajudam a retratar alguns dos principais momentos da história centenária do Vitória. Esta exposição mostra ainda troféus, alguns desconhecidos do grande público

Momentos do Vitória são partilhados numa exposição patente até 14 de fevereiro na Casa Bocage, que desvenda memórias da cidade e do clube sadino num cruzamento de fotografias e troféus. “Para falar de Setúbal e da história contemporânea temos de falar de duas referências da cidade. Uma faz história e a outra ajuda a fixá-la”, afirmou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, na inauguração da mostra “Para além da Glória – entre a Troféu e a Imagem”, a 20 de novembro, referindo­ ‑se, no primeiro caso, ao clube, no segundo, ao fotógrafo Américo Ribeiro. A mostra intimista, inaugurada no dia em que o clube completou 104 anos, inclui mais de duas dezenas de imagens do Arquivo Fotográfico Municipal Américo Ribeiro que retratam momentos entre os anos 40 e 70 da história

centenária do Vitória, as quais estão associadas a um conjunto de troféus do espólio da agremiação sadina. “O que aqui se revela é a importância da enorme massa de setubalenses que fazia o Vitória de Setúbal, que o apoiava e que por ele gritava de alegria ou de tristeza”, afirmou a autarca, ao apontar para uma das imagens que retrata uma manifestação popular na Praça de Bocage contra uma decisão de secretaria que fez a equipa de futebol do Vitória descer de divisão. Maria das Dores Meira frisou que “ler as fotos de Américo Ribeiro e acrescentar-lhes o devido contexto será sempre, para qualquer setubalense, um prazer” e “para a cidade será sempre um exercício de memória que abre espaço à reflexão e ao melhor conhecimento da história recente”. Já o presidente do Vitória Futebol Clube, Fernando Oliveira, afirmou que “é um prazer

local

Arquivo desvenda memórias da cidade

enorme poder observar as relíquias do grande fotógrafo Américo Ribeiro. O Vitória está orgulhoso por estas preciosas fotos terem o seu cunho e fazerem parte da história e identidade setubalense”. A iniciativa, além de dar a conhecer histórias

menos conhecidas do Vitória, destaca o trabalho de restauro, estudo e inventariação do património museológico do clube que está a ser conduzido desde o início do ano por uma equipa de voluntários e técnicos municipais.

As memórias guardadas no Arquivo Municipal de Setúbal deslumbraram os 15 idosos do Centro Comunitário de Vanicelos que visitaram, dia 5 de novembro, o espaço mais escondido dos Paços do Concelho. Apesar da idade, nada demove Maria de Lurdes, 89 anos, conhecida como D. Milu, de subir os 28 degraus que dão acesso ao Arquivo Municipal de Setúbal, guardador da história da cidade. “Sou setubalense, mas nunca vim ao arquivo. Estou muito curiosa”, refere, animada. A sala de leitura é o ponto de partida da visita, promovida pela Câmara Municipal de Setúbal. Neste espaço, sóbrio e com luz natural, as mãos podem folhear pedaços da História. Numa mesa é possível consultar-se documentos arquivados, de obras a óbitos, passando por atas oficiais, mas com todo o cuidado. Mariana Garraz, 82 anos, é convidada a sentar-se, mas prefere olhar primeiro para a imensa coleção da sala. “Antes, tenho de ver, depois é que me sento”, anuncia, deslumbrada. Os idosos, com um ar curioso, anseiam saber mais sobre um local que a maioria nunca antes visitara. Ouvem com toda a atenção a explicação do técnico municipal Nuno Soares.

Da sala de leitura abre-se a porta à sala de depósito, um lugar com corredores repletos de testemunhos que guarda dois quilómetros de documentação e acolhe uma quantidade enorme de papel gasto pelo tempo e com cheiro a História. Na sala técnica, é hora de descobrir o que está por trás de todo o processo, desde que os documentos chegam às mãos dos arquivistas até que passam para as dos leitores. Uma máscara, pincéis e luvas são materiais imprescindíveis na limpeza dos documentos. Retira-se tudo o que é nocivo, como clipes, agrafos, tachas, de forma a manter sempre a ordem original. Depois de limpo, o documento é digitalizado e inserido na base de dados DigitArq, que permite usufruir à distância, através da internet, de um conjunto de serviços que apenas são disponibilizados presencialmente no arquivo. O armazenamento é a última etapa do processo. Os papéis são presos com uma fita de nastro, de forma a garantir a preservação dos documentos e, depois, acondicionados em pastas devidamente identificadas no exterior.


11SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Complexo fúnebre com crematório A última despedida para entes queridos é feita em condições mais condignas no Complexo Fúnebre de Setúbal. O espaço está dotado de salas de velação, áreas ajardinadas para deposição de cinzas e um crematório com dois fornos Um forno crematório e outro pirolítico foram inaugurados a 1 de novembro, Dia de Todos os Santos, no Cemitério da Paz, espaço que agora acolhe o Complexo Fúnebre de Setúbal. O complexo resulta de um contrato de concessão da Câmara Municipal à CFS Acticonstroi, que tem os direitos de exploração da nova infraestrutura durante os próximos vinte anos. A construção do equipamento e o respetivo investimento foram assumidos pela empresa, que tem ainda a responsabilidade de pagar à Autarquia, até ao fim do período contratualizado, um valor total de 300 mil euros pela concessão. O concessionário fica responsável pelo pagamento de uma percentagem sobre o total de receitas geradas pelos serviços prestados no equipamento, resultante da tabela de preços, sujeita a aprovação da Autarquia e da Assembleia Municipal. O novo complexo, inaugurado na

presença de várias personalidades locais, é constituído por dois edifícios, sendo o primeiro no concelho a permitir cerimónias fúnebres de cremação. No edifício principal encontram­ ‑se o forno crematório, instalações sanitárias, uma sala para crianças e outra designada de “Última Despedida”, além do “Jardim das Cinzas”, espaço ajardinado no exterior onde se pode optar por depositar as cinzas dos entes queridos. Este edifício do Complexo Fúnebre de Setúbal, localizado logo após a entrada do Cemitério da Paz, inclui ainda salas de velação, disponíveis não apenas para as cremações, mas também para qualquer outra cerimónia fúnebre. Possui também serviços de marmorista, florista e de cafetaria. A segunda estrutura do Complexo Fúnebre, localizada nas imediações do Cemitério da Paz, é constituída por um forno pirolítico destinado principalmente a animais, tanto de

origem doméstica, como selvagem. “A abertura deste complexo funerário representa, para os setubalenses, inegável progresso, evitando que tenham de se deslocar para fora do concelho em momentos particularmente difíceis e de grande dor”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira. Guilherme Gomes, da CFS Acti-

Município ouve a população O segundo ciclo do “Ouvir a População, Construir o Futuro” completou a fase de visitas de trabalho. Foram nove meses a percorrer a pente fino todo o concelho, num programa municipal que aproxima como nunca as populações da gestão camarária. Os territórios das freguesias de Azeitão, do Sado e de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra foram os últimos a receber o Executivo municipal e corpo técnico da edilidade, com visitas no terreno, e encontros com associações, coletividades e instituições locais, a par de empre-

sas e estabelecimentos de ensino. A metodologia de intervenção deste programa inédito em Portugal incluiu a dinamização de atendimentos personalizados com munícipes, em todas as freguesias sem exceção, sessões que contaram com a participação da presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, e de outros membros do Executivo. O “Ouvir a População, Construir o Futuro”, relançado em finais de abril, com início em São Sebastião e, depois, no território da União das Freguesias de Setúbal, permite resolver os problemas mais urgentes

de cada zona do concelho com rapidez e eficácia. No terreno, é feito um levantamento exaustivo que identifica as principais necessidades dos munícipes e define quais as prioridades de intervenção no território de Setúbal. Esta metodologia, adotada no âmbito da filosofia de município participado, transversal a todo o trabalho desenvolvido na Autarquia, apura com precisão o que, em cada freguesia, cada bairro, cada rua, pode ser feito em prol da qualidade de vida das populações e da imagem urbana do concelho.

constroi, salientou que a inauguração da obra representou um momento “muito ambicionado por todo o concelho” e endereçou um “agradecimento especial à Câmara Municipal” por todo o apoio. A autarca adiantou que a demora na construção do novo complexo se deveu à conjuntura de crise que o País atravessa “e que a empresa concessio-

nária, como tantas outras de Norte a Sul, também teve de enfrentar”. Maria das Dores Meira recordou que está prevista para breve a “reabilitação da capela do Cemitério de Nossa Senhora da Piedade”, uma intervenção também a cargo da CFS Acticonstroi, que “faz parte do caderno de encargos do contrato de concessão” do Complexo Fúnebre de Setúbal.

CONFLITO DA GRANDE GUERRA RECORDADO

PAZ. A necessidade de concórdia entre os homens para a preservação da paz foi defendida, a 11 de novembro, na comemoração do 96.º armistício da Grande Guerra. Na cerimónia, organizada pelo Núcleo de Setúbal da Liga dos Combatentes, o vice-presidente da Autarquia, André Martins, sublinhou a importância de continuar a lembrar os soldados portugueses que combateram na I Guerra Mundial.

EVOCAÇÃO. Setúbal associou-se às comemorações nacionais de evocação do centenário da Grande Guerra com uma cerimónia realizada a 18 de outubro. A evocação, organizada pelo Estado­ ‑Maior General das Forças Armadas, em colaboração com o núcleo de Setúbal da Liga dos Combatentes, teve a participação de pelotões do Exército, da Marinha e da Força Aérea nas honras militares.


local

12SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Orçamento consolida finanças municipais O Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2015 foi elaborado pela Autarquia com a preocupação de prosseguir o reequilíbrio financeiro. A aposta na qualificação e na competitividade do território também é para manter

A Câmara Municipal de Setúbal tem um Orçamento para 2015 com uma dotação inicial de 106 milhões e 500 mil euros, o que representa um decréscimo de cerca de 15 por cento em relação ao montante aprovado no ano anterior. O preâmbulo do documento financeiro indica a preocupação de prosseguir o esforço feito “na contenção de despesas, por exemplo na evolução prevista para os custos com pessoal”, bem como de “consolidação das finanças municipais, continuando a adotar os melhores princípios de gestão e contratação”. Por outro lado, há a intenção de,

“embora com menor intensidade, continuar a maximizar a utilização de financiamentos a fundo perdido para a qualificação do território e das pessoas”, enquadrando-se nesta área projetos como o Parque Urbano de Albarquel, a nova Biblioteca Pública Municipal, o Terminal 7 e a recuperação geral do Convento de Jesus. O documento destaca que o esforço de investimento feito nos últimos anos, suportado sem recurso a empréstimos, contribui para a dívida total do Município, o que onera as finanças municipais. “Apresenta-se portanto adequado, neste momento, a realização de um

estudo sobre as eventuais vantagens que poderão decorrer da realização de uma operação de consolidação da dívida total do Município, cujos resultados poderão contribuir para a consolidação orçamental necessária, operação a concretizar ainda durante e com efeitos no ano de 2015”, assinala o preâmbulo. A Câmara Municipal de Setúbal considera que, com a requalificação resultante dos investimentos realizados recentemente, “o desafio para os próximos anos, e já em 2015, é o de manter, e reforçar, embora a um ritmo menor, a qualificação e a competitividade do território de Setúbal, ao mesmo tempo que, agora com maior priori-

dade, se deverá promover uma otimização das receitas e das despesas municipais”. A Autarquia refere que, nos próximos anos, o valor da dívida total “irá diminuir”, nomeadamente por via da amortização de empréstimos de médio e longo prazo, enquanto é expectável que as receitas próprias do Município apesentem “uma evolução ligeiramente positiva”. O ritmo destes dois fatores, convergentes para a consolidação orçamental e financeira, depende diretamente do nível de grandeza do “efeito da destruição de valor das políticas dos governos”.

Associativismo em articulação com poder local A necessidade de trabalho em equipa para a promoção da entreajuda entre associações e o poder local foi a nota dominante no 9.º Encontro do Movimento de Dirigentes Associativos de Setúbal, realizado a 6 de dezembro, na Casa da Baía. Na sessão de abertura, a presidente da Câmara Municipal salientou que, “em Setúbal, acredita-se plenamente no associativismo como um bem maior, uma riqueza de primeira ordem”, na dinâmica que é gerida nas atividades culturais, desportivas, recreativas e de ação social. Na reflexão no início do encontro, subordinado ao tema “A Relação do Movimento Associativo e a Administração Local”, com orga-

nização da Autarquia, Maria das Dores Meira destacou não só a importância das associações e coletividades como parceiros fundamentais da Autarquia na prestação de serviços à comunidade, mas também o papel relevante e central que as mesmas têm “numa malha urbana recheada de desafios complexos”. A autarca indicou que, atualmente, o movimento associativo de Setúbal contabiliza cerca de 250 associações, das mais pequenas “que trabalham à laboriosa escala do seu bairro ou empresa”, às de maior dimensão “que movimentam centenas ou milhares de sócios” bem como a população em geral, referindo que “a Autarquia insiste em manter níveis con-

Cidade mais verde

siderados de apoio, quer financeiro, quer logístico”. Um esforço traduzido em 2014, até outubro, em mais de 1 milhão de euros atribuídos às associações do concelho, no somatório dos apoios diretos e logísticos e dos subsídios a agrupamentos escolares e refeições de alunos. O presidente da Confederação Portuguesa das Coletividades de

Cultura, Recreio e Desporto, Augusto Flor, indicou que o desafio que se coloca às associações passa pela cooperação “com o poder local” e “entre associações e outros movimentos”, pois “só assim se combate a tese da adaptação em prol da tese da transformação e da mudança”. Durante o encontro, que contou com diversas intervenções, mesas de casos práticos e debates, o vereador Pedro Pina reforçou a noção de que o trabalho em equipa é fundamental para o desenvolvimento do associativismo. “As associações têm de sair dos ‘casulos’ e zelar pela cumplicidade e comprometimento mútuo”, frisou. “É necessário pugnar pelo trabalho interassociativo e implementar o jogo de diálogo.”

O Parque Urbano de Albarquel e a Avenida Luísa Todi contam, desde o início de dezembro, com mais 1730 plantas, após uma operação de requalificação ambiental patrocinada pelo Grupo Soporcel Portucel. A iniciativa, desenvolvida em estreita colaboração com a Câmara Municipal de Setúbal, traduziu­ ‑se na plantação de um conjunto diversificado de espécies, em particular autóctones e de revestimento, característica que, além do embelezamento do espaço público, permite poupar nos serviços de manutenção. Enquanto no Parque Urbano de

Albarquel foram plantados 560 espécimes, a Avenida Luísa Todi, via com mais de um quilómetro de extensão, recebeu 1170 arbustos e herbáceas. A operação incluiu ainda, principalmente na Avenida Luísa Todi, a plantação de flores, o que confere mais cor àquelas zonas da cidade. Os trabalhos de plantação realizados no Parque Urbano de Albarquel e na Avenida Luísa Todi foram desenvolvidos pela empresa Lusiform, a qual já tem a responsabilidade de assegurar a manutenção das zonas verdes daqueles e de outros locais da cidade, por adjudicação da Autarquia.

Desfile com roupas locais

A “Moda Sado 2014” culminou num desfile a 4 de outubro na Praça de Bocage, numa parceria da Câmara Municipal e lojas de pronto a vestir e salões de beleza da Baixa. Dos cinquenta candidatos que participaram em castings, 17 jovens entre os 15 e os 25 anos fizeram o desfile e dois acabaram selecionados para serem agenciados pela Just. As lojas SMS, Tininha e ZetaNel vestiram os modelos com a nova coleção, numa noite que contou ainda com a participação dos estabelecimentos de roupa de criança Totinhas e Picolino. Dois jovens criadores setubalenses, Luís Miguel e Flávia Fernandez, apresentaram-se na mesma noite com várias propostas.

Talento distingue juventude

A Câmara Municipal de Setúbal premiou, em cerimónia realizada a 10 de outubro, no Fórum Municipal Luísa Todi, 25 jovens com ligação ao concelho que se destacaram durante este ano nas mais distintas áreas. Na Festa Jovem Revelação de Setúbal 2014, o vereador com o pelouro da Juventude, Pedro Pina, partilhou com o público a dificuldade em falar dos jovens como algo em trânsito, sem presente. “Esta noite prova o contrário. Eles têm voz própria, sentir próprio, olhar próprio e um papel na sociedade. Como cidadãos e cidadãs, dão o melhor de si à cidade, ao País”, sublinhou. “Os jovens não são um processo de futuro. São o hoje, o agora, o presente.”

Tarde dedicada à Palestina

A história e a cultura da Palestina deram o mote a um encontro realizado no dia 1 de novembro, na Casa da Cultura, com diversas intervenções, uma sessão de poesia e um lanche inspirado nas tradições e nos costumes gastronómicos palestinos. Adel Sidarus, professor egípcio jubilado e investigador da Universidade de Évora, o jornalista José Manuel Rosendo e Carlos Almeida, da organização, deram os seus contributos nesta tarde intercultural promovida pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal. O vereador com o pelouro da Cultura, Pedro Pina, também participou no encontro.


freguesia

13SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Polo reforça operacionalidade

A logística e a eficiência dos serviços de limpeza e manutenção da União das Freguesias de Setúbal são reforçadas com uma nova base de operações. O Polo Operacional de Vanicelos, que visa a redução de custos funcionais, deve ficar pronto até ao final do ano

A operacionalidade dos serviços de limpeza e manutenção urbana da União das Freguesias de Setúbal é reforçada com a construção de uma nova base de operações, situada na zona de Vanicelos, dotada de funcionalidades que asseguram um melhor serviço público.

O Polo Operacional de Vanicelos, localizado na Rua Conde Ferreira, criado com um investimento global de 32.880,14 euros, cujas obras estão a decorrer, é implementado no âmbito do processo de descentralização de competências da Câmara Municipal de Se-

túbal nas freguesias nas áreas da limpeza e da manutenção urbana. O equipamento, com entrada em funcionamento prevista para o final do ano, será o centro nevrálgico das atividades dos 16 funcionários que desenvolvem tarefas em zonas

como os bairros do Liceu, das Amoreiras, da Urbisado e de Vanicelos. “Este polo passa a ser a base para os operacionais de higiene, limpeza e manutenção do espaço público cuja intervenção está centrada no território correspondente à antiga freguesia de São Julião”, adianta o presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas. O espaço, implantado num terreno descaracterizado cedido pela Câmara Municipal, inclui balneários, refeitório e uma zona química dedicada, exclusivamente, à preparação de produtos, assim como uma área destinada ao estacionamento automóvel. Rui Canas salienta que o Polo Operacional de Vanicelos “permite reforçar os níveis logísticos e de mobilidade dos meios da junta”, mais-valias que se traduzem “numa redução de custos operacionais e no aumento de eficiência dos serviços prestados à população”. O autarca realça que este projeto, localizado junto do Centro Comunitário de São Paulo, dá continuidade ao objetivo de “dotar a União das Freguesias de Setúbal dos recursos técnicos e humanos que visam a satisfação das necessidades da comunidade”. A construção do polo operacional inclui, igualmente, a execução de uma intervenção urbanística do local, com a criação de zonas de circulação pedonal e pequenas áreas ajardinadas, para uma maior integração do equipamento na malha habitacional.

Tecnologia melhora gestão As novas tecnologias estão em destaque na Junta de Freguesia de São Sebastião. Nas assembleias, a documentação em papel foi substituída pelo formato digital e o trabalho é feito com recurso a computadores. A medida inovadora no concelho já dá resultados e aponta ao futuro. A sessão da Assembleia de Freguesia de S. Sebastião de 25 de setembro marcou o início de uma nova realidade na gestão da junta. “Estamos a criar as condições para trabalhar com a total ausência de papel”, assinala o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa. A medida, impulsionada com a aquisição de 18 computadores portáteis, em regime de renting, permite uma maior racionalização de ­recursos, através da poupança de consumíveis, como papel e tinteiros, medidas que apoiam, igual-

mente, a sustentabilidade ambiental. “Agora só necessitamos de imprimir um exemplar em papel para arquivo. Antes, eram mais de três dezenas, a distribuir por todos os membros”, adianta Nuno Costa, para vincar que a opção pelo formato digital facilita, igualmente, a “consulta e o arquivo de documentos”. Também a gestão ganha uma nova eficiência, com o expediente das sessões da assembleia de freguesia a ser tratado em poucas horas. “Com este novo procedimento aumentámos a eficiência dos processos que, antes, demoravam cerca de dois dias.” No futuro, esta medida poderá ser alargada a todos os serviços da Junta de Freguesia de São Sebastião, com a implementação de um sistema de gestão documental. “O objetivo é continuar a trilhar este caminho que iniciámos”, salienta o autarca.

Intervenção limpa terreno Uma operação de limpeza e desmatação liderada pela Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, executada entre outubro e novembro, renovou as condições de segurança e salubridade numa área descaracterizada na zona da Quinta da Amizade. A intervenção, dinamizada ao longo de duas semanas, foi concretizada com recursos técnicos e humanos da própria junta de freguesia, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, auxiliados por maquinaria pesada, como tratores e retroescavadoras. A operação, que materializa “uma resposta direta aos apelos de um conjunto de moradores daquela zona”, sublinha o presidente da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, José Belchior, constitui um trabalho de “grande relevância” para a imagem da zona da Quinta da Amizade.

Do terreno, uma área com cerca de 30 mil metros quadrados com vegetação descaracterizada, como canaviais e moitas de silvas, “foram removidas perto de vinte toneladas de lixo”, vinca José Belchior, ao adiantar um conjunto de mais-valias alcançadas com a obra. Os trabalhos conduzidos naquele local permitiram a limpeza de uma vala, para um correto encaminhamento de águas pluviais, assim como a desobstrução de sumidouros de uma rede de drenagem. “Agora temos uma zona mais condiga, com uma melhor imagem para a população”, adianta o autarca. O presidente da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra salienta, igualmente, que a operação de limpeza e desmatação daquela zona permitiu “salvaguardar as condições de segurança” para automobilistas e utilizadores pedonais.


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plano central

Velhos nem os trapo A Bela Vista conta com os mais velhos. Autonomia, crescimento coletivo e combate ao isolamento são ingredientes que ganham incentivo no “Atelier de Tricot e Crochet”. No meio de agulhas e lãs um grupo de mulheres partilha o mesmo princípio – conviver e partilhar experiências

D

ominada por novelos coloridos, linhas, agulhas, panos, rendas, uma das salas do polo da biblioteca da Bela Vista junta pessoas da zona e de fora. A união e o crescimento coletivo do bairro têm sido prioridade tanto da Câmara Municipal como dos que ali residem. Eduarda Fernandes, 52 anos, moradora na Bela Vista há trinta e dois, é exemplo disso. Orgulhosa do sítio onde vive, foi uma das primeiras moradoras a pôr as mãos na massa para cuidar daquilo que também lhe pertence. Como o comodismo não faz parte do seu léxico, tem desenvolvido inúmeras atividades em coordenação conjunta com a Câmara Municipal de Setúbal. Desta vez, Eduarda decidiu parti-

lhar o conhecimento que tem nas áreas do tricot e do crochet. Não sabe ao certo, mas “deve ter sido por volta dos 13, 14 anos” que despertou para o mundo das agulhas e novelos, lição que aprendeu com a irmã, “lendo algumas revistas desta arte e praticando muito”, recorda. Animadas e de olhos sempre postos no trabalho, as formandas do atelier concordam que “é de projetos como este que o bairro precisa”. Parece que este momento lhes pertence única e exclusivamente, abstraindo-se de tudo e de todos, de tal forma que é “um alívio ao stress”, explica Maria Teresa, 63 anos, uma das formandas. “Quando estamos aqui, o tempo passa a correr e aprendemos sempre novas técnicas”, diz, enquanto mostra,

com vaidade, a primeira peça que fez no projeto. Um casaco grande de malha, verde-esmeralda. É deste orgulho que é feito o “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, programa de que faz parte o atelier. Maria Teresa mora na Bela Vista há trinta e três anos. A fábrica de confeções onde trabalhava fechou e foi no bairro que encontrou uma escapatória à vida de desempregada. “Saber que perto da minha casa há qualquer para me entreter é ótimo!”, exclama, animada. O atelier é uma das ações dinamizadas no “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, programa que conta com o envolvimento de moradores, técnicos municipais e de instituições com atividade nos bairros da Bela Vista, Manteigadas, Forte da Bela


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Vista, Alameda das Palmeiras e Quinta de Santo António. As formandas partilham da opinião de que “o atelier é excelente para passar umas horas diferentes e também para conviver” e gera “uma partilha muito interessante entre conhecimentos”. Comparam, espreitam o trabalho da vizinha, dão e recebem dicas de Eduarda Fernandes. Sim, também dão. Todos ensinam, todos aprendem, é esse o lema. “Uma vez tive uma dúvida relativamente ao bico de um pano e foi uma das formandas que me ajudou”, relembra a formadora.

Da cidade ao bairro

pos

Com o “Nosso Bairro, Nossa Cidade” a mudança é visível. Não é apenas aos moradores da Bela Vista e zona envolvente que o programa toca. Também abrange pessoas de fora do território. Uma das “Marias” que fazem parte do atelier é Maria José Banha, 61 anos. Apesar de ter nascido no Alentejo, considera-se mais setubalense. “Já vivo em Setúbal há trinta e quatro anos.” Maria Banha vive fora do bairro e é uma das mulheres que participam no atelier e, como outras, em situação de desemprego. Quando soube da abertura de inscrições para o “Atelier de Tricot e Crochet” não hesitou em inscrever-se. “O rótulo que alguns ainda põem no bairro não me afetou”, salienta, contando que, tempos antes, passava na Bela Vista com regularidade, quando trabalhava na antiga unidade industrial Mecânica Setubalense. Um dos motivos que levaram Maria José a inscrever-se foi “o sonho de participar num projeto destes” dada a importância para o estímulo do ­espírito de participação ativa. “Ouve­‑se falar do bairro como problemático. É por isso que é importante participar neste tipo de iniciativas”, pois “só assim se pode mudar mentalidades”.

Oficina de partilha O que levou Eduarda Fernandes, moradora da Bela Vista, a propor a realização de um atelier de partilha da vontade de aprender a arte do tricot e do crochet foi fazer com que as pessoas saiam de casa e participem no esforço de construir um bairro melhor. O “Atelier de Tricot e Crochet”, iniciado em 2012 e que proporciona aos participantes a oportunidade de aprender em conjunto, conviver e partilhar experiências, é uma das muitas iniciativas do “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, programa municipal assente na participação dos moradores em ações de beneficiação e na implementação de projetos na zona da Bela Vista. Apesar de especialmente dirigido à zona de intervenção do programa – Bela Vista, Mantei-

gadas, Alameda das Palmeiras, Forte da Bela Vista e Quinta de Santo António –, o atelier recebe pessoas vindas de fora. No total, este projeto envolveu cerca de vinte formandas, acompanhadas por duas formadoras. A oficina, com sessões à tarde no Polo da Bela Vista da Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, já conta com três edições. As formandas têm a oportunidade de, em datas festivas como o Natal e a Páscoa, oferecer alguns dos trabalhos que realizam. O atelier já ultrapassou o território da Bela Vista. Em 2013, transitou para o Museu do Trabalho Michel Giacometti no âmbito da exposição “Do Bairro ao Museu – Olhares do Bairro”, como forma de divulgar a participação ativa dos moradores.

Não é por acaso que os olhos brilham quando fala em tricot e crochet. “O gosto por esta arte nasceu comigo e isto acaba por ser viciante”, assume Maria José. “Não há dia em que me deite sem fazer alguma coisa.” Embora já soubessem fazer crochet e tricot, as formandas consideram que estão sempre a aprender e há também quem faça questão de não ter os trabalhos acabados. “Tenho sempre um trabalho a meio”, confessa Maria José, enquanto aponta para uns marcadores de livros feitos em ponto cruz que não estão terminados. “Assim, quando estiver cansada de uma coisa, tenho sempre algo para acabar.” Apesar do número crescente de participantes “é pena não haver mais pessoas a participar em iniciativas como esta”, lamenta Maria José Banha, que não percebe como “há muitas pessoas em casa sem fazer nada. Têm locais onde passar uma tarde agradável” e, “participando, iam sentir-se mais úteis”.

Combate ao isolamento Nem só do convívio e da partilha de experiências se faz este atelier. Diminuir o isolamento em que algumas pessoas possam viver é uma das premissas do projeto, adianta Eduarda Fernandes, para sublinhar a mais-valia social da iniciativa. “Uma das senhoras que estiveram connosco vive sozinha, porque é viúva. Enquanto aqui esteve, falava, convivia, passava um bom momento.” Com Eduarda está Maria Alfaiate, 82 anos, também formadora. O seu cajado – como trata a bengala –, num dos cantos da sala, simboliza a partilha intergeracional de que é feito o projeto. A pronúncia “charroca” não engana. Nasceu em Setúbal, na freguesia de São Sebastião, e mora na Alameda das Palmeiras, Bela Vista. Apesar de a idade já ir avançada e das dificuldades na visão, não larga as agulhas e os novelos. “Gosto muito de tricotar e ensinar. As pessoas aprenderem aquilo que eu ensino é que me deixa feliz.” É assim que Maria Alfaiate define o vício de tricotar e a importância do atelier na sua vida. “O problema são os meus olhos”, continua, entristecida. A “vista”, a aborrecida “falta de vista”, que tanto a incomoda e que, muitas vezes, não a deixa fazer mais. Mãe, avó e bisavó, Maria Alfaiate dedica o seu tempo no “Atelier de Tricot e Crochet” a fazer trabalhos e olha ao redor. “Sinto-me muito feliz com os projetos que são desenvolvidos no meu bairro. Parece que me sinto sempre acompanhada”, agradece, enquanto as mãos, calejadas, trabalham num casaquinho, em tons de amarelo, azul e rosa, para um bisneto. Maria Alfaiate é acarinhada por todas, e o faz juntamente com Eduarda Fernandes é exemplo do envolvimento da população e da promoção do envelhecimento ativo. Do atelier, nascem panos, roupa para crianças, camisolas. Da Bela Vista. nascem mudanças.

Novas ideias lançam futuro na Bela Vista Novas ações a dinamizar no território da Bela Vista foram apresentadas a 16 de novembro no 2.º Encontro Nosso Bairro, Nossa Cidade, com perto de duas centenas de moradores a participar ativamente na iniciativa, um exemplo de exercício de cidadania democrática. A vontade de contribuir com ideias para construir um bairro melhor foi o sentimento dominante do encontro, realizado ao longo de toda a tarde na EB+S Ordem de Sant’Iago, com o envolvimento de autarcas, técnicos municipais e moradores em representação dos cinco bairros do território da Bela Vista. A construção de um futuro melhor é feita de homens e mulheres, dos jovens aos idosos. É feita a uma só voz, num esforço e empenho conjunto que juntou uma multiplicidade de culturas e etnias com várias crenças no auditório escolar completamente lotado. “Vocês são a força de transformação das vossas próprias vidas. Nós, Poder Local Democrático, incondicionalmente, estamos cá para vos ajudar”, salientou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira. “Estamos a ir muito bem!” O encontro, que incluiu um apontamento dos BelaBatuke e a exibição de um vídeo com o trabalho que tem vindo a ser realizado no âmbito do programa, foi organizado por uma comissão com moradores dos cinco bairros, com o apoio da Câmara Municipal. Na iniciativa, os participantes reuniram-se em grupos de trabalho para debater e avaliar o resultado das iniciativas saídas do primeiro encontro anual e para perspetivar novas medidas e planos de ação concretos para o desenvolvimento de projetos em prol da população.

Ações definidas em várias áreas Projetos de beneficiação do espaço público, com a reabilitação de passeios e a criação de zonas ajardinadas, a par de trabalhos de recuperação do edificado para melhoria das condições de vivência em comunidade, foram algumas das ideias lançadas no encontro. A continuidade de algumas iniciativas de índole cultural e desportiva, como o “Férias no Bairro” e festas populares, foi também definida no encontro, assim como um projeto de pré-recolha de roupas e outros materiais colocados no lixo para posterior tratamento e reutilização. Maria das Dores Meira afirmou que a continuidade do caminho de mudança impulsionado por este “programa único em todo o País” deve ser feita com “a participação de todos” e com a convicção de que a transformação desejada não é alcançada somente com o trabalho camarário. A tamanha participação de moradores no encontro, o dobro da edição anterior, comoveu a autarca. “Esta atitude dá-nos confiança para o que aí vem e a certeza de que o futuro pode e já está a ser transformado com este trabalho conjunto.” O vereador da Habitação da Autarquia, Carlos Rabaçal, enalteceu a importância do encontro, este ano com o lema “Decidir, Organizar e Realizar, para a “procura e debate de novas propostas de trabalho”, mas também para o “reforço dos laços de coesão e de proximidade entre os moradores”. Carlos Rabaçal vincou a “qualidade do debate e o sentido comunitário alcançado no encontro” e frisou o “compromisso de todos os moradores em se envolverem ativamente para a concretização de todas as propostas debatidas e apresentadas em plenário”.


segurança

16SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

As capacidades operacionais da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal saem reforçadas com um conjunto de novos equipamentos. Veículos, contentores logísticos e material de intervenção diverso foram adquiridos no âmbito do “Resiliência Setúbal +”, uma candidatura comunitária apresentada pela Autarquia da ordem dos 2,5 milhões de euros

Sapadores mais operacion Uma viatura plataforma de grandes dimensões, com um alcance máximo, em altura, de 43 metros, vocacionada para missões de salvamento e também para cenários de combate a incêndios, é um dos principais veículos adquiridos no âmbito da candidatura comunitária “Resiliência Setúbal +”. “Mais do que o reforço da capacidade

operacional da companhia, a nova viatura permite uma maior abrangência de intervenção em vários teatros de operação”, sublinha Paulo Lamego, comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal (CBSS). A maior flexibilidade de intervenção, um dos principais ganhos para esta companhia, é alcançada

com a plataforma da viatura que pode ser manobrada, simultaneamente, na vertical até um máximo de 33 metros de altura, e também na horizontal, num alcance até dez metros. “Esta polivalência de atuação permite alcançar locais de difícil acesso, como são exemplo algumas áreas no centro histórico. A viatura avança até

à zona mais próxima possível do local a intervir, enquanto a missão é executada pela plataforma”, adianta o comandante da CBSS. Uma cesta instalada no topo da plataforma, com capacidade de carga até 500 quilos, é outra das principais mais-valias de utilização no novo veículo. “Conseguimos colocar, rapidamente, operacionais

EQUIPAMENTOS DE SOCORRO MULTIUSOS A viatura plataforma é a nova estrela da companhia. Tem um alcance máximo em altura de 43 metros, 360 cavalos e pesa 35 toneladas.

INDÚSTRIA O novo veículo, dotado de dois jatos de ataque a fogos, tem um depósito com capacidade para 9 mil litros de água e mil de espumífero.

FLORESTA A antiga viatura, com perto de 20 anos, é substituída por um veículo todo o terreno preparado para o combate a incêndios florestais.

RODOVIÁRIO Material de corte em grande amplitude e uma grua para elevar grandes cargas são mais-valias do Veículo de Socorro e Assistência Especial.

Resgate une forças

LOGÍSTICA Os contentores, de utilização polivalente, têm uma área de utilização até 60 metros quadrados. Dispõem de isolamento térmico.

RESGATE Os Sapadores são a segunda força do País com um contentor de material de última geração para busca e resgate em estruturas colapsadas.

A consolidação de procedimentos e o trabalho em equipa foram reforçados numa iniciativa que juntou, entre os dias 3 e 7 de novembro, bombeiros sapadores de Setúbal e militares da GNR num treino de busca e resgate em estruturas colapsadas. “O balanço é muito positivo”, sublinha o comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal (CBSS), Paulo Lamego, ao destacar que durante os cinco dias da iniciativa, “além da forte componente de treino técnico, houve um importante fomento nas relações institucionais”. Participaram na “Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas” 13 elementos da CBSS, trinta militares do Grupo de Intervenção de Proteção e

QUÍMICO A redução de custos na aquisição de materiais do “Resiliência Setúbal +” permitiu reequipar e reativar o contentor químico da companhia.

Socorro da GNR e cinco operacionais da Força Especial de Bombeiros Canarinhos, da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Paulo Lamego adianta que o treino, com ações teóricas e práticas no quartel dos Sapadores de Setúbal, na Serra da Arrábida e em unidades industriais abandonadas, permitiu “testar as capacidades operacionais em exercícios com equipas constituídas por elementos das três forças envolvidas no treino”. No exercício de teste das capacidades globais de proteção e socorro na área da busca, salvamento e resgate de vítimas em edifícios, estruturas colapsadas e espaços confinados, foram utlizados, pela primeira vez

e material em locais a grandes alturas”, salienta. A viatura plataforma está apetrechada com um jato de água com possibilidade de controlo remoto, assim como um gerador de energia elétrica e tanques de ar comprimido. Está igualmente preparada com tubagem para o fornecimento de ar respirável e água. O “Resiliência Setúbal +”, um investimento global de 2 milhões, 662 mil e 457,78 euros, é promovido no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional e enquadrado no regulamento de Prevenção e Gestão de Riscos do Programa Operacional Temático Valorização do Território.

Atuação abrangente Três contentores logísticos, um dos quais com um conjunto de ma-

e em simultâneo, dois contentores logísticos equipados com material de última geração. Operações de escoramento de edifícios, demolições, corte e perfuração de estruturas, trabalhos de desencarceramento em viaturas e exercícios de extração de vítimas em espaços confinados foram algumas das ações dinamizadas no âmbito do treino conjunto realizado em Setúbal. O exercício, uma organização conjunta da CBSS e do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da GNR, com a presença de meia centena de operacionais, permitiu testar o trabalho em equipa em prol da segurança da população.


17SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Um dos contentores logísticos, utilizado recentemente num exercício conjunto entre Sapadores de Setúbal e GNR, está equipado com material de última geração para busca, salvamento e resgate de vítimas em edifícios, estruturas colapsadas e espaços confinados Merecem destaque os equipamentos de corte e perfuração, entre os quais um hidráulico para demolições, ferramentas para uso em veículos elétricos, a par de detetores sísmicos e de gases, assim como lanternas que podem ser utilizadas em cenários potencialmente explosivos.

Apoio aos Voluntários O apoio municipal à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal (AHBVS) foi destacado pelo vereador Manuel Pisco, a 19 de outubro, nas celebrações do 131.º aniversário da instituição, cerimónia que incluiu a apresentação de uma nova ambulância.

O autarca, ao afirmar que os Bombeiros Voluntários de Setúbal são “uma força imprescindível no quadro de proteção e socorro estabelecido para o concelho”, destacou o trabalho desenvolvido, sobretudo através da dinamização de protocolos municipais de colaboração.

Mais proteção

onais teriais modernos para salvamento e resgate, figuram no leque de novos equipamentos ao serviço dos Sapadores de Setúbal, adquiridos no âmbito da candidatura “Resiliência Setúbal +”. Os contentores logísticos, dotados de isolamento térmico, estão aptos para atuação em qualquer teatro de operações, em qualquer parte do mundo. A conceção estandardizada dos equipamentos permite que sejam transportados por meios terrestres, marítimos e aéreos. Os contentores, com 60 metros quadrados de área máxima de utilização, permitem uma multiplicidade de aplicações, desde logo o transporte de materiais, incluindo embarcações semirrígidas, mas também podem funcionar como postos avançados de comando, hospitais de campanha ou refeitórios.

No âmbito da candidatura a fundos comunitários foi adquirido mais um conjunto de equipamentos, nomeadamente um veículo de socorro e assistência especial, direcionado para acidentes rodoviários, com material de corte e uma grua para elevar grandes cargas. À companhia de Sapadores chega igualmente um veículo especial de combate a incêndios, viatura vocacionada para a atuação em ocorrências na área industrial, “É uma mais-valia brutal na proteção industrial”, realça o comandante da CBSS. Além do reequipamento do contentor químico, concretizado graças a uma candidatura com financiamento comunitário, está prevista a chegada de um veículo todo o terreno especialmente preparado para intervenções em situações de incêndio em áreas florestais. “Todos estes equipamentos tornam a companhia mais eficaz, com atuações mais especializadas que abrangem cenários urbanos, florestais, industriais e ainda o porto”, destaca Paulo Lamego, ao adiantar que este apetrechamento operacional motiva “um trabalho extra na elaboração de procedimentos”. O “Resiliência Setúbal +” já dotou os Sapadores de outros materiais e equipamentos, nomeadamente o recheio do modernizado Centro Municipal de Operações de Socorro, assim como 65 equipamentos de comunicação SIRESP – Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal.

ELITE. Uma equipa de Sapadores de Setúbal representou Portugal no Firefighter Combat Challenge 2014, competição realizada entre os dias 3 e 9 de novembro, em Phoenix, nos Estados Unidos. Pedro Gomes, Abraão Borges, Daniel André, Edi Silva e Mauro Castro competiram com elementos de 46 equipas oriundas de países como Austrália, Alemanha, Argentina e África do Sul. A primeira participação de sempre de uma equipa portuguesa valeu um lugar a meio da tabela, numa prova que contribui para o aperfeiçoamento de técnicas e táticas.

A Autarquia apoiou ainda, recentemente, a aquisição de vários veículos para os Voluntários, entre os quais uma viatura de desencarceramento “que reforça significativamente o dispositivo de proteção e socorro presente em Azeitão”, realçou Manuel Pisco. Em dia de festa, em cerimónia realizada no pavilhão do quartel da AHBVS, o corpo de voluntários apresentou uma nova ambulância, um investimento de 53 mil euros que reforça não só as capacidades da instituição mas também o dispositivo municipal ao serviço das populações. As celebrações incluíram ainda o hastear da bandeira nos quartéis de Setúbal e de Azeitão, uma romagem ao Cemitério de Nossa Senhora da Piedade para deposição de flores no talhão dos bombeiros e a assinatura um protocolo de parceira entre os Voluntários e a Liga dos Bombeiros Portugueses no âmbito do Centro Internacional de Gestão de Emergências.

Escolas treinam para sismos Os procedimentos de evacuação no caso de ocorrência de um sismo foram testados, com sucesso, a 13 de outubro, no Centro Escolar do Bairro Afonso Costa, exercício no qual participaram mais de duas centenas e meia de crianças. “Este é um tipo de exercício realizado duas vezes por ano e que faz parte da atividade global da proteção civil, sobretudo em termos de prevenção, dinamizada no concelho”, salientou o vereador da Proteção Civil, Carlos Rabaçal, num briefing dinamizado após o simulacro. Nuno Sousa, do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros, adiantou que o sucesso desta iniciativa surge na “sequência do trabalho de planeamento e de preparação que tem vindo a ser realizado desde 2007 num trabalho de cooperação muito próximo entre a Câmara Municipal de Setúbal e as escolas”.

O teste aos procedimentos e às respostas de evacuação em caso de emergência foi conduzido no Centro Escolar do Bairro Afonso Costa, assim como noutras 32 escolas do 1.º ciclo e em mais de uma dezena de estabelecimentos de ensino do 2.º ciclo e do secundário. O exercício foi conduzido no âm-

bito do Dia Internacional para a Redução de Catástrofes, que tem como objetivo de alertar os Estados para a necessidade de adoção de políticas que visem a prevenção e a redução de danos, humanos e materiais, causados pela ocorrência de fenómenos de origem natural.

Sistema vigia tsunamis Uma experiência no sistema de alerta de tsunamis instalado no cais da Secil testou com sucesso, a 2 de outubro, o equipamento protótipo capaz de detetar antecipadamente a ocorrência deste tipo de fenómenos naturais. O ensaio permitiu analisar se a transmissão em tempo real do sinal proveniente do sistema de medição para o painel digital é fidedigna e demonstrar que a medição do nível do mar pode ser usada eficazmente como mecanismo de acionamento do sistema de alerta. O teste consistiu na simulação computorizada da elevação do nível do mar correspondente a um tsunami, num cenário criado a partir dos dados conhecidos aquando da

ocorrência do terramoto de 1755 que devastou Lisboa e afetou gravemente Setúbal. A experiência foi conduzida pela equipa técnica do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, entidade que desenvolveu o equipamento experimental, cons-

tituído por um sistema de medição do nível do mar e por um painel digital informativo, este colocado no Parque Urbano de Albarquel. Estratégia, prevenção e responsabilidade são razões invocadas pela presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, para a adesão de Setúbal a este projeto pioneiro e de “fulcral importância para a proteção da cidade e dos habitantes” em caso da ocorrência de um tsunami. O dispositivo de alerta integra o Modelo Global de Propagação de Ondas Tsunami, desenvolvido pelo Centro Comum de Investigação da Comunidade Europeia no contexto do Sistema de Coordenação e Alerta Global de Desastres.


Sintético reforça Várzea Crianças ganham campo

Mais de meia centena de crianças do jardim de infância e ATL “O Palhacinho” usufruem de um campo de jogos, num investimento de cariz social impulsionado por sapadores de Setúbal e pela Liga dos Amigos da Terceira Idade. Além da criação do recinto desportivo, a intervenção solidária inaugurada a 29 de setembro incluiu a reabilitação de áreas ajardinadas com canteiros de flores e a criação de zonas de passagem.

Passeio revela cidade

Cerca de 500 pessoas participaram no IV Setúbal Bike Tour, evento que levou famílias e, principalmente, muitas crianças a descobrir a cidade ao longo de um percurso com 16 quilómetros em bicicleta. A iniciativa, realizada a 19 de outubro, um momento de confraternização entre cicloturistas, incluiu passagens por zonas onde é possível circular de bicicleta em segurança e que deu a conhecer novas zonas cicláveis em construção.

Arrábida desafia no trail

A resistência física foi desafiada no Arrábida Ultra Trail, a 16 de novembro, com perto de 1300 participantes em três provas de dificuldades e distâncias distintas. Por caminhos de natureza menos conhecidos da cordilheira, entre o Castelo de Palmela e o Parque Urbano de Albarquel, foram percorridos percursos de 80, 23 e 14,5 quilómetros, com o mais longo a ser conquistado por Henrique Delgado em 08h43m36s.

Zumba dança solidária

O espírito solidário e a prática desportiva “dançaram” juntos na Festa Zumba Setúbal + Solidária, iniciativa realizada a 15 de novembro com vista à angariação de fundos para a Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Setúbal. O evento, realizado no Cais 3 do Porto de Setúbal, envolveu dezenas de participantes numa tarde de dança integrada nas comemorações do 99.º aniversário da delegação setubalense.

desporto

18SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

De pelado a relvado. Um piso sintético forra o Campo Municipal da Várzea. A beneficiação melhora as condições de prática desportiva para mais de uma centena de crianças e jovens. Seguem-se mais requalificações em equipamentos camarários As condições de prática desportiva para mais de uma centena de crianças e jovens saíram melhoradas com a aplicação de um relvado sintético no Campo Municipal da Várzea, beneficiação desportiva inaugurada a 4 de novembro, numa festa com um jogo de futebol. “Cumprimos um sonho”, realçou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, na cerimónia de inauguração do piso artificial aplicado naquele equipamento, um investimento camarário de 167 mil euros. O recinto, anteriormente em terra batida, utilizado pelo Clube Desportivo “Os Pelézinhos” no âmbito de um protocolo de colaboração com a Autarquia, está agora dotado de condições renovadas para o desenvolvimento desportivo. “Aqui, crianças e jovens formam­ ‑se como atletas mas também como

pessoas”, afirmou Maria das Dores Meira, acompanhada de outros membros do Executivo, ao apontar a importância da instituição desportiva na cidade. Com a beneficiação do campo municipal, o clube sadino fundado há mais de três décadas, em 1981, que usufrui daquele campo, espera captar mais crianças e jovens para as fileiras das várias equipas de futebol. A obra, dinamizada entre julho e setembro, incluiu trabalhos preparatórios do terreno, com a construção da caixa de areia para receber o relvado sintético que cobre o campo de futebol de 11, a par de intervenções complementares. A instalação de um sistema de rega, a criação de uma rede de drenagem de águas e a colocação de mobiliário novo foram ações dinamizadas no âmbito da em-

preitada executada naquele equipamento desportivo. Luís Mendes, em representação do Clube Desportivo “Os Pelézinhos”, agradeceu, em nome do presidente da instituição, Mário Mestre, o “esforço e o empenho do Município para tornar o sonho uma realidade”. O presidente da Associação de Futebol de Setúbal, Joaquim Sousa Marques, sublinhou que esta “é uma requalificação fundamental para o desenvolvimento desportivo da cidade”. Maria das Dores Meira, ao frisar que “este é mais um investimento que consagra a ambição de desporto para todos”, afirmou a continuidade do objetivo de dotar outros campos em terra batida com relvados sintéticos. O próximo campo a intervencionar “está aqui ao lado”, anunciou a presidente da Autarquia ao apon-

tar para o equipamento de utilização desportiva partilhada, com utilização regular pelo Vitória Futebol Clube. Um desafio na categoria de iniciados entre Os Pelézinhos e os Ídolos da Praça estreou o relvado sintético, com o pontapé de saída do jogo inaugural a ser dado por Maria das Dores Meira. O investimento municipal na área de instalação de relvados sintéticos em recintos desportivos realizado nos últimos anos perfaz três campos de futebol de 11 e cinco polidesportivos. A criação de condições desportivas condignas que promovam e estimulem a prática despor­ tiva dos mais novos é o principal desígnio destas intervenções municipais e uma das apostas estratégicas da Autarquia para o aumento da qualidade de vida de Setúbal.

Clubes do mundo pescam em Setúbal O VII Campeonato do Mundo de Pesca Embarcada – Clubes, realizado entre os dias 29 e 31 de outubro, foi ganho pelos italianos da Lenza Emiliana Tubertini e nas outras duas posições do pódio ficaram portugueses, um deles de Setúbal. Na competição, organizada pela Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, os 52 atletas participantes, de 13 clubes provenientes de seis países, capturaram mais de 4 mil peixes, à cana, numa área defronte da Comporta e do Carvalhal, a menos de dez milhas da costa. No evento desportivo, organizado com o apoio da Autarquia, os italianos da Tubertini foram

os vencedores, na segunda posição ficou o Clube Pesca e Náutica Desportiva, de Albufeira, e o terceiro lugar foi ocupado pelo

Grupo Desportivo “Os Amarelos”, de Setúbal. O feito desportivo do clube sadino foi distinguido com uma saudação da Câmara Muni-

cipal de Setúbal, na reunião pública de 5 de novembro, na qual foi destacado “o empenho e esforço dos atletas” participantes, assim como a vocação marítima dos setubalenses. Os restantes representantes de Portugal, o Botafogo Futebol Clube, de Palmela, e o Clube Naval de Sesimbra, ficaram, respetivamente, no sexto e no sétimo lugar. As equipas foram pontuadas de acordo com a quantidade de exemplares pescados, cada um com um determinado valor unitário. O peixe capturado foi entregue a instituições de solidariedade social, através do Lions Clube de Setúbal.


19SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Duas mil pessoas passaram pela VII Feira de Outono, realizada a 9 de novembro, na Herdade da Mourisca, certame de divulgação de produtos regionais da época que contou com um magusto, música, poesia, degustações e passeios ao ar livre. Produtos hortofrutícolas, mel, sal, ostras, pão, vinho, queijo e ervas aromáticas foram atrativos do evento, no qual foi inaugurada a mostra “O Sal e a Salicórnia”, de Florbela Glindim.

Região à prova em Espanha

O alargamento dos contactos internacionais e a divulgação de produtos locais e do concelho foram algumas das mais-valias da participação de Setúbal na Iberovinac. Neste Salão do Vinho e da Azeitona da Extremadura, realizado em Almendralejo, Espanha, no início de novembro, Setúbal mostrou credenciais na vertente turística e apresentou-se a dezenas de países de todo o mundo como uma região produtora de vinho de qualidade.

Enoturismo celebrado à mesa

Cerca de três dezenas de pessoas marcaram presença numa iniciativa gastronómica e vínica com a apresentação e degustação de ostras e vinho espumante, que assinalou, a 9 de novembro, o Dia Europeu do Enoturismo. Na Casa da Baía, os participantes tiveram à disposição ostras Neptuno ao natural, gratinadas ou com acompanhamento de molhos e espumante “Santo Isidro Espumante Branco Bruto”, da Adega Cooperativa de Pegões.

Destino sustentável O desenvolvimento de Setúbal como destino turístico sustentável está na mira do “Sistema LiderA”. Este projeto académico avalia o setor e procura contribuir para o aumento da qualidade O reforço do posicionamento e da notoriedade de Setúbal como destino turístico foi destacado na apresentação, a 5 de novembro, no Cinema Charlot – Auditório Municipal, do “Sistema LiderA”, projeto que aponta medidas para um desenvolvimento sustentável. “Estamos a afirmar Setúbal como a grande capital que é com a requalificação urbana da cidade e do concelho”, salientou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, no encontro “Desenvolvimento do Destino Turístico Sustentável para Setúbal”. A autarca reforçou que “Setúbal é o único destino turístico com oferta tão diversificada”, no qual se engloba o turismo de natureza, da observação de aves aos recursos do Estuário do Sado e da Arrábida, mas também os vinhos e a gastronomia. O “Sistema LiderA”, uma ferramenta de avaliação e reconhecimento da construção sus-

tentável, estabelece indicadores e orientações que auxiliam a procura de sustentabilidade na rede de serviços turísticos, tais como o alojamento, a restauração e os transportes. “O projeto procura desenvolver e gerir a sustentabilidade”, afirmou Manuel Duarte Pinheiro, docente do Instituto Superior Técnico e coordenador do projeto que atua no setor turístico e procura conciliar, em harmonia, as vertentes de ambiente, economia e sociedade. Um melhor desempenho dos serviços e a criação de valor, a par do contributo para o aumento da sustentabilidade, são objetivos do sistema de avaliação, que atua ao nível da integração local, dos recursos energéticos, das cargas ambientais e das vivências socio­ económicas. No âmbito do “Sistema LiderA” foi ainda dinamizado um workshop, a 17 de novembro, na Casa da Baía, para agentes do setor turístico.

Concelho ao gosto francês

Setúbal e a baía sadina foram os convidados de honra de 2014 do SAGA – Salão de Gastronomia e Artes Culinárias, realizado em Vannes, França, entre novembro e dezembro. O pavilhão, uma exposição sobre o Estuário do Sado e a degustação da cozinha regional fizeram sucesso juntos dos milhares de visitantes. A delegação setubalense estreitou ainda relações com o município francês e a comunidade lusa ali residente.

turismo

Outono saboroso na Mourisca

Empreendedorismo ajuda a estimular aquicultura

Convívio com a natureza As potencialidades naturais do Estuário do Sado foram observadas e descobertas ao longo de dois dias no ObservaNatura, certame dedicado ao turismo de natureza, com enfoque na vertente ornitológica, com atividades centradas no Moinho de Maré da Mourisca. “O palco desta feira é um ponto de referência na observação de aves, um ponto de partida para passeios de natureza, para conhecer o Estuário

do Sado e a beleza que envolve a região”, salientou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, na abertura do evento. Na sexta edição da iniciativa, organizada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e pela Autarquia, a 11 e 12 de outubro, houve minicursos, workshops, passeios, observação de aves, encontros e troca de experiências entre empresas deste setor turístico.

A necessidade de estimular o empreendedorismo no setor da aquicultura regional foi destacada pela presidente da Câmara Municipal num colóquio realizado a 1 de outubro no âmbito do 34.º aniversário da Reserva Natural do Estuário do Sado. “Setúbal, terra intimamente ligada ao seu rio e ao mar, sempre foi, com maior ou menor intensidade, de acordo com os tempos, uma cidade com atividade aquícola de relevo”, apontou Maria das Dores Meira na abertura do encontro, na qual destacou o “retomar da produção de ostras” nos últimos anos. Na iniciativa, realizada no auditório do Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal, a autarca adiantou que são “ainda muitas as empresas que se dedicam à exploração de aquiculturas de onde sai peixe de grande qualidade”, razão pela qual o Município continua a dar uma “grande atenção” ao setor. No colóquio “A Aquicultura na Reserva Natural do Estuário do Sado: contributos”, a autarca enalteceu a importância para, em conjunto

com os vários agentes, “entender as razões de um eventual declínio do setor” e encontrar “estímulos para o aparecimento de novas empresas”. Já o secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, ao salientar o potencial das ostras portuguesas, desafiou os especialistas presentes a propor medidas que possam impulsionar a atividade da aquicultura no Estuário do Sado.


cultura

20SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Casa com muita arte

Um concerto de regresso dos Disto & Daquilo e uma exposição do pintor José Mouga foram os pontos altos das comemorações do segundo aniversário da Casa da Cultura. Mas houve muito mais para mostrar e apreciar num espaço que já recebeu mais de 100 mil visitantes Várias gerações assistiram, quase trinta anos depois, ao regresso da música dos Disto & Daquilo, num concerto realizado a 4 de outubro, no exterior da Casa da Cultura, no âmbito do segundo aniversário deste espaço de promoção das artes. O espetáculo serviu para o grupo, pelo qual passaram mais de duas dezenas de músicos, recordar os temas do álbum que gravou em 1983 e outros que não chegaram a ser editados, nalguns casos apresentados agora com novos arranjos. O público, heterogéneo, dos 8 aos 80, praticamente encheu a entrada da Casa da Cultura. Os mais velhos quase se lembravam das letras de cor, enquanto para os mais novos foi a oportunidade de conhecer um projeto que, nos anos 80, obteve reconhecimento nacional, com críticas positivas na imprensa especializada e aparições na televisão e rádio.

Teatro no palco do sonho

“O Sonho”, a nova produção do TAS – Teatro Animação de Setúbal, com drama, poesia e comédia a proporcionarem uma viagem por um ambiente onírico, esteve em cena a 24, 25 e 26 de novembro, no Fórum Municipal Luísa Todi, repetindo a 27 e 28 de dezembro. A peça, baseada na obra homónima de August Strindberg, com encenação de Carlos Curto, convida a assistir ao desenrolar de um sonho, recorrendo a vídeo mapping que utiliza uma dinâmica de imagens em que realidade e a imaginação ora se confundem, ora se complementam.

No dia anterior, a 3 de outubro, foi inaugurada a exposição de pintura e desenho “Notas de Viagem”, inspirada em ciprestes, de José Mouga, “artista que rompe com estéticas definidas e que, com este trabalho, que requer uma observação precisa, remete para uma viagem”, afirmou o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina.

Jazz toca em salas cheias

Setúbal recebeu com casas cheias Rodrigo Amado Wire Quartet, uma das formações portuguesas que gozam de mais prestígio internacional, mas também Osso Vaidoso, o Quarteto Guida Palma e a Capricho Big Band, conjuntos que preencheram o cartaz desta edição do Círculo de Jazz, a 7, 8 e 9 de novembro. O festival, organizado pela Câmara Municipal, em parceria com a Sociedade Musical Capricho Setubalense e a associação Experimentáculo, atrai mais público a cada ano. Nesta edição os espetáculos foram na Casa da Cultura e na Capricho.

José Mouga, ao afirmar que ao longo de toda a vida “nunca teve um estilo definido”, classificou o trabalho como “um processo de fecundação”. Além do espetáculo de Disto & Daquilo e desta mostra, o segundo aniversário da Casa da Cultura contou, entre os dias 3 e 5 de outubro, com a música de The Logadogue Swing Project, do Tocador de Realejos e da Banda Filarmónica da Casa Gaiato, a palestra e exposição de monografias “A República e os Museus: O Museu de Educação de Setúbal”, um atelier de pintura e a tertúlia “As Duas Caras do Patrão” – o Círculo Cultural e o Teatro de Intervenção Social”.

O encontro com José Mouga, no âmbito da inauguração da exposição “Notas de Viagem”, serviu de pretexto para apresentar o sítio do

equipamento municipal, acessível através do endereço www.casadacultura-setubal.pt. A plataforma disponibiliza informações sobre as atividades regulares e pontuais dinamizadas naquele espaço de concentração das artes, como exposições, palestras, encontros, música e cinema, que em dois anos de funcionamento acolheu “mais de 100 mil visitantes”, adiantou o vereador Pedro Pina. Com cerca de 60 mil visitantes só em 2014, a Casa da Cultura proporciona “aos setubalenses e àqueles que visitam a cidade uma oferta diversificada de cultura, com qualidade”. A aposta na cultura, com a promoção de inúmeras iniciativas e com a reabilitação, nos últimos anos, de vários espaços e equipamentos culturais, constitui “uma viagem de continuidade que a Câmara Municipal de Setúbal quer continuar a fazer” em conjunto com a população, frisou o autarca.

Cinema francês em festa

Oferta de música alternativa

Viagem de continuidade

Um homem cujo horizonte é o sofá da sala de casa, adolescentes estrangeiros a aprender francês, um jovem que aspira ser ator de cinema e outro que sonha ser estrela do futebol. A 15.ª Festa do Cinema Francês exibiu, entre 13 e 15 de novembro, diversas obras, algumas em antestreia. A iniciativa, do Institut Français du Portugal, em colaboração com a Câmara Municipal e a Alliance Française de Setúbal, promoveu diversas sessões no Cinema Charlot – Auditório Municipal, incluindo uma destinada ao público infantil. Tudo a preços especiais.

A música alternativa às produções vistas como mais comerciais esteve em destaque em Setúbal, nos dias 5, 6 e 7 de dezembro, na Casa da Cultura, em mais uma edição do festival Lado B. O certame, organizado pela Câmara Municipal em parceria com a Capricho Setubalense, trouxe no dia de abertura o pianista Tiago Sousa e Timespine, projeto de Tó Trips. O Vaiapraia, de voz e piano, abriu o serão de dia 6, em que também atuou A Jigsaw, de blues e folk. Charlie Mancini, que cria bandas sonoras de clássicos do cinema mudo, fechou o cartaz, dia 7.


21SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Mostra revela génio do Finuras Homem dos mil ofícios. Operário especializado em trabalhos não especializados. Mergulhador-salvador, ilusionista. Quase tudo. A genialidade de Francisco Finura é recordada numa exposição Francisco Finura, homem multifacetado que se destacou em vida no desempenho de várias profissões e pelo espírito inventivo e empreendedor, é recordado numa exposição biográfica patente até 1 de fevereiro no Museu do Trabalho Michel Giacometti. Entre familiares, amigos, conhecidos e admiradores de “Finuras”, como era conhecido, dezenas de pessoas estiveram, a 29 de novembro, presentes na inauguração da mostra “Francisco Finura – Um homem muito grande que viveu num mundo muito pequeno”.

O filho, igualmente Francisco Finura, sublinhou na abertura todo o envolvimento e empenho da Câmara Municipal na organização da exposição, constituída por muitas fotografias, pinturas, objetos pessoais e um vídeo de e sobre “Finuras”, falecido em 2012. O espírito inventivo do homem que se descreveu como “operário especializado em trabalhos não especializados” revelou-se em soluções tão simples com travões para bicicletas instalados de forma diferente ou enchimentos para motores de barcos.

“Finuras”, nascido em 1929, em Setúbal, além de inventor, foi um desportista regular. Mergulhador e nadador-salvador credenciado, salvou várias pessoas de afogamento, sendo reconhecido com algumas medalhas pelos feitos.

Trabalhou, entre muitos outros ofícios, como vulcanizador, empresário do ramo das conservas, serralheiro, bate-chapas, ferreiro, mecânico, encarregado de vendas, polidor de metais, eletricista e fundidor. Foi ainda ilusionista, hipnotista e telepata.

Meio século de arte

Qualidade espreita o futuro

A Câmara Municipal reforçou a aposta na qualidade da programação cultural do Fórum Luísa Todi, já patente nos eventos que ali se realizam, como comprova o último trimestre do ano, ao celebrar a 1 de outubro um protocolo de colaboração com a AMEC|Metropolitana. O acordo assegura, para 2015, um programa cultural desenvolvido em conjunto pelas duas entidades, nomeadamente concertos da Orquestra Metropolitana de Lisboa, que atuou nessa noite para interpretar obras de Richard Strauss e Tchaikovsky. A música clássica voltou à maior sala de espetáculos do concelho a 21 de novembro, com a

O percurso de 50 anos na pintura de Rogério Chora foi recuperado numa exposição com mais de meia centena de obras, patente em outubro na Galeria Municipal do 11. “Esta é uma grande exposição de um artista que não é só setubalense, pois passa muito além das fronteiras da região”, sublinhou a presidente do Município sadino na inauguração, dia 5 de outubro, que encheu a galeria com familiares, amigos e admiradores do pintor, além de apreciadores de arte. Maria das Dores Meira, confessa admirado-

ra da obra de Rogério de Chora, frisou que o pintor setubalense, que tantas vezes retratou paisagens e retratos de figuras da terra natal, “está a pintar Setúbal para o futuro”, uma vez que “retrata muitas coisas que em breve vão deixar de ser assim”. O pintor hiper-realista, atualmente com 73 anos, elogiou “o espaço maravilhoso” onde ficou patente a mostra “Rogério Chora – 50 Anos de Pintura”, composta por 54 obras criadas pelo pintor sadino, a mais antiga, um autorretrato desenhado a lápis, de 1959.

Gala de Ópera – Bel Canto Italiano, que deu voz a árias, duetos e tercetos de Bellini, Verdi e Donizetti. Noutro registo musical, revivalista dos anos 70, o cantautor espanhol Patxi Andión atuou a 31 de outubro para apresentar o álbum “Cuatro Días de Mayo”, gravado em Portugal. No teatro, a companhia Artistas Unidos apresentou a 15 de novembro o clássico de Tennessee Williams “Gata em Telhado de Zinco Quente”. A encenação de Jorge Silva Melo contou com Catarina Wallenstein e Rúben Gomes nos principais papéis. Num espírito de fusão do moderno com o tra-

dicional, subiu ao palco do Fórum Luísa Todi o Quarteto de Fado Deolinda de Jesus, que interpreta temas clássicos daquele género musical com arranjos com outras influências rítmicas. A 29 de novembro um grupo de amigos de Fernando Guerreiro organizou um espetáculo multidisciplinar para recordar as diferentes facetas, pessoais e profissionais, do ator, encenador e poeta falecido em agosto de 2013. O Coral Infantil de Setúbal assinalou os 35 anos com o espetáculo “Um aniversário com... Gospel”, a 30 de novembro. O Coro Gospel de Lisboa e o Coro Feminino TuttiEncantus juntaram-se à festa.


educação

22SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Município acolhe comunidade

Padrinhos ativos

Figuras públicas e instituições apoiam estabelecimentos de ensino desde 2005. “Uma Escola, Um Amigo” ganhou novo fôlego. Personalidades e empresas ajudam e animam crianças e jovens E, de caminho, inspiram-nos a traçar planos de vida

O projeto municipal “Uma Escola, Um Amigo” conheceu um novo impulso depois de um encontro entre padrinhos e representantes de escolas do concelho, realizado a 26 de novembro, no Hotel do Sado. Rosa Mota e Helena Coelho foram algumas das individualidades e instituições que marcaram presença no encontro destinado a relançar o projeto criado em 2005. “Uma Escola, Um Amigo” procura aproximar figuras públicas e instituições da comunidade escolar através do apadrinhamento de estabelecimentos de todos os graus de ensino no concelho. Durante o encontro, no qual participaram também a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, e o vereador com o pelouro da Educação, Pedro Pina, escolas “afilhadas” e padrinhos tiveram oportunidade de se conhecer melhor e trocar

impressões sobre iniciativas a desenvolver. “Trata-se de um projeto de educação para a cidadania e também de participação cidadã”, sublinhou a presidente da Autarquia, que enfatizou, ainda, o facto de “Uma Escola, Um Amigo” estar a ser “um dos mais importantes projetos no que à comunidade educativa diz respeito”, responsável pela “edição de livros, festas com artistas e tantas outras iniciativas, em que figuras públicas e empresas têm-se substituído ao Poder Central nas responsabilidades que tem para com as crianças e jovens que frequentam os sistema de ensino”. No encontro realizado no Hotel do Sado, vários padrinhos e escolas ainda tinham iniciativas e objetivos a definir. Noutros casos, porém, os apadrinhamentos já se fazem sentir junto da população escolar. A SOPAC reformulou os jardins da EB dos Arcos e ofereceu bilhetes aos alunos para um

musical em Lisboa, enquanto a Casa Ermelinda Freitas deu um apoio financeiro à Escola Secundária de Bocage para a aquisição de equipamento desportivo. A Cruz Vermelha, numa parceria desenvolvida juntamente com uma marca de produtos desportivos, ofereceu centenas de pares de ténis a alunos da EB dos Pinheirinhos. O envolvimento social de figuras públicas também se reflete de diferentes formas, como na própria imagem do projeto. O hino de “Uma Escola, Um Amigo” foi criado por Toy, que o gravou juntamente com o Coral Infantil de Setúbal, enquanto a cantora Piedade Fernandes produziu o logotipo do projeto. Na longa lista de padrinhos das escolas de Setúbal encontram-se ainda nomes como Maria Barroso, Telma Santos, More Than a Thousand, Anjos, Ana Sobrinho, Luís Lourenço e Deolinda de ­Jesus.

Candidata a prémio europeu O projeto de modernização e ampliação da EB+S Lima de Freitas está nomeado para o Prémio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia – Mies van der Rohe, numa lista com um total de 420 candidatos na qual constam outros cinco trabalhos portugueses. O projeto, elaborado pelo atelier Ricardo Carvalho + Joana Vilhena Arquitectos, resultou na execução de uma obra naquela escola, concluída em 2013, com o objetivo de melhorar a funcionalidade do imóvel e integrar o estabelecimento com a paisagem da Serra da Arrábida.

Meio milhar de pessoas marcaram presença, no dia 8 de outubro, na cerimónia de receção à comunidade educativa, iniciativa em que a presidente da Câmara Municipal apontou críticas ao processo de colocação de professores. Com os docentes a viverem “dias muito difíceis, envolvidos numa confusão sem precedentes, na qual não têm qualquer responsabilidade”, Maria das Dores Meira manifestou “total solidariedade” para com os docentes no encontro realizado na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal. Na cerimónia, em que esteve o vereador com o pelouro da Educação, Pedro Pina, assim como outros membros do Executivo municipal, Maria das Dores Meira salientou a importância deste setor na estratégia municipal. “A Educação uma prioridade de intervenção, porque é nela que está o futuro, o desenvolvimento e o progresso.” A Educação, “uma das grandes conquistas de Abril que importa reconhecer e recordar”, vincou, constitui “um esforço conjunto para proporcionar às crianças e aos jovens um crescimento saudável, em harmonia, conhecimento e bem-estar”. Na habitual confraternização dos agentes da comunidade educativa estiveram ainda, entre outros, o delegado regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo, o presidente da Assembleia Municipal de Setúbal e presidentes de juntas de freguesia. A cerimónia incluiu um apontamento musical a cargo do ensemble de percussão do Conservatório Regional de Setúbal.

Ensino profissional discute definição

A valorização do espaço coletivo, a criação de mais valências educativas e a beneficiação geral da escola, com melhorias ao nível das acessibilidades, conforto térmico, acústico e energético, foram algumas das mais-valias alcançadas. O prémio de arquitetura, instituído em 1987 pela Comissão Europeia, pelo Parlamento Europeu e pela Fundação Mies van der Rohe, é atribuído de dois em dois anos. A lista dos projetos finalistas ao galardão é conhecida no final de janeiro.

BOAS-VINDAS. Perto de mil alunos, entre caloiros e veteranos, do Instituto Politécnico de Setúbal foram recebidos pela Câmara Municipal, na manhã do dia 2 de outubro, na Praça de Bocage. O coordenador do Gabinete da Juventude da Autarquia, Hugo Tavares, deu as boas-vindas aos estudantes, a quem pediu a responsabilidade de serem “embaixadores de Setúbal”.

A urgência da criação de condições para que o funcionamento das escolas profissionais seja devidamente enquadrado em termos jurídicos foi uma das mensagens deixadas num congresso sobre estabelecimentos de ensino daquela natureza, realizado a 2 de outubro, no Fórum Municipal Luísa Todi. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, apelou a que o Governo coloque um ponto final nas “situações de vazio para o futuro destas escolas [profissionais], que são muito necessárias e não têm culpa de reformas da Administração Pública que não lhes eram dirigidas, mas de que sofrem as consequências”. Ao discursar no VI Congresso da Associação Nacional de Escolas Profissionais, a autarca referia-se à incerteza gerada pelo processo de extinção de fundações e empresas municipais detentoras de escolas profissionais.


academia

23SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Um revestimento inovador que aumenta a durabilidade de ligas de magnésio foi desenvolvido por uma aluna de mestrado da Escola Superior de Tecnologia, que esteve na NASA. As consequências de uma mastigação incorreta, sobretudo ao nível da fala, são estudadas numa investigação que junta professores e estudantes da Escola Superior de Saúde

Barreira protetora recurso a simulações e técnicas laboratoriais de desgaste e corrosão agressivas, indicam que a aplicação do revestimento diminui substancialmente a taxa de degradação de ligas de magnésio. “Foram momentos de descoberta até porque esta é uma área pouco explorada.” Em suma, salienta a jovem investigadora, o trabalho visou “o aumento da durabilidade de ligas de magnésio, o que permite o alargamento da aplicação deste material a diversas áreas de intervenção, nomeadamente na biomédica, na qual o magnésio ainda é pouco utilizado”.

Sonho americano

A durabilidade de ligas de magnésio, materiais com diversas formas de aplicação, nomeadamente na indústria aeronáutica, automóvel e biomédica, é aumentada com a aplicação de um revestimento protetor inovador desenvolvido por Cátia Piedade. A otimização de ligas de magnésio, através da diminuição do processo de corrosão destes materiais, cada vez mais utilizados, foca a investigação da aluna do mestrado em Engenharia Biomédica – Desporto e Reabilitação, da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal.

A designação do projeto da investigadora de 25 anos pouco revela à grande maioria das pessoas, “Revestimento em magnésio ultra puro nas ligas AZ31 biodegradáveis: funcionalização com nanopartículas de hidroxiapatite e grafeno”. A explicação acaba por ser mais simples. As ligas de magnésio detêm excelentes propriedades e permitem uma panóplia de aplicações. Contudo, são muito suscetíveis à corrosão, facto que a aluna procurou inverter no trabalho de investigação iniciado em outubro de 2013, com largos meses de experiências em laboratório. “Para baixar a corrosão do magnésio

são necessários tratamentos de superfície. Neste caso foi utilizada uma solução com fosfato e grafeno, um componente quimicamente inerte, estável e impermeável. Juntos formam a barreira de proteção desejada”, explica Cátia Piedade. A investigação da estudante, licenciada em Engenharia Biomédica, começou precisamente por explorar esta área da medicina, com a criação de implantes biodegradáveis que desaparecem ao longo do tempo, sem necessidade de remoção por cirurgia e sem efeitos nocivos para o utente. As experiências conduzidas, com

Em finais de outubro, Cátia Piedade levou o trabalho de investigação até aos Estados Unidos, para uma apresentação na conferência “Environment and Alternative Energy: Increasing Space Mission Resiliency through Sustainability”, da NASA, Agência Espacial Norte-Americana O desafio foi impulsionado pelas docentes Catarina Santos e Maria João Carmezim. As orientadoras da tese de mestrado da aluna candidataram a investigação à Fundação Luso-Americana, entidade que atribuiu uma bolsa que ajudou Cátia Piedade a viajar até ao outro lado do Atlântico. Na conferência sobre ambiente e energias alternativas, realizada

no Kennedy Space Center Visitor Complex, em Orlando, Flórida, a aluna apresentou a investigação do revestimento de proteção em fosfato e grafeno em aplicações mais vocacionadas para a indústria aeronáutica e automóvel. “Neste caso, a utilização do revestimento protetor em ligas de magnésio aplicadas na mecânica, além do aumento da durabilidade, pode proporcionar mais-valias na eficiência, nomeadamente na redução de consumos de energia e de emissão de gases”, esclarece. A participação na conferência internacional, ao lado de alguns dos melhores cientistas e investigadores da atualidade, é motivo de orgulho. “Foi gratificante e, no fundo, um reconhecimento pelos vários meses de estudo, pesquisa e investigação.” A experiência americana, vinca Cátia Piedade, contribuiu para o “crescimento pessoal, académico e posteriormente profissional, bem como para uma maior projeção do revestimento desenvolvido. Em suma, abriu algumas portas para explorar no futuro”. Apesar de fascinada pela área da investigação, a aluna quer agora ingressar no mercado de trabalho. “Foram sete anos consecutivos a estudar. Agora, se conseguir, espero começar a trabalhar.” Contudo, não fecha a porta a um novo desafio na vertente de pesquisa. “Se surgir a oportunidade certa...”

Quando mastigar dá que falar A importância de mastigar corretamente, sobretudo em idade de pré-escolar, é explorada num projeto de investigação académica que junta docentes e alunos da licenciatura em Terapia da Fala da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal. O “Mastiga +”, em desenvolvimento há cerca de um ano, surge após a frequente identificação de problemas na fala e na voz dos mais novos e que, de acordo com os investigadores envolvidos, podem resultar de perturbações na alimentação ou de uma incorreta mastigação/deglutinação. A construção e validação de um instrumento que permita a sinalização precoce de alterações na mastigação em crianças em idade de pré-escolar e que possibilite uma intervenção atempada e eficaz no tratamento materializam o grande desafio da investigação.

Para validar a teoria, o projeto, coordenado pelas docentes Sónia Lima e Vânia Ribeiro, conta com o envolvimento de mais de duas dezenas de alunos e profissionais de saúde e da educação, assim como os próprios pais e antigos estudantes. “É uma área pouco desenvolvida. Há uma escassa partilha de informação de casos de crianças com problemas de alimentação e mastigação, situações que podem estar relacionadas com anomalias da fala, crescimento craniofacial, postura, motricidade orofacial e respiração”, adianta Sónia Lima. Para elaborar o instrumento de sinalização, os investigadores contam com a colaboração de agentes que intervêm com as crianças, que reportam comportamentos que se julgam vulgares e normais mas que, na realidade, podem estar relacionados com o objeto de estudo do trabalho.

Há vários sinais referenciados. “Crianças que levam demasiado tempo na hora da refeição, que se sujam em demasia, que têm preferências por diferentes formas de confeção do mesmo alimento ou que não sabem manusear corretamente os talheres”, alerta Vânia Ribeiro.

Muitos destes comportamentos, vulgarmente identificados como “preguiça, distração ou simples falta de jeito, podem estar relacionados com alterações sensoriais nas crianças, algumas delas muito precoces, que podem surgir ainda durante o período de amamentação”, afirma Sónia Lima.

O instrumento de sinalização, uma checklist de diagnóstico que permita identificar e validar sinais de alterações sensoriais para uma atuação mais rápida, sobretudo ao nível do terapeuta da fala, deverá estar finalizado até meados de 2015. Além da criação do instrumento, a investigação pretende consciencializar os profissionais que trabalham com crianças para a importância do diagnóstico de transtornos na mastigação, através de ações de formação dinamizadas pelos estudantes em regime curricular. “Se conseguirmos intervir o mais atempadamente possível e, por outro lado, sensibilizar a população para a correta identificação destes comportamentos, estamos a contribuir para a atenuação de repercussões futuras no desenvolvimento das crianças”, vinca Sónia Lima.


24SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

retratos

De metais em bruto fazem arte. A matéria­ ‑prima, muita dela preciosa, ganha a elegância de uma joia. A Officina Bellu Conti destaca­‑se em Azeitão pelo trabalho personalizado. O ouro ou a prata não lhe esconde segredos e ganha a forma dos sonhos de cada um

Oficina de ovos de ouro Pelas bancadas brotam martelos, limas, tenazes, lixas, ferramentas de corte, alguidares, frascos e frasquinhos com químicos e o indispensável maçarico. Mistura-se e espalhase esta e outra parafernália por uma assoalhada do tamanho de uma garagem. O resultado, num quadro que recupera uma comum carpintaria, é o atelier da joalharia Officina Bellu Conti. Camuflados na pacatez bucólica de Brejos de Azeitão, José e Paula Vilaça dão vida a rudes blocos de ouro, prata ou outros metais nobres e vis. São artesãos. Artistas. “Nunca saíram daqui duas peças iguais. Nem se pode dizer que seja, chamemos-lhe assim, ‘capricho artístico’. Simplesmente, não é possível”, garante José Vilaça, com os ombros encolhidos. A originalidade e a criatividade vincam, como uma cinzelada, a distância que os separa de uma convencional ourivesaria. As peças são todas personalizadas, ímpares e concebidas à medida dos desejos dos clientes. Um coração pode ser um pedido habitual a um joalheiro, mas na Bellu Conti os corações batem todos de maneira diferente e, talvez pela paixão demonstrada na viagem entre a fundição do ouro em estado bruto e o polimento final da nova obra de arte,

as encomendas não vão faltando e até se sobrepõem. “Repare, um quilo de prata custa à volta de 400 euros. É muita prata. Não é o que encarece o valor de uma peça. As horas de trabalho, a dedicação, é o que se reflete no preço final”, observa José Vilaça. A propósito, as peças mais baratas a sair das mãos dos artesãos são anéis em metais não nobres. Custam entre 20 e 30 euros. Da mais cara, curiosamente, não se lembram do valor. “Talvez uns 300 ou 400 euros”, adianta, manifestamente insegura, Paula Vilaça, mulher de José, na mesma frase em que atira também “uns 1700 euros” por um trabalho “mais complexo e com muito material precioso”. Resumindo, é difícil dar números à arte.

Não saem prémios O esforço e o empenho empregues em cada peça podem gerar devoção e, sem dúvida, são fonte de orgulho quando o trabalho fica terminado. “Dá sempre um apertozinho no peito quando se entrega uma peça de que gostamos muito. Mas este é o trabalho. Pode deixar de ser minha, só que passou para alguém que gostou dela o suficiente para a encomendar. É um conforto”,

desabafa a sempre sorridente Paula. “Também temos de viver todos os dias”, acrescenta José, a quem, concordam ambos, é mais difícil desapegar-se das criações. Só que o ego encontra outros mecanismos de consolo. “As peças premiadas não as vendemos. Já quiseram comprar, mas não consigo. Eventualmente podemos fazer outra. As premiadas é que não”, afirma José com recurso a pantomina assertiva, mas sem abrir mão da simpatia contagiante. Por isso, naquela que é uma espécie de antecâmera do atelier, há prateleiras decoradas com obras de uma coleção que se pode definir como pessoal e intransmissível. Desde que se iniciaram no ramo da joalharia, há cerca de vinte anos, já arrecadaram vários prémios em concursos. No mostruário impõem-se à vista dois enormes ovos de avestruz, um deles com duas figuras de prata a eclodir em alegria. Foi menção honrosa numa edição dedicada ao Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades do concurso Inovarte, no qual o casal também já recebeu honras de primeiro e segundo lugares noutros anos. A restante área das prateleiras está polvilhada com outras peças, mais

ou menos vistosas, e, praticamente todas, com etiquetas a indicar um concurso e o respetivo prémio conquistado. “Em quase uma dezena de provas não fomos premiados por duas vezes. Esta foi uma delas [segura uma detalhada e impactante rendeira de bilros em prata]. Não é que coloquei um lenço na cabeça da mulher?! Disseram-me que não ganhava o prémio porque as senhoras não usam lenços. Nunca!”, explica José Vilaça entre gargalhadas. A culpa, porventura, residirá na contemporaneidade que define o estilo de ambos os artesãos e que poderá negligenciar detalhes de tradições.

Joias com pronúncia José nasceu em Braga e Paula em Gondomar. Fizeram as malas rumo ao Sul depois de José cumprir o serviço militar. O Barreiro ficou então para trás com o desejo de se abrir uma ourivesaria em Azeitão, cumprindo-se o gosto comercial de Paula. José, amigo das artes, em particular da pintura, e tipógrafo naquela altura, decide tirar um curso de joalharia em Gondomar instigado pela mulher.

Absorve “o máximo de informação possível para poder trazer cá para ‘baixo’”. Resulta, pois leva “jeito para a coisa” e, “numa altura em que havia assaltos a lojas”, fecham a que tinham e abrem a oficina de joalharia personalizada e por encomenda. Paula junta-se ao mester depois de a curiosidade a levar a observar o marido a trabalhar. Assinam as peças que criam porque os clientes assim o pedem. Cada tem um estilo próprio, mas adotam “um processo criativo de complemento mútuo”, diz Paula. “Somos mais conhecidos fora de Setúbal”, observa a artesã, notando, igualmente, que o Norte tem mais tradição na compra e criação de joalharia. “O início foi engraçado”, acrescenta José. “No último dia de uma feira em Coimbra, uma senhora aborda-me com as mãos cheias de peças em prata. Perguntou se era artesão, confirmei. Deu-me aquilo tudo e disse para levar, derreter e ir enviando criações novas à medida que as fosse fazendo. Fiquei parvo. Perguntei-lhe se não tinha medo que fosse um bandido.” Não era. E a senhora não teve medo. Ainda hoje, como tantos outros, continua cliente da Officina Bellu Conti.


25SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

O tremoço gourmet Do pires saltou para um frasco com rótulo elegante. Barra-se em tostas e no pão e até adorna saladas. Estranha-se e depois entranha-se, num plágio, com propriedade, das palavras do poeta. Senhoras e senhores, vem aí o Taroço, o patê de tremoço

rosto Água revela super-herói

O popular tremoço está a ganhar o estatuto de iguaria requintada graças à iniciativa de três jovens setubalenses que transformaram a vulgar semente em patê gourmet. À originalidade inspirada na tradição chamou-se Taroço e, convença ou não o paladar, é impossível passar despercebido. Numa primeira impressão, transformar o prosaico tremoço em patê de elite soa a ideia peregrina, mas Pedro Baptista, André Fernandes e Pedro Elvas rapidamente perceberam que de tal excentricidade poderia surgir uma ideia com futuro. “Queremos que as pessoas vejam o Taroço como algo de excelência porque se trata de um produto saudável”, explica Pedro Baptista, 26 anos. Para o engenheiro de automação, controlo e instrumentação, a maioria dos produtos biológicos e saudáveis peca por lhes faltar sabor. O Taroço vem dar outro tempero a essa tendência. “Ninguém fica indiferente. É intenso e marcante. Depois depende dos gostos”, observa. André, 26 anos, mestre em engenharia biológica, explica que o tremoço tem as

características de um superalimento, com altos teores de proteínas. Recusam-se a usar conservantes, corantes e outros aditivos artificiais, além de que o original patê setubalense não leva sal e está livre de glúten e lactose. Argumentos que fazem André Fernandes garantir que a produção do produto final é transparente para o consumidor.

Agora é a sério Os constantes convites para reportagens e programas televisivos, os mais de mil “Gostos” no Facebook e as milhares de visualizações no canal do Taroço no Youtube quase fazem esquecer que este é um projeto que está a dar os primeiros passos. Na verdade, nem sequer está a ser comercializado. Quem quiser experimentar deve encomendar através da página do Facebook ou do endereço de correio eletrónico taroco.geral@gmail.com. Recentemente, o projeto esteve exposto numa plataforma de crowdfunding para angariar fundos junto do público. A equipa conseguiu, graças à confiança

depositada pelos cibernautas, apoios financeiros para que o Taroço seja analisado em laboratórios. Um dos valores dos quais aguardam novidades é, por exemplo, o prazo de validade do saboroso patê. Mas a espera não se faz de braços cruzados. Contactos para perceber o futuro do negócio sucedem-se, desejando o trio assegurar a continuidade da produção do Taroço e garantir uma distribuição ajustada do produto. “A ansiedade faz parte, mas não nos deixamos afetar. Queremos fazer as coisas bem e com calma, sem precipitações”, reflete André. Pedro Elvas, 25 anos, estudante de marketing, desvenda algo mais sobre planos a longo prazo. “O Taroço deverá ser uma marca de vários produtos saudáveis à base do tremoço e pensamos ainda ser possível vingar internacionalmente”, acrescenta. Pedro Elvas tem motivos para querer conquistar o mundo. “Já fomos contactados por uma senhora, emigrante em Paris, que nos propôs vender o Taroço na loja gourmet que tem lá.” Com tantas perspetivas de crescimento, já pensam em mais variedades além

dos atuais “Clássico”, “Pimento Vermelho” e “Cebola”. “Acreditamos piamente que se vai tornar uma realidade no mercado”, confessa Pedro Baptista. Essa fé comercial está intimamente ligada à própria origem da ideia, que remonta a uma conversa corriqueira entre André e Pedro Elvas na qual constataram uma lacuna no mercado dos produtos biológicos e saudáveis. Não têm paladar, consideram. Curiosos, começaram a investigar produtos com potencial. “Curiosamente foi fácil. Pensámos no abacate, mas não tinha potencial. No dia seguinte, com uma simples pesquisa na internet, deparámo-nos com o tremoço. O Pedro [Elvas] gosta de se aventurar na cozinha, surgiu a primeira pasta e percebemos que merecia mais atenção”, recorda André Fernandes. Agora, já com Pedro Baptista, que rapidamente abraçou a aventura, fabricam o Taroço para amigos, familiares e curiosos experimentarem e ditarem sentenças. “Temos pedidos, mas o melhor sintoma é que geralmente voltam a pedir mais”, adianta Pedro Elvas, com palavras de confiança.

iniciativa

Usualmente renegado aos pires de café, quase como adorno de uma refrescante imperial em esplanada de verão, o tremoço merece um olhar mais atento. Esta semente das plantas fabáceas tem como nome científico Lupinus e, de entre as centenas de espécies existentes, a Albus é a mais consumida em Portugal. O tremoço quase lembra um super-herói com uma identidade secreta. Quando se encontra no estado de semente seca, contém várias substâncias tóxicas e prejudiciais à saúde, como aminoácidos e alcaloides. Cozido e passado por água corrente, torna-se altamente proteico e rico em fitonutrientes e fibras, com baixo valor calórico e de gorduras. Características típicas de um super­alimento, com vários benefícios para a saúde. Tremoço em números: Energia (kcal) 83,05; Água (g) 49,61; Proteína (g) 10,87; Lípidos totais (g) 2,04; ­Carbohidratos (g) 6,90; Fibras (g) 1,95.


26SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

História

Desenho da vista geral de Setúbal em 1669, um século antes do terramoto, feito por Pier Maria Baldi durante a viagem por Portugal de Cosme III de Médicis, grão-duque da Toscana

Os quinze minutos que abalaram Setúbal O terramoto de 1755 não devastou apenas Lisboa. Muitas localidades do Sul também foram atingidas. A vila de Setúbal não escapou à fúria da natureza e foi a que mais sofreu, com mais de 4 mil mortos, quase um terço da população Quem vê a cidade de Setúbal hoje não consegue imaginar como foi o acordar do primeiro dia de novembro de 1755. Um terramoto e um maremoto, aos quais se seguiu um fogo incomensurável. Um verdadeiro dia de terror. Calores desajustados para a época, a lembrar um longo verão sem pingo de chuva, foi assim que se anunciou o Dia de Todos os Santos de 1755. As missas tinham começado cedo e sucediam-se em todas as igrejas e capelas da cidade. Era perto das nove e meia da manhã quando um abalo, de quinze minutos, sacodiu a vila de Setúbal. A terra não parava de tremer, as casas desabavam, e já se preparava outra ameaça – o mar começara a crescer como uma montanha e a enchente atingiu o primeiro andar dos edifícios. Derrubou barcos, engoliu quantos se tinham refugiado junto da água para escapar ao terramoto. Depois do mar, o fogo, que, durante seis dias, viria a assenhorear-se de tudo o que encontrava, ateava o lume e este era espalhado pelos ventos. Em “Portugal Antigo e Moderno”, de Pinho Leal, o cronista escreve que Setúbal, na altura vila, “sofreu mais do que as outras povoações” naquele que ficou conhecido por Terramoto de Lisboa “porque saíram da terra grandes jatos d’água, que se levantaram a grande altura, ao mesmo tempo em que o mar, que abandonara a praia, refluiu logo com grande fúria” e acabou por assolar o porto, “destruindo embarcações e matando muita gente”. O historiador relata que, “à falta de habitações, se fizeram barracas em diversos sítios, principalmente junto das muralhas, de que ainda restam alguns vestígios”. Nesse período, Setúbal viveu dias de “balbúrdia”. No meio do horror e da destruição, as pessoas, enlouquecidas, procuravam amigos e familiares entre as ruínas, acorriam

a esmos sem saber onde abrigar­ ‑se. Dos escombros retiravam-se os mortos e começaram a crescer, de forma desorganizada, barracas de lona ou de madeira armada para abrigar os desalojados. Um dos setubalenses que vivenciou o terramoto, o historiador Gregório de Freitas, deixou um documento intitulado “Notícia do terramoto do mês de Novembro de 1755 pelo que respeita a esta Vila de Setúbal”, no qual refere a perturbação de toda a gente após o dia do sismo que considera “o dia final”, no qual “os maridos procuravam pelas mulheres, estas por eles, os pais e mães pelos filhos, estes por eles e elas, os irmãos uns pelos outros, enfim tudo era confusão”.

Danos incalculáveis Do terramoto de 1755 sabe-se que terá vitimado mais de 4 mil dos cer-

ca de 13 mil habitantes de Setúbal. Muitas casas caíram. Outras ruíram parcialmente. Pinho Leal refere, no seu livro, que no Largo da Fonte Nova, “se reuniu tão grande entulho que chegava à altura das janelas dos primeiros andares”. Os Paços do Concelho, edifício-sede da Câmara de Setúbal, ficaram praticamente em ruínas. Esta situação vai determinar que o arquivo do município, que não foi afetado pelo terramoto, seja transferido para o Convento de Brancanes, onde passa a reunir a vereação. As freguesias de S. Sebastião, S. Julião, Nossa Senhora da Anunciada e Santa Maria da Graça sofreram violentamente os efeitos da catástrofe. É disso que dão conta os relatos prestados pelos párocos das freguesias de Setúbal, em resposta ao inquérito nacional coordenado pelo padre Luís Cardoso, em 1758, a

mando do secretário de Estado dos Negócios do Reino, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal. Na freguesia de S. Sebastião, nalgumas ruas, os edifícios caíram. Na freguesia de S. Julião, a maior parte das casas ficou arrasada e as restantes bastante destruídas. Três ruas inteiras, Direita dos Mercadores, dos Caldeireiros e das Canastras, foram queimadas pelo fogo que se seguiu ao terramoto. Na Igreja de S. Domingos, caiu a abóbada e algumas das capelas colaterais. No Convento dos Agostinhos Descalços, houve também prejuízos, mas facilmente reparados. No Colégio dos Padres da Companhia de Jesus, “todo o teto veio a terra”, só ficando ilesa a capela-mor. No Convento de S. João, metade da igreja, a capela-mor e colaterais caíram, o coro ficou muito aluído e a parte

Na atual Praça Teófilo Braga, existia a Igreja da Anunciada, devastada pelo terramoto e onde, no átrio, eram enterrados cadáveres, descobertos em escavações arqueológicas realizadas a partir de 2011

poente do convento inabitável. Na Igreja Paroquial de S. Sebastião, veio abaixo o zimbório da torre, ­ficando as escadas bastante afetadas. Caíram a cruz e as cimalhas de pedra. A Igreja de S. Julião também sofreu muito com o terramoto, o mesmo acontecendo ao Convento do Carmo e à Igreja de Santa Maria, particularmente a capela-mor e as torres. A Igreja da Misericórdia ou do Santo Espírito ficou irreparável e o hospital aí instalado registou sérios danos. A ruína causada pelo maremoto, descrita pelos párocos das freguesias de Santa Maria e da Anunciada, foi muito intensa nos bairros do Troino e das Fontainhas. “Com o tremor de terra se observaram na mesma várias aberturas, de onde saía quantidade de água”. Depois do flagelo de 1755, registos de azulejos passaram a aparecer nas fachadas das casas dos setubalenses, convocando a proteção dos santos contra semelhantes catástrofes. Apesar da devoção e fé, um século depois, em 1858, Setúbal é de novo assolada por um violento terramoto que provoca inúmeras vítimas, destruindo também várias casas do centro histórico, principalmente na zona do Troino. Fontes “Setúbal no século XVIII – As informações paroquiais de 1758”, Rogério Peres Claro, Setúbal, 1957 “Coleção de clássicos n.º 5 – O Marquês de Pombal, o terramoto de 1755 em Setúbal e o Padre Malagrida”, Daniel Pires, Setúbal, 2013 “Portugal Antigo e Moderno”, Augusto Soares de Pinho Leal, Lisboa, 1880 “História e cronologia de Setúbal, 1248-1926”, Albérico Afonso Costa, Setúbal, 2011


Brinde à visão José Maria da Fonseca sobressaiu como um visionário que há 180 anos se instalou no concelho para mudar indelevelmente a paisagem campestre de Azeitão e revolucionar o mercado do vinho em Portugal e no mundo. Natural de Vilar Seco, concelho de Nelas, onde nasceu a 31 de maio de 1804, desde o primeiro instante que chegou a Setúbal revelou perspicácia invulgar. Filho de um comerciante com ativi-

dade no Cais do Sodré, em Lisboa, visitou Azeitão para avaliar uns terrenos dados como garantia de dívida ao Contrato dos Tabacos. Viu, analisou e concluiu que as parcelas seriam boa paga da dívida, desde que tivessem um novo rumo: a plantação de vinhas. Da personalidade de José Maria da Fonseca pouco se conhece no círculo público, mas as inovações que implementou ajudam a adivinhar uma mente pragmática e incomum.

José Maria da Fonseca foi um empresário inovador. Única imagem conhecida. Sem data

Pessoa Em 1840, seis anos após a fundação da empresa com o seu nome, passavam pelas vinhas charruas atreladas a animais. Cenário inusitado para a época. José Maria da Fonseca, bacharel em Matemática pela Universidade de Coimbra, reparou ainda que as habituais plantações em quincôncio, uma disposição no formato do cinco nos dados, só prejudicavam, adotando a plantação em fileiras, que permitiam, também, mais exposição solar. Seguiu-se o engarrafamento do vinho, opção mais prática e apelativa para a comercialização e de total rutura com a usual venda a granel em Portugal. Em 1850 cria o “Periquita”, a primeira marca vínica do País e que fica na boca de portugueses e estrangeiros. Até hoje. Os novos padrões implementados no setor vínico foram tais que D. Pedro V confere em 1857 a Ordem de Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito “às instalações vinárias do senhor Fonseca”.

A empresa foi a primeira a usar charruas atreladas a animais nas vinhas, diminuindo a força braçal nas plantações. Imagem do século XX. Arquivo José Maria da Fonseca

Medalhas de mudança A casa José Maria da Fonseca conquistou várias medalhas ao longo do trajeto de 180 anos e as primeiras premiaram o fundador ainda em vida. Até ao ano da morte de José Maria da Fonseca, em 1884, a empresa recebeu a medalha de ouro na Exposição Universal de Paris, em 1855, pelo Moscatel de Setúbal, vinho que também marcou pela inovação na produção. O ouro assentou ainda a José Maria da Fonseca na Exposição Universal de Filadélfia, EUA, em 1876, por duas vezes, e novamente, por uma vez, noutra edição da Exposição Universal de Paris, desta feita em 1878.

Cidade unida pelo Vitória “Queremos o Vitória na primeira divisão!” Este era o sentimento que setubalenses e vitorianos exibiam nos cartazes presentes na Praça de Bocage a 21 de junho de 1951. O que os unia era o protesto contra a descida de divisão da equipa de futebol decidida por despacho do ministro da Educação Nacional. Motivo: suspeita de suborno. Homens, mulheres, crianças, com bandeiras e bandeirinhas, saíram à rua em manifestação. Nada os demoveu de exigirem a revogação do despacho que consideravam injusto, referente ao jogo entre o Oriental e o Vitória disputado a 18 de março de 1951, partida que os sadinos venceram 2-1. Reuniram-se em frente do Palácio Salema (antiga sede do clube), do Governo Civil e da Câmara Municipal. A revolta e a preocupação demonstraram o apego dos setubalenses ao clube da terra. A população

não entendia outra linguagem se não a vitoriana. Mais do que qualquer outra coisa, só o Vitória Futebol Clube contava naquela hora. Na manifestação de 1951, considerada a maior concentração do género realizada em Setúbal, as pessoas surgiam nas varandas dos edifícios e assistiam aos discursos que prometiam fazer justiça ao Vitória, pela voz do presidente da Assembleia Geral, Álvaro Gomes, do deputado pelo Círculo de Setúbal e antigo governador civil de Setúbal José Guilherme de Melo e Castro e ainda do presidente da Câmara de Setúbal, Miguel Rodrigues Bastos. As taças mais emblemáticas foram colocadas na varanda da sede do clube, de onde discursou o presidente do Vitória, Artur Gago da Silva. Junto do Governo Civil, na Avenida Luísa Todi, o presidente da Assembleia Geral do Vitória falou sobre a preocupação dos setubalenses em geral

ontem

relativamente ao sucedido. Também o governador civil, Francisco Corrêa Figueira, prometeu fazer todos os possíveis para que a decisão fosse revogada ou alterada. Nesse dia houve ainda uma reunião

extraordinária de Câmara, na qual o vereador Guilherme Faria apresentou uma moção, aprovada por unanimidade. O esforço foi em vão. O despacho de descida de divisão do Vitória manteve-se.

Manifestação popular na Praça de Bocage, a 21 de Junho de 1951, contra uma decisão de secretaria que empurrou o Vitória Futebol Clube para a 2.ª divisão. Imagem do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

O edifício que hoje todos conhecemos ocupado pelo Comando da PSP de Setúbal, no número 350 Avenida Luísa Todi, esquina com a Avenida 22 de Dezembro, como retrata a foto atual de Mário Peneque, serviu, durante o Estado Novo, de sede da delegação local da Legião Portuguesa, como se vê na imagem de Américo Ribeiro, de 1947, e numa das salas funcionava o serviço de censura à imprensa. Depois do 25 de Abril de 1974, o imóvel foi sede do MDP/CDE, partido da oposição ao regime de Salazar e Caetano.

memória

27SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

Estória A inglória de 1951 não foi caso único. Após o regresso à 1.ª divisão, o Vitória Futebol Clube chega, na época de 1953/54, à final da Taça de Portugal, defrontando o Sporting, num desafio marcado por uma arbitragem com critérios duvidosos. A equipa acaba, injustamente, derrotada por 3-2. Mais uma vez, as hostes sadinas não se conformaram. Organizou-se uma subscrição pública e, com os donativos do povo setubalense, foi feito um troféu que recebeu o nome de “Taça Recompensa”, uma réplica da Taça de Portugal, para distinguir aqueles que deveriam ter sido os vencedores da final. A manifestação de 1951 e outras estórias do clube são recordadas na exposição “Para Além da Glória – Entre o troféu e a imagem”, com espólio do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro, patente até ao dia 14 de fevereiro na Casa Bocage.

hoje


Setúbal festeja Natal O Natal é motivo de festa. Por todo o concelho, há atividades à espera dos munícipes e dos visitantes. A alegria da quadra contagia Setúbal até ao início de janeiro Setúbal está a festejar o Natal com um conjunto de iniciativas, que se prolongam até janeiro, em diversos espaços e locais públicos do concelho, dirigidas a todos os públicos. O programa “Natal em Setúbal”, com concertos, exposições, animações de rua, teatro, dança e artesanato, em vários locais da cidade e em Azeitão (ver texto nesta página), conta este ano com a novidade “STB Christmas Market”, um mercado instalado na

zona da Praça de Bocage. Até 24 de dezembro, cerca de vinte casinhas rústicas de madeira e bancas com artesanato e gastronomia decoram o largo central da cidade, com pontos de venda como “Mãe cor-de-rosa”, “Fascínio da arte” e “Molhos e sabores”, numa organização da Câmara Municipal de Setúbal. Boris, um argentino que vive em Setúbal há cerca de 25 anos, é um dos artesãos presentes no mercado de

Natal. Muito acostumado à vida de ambulante, saltitando de feira em feira, justifica que “a necessidade faz o artista”, ao mesmo tempo que negoceia um pequeno sino com um cliente, que regateia a peça por um preço mais baixo. “Não posso baixar o preço, amigo, porque este é de bronze!”, responde. O mercado tem como principal objetivo promover o artesanato local e estimular o comércio tradicional.

Artesanato que vai desde os trabalhos em cortiça às bonecas de trapo, da gastronomia aos bordados, para delícia de quem por ali passa. “Passei pela Baixa, vi o mercado e experimentei dar uma olhadela. Está muito giro”, diz uma das visitantes, enquanto mexe num saco para o pão exposto numa das bancas, bordado com “Feliz Natal”. Artur Caetano transaciona as peças que constrói em casa, em conjunto

plano seguinte

28SETÚBALoutubro|novembro|dezembro14

com a mulher. O casal faz do artesanato “uma espécie de hobby para ajudar os filhos e os netos” e vê no mercado “uma boa oportunidade de negócio”. Apesar de o artesanato ser o ponto forte, no “STB Christmas Market” há lugar à gastronomia. “Venham cá para provar umas coisas boas!”, apregoa João Paulo Matos, especialista na arte de confecionar geleias e compotas.

Fim de ano azul

Azeitão com espírito O Espírito de Natal chegou a Azeitão em meados de dezembro e só de lá sai em janeiro, depois de muitos dias e muitas noites de animação garantida. A história de Vila Nogueira de Azeitão, as nozes e os citrinos produzidos na região deram tema este ano às atividades desenvolvidas num certame no âmbito do Espírito de Natal em Azeitão, entre os dias 12 e 14 de dezembro. O Espaço Descoberta centrou as atenções dos mais novos com vários ateliers lúdico-pedagógicos, como decoração de pinhas natalícias, animais feitos a partir de cascas de nozes e confeção de bolos com base em pasta de açúcar. A chegada do Pai Natal foi um dos momentos mais aguardados. Com ele vieram a Mãe Natal, a Fada da

Neve e o Ratinho, personagens provenientes de um espetáculo cénico e de dança que juntou a história da “Vila Nogueira” e o bailado Quebra­ ‑Nozes, e também o Manel da Horta.­ O certame incluiu a construção e decoração de uma árvore de Natal com pinhas e a entrega de brinquedos e cabazes às crianças e a famílias carenciadas da freguesia. Houve ainda, entre outras atividades, uma Venda de Natal, com artesanato e produtos regionais de artesãos e produtores locais. O programa Espírito de Natal em Azeitão, organizado pela Junta de Freguesia de Azeitão, com o apoio da Câmara Municipal e da Águas do Sado, engloba ainda a Temporada Musical nas Igrejas e Capelas de Azeitão, com um conjunto de concertos a decorrer até janeiro.

Momentos de música, animação em bares e restaurantes na frente ribeirinha e um espetáculo de fogo de artifício integram a festa de fim de ano, que volta a unir Setúbal e Troia. Com o tema “Venha Passar um Fim de Ano Azul numa das Mais Belas Baías do Mundo”, são esperadas mais de 30 mil pessoas nesta festa que começa, às 22h30, com animação musical da banda Daniela4teto, na Doca dos Pescadores, centro de animação da noite. Pouco antes da contagem decrescente para a meia-noite, a atenção foca-se num inesquecível fogo de artifício que vai iluminar o plano de água do rio Sado, visível em Setúbal e Troia. À hora marcada, ouve-se o estalo das garrafas de

espumante e comem-se as 12 passas, enquanto se pedem os desejos para 2015. As primeiras horas de uma noite recheada de cor, luz e brilho são animadas pelo DJ Monchique. O programa envolve a participação de quarenta restaurantes e trinta bares da Avenida Luísa Todi e da zona à beira-rio, que promovem um programa especial de divertimento, que, nalguns casos, se prolonga até de manhã.

O Estuário do Sado serve de pano de fundo para o programa de réveillon organizado pelo quarto ano consecutivo pela Câmara Municipal de Setúbal e pelo troiaresort, em parceria com a Câmara Municipal de Grândola, Infratroia, Águas do Sado, Atlantic Ferries, Casino de Troia e Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra. O programa completo do “Fim de Ano Azul” pode ser consultado em www.fimdeanoazul.com.

Sado na rota do Rio de Janeiro Setúbal volta a estar na rota das grandes decisões desportivas ao receber, em junho de 2016, a elite mundial da natação em águas abertas numa prova de qualificação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A atribuição à cidade da derradeira competição que apura atletas para o Brasil nesta disciplina da natação

foi decidida no início de dezembro pela Federação Internacional de Natação, entidade que organiza o evento desportivo sadino em conjunto com a Federação Portuguesa de Natação e a Autarquia. Os dez quilómetros da “FINA Olympic Marathon Swim Qualifier”, organizada pela segunda vez na cidade, depois da competição em

2012 de apuramento para os Jogos de Londres, são percorridos a partir do Parque Urbano de Albarquel. Antes da prova de qualificação olímpica, Setúbal recebe, a 27 de junho de 2015, uma etapa do circuito mundial da “FINA 10 Km Marathon Swimming World Cup”, competição que se mantém no Sado pelo menos até 2017.


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