Jornal Municipal - out | nov | dez'16

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SETÚBAL JORNAL MUNICIPAL.dezembro 2016.ano 16.n.º62

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Obras em bairros

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Mais de trezentos eventos ao longo do ano atestam êxito de distinção europeia

Setúbal traz Max de volta à ribalta

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Quadra oferece presente alegre Recuperação prossegue no Convento de Jesus

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Bombeiros percorrem toda a EN2 de bicicleta Comandante dos Sapadores lidera grupo de nove homens em ação de sensibilização págs. 14 e 15

Socorro responde ao toque

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sumário

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4  PRIMEIRO PLANO  Setúbal despediu-se de Cidade Europeia do Desporto numa festa que ofereceu uma noite de gala. Depois de um ano com mais de trezentos eventos, fica a certeza de um futuro com muito desporto. 6  LOCAL  O município continua a atrair grandes produções líderes de audiências televisivas, agora com a nova temporada do Inspetor Max. Tudo numa cidade que prossegue o processo de regeneração em várias frentes. 11  FREGUESIA  Os acessos pedonais melhoraram em S. Sebastião, enquanto uma rotunda no Vale da Rosa, no Sado, aumenta a segurança. A União das Freguesias de Setúbal limpou a Azinhaga de São Joaquim. 12  TURISMO  A presidência de Setúbal à frente do Clube das Mais Belas Baías do Mundo é marcada pelo dinamismo. A Semana do Mar voltou a ancorar nesta cidade ribeirinha, com um manancial de atividades para a população. 14  PLANO CENTRAL  O comandante dos Sapadores, Paulo Lamego, liderou um grupo de nove homens que percorreram, de bicicleta, os mais de setecentos quilómetros da EN2. De Chaves a Faro, em nome dos bombeiros. 16  CIDADANIA  Setúbal assinou um compromisso de município saudável, com metas claras de aumento da qualidade de vida. O programa Nosso Bairro, Nossa Cidade continua a surpreender, agora com uma casinha. 17  SEGURANÇA  Uma aplicação para telemóveis, inédita em Portugal, permite saber a localização geográfica de quem está em perigo. Para a população há também exercícios específicos para saber lidar em situação de catástrofe. 18  CULTURA  Sons de outros tempos ganharam nova vida no West Coast Early Music Festival, enquanto dois catálogos recordam a Festa da Ilustração. Na memória de todos fica o eterno Manuel Bola, falecido em dezembro. 20  DESPORTO  Uma gala distinguiu os protagonistas daquilo que de melhor aconteceu durante o ano na área desportiva e elevou o nome do concelho. O Vitória, que festejou 106 anos, arrecadou alguns dos prémios. 21  EDUCAÇÃO  A promoção do sucesso escolar e a disponibilização de mais e melhores serviços ajudam a receber bem a comunidade educativa. Bocage continua na ordem do dia, agora num livro para as crianças. 22  ACADEMIA  Novas oportunidades empreendedoras ganham impulso ligadas pelo Hub Setúbal. O Instituto Politécnico de Setúbal lidera um projeto europeu de soluções de climatização sustentável com energias renováveis. 23  RUMOS  Susana Costa, 32 anos, setubalense, atleta de triplo salto, nono lugar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A saltadora cumpriu um sonho numa disciplina de que até não gostava quando começou a praticá-la. 24  RETRATOS  Automóveis clássicos, de vários modelos e gerações, juntam-se todos os meses em Setúbal, expondo vaidades justificadas. Os encontros atraem curiosos em apreciar as máquinas de outros tempos. 25  INICIATIVA  O amor pela dança e a amizade são os fundamentos do Music And Movement. O grupo ensina os ritmos do hip hop a crianças e jovens e desmitifica a ideia negativa habitualmente associada a esta prática. 26  MEMÓRIA  Do azeite, passando pelo petróleo e pelo gás, a revolução energética chegou a Setúbal com a eletricidade na iluminação pública. Há um prédio na cidade que ficou famoso graças a uma banda desenhada. 28  PLANO SEGUINTE  Os bairros do Pescador e Grito do Povo vão ser alvo de um projeto de requalificação urbana, num investimento de mais de 1,5 milhões de euros. Mais próxima está a passagem de ano na zona ribeirinha.

informações úteis

Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: SMCI/Serviço Municipal de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Hugo Martins, Marco Silva, Micaela Neves, Raquel Proença, Vera Mariano Fotografia: José Luís Costa, Mário Peneque, Rita Ramos (Plano Central) Paginação: Humberto Ferreira Impressão: PROS – Promoções e Serviços Publicitários, Lda. Redação: SMCI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal Telefone: 265 541 500 E-mail: smci@mun-setubal.pt Tiragem: 8000 exemplares Distribuição Gratuita Depósito Legal N.º 183262/02

Câmara Municipal

Turismo

Paços do Concelho Praça de Bocage 265 541 500 | 808 200 717 (linha azul) Gabinete da Presidência gap@mun-setubal.pt Departamento de Administração Geral, Finanças e Recursos Humanos dafrh@mun-setubal.pt Gabinete da Participação Cidadã gapc@mun-setubal.pt

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Galeria Municipal do Banco de Portugal Av. Luísa Todi, 119 265 545 180 Casa Bocage Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro Rua Edmond Bartissol, 12 265 229 255

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editorial

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40 anos de Poder Local Democrático Passados 40 anos sobre as primeiras eleições autárquicas, realizadas em 12 de dezembro de 1976, é fundamental destacar o incomparável trabalho em prol do bem-estar das populações, do desenvolvimento social e económico do país e da democratização do acesso à cultura e ao desporto realizado pelo Poder Local Democrático. O Portugal de hoje é, em larga escala, como ficou escrito numa saudação que apresentei em reunião de Câmara no passado dia 14 de dezembro, o resultado do intenso labor de milhares de autarcas que, por todo o país e eleitos nas mais diversas forças políticas, se empenharam nestes quarenta anos por, com as suas próprias mãos, transformar as suas vidas e as dos seus concidadãos. A tarefa que lhes foi entregue nas primeiras eleições autárquicas realizadas em democracia era gigantesca. Em causa, como se recorda naquele texto aprovado por unanimidade, estava dotar boa parte do país das mais básicas condições de vida. Para tal, foi necessário estender milhares de quilómetros de redes de saneamento básico em aldeias, vilas e cidades onde nunca houve abastecimento de água e esgotos; foi necessário construir casas para alojar aqueles que viviam em condições miseráveis; foi necessário fazer de velhos caminhos novas estradas, criando uma rede viária digna desse nome que permitisse que populações inteiras exercessem, finalmente, o simples direito da mobilidade; foi necessário construir equipamentos desportivos e culturais para levar a todos o que durante demasiado tempo apenas esteve disponível em grandes centros urbanos, apesar de todas as limitações; foi necessário investir na higiene urbana e na recolha de resíduos sólidos urbanos; foi necessário construir mais escolas e garantir a todas as crianças a possibilidade de as frequentar com a criação de condições para que as que vivem em locais mais remotos tenham transportes para os seus estabelecimentos de ensino. Setúbal é, como muitos outros concelhos, um excelente exemplo da força transformadora do Poder Local Democrático. Como destaca Francisco Lobo, antigo presidente desta Câmara Municipal, no livro “Histórias de Setúbal – 1974 a 1986”, em 1974 apenas 65 por cento da população do concelho tinha água canalizada, percentagem que subiu para 98 por cento em 1985. Em matéria de esgotos domésticos, a situação era mais complexa, com apenas 43 por cento da população concelhia a ter acesso a estas redes. Em 1985, graças à ação do poder local setubalense, 97 por cento da população já tinha as suas habitações ligadas às redes de esgotos. A obra do Poder Local, seja nas câmaras municipais, seja nas freguesias, é, a todos níveis, uma obra notável que deixou definitivamente para trás o país fechado e atrasado que fomos. Quarenta anos depois, o Poder Local, nos seus diversos níveis, continua consciente de que há ainda muitas barreiras a ultrapassar, mas também plenamente consciente de que é uma força transformadora cada vez mais capacitada para promover o desenvolvimento social e económico do nosso país. Importa, por isso, continuar a preservar e defender este poder local na configuração que resultou das eleições que instauraram, em 1976, a democracia nas juntas de freguesias e assembleias e câmaras municipais. Defender hoje o Poder Local Democrático é manter a exigência de respeito pelos seus órgãos, seja na defesa do sistema eleitoral que assegura, desde 1976, uma mais perfeita representatividade política e partidária nas autarquias, seja com a rejeição de modelos presidencialistas que apenas promoverão o afastamento das populações da gestão democrática das autarquias. A defesa e fortalecimento do poder local passa também, obrigatoriamente, pela dotação das autarquias com os necessários meios financeiros que lhes permitam responder, com qualidade, às carências das populações. Para tal, são necessários novos critérios que respeitem as necessidades de cada um e que evitem que, de uma vez por todas, as autarquias sejam olhadas como o elo mais fraco da administração pública nacional. Valorizar o Poder Local Democrático quarenta anos depois da sua fundação é, também, homenagear todos os que, nas assembleias e câmaras municipais e juntas de freguesia, deram o seu melhor à causa pública. Saudamos, assim, os quarenta anos do Poder Local Democrático e todos os que nestas quatro décadas deram o seu melhor na gestão das autarquias setubalenses, fazendo uma cidade e um concelho mais modernos e onde é bom viver.

Setúbal é, como muitos outros concelhos, um excelente exemplo da força transformadora do Poder Local Democrático

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal


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primeiro plano

Ano desportivo inesquecível

Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016 terminou como começou. Em festa, com emoção e ritmo desportivo. Foi um ano intenso, irrepetível, com cerca de três centenas de eventos que reuniram mais de 500 mil pessoas. O título europeu despediu-se mas deixa marcas indeléveis na cidade e na população que inspiram confiança num legado para um futuro com mais qualidade

O

sucesso de um ano desportivo sem precedentes culminou em festa, a 17 de dezembro, com 2500 pessoas presentes numa gala que encerrou o programa com mais de três centenas de eventos de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016. “Porfiámos e alcançámos o sucesso que só o esforço e o mérito produzem, com a competição sadia a dirigir a vontade e o crer dos participantes. Setúbal fervilha com o desporto e assim vai continuar”, salientou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, na cerimónia realizada numa tenda instalada no Largo José Afonso. Um feito “meritório e exemplar que envolveu a participação de milhares de atletas e simples desportistas, com o apoio e o empenho de centenas de voluntários, de dirigentes associativos e com o patrocínio do Governo, e que teve na população o motor do sucesso”, reforçou.

Para tudo isto, acrescentou, contribuiu o “forte movimento associativo que impregna o tecido social setubalense, coletividades que estruturam o desporto de rua, de bairro, agregações populares que têm sido o berço de alguns dos nossos melhores atletas nascidos para o mundo da alta competição”. O presidente da ACES Europe – Associação das Capitais e Cidades Europeias do Desporto, Gian Luppatelli, saudou Gondomar por receber o título em 2017 e elogiou Setúbal, “uma grande Cidade Europeia do Desporto cujo maior feito é a união de todos em torno de um grande evento”. Os elogios a Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016 foram partilhados pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues. “Missão cumprida. Esta cerimónia concluiu uma grande vivência. Setúbal soube interpretar na plenitude

aquela que é a verdadeira essência do de­sporto.” A cerimónia ficou ainda marcada pela passagem de testemunho de Cidade Europeia do Desporto a Gondomar, com o autarca Marco Martins a receber o troféu de Maria das Dores Meira. “É com grande alegria que vemos outros a iniciar o mesmo caminho que percorremos”, vincou a edil.

Confiança no futuro “Tudo o que se passou ao longo deste ano não vai ser apenas arquivo da memória. Se fizemos bem podemos fazer melhor. As sementes de um desporto cada vez mais universal passam pelos nossos planos. Porque mais desporto, desporto para todos, é melhor saúde e mais qualidade de vida”, afirmou a presidente da autarquia. Durante um ano, recordou, Setúbal


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“correu, saltou, nadou, jogou e experimentou coisas novas”. Mas nem tudo foi competição pura, com a cidade a ter oportunidade de “incluir, de falar e de conversar, de trocar ideias e de aprender para melhorar o futuro”.

Uma etapa termina, outra é iniciada. “O exemplo que demos com esta realização será incentivo para as boas práticas desportivas. É o futuro que nasce em cada dia, feito de compromissos que assumimos e que vamos cumprin-

PROGRAMA EM NÚMEROS

do sem desistência”, anunciou, com orgulho, Maria das Dores Meira. A autarca agradeceu ainda à ACES Europe por ter escolhido Setúbal para receber a distinção. “O compromisso está saudado. Fizemos o nosso melhor. Fomos capazes de realizar um feito que teve na sua população o motor do sucesso. Nós pudemos, nós conseguimos, Setúbal é capaz.” Pelo desporto e pela felicidade de quem compete, pelo melhor que há na prática desportiva, Maria das Dores Meira saudou todos os que tornaram esta realidade possível. “Um por todos e todos por um. É o melhor resultado” de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016.

Um ano desportivo irrepetível com 309 eventos, nos quais participaram 200 mil praticantes e a que assistiram mais de 300 mil pessoas. Ao longo de 225 dias, com 2139 horas de atividades, em 65 espaços, foram praticadas 52 modalidades. O calendário anual incluiu 92 provas de âmbito local, 18 regional, 48 distrital, 124 nacional e 27 internacional. Tudo isto em parceria com 134 instituições/entidades e o envolvimento de 355 voluntários no apoio a iniciativas. Festa com ritmo Houve ainda 10 eventos com transmissão televisiva que O ritmo desportivo e o ambiente de geraram uma audiência e 1,4 milhões de espetadores. festa marcaram o último evento do programa organizado pela autar-

quia, com a gala de encerramento a incluir várias atividades, iniciadas com o desfile das 62 coletividades que fizeram um ano desportivo inédito. A uma só voz, “A Portuguesa” e o “Hino à Alegria” foram entoados pela Academia de Música e Belas­‑Artes Luísa Todi, Conservatório Regional de Setúbal, Coral Infantil de Setúbal, Coro Centro Comunitário de S. Sebastião, Coro Afina Setúbal, Coro Feminino TuttiEncantus, Grupo Coral da Escola Secundária du Bocage e Coro Setúbal Voz. Depois da exibição de filmes com testemunhos e que fizeram um resumo daquilo que foi Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016, houve uma demonstração de dança, com coreografia por Ana Cruz, que juntou a secção de Ginástica do Vitória Futebol Clube a dançarinos informais e de outras instituições.

Um dos momentos mais altos da noite foi a homenagem às 24 individualidades que vestiram a pele de embaixadores desportivos para, durante todo o ano, levarem mais longe o estatuto atribuído a Setúbal, incluindo Manuel Manita, figura do andebol local e nacional e que também foi embaixador, falecido recentemente. A gala incluiu ainda demonstrações desportivas, apontamentos cénicos por atores do TAS – Teatro Animação de Setúbal e um concerto pelos HMB. Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016 despediu-se. O estatuto europeu deixou a cidade e o testemunho passou de mãos. Mais do que memórias de momentos irrepetíveis e de um ano intenso, o título deixa um legado que inspira confiança para uma cidade com mais qualidade de vida.


local

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Baixa festiva oferece Natal com cultura

Preços reduzidos seduzem milhares

A Feira Outlet regressou à Baixa de Setúbal no dia 8 de outubro, com milhares de pessoas a serem atraídas pelos preços reduzidos, enquanto decorriam atividades culturais ao ar livre. Esta foi a quinta edição do certame, criado com o objetivo de dar maior dinamismo à zona comercial. O evento, que decorreu em horário alargado, com lojas abertas das dez da manhã às oito da noite, foi organizado pelos comerciantes da Baixa da cidade, com os apoios da Câmara Municipal e da União das Freguesias de Setúbal.

Guia dá dicas para proteger pescado

A alegria do Natal fez-se sentir na Baixa de Setúbal. As propostas foram muitas para que a festa da quadra mais generosa do ano não passasse despercebida no centro histórico da cidade. Sorrisos de todas as idades passaram por mais uma edição de “Natal na Baixa” A Baixa de Setúbal esteve em festa durante a quadra natalícia com um programa cultural que levou concertos, teatro, dança, animação de rua e artesanato às principais ruas do centro histórico da cidade. Durante praticamente todo o mês de dezembro a Praça de Bocage recebeu o Mercado de Natal, com venda

ESPÍRITO. O “Espírito de Natal em Azeitão” passou por Vila Nogueira a 16, 17 e 18 de dezembro, com produtos gastronómicos e de artesanato locais, numa oportunidade para preparar melhor a ceia natalícia e comprar presentes. Entre diversas animações e propostas culturais proporcionadas pela Junta de Freguesia de Azeitão, o programa inclui ainda uma Temporada de Música nas Capelas e Igrejas de Azeitão.

de artesanato urbano e tradicional, artigos vintage e produtos regionais. O tradicional presépio natalício, este ano em exposição no Largo de Santa Maria, e as iluminações pelas diferentes ruas deram mais cor às festividades, que incluíram, ainda, também pelos largos da Misericórdia e da Ribeira Velha, sessões

e desfiles com Pais Natal, atuações de bandas filarmónicas e concertos de variados géneros musicais, como bossa nova, bombos, jazz, dixie, corais infantis e adultos, folk e fado. O Natal não só se fez ouvir, como também se fez ver em Setúbal. Foram várias as animações de rua que preencheram com alegria o programa sadino. Muitas outras artes de palco, nomeadamente o ilusionismo e as danças contemporânea, de salão e hip hop, conferiram um renovado ritmo às festividades. O teatro esteve em igual destaque na Baixa comercial de Setúbal, com apresentações cénicas tanto para os mais novos, como até peças musicadas para o público em geral. O programa “Natal na Baixa 2016” foi organizado pela Câmara Municipal e contou, como é habitual, com o envolvimento próximo de vários parceiros locais.

Dicas para uma escolha responsável de peixe e marisco, para reposição de níveis equilibrados nos ecossistemas e proteção dos oceanos, foram apresentadas, a 24 de novembro, no auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, num novo guia de consumo. “Histórias por detrás do seu prato” é o título da publicação, com recomendações da organização ambientalista WWF, através do projeto Fish Forward, para o consumo responsável de peixe e marisco. O guia foi apresentado em encontro de mesa redonda e debate.

Bolo à venda em reinado solidário

Um workshop de bolo-rei e a inauguração de uma árvore de Natal ecológica, na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, deram início, a 30 de novembro, à campanha de cariz social “O Melhor Bolo-Rei do Mundo”. Na iniciativa do Turismo de Portugal, a escola de hotelaria setubalense fabrica bolos-rei, para venda, mediante encomenda, até ao dia 6 de janeiro. Os bolos de quilo têm um preço unitário de dez euros, com os fundos a revertem a favor do Centro de Apoio ao Sem Abrigo e da Associação Mãos Abençoadas.

Amiguinhos vivem tarde especial

Cerca de trezentas pessoas participaram na iniciativa Natal com Música, que contemplou, a 10 de dezembro, na Biblioteca Municipal de Setúbal, várias atuações musicais, peças de teatro e o lançamento de um livro infantil. A festa, organizada pela autarquia, contou com apontamentos musicais do Coro do Município Afina Setúbal e do Coro Feminino TuttiEncantus e a apresentação e leitura, para crianças, do livro “Os 6 Amiguinhos”, com textos de Bento Passinhas e ilustrações de Célina, das edições Vieira da Silva.


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Max investiga pela cidade

Depois da telenovela Mar Salgado, líder de audiências, Setúbal volta a atrair uma grande produção televisiva. O Inspetor Max, de regresso com uma nova temporada, é centrado na cidade A nova temporada da série “Inspetor Max”, alvo de um protocolo entre a Câmara Municipal de Setúbal e a produtora Coral Europa, em rodagem na cidade desde novembro e até março, contribui para a afirmação do concelho como local de excelência. “Será um prazer ver o mais famoso inspetor canino português fazer as suas investigações na Avenida Luísa Todi, correr pela nossa zona ribeirinha e ajudar a prender os criminosos”, afirmou a presidente da autarquia na assinatura do acordo, a 29 de novembro, no Hotel do Sado. No discurso de apresentação da nova produção televisiva que reinventa a famosa série Inspetor Max, emitida pela TVI, Maria das Dores Meira assinalou que as gravações passam por diversos locais da cidade.

A autarca acentuou que a escolha de Setúbal para as filmagens dos cenários exteriores da série juvenil que é líder de audiências na televisão nacional representa um “excelente investimento” nas capacidades de atração da cidade. “Ganhamos um enorme suplemento de visibilidade que leva o nosso nome mais longe, que traz mais turistas, mais visitantes, mais negócio.” Doze anos depois de se ter estreado como inspetor da Policia Judiciária ao lado do cão pastor-alemão, Fernando Luís, ou melhor, Jorge Mendes, volta a ser uma figura de destaque na nova série, que nesta nova temporada conta com dois cães-polícia. O ator não escondeu a satisfação por estar a rodar a série nas ruas da

cidade onde nasceu. “Tenho visto que a cidade está muito bem, com as ruas a ficar cada vez mais bonitas.” A Câmara Municipal de Setúbal disponibiliza-se a acompanhar as gravações da série, com estreia prevista na TVI para o início do ano, de forma a garantir o respeito e a observância dos termos dispostos, bem como a fazer as devidas diligências junto das entidades públicas com jurisdição territorial nas zonas ribeirinhas de forma a facilitar os trabalhos. A autarquia isenta a Coral Europa de todas as taxas e demais permissões necessárias às operações de gravação de exteriores em espaços públicos e equipamentos municipais de áreas do concelho em que tem jurisdição territorial.

Casting escolhe figuração Mais de um milhar de pessoas passaram pela Casa da Cultura, a 4 e 5 de novembro, para participar num casting para elenco adicional e figuração da série “Inspetor Max”. O êxito da TVI está de regresso, com as ruas de Setúbal a assumirem-se como o palco privilegiado das filmagens de mais uma temporada, e muitos populares não perderam a oportunidade de serem selecionados. Alguns dos candidatos apareceram só mesmo para conhecer o protagonista canino, Max, caso do pequeno Martim, a quem de nada valeram os alertas do pai de que o famoso pastor-alemão não estaria presente. “Eu quero conhecer o Max”, diz o pequeno Martim, que não se importa de acordar mais cedo para viver um dia diferente. “Expliquei-lhe em casa que o Max não vai estar aqui hoje”, adianta o pai do pequeno de 6 anos. Já Marta Rosa, 16 anos, estudante de artes, ambiciona uma carreira no mundo da representação. “É a primeira vez que participo num casting, estou nervosa. Gostava de fazer uma participação na série e aparecer na televisão.”

contribuam para um futuro mais justo, solidário e democrático. “O caminho até lá é longo. É o caminho do trabalho. O mesmo caminho que

temos vindo a percorrer em Setúbal para transformar esta cidade num espaço mais humano, mais funcional, mais amigo do ambiente, mais

O Grupo n.º 261 – Setúbal-Sado, da Associação dos Escoteiros de Portugal, fez a cerimónia de abertura oficial a 1 de dezembro, na ES Sebastião da Gama. Este grupo, a funcionar no centro da cidade, diz-se aberto a todas as religiões e crenças. Três crianças firmaram a “Promessa de Lobito” e nove jovens o “Compromisso de Escoteiros”.

Animais com novo lar

Cães e gatos recolhidos pela autarquia e por associações de proteção ganharam novas famílias numa Feira de Adoção, a 29 e 30 de outubro, no Parque de Vanicelos. O evento, de promoção de uma adoção responsável, foi organizado pela Câmara Municipal em parceria com as associações Sobreviver, Projeto Conchinha, Rafeiros Leais e Pravi.

Magusto anima Troino

Jovens projetam futuro no presente Catorze jovens que se destacaram durante o ano em diversas áreas da sociedade foram homenageados a 30 de novembro, no Fórum Municipal Luísa Todi. Os protagonistas da Festa Jovens Revelação 2016, iniciativa da Câmara Municipal de Setúbal que distingue naturais e residentes do concelho com um papel relevante a nível local e nacional, evidenciaram-se nos setores do desporto, cinema, música, investigação, dança, moda e soldadura. “Estamos aqui perante 14 evidências de excelência setubalense. Aplaudimos o vosso talento, perseverança, inteligência, irreverência e determinação”, referiu o vereador com o pelouro da Juventude, Pedro Pina. O autarca pediu aos jovens que

Reforço nos escoteiros

desportivo e com mais cultura.” Pedro Pina notou a importância fundamental dos homenageados para o futuro da sociedade, mas também para a realidade atual. “Saudamos não só o vosso talento, mas, acima de tudo, hoje saudamos o futuro e o nosso presente, o vosso presente. Na verdade, são vocês que, hoje, fazem este presente e o nosso futuro.” Um presente e um futuro que têm nomes e que serão os Embaixadores da Juventude de Setúbal em 2017. São eles Nídia Andreia Ideias, Gabriel Cândido dos Santos, João Colaço, Joana Silva, Leonardo Domingos, Diana Lima, Pedro Almeida, Viviana Casimiro, Bárbara Gavaia, Alícia Isabel, Linda Cardoso, Catarina Branco, Diogo dos Santos Ferreira e Diogo Catatão.

Um Magusto de São Martinho, a 11 de novembro, no Largo da Fonte Nova, no Bairro do Troino, contou com a colaboração solidária de moradores, comerciantes e instituições locais. A iniciativa, organizada pela SEIES, com o apoio da União das Freguesias de Setúbal e da autarquia, contou com a presença de mais de trezentas pessoas.

Laboração saudável

A importância de trabalhar em locais saudáveis em todas as idades foi evidenciada a 21 de novembro, no Cinema Charlot. O seminário, promovido pela Autoridade para as Condições do Trabalho em parceria com a autarquia e a empresa Cedros, contou com a participação de diversos especialistas provenientes dos setores público e privado.


Bonfim regenera com arte Há mais vida no Parque do Bonfim. O espaço, que junta gerações de setubalenses e atrai visitantes, foi beneficiado. Está mais confortável, tem um novo palco e motivos artísticos para apreciar Atrativo e com renovadas condições de utilização, o Parque do Bonfim está mais próximo da população, fruto de um conjunto de intervenções que conferiram novas dinâmicas de utilização para miúdos e graúdos. “Melhorámos as condições de conforto deste importante espaço da cidade”, salientou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, a 19 de novembro, na inauguração das intervenções que materializaram “mais um passo na requalificação de Setúbal”. A beneficiação da área central do Parque do Bonfim foi uma das principais ações da operação impulsionada pela autarquia, que englobou a substituição de lajetas em pedra danificadas que circundam a área pedonal envolvente ao lago, o qual conta com um novo sistema de repuxos, dotado de iluminação decorativa. Da obra fez também parte o restauro de um relógio de sol, a redefinição de caleiras de

árvores e a criação de um palco, apto para receber espetáculos multidisciplinares, assim como a pavimentação das zonas de circulação pedonal e a beneficiação da iluminação pública, toda com tecnologia LED, com ganhos de eficiência energética. O Parque do Bonfim, agora com um pórtico que indica a entrada norte, conta ainda com novos residentes, oito esculturas “Pasmadinhos de Setúbal”, réplicas de grandes dimensões das peças de cerâmica da Coleção Maria Pó, criadas por Elsa Rodrigues e Jacek Piatkiewicz. Da exposição permanente, que partilha histórias, fragmentos e memórias da identidade setubalense, fazem parte as figuras de Bocage e de Luísa Todi, assim como o Frade Arrábido, a Dona Vinha, a Maria Baía e o Descarregador de Peixe, a que se juntam a Lavadeira de Azeitão e o Observador de Aves.

local

8SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Obras melhoram imagem com fluência de trânsito

Rotunda otimiza circulação A passagem de cruzamento a rotunda na confluência das avenidas 22 de Dezembro e Mariano de Carvalho e Rua Jorge de Sousa pretende contribuir para a melhoria da circulação automóvel no centro de Setúbal. O nó giratório enquadra-se no novo esquema de trânsito implementado recentemente na cidade, que envolveu, nomeadamente, as avenidas da Europa e Independência das Colónias e a Praça Vitória Futebol Clube.

Arcos com espaço renovado

Um novo desenho urbanístico, com características mais contemporâneas, reforça a atratividade e as condições de utilização da Praceta dos Arcos. A obra da autarquia, concluída em novembro, incluiu, além da reabilitação das redes de água e saneamento, a criação de acessibilidades pedonais e zonas de estadia, o reforço da iluminação pública e o ordenamento da bolsa de estacionamento do local, agora com mais lugares disponíveis.

A intervenção é feita no âmbito da requalificação da Avenida Mariano de Carvalho, que recebe um desenho urbanístico semelhante ao adotado na Avenida Alexandre Herculano, com passeios mais amplos e ciclovia, embora mantendo os dois sentidos de circulação. Esta obra, a concluir em fevereiro, já incluiu a renovação das redes de saneamento, agora com sistemas independentes para as recolhas domésticas e pluviais, e de abastecimento de água.

Limpeza previne inundações

Vegetação desordenada em valas e margens de ribeiras existentes no concelho foi alvo de uma operação de limpeza com vista à prevenção de ocorrência de cheias e ao reforço das condições de segurança da população. Os trabalhos, executados por empreitada, com recursos mecânicos e manuais, incluíram um vasto conjunto de valas e de linhas de água, assim como das respetivas margens, existentes em vários pontos do território de Setúbal e Azeitão.

Uma nova rotunda, a par de beneficiações urbanísticas de superfície, fazem parte de uma intervenção em curso na Rua da Tebaida e no final da Avenida Bento Gonçalves, no Largo Miguel Bombarda. A operação, liderada pela autarquia, dá continuidade à visão estratégia municipal de renovação da cidade que assenta na criação de novas dinâmicas de usufruto urbano e de reestruturação do trânsito rodoviário. As obras, uma empreitada iniciada na Rua da Tebaida, incluem, numa primeira fase, a requalificação dos sistemas de saneamento e abastecimento de água que servem aquela zona da cidade. Depois da renovação das infraestruturas existentes no subterrâneo, os trabalhos prosseguem na superfície, com a execução de um novo desenho urbanístico que é pautado por soluções de utilização urbana mais contemporâneas. Nesta matéria, as intervenções incluem o reperfilamento daqueles arruamentos, cujo pa-

vimento é renovado, assim como a beneficiação do espaço público, que recebe novas zonas de estadia com áreas ajardinadas. Uma das principais alterações dinamizadas nesta intervenção iniciada em dezembro surge no Largo Miguel Bombarda, localizado no final da Avenida Bento Gonçalves, com a execução de um nó giratório. A medida, que contempla a remoção dos cruzamentos com semáforos, aponta à otimização do esquema de circulação automóvel naquela zona na qual está instalado o Hospital de São Bernardo.

Rua na Baixa esconde cabos

Alunos fazem separação de lixo

Fios e cabos, na Rua Augusto Cardoso, só no subsolo. A autarquia, em parceria com operadores de comunicações, conduziu uma operação na qual removeu, para uma caixa subterrânea, todos os cabos que atravessavam aquele arruamento, incluindo os colocados em fachadas de prédios. A intervenção, de melhoria da imagem urbana e de reforço da atratividade daquela rua da Baixa comercial, contou com o apoio da União das Freguesias de Setúbal.

Ecopontos nas Escolas é o novo projeto de educação ambiental no qual a Câmara Municipal sensibiliza crianças e jovens para a importância da separação seletiva de resíduos. Nesta iniciativa, iniciada na Escola da Brejoeira, são instalados ecopontos especiais, réplicas dos equipamentos convencionais, com menor dimensão, nas 34 escolas com gestão municipal, para a deposição diferenciada de vidro, plástico/metal e papel/cartão.


9SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Túnel com atratividade

O túnel da Ladeira da Ponte de São Sebastião está mais atrativo, fruto de uma intervenção liderada pela autarquia, dinamizada ao longo de duas semanas. A obra incluiu a reparação e pintura de paredes, assim como a limpeza de pedras. O túnel recebeu ainda nova iluminação decorativa. A operação, complementar aos trabalhos em curso de reabilitação do Museu do Trabalho Michel Giacometti, contemplou a instalação de um apontamento artístico.

Restauro devolve capela

A Capela da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão reabriu a 22 de outubro após intervenções de restauro que devolveram pormenores originais daquele património religioso de arquitetura maneirista e barroca de Vila Nogueira. A renovação do interior da capela foi um dos destaques da obra apoiada pela Junta de Freguesia de Azeitão e pela Câmara, cuja reabertura contou com uma cerimónia pelo bispo de Setúbal, D. José Ornelas.

Charlot substitui plateia

A Câmara Municipal substituiu, em dezembro, na íntegra, a plateia do Cinema Charlot – Auditório Municipal com um total de 239 lugares, incluindo para pessoas com deficiência. Na operação, que incluiu o restauro do piso do palco, foram instaladas novas cadeiras, mais modernas e que conferem renovadas condições de conforto para o público que, em sessões de cinema ou noutros eventos, usufrui daquele equipamento cultural de excelência.

Cemitério beneficia muro

O muro exterior do Cemitério de Nossa Senhora da Piedade está como novo, na sequência de uma intervenção liderada pela autarquia. A obra, executada em duas semanas e concluída antes do Dia de Todos os Santos, a 1 de novembro, incluiu a picagem e reboco de toda a extensão do muro do cemitério, agora forrado a placas de mármore, material mais nobre que confere uma maior dignidade àquele espaço municipal.

Recuperação prossegue Mais um passo para a recuperação integral do Convento de Jesus. Uma empreitada contempla obras nas alas este e norte

REQUALIFICAÇÃO. Os muros do Outeiro da Saúde foram beneficiados pela autarquia numa operação que, além da valorização patrimonial, reforçou as condições de segurança e estabilidade. O investimento, superior a 150 mil euros, incluiu a reabilitação de seis muros, entre os quais parte da antiga muralha da cidade, com trabalhos de reforço estrutural, picagem, reboco, limpeza e pintura. A ação, que englobou a instalação de iluminação decorativa, recuperou ainda um espaço camarário onde funcionou o grupo “O Sindicato” e que receberá novas funções.

Praceta procura soluções A abertura de um concurso público para a execução da empreitada de reabilitação das alas este e norte, dos claustros, da igreja e do coro alto do Convento de Jesus, num investimento previsto de perto de 1,5 milhões de euros, foi aprovada a 23 de novembro, em reunião pública da Câmara Municipal. A intervenção abrange a preservação do património classificado e a conservação e restauro do património integrado e de elementos arquitetónicos que caracterizam o Museu de Setúbal – Convento de Jesus, concretamente as alas este e norte e os claustros. As obras nestes locais consistem na execução de trabalhos de diferentes especialidades que integram o procedimento, nomeadamente arquitetura, estrutura, instalações mecânicas e redes de abastecimento de água e de drenagem de águas pluviais e residuais. A empreitada inclui ainda instalações elétri-

cas, de telecomunicações, de segurança contra incêndios e de alarme contra intrusão e redes de vigilância por circuito fechado de televisão e de gestão técnica centralizada, conservação e restauro e arqueologia. No âmbito desta operação, com um prazo máximo de execução de 425 dias e um preço base de 1.419.704,64 euros, serão ainda reconstruídas as coberturas da cabeceira da igreja e do corpo principal da igreja e da sala do coro alto. Está igualmente prevista a reconstrução integral da torre sineira, devido a razões de segurança, o que obrigou, recentemente, a aplicar um escoramento integral em todo o seu desenvolvimento interior. A operação “Reabilitação do Convento de Jesus – Fase A – Ala Este e Ala Norte, Claustros, Igreja e Coro Alto” está integrada no âmbito do Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial, da Área Metropolitana de Lisboa.

Faralhão reabilita ETAR

A Estação de Tratamento de Águas Residuais do Faralhão foi reabilitada pela autarquia numa operação com financiamento comunitário. A obra, concluída recentemente, materializou um investimento global de 405.439,40 euros, montante financiado em 85 por cento no âmbito do programa PO SEUR, do Portugal 2020.

Os trabalhos incluíram a criação de um emissário e de uma conduta elevatória e a execução de uma caixa de controlo de caudal. A intervenção, a primeira deste programa a ser concluída no país, assegurou também a reconversão da estação elevatória, o que permitiu a ligação daquele sistema à ETAR de Setúbal.

Ideias para a requalificação da Praceta Manuel Nunes de Almeida, no Bairro do Liceu, foram debatidas a 29 de novembro num encontro entre Câmara Municipal e população local. A autarquia apresentou na reunião pública, na Escola Secundária du Bocage, ideias para beneficiação geral da praceta, utilizada, além dos moradores, pelos encarregados de educação que vão deixar e buscar os alunos àquele estabelecimento de ensino. A Câmara Municipal sinalizou a praceta como uma área a intervencionar na sequência das visitas realizadas no âmbito do projeto Ouvir a População, Construir o Futuro. O trânsito nos períodos de entrada e saída

dos alunos na escola secundária levantam constrangimentos na praceta, afetada ainda pela procura de parqueamento em dias de jogo no Estádio do Bonfim. Na discussão pública decidiu-se integrar aspetos apontados pela população. “Não viemos impor nada a ninguém”, garantiu a presidente da autarquia, Maria das Dores Meira. Do encontro resultou a criação de um grupo de moradores que se voluntariaram para colaborar com a autarquia na elaboração de um projeto de requalificação da praceta. A autarca fez-se acompanhar do vereador da Obras Municipais, Carlos Rabaçal, do presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas, e de técnicos camarários.


local

10SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Crescimento sustentando é estratégia O Orçamento para 2017 traduz a intenção de prosseguir a estratégia municipal de contenção da despesa. O rigor financeiro é pensado de forma a possibilitar a continuidade da concretização de projetos estruturantes de requalificação do concelho

O Orçamento para 2017 da Câmara Municipal de Setúbal, com uma dotação inicial superior a 119 milhões e 377 mil euros, dos quais 64 milhões e 39 mil e 950 euros estão destinados às Grandes Opções do Plano (GOP), revela uma estratégia de rigor e contenção da despesa, aliada a um crescimento sustentável e inclusivo. Na análise financeira, o texto do documento salienta a evolução positiva da receita corrente face à de 2016, assim como a diminuição do peso das despesas de pessoal no bolo da despesa total. A Habitação e Urbanização e Urbanismo canaliza 24 por cento do va-

lor total especificado para as GOP. Na hierarquia das Grandes Opções do Plano para 2017, onde estão definidas as linhas de desenvolvimento estratégico da autarquia, segue-se o Saneamento e Salubridade, com 21 por cento de dotação, e a Cultura, Desporto e Tempos Livres, com 13 por cento. A Iluminação Pública, com 5 milhões, 838 mil e 300 euros, recebe a maior fatia orçamental destinada aos programas ou ações para 2017, seguindo-se as atividades enquadradas no parâmetro Cultura, impulsionadas por uma dotação de 4 milhões, 859 mil e 100 euros. O Turismo, com 4 milhões, 320

mil e 900 euros, Resíduos Sólidos, com 4 milhões, 250 mil e 400 euros, Higiene Pública, 4 milhões, 8 mil e 800 euros, e Rede Viária/Sinalização, 3 milhões, 879 mil e 600 euros, são os outros tópicos que sobressaem no topo da lista referente às dotações para programas e ações. No geral, o documento do Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2017, resume a nota introdutória, “baseia-se, fundamentalmente, na prossecução de uma política de rigor orçamental, com vista à continuidade de projetos estruturantes que coincidem com o final do presente mandato”.

Comunicação vista pelos profissionais A valorização do papel dos profissionais de comunicação na imprensa em geral, mas também nas instituições e nas empresas, foi feita num encontro que decorreu a 8 de novembro, na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal. Do ensino à formação, do jornalismo às assessorias e às agências, o papel da comunicação saiu reforçado no 1.º Encontro de Profissionais de Comunicação da Península de Setúbal e do Litoral Alentejano, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal em parceria com o Diário da Região.

A iniciativa contou com a presença de perto de uma centena de profissionais de diversos órgãos de comunicação social, de gabinetes de comunicação de instituições e empresas e de agências de comunicação. Na abertura dos trabalhos, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal sublinhou o investimento realizado pelas autarquias, nos últimos anos, na comunicação com as populações, o que cria “cidadãos conscientes do que querem para as suas cidades, cidadãos informados e que querem informar”.

PRESTÍGIO. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, discursou, a 12 de novembro, na 22.ª sessão da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP22), em Marraquexe, Marrocos. A autarca participou enquanto presidente do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, dando um “contributo numa discussão cada vez mais urgente de resultados a nível global”.

Município com aposta nas metas ambientais

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal defendeu a 22 de novembro, na sessão de abertura do seminário “Renovar a Arrábida com um mar de energia!”, que é essencial continuar a firmar o compromisso nas matérias ligadas à sustentabilidade do meio ambiente. Maria das Dores Meira destacou no encontro, organizado pela ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, com o apoio da autarquia, a formalização do Pacto de Autarcas, programa da Comissão Europeia resultante do Pacote Clima e Energia da União Europeia, criado em 2008 para o cumprimento de metas ambientais através do poder local. PATRONO. São Francisco Xavier foi homenageado a 3 de dezembro com um conjunto de iniciativas, entre as quais uma evocação com deposição de flores no monumento em honra do patrono de Setúbal, no Jardim da Beira-Mar. Seguiu-se a conferência “Proposta de uma leitura simbólica do quadro S. Francisco Xavier na Índia”, e a apresentação do livro “Casas Religiosas de Setúbal e Azeitão”, editado pela Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão.

No âmbito das metas definidas pela União Europeia, a edil referiu algumas das medidas já adotadas e a adotar pela Câmara Municipal de Setúbal, como a instalação de soluções fotovoltaicas nos edifícios municipais com elevado consumo de gás, a instalação de equipamentos de redução de energia reativa e a substituição de equipamentos de iluminação existentes. Entre as medidas que estão a ser implementadas, salientou a iluminação pública, a converter para LED ou para balastros eletrónicos, e o desenvolvimento de ações de sensibilização de boas práticas para a utilização racional da energia.

ESCOTEIROS. O Grupo n.º 261 – Setúbal-Sado, da Associação dos Escoteiros de Portugal, realizou a cerimónia de abertura oficial a 1 de dezembro, na Escola Secundária Sebastião da Gama. O vereador com o pelouro da Juventude, Pedro Pina, e o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa, marcaram presença.


freguesia

11SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Mobilidade ganha espaço

Passeios, corrimões e pilaretes são algumas das beneficiações executadas no espaço público do território de São Sebastião. As intervenções destinam-se sobretudo à melhoria da mobilidade mas também ao reforço da imagem urbana

As condições de usufruto do espaço público saem reforçadas com a execução de um conjunto de ações impulsionadas pela Junta de Freguesia de São Sebastião com o objetivo de

melhorar, sobretudo, as acessibilidades pedonais, mas também a imagem urbana da cidade. “Estas são intervenções de fundo, que resolvem problemas, executadas numa perspetiva de con-

temporaneidade, conferindo novas dinâmicas de utilização e usufruto do espaço público que se adapta a todos”, realça o presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião, Nuno Costa.

Na Rua Tratado de Tordesilhas, no Monte Belo, além da reparação do pavimento e da colocação de pilaretes para impedir o estacionamento desordenado, foi recuperado um muro e instalado um sumidouro de escoamento de águas. A mobilidade no Bairro 2 de Abril foi igualmente beneficiada, neste caso com a colocação de corrimões em escadas exteriores junto de edifícios na Alameda do Pinheiro, no Largo Afonso Ventura e na Rua Mário Sacramento, este último beneficiado com uma baia de proteção. Também a Praceta da Lanchoa, situada no início da Rua Eça de Queiroz, foi beneficiada com pilaretes para impedir a circulação de viaturas motorizadas na calçada requalificada recentemente, enquanto um terreno limítrofe foi alvo de uma operação de limpeza. No Vale do Cobro foi executado o alargamento de caleiras de árvores na Rua Cristóvão Colombo, enquanto no Bairro General Humberto Delgado, na Rua Ramalho Ortigão, assim como na Bela Vista, na Avenida Belo Horizonte, foram construídas reentrâncias para contentores de resíduos sólidos urbanos. Também na Avenida Bento Gonçalves, um terreno descaracterizado foi beneficiado numa obra com apoio técnico da autarquia, espaço que recebeu novos passeios e lancis, a par de uma área ajardinada com rega automática e mobiliário urbano.

Ligação mais segura As condições de segurança e circulação rodoviária na confluência entre as estradas da Mourisca e Vale da Rosa, na freguesia do Sado, saem reforçadas numa operação em curso que inclui a construção de uma rotunda. “Esta é uma intervenção que visa tornar a estrada mais segura e com melhores condições de circulação rodoviária”, destaca o presidente da Junta de Freguesia do Sado, Manuel Véstias, ao adiantar que a rotunda é construída numa área particularmente sensível no que respeita a sinistralidade rodoviária. Além da criação do nó giratório, a operação inclui a melhoria das acessibilidades na área envolvente. “Esta é uma ambição já com alguns anos e que agora conseguimos ver concretizada”, frisa o autarca, que realça a importância da obra para automobilistas e transeuntes.

Os trabalhos, desenvolvidos com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, entidade responsável pelo projeto de execução da obra e pelo fornecimento de um conjunto de materiais de construção, tem conclusão prevista para o primeiro trimestre de 2017. A obra, uma operação conjunta das juntas de freguesia do Sado, Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra e São Sebastião, em curso desde outubro, está enquadrada numa intervenção que transformou um terreno baldio na zona de Brejos de Canes num espaço de lazer. Neste caso, numa faixa de terreno descaracterizado com cerca de 8200 metros quadrados adjacente à Estrada da Mourisca, a Junta de Freguesia do Sado valorizou o espaço com a introdução de zonas de estadia, de prática de exercício físico e de circulação pedonal.

Azinhaga limpa terreno A Azinhaga de São Joaquim foi intervencionada, no início de novembro, numa operação de limpeza e corte de vegetação descaracterizada, ação impulsionada pela União das Freguesias de Setúbal com vista à prevenção da ocorrência de cheias e ao reforço das condições de segurança. A estrada da Azinhaga de São Joaquim, que faz a ligação entre os bairros de São Gabriel e da Quinta das Amoreiras, centrou as atenções desta ação, com toda a envolvência daquela via, incluindo valas e sumidouros, a serem alvo de trabalhos de limpeza e corte de mato. “Esta é uma ação realizada anualmente e concretizada com o intuito de prevenir inundações aquando da ocorrência de intempéries”, salienta o presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas, ao destacar que a operação realizada agora “foi maior do que o habitual”.

A par da zona envolvente à estrada, a operação englobou a limpeza da área circundante ao Complexo Municipal da Várzea, equipamento desportivo com três campos de futebol, assim como os terrenos situados nas traseiras de um conjunto edificado existente na Avenida dos Ciprestes. “Além da melhoria das condições de segurança da população, a intervenção visou a melhoria da imagem urbana da cidade”, destaca Rui Canas sobre a ação dinamizada ao longo de uma semana e assegurada por meios técnicos e humanos da própria União das Freguesias de Setúbal. Os trabalhos contaram ainda com a colaboração do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros e da Câmara Municipal de Setúbal, concretamente na limpeza da vala que atravessa a Azinhaga de São Joaquim.


Setúbal promove vinhos

Clube das baías reforça visibilidade

Setúbal marcou presença, pela quarta vez, na Iberovinac, Feira do Vinho e da Azeitona da Extremadura, que teve lugar entre 8 e 10 de novembro, em Almendralejo, Espanha. O município consolidou a divulgação da cultura do vinho e a promoção do território da Península de Setúbal. Os expositores dedicados à região foram um polo de atração, onde se promoveram degustações, provas comentadas e atividades culturais.

turismo

12SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Gastronomia em destaque

O concelho de Setúbal esteve representado na 36.ª edição do Festival Nacional de Gastronomia, que decorreu em Santarém, a 25 de setembro. A realização de um live cooking em que o choco e os vinhos foram reis, a promoção da marca Setúbal Terra de Peixe com informação acerca dos nove festivais gastronómicos dedicados às espécies piscícolas da região e a promoção dos “Pasmadinhos de Setúbal” estiveram em destaque.

Choco é rei em festival

O choco foi rei, entre 22 de outubro e 6 de novembro, num festival com vinte restaurantes da cidade, que terminou com uma sessão de cozinha ao vivo, na Casa da Baía, sob orientação do chef Fernando Cruz, do restaurante Solar do Marquês. Durante duas semanas, o choco frito ou assado, bem como algumas receitas tradicionais e outras inovadoras e surpreendentes estiveram em evidência nos restaurantes aderentes.

Ementas de salmonete

Duas dezenas de restaurantes apresentaram ementas especiais no Festival do Salmonete, que decorreu de 19 de novembro a 4 de dezembro, e incluiu, no último dia, uma sessão de cozinha ao vivo, no restaurante Rius, com a chef Céu Sales a preparar receitas gourmet. Os restaurantes envolvidos serviram receitas tradicionais deste peixe, nomeadamente o salmonete grelhado, bem como propostas inovadoras.

Uma instituição com maior visibilidade mundial. É este o objetivo da presidência de Setúbal do Clube da Mais Belas Baías do Mundo e que levou à aprovação de um novo plano de comunicação, num congresso que decorreu no México O Clube das Mais Belas Baías do Mundo, sob presidência de Setúbal, tem um novo plano de comunicação, aprovado recentemente em Puerto Vallarta, no México. O 12.º congresso do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, que decorreu entre 30 de outubro e 2 de novembro, com a participação de perto de três dezenas de delegações, serviu para dar um novo rumo à instituição que junta enseadas localizadas nos cinco continentes. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, que acumula a presidência do Clube das Mais Belas Baías do Mundo até 2019, num mandato iniciado em março

deste ano, exortou os membros a “passar das palavras às ações”. O desafio relaciona-se com uma mudança estratégica que esta nova direção deseja para aquele organismo internacional e que assenta no objetivo de lhe dar maior notoriedade, assim como de reforço do espírito de desenvolvimento ambientalmente sustentável que o move. Entre as medidas apresentadas no encontro, dedicado ao tema “Baía e vila em harmonia”, foi aprovado um novo plano de comunicação e de marketing para globalizar a imagem do clube. Da estratégia comunicacional destaca-se a criação de uma revista informativa sobre as atividades de cada baía membro, de

periodicidade anual e a publicar em inglês e francês, assim como a elaboração de uma linha de merchandising de promoção do clube. O plano prevê, igualmente, a construção de um pavilhão de exposições amovível, pensado especificamente para ser instalado em feiras internacionais de turismo, o lançamento de um concurso para a criação da letra e música do hino do clube e a definição de 8 de junho como o Dia das Baías. Outras ações consistem na realização de convites a figuras públicas para o papel de embaixadoras de cada enseada, bem como o lançamento de uma bolsa de mérito em investiga-

ção científica sobre preservação ambiental e dos oceanos, no valor de cinco mil euros. A promoção de produtos turísticos através de parcerias também deve ser equacionada no futuro próximo, com sugestões que passam pela criação de pacotes especiais de viagens a diferentes países com baías no clube, incluindo rotas de veleiros. O 12.º congresso do Clube das Mais Belas Baías do Mundo serviu para o organismo internacional aumentar o número de associados, contando agora com as enseadas de Miyazu-Ine e Suruga, no Japão, e Baía de Todos os Santos, no Brasil. No total, o clube passa a integrar 41 baías distribuídas por todo o mundo.

Filmes municipais premiados em Itália Os filmes “Setúbal é um Mundo” e “Convento de Jesus”, com produção pela Câmara Municipal de Setúbal, conquistaram em Castelfranco Veneto, Itália, dois prémios no FIACULT – Festival Internacional de Audiovisuais de Cultura e Turismo, entregues a 19 de novembro. O filme turístico “Setúbal é um Mundo”, selecionado na categoria “Destino”, arrebatou, entre um total de 66 produções audiovisuais a concurso, o 3.º Grande Prémio do Júri. A produção camarária, de setembro de 2015, com um minuto e meio de duração, mostra a paisagem da Serra da Arrábida, a zona ribeirinha, o estuário do Sado, as

praias, os monumentos históricos e a gastronomia, bem como uma panóplia de eventos culturais que fazem a cidade pulsar.

Já o filme “Convento de Jesus”, de junho de 2015, com dez minutos e meio e que mostra as obras que permitiram reabrir este monu-

mento nacional após 23 anos de encerramento, alcançou o primeiro prémio na categoria “Turismo Religioso”. As distinções foram entregues numa cerimónia realizada na comuna italiana Castelfranco Veneto, da província de Treviso. As produções audiovisuais de Setúbal, escolhidas através de votação online do público e de um júri de profissionais na área do cinema e da televisão, foram produzidas exclusivamente pelos meios da autarquia, através do Serviço Municipal de Comunicação e Imagem. Os vídeos podem ser visualizados no canal oficial do município no YouTube.


13SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

A Semana do Mar proporcionou visitas e passeios em embarcações, além de encontros, gastronomia, música e exposições. As atividades proporcionadas durante os sete dias de atividade constante levaram milhares de pessoas à zona ribeirinha, numa comunhão entre a terra e a água

Experiências do mar seduzem A margem do Sado assistiu à despedida dos navios Sagres e Creoula e da caravela Vera Cruz num desfile náutico, realizado a 16 de outubro, que fechou com chave de ouro a Semana do Mar – Setúbal 2016. O programa, que começou, a 10 de outubro, com a inauguração da exposição “Pescadores de Setúbal – olhares do passado, desafios do presente”, no antigo edifício da Lota, deu ainda a conhecer as aventuras

desportivas de Francisco Lufinha. O velejador português, protagonista da maior viagem alguma feita de kitesurf sem paragens, partilhou no Fórum Municipal Luísa Todi, histórias e momentos de superação que levaram a uma experiência náutica surpreendente. A fechar este dia, música, com um concerto da Banda da Armada. O Seminário Internacional “As Cidades Portuárias e a Relação Por-

REVIVALISMO. Dezassete automóveis Barchetta, descapotável da Fiat do início dos anos 90, provenientes de vários pontos de Portugal e Espanha, passearam pela Arrábida, com paragens no Portinho e no convento, a 1 e 2 de outubro. Os participantes no XXV Encontro Barchetta Iberia, que contemplou ainda um desfile noturno pela cidade e passagens por diversos locais da região, foram recebidos com um Moscatel de Honra, na Casa da Baía, pela Câmara Municipal de Setúbal.

to-Cidade” analisou, na manhã de dia 13, a valorização sustentável dos recursos do mar e as oportunidades da economia azul para a região de Setúbal. No final deste dia, o cais 2 do porto de Setúbal viu chegar o emblemático navio-escola Sagres, que logo nessa noite abriu para as primeiras visitas públicas. Na manhã seguinte, juntaram-se o navio Creoula, igualmente da Marinha, e a caravela Vera Cruz, da Apor-

vela. Foram mais de 20 mil as pessoas que, durante a Semana do Mar, visitaram estas embarcações emblemáticas, entre crianças e jovens das escolas e população em geral. O tempo ameno das noites de outubro contribuiu para a iniciativa Veleiros ao Luar, com um leque de sensações ao dispor da população, como música e gastronomia com sabor a mar em tasquinhas dispostas na zona ribeirinha.

Experiências de batismos de mar numa lancha de fiscalização rápida da Marinha e passeios nas embarcações tradicionais Zé Mário, Hiate de Setúbal e Maravilha do Sado foram outras iniciativas que levaram a bom porto este programa organizado numa parceria da Câmara Municipal com a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, inserida no calendário de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016.

Elegância desfila tendências As tendências de outono/inverno de lojas da Baixa e de outros estabelecimentos estiveram em destaque na primeira edição do Setúbal Fashion Weekend, a 11 e 12 de novembro. O evento, organizado pela Deriva­ Status Associação, com o apoio da Câmara Municipal e das lojas participantes, contou com dois desfiles noturnos na Praça de Bocage, o primeiro de apresentação das novidades das lojas Ti Amo, de vestidos de cerimónia, incluindo de noiva, e Acampo, dedicada ao universo hípico. Os modelos desfilaram numa passerelle que começava no cimo das escadas dos Paços do Concelho e terminava na rua num pequeno palco montado especialmente para o evento, nalguns casos acompanhados de animais, entre os quais um cavalo. Gerson Santos, vocalista da banda Redlizzard, protagonizou um apontamento musical.

O outro desfile contou com as lojas aderentes, bem como a Ti Amo, e ainda com a apresentação das coleções de dois jovens criadores, João Pedro e Miguel Duarte, com dez modelos alusivos à Serra da Arrábida. O Setúbal Fashion Weekend, que teve ainda desfiles nas ruas da Bai-

xa, distinguiu os modelos André Kunanga e Camila, que receberam uma verba monetária, o agenciamento numa agência de modelos, um álbum de fotografias digital, produtos em lojas e entradas para a final do concurso Elite Model Look Internacional 2016.


Solidariedade O comandante dos Sapadores de Setúbal ligou Chaves a Faro, num percurso feito de bicicleta pela mítica estrada EN2. Paulo Lamego liderou um grupo de nove ciclistas. Apenas dois são bombeiros, mas todos pedalaram em prol do mesmo objetivo. Em causa estava a sensibilização para o apoio aos bombeiros durante o ano inteiro. Foram quatro dias de viagem e 738 quilómetros percorridos. No final... missão cumprida

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plano central

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hom

Grupo Carlos Viana, Fernando Carmo, José Freire, João Serôdio, Marco Santos, Paulo Lamego, Pedro Machado, Ricardo Silva, Vítor Araújo

I

magine que acontece um acidente e não há bombeiros nem meios disponíveis para o auxílio. Não imagina isso, pois não? Pode acontecer.” As palavras de Paulo Lamego colocam o dedo na ferida da realidade atual que os bombeiros portugueses vivem e que atinge a grande maioria das corporações. “A população não conhece a realidade atual que é vivida na maioria dos quartéis de bombeiros, com a falta de recursos humanos e infraestruturas. O que se pede é que, no mínimo, as pes-

soas sejam sócias dos bombeiros e que mantenham a chama viva”, refere este major do Exército, formado em Engenharia Civil, que há seis anos dirige a Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal. Praticante de ciclismo há 25 anos, o major Lamego associou a paixão pelo desporto a uma causa solidária. A ideia surgiu em agosto enquanto vivia um momento marcante. “Depois do funeral de um grande amigo, estávamos a recordar momentos vividos e passeios de bicicleta que fizemos.

Alguém teve a ideia de fazermos esta viagem e eu senti que precisávamos de fazer isto com um propósito, algo que nos fizesse pedalar com mais e mais força”, explica. E assim nasceu a iniciativa “Bombeiros – Corrente Solidária Une Portugal no Ano Inteiro”, em que nove homens percorreram de bicicleta a totalidade da EN2, de Chaves a Faro, em quatro dias, entre 29 de outubro e 1 de novembro. Nesta viagem, em que o grupo foi acompanhado por um carro de apoio

e, pontualmente, por outros bombeiros de bicicleta, o comandante criou um passaporte, carimbado por todas as associações de bombeiros por onde passaram ao longo dos 738 quilómetros e 500 metros do trajeto, registado pelo próprio num diário de bordo, que começa na noite anterior ao primeiro dia de viagem, rumo a um jantar no restaurante minhoto Nariz do Mundo. “No caminho para o Nariz do Mundo, entre crónicas rádio do Freire, fomos subindo por entre serras


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com pedalada as massagens. A comitiva segue. O incêndio continua. O Ricardo mostra as virtudes do desporto no facebook. Antes da curva, um último olhar. O incêndio continua. Chegámos ao Nariz do Mundo, uma das joias da nossa gastronomia, em Moscoso, Cabeceiras de Basto.”

Nevoeiro ao Km 0

e montes no meio de colunas de fumo. As colunas erguem-se, qual espírito inebriado pelo fascínio do fogo. Espanto nosso, no caminho para Cabeceiras de Basto, neste dia 28 de outubro, deparamo-nos com um incêndio florestal. O grupo vai animado. O motivo da viagem é o apoio aos bombeiros todo o ano. O período crítico da época de fogos florestais terminou a 15 de outubro. O incêndio lavra. O Freire palra provas desportivas junto da fronteira e de como sabem bem

Início da viagem. Chaves fica para trás. Nas pernas levam a força da solidariedade, vestem camisolas pretas com a palavra “bombeiros” escrita a azul. Passam Vila Real e na chegada a Lamego não percebem onde termina e recomeça a Nacional 2, mas depressa encontram o percurso normal. Seis horas depois chegam a Viseu. É o fim da primeira etapa. Estão cansados, mas muito entusiasmados. “Depois da meia-noite, atestados da ‘sobremesa’ do Nariz do Mundo, finalmente chegamos ao quartel dos Bombeiros Flavienses, de onde, após uma noite retemperadora, apesar de alguns ‘lenhadores’ insistirem em ‘serrar lenha’, nos deslocamos com enorme emoção para o Km 0 da N2, onde se registou o momento para a posterioridade. A expectativa e a emoção são contagiantes, o bombeiro flaviense que nos acompanhou até Vidago vibrava com o espírito do grupo. Paisagem deslumbrante apesar do nevoeiro matinal, que obrigou a fotógrafa de serviço a paragens constantes para registo. Em Peso da Régua, cheios de energia e sempre a bom ritmo, paragem para um abastecimento mais longo e preparação psicológica para a longa subida de 29 quilómetros até Bigorne. O Mister (Carmo) arrancou com vigor e a todo o gás até Lamego, apanhoume distraído e foram mais de seis quilómetros com as pulsações ao rubro a tentar colar, em vão. Valeu o Freire e o Araújo, que a ritmo certo e vivo, ao apanharem-me, proporcionaram uma boa roda, apanhando o Carmo somente em Lamego, seguindo depois os qua-

tro até Bigorne, onde, desfraldados pela ausência das massagistas locais, esperámos pelo restante grupo e recebemos a companhia de um bombeiro de Castro Daire, demonstrando o apoio pela nossa causa. Os quilómetros finais, apesar de penosos, devido ao cansaço espelhado no rosto de todos, foram recompensados pela receção em Viseu e pelo banho e jantar retemperadores.”

Ao ritmo do TGV Arranca o segundo dia. “Os dois primeiros dias são difíceis, depois o corpo entra no ritmo”, assegura Paulo Lamego. Chegados ao IP3, passam Tondela e Santa Comba Dão. Fazem duas paragens forçadas para verificar o caminho, pois a construção da Barragem da Aguieira engoliu parte do traçado original da EN2. Guiados por um GPS, voltam ao ritmo regular até à paragem em Vila Nova de Poiares, onde o almoço é feito de sandes de presunto. De regresso à estrada, deixam Góis e Lousã, locais fustigados pelos fogos de verão. “Durante a viagem conversámos muito, sobre tudo e mais alguma coisa. Só não falámos de trabalho.” Os nove elementos que fizeram esta corrente solidária em duas rodas há muito que se conhecem. O mais novo tem 31 anos, o mais velho já passou os 50. Entre brincadeiras e picardias, sete horas depois do início da pedalada, eis que chegam à Sertã. “A noite passou a correr, a mudança da hora possibilitou antecipar a partida para as 08h00 e a mossa do dia anterior era evidente. O troço entre Santa Comba Dão e Penacova, interrompido constantemente pelo IP3, obrigou a atenção redobrada devido à má sinalização da N2. ‘Uma estrada emblemática merece uma sinalética apropriada, comandante’, diz o aguadeiro em Penacova. ‘Isto não anda?!!’ Araújo e comandante enrolam punho e foram seis quilómetros alucinantes a lembrar os ritmos no TGV!!!! Valeu a paragem em Vila Nova de Poiares.

A presença dos Bombeiros de Góis anima-nos para a exigente subida que se avizinha. Mais uma picardia entre Carmo, Freire, Carlos e comandante na primeira metade, e, após uma pequena paragem para reagrupar, continua com a chegada do Machado o ‘Benjamin’. O sobe e desce constante causa muita mossa. Registo fotográfico obrigatório na (e não da) Picha, tendo a Venda da Gaita sido relegada. A presença do desfibrilhador dos Bombeiros da Sertã nos quilómetros finais não foi suficiente para ressuscitar o ‘cadáver’ do grupo. Somente as manobras de quase respiração boca a boca e a visão do Maranho permitiram a chegada ao quartel.”

Maratona alentejana “Este terceiro dia foi o mais difícil”, recorda Paulo Lamego. Rumo ao Alentejo, por Sardoal, Abrantes e Bemposta, com o Tejo já atravessado. Em Ponte de Sor, uma paragem forçada. “Aproveitámos para almoçar.” De volta à estrada, cruzam Montemor-o-Novo e rompem herdades até Alcáçovas. Torrão à vista! Oito horas de viagem no total, seis delas sempre a pedalar. “Esta foi ao osso... Excelentes lebres da Sertã até Rossio ao Sul do Tejo, que marcaram um ritmo certinho e permitiram poupar algumas energias. Na Bemposta, o único percalço na epopeia: um cabo de mudanças partido, que foi rapidamente resolvido por mãos habilidosas de um excelente mecânico em Ponte de Sor. As planícies alentejanas enganam, o sobe e desce constante e algum calor que se fez sentir obrigaram a algumas paragens extra para encher os cantis e os 216 quilómetros foram concluídos com um pôr do sol no Torrão magnífico. O esforço estava estampado no rosto, ninguém ficou imune. O jantar convívio terminou cedo, os sacos-cama aguardavamnos. Nem sinal dos ‘lenhadores’...”

Alegria da chegada Quarto e último dia de viagem. As

pernas estão cansadas, as dores nas costas aumentam. O grupo mantém-se focado no objetivo. “Tivemos sempre a certeza de que chegaríamos a Faro. Tivemos sempre consciência de tudo e cumprimos tudo. Umas vezes, mais depressa, outras, mais devagar”, assinala o comandante. E assim foi. À passagem por Castro Verde, a bifana do almoço deu a força necessária para subir a Serra do Caldeirão. A tarde de outono estava demasiado quente para a época. Faro era já ali à frente. “Chegamos bem. Correu tudo bem. Sentimos que podíamos continuar, estávamos cheios de força”, afirma Paulo Lamego, que, levado pela emoção da missão bem-sucedida, admite que, para a ano, todos juntos vão embarcar na mesma aventura. “Só assim podemos garantir que estamos a levar a cabo uma verdadeira missão solidária”, justifica. “Vento Sul!! O silêncio imperava. As trocas sucediam-se na frente. Algum desânimo era evidente nos rostos. De repente, uma dádiva. Movidos por esta corrente solidária, uma dezena de amantes do pedal de Almodôvar veio em nosso auxílio. Sempre de peito ao vento, a par, um colete­ ‑de-forças que nos levou ao colo nos quarenta quilómetros que faltavam até Almodôvar. Bifanas, sandes de presunto, amendoins, sardinhas em tomate, com o magnífico pão alentejano, proporcionaram um ressuscitar do ânimo e das forças. Pequeno despique na subida da Serra do Caldeirão entre Carmo, Freire e o comandante! ‘Cotas’ alucinados! A descida e as retas até Faro foram percorridas em ritmos loucos, qual TGV! O Araújo reservou energias para quilómetros de pura adrenalina! A alegria junto do marco do quilómetro 738 foi contagiante. A receção dos Bombeiros de Faro, excecional! Objetivo cumprido. A corrente solidária existiu durante todo o percurso do grupo. Temos esperança que continue em prol dos Bombeiros o ano inteiro. Um bem-haja a todos.”


cidadania

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Atividades animam idosos

Horizonte saudável

O fomento da qualidade de vida das populações numa perspetiva inclusiva. Este foi o mote para o VI Fórum da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis no qual Setúbal assinou um compromisso com metas para promoção de um município saudável

A Câmara Municipal de Setúbal assinou a 27 de outubro uma declaração que define os compromissos das autarquias que integram a Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis no que respeita à promoção da saúde. A Declaração de Setúbal – Compromisso para 10 Metas e Desafios na Promoção da Saúde, feita no final no VI Fórum da Rede Por-

tuguesa de Municípios Saudáveis, que decorreu no Fórum Municipal Luísa Todi, no âmbito de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016, define os principais compromissos relativos à saúde dos 34 municípios que constituem aquela rede. Uma das principais metas da declaração aponta que os municípios devem assumir um papel ativo na

defesa da saúde, designadamente reivindicando a acessibilidade a cuidados de saúde de qualidade para toda a população e condições de equidade territorial no acesso aos equipamentos e serviços. O VI Fórum da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis reuniu municípios, parceiros e população para a partilha de experiências e definição de estratégias locais de

promoção da saúde e da qualidade de vida das populações. “É necessário democratizar o acesso à prática desportiva e fortalecer os sistemas centrados nas pessoas”, realçou, na sessão de abertura, o vereador Pedro Pina. “A Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis requer um compromisso local, para que haja um maior investimento na saúde.”

Setúbal comemorou o Dia Internacional da Pessoa Idosa, que se assinala a 1 de outubro, com um conjunto de atividades que decorreram ao longo de um mês. A 19.ª Festa do Idoso, na Cooperativa de Habitação e Construção Económica “Força de Todos”, sessões de Ioga do Riso, uma exposição de pintura, visitas a locais fora do concelho e a pontos de interesse em Setúbal e jogos tradicionais foram algumas das iniciativas realizadas.

Concelho contra pena capital

Setúbal associou-se, a 30 de novembro, ao movimento mundial Dia Internacional das Cidades pela Vida – Cidades Contra a Pena de Morte. Numa resposta ao desafio lançado pela Comunidade de Sant’Egídio, a cidade iluminou o pelourinho, na Praça Marquês de Pombal, junto do qual também esteve colocada uma faixa com a frase “Cidade contra a pena de morte”. A faixa e a iluminação mantiveram-se ao longo de uma semana.

Combate à pobreza reclama verbas A necessidade de combater as desigualdades sociais com um reforço de verbas e de parcerias institucionais foi destacada num encontro realizado a 15 de dezembro, na Igreja do Convento de Jesus. “Será muito difícil encetar um eficaz combate às desigualdades enquanto não conseguirmos aplicar

no desenvolvimento da economia recursos financeiros que continuam a ser canalizados para o monstruoso pagamento dos juros da dívida”, afirmou a presidente da Câmara Municipal no seminário “Conversas Traçadas – Inclusão e Economia Social no Combate às Desigualdades”. Na sessão, promovida pela Se-

cretaria de Estado da Igualdade e Cidadania e pelo Sem Mais Jornal, com organização da Animar – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local e parceria da autarquia, Maria das Dores Meira sublinhou que “é preciso continuar o caminho de recuperação de direitos, de rendimentos, de prestações sociais”.

Moradores gerem Casinha de todos O espaço A Nossa Casinha, destinada a atividades educativas e lúdicas para crianças, jovens e idosos, inaugurada a 2 de outubro na Alameda das Palmeiras, zona da Bela Vista, marca uma nova fase no programa Nosso Bairro, Nossa Cidade graças ao modelo de gestão. O equipamento, instalado num rés do chão cedido pela Câmara Municipal aos moradores da Alameda das Palmeiras, pretende afirmar-se como um polo de concentração de diferentes valências culturais e sociais, gerador de novas dinâmicas para os residentes. “Este espaço só vale a pena se for profundamente utilizado para os

interesses dos moradores. A manutenção e as atividades são dos moradores. A Câmara limita-se a ajudar. Este é o momento de viragem e de mudança do programa Nosso

Bairro, Nossa Cidade: a primeira experiência de um espaço gerido autonomamente pelos moradores”, sublinhou, na inauguração, o vereador Carlos Rabaçal.

A Nossa Casinha ocupa um apartamento com três divisões definidas como salas para convívio, estudo, ateliers de costura e uma cozinha para culinária. A frequência do espaço é gratuita, com a gestão dos horários a ficar a cargo dos moradores responsáveis pela continuidade e execução dos fins a que este projeto se destina. O imóvel foi alvo de obras de requalificação, executadas em conjunto pela autarquia e pelos moradores, que o dotaram de condições de conforto para os utilizadores para permitirem a realização de uma variedade de iniciativas pedagógicas e lúdicas, algumas já a decorrer.

Gala apoia projetos sociais

A apresentação de formas artísticas como método terapêutico marcou a gala solidária Dança para Todos, a 3 de dezembro, no Fórum Luísa Todi, com a receita a destinar­ ‑se a apoiar projetos sociais de dança inclusiva da APPACDM de Setúbal. O espetáculo, centrado na dança com extensão a outras formas artísticas, como música e teatro, encerrou o XVII ExpressArte, das comemorações do Dia da Pessoa com Deficiência.

Formação pela igualdade

A presidente da Câmara Municipal vincou a importância da luta permanente contra a violência sobre as mulheres, a 25 de novembro, no encerramento do ciclo formativo “O Futuro da (Des)Igualdade”, que decorreu no Hospital de S. Bernardo. A formação, com conferências ao longo de novembro, foi organizada pelo Centro Hospitalar de Setúbal no âmbito do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres.


Intervenção evita cheias na cidade São cerca de três milhões de euros para a prevenção de cheias, investimento assegurado com a abertura de um concurso público para a concretização de uma obra estruturante para a criação de mais condições de segurança na cidade, na qual se inclui a regularização do troço final da Ribeira do Livramento. A luz verde para avançar com a intervenção foi conhecida na reunião camarária de 23 de novembro, com a aprovação da abertura de um concurso público no qual se pretende executar, num prazo máximo de 550 dias, intervenções estruturais de desobstrução e regularização fluvial daquele troço da ribeira, de forma a garantir um escoamento controlado em situação de cheia. A avaliação hidráulica das condições de escoamento do troço final da Ribeira do Livramento, que inclui a zona do futuro Parque Urbano da Várzea, foi desenvolvida detalhadamente na fase de estudo prévio, no qual foi apresentada uma solução para a regularização daquele troço. A Agência Portuguesa do Ambiente emitiu também um parecer que aponta a possibilidade de incluir no projeto de execução a criação das bacias de amortecimento da Gamita, a par de intervenções que abrangem as passagens hidráulicas localizadas a jusante daquela bacia até à entrada do troço canalizado da Ribeira do Livramento e a construção de um sistema de encaminhamento para a bacia do Livramento das águas pluviais, atualmente drenadas para a área envolvente da Escola Básica Barbosa du Bocage. Deste modo, o referido estudo prévio alargou a análise efetuada ao primeiro troço da Ribeira do Livramento às linhas de água da Gamita e do Barranco do Forte Velho. A empreitada, a concurso público com um preço base de 2.930.856,82 euros, foi candidatada a financiamento comunitário através do PO SEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, ao abrigo do Portugal 2020.

Socorro à distância de simples toque

segurança

17SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Uma aplicação para telemóveis, inédita em Portugal, torna o território e a população setubalenses mais seguros. O “Setúbal SOS” é gratuito, tem ligação direta para emergências e permite saber a localização geográfica de quem está em perigo A segurança está agora à distância de um toque. Uma aplicação para telemóveis, inovadora em Portugal, torna o território e a população mais resilientes. O “Setúbal SOS”, desenvolvido pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros, está disponível desde outubro. A aplicação, inédita no país, tem como mais­ ‑valia a possibilidade de o utilizador dar a conhecer ao operador do Centro Municipal de Operações de Socorro, de forma instantânea, a sua posição geográfica através da ligação de dados móveis e do GPS do telemóvel. Após o descarregamento da aplicação, o utilizador é solicitado a responder a um conjunto de questões básicas de identificação, umas obrigatórias outras facultativas, relacionadas com o cadastro pessoal, o historial clínico e

a pessoa a contactar em caso de necessidade. Em situação de emergência, basta ligar o GPS e os dados móveis do telemóvel e acionar o botão vermelho de chamada que ativa o sinal de localização e estabelece ligação com o Centro Municipal de Operações de Socorro, o que permite uma resposta mais rápida dos meios. Quando a chamada é atendida naquele serviço municipal, o operador tem acesso a dados essenciais para a prestação de socorro, fornecidos aquando da instalação e utilização pela primeira vez da aplicação, como idade da vítima, doenças conhecidas e pessoa a contactar. O utilizador fica com acesso a outras funcionalidades, nomeadamente a receção no telemóvel de avisos relativos a estados de alerta

meteorológicos, bem como a informações sobre procedimentos a adotar na possibilidade de exposição a um determinado fenómeno ou situação de emergência. A aplicação, inspirada no caso de estudo “My 112”, do Centro de Emergência da Comunidade Autónoma de Madrid, Espanha, está disponível para descarregamento através da Google Play Store, para sistemas operativos Android, e da Apple Store, para dispositivos com IOS. O projeto, apresentado pela autarquia a 13 de outubro, no âmbito das celebrações do Dia Internacional para a Redução de Catástrofes, “assegura que Setúbal pode continuar a ser um concelho no qual a população é mais resiliente” afirmou o vereador da Proteção Civil, Carlos Rabaçal.

Sismo com tsunami testa população A terra tremeu na tarde de dia 5 de novembro num simulacro de sismo seguido de tsunami, exercício, conduzido pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros, que testou os procedimentos de segurança e de evacuação do Parque Urbano de Albarquel.

As sirenes de aviso de um sistema experimental de alerta instalado naquele espaço de lazer soaram às 15h08, primeiro para sinalizar um sismo, que durou dois minutos, depois um tsunami, cuja primeira onda chegou a terra cerca de meia hora após o primeiro fenómeno.

A população, protegida em áreas amplas do parque enquanto decorreu o sismo, foi depois encaminhada pelos caminhos de fuga para os pontos de encontro situados numa cota superior a dez metros, zonas consideradas seguras perante a iminência do perigo vindo do mar. “Mais do que dar informação, é dar formação às pessoas para que estas saibam reagir adequadamente em situações de perigo, concretamente em caso de sismo e de tsunami”, destacou o coordenador do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal, José Luís Bucho. O exercício, dinamizado no âmbito do Plano Municipal de Emergência, concluiu que o tempo de evacuação do Parque Urbano de Albarquel está de acordo com o estipulado para o local, com a última pessoa a chegar ao ponto de encontro em sete minutos. O simulacro, que testou as medidas de prevenção relativas a situações de tsunami, permitiu identificar ações corretivas a adotar, nomeadamente relacionadas com a autoproteção estipulada para o local.

EVOCAÇÃO. O 98.º aniversário do armistício da I Guerra Mundial foi assinalado a 11 de novembro, em Setúbal, num momento de homenagem aos militares portugueses que pereceram durante o conflito que decorreu entre 1914 e 1918. Na cerimónia, realizada no Monumento aos Combatentes da Grande Guerra, a autarquia fez-se representar pelo vereador Carlos Rabaçal.


18SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Muita dança e aplausos marcaram a Gala de Danças Sociais – Salsa Set, a 22 de outubro, no Fórum Luísa Todi, no âmbito do Festival de Salsa de Setúbal. O evento, organizado pelo Enclave, com o apoio da Câmara Municipal, incluiu ainda a realização de vários workshops de dança na Escola Secundária Sebastião da Gama.

Las Señoritas mostram-se

O ciclo Desencontros, organizado e desenvolvido na Casa da Cultura, deu a conhecer, com um concerto ao vivo no dia 22 de outubro, o novo projeto musical de Mitó Mendes, voz e guitarra, e Sandra Baptista, acordeão e baixo elétrico, Las Señoritas. A dupla é também conhecida pelo trabalho no grupo A Naifa, que entretanto terminou em 2014.

Pesca nas malhas da arte

As vidas dedicadas ao mar estiveram em foco numa exposição de pintura de Gamy Fernandes, patente em novembro na Casa da Cultura. A artista plástica, natural de Coimbra e a viver em Setúbal, evocou a profissão de pescador através de um conjunto de mais de duas dezenas obras presentes na exposição intitulada “Enleios e Amarras”.

Fado cantado no feminino

O projeto Mulheres do Fado de Setúbal, que lançou um calendário para 2016 com fadistas setubalenses, animou as noites da Casa da Cultura, uma vez por mês, entre outubro e dezembro. O projeto contou com atuações de Sara Margarida, Joana Lança, Carla Lança, Nélia Oliveira, Maria Caetano, Sónia Colaço, Maria do Céu Ribeiro e Sandra Caferra.

Música antiga toca à costa Sons de outros tempos, ritmos e tradições ganham nova vida no West Coast Early Music Festival. A música que é hoje considerada antiga voltou a ouvir-se em Setúbal num festival que mostra muita coisa nova A música antiga esteve em destaque em Setúbal, que recebeu, entre 10 e 31 de outubro, uma extensão do VIII West Coast Early Music Festival. O evento, que decorreu também em Oeiras, onde teve origem, e em Lisboa, é organizado pela MAAC – Música Antiga Associação Cultural. O primeiro espetáculo em Setúbal, na Igreja de Jesus, ficou a cargo de Concerto Ibérico, orquestra barroca e coro misto. O cartaz sadino incluiu também uma conferência e um recital de clavicórdio a cargo de João Paulo Janeiro, no dia 16, na Casa da Cultura, e a atuação conjunta dos grupos Differencias Ibéricas, Coral

Infantil de Setúbal e coro infantil do Conservatório Regional de Setúbal, que esgotou, no dia 24, a Igreja de Jesus. Os Contágio Barroco protagonizaram um concerto pedagógico no dia 31, no Fórum Municipal Luísa Todi, voltando a atuar, à noite, nas Caves José Maria da Fonseca, em Vila Nogueira de Azeitão, para o encerramento do certame, com um reportório de sonatas de Galliard. A extensão de Setúbal do VIII West Coast Early Music Festival integrou o Mês da Música, programa promovido pela Câmara Municipal que assinala em outubro o Dia Mundial da Música.

Timor na memória militar

Hélder Tadeu de Almeida descreve a experiência numa comissão militar em Timor num livro apresentado a 8 de outubro, na Biblioteca Pública Municipal. “Na Fronteira de Timor”, editado em 2015 pela Âncora Editora, é o título da obra do militar que chefiou, entre 1967 e 1969, equipas de assistência na fronteira com a Indonésia.

cultura

Salsa tempera festival

Autores à conversa

Adeus a Manuel Bola

O cartoonista Luís Afonso, a 7 de novembro, e o jornalista Mário Zambujal, a 2 de dezembro, estiveram à conversa com o público, enquanto escritores, em sessões que praticamente esgotaram a Sala José Afonso da Casa da Cultura. Os encontros, do ciclo Muito Cá de Casa, numa parceria do atelier de design DDLX com a autarquia, geraram conversa sobre os livros “O Quadro da Mulher Sentada a Olhar para o Ar com Cara de Parva”, no caso de Luís Afonso, e “Romão e

Família, amigos e personalidades de todos os quadrantes da socie­ dade prestaram uma última homenagem ao ator e poeta Carlos Rodrigues, mais conhecido por Manuel Bola, a 13 de dezembro, no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade. O funeral de Manuel Bola, que faleceu, aos 72 anos, dois dias antes, de complicações respiratórias, juntou uma multidão de setubalenses, com a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores

Juliana”, de Mário Zambujal. O cartoonista, famoso pelas tiras “Bartoon” e “Barba e Cabelo”, publicadas nos jornais Público e A Bola, revelou que as histórias contadas em livro levam-no a desenhar, assim como os desenhos inspiram histórias. Já o jornalista, autor de diversos títulos, como “Crónica dos Bons Malandros”, sente-se, aos 80 anos, de bem com a vida, dedicando-se a escrever livros e crónicas para publicações. PARABÉNS. A Casa da Cultura celebrou o quarto aniversário com um programa que juntou, entre 4 e 6 de outubro, mais de uma centena de pessoas em diferentes iniciativas. As festividades incluíram ateliers, um concerto, o lançamento de um livro e uma exposição. A Casa da Cultura abriu ao público a 5 de outubro de 2012.

Meira, a destacar esta “grande perda para o concelho e para o país”. A autarca leu o poema “Só queria pedir um favor”, do livro “Sem Amor”, da autoria de malogrado. A diretora do TAS, Célia David, companhia de que Manuel Bola foi ator residente durante 27 anos, acentuou a liberdade como característica marcante da sua personalidade. “Era a pessoa mais livre que conheci. Dizia tudo o que lhe passava pela cabeça. Dizia as verdades de uma forma bastante crua.”


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Catálogos festejam desenhos Tantas vezes reflexos contundentes dos instantes que constroem as muitas realidades que compõem a sociedade, as ilustrações encontram em Setúbal um ponto de encontro para o melhor que se faz em Portugal. Os trabalhos expostos na Festa da Ilustração podem e merecem ser recordados. Estão agora disponíveis em catálogos A Festa da Ilustração de Setúbal de 2016, realizada em junho, está perpetuada no tempo através de dois catálogos apresentados ao público no início do outono na cidade sadina e em Lisboa. Tratam-se do Catálogo Geral da Festa da Ilustração de Setúbal e do Catálogo da Ilustração Portuguesa, editados pela autarquia em parceria com o atelier DDLX, com os apoios da Abysmo Editora e da Casa da Imprensa. O Catálogo da Ilustração Portuguesa reúne 327 ilustrações de oitenta artistas, todas selecionadas no concurso “Ilustração Portuguesa”, da edição de 2016 da Festa da Ilustração e que deram origem a uma exposição homónima na Casa da Baía entre junho e julho. Teófilo Duarte, da DDLX, e João Paulo Cotrim,

da Abysmo Editora, curadores da Festa da Ilustração de Setúbal, o artista Nuno Saraiva e o diretor de arte e investigador Jorge Silva formaram o júri que selecionou os trabalhos finais expostos na mostra e que constam agora do Catálogo da Ilustração Portuguesa. Já o Catálogo Geral da Festa da Ilustração de Setúbal apresenta os trabalhos dos ilustradores que participaram na edição de 2016 do evento, como Luís Filipe de Abreu, Luís Afonso e André Carrilho. Os catálogos foram apresentados a 27 de outubro na Casa da Cultura, em Setúbal, e, no dia seguinte, na Casa da Imprensa, em Lisboa, no âmbito do encerramento naquele espaço da exposição Fónix, de Nuno Saraiva, patente na Festa da Ilustração de Setúbal 2016.

Fórum de estrelas Os UHF e a Orquestra Nacional de Jovens atuaram juntos, a 1 de outubro, em Setúbal, num concerto comemorativo do Dia Mundial da Música que praticamente esgotou o Fórum Municipal Luísa Todi. Ao longo das quase três horas do espetáculo “UHF Sinfónico” foram recuperados temas icónicos da banda rock portuguesa em sonoridades nunca antes ouvidas. Os grandes nomes da música portuguesa foram visitas constantes do Fórum Luísa Todi. Jorge Palma e Sérgio Godinho passaram “Juntos” na sala de espetáculos sadina a 5 de outubro, digressão em que partilham com o público quatro décadas de canções. Uma semana depois, Joana Amendoeira deu um concerto intimista. Com outra magia que não a da música, o ilusionista Luís Matos trouxe até Setúbal o “Chaos”, espetáculo que, mais uma vez, praticamente esgotou a sala principal do Fórum Luísa Todi. As artes de palco traduziram-se também perante o público do Fórum através do teatro, caso da companhia Área de Serviço, que apresentou uma versão do policial clássico “Sleuth – Autópsia de um Crime”. A sala setubalense é também de estreias mundiais, como a que Christopher Bochmann compôs em homenagem a Bocage a pedido da Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão. “O Suspiro do Rouxinol” estreou a 28 de outubro, num espetáculo com a participação do Conservatório Regional de Setúbal, da mezzo-soprano Suzana Teixeira, de Fernando Pernas, clarinete, e Ana Teles, piano. A noite incluiu ainda a entrega de prémios do XVIII Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage, da LASA. Pedro Abrunhosa e o Comité Caviar deram um concerto inesquecível para quem esteve na sala esgotada a 4 de novembro, enquanto o Setúbal

Voz Coro recuperou, no espetáculo especial “Voz & Fado”, a 23 de outubro, grandes temas da canção nacional e que contaram com as participações de Deolinda de Jesus e Yola Dinis. Noutro registo importante do fado a ecoar no Fórum Luísa Todi, Pedro Moutinho apresentou “O Fado em Nós” a 11 de novembro, data em que celebrou 40 anos de vida. Os mais pequenos fizeram a festa da Noite das Bruxas com “Fuga a-Berta”, espetáculo infantil da Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi apresentado a 30 de outubro, enquanto, mais tarde, a 21, 23, 24 e 27 de novembro o Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico estreou, também para os mais novos, uma versão do clássico “O Quebra-Nozes”. Num registo sinfónico, o Fórum acolheu a Orquestra Académica Metropolitana, que interpretou, a 12 de novembro, temas de Janá ek e Dvo ák, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a 19, com direção especial do maestro Emil Tabakov e um reportório de Beethoven e Rachmaninoff, e a Orquestra Gulbenkian, que trouxe, a 1 de dezembro, obras de Mozart, Tchaikovsky e Mendelssohn. O espírito académico voltou a marcar presença no Fórum Luísa Todi através do IX Por Terras do Sado, festival de tunas organizado, a 10 de dezembro, pela TASCA – Tuna Académica de Setúbal Cidade Amada. Com a quadra natalícia a pairar no ar, vários espetáculos infantis tiveram ainda lugar na sala setubalense. Casos da peça “O Menino que queria ir à Lua”, a 20 e 27 de novembro, pela Associação Teatro A Descoberto, o musical “Aladino e a Lâmpada Mágica”, apresentado pela Yellow Star Company de 4 a 8 de dezembro, e o “Espetáculo de Natal”, a 16 de dezembro, pela Academia de Dança Contemporânea de Setúbal.


desporto

20SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Ciclistas descobrem cidade

Mais de seiscentas pessoas participaram, a 9 de outubro, no Setúbal Bike Tour, passeio de cicloturismo dirigido às famílias, que deu a conhecer vias cicláveis e zonas de lazer da cidade. O evento, que decorreu pelo sexto ano consecutivo, juntou pessoas de todas as idades adeptas de passeios de bicicleta, incluindo crianças e idosos, e ciclistas profissionais.

A Gala do Desporto de Setúbal distinguiu os protagonistas daquilo que de melhor aconteceu durante o ano. Foram entregues 14 prémios a atletas, dirigentes, clubes e outras individualidades que se esforçaram por elevar o nome do concelho. Este foi apenas mais um evento da Cidade Europeia do Desporto

Gala de prémios A Volta a Portugal, prova que, após 42 anos de interregno, regressou à cidade, foi distinguida com o prémio de melhor evento de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016, em cerimónia realizada a 26 de novembro, no Fórum Municipal Luísa Todi. A primeira edição da Gala do Desporto de Setúbal, organizada pela Câmara Municipal, atribuiu 14 prémios a pessoas e instituições em destaque no panorama desportivo do concelho, de um total de 36 nomeados. “Celebramos os desportistas setubalenses, aqueles que, nos campos, nas pistas, nos pavilhões, nas ruas e também no estuário do Sado e na nossa terra dão o seu melhor, dão tudo por tudo para chegar mais longe, mais depressa, com mais força”, realçou a presidente da autarquia, Maria das Dores Meira. À atleta de triplo salto Susana Costa, natural de Setúbal, coube o prémio “Melhor Atleta Feminina”, enquanto no setor masculino a distinção foi para o judoca João Martinho. Outros vencedores da noite foram a atleta de

natação adaptada Simone Fragoso como “Melhor Atleta Feminina” em desporto adaptado e Ângelo Pais, do atletismo, é o “Melhor Atleta Masculino” na mesma categoria. A ginasta de tumbling do Vitória Futebol Clube Inês Moreira foi considerada a “Melhor Aleta Feminina” na categoria esperança, para atletas menores de 18 anos, e João Valido, do pentatlo

MANUEL MANITA A Gala do Desporto de Setúbal entregou o “Prémio Carreira” a Manuel Manita pelo contributo para o desenvolvimento e visibilidade do desporto no concelho. O antigo treinador de andebol da Seleção e do Vitória, bem como de outros clubes, onde conquistou títulos nacionais em diversos escalões, viria a falecer a 7 de dezembro, aos 82 anos.

Vitória comemora 106 anos A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, reiterou o empenho na valorização do Vitória e a disponibilidade no trabalho em parceria, durante o jantar do 106.º aniversário do clube, que decorreu a 20 de novembro, no Pavilhão Antoine Velge. “Continuamos profundamente empenhados na valorização do clube, seja encontrando, conjuntamente, soluções que permitam que cresça e se renove, seja envolvendo o clube nas grandes iniciativas desportivas que se realizam na cidade”, afirmou a autarca. Maria das Dores Meira apontou, como exemplos, as soluções encontradas pela autarquia com a “requalificação do Pavilhão

Antoine Velge e o arranjo e o asfaltamento das zonas exteriores do estádio e a requalificação de espaços interiores, como a secção de ginástica, tal como já havia sido feito noutras secções desportivas”. Num discurso onde começou por saudar “todos os associados e adeptos do clube espalhados pelo mundo”, frisou a “importância daquele que é o maior clube da cidade e um dos maiores de Portugal”. Na cerimónia foram entregues os emblemas aos associados, ou respetivos herdeiros, com 75, 50 e 25 anos de filiação, e homenageados os atletas, dirigentes e treinadores que mais se destacaram no último ano nas diferentes modalidades.

e do futebol, foi o “Melhor Atleta Masculino”. Destaque ainda para o selecionador português de futebol da equipa de sub-19, Hélio Sousa, que recebeu o prémio de “Melhor Treinador”. Os trampolins de ginástica do Vitória Futebol Clube saltaram para a “Melhor Equipa”, enquanto a União Desportiva para a Inclusão da APPACDM de Setúbal, com formações nas áreas do andebol, futsal, futebol 7, equitação, atletismo, pesca desportiva, boccia, ténis de mesa e natação, recebeu o prémio para “Melhor Clube Desportivo”. João Botelho, do Clube de Canoagem de Setúbal, foi o preferido do júri na categoria “Melhor Dirigente Desportivo”. O galardão de “Melhor Artigo Desportivo” foi para “Entrevistas aos Embaixadores da CED 2016”, de David Pereira, publicado no jornal “O Setubalense”, enquanto Nuno Santos, que obteve, em 2015-2016, a melhor nota na licenciatura em Desporto da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, recebeu o prémio de “Mérito Académico”.

Atividade física previne AVC

Aulas de aeróbica e de dança, como incentivo ao exercício físico e fomento de um estilo de vida saudável, assinalaram o Dia Mundial do AVC, a 29 de outubro, na Praça de Bocage. Houve também sessões de esclarecimento, distribuição de folhetos acerca dos métodos de prevenção desta doença e sensibilização para a importância da mudança de hábitos.

Vela surpreende em sessão

João Cabeçadas e João Rodrigues, dois dos maiores velejadores lusos, partilharam experiências surpreendentes na vela de alta competição, num encontro realizado a 11 de novembro, no Fórum Luísa Todi. No mesmo dia, os atletas foram homenageados pela Câmara Municipal de Setúbal, numa cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho.


A temática da promoção do sucesso escolar e a disponibilização de mais e melhores serviços educativos em renovados espaços municipais fazem parte do Plano Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, apresentado na Cerimónia de Receção à Comunidade Educativa. O evento reuniu setecentas pessoas nas Piscinas das Manteigadas

União no sucesso escolar O arranque do ano letivo foi assinalado com o anúncio da construção do Plano Nacional de Promoção do Sucesso Escolar. “A autarquia tem, desde há muito, este objetivo como um princípio na sua estratégia de ação”, vincou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, na Cerimónia de Receção à Comunidade Educativa, a 6 de outubro, no Complexo Municipal de Piscinas das Manteigadas, com a presença de setecentos participantes. “Em ano de Setúbal Cidade Europeia do Desporto, com centenas de atividades já desenvolvidas, esta iniciativa tinha de ter lugar num equipamento desportivo”, explicou a autarca. Maria das Dores Meira reforçou que, a pensar na questão do sucesso escolar, a autarquia tem reabilitado vários equipamentos com vista a torná-los em “laboratórios de co-

nhecimento, de aprendizagens e de aquisição de competências”, sobretudo relacionados com a memória e a identidade setubalenses. Exemplos deste investimento são a Casa Bocage, a Biblioteca Pública Municipal de Setúbal e o Moinho de Maré da Mourisca, espaços reabilitados e modernizados, a par dos Paços do Concelho e da Casa da Baía. Em curso estão as beneficiações dos museus do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal, e Sebastião da Gama, em Azeitão, operações a que

se junta o compromisso e esforço camarário de empenho na requalificação da Fortaleza de São Filipe, do Forte de Albarquel e do Convento de Jesus. “Queremos colocar ao dispor de toda a comunidade educativa os serviços destes equipamentos para dar a conhecer a história local, o património arquitetónico, a cultura, os costumes e as tradições”, realçou. Maria das Dores Meira afirmou ainda que “a construção de uma identidade setubalense e a formação de

cidadãos qualificados é uma visão de Setúbal enquanto cidade educadora, que tem na população mais jovem a esperança de um futuro melhor”. Paralelamente, destacou projetos de educação pela arte e para a cidadania, com o envolvimento de alunos e docentes, como o Festival de Música de Setúbal, a Festa da Ilustração e o Setúbal Mais Bonita. “É desejo que os jovens cresçam e se desenvolvam harmoniosamente e com saúde, pelo que já estão projetadas ações de promoção da educação alimentar”, referiu.

educação

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A atividade física e desportiva foi também mencionada, com incidência na natação, que “tem vindo a ser incrementada desde o pré­‑escolar”. Nesta matéria, a edil avançou com o objetivo de “estender a aprendizagem desta modalidade a todos os alunos do 3.º ano de escolaridade” e “promover a sensibilização e introdução a desportos náuticos, como o remo, a vela e a canoagem para alunos do 4.º ano”, em parceria com clubes. A cerimónia, com a presença de membros do Executivo municipal, presidentes de juntas de freguesia e diretores de agrupamentos escolares, entre outras individualidades, contou com apontamentos de caráter desportivo e momentos de convívio entre os presentes. O programa de Receção à Comunidade Educativa incluiu um conjunto diversificado de atividades ao longo de outubro.

Bocage chega aos mais novos “Sabem quem é este senhor?” A pergunta feita pela presidente da autarquia, Maria das Dores Meira, ao apontar para a figura retratada na capa do livro “À Descoberta de... Bocage”, gera burburinho na sala.

Na plateia, reunida na biblioteca da EB do Casal das Figueiras, os alunos das turmas de 4.º ano respondem à pergunta e “Bocage” sai das bocas, em uníssono. Este encontro com os pequenos es-

tudantes foi o último de uma ronda de visitas pelas escolas básicas do concelho, realizada entre outubro e dezembro, nas quais o Executivo municipal entregou 1300 exemplares do livro a alunos e professores. Com texto de Joana Mendes e ilustração de Joana Jesus, a obra, editada numa parceria entre a Câmara Municipal e a Edicare Editora, insere­ ‑se nas Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de Bocage. “As nossas crianças têm de perpetuar a memória de um homem que foi um dos grandes poetas do século XVIII. Oferecemos o livro a todas as crianças que estão a terminar o 1.º ciclo para que fiquem com uma recordação desta figura importante da cidade e do país”, explica Maria das Dores Meira, acompanhada na visita pelo vereador com o pelouro da Educação, Pedro Pina.

Ninho de emprego Mais de 1500 ofertas de emprego estiveram à disposição na Mostra de Oportunidades de Emprego e Empreendedorismo, realizada no início de novembro, no Alegro. O objetivo da iniciativa, organizada pela Immochan em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal, foi combater o desemprego e promover

a proximidade entre a procura ativa de trabalho e as empresas. A presença do Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal permitiu reunir empregadores, candidatos e entidades oficiais no mesmo espaço. No evento foram estabelecidos contactos institucionais com vista a colaborações futuras.


Da indústria criativa ao setor empresarial, novas oportunidades empreendedoras ganham impulso ligadas pelo Hub Setúbal. O Instituto Politécnico de Setúbal lidera um projeto europeu que procura soluções de climatização sustentável com energias renováveis

Ligação empreendedora Há uma nova ligação a dar energia ao empreendedorismo, a apoiar o talento cultural e a impulsionar ideias de negócio. É feita de sinergias e parcerias, trabalha em rede, é dinâmica e aponta ao futuro. A ligação é feita de jovens para jovens e para a cidade. A ligação é o Hub Setúbal. O Hub começa por oito jovens. Estão ligados pela identidade setubalense, pela paixão incondicional por Setúbal, pelo inconformismo e espírito empreendedor e, acima de tudo, pela vontade de fazer algo pela cidade na qual querem trabalhar e viver. Surgiu em 2015 e, da indústria cultural ao setor empresarial, é, essencialmente, um facilitador de projetos, que fornece um conjunto de serviços que vão dos contactos ao apoio logístico, do acompanhamento pessoal ao desenvolvimento profissional. A ideia é agarrar em qualquer tipo de projetos e criar as condições de implementação, para que a iniciativa possa “funcionar como um centro de ligação entre as ideias das empresas e a vontade dos estudantes” e “potenciar o contacto entre o talento e o setor empresarial”, afirma Pedro Alcaria, um dos mentores. “A nossa cidade. O teu futuro.” Esta é a linha condutora do projeto, que se apresenta como um centro de inovação e formação profissional que nasce da vontade de criar algo com impacte socioeconómico na cidade e que incide, essencialmente, em três eixos de intervenção.

“Queremos combater o elevado desemprego jovem em Setúbal, que, de acordo com o Pordata, se situa entre os 30 e os 35 por cento, colmatar a falta de locais de estudo, sobretudo em horário noturno, e facilitar apoios ao empreendedorismo”, realça o jovem. Um projeto de tecnologia, um novo negócio, a constituição de uma associação, uma angariação de fundos. Estes são exemplos de algumas iniciativas que podem ser apoiadas, desde que viáveis, no âmbito do Hub, que conta com parcerias empresariais e artísticas. O Hub Setúbal começa com Pedro Alcaria e os irmãos Pedro e Miguel Júlio, a que se juntam João Januário, João Reis, Miguel Morujão, Carlos Silva e João Machado. São oito jovens na casa dos 20 anos e com formações que vão das relações internacionais e ciência política às engenharias, à matemática, ao design e à animação digital. “É a paixão comum que temos por Setúbal e a vontade incondicional de fazer algo na cidade que nos une e move. Precisamos de potenciar e de valorizar as pessoas que cá temos. Esta é a função do Hub”, frisa Pedro Júlio.

Talento potenciado A You Name it Portugal, produtora e promotora de eventos criada em 2013, em processo de transformação numa organização sem fins lucrativos, está na génese do Hub Setúbal, que “tenta conservar e potenciar

um pouco daquilo que são as nossas células, nascidas na cultura”, frisa Miguel Júlio. Se no início o ímpeto era apenas apoiar o talento setubalense, sobretudo ao nível das artes, agora o desafio é maior. “É fazer com que as pessoas vejam Setúbal como um epicentro onde tudo pode acontecer”, vinca o jovem, que elogia a cidade. “Está orientada para cultura e criação artística, e tem potenciado o turismo de forma exemplar.” O irmão, Pedro, acrescenta que o Hub quer “aproveitar esse crescimento para agarrar estudantes e empreendedores que queiram implementar algo na cidade”. Vinca, também, que o Hub “quer agir como um ponto de encontro com olhos no desenvolvimento da região”.

Neste sentido, reforça, procuram “angariar pessoas para o projeto, podendo estes usufruir, enquanto associados, de uma série de serviços, como palestras, workshops, formações, seminários”.

O terceiro lugar O Hub Setúbal começou no digital e não pretende ser apenas uma plataforma tecnológica ou uma ferramenta de automatização de processos. Quer assumir-se com um local de convergências, tanto no digital como no real, um espaço que liga as pessoas à cidade e a cidade às pessoas. A criação de um espaço físico é uma das metas do grupo. A ambição é movida, sobretudo, pela inquietação

academia

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da falta de um local para estudo para os jovens em horário noturno, mas também pela vontade de criar algo de diferente. A ideia é um espaço mutável e volátil, em movimento constante. O terceiro lugar. “Para desenvolver ideias e trabalhar, para conviver, descontrair ou assistir a um evento cultural”, revela Pedro Alcaria, para depois explicar que o primeiro lugar corresponde à residência e o segundo ao local de trabalho. O jovem adianta ainda que o objetivo não passa por criar um simples espaço de café. “Ambicionamos um local em que as pessoas se sintam à vontade para estar, estudar ou desenvolver investigações. Um espaço inspirado no conceito de Academia, que potencie o pensamento.”

Climatização procura eficiência térmica O Instituto Politécnico de Setúbal está na vanguarda de um projeto europeu que visa o desenvolvimento de um equipamento de climatização de habitações e aquecimento de águas sanitárias baseado no armazenamento de energia térmica e com recursos renováveis. Trata-se do TESSe2b – Thermal Energy Storage Systems for Energy Efficient Buildings, uma investigação liderada pelo IPS no valor de 4,3 milhões de euros, com financiamento total pela Comissão Europeia, dinamizada ao abrigo do programa Horizonte 2020. “É um projeto que pretende utilizar energia de forma mais eficiente e sustentável para climatizar edifícios e que procura maximizar o uso de energias renováveis solar e geotérmica”, esclarece Luís Coelho, docente na Escola Superior de Tecnologia e coordenador da equipa de investigação em Portugal. Painéis solares, uma bomba de

calor, tanques de quente, de frio e de sanitários, a par de furos no subsolo, a cerca de cem metros de profundidade para aproveitamento da energia geotérmica, integram o equipamento que pretende reduzir custos energéticos. “A principal evolução é a tecnologia para armazenar e utilizar a energia térmica”, esclarece Luís Coelho, para adiantar que a solução, cujo retorno do investimento expectável é de oito/nove anos, pode traduzir um “aumento da eficiência energética entre os 25 e os 30 por cento”. A utilização da energia solar e geotérmica permite ainda ajudar a Europa e Portugal a alcançarem as metas definidas para a redução do consumo de energia, bem como “contribuir para a sustentabilidade do ambiente e a economia nacional”. O sistema em estudo utiliza o calor latente como forma de armazenamento de energia através de materiais de mudança de fase, desig-

nados de Phase Change Materials (PCM), que são otimizados no âmbito desta investigação, tornando­ ‑os mais eficazes. O grande desafio passa pela otimização destes materiais, nos quais estão “a ser introduzidas soluções de nanotecnologia que melhoram o desempenho das propriedades térmicas, neste caso, parafinas, nanopartículas

feitas por películas de grafeno”, revela Luís Coelho. Novidade do equipamento é o aproveitamento da energia geotérmica, através de um circuito fechado de furos no subsolo, medida que “permite compensar a energia solar quando esta não é suficiente, tanto no aquecimento como no arrefecimento”, indica o coordenador.

Outra mais-valia do TESSe2b é o facto de ser um sistema de gestão inteligente da energia, o que permite que “o equipamento, que funciona em articulação com a rede elétrica, trabalhe apenas durante os períodos necessários”, adianta Amândio Rebolo, bolseiro investigador. Além do Instituto Politécnico de Setúbal participam na investigação, a decorrer até outubro de 2019, nove entidades, entre universidades, empresas e associações, de sete países, concretamente Espanha, Reino Unido, Alemanha, Polónia, Áustria, Grécia e Chipre. No último ano da investigação, que dura quatro, estas soluções são testadas e monitorizadas em três habitações, em Espanha, Chipre e Áustria, países com climas distintos. “O objetivo é, em 2020, ter este equipamento disponível no mercado”, reforça Luís Coelho.


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Saltos de superação

Comecemos pelo que poderá ter sido para si a experiência mais marcante de sempre. Viajar ao Brasil... [risos] Pois, fui dar uma voltinha ao Brasil... Foi o momento mais alto da minha carreira desportiva. Tive o privilégio de viver algo único, que já queria ter vivido antes, sem êxito. Primeiro, porque tive uma lesão, que me fez parar três anos. Nunca baixei os braços. Acreditei sempre que era possível participar nos Jogos Olímpicos. Depois, em 2012, com mínimos, não consegui representar Portugal devido a pequenas alterações nas regras de seleção dos atletas. Em 2016, alcancei finalmente essa meta. Quando surgiu a ambição dos ­Jogos Olímpicos? Bem depois de estar no atletismo. No início, era um passatempo. Um passatempo que não podia deixar de fazer porque gostava imenso. Comecei como fundista, com provas de estrada e corta-mato. Depois, fiz provas mais rápidas, em pista, de 800 e 1500 [metros]. A seguir, foi a velocidade, como os 100 metros barreiras. Até que passei para os saltos. Todas essas experiências foi a Susana que procurou? Inicialmente, os atletas começam sempre pelo fundo. É mais fácil. Toda a gente é capaz de correr. Depois é que vêm as provas mais técnicas, o que também depende da

capacidade de cada um. Como sou alta, foi natural experimentar o triplo salto e o salto em altura. Só não pratiquei salto com vara e marcha. À medida que fui crescendo tomei gosto pelo triplo e decidi dedicar­ ‑me por completo à disciplina. Foi, portanto, uma escolha exclusiva sua. Sem influências de terceiros, como um treinador... Não exatamente. Por acaso, de início, até nem gostava do triplo salto. Achava muito complicado. O primeiro salto era horrível e, como não fazia bem o primeiro, os outros também corriam mal. O meu treinador na altura, o senhor Vítor, é que me fez continuar. Dizia que tinha muito jeito. Fez-me acreditar que conseguiria melhorar. Qual o maior êxtase, alcançar os mínimos para o Rio de Janeiro ou o instante em que pisa o estádio olímpico? O atletismo tem um percurso muito difícil. Temos de investir bastante e passamos por várias fases. Quando parei três anos por lesão, foi uma tortura. Só queria regressar e os médicos não podiam fazer nada. Dois anos depois, estava num Campeonato da Europa. Além disso, também nunca tinha passado dos 14 metros. A Patrícia [Mamona] tinha, mas eu não. Estagnei e ela evoluiu. Isso marcou-me porque não podia defender os meus recordes. A minha glória foi nunca ter desistido. Voltar às competições interna-

rumos

Susana Costa nasceu, em 1984, em Setúbal. Na atualidade, menos de uma dezena de mulheres em todo o mundo salta mais longe do que a atleta do Benfica. Rio de Janeiro soará a férias tropicais para muita gente, mas não para ela. Foi o resultado de muito trabalho e o cumprimento de um sonho. Representou as cores portuguesas no triplo salto, conquistando o nono lugar nos Jogos Olímpicos de 2016. Em parceria com Patrícia Mamona, fez de Portugal o único país com mais do que uma atleta na final olímpica. Momento marcante, sem dúvida, mas o que faz chorar com facilidade Susana Costa, que se confessa muito emotiva, é ter superado a barreira dos 14 metros. Depois de uma lesão que a torturou com uma paragem obrigatória, cada metro daqueles 14 fez parte de um voo de glória. Tudo isto numa disciplina de que até nem gostava em jovem por lhe ter corrido mal a iniciação. Foi no Grupo Desportivo Independente que aprendeu a vencer dificuldades e a acreditar que o difícil não é sinónimo de impossível. A atleta orgulha-se de Setúbal, também por este ano ser Cidade Europeia do Desporto. E Setúbal orgulha-se de Susana Costa, a quem entregou a Medalha de Honra da Cidade em setembro. cionais e superar os 14 metros são momentos que nunca esquecerei. Nessa altura [2012], falhei os Jogos por pouco. Mas sabia que tinha feito um percurso bonito e que merecia ser continuado. No ciclo de 2012 a 2016 progredi a cada dia e estava motivada. Há dois anos, fui nona do ranking mundial, com 14,32. ...a sua melhor marca... Trinta e quatro! No ano passado, também fui nona do ranking e este ano, com 14,34, fui 15.ª do mundo, em ano de Jogos, que é muito mais difícil, pois os atletas estão muito mais em forma. Vejo a minha carreira como uma superação pessoal. O que me move é uma paixão muito grande. Não encontro palavra melhor do que amor. Amor deve estar correto. A Federação Portuguesa de Atletismo divulgou um vídeo da Susana e do Nélson Évora numa sessão pós­ ‑treino. Há gritos de dor nas massagens e banho de gelo. É sempre assim depois dos treinos? [risos] É sempre assim. Temos de fazer uma recuperação porque o corpo é levado ao extremo. Uma pessoa até se habitua... Dura uns dez minutos. Não!... É mesmo horrível! Os dois primeiros minutos são de morte. Há também a vida académica. Nada de motricidades ou gestão desportiva. Escolheu contabilidade. Sempre gostei muito de números.

Quando procurei uma alternativa ao desporto, achei que era uma escolha natural. Pergunta clássica, mas que deve ser feita: como é a conciliação do desporto de alto rendimento com os estudos? Muito difícil. Em Portugal, um aluno de “alta competição” é um aluno normal. Nunca tive qualquer tipo de apoio, por exemplo, no calendário escolar. Isso é para os trabalhadores­ ‑estudantes. Parei no segundo ano, devido à lesão e ao ciclo olímpico. Já retomei os estudos, a seguir aos Jogos, e espero acabar o mais breve possível. Já estava a precisar. O desporto absorve tudo em nós e é muito exigente a nível emocional. As emoções eram fortes quando desfilou na delegação portuguesa na abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro? Os Jogos são outro mundo. Nada a ver com os Europeus ou Mundiais, onde conhecemos toda a gente e onde não há esgrima, não há ténis... No Rio, vi bandeiras que nunca tinha visto, ouvi línguas que nunca tinha ouvido. Toda a gente estava descontraída e alegre. E havia nervos nos saltos? Estava supertranquila. Não quis colocar o peso dos Jogos Olímpicos nas minhas costas. Treinei muito. Estava bem. Quis saltar tal como tinha feito até àquele momento. Foi o que pensei. O mais difícil foi controlar a

ansiedade enquanto esperava. Nunca vi tantas atletas juntas. Quando os saltos correm bem, a espera é aborrecida. Quando correm mal, só queremos voltar a saltar. Mas ainda não descreveu o que sentiu quando entrou no estádio olímpico. Foi um momento muito giro. A delegação estava unida. Brincávamos enquanto esperávamos pela vez de entrar. Chegado o momento, foi o choro coletivo. Os brasileiros gritaram por Portugal com uma força que abafou tudo. Foi único e uma emoção muito grande. Ultrapassada a meta dos Jogos Olímpicos, qual o rumo seguinte? Quero fazer outro ciclo [olímpico] e há mundiais e europeus para disputar. Espero chegar ao top cinco da Europa e ao top dez do mundo. Tenho muito a evoluir. Sei isso porque, no meu recorde pessoal, errei em várias áreas ao nível técnico. Como vê a terra onde nasceu e vive ter o estatuto de Cidade Europeia do Desporto? Setúbal cresceu muito no desporto. Já há uma pista, por exemplo. Parece-me que o número de praticantes de atletismo diminuiu, mas as estruturas estão aí. A Cidade do Desporto deixa-me orgulhosa, começando pela ótima organização e pelo destaque que se tem dado a tantas modalidades. Isso deixa-me muito feliz.


retratos

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São automóveis, orgulhosamente, antigos. Teimam em não deixar o asfalto e mostram que ainda estão aí para as curvas. Representam o passado e marcam o presente. São clássicos, de vários modelos e gerações. Em Setúbal, encontram-se uma vez por mês e exibem-se com classe

Passa pouco das dez horas da manhã. É domingo. O segundo do mês. É dia de encontro de clássicos, automóveis do passado que marcam o presente e o futuro da história motorizada. Uns são raros, outros nem tanto, mas todos com um destino comum. O Encontro de Clássicos em Setúbal. O som dos motores ecoa à chegada ao Largo José Afonso. O espaço público setubalense é o local da iniciativa na qual se reúnem, regularmente, há mais de cinco anos, veículos de outros tempos que teimam em não deixar as estradas. Chegam a conta-gotas, uns sozinhos, outros em grupo. Vêm um pouco de todo o lado. De Setúbal, cidade anfitriã, assim como de outros pontos do distrito, como Palmela, Barreiro, Sesimbra e Almada. E também há participantes da margem norte do Tejo. O encontro é informal e aberto a todos. “Há clássicos, com 25 ou mais anos, pré-clássicos, a partir dos 15, e também veículos com interesse automobilístico. Todos são bem-vindos”, adianta Pedro Vicente, impulsionador da iniciativa que, uma vez por mês, entre as 10h00 e as 13h00, estaciona em Setúbal. Das garagens para o largo, o encontro em Setúbal é mais do que um simples pretexto para dar rotação aos motores, muitos já com largos milhares de quilómetros percorri-

Clássicos ao largo dos. É, também, um motivo para o convívio e a partilha de experiências e conhecimentos motorizados. Muitos já se conhecem, mas, para outros, tudo é novidade. E Pedro ­Vicente faz questão de os apresentar a todos e de explicar o encontro. “É a paixão pelos veículos antigos que nos une”, realça sobre a iniciativa que junta no mínimo mais de três dezenas de participantes. Uns aparecem com regularidade e não faltam a um encontro. Trazem um ou outro carro, assim dita a vontade e dimensão da garagem. Outros participam quando calha, ou, melhor, quando há tempo. E também há os espontâneos, que se juntam mesmo quando não tinham essa intenção. É o caso de um casal sesimbrense, na casa dos 60 e muitos anos, que, numa visita a Setúbal, resolveu fazer uma paragem para partilhar com o grupo e com os muitos curiosos que apreciam as máquinas o imaculado Opel Kadett 1500, de cor laranja. Manuel Duque, proprietário de um Toyota Land Cruiser BJ 40, jipe com mais de três décadas e cuja imponência se destaca no grupo, também participa no encontro pela primeira vez. “Tive conhecimento do encontro e resolvi dar cá um salto para ver os carros. Vou voltar, seguramente.” Já Luís Lopes, de Carnaxide, Oeiras, participa sempre que pode, afirma

este apaixonado por marcas nipónicas, em particular a Toyota, proprietário de um Celica e de um Supra. “Aproveito para dar um passeio em Setúbal e sempre compro choco frito”, revela, animado.

Raridades sobre rodas No Encontro de Clássicos em Setúbal cruzam-se veículos de gerações, marcas e modelos distintos que despertam um turbilhão de emoções, pelo design das linhas, pelo exotismo e excentricidade ou até mesmo pela potência dos cavalos debitada pelos motores. A iniciativa não faz distinções e todos têm estacionamento garantido, dos populares Fiat 127, Datsun 1200 e Citroën 2CV, este último com mais de cinco milhões de unidades produzidas entre 1948 e 1990, ao mais exclusivo Ferrari 355 F1 GTS. Também há os mais raros, como é o caso de um Ford Model T, de 1926, veículo que popularizou o automóvel e revolucionou a indústria automobilística, ou um DKW F7 Saloon, de 1937, fabricado pela alemã Auto Union, marca que deu origem à atual Audi. As raridades sobre rodas surgem também no encontro num formato mais bizarro, como é o caso de um Mini Moke, veículo que entre 1980 e 1984 chegou a ser fabricado em Se-

túbal. Não é a cor amarela que pinta a exclusividade do veículo, mas sim os três eixos motrizes. Há apenas uma dúzia em todo o mundo. Entre os vários modelos BMW do passado que costumam marcar presença no encontro, um é especial. É um 1602, restaurado e preparado para competição, com 175 cavalos, com o qual Abílio Machado, setubalense, compete em provas desportivas de velocidade e regularidade. Presença assídua é também um Opel Rekord 1900 L. Pintado a vermelho e com listas cinza, faz lembrar os “American Muscles” do filme “Os Três Duques”. Na traseira, uma frase resume o estilo deste automóvel: “... still Kickin’ass!”. E, claro, há rivalidade. No encontro participam, com frequência, dois modelos com almas mais rebeldes e que, durante anos, protagonizaram autênticos duelos de titãs no Campeonato do Mundo de Ralis. São o Toyota Celica Turbo 4WD e o Ford Escort RS Cosworth, ambos com mais de 200 cavalos.

Encontro informal Para os entusiastas dos automóveis, o Largo José Afonso é, há mais de cinco anos, paragem obrigatória, a cada segundo domingo do mês. O primeiro encontro foi em outubro de 2011 e, desde então, a iniciativa tem

vindo a cativar mais participantes. “Isto é, no fundo, um ponto de encontro de novos e velhos amigos, no qual as máquinas têm um papel central. Os participantes partilham conhecimentos, seja na aquisição de viaturas antigas, oficinas de restauro ou compra de peças”, explica Pedro Vicente. A iniciativa “é também uma forma de dinamizar a cidade e este espaço público [Largo José Afonso] fantástico, assim como de atrair visitantes, uma vez que 60 a 70 por cento da malta do encontro são de fora de Setúbal”. E também participam motas, como as icónicas Famel e Sachs. O encontro decorre ao longo de três horas, mas não é obrigatório cumprir o horário à risca. “Muitos chegam, estacionam o carro e vão à sua vida. Dão um passeio, vão ao café ou às compras ao Mercado do Livramento”, adianta. “Mas a maior parte fica no convívio.” Todos podem participar, preferencialmente com viaturas clássicas, pré-clássicas e de interesse automobilístico. No Facebook, na página “Clássicos Setúbal Encontros”, o grupo informal partilha fotos dos encontros, organiza e almoços e passeios pela cidade e pela Serra da Arrábida. “De Ferrari, de Citroën 2CV, de Mini ou de motorizada Famel, todos são bem­ ‑vindos. O que interessa é aparecer e conviver”, acelera Pedro Vicente.


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O amor pela dança e a amizade uniram-nos num projeto comum. O Music And Movement é um grupo de dança e uma escola que ensina os ritmos do hip hop e desmitifica a ideia negativa habitualmente associada a esta prática

Um grupo de meninas, de 7 e 8 anos, corre, brinca e solta inúmeras gargalhadas. Vai começar mais uma aula de dança e a Leonor, a Matilde, a Inês, a Diana, a mais novinha, e a Maria estão contentes. “Gostamos muito de dançar. A nossa coreografia favorita é o Thriller.” Entre as brincadeiras, lá ensaiam uns passos de dança, enquanto as mais velhas, adolescentes entre os 15 e os 18 anos, conversam. Finalmente, são interrompidas pela ordem da professora Sónia Ribeiro. “Vamos começar!” E as meninas lá se colocam nos seus lugares, atrás da professora. As meninas e o menino, o Gonçalo, 12 anos, o único elemento do sexo masculino que integra, para já, o ensaio. “O André, de 23 anos, está atrasado. Vem de Lisboa, do Web Summit”, diz Sónia a sorrir. E a aula começa. A aula é um dos ensaios do Music And Movement, grupo de dança hip hop setubalense que, além de participar em competições e atuar em eventos, é uma escola de formação, com mais de 50 membros, dos 6 aos 39 anos. O projeto surgiu há 15 anos pela mão de um grupo de amigos e apaixonados

pela dança, do qual fazia parte Sónia Ribeiro, e começou por chamar-se Orange, contando com 57 elementos. Três anos depois, mudou o nome para Music And Movement. “Foi a altura do boom da série televisiva Morangos com Açúcar, na qual participei em cinco temporadas, na figuração das coreografias finais dos episódios. As aulas estavam sempre cheias”, recorda. A partir de 2009, o Music And Movement começou a perder bailarinos, “talvez devido à crise económica, que levou as pessoas a redefinir prioridades”. O valor da mensalidade das aulas diminuiu, mas não foi suficiente para manter os aprendizes de bailarinos.

Um novo começo No entanto, há cerca de dois anos, o projeto ganhou novo impulso, sobretudo devido a uma maior divulgação nas redes sociais. Novos membros chegaram, desde os mais pequenos, com idades entre os 6 e os 10 anos, até aos adolescentes, dos 15 aos 18, e alguns com mais de 20 anos. São mais de cinquenta, todos com o objetivo comum de dar largas ao gosto pela

dança, sobretudo pelo hip hop.Apesar de querer afirmar-se como uma escola, o projeto ainda não possui casa própria para funcionar e as aulas têm decorrido em espaços emprestados. Até há pouco tempo, os ensaios eram na Sociedade Musical Capricho Setubalense e em diversos ginásios, o que obrigava o grupo a dividir-se. As mesmas coreografias eram ensaiadas várias vezes e “só no ensaio geral era possível unir todo o ­grupo”. Este ano, a responsável pelo projeto conseguiu encontrar um novo espaço, num dos ginásios da Escola Secundária Sebastião da Gama, onde o grupo apenas tem de dividir-se em dois e pode ensaiar duas vezes por semana, às terças e às quintas-feiras. As melhorias são notórias, não apenas por uma questão de logística, mas também porque, assim, todos podem conviver mais. “Como eles não se conheciam bem, havia uma parte que não estava trabalhada, que era a interação, e isso nota-se a dançar, pois um bom grupo não é só aquele que faz bem os passos. Agora, conversam, convivem, trocam ideias entre eles e interagem melhor.” A mudança, ocorrida em outubro, obrigou o grupo a reestruturar-se e adaptar-se ao novo espaço, pelo que as competições tiveram de ficar um pouco de parte. No entanto, continua a participar em diversos tipos de eventos, como sucedeu com as cerimónias de abertura da Cidade Europeia do Desporto e de Receção à Comunidade Educativa, a convite da Câmara Municipal. Também tem atuado em discotecas e convenções e até já participou em produções, como o genérico de uma telenovela, anúncios publicitários e figuração em séries televisivas.

Sónia Ribeiro garante que o Music And Movement é um projeto para continuar e o sonho é transformá-lo numa “escola a sério”. Não que agora não o seja, mas falta-lhe um espaço físico próprio. “Há muitos anos que tento, mas não tem sido fácil. Esse é o sonho para mostrar que isto é dança, não é uma coisa de gueto, é algo muito positivo.” Além de aprenderem a dançar, os alunos ficam a conhecer a história do hip hop e os vários estilos que o compõem, que são atualmente 24 homologados. Por isso, Sónia Ribeiro está sempre a fazer formação para se atualizar e proporciona aulas diferentes com professores convidados, sempre a “preços acessíveis”, pois, garante, “a ideia não é ganhar dinheiro com isto, mas sim que os alunos e as pessoas em Setúbal recebam o que se faz lá fora”. Sónia deseja que futuramente sejam os seus alunos a dar continuidade ao projeto para que o hip hop se desenvolva em Setúbal. “A dança tem um valor muito bom. Ensina a ter espírito de sacrifício, a ter paciência e disciplina. É uma forma positiva de ocupar o tempo e de ter uma atividade física. Quem dança é mais feliz.” Os alunos parecem perceber a mensagem. Para os mais pequenos, é mais brincadeira. Por isso, as aulas têm de ser conduzidas de uma forma diferente, com jogos e atividades. “Mas eles dançam muito a sério e encarnam muito bem as personagens. Nota-se que gostam e que não estão aqui por obrigação, porque os pais querem que eles tenham uma atividade. Aliás, os próprios pais estão a pedir-me para abrir uma aula para eles e estou a pensar seriamente em fazê-lo.” Quem quiser inscrever-se nas aulas do Music and Movement, pode enviar uma mensagem para soniaribeirohiphop@gmail.com a solicitar informações ou consultar a página de facebook Sia – Hip Hop.

rosto História de vida ligada à dança Sónia Ribeiro nasceu há 39 anos em Setúbal e o amor pela dança começou muito cedo. Aos 5 anos, ganhou um concurso de break dance, na Bela Vista, e dançava na rua com os amigos e em casa, à frente da televisão, ao som de Michael Jackson. “Foi a música Thriller que me despertou para a dança.” Terminou o 12.º ano no curso de Desporto, na então Escola Secundária da Bela Vista, e depois ingressou na licenciatura de Ciências do Desporto, em Coimbra. Ao mesmo tempo frequentava os cursos livres da Academia de Dança Contemporânea de Coimbra e um curso de teatro no CITAC – Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra. Mais tarde, já em Lisboa, frequentou a Academia de Street Dance, onde tirou o Hip Hop Collage, um curso certificado que permite dar aulas. Foi aí que surgiu a oportunidade de participar na série televisiva Morangos com Açúcar. É professora de Educação Física há 18 anos, a lecionar, atualmente, na EB de Azeitão, mas era da dança que gostava de viver. “A minha grande paixão é a dança, sobretudo o hip hop. Mas em Portugal é complicado.”

iniciativa

União no espírito do ritmo hip hop

Grupo passa mensagem positiva de dinamização da arte na cidade


História ILUMINAÇÃO. Três estruturas de suportes de iluminação contemporâneos na antiga Praça do Sapal, atual Praça de Bocage, em 1870. Registo de Antero Seabra, do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

Sem lamparina, Bocage podia produzir obra mas talvez não fossem tantas. Sem luz, as noites de lua nova seriam escuras. Depois dos tempos do azeite, do petróleo e do gás, a revolução chegou com a eletricidade na iluminação pública

E o dia ficou mais longo Fluxo radiante, iluminação que provém do sol, luminosidade, claridade emitida pelos corpos celestes. Clarão, lâmpada, candeeiro, vela. Nome em sentido figurado. Verdade, evidência, certeza. Iluminação espiritual, fé. A palavra luz apresenta tantos e diferentes significados. E tantas também foram as fases da iluminação pública em Setúbal. Em “Iluminação Pública no século XVI, XVIII e XIX”, Almeida Carvalho escreve que a vila “passava as noites completamente às escuras, bruxuleando aqui e acolá as luzes mais ou menos amortecidas das lanternas e candeias postas na frente de diversas casas, para alumiar nichos e imagens”, debaixo de alguns arcos e “no cimo de algumas portas e postigos”. O historiador relata que, durante a noite, “as pessoas costumavam sair munidas de archotes”, ficando a iluminação reservada, apenas, à “ocasião de festejos”. Assim se passava na Festa de São Pedro, com culto na Igreja de São Julião, na Praça de Bocage. Carlos Mouro e Horácio Pena, no livro “Para a História da Iluminação Pública em Setúbal”, transcrevem o que sucedeu na véspera da homenagem ao santo, segundo o relato de um estrangeiro em visita à vila de Setúbal em 1799. “Depois do escuro, queimaram-se barricas de alcatrão, ao longo da praia de Setúbal”, que na altura era uma das maiores colónias balneares do país, com o areal a estender-se das Fontainhas ao Troino. O primeiro momento da iluminação pública em Setúbal acontece em 1834, com a instalação, por iniciativa municipal, de dois candeeiros, alimentados a azeite, nas esquinas dos Paços do Concelho. No ano seguinte, o setubalense Ma-

nuel José Pinto apresenta sugestões para que, em datas comemorativas, os principais pontos da cidade tivessem iluminação artificial a azeite. Azeite que não era igual ao que consumimos hoje – não tinha aditivos e era considerado um combustível de eleição, sem o cheiro desagradável produzido por outros óleos. Para concretizar tal desejo, levou a cabo uma subscrição pública com o objetivo de adquirir mais dois candeeiros, oferecidos à Câmara Municipal de Setúbal para colocar junto da ponte sobre a Ribeira do Livramento. A 30 de outubro de 1837, a Câmara deliberou a colocação de mais quatro: dois nos Paços do Duque, edifício do ex-Governo Civil, e os outros dois a ladear os Paços do Concelho. E continuou assim. Lampiões aqui. Lampiões acolá. No mesmo ano, os setubalenses proporcionaram mais luz, com a oferta de um candeeiro para a Travessa da Portuguesa, junto do Largo da Misericórdia. Constituídos por três partes – o varão, a consola com a chaminé e, no interior, a lanterna –, “os candeeiros mais antigos eram suspensos por uma corrente ou corda que, ao longo do varão e da parede, se vinha prender numa fechadura que era aberta para fazer subir ou descer o depósito do combustível e assim proceder-se à sua limpeza e também acender-se ou apagar-se”, explica André Borralho, em “Iluminação Pública em Espaço Urbano”. O boom aconteceu em 1840 quando a Câmara manda executar um conjunto de 40 candeeiros pelo preço, por unidade, de 12$950 réis. Nesse ano, Teotónio Banha, figura ilustre no panorama cultural setubalense, concebe e oferece um projeto de instalação de candeeiros

para a iluminação da vila. Ainda em 1840, a Câmara instala mais quatro dezenas de lampiões.

Bem-vindo gás A visão romântica e de sucesso dos candeeiros a azeite rapidamente se tornou precária. A visita de D. Pedro V a Setúbal, a 28 de outubro de 1860, deu azo a diversas queixas pela má qualidade da iluminação, principalmente pelos jornais da época. “Há aí ruas como a de Santo António, por exemplo, em que de nada servem (os ditos), porque fica o meio da rua escuro, visto que no fim e no começo é que os tem”, dá conta “Para a História da Iluminação Pública em Setúbal”, de Carlos Mouro e Horácio Pena, com base numa passagem retirada de “O Correio de Setúbal”. A 15 de agosto de 1863, a iluminação chegou outra vez com um novo sistema de iluminação: o gás, na sequência da celebração de um contrato entre a Câmara e o empresário Luiz Longe, um dos concessionários do novo sistema de iluminação a gás. “Os candeeiros de gás serão acesos ao anoitecer, e apagados ao amanhecer”, regulava o contrato, como referem Carlos Mouro e Horácio Pena. “Nas noites de luar claro, desde o nascimento até ao ocaso da lua, se dará à chama seis centímetros de largura.” As principais artérias da vila apareceram, então, iluminadas a gás, fornecido pela Fábrica do Gás de Setúbal, instalada no atual Largo José Afonso. Também o Teatro Bocage e a cerimónia da inauguração da estátua de Bocage, em 1871, beneficiaram da nova forma de iluminação. Porém, o azeite competiu ainda algum tempo com o gás. “Tomar a seu cargo a iluminação a azeite, onde necessário for e a Câmara designar”,

como refere uma das cláusulas contratuais. Em 1864, Luiz Longe exigia à Câmara “o aumento de mais 150 bicos de gás”. A resposta foi negativa. Não tendo carvão, o empresário extraía o gás do bagaço. Mas não durou para sempre. A iluminação a gás foi interrompida em 1865, trazendo algumas preocupações entre a população relacionadas com a falta de segurança nas ruas. Sob a presidência de António Rodrigues Manito, entre 1819 e 1906, a Câmara ensaiava a iluminação com recurso à petroline, substância gorda do petróleo, colocando candeeiros apropriados dentro dos que serviram para a iluminação a gás. “Um melhoramento com reconhecidos benefícios para muitos”, refere um jornal da época. O petróleo, combustível descoberto na Pensilvânia, Estados Unidos, em 1841, serviu para abastecimento energético de forma exclusiva em Setúbal entre 1866 e 1869. Em 1870, a iluminação a gás é retomada na cidade pela aprovação do Governo de um contrato feito entre a Câmara e John Burgan.

memória

26SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Eureka!

Vinte e oito de julho de 1930. Nove horas da noite. Eureka! Fez-se luz! Ouviram-se palmas e por toda a parte houve manifestações de regozijo. Dois anos mais tarde, é outorgada à S.E.U.R. – Sociedade de Eletrificação Urbana e Rural a produção e distribuição de energia elétrica a Setúbal. A 4 de abril de 1941 é publicada a portaria que concede à União Elétrica Portuguesa a distribuição em alta tensão antes outorgada à Sociedade de Eletrificação Urbana e Rural. O abastecimento de eletricidade a Setúbal ativou durante décadas duas importantes empresas produtoras de eletricidade, a UEP – União Elétrica Portuguesa e a Companhia Nacional da Eletricidade. Desde a instalação de dois candeeiros a azeite junto dos Paços do Concelho, em 1834, passaram 96 anos até à chegada da eletricidade. No decorrer da história, o azeite tornou-se obsoleto. E, por isso, os lampiões foram bruxuleando até serem, definitivamente, apagados. O gás demonstrou falhas. Pelo meio, houve a experiência curta mas intensa do petróleo. A eletricidade veio para ficar.

Fez-se luz há 135 anos quando Edison inventou a lâmpada. Fez-se luz há 110 anos quando Einstein explicou o efeito fotoelétrico. Fez-se luz quando a Câmara de Setúbal instalou, em 1834, os dois primeiros candeeiros a azeite. Mas fez-se luz de uma forma diferente quando Setúbal passou a ser iluminada a energia elétrica em 1930, na sequência da assinatura de um contrato, a 8 de maio de 1928, entre a Câmara e a Sociedade Minas da Borralha, para o fornecimento de eletricidade durante trinta anos.

Fontes “Iluminação Pública no século XVI, XVIII e XIX”, Arquivo Pessoal de Almeida Carvalho, 1550/1912, Arquivo Distrital de Setúbal “Iluminação Pública em Espaço Urbano”, de André Borralho, mestrado em Arquitetura Paisagística “Para a história da iluminação pública em Setúbal”, Carlos Mouro e Horácio Pena, Universidade Popular de Setúbal, Setúbal, 1997 “Portugal Antigo e Moderno; Diccionario… de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande numero de aldeias”, Augusto Pinho Leal, Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, Lisboa, 1874 “Setúbal beneficia de luz elétrica há 48 anos”, in Presença de Setúbal, de setembro de 1978


27SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Edíficio

Palco da art déco

Emblemático e imponente para a paisagem setubalense, o arredondado prédio que albergou a Setubauto, antigo concessionário da Ford, localizado no cotovelo da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra com a Rua José Pedro Martins, marca a arquitetura do Estado Novo. O imóvel, construído em 1958, responde às ambições do Estado Novo, que, a partir dos anos 40, impôs o nacionalismo na arquitetura numa

tentativa de exaltar ainda mais a máxima “Deus, Pátria e Família”, popularizada pela expressão Português Suave, com inspiração na art déco. Ali berra modernismo. Os desenhos são marcadamente art déco – movimento com origem na arte nova e, para o Estado Novo, eficaz para a propaganda e afirmação de poder. O gosto pela art déco em Portugal associa-se ao uso dos novos sis-

Setubauto aos quadradinhos O concessionário da Ford esteve em destaque num dos livros de Jean Graton, criador de Michel Vaillant, o piloto de automóveis mais famoso de banda desenhada. No livro “Rali em Portugal, n.º 19”, do original francês “5 Filles Dans la Course!”, editado em 1971, há uma ilustração da passagem dos bólides pelo concessionário setubalense da Ford. “O edifício situa-se numa das portas de entrada de Setúbal”, o que,

para José Pedro Calheiros, da SAL – Sistemas de Ar Livre, empresa de animação turística que realiza passeios pedestres com passagem pelo prédio, constitui “uma mais­ ‑valia em termos mundiais” e explica a presença do edifício no livro. A ilustração dá conta do arranque da prova para Lisboa, com a Sacor – Sociedade Anónima de Combustíveis e Óleos Refinados, proprietária do posto de abastecimento, que pertenceu, mais tarde, à empresa americana Esso.

VAILLANT. Na banda desenhada a Setubauto está ao serviço da Vaillante, marca pela qual o piloto Michel Vaillant compete

Estória Das paredes do Convento de Jesus há séculos de história para confessar. O imóvel, monumento nacional e um dos primeiros exemplos de arquitetura manuelina, testemunhou um dos episódios mais marcantes a nível nacional – a ratificação da assinatura do Tratado de Tordesilhas, documento que repartiu o planeta em dois estados ibéricos: de um lado, para o reino de Portugal, do outro, para a recém-formada Espanha de Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela. “Que se trace e assinale pelo dito mar Oceano uma raia ou linha direta de polo a polo; a trezentas e setenta léguas das ilhas de Cabo Verde, em direção à parte do poente. E que tudo o que até aqui tenha achado e descoberto, e daqui em diante se achar e descobrir pelo dito senhor rei de Portugal e por seus navios; que tudo seja, e fique pertença ao dito senhor rei de Portugal e aos

temas construtivos, materiais e técnicas. Os motivos decorativos abundam em detrimento dos trabalhos em ferro e avançam para uma ideia de progresso. É priorizado o betão. Há um jogo de linhas retas, verticais e horizontais nas fachadas. Volumes, estilo modernista, racionalidade e simplificação das formas. São elementos que compõem o prédio do antigo concessionário e guardam na memória o período da ditadura portuguesa. Muito ali vive do passado. Para lá do que escondem as portas de cada apartamento, existem pormenores que testemunham outra época, como o elevador, em formato de gaiola. O prédio abre-se à cidade com uma panóplia de janelas e de um envidraçado inserido num corpo que articula as fachadas laterais e separa o edifício por uma zona de escadas. Esta relação com a cidade marca a modernidade do edifício, evidente também na esquina arredondada.

Sobre quatro rodas No piso térreo do edifício existe atualmente um espaço comercial, numa conjugação de usos prevista logo no projeto de conceção do imóvel. Mas na memória dos setubalenses está mais viva a recordação da Setubauto – A. Marques dos Santos, Lda., concessionário da Ford. Vanessa Oliveira, 32 anos, recorda o antigo concessionário, que, além do rés do chão do prédio onde mora há dois anos, continuava para um edifício em anexo, que lá está, ainda hoje. “Lembro-me do prédio com um stand para venda de automóveis. Devia ter a idade da minha filha mais nova”, a Eva, de 7 anos. “Mas nunca comprei

FACHADA. Aspeto da Setubauto, agência oficial da Ford, em 1950, ainda sem o prédio, mas já com a bomba de abastecimento e publicidade aos pneus Mabor General. Imagem do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

lá nenhum carro”, continua, em jeito de brincadeira. A construção da Setubauto – o stand, contíguo ao prédio – acontece em 1936, com a assinatura de José Guilherme dos Santos, responsável também pela construção do edifício de art déco. “Iniciam-se os trabalhos de terraplenagem e de enchimento de caboucos com vista à construção de um edifício, durante um período previsível de 12 meses”, descreve o processo de obra depositado no Arquivo Distrital de Setúbal. Passam três anos. As portas do antigo stand, do número 81 ao 85, abrem em dezembro de 1939, por António Marques dos Santos, proprietário da Setubauto, empresa criada em 1928 para reparação e comércio de motores marítimos, com loja no rés do chão do Palácio Salema, situado na Rua de Bocage. “Tendo concluído as obras de construção de um edifício industrial, pede-se para ceder a respetiva licença de ocupação”, dá conta um dos documentos referentes ao imóvel, escrito por António Marques dos Santos, proprietário do stand. Durante a II Guerra Mundial (1939­

‑1945), as instalações foram requisitadas pelo Estado para armazenar material de guerra e devolvidas no final do conflito. Anglia, Taunus, Cortina, Escort e Capri eram alguns dos modelos da Ford que se mostravam através das montras de vidro. No interior, o stand, constituído pelos espaços do estofador, do eletricista, de pintura e de recolha de carros, oficina de reparação e refeitório, comercializava e vendia carros. O ambiente era de verdadeira azáfama. E pelas janelas da família Oliveira para a Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, ou através de uma simples passagem naquela zona da cidade, é possível imaginar tal cenário. Carlos Cardoso, funcionário da ­antiga Setubauto durante mais de dez anos, costuma dizer que entrou “de cabelo preto” e saiu “de cabelo branco”. O responsável pela área de vendas dá conta do cenário. “O ano de 1992 foi o melhor ano comercial da Setubauto. Foram vendidas cerca de mil viaturas novas e 350 usadas. Tivemos muito trabalho.”

No ventre de Tordesilhas seus sucessores, para sempre”, ditava o tratado, anteriormente assinado por Portugal e por Castela na cidade de Tordesilhas, perto de Valladolid, a 7 de junho de 1494. O acordo estabelecido pelas duas

HOMENAGEM Ao longo de 446 metros, Setúbal homenageia o Tratado de Tordesilhas, com o marco histórico a dar nome a uma rua, no Monte Belo. A autarquia estabeleceu, a 5 de setembro de 1994, um protocolo de geminação com o município espanhol de Tordesilhas, com base na concretização de iniciativas para o desenvolvimento de relações culturais, recreativas, educativas e turísticas.

potências do mar do século XV, por assinatura dos reis católicos Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela e por D. João II atribuía a Portugal direitos exclusivos em África, entregava um caminho desimpedido para chegar à Índia, onde Vasco da Gama aportaria em 1498, e oferecia o bónus do Brasil, que Pedro Álvares Cabral alcançou dois anos depois. E estipulava que todas as terras a descobrir a oeste de um meridiano que passava a 370 léguas da ilha de Santo Antão, no arquipélago de Cabo Verde, pertenceriam a Espanha. Resumindo: os territórios a leste deste meridiano ficariam para Portugal. A oeste, para Espanha. Da data da assinatura do Tratado de Tordesilhas, a 7 de junho de 1494, passaram pouco mais de cem dias até Portugal ratificar o acordo em Setúbal. No Convento de Jesus. D. João II, que tinha ficado com

CONVENTO. Aspeto do monumento, em 1886, em reprodução de fotografia de autor desconhecido. Imagem do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

muitas dúvidas quanto à legitimidade da apropriação do “Novo Mundo” – descoberto por Colombo – pela Espanha, escolhe o monumento, fundado no seu reinado, para confirmar, a 5 de setembro de 1494, o Tratado de Tordesilhas. Devido à cerimónia de ratificação

do Tratado de Tordesilhas, o Convento de Jesus integra a lista de Marcas do Património Europeu, promovidas no âmbito da União Europeia, com o objetivo de dar visibilidade aos locais que celebram e simbolizam a integração, os ideais e a história europeia.


28SETÚBALoutubro|novembro|dezembro16

Ano novo à beira-rio

Dois bairros típicos ganham nova imagem Um investimento da ordem do milhão e meio de euros vão dar nova cara aos bairros dos Pescadores e Grito do Povo. A abertura de um concurso público para a empreitada de requalificação urbana daqueles bairros típicos da cidade foi aprovada a 14 de dezembro A reabilitação do espaço público, a renovação de infraestruturas urbanas, a criação de espaços verdes e a instalação de mobiliário são algumas das operações a executar no âmbito da empreitada “Requalificação Urbana dos Bairros dos Pescadores e Grito do Povo”, com um preço base fixado em 1.514.949,12 euros. O concurso público aprovado para a operação apresentada pelo município àquele programa ao abrigo do eixo estratégico Ação Integrada para as Comunidades Desfavorecidas, com financiamento comunitário a 50 por cento, determina também um prazo máximo de 365 dias para a execução da obra.

A criação de zonas de lazer, de pontos de estadia formais e informais, de circulações e áreas de enquadramento que contribuam para uma maior versatilidade de usos com condições de fomento do conforto urbano está entre as ações propostas na execução desta empreitada. A implantação de uma estrutura verde adequada às características edafoclimáticas e com baixas exigências de manutenção é outra das metas da empreitada “Requalificação Urbana dos Bairros dos Pescadores e Grito do Povo”, que prevê ainda a otimização dos sistemas de gestão e manutenção daqueles locais urbanos.

Projeto inclusivo prepara emprego O SIGA – Setúbal Interinstitucional Gera Ação, projeto destinado à implementação de medidas que permitam aumentar a empregabilidade no concelho, foi apresentado em dezembro. Com a duração de três anos, materializa em Setúbal a terceira geração do programa Con-

trato Local de Desenvolvimento Social (CLDS 3G), implementado pelo Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social no âmbito do Programa Operacional da Região de Lisboa. O SIGA, que visa a empregabilidade por via da inclusão social e da cidadania, reparte-se em

três eixos, “Emprego, formação e qualificação”, “Intervenção familiar e parental” e “Capacitação da comunidade e das instituições”. De maneira a responder aos três eixos basilares, o SIGA vai promover a criação de circuitos de produção, divulgação e comercialização de produtos locais e a mobilidade de pessoas a serviços de utilidade pública, a nível local, de forma a reduzir o isolamento e a exclusão social. O projeto visa, ainda, desenvolver instrumentos em instituições da economia social que contribuam para a partilha de serviços, assim como promover a inclusão social de indivíduos, de modo multissetorial e integrado. O projeto é coordenado localmente pela SEIES – Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social e, além dos parceiros informais, caso da Câmara Municipal, tem como parceiros formais a Associação de Professores e Amigos das Crianças do Casal das Figueiras, o Centro Social Paroquial de S. Sebastião – Centro Comunitário e o Instituto das Comunidades Educativas.

plano seguinte

Os bairros dos Pescadores e Grito do Povo estão a postos para receber uma nova imagem urbana, na sequência de um projeto de requalificação liderado pela Câmara Municipal de Setúbal. A empreitada, alvo de um concurso público aprovado na última reunião pública de 2016, sustenta-se num projeto candidatado pela autarquia a financiamento comunitário no âmbito do PEDU – Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, programa do Portugal 2020 que permite que os municípios possam apresentar ações de investimento que visam a melhoria da qualidade de vivência urbana.

Uma festa na zona ribeirinha dá as boas-vindas a 2017 com atuações musicais e um espetáculo de fogo de artifício projetado sobre o rio Sado. A Passagem de Ano Azul volta a unir as duas margens do rio com um programa de festas repartido entre Setúbal e Troia para a noite mais longa do ano. À semelhança das edições anteriores, esperam-se milhares de pessoas nas ruas, restaurantes e bares de Setúbal para brindarem ao novo ano. Enquanto muita animação na marina e no casino asseguram a festa em Troia, na cidade de Setúbal a Doca dos Pescadores e a Praia da Saúde, com vários pontos de interesse, todos de entrada livre, são o epicentro das festividades de réveillon. A partir das 23h00, os Supernova atam na Doca dos Pescadores, enquanto na Praia da Saúde é Jorge Nice quem anima a festa. Um impressionante fogo de artifício enche de luz e cor o Sado à meia-noite, com um espetáculo pirotécnico pensado para poder ser admirado nas duas margens do rio. A primeira madrugada de 2017 é ritmada em Setúbal com a atuação do DJ D’Cult, a partir das 00h30, na Doca dos Pescadores. O programa dos festejos, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal e pelo troiaresort, pode ser consultado em pormenor na página www.fimdeanoazul.com.


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