catรกlogo de tipologias para o largo da batata
O projeto consiste em um catálogo de tipologias. Seu embasamento teórico está alicerceado na adaptação do pensamento de Lebbeus Woods, na medida em que este prevê uma de reconstrução de lugares que foram arrasados por guerras e/ou catástrofes naturais, dentre outras situações impactantes.
O contexto do pós-guerra foi entendido como a destruição de lugares e arruinamento de suas principais características, algo semelhante à leitura feita do Largo da Batata, um lugar que teve muito de sua configuração destruída para virar um não-lugar. Lebbeus Woods defende que desses locais arrasados podem ser escolhidos alguns pontos como referências a serem mantidas, de modo a preservar alguma identidade cultural, enquanto que os demais são ignorados para dar lugar a uma nova configuração.
O conceito da destruição é bastante importante por conter em si a grande possibilidade de reconstrução, é um nada que pode ser tudo.
A proposta é que no Largo da Batata sejam preservados a Igreja e o Mercado como referências visuais, que caracterizam uma identidade local e servem como base para uma lógica de ocupação. As tipologias propostas dividem-se em três principais grupos: subsolo, solo e sobressolo; em detalhes: Subsolo: O programa de ocupação do local está em alguma cota negativa, abaixo do nível do solo. E supre as necessidades de lazer e cultura na região. Solo: O programa se encontra no nível do solo, para efeito de exemplo, praças e espaços públicos abertos.
Sobressolo: No caso, são estruturas, acima do nível do solo que abrigam, como por exemplo, programas de adensamento. Nessa categoria entram também as estruturas parasitas, que são anexas aos pontos de referência escolhidos tal qual a torre que se eleva a partir do Mercado.
A ideia é que a partir do desenho de um catálogo de tipologias, essas possam ser combinadas entre si para criar mais variáveis. Por permitir uma grande liberdade de composições, os modelos foram concebidos para se adequar a qualquer espaço que se caracterizasse como um vazio ou um não-lugar.
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sobre o solo
solo
subsolo
construções parasitas
construções no vazio
construções no subsolo
construção de habitação sobre o mercado
construção de circulações
construção de centro cultural ao lado do mercado
construção de permanências
construção de anexo religioso ao lado da igreja
construção de programa privado
construção de vestíbulo para a igreja
construção de programa público 3
construção de organização do transporte
construção de infraestrutura de bairro
sobre o solo
construçþes parasitas
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mercado municipal pinheiros
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sobre o solo
construções parasitas
O Chico
O mercado de pinheiros receberá mais programas além de sua atividade principal de comércio de frutas, verduras e afins. Uma torre de 40 pavimentos será anexada acima do mesmo com programa privado, uma habitação. Mais pessoas circulando e permanecendo no local promoverá adensamento da região do largo da batata. O programa insere um uso privado onde hoje já predomina o público. O Chico, morador de um dos apartamentos, proporcionará atividades dia e noite para o local, quando antes, as atividades se concentravam no período da manhã e tarde. Acordará pela manhã e acessará o mercado no térreo de seu edifício para comprar pão para o café da manhã. Sairá para o trabalho e na volta, quando o dia já estiver escurecendo, chegará em casa mas antes passará no mercado para comprar itens necessários para um jantar. O dia prossegue com a movimentação intensa de moradores pela noite.
mercado municipal pinheiros
habitação
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sobre o solo
construções parasitas
mercado municipal pinheiros
habitação
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sobre o solo
construções parasitas
mercado municipal pinheiros
habitação
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sobre o solo
construções parasitas
A Maria
O mercado de pinheiros receberá um anexo lateral que complementará a atividade de comércio de frutas, verduras e afins. Um centro cultural será anexado ao lado do mesmo contendo programa para a população. Programa cultural complementará o de comércio gerando maior abrangência de programas. O programa insere outro uso público em um local onde já é predominantemente público.
Maria, com seus 15 anos, complementará suas atividades escolares pela manhã com aulas de piano e literatura estrangeira pela tarde no centro cultural, que fica próximo à sua casa, levando em conta o acesso fácil ao metrô. Nos intervalos de aula, Maria poderá ir ao mercado para lanchar e ao fim do dia, comprará carne que sua mãe havia solicitado para o jantar de sua família.
O centro cultural pinheiros funcionará pela noite com shows e teatro, complementando o Sesc Pinheiros. A vida cultural do largo da batata será intensificada.
mercado municipal pinheiros
centro cultural
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sobre o solo
construçþes parasitas
mercado municipal pinheiros
centro cultural
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sobre o solo
construçþes parasitas
mercado municipal pinheiros
centro cultural
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sobre o solo
construçþes parasitas
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igreja nossa senhora de mont serrat
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P
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V
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sobre o solo
construções parasitas
O Antônio
A Igreja N.Srª de Monte Serrat terá um anexo ao lado que complementará as atividades do dia a dia da igreja. Esse anexo proporcionará cursos de ensino religioso, coral e alfabetização de jovens e adultos de modo que a igreja
passaria
a
concentrar
somente
atividades como casamentos e missas. O programa insere um uso público à um uso bem específico de valor simbólico como o da Igreja.
O Antônio é um senhor muito religioso. É um carpinteiro aposentado e seus dias já não possuem o caráter de trabalho intenso. Pelas manhãs sempre vai à missa na igreja, localizada perto de sua casa. No almoço vai ao mercado de pinheiros, que é muito próximo e a tarde volta para o anexo onde faz aulas de alfabetização para adultos. Como nunca teve condições de frequentar uma escola quando mais jovem, viu na igreja a possibilidade de ainda aprender a ler e escrever. Uma vez por semana ainda tem aulas de música já que participa do coral da Igreja.
Pela noite o anexo fecha dando espaço para a vida noturna agitada do entorno.
igreja nossa senhora de monte serrat
anexo
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sobre o solo
construçþes parasitas
igreja nossa senhora de mont serrat
anexo
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sobre o solo
construçþes parasitas
igreja nossa senhora de mont serrat
anexo
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sobre o solo
construções parasitas
A Mercedes
A Igreja N.Srª de Monte Serrat terá um novo vestíbulo que sairá da fachada frontal e se estenderá ao longo da praça com a intenção de articular a esta com a igreja. Paredes elevadas de vidro serão compostas de formas diversas definindo espaços sem um programa definido. Vegetação poderá ser plantada em alguns desses espaços. A medida que uma pessoa anda pela praça em direção à igreja, ela se depara com as paredes de vidro elevadas. Quanto mais se aproxima, mais se adentra por entre as paredes de modo que quando percebe, já está dentro da igreja. Esse vestíbulo terá acessos na superfície da praça e se extenderá pelo subsolo.
Mercedes vai à igreja todos os dias. Para ela, andar por entre as paredes de vidro é sempre uma sensação muito especial. Mora há duas quadras da igreja e o caminho se transforma a medida que anda pela rua passando por casas e bares de no máximo dois andares, com características residenciais e chega às altas paredes de vidro. Existem surpresas no caminho. A sensação é de que vai se distânciando do entorno residencial e cada vez mais entrando no contexto religioso. É confortável, um descanso para a mente.
igreja nossa senhora de monte serrat
vestíbulo
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sobre o solo
construçþes parasitas
igreja nossa senhora de mont serrat
vestĂbulo
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sobre o solo
construçþes parasitas
igreja nossa senhora de mont serrat
vestĂbulo
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solo
construçþes no vazio
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solo
Praça
construção de circulações
fluxos
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solo
construção de circulações
A Ana
A praça terá uma nova configuração de sua superfície que priorizará a circulação. Essa solução foi encontrada pela observação dos fluxos de pessoas já existentes, formalizado-os. Remete a ideia dos caminhos formados por carros e pessoas que vão desenhando no solo a partir da passagem constante após uma nevasca. O caminho é delimitado por buracos no solo, onde a permanência é impossível. Nesses buracos provavelmente crescerá vegetação.
Ana é uma moça que mora na Rua Sumidouro e trabalha na Rua Teodoro Sampaio. Todos os dias pela manhã faz o mesmo caminho à pé e tem que cruzar a praça. Quando a praça ainda não tinha uma configuração haviam sempre vários obstáculos em seu caminho como barraquinhas de vendedores temporários, muitas pessoas andando em fluxos diversos, o que causava colisões. Agora a praça está configurada e tem caminhos determinados para evitar obstáculos para quem utiliza a praça somente para circulação.
Praça
fluxos
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solo
Praça
construção de permanência
fluxos
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solo
construção de permanência
O Luiz
A praça, em sua superfície, terá uma nova
o dia ser mais agradável são disponibilizado
configuração de espaços de permanência. O
módulos de cobertura para se protegerem da
acesso à praça será exclusivamente para quem
chuva ou do sol. Luiza é comerciante e tem
permanecerá nela, fazendo qualquer tipo de
uma barraquinha que vende produtos artesa-
atividades, de acordo com a necessidade do
nais. Todo mês ela paga um aluguel por uma
usuário. Bancos contínuos se estenderão por
área na praça e permanece durante todos os
toda a praça delimitando os espaços e sua
dias da semana. Assim como José, também
altura proporcionará a visualização de toda a
necessita de um módulo de cobertura para
praça. Não haverá espaços para circulação.
protegê-la e também seus produtos.
Módulos de cobertura serão fornecidos caso
Durante toda a semana estes espaços estão
seja necessário. Cada módulo possui uma
disponíveis para serem aproveitados da manei-
mínima racionalidade estrutural e é composto
ra como seja necessário, seja pela manhã, tarde
por quarto pilares e uma cobertura. Cada pilar
ou noite.
terá 5m de altura e a cobertura dimensões de 5m x 5m.
Luiz é um jovem que gosta de andar de skate. Aos domingos vai ao Largo da Batata e escolhe um dos espaços delimitados onde pode andar com os amigos. Alguns domingos troca o skate por uma cerveja. Escolhe algum espaço que esteja disponível para sentar e conversar com seus amigos enquanto bebem. Ao mesmo tempo, José, um senhor de 65 anos, vai ao Largo para jogar xadrez com velhos amigos. Elegem um espaço que esteja disponível e, para
Praça
fluxos
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solo
Praça
construção de um programa privado
propiedade
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solo
construção de um programa privado
A Maíra
A proposta é intercalar um uso mais público proporcionado pelo mercado com um uso mais recluso e privado para os moradores da torre. A ideia é que o espaço térreo abrigue um estacionamento e alguns equipamentos de infraestrutura, como, por exemplo, um salão de festas e uma lavanderia, voltados ao edifício.
Maíra gosta de se reunir com seus amigos, mas no seu apartamento o espaço é insuficiente e incomoda os vizinhos, por isso, esporadicamente usa o espaço do térreo para fazer pequenas reuniões em que todos podem beber, comer e conversar com segurança.
Praça
propiedade
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solo
Praça
construção de um programa público
propiedade
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solo
construção de um programa público
O Rafael
Aqui o programa é indefinido, portanto flexível. A praça tem caráter de espaço vazio e toda a infraestrutura se concentra no subsolo, com exceção de um ponto de ônibus que está em frente ao mercado. A ideia é que o acesso a esse espaço seja para todos e que sua configuração seja libertária.
Rafael é um estudante de artes visuais e organizou uma intervenção interativa com seus amigos. Montou uma estrutura de pallets que aos sábados à noite abriga apresentações musicais de participação livre e que durante a semana, funciona como um canteiro suspenso, as pessoas levam vasos e compõem um interessante paisagismo. Jorge é um morador do Largo da Batata e todas suas necessidades básicas para viver são sanadas no entorno. É ali também que os movimentos sociais concentrarão manifestantes que sairão em luta por seus direitos, sem barreiras visuais, o espaço é perfeito para a fomentar a democracia das ruas.
Praça
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subsolo
construçþes no subsolo
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subsolo cruzamentos
cruzamentos transportes
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subsolo cruzamentos
O Sérgio
A nova praça será gerada a partir de uma nova configuração dos cruzamentos. Tem como proposta dividir os modais por níveis facilitando os fluxos de pessoas, bicicletas, motos, automóveis e ônibus. No nível do solo somente haverá circulação de pedestres e bicicletas. Serão no subsolo os fluxos de motos, automóveis, ônibus e também do metrô.
Sérgio é um professor que reside próximo ao Largo da Batata e necessita pegar o metrô todos os dias para ir ao centro da cidade dar suas aulas. Quando antes seu trajeto era conturbado devido ao intenso fluxo de automóveis, motos e ônibus no nível da superfície do solo, agora tem toda a superfície para caminhar até a entrada do metrô.
Caso seja
necessário pegar ônibus, terá acesso fácil ao subsolo por escadas localizadas em certos pontos estratégicos da praça. Sua jornada diária ficou mais agradável com a mudança.
O solo se tornará livre para circulação de pedestres e ciclistas.
cruzamentos transportes
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subsolo infraestrutura de bairro
infraestrutura de bairro
edifĂcios
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subsolo
infraestrutura de bairro
Os edifícios
O Largo da Batata contará com cinco novos edifícios de infraestrutura que servirá todo o bairro de pinheiros, tornando o bairro auto suficiente. Eles estarão localizados na área da praça e serão de transporte, tratamento de água e esgoto, abastecimento, agricultura urbana e comunicação.
O edifício de transporte conterá um heliponto na cobertura, vagas para automóveis, parada de ônibus no térreo e conexão com o metrô no subsolo. Já o edifício de tratamento de resíduo sólido e líquido terá um sistema de captação do esgoto do bairro e fará o tratamento do mesmo. A água tratada passará para o próximo edifício, o de abastecimento. Esse edifício contará com uma grande caixa d’água que fará a distribuição para o bairro. No edifício de agricultura terá grandes espaços para realização de feiras públicas e hortas, além de abordar um conceito educacional, com aulas de jardinagem. O último edifício será o de comunicação que tratará de todo o sistema de telefonia, televisão, internet, rádio. Nesse edifício existirá uma antena que fará a transmissão para todo o bairro.
infraestrutura de bairro edifícios
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alguns frutos
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frutos
construções parasitas construções no vazio construções no subsolo
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construções parasitas construções no vazio construções no subsolo
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Projeto realizado na disciplina Estúdio Vertical, da Escola da Cidade, pelos alunos: Camila Ocejo, Elisabet Farré, Laura Rolim, Manuella Leboreiro e Marcelo Moreno.
Agradecimentos: Sérgio Sandler Luis Mauro Freire Ligia Miranda de Oliveira Isabel Abascal
papel pólen 90g