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feira livre sobre trilhos
from Projeto Feiro
FEIRA LIVRE SOBRE TRILHOS (textos e imagens por Ana Elisa Jawabri, Crystal Yumi, Guilherme Ferreira e Marília Gontijo)
Ao pensar nas feiras como eventos móveis, esta Utopia pretende unir conceitos importantes como mobilidade nos centros urbanos e efemeridade da feira. Assim, as feiras seriam instaladas em espécies de vagões que funcionam como transporte público e circulam nas linhas de ônibus comuns, tornando possível que as trocas culturais e comerciais tão inerentes à esses eventos possam ocorrer durante o deslocamento pela cidade.
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“Ao discutirmos sobre as feiras percebemos de que se trata de um fenômeno arquitetônico e urbano extremamente complexo, e que envolve não somente trocas comerciais, mas também socioculturais, ou as chamadas “trocas simbólicas”. Além disso, um outro fenômeno recorrente no modo de vida das grandes cidades atuais é a velocidade: a rapidez dos transportes que usamos todos os dias e a grande quantidade de tempo que passamos em trânsito, em deslocamento. Pensando nessa relação entre os dois aspectos e com referências de linguagem como o Superstudio e seu monumento contínuo, surgiu uma intervenção para o contexto de Goiânia, algo que pudesse unir a vivência da feira com a experiência do transporte, ou seja, uma espécie de “feira móvel”. Tomando por base as linhas de circulação do “eixão” de Goiânia (um marco visual de nossa cidade), bem como a linha do BRT, a ideia é aproveitar o tempo que passamos em deslocamento (e, neste caso, mais especificamente no transporte público) para instalar o que chamamos de FLT: Feira Livre sobre Trilhos. Tal feira seria montada dentro de uma estrutura semelhante aos ônibus que conhecemos, de tal forma que ela se moveria ao longo das linhas previamente citadas (circulando da mesma maneira que um coletivo comum o faria). Os pontos de parada e terminais serviriam ao propósito de, mais do que embarque e desembarque de passageiros, um local de carga e descarga de produtos a serem vendidos, tornando esses espaços ainda mais heterogêneos do que eles já são em seu formato atual. Além disso, no ponto de encontro entre as duas linhas, seria feita uma espécie de “rotatória elevada”, uma “ponte circular”, com o objetivo de melhorar a circulação dos dois eixos de feira, evitando conflito entre as duas linhas. Por fim, falando mais especificamente sobre os ônibus, eles teriam suas laterais feitas em grande parte com vidro, aumentando o contato direto da feira com a parte externa por meio dessas janelas e remetendo ao “ambiente natural” da feira: a rua. Também pensando nisso, o teto é feito de maneira retrátil, somente fechado para cobrir da chuva, mas aberto nos demais momentos para remeter à experiência da feira com a qual estamos acostumados. Dessa forma, buscamos potencializar a discussão sobre alguns conceitos inerentes à feira, tais quais a sua efemeridade, a sua forma de se portar como um evento na cidade, a diferença entre sua mobilidade (montagem e desmontagem) para a nossa abordagem sobre seu movimento, o seu aspecto de integração entre pessoas e espaços urbanos e, por fim, sua complexidade e heterogeneidade.”
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