Emoções Plásticas 1.0

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro DAU - Curso de Arquitetura e Urbanismo ARQ1109 - Proposta de projeto Final Orientação: Verônica Natividade

Camila Rodriguez (1120727)

EMOÇÕES PLÁSTICAS (ou Corpo x Arquitetura)


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Índice:

Tema ............................................................................................................................... 5 Questão..........................................................................................................................5 Objetivos........................................................................................................................ 5 Introdução (ou Inescapável) .......................................................................................7 Pessoa Pato (ou Corpo Decorado) ............................................................................ 9 DIY (ou Prêt-a-Fabriquer) ...........................................................................................13 Genderless (ou Para Toda e Qualquer Pessoa).......................................................15 Emoções Plásticas (ou Arquitetura Humana)..........................................................19 Input: epiderme como transmissora emocional ..................................................20 Wearable como processador: ................................................................................21 Output: add on arquitetônico que reage às emoções ........................................22

Estratégias metodológicas ........................................................................................25 Bibliografia ....................................................................................................................27 Anexo 1 ..........................................................................................................................31

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Tema Pele mediadora entre corpo e arquitetura.

Questão É possível tratar a arquitetura como pele? Como extensão do meu corpo? Como expressão pessoal?

Objetivos .Exploração da relação corpo x arquitetura, usando a moda como interface mediadora e performática; .Expressão pessoal do usuário como cerne da questão; .Estudos de movimento, estrutura, materiais e interação; .Fabricação digital como ponte interdisciplinar; .Produção de peles reativas nas escalas da moda e da arquitetura.

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Introdução (ou Inescapável) “We’re all victims of the architect. Architecture is the only art that you can’t help but feel. You can avoid paintings, you can avoid music, and you can even avoid history. But good luck getting away from architecture.” (Humans of New York, 2015) “Somos todos vítimas do arquiteto. Arquitetura é a única arte da qual você não pode evitar experienciar. Você pode evitar quadros, você pode evitar música e você pode evitar história. Mas boa sorte em fugir de arquitetura.” (Humans of New York, 2015)

The Devil Wears Prada

“’This... stuff'? Oh. Okay. I see. You think this has nothing to do with you. (…) it’s sort of comical how you think that you've made a choice that exempts you from the fashion industry when, in fact, you're wearing the sweater that was selected for you by the people in this room from a pile of… stuff.” - PRIESTLY, Miranda (The Devil Wears Prada, 2006)

“Essas… coisas? Ah. Ok. Eu entendo. Você acha que isso não tem nada a ver com você. (…) É um tanto cômico como você acha que você fez uma escolha que te exclui de toda a indústria da moda quando, na verdade, você está usando o casaco que foi escolhido para você pelas pessoas nessa sala de uma pilha de… coisas” (Priestly, 2006)

http://www.artchipel.com/post/ 36205225376/熊⼩小熊崽⼦子-锁

Muitos dizem que a arquitetura, perante todos os meios artísticos, é impossível de se escapar (HoNY, 2015). Ela está, literalmente, em torno de nós a todo instante. A vida acontece na arquitetura. Cada pequeno momento dela. Nós, em nossa maioria, nascemos em um ambiente programado para tal, projetado por alguém para prover saúde. Arquitetura. Nós falamos nossas primeiras palavras e damos nossos primeiros passos numa casa escolhida por nossos pais, projetada por alguém para abrigar uma família. Arquitetura. Nós aprendemos a ler e escrever em um local projetado por alguém para promover a educação. Arquitetura. Nós andamos pelas cidades por vias, com casas e prédios projetados por vários alguéns para organizar e facilitar a vida em sociedade. Arquitetura. Nós saímos para nos divertir em locais acusticamente isolados projetados por alguém para abrigar corpos dançantes e não incomodar os vizinhos. Arquitetura. Nós nos perdemos por uma floresta com longas cachoeiras que nos remetem a arranha-céus (DeMark, 2010). Arquitetura. Tudo é arquitetura. Ela regra nossa vida sem que percebamos. Nossas rotinas e caminhos diários são ditados por espaços projetados por pessoas que, geralmente, não somos nós. Somos nós quem decoramos nossos quartos e salas, mas isso acontece uma ou duas vezes ao ano. Não é viável fazê-lo todo dia. Não é adaptável às nossas mudanças mais constates de humor. Não acompanha a constância da nossa evolução 7


interna como indivíduo. Muitas pessoas, por não conseguirem se expressar de fato no ambiente construído, preferem ambientes “neutros e belos” (Pinterest, 2016), que traduzem um princípio de ser, mas não possuem uma personalidade definida. Parecem estéreis. O mesmo acontece com a moda. O estilo pessoal traduz o cerne do nosso “ser-no-mundo" e, junto ao corpo que o suporta, mostra ao mundo uma identidade escolhida pelo indivíduo (Le Breton, 2003). Isso é efêmero, transitório. Uma pessoa tem a capacidade de ser quantos “eus" quanto as mudanças de roupa que ela faz.

Shamekh Bluwi, 2015.

E isso pode ser feito inconscientemente. Também não se escapa da moda, assim como não se escapa da arquitetura. Pode-se negá-la, mas o "atentado ao pudor" (Artigo 233 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 - Ato Obsceno) te proíbe de não se vestir em público. E qualquer vestimenta, por mais simples que seja, é uma escolha. Pode-se escolher a praticidade, a neutralidade, a extravagância. Ninguém é igual, sendo impossível separar o mundo em polos. Mas a moda permite diversas combinações. Em geral, escolhe-se o que melhor reflete a sua identidade. E essa escolha é uma expressão pessoal. Em sua instância primária. À primeira vista, o que você veste diz quem você é. “Personal style prevails as the expression of who we want to present, and is as important as what we have to say and what we accomplish.” - KAMALI, Norma (@refinerey29, 2016)

“Estilo pessoal prevalece como a expressão de quem queremos nos apresentar como, e é tão importante quanto o que temos a dizer e o que conquistamos.” (Kamali, 2016)

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Pessoa Pato (ou Corpo Decorado) Robert Venturi, em seu livro Aprendendo com Las Vegas (1977), classifica a arquitetura americana em duas topologias: Edifício Pato e Galpão Decorado. O primeiro é um “símbolo de si mesmo”, sendo sua forma uma mensagem clara da razão de ser da construção. Já o segundo apresenta uma forma default e um letreiro comunica seu conteúdo.

Venturi, 1972

Ouso fazer uma analogia com a moda e o estilo pessoal. Existem pessoas que se vestem do modo como melhor se identificam, sendo sua aparência uma linguagem que traduz diretamente quem elas são, seus princípios, sua essência. Já outras preferem vestir-se como a massa, mostrando a personalidade do coletivo, não a individual, dizendo quem são por linguagem corporal ou verbal. Esses seriam dois extremos da grande escala de cinza do uso da moda. "I can't go back to yesterday, because I was a different person then.” - Alice (CARROL, 1865)

“Eu não posso voltar pra ontem, porque eu era uma pessoa diferente” (CARROL, 1865)

“Pessoas Pato" são, a meu ver, mais instigantes. São pessoas que exalam confiança e autoconhecimento. Que se destacam naturalmente. Nós somos atraídos pela aura dessas pessoas; nós, que ainda estamos, como Alice, “em construção”. Mas será que elas de fato existem? Tal estado de harmonia interior é possível?

Iris Apfel usando Rei Kawakubo Dazed & Confused, 2014

“Downtown they think they’re stylish, but they all wear black. That’s not style, that’s a uniform.” -APFEL, Iris (Iris, 2014)

“No Centro, eles acham que são estilosos, mas todos usam preto. Isso não é estilo, é um uniforme.” (Iris, 2014)

Saree indiano

Kanga keniana

Como Iris diz em seu documentário, os nova iorquinos do centro da cidade usam preto como se fosse um uniforme. Discordo dela, porém, quando diz que não é estilo, pois o é. O estilo não precisa ser puramente individual. Além de mostrar a individualidade, encaixa a pessoa em um coletivo. Grupos sociais, culturais, religiosos etc. podem ser distinguidos a partir da vestimenta. Muitos usam isso como empoderamento perante a sociedade também, como as estampas africanas e turbantes usados por negras para exaltar suas origens; ou o crescimento da moda “genderless" pela comunidade LGBT+. Tais atos são afrontas ao tradicionalismo, colocam em cheque o que é dado como certo no mundo e exaltam as diferenças para promover a igualdade.

9 Kimono japonês


Punks

Patricinhas Esteriótipos sociais

Pertencer a um coletivo não é, necessariamente, deixar sua individualidade de lado, mas esse é um risco que se corre. Todos precisamos pertencer a grupos com os quais nos identificamos; o ser humano tem necessidade de acolhimento e reconhecimento. Mas não devemos confundir a voz do grupo com a nossa própria. “Leaving behind his culture and his past for the sake of the future means knowing how to reconstitute the tension between body and soul, learning to make this break in light of the demand of the future and not just the demands of the past” -BONDER, Newton (A Alma Imoral)

"Deixar sua cultura e seu passado em nome de um futuro é saber recompor a tensão entre corpo e alma, aprendendo a romper por conta das demandas do futuro e não só pelas demandas do passado." -BONDER, Newton

Numa visão evolucionista, tradições precisam ser quebradas, desconstruídas. Uma delas é o ditado “Diga-me com quem andas que te direi quem és”. É possível de dizer muitas coisas sobre uma pessoa pelo ambiente em que ela se insere, físico e social. Mas isso muito dificilmente será quem ela é de fato. Há uma enorme probabilidade de cair-se em falácias dominadas por preconceitos, como os que gerações mais antigas (ex: Geração X) têm contra a atual (Geração Y ou Millenials) e vice-versa. É recorrente na História o conflito entre gerações, onde uma se acha sempre mais sábia que a seguinte e mais revolucionária que a prévia. O que não é necessariamente mentira, por ela ter mais experiência e ter aprendido com erros passados. Mas todas devem se aceitar, com uma mente aberta. Para respeitar o outro, mudanças pessoais devem ser feitas, não se pode ficar na defensiva. Nem todos os mais velhos são mais sábios e "melhor resolvidos", nem todos são "Pessoas Pato". Portanto, devemos entender os “Corpos Decorados" como pessoas a serem vistas e ouvidas; principalmente o segundo, pois só elas podem saber quem são de fato. E elas não são inferiores às “Pato”, apenas se mostram ao mundo de um modo diferente. Geralmente mais efêmero. Le Breton, em seu livro Adeus ao Corpo (1999), trata o corpo como um acessório, uma peça a ser manipulada em prol da afirmação pessoal. E isso é extremamente mutável. Uma pessoa pode ter várias personalidades emparelhadas e a certeza não é necessária. Somos formados por uma “multiplicidade de ‘eus' provisórios”. Identidade é algo em constante experimentação e construção (Bauman, 2005). "Le corps comme une matière à part qui donne un état du sujet, support à géométrie variable d’une identité choisie et toujours révocable." - LE BRETON, David (L’adieu au corps, 1999) 10


“O corpo é o suporte de uma geometria variável de uma identidade escolhida e sempre revogável, uma proclamação momentânea de si” (LE BRETON, 1999)

Lady Gaga por Formichetti

EveryDayHealth

Levando a decoração corporal ao pé da letra, chegamos ao Body Art, que transforma o corpo em um campo de perpétuo questionamento, fantasias e provocações. A pele, superfície, é a primeira instância de exteriorização da interioridade humana, da auto expressão. Tatuagens, piercings, próteses e até mesmo mutilações são formas de expressão, usando o corpo como veículo; a pele vira acessório (Le Breton, 1999). Mas a permanência dessas artes entra em conflito com a multiplicidade e com a capacidade de mutação e evolução da essência do ser. A exteriorização é tida como uma reafirmação, um exercício, paradoxalmente, introspectivo. Mas o efêmero, o espontâneo é posto em cheque. "Non pas des phénomènes exclusivement psychologiques, ou physiologiques, mais des phénomènes sociaux, marqués éminemment du signe de la non-spontanéité, et de l'obligation la plus parfaite.” - LE BRETON, David (La Sociologie du Corps, 1993)

2Spirit Tattoo

“Não os fenômenos exclusivamente psicológicos ou fisiológicos, mas os fenômenos sociais, que são essencialmente marcados como o sinal da não espontaneidade e da mais perfeita obrigação” (Le Breton, 1992)

A pressão social nos faz filtrar a nossa personalidade. A vida em sociedade é o Superego, estímulo e barreira (Rapaport, 1950). "Corpos Decorados" são Alteregos libertos, enquando "Pessoas Pato" seriam Ids libertos. A essência da personalidade é extravazada sem o filtro do Superego, confundindo-se Id e Ego num limite autoafirmativo e espontâneo. Já o Alterego é uma outra personalidade, escolhida, filtrada e modificada; criada, muitas vezes, por pressão social, tanto como libertação quanto como conformidade. Girls Change Colors, Silvia Pelissero, 2014

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DIY (ou Prêt-a-Fabriquer) Podemos voltar, então, para a arquitetura e traçar os paralelos com a moda. Ambos falam de identidade, da exteriorização de uma razão de ser. Ambos estão inseridos num coletivo, mas mostram uma visão individual. A arquitetura, porém, é geralmente estática e, principalmente devido à sua escala e distância, menos pessoal. Mas a emergência de um novo modo de pensar pretende acabar com essa impessoalidade. Edifício Hearst de Sir Norman Foster (NY, 2006) ecoado na coleção Primavera 2009 de Gareth Pugh.

“Both fashion and architecture express ideas of personal, social and cultural identity, reflecting the concerns of the user and the ambition of the age” -HODGE, Brooke (Skin+Bones, 2008)

“Ambas moda e arquitetura expressam ideias de identidade pessoa, social e cultural, refletindo as questões do usuário e a ambição da época.” (Hodge, 2008)

Estamos vivendo a "Revolução Maker” (ou a 3a Revolução Industrial), na qual a criatividade e individualidade imperam sobre o capital e a cultura de massa (Neves, 2014). Pode-se dizer que a customização e a liberdade são a “ambição da época”. A fabricação digital personalizada, os processos de produção em rede open-source, a cultura do Faça Você Mesmo (Do It Yourself) e o design colaborativo são vistos como o futuro. Um futuro que não é regido por grandes marcas. Um futuro que não massifica a todos, não nos trata como robôs. Um futuro que preza a individualidade, mediada pela empatia, como chave para uma melhor convivência em sociedade. Um futuro igualitário. Talvez um pouco utópico.

Moda impressa em 3D de Noa Raviv, 2014.

“September is typically a time when fashion publications definitively tell you what’s in and what’s out. Fuck that. We’re here to celebrate all the independent thinkers and individuals with unique personal styles who’d rather say fuck the fashion rules than follow them” (@refinery29, 2016)

“Setembro é tipicamente o mês em que as revistas de moda definitivamente te dizem o que é in e o que é out. Foda-se isso. Estamos aqui para celebrar todos os pensadores independentes e indivíduos com estilos pessoais únicos que preferem dizer fodam-se as regras da moda do que seguí-las.” (@refinery29, 2016)

Os paradigmas estão mudando. Ainda temos muito o que fazer, algumas gerações com as quais dialogar e nos entender. Vivemos numa era de experimentação. A rapidez dos processos permite mais sonhos, mais tentativas, mais erros. E possibilita mais acertos.

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All That Glitters, 2014

A expressão pessoal deve ser celebrada. Mas que ela seja verdadeira. As regras sociais impedem, na maioria da vezes, a expressão plena das emoções. Gestos, posturas, falas, são reprimidos pela “etiqueta corporal”, além de possuirem nuances infinitas que abrem espaço para diversas interpretações. Mas as reações fisiológicas do corpo são involuntárias e espontâneas, mais rápidas que a formulação de um pensamento; sendo a melhor medida dos sentimentos reais. Possivelmente, o limite da expressão. “I lend my emotions and associations to the space and the space lends me its aura, which entices and emancipates my perceptions and thoughts” - PALLASMAA, Juhani (The Eyes of The Skin, 2005)

“Eu empresto minhas emoções e associações ao espaço e o espaço me empresta sua aura, que atrai e emancipa minhas percepções e pensamentos.” (Pallasmaa, 2005)

Minha proposta é, portanto, dar a oportunidade ao indivíduo de se comunicar com o mundo por meio de sua reações espontâneas e que isso modifique o espaço ao seu redor, exacerbando suas emoções, seu modo de ser. Seja positivo ou negativo. Não precisamos, se não quisermos, nos ater à expressão de sentimentos agradáveis. Seria ótimo se todos vivessem em eterna felicidade, mas todos temos direito de sentir raiva também.

Cardboardcities Laura Redburn, 2012

Para que isso acorra, o processo também deve ser personalizado. Não podemos tratar somente da moda prêt-a-porter. Ela democratizou a moda, principalmente pela sua praticidade, baixo custo e qualidade. Mas, junto à sociedade, ela leva a uma visão massificada do usuário. Devemos tirar proveito da cultura maker e sua viabilidade, especialmente financeira, de costumização. A vestimenta deve então ser adaptável, open source - prêta-fabriquer - para representar devidamente o usuário e sua interação com o mundo construído.

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Genderless (ou Para Toda e Qualquer Pessoa) A roupa, como objeto, como matéria, nunca teve gênero. É composta de tecido, linha, metais, penas, pêlos etc. Nada disso tem gênero. Por que, então, uma peça de roupa é dita como “masculina" ou “feminina”? Por que a sociedade tem essa necessidade de definir gêneros para além do sexo biológico? (ver anexo 1) O mundo da moda, por mais que hoje tido como feminino, sempre foi dominado por designers homens. O salto alto, por exemplo, foi feito por homens persas e disseminado por Louis XIV, sendo depois adaptado para pés femininos e tomado como regra, símbolo de feminilidade e sensualidade (Davis, 1992). No séc XIX, porém, houve uma revolução, em que a mulher começou a ter voz própria, a ter sua própria identidade. As revistas de moda, agora editadas por mulheres (como Diana Vreeland), ajudaram muito a causa. “Don't be boring!” Diana Vreeland para Blackglama, c1970.

“She made it OK for women to be ambitious. For women to be outlandish and extraordinary. And for women to garner attention.” - HUSTON, Anjelia (Diana Vreeland, 2011)

“Ela fez ser ok mulheres serem ambiciosas. Mulheres serem aventureiras e extraordinárias. E mulheres atraírem atenção.” (Huston, 2011)

Marlene Dietrich

"Et Dieu Créa L’Homme" Jean Paul Gautier, 1985.

Mas isso só começou de fato nos anos 1960. Desde o século XIX, roupas iguais para os dois gêneros são produzidas (ênfase do “dois”), especialmente para operários. Na primeira metade do séc. XX, Coco Chanel e Marlene Dietrich foram ícones de apropriação da moda masculina para o público feminino (Davis, 1992); nos anos 1960, a explosão do movimento feminista, a Revolução Sexual, buscou uma igualdade ainda maior e cabelos e acessórios foram copiados (mais radicalmente que o corte Chanel). Esse foi o ponto chave da ruptura. Com a igualdade atingida, ao menos parcialmente no mundo da moda, a mulher conseguiu ter sua voz equiparada à do homem. Foi o início do fim do mainsplanning, do homem reafirmando seu privilégio e ditando a vida feminina. Foi mulher pela mulher, para a mulher. Infelizmente, a Geração Saúde dos anos 80 foi mais conservadora e voltou alguns passos (Castro, 2007). No entanto, a semente foi plantada e hoje está dando novos frutos. E o homem não heteronormativo? Onde está a voz dele? Durante várias temporadas, a haute couture tentou fazer a ponte entre gêneros pelo outro lado, vide Jean Paul Gaultier e suas calças-saia masculinas em 1985, mas isso nunca foi aceito pelo público consumidor do prêt-a-porter. O homem se auto aprisionou no terno com medo de ser afeminado, medo da homossexualidade (Davis, 1992). 15


Esses medos infundados (ou com fundamentos em regras sociais inventadas por gerações que nem mais estão vivas) devem vir abaixo. Está na hora de parar de falar de “feminino" e “masculino" como áreas pré definidas e separadas. Roupa não tem gênero, a pessoa tem (ou não). E cabe a ela, e somente ela, saber o que a representa quanto a isso.

Zara genderless , 2016.

Gucci genderless , 2016.

Mas a indústria atual está entendendo tudo errado. Numa necessidade de choque publicitário, marcas de fast fashion como H&M e Zara fizeram coleções ditas genderless que consistiam, basicamente, em roupas sem cor e sem silhueta. Sem personalidade. Sem representatividade. As críticas na esfera LGBT+ foram tantas que as coleções nem foram lançadas em muitos países; foi chamado de "oportunismo”, de "receita perfeita pra vender mais sem necessariamente se engajar na causa e fazer algo acontecer” (Noelle, 2016). A C&A foi além e colocou um modelo masculino com um vestido em seu comercial, mas depois de muitas especulações do público, os estilistas, infelizmente, negaram qualquer tentativa de moda sem gênero, apesar do slogan “Tudo junto e misturado”. A Gucci, em sua coleção Outono/Inverno 2016 no Milan's Fashion Week, uniu os desfiles masculino e feminino, afim de fluidificar a separação de gênero. A inspiração foi a década de 1970, ápice da androgenia (Michele, 2016), com cabelos longos em Glam Rock. Foi uma abordagem melhor do que as das marcas acima, o desfile foi muito bonito, com críticas extremamente positivas (Vogue, 2016). Mas a marca se contraria ao dividir a coleção em seu site e em publicações em “Men" e “Women”. Prada, Givenchy e Yves Saint Laurent fizeram parecido esse ano. Será que esse questionamento ficará apenas na esfera das Semanas de Moda e não chegará ao consumidor sem ser “oportunismo"? (Mellery-Pratt, 2016).

Prada genderless , 2016.

“People of all ages in all markets are constructing their own identities more freely than ever. As a result, consumption patterns are no longer defined by ‘traditional’ demographic segments such as age, gender, location, income, family status and more.” - Trendwatching (Post-Demographic Consumerism, 2014)

“Pessoas de todas as idades em todos os mercados estão construindo suas próprias identidades mais livremente que nunca. Como resultado, padrões de consumo não são mais definidos pelos segmentos demográficos ‘tradicionais' como idade, gênero, local, renda, status familiar e mais.” (Trendwatching, 2014)

O termo genderless está sendo muito mais usado como marketing do que como mudança de paradigma de fato. Um modo de lidar com isso é simplesmente parar de falar “roupa de homem” ou “roupa de mulher”; 16


deixar "tudo junto e misturado, sem rótulos”. A revolução é por isso: o fim dos rótulos. Cabe a você saber quem você é e à sociedade educar-se e desconstruir-se para não te julgar pelas suas escolhas, contanto que elas não ofendam a existência de outros.

“Você é um menino ou uma menina?” "Não"

Overflowing blood machine Rebecca Horn, 1970.

Isso é onde a Teoria Queer, influenciada por Judith Butler (1991), difere da leitura do mundo de Diana Agrest. A segunda alega que um corpo sem gênero é uma impossibilidade. Seu texto Architecture from Without (1991) não trata exatamente de gêneros fluidos, mas mostra um visão de que tudo precisa ser rotulado, permanente e de fácil identificação, o que se prova bem datado pelos Queer. A Teoria vê gênero como algo fluido, socialmente construído, performado e sistêmico (de Lauretis,1987). Um corpo é um corpo. Ele tem as suas preferências internas, suas necessidades e vontades. Mas não cabe a quem está de fora definir o que ele é ou deve ser. O corpo deve falar. E foi isso que Rebecca Horn explorava em suas obras, desde os anos 70 na Alemanha. Neles, o físico e o funcional do corpo se confrontam em equilíbrio com o espaço por meio de próteses e esculturas cinéticas. O interior, o essencial do corpo, é extrapolado para o exterior, pondo em cheque o modo como o vemos, ouvimos, sentimos. Rei Kawakubo, fundadora da Comme des Garçons, também explorou a instância física do corpo em 1981, uma década antes dos escritos sobre identidade de gênero, na Paris Fashion Week. A marca francesa, junto a outras vanguardistas contemporâneas, como Yohji Yamamoto, sempre procurou exceder os limites do corpo e promover novas formas e composições que desafiam o conceito de “belo" como o concebemos há séculos.

Comme des Garçons, 1981.

“For the first time, fashion challenged accepted notions of beauty and femininity and introduced conceptual ideas about the body” -HODGE, Brooke (Skin+Bones, 2008)

“Pela primeira fez, a moda desafiou as noções aceitas de beleza e feminilidade e introduziu ideias conceituais sobre o corpo.” (Hodge, 2008)

Jean Paul Gautier Primavera 2010

A indústria da moda e sua necessidade de massificar para atingir a todos o mais rápida e constantemente possível não traz abordagens conceituais sobre o corpo. A fast fashion e a moda prêt-a-porter dificilmente vão contra as noções socialmente aceitas e tradicionais do corpo e sua dualidade de gênero, exatamente por não ser “bem visto" vestir-se com statements no dia a dia; individualidade não vende num mundo massificado. A haute couture e a moda como fazer artístico ainda lidam com esses temas, mas a aura construída em volta delas impede que tais ideais atinjam o grande público e virem mainstream. Obras de arte têm status, perdendo qualquer função não intelectual que elas possam ter, como vestir. 17


Para minha proposta, retomo a abordagem da vanguarda da moda dos anos 1980 em Paris, junto ao questionamento da atual geração Millenials de que mundo é feito de tons de cinza em todos os aspectos, e trato do corpo com apenas corpo. Sem nome, sem gênero, sem sexualidade, sem atributos a não ser os vitais. Cabe ao próprio indivíduo identificar-se e mostra-se ao mundo do modo que preferir.

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Emoções Plásticas (ou Arquitetura Humana) “Só conseguimos nos relacionar com o mundo através de objetos. Objetos e linguagem” -SCHIPPER, Otavio

1a

2a

Nossa pele é a superfície de contato que temos com o mundo. Mas, sem os objetos, sem artefatos, sem o mundo construído, só entraríamos em contato físico com água, terra, fogo e ar. Desde os primeiros agrupamentos humanos, na Idade da Pedra, nos comunicamos através de artefatos. O homem da caverna desenhava nas paredes de pedra com pigmentos, caçava animais na savana com lanças, protegia-se do frio com peles. Sempre há uma interface; que é um instrumento de representatividade e linguagem. Como mencionado antes, as reações fisiológicas do corpo são o que temos de mais verdadeiro sobre nós. Não há filtro, não há amarras. É involuntário, espontâneo e extremamente efêmero. Mas como representar isso num mundo sólido, perene, opressor? Como liberar minha voz interna de modo que todos possam ouví-la? E se nem eu mesma souber o que ela quer dizer? Como transmitir sentimentos inaudíveis, intraduzíveis para além do meu corpo? Para um exercício de autoconhecimento, levo a expressão pessoal ao extremo e proponho a leitura desse mundo em 4 camadas:

1a pele: biológica; Estamos fisicamente contidos dentro dela, mas vivemos a partir do que acontece do lado de fora. Ela é a contenção e a mediação.

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2a pele: wearable; Produção de uma peça de vestuário com cunho tecnológico de captação, tradução e transmissão.

3a pele: arquitetura fluida, interativa; Exteriorização do que acontece dentro da epiderme. Concretização efêmera da fluidez do pensamento.

4a pele: arquitetura rígida, formal. 4a

Mundo construído pré estabelecido, perene.

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A relação entre essas peles se dá de maneira cíclica, na qual o corpo interfere emocionalmente no espaço e, consequentemente, reage a essas mudanças, promovendo novas.

Input: epiderme como transmissora emocional "I say that for us emotion dissociated from all bodily feeling is inconceivable." -JAMES,William (Psychology:, 1893) “Eu digo que, para nós, emoção desassociada de todos os sentidos do corpo é inconcebível.” (James, 1893)

Segundo a teoria James-Lange, uma pessoa, ao perceber um evento do ambiente, é estimulada. Tal estímulo, captado pelos sentidos, é interpretado pelo cérebro, gerando reações fisiológicas involuntárias, que são então processadas pela consciência e geram emoções; podendo essas serem suprimidas pelo indivíduo.

Batimento cardíaco

ESTRESSE

Respiração

NEUTRO

Pressão sanguínea

MEDITAÇÃO

Os sinais vitais (batimento cardíaco e respiração) e a temperatura podem ser, então, transformados em dados captados por sensores que, ao serem cruzados algoritmicamente, definem as emoções do usuário. Para isso, precisa-se de um estudo de psicofisiologia, que trata desse cruzamento de dados.

Love Project, 2014

Guto Requena, em seu Love Project (2014), utilizou-se de dados semelhantes (batimento cardíaco, ondas cerebrais e voz) para captar as emoções de uma pessoa que contava uma história de amor. As mudanças no decorrer da narrativa eram captados e modificavam o design do objeto que era criado (geralmente, um vaso). Desse modo, cada objeto era único e extremamente pessoal. 20


Wearable como processador: “A tension between conscious intentions and unconscious drives is necessary for a work in order to open up the emotional participation of the observer" - PALLASMAA, Juhani (The Eyes of The Skin, 2005) “Uma tensão entre intenções conscientes e ânsias inconscientes é necessária para uma obra a fim de estimular a participação emocional do observador.” (Pallasmaa, 2015)

Para que o indivíduo participe de fato do ambiente, ele deve conscientemente estar em conexão com ele, gesticulando, falando e, no caso desse experimento, usando um wearable. Mas suas reações involuntárias são essenciais para o processo de interlocução entre corpo e espaço. É a captação delas que vai ler o grau de estímulo e agradabilidade, traduzindo as emoções de acordo com estudos de Dinâmica de Energia, usados por psicólogos behavioristas em Recursos Humanos para dinâmicas de grupo (Barsade, 2007). Mais estimulado

euforia excitação admiração

alarme raiva

medo

deleite

tensão incômodo irritação frustração

gratidão

Menos agradável

alegria

Mais agradável

satisfação

satisfação miséria

depressão tristeza

contentamento calma serenidade conforto relaxamento

melancolia cansaço tédio abatimento sono Menos estimulado

Essa literatura da psicologia será traduzida algoritmicamente no wearable, que lerá tais reações com uma série de sensores e traduzirá, através de uma placa de Arduino pré programada, as emoções em modificações espaciais da 3a pele, dotada de luzes e motores. A resposta da 3a pele retroalimenta o sistema JamesLange. 21


(Teoria James-Lange)

Respiração Batimento cardíaco Respiração Batimento cardíaco Condutividade da pele Condutividade de pele Temperatura Temperatura Atividade cerebral

Estímulo do ambiente

Reação fisiológica Captada pelos sensores

Emoção Interpretada algoritmicamente

2a pele

Reação do ambiente Expressão da emoção 3a pele

Output: add on arquitetônico que reage às emoções “We feel pleasure and protection when the body discovers its resonance in space.” - PALLASMAA, Juhani (The Eyes of The Skin, 2005) “Nós sentimos prazer e proteção quando o corpo descobre sua ressonância no espaço.” (Pallasmaa, 2015)

"It isn’t particularly beautiful, and it’s certainly not useful, but what a wonderful story it tells!” - NORMAN, Don (Emotional Design, 2003) Em seu livro Emotional Design: Why we love (or hate) everyday things (2003), Don Norman alega que a parte emocional do design é tão importante quanto, senão mais, do que a prática. E o processo de design pode dar-se em 3 modos: Visceral (puramente pela aparência), Comportamental (por prazer e eficiência) e/ou Reflexivo. O terceiro traduz a racionalização e intelectualização do produto a fim de contar uma história que faça com que o usuário se identifique, se orgulhe. O que afeta todos os sentidos, como diz Juhani Pallasmaa em The Eyes of The Skin (2005), já que o nosso contato com o mundo depende dessa membrana biológica que nos envelopa. A arquitetura que conhecemos, na qual vivemos, por mais que possa ser feita a partir de proporções humanas e leve emoções e reações em consideração no seu conceito, nunca traduzirá o fluxo espontâneo, as mudanças, do corpo humano sendo estática. 22


HyperCell Hyperbody, 2013

Esses fluxos e transformações já foram trabalhados por designers e pesquisadores como o grupo Hyperbody da Universidade de Delft, com o HyperCell e o Space Customizer, que trabalham a interação do usuário com a arquitetura, que reage. O que eles produzem é uma “Arquitetura Interativa e Extraordinária” (tradução livre de NonStandard and Interactive Architecture), sempre tratando de complexidade, variação e customização em massa. Seus componentes são dinâmicos, atuantes e reativos a estímulos do ambiente e às necessidades do usuário (Oosterhuis, 2009). Parte importante da pesquisa é a materialidade. A arquitetura convencional (ou 4a pele, que receberá essa intervenção) é usualmente rígida e estática. Será que os materiais dessa nova arquitetura mórfica devem fazer referência à plasticidade do tecido epitelial ou trazer algo flexível completamente diferente? A arquitetura fluida como reflexo da espotaneidade das nossas reações é a expressão pessoal levada ao seu limite. O fim do filtro, o fim da privacidade é também o fim das amarras sociais. A aceitação virá do choque. O mundo será capaz de me ler por inteiro. Por dentro e por fora. Isso questiona o limite do emocional humano. O quanto de exposição eu mesma consigo aceitar? O fim do pudor intelectual e físico facilitará ou impossibilitará a vida em sociedade, minha relação com o mundo? Qual o poder real da arquitetura no nosso comportamento? “It is evident that ‘life-enhancing' architecture’ has to address all the senses simultaneously and fuse our image of self with our experience of the world.” - PALLASMAA, Juhani (The Eyes of The Skin, 2005)

“É evidente que uma arquitetura que ‘reforce a vida’ tem que adereçar a todos os sentidos simultaneamente e fundir nossa imagem pessoal com a nossa experiência do mundo” (Pallasmaa, 2005)

Devemos, portanto, traduzir na arquitetura como o mundo nos toca. Devemos expressar nossos sentimentos ao mundo construído e vêlos refletidos de volta. Devemos ter o poder de materializar nossas emoções. Devemos ressensualizar a arquitetura, no sentido mais puro da palavra.

sen.su.al adjetivo 1. relativo aos sentidos ou aos órgãos dos sentidos.

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“Architecture elaborates and communicates thoughts of man’s incarnate confrontation with the world through ‘plastic emotions’.“ - PALLASMAA, Juhani (The Eyes of The Skin, 2005) “A arquitetura elabora e comunica a confrontação incarnada pelo homem com o mundo através de ‘emoções plásticas’.” (Pallasmaa, 2005)

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Estratégias metodológicas 1.Elaboração conceitual: - estudo sobre corpo, pele e identidade; - estudo sobre a indústria da moda; - estudo sobre identificação de gênero; - estudo sobre psicofisiologia e as reações do corpo; - estudo de user experience e emotional design. 2.Estratégias de aproximação do tema: - identificação das interseções entre moda, arte e arquitetura; - definição do caráter da intervenção de mediação; - estudos de casos de interação; 3.Investigação técnica: - estudo de algoritmização; - estudo de Arduino e Processing; - estudo sobre interação; - estudo sobre materiais flexíveis e/ou mutáveis; - experimentações digitais e físicas.

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Anexo 1

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