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Como funciona o ciclo da violência e quais as difi culdades das mulheres cristãs romperem este ciclo?
Como funciona o ciclo da violência e quais as dificuldades das mulheres cristãs romperem este ciclo?
Segundo a norte-americana Lenore Walker, psicóloga que capitaneou os primeiros estudos sobre ociclodo abuso, não há um intervalo defi nido entre cada fase do ciclo.
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O método é dividido em três etapas: aumento de tensão, ataque violento e a ‘Lua de Mel.
DISTORSÃO DA PALAVRA
“_EU SOU O CABEÇA, E VOCÊ TEM QUE ME OBEDECER.” “_VAMOS A IGREJA.”
1º fase: A construção da tensão no relacionamento
O comportamento do agressor: nessa fase podem ocorrer incidentes menores, como agressões verbais, crises de ciúmes, ameaças, proibições de ir à Igreja e aos cultos, e, em alguns casos, insinuações de que a mulher está tendo com caso com o pastor, dentre outras acusações de traições, tentando afastar a vítima de seus familiares; é também nesta fase que o agressor fala das roupas, destrói objetos da mulher, etc.
2º fase: Ataque Violento
O comportamento do agressor: a segunda fase é marcada por agressões agudas, quando a tensão atinge seu ponto máximo e acontecem os ataques mais graves, culminando num ato ainda mais violento. É nesta fase que o agressor mantem a vítima em cárcere privado ou, até mesmo, comete o feminicídio. Quando os agressores também são evangélicos, os mesmos usam como respaldo as escrituras sagradas: agridem e abusam de suas companheiras por se acharem maiores e inferiorizam suas companheiras por serem evangélicas, e impõe a elas a submissão.
MANUAL . EM DEFESA DA MULHER CRISTÃ . 2021 Vale salientar que em meio à violência, o agressor ainda exige mais respeito, alegando que a palavra de Deus ensina que o divórcio é pecado, e faz a vítima acreditar que a culpa da violência é dela:
“- Você está sendo usada pelo demônio eu sou um homem escolhido por Deus”.
É importante ressaltar o que a palavra de Deus diz acerca disto:
“Eu odeio o divórcio”, diz o Senhor, o Deus de Israel, e “o homem que se cobre de violência como se cobre de roupas”, diz o Senhor dos Exércitos. Por isso tenham bom senso; não sejam infiéis.” Malaquias 2:16
Portanto, de fato, seria bom se não houvesse separação, mas antes de tudo, “Deus odeia o homem violento”. Esta é a mensagem que deve ser pregada e, no entanto, é distorcida, fazendo parecer que a vítima é a culpada.
O comportamento da mulher cristã: a vítima aqui sofre de uma tensão de violência psicológica severa e sente medo. Ela pode, no momento,
tomar decisões de pedir ajuda, ou até mesmo querer se separar. Muitas vezes não denunciam o agressor pois tem em sua mente o divórcio como pecado e espiritualiza as agressões, acreditando que o marido está possuído por demônios, e, por esse motivo, é levado a cometer a violência contra ela. Ao invés de denunciar e tomar as medidas legais de segurança, ela recorre as orações e conselhos pastorais, acreditando que tudo que está passando é com a permissão de Deus.
Quando o líder espiritual, aqui, no caso, o pastor ou pastora, tem uma instrução adequada, esta mulher vítima de violência será alcançada e romperá, mais cedo ou mais tarde, o ciclo da violência. Mas, infelizmente, algumas vítimas não recebem a motivação adequada e não conseguem sair da relação abusiva. Eis-me aqui, envia-me a mim.
3º fase: A lua-de-mel – arrependimento do agressor
O comportamento do agressor: Terminado o período da violência física, o agressor demonstra remorso e medo de perder a companheira. Torna-se amável para conseguir a reconciliação. Caso seja evangélico, tenta convencer a vítima utilizando-se da ideologia do perdão, argumentando que tudo foi obra de satanás, e que Deus tem uma grande obra na vida do casal e, por isso, os dois devem vigiar e orar pelo casamento.
O comportamento da mulher cristã: ela se sente confusa, mas acredita que Deus deu vitória no relacionamento, e o que passou só foi uma provação, que irá contar um lindo testemunho de restauração do seu lar acreditando que o marido é um homem de Deus.
Seja qual for a fase, a vitima deve procurar ajuda imediatamente. E o Pastor ou Pastora que recebe-la, deve orientar o casal de que estam vivendo um ambiente de agressão, buscando romper o ciclo da violência.