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o advento das feiras

O ADVENTO DAS FEIRAS (textos e imagens por Caio Weber, Larissa Fleury, Priscilla Freire e Rafaela Lobo)

Após anos de perda de contato humano na forma de se fazer comércio, esta Utopia prevê um mundo em que as trocas simbólicas presentes nas feiras foram resgatadas, havendo para isso uma grande apropriação de espaços urbanos onde onde são instaladas as estruturas das feiras e onde essa recuperação da convivência social se torne possível.

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“Estamos em uma dimensão em que o comércio formal como o conhecemos já não é bem visto. Após séculos de avanço de tecnologia as pessoas buscam de alguma forma um contato social mais próximo do humano, procuram por mais liberdade de locomoção e de expressão. Os shopping centers tornaram-se meros galpões sem vida, grandes ruas abandonadas, caídas no esquecimento por quem ali frequentava, em nada lembra seus dias de glamour e multidões. Há quem ainda se lembre vagamente dos grandes centros de compras, famosos pela grande variedade de produtos e preços, alguns empresários ainda tentam se manter de pé, mas sem muito sucesso. As vitrines expõem o desespero de quem tenta chamar a atenção de alguma forma de quem passa por ali. As ruas tornam-se meros locais de passagem, de quem está sempre em busca de algo. Não há permanência e nem vivência no espaço público. É neste cenário que nos deparamos com a feira, uma fonte de vida em meio ao vazio das cidades, dezenas de aromas, sons e histórias. A feira que traz consigo aquela tradição da família, seja por parte do feirante, seja por parte do consumidor. A feira que traz a família para abastecer a sua casa com frutas e verduras fresquinhas, ou para aquele tradicional pastel com garapa. A feira que traz o comerciante às cinco da manhã para preparar sua banquinha com o que há de mais selecionado em sua produção. A feira, que em escala local, já era uma força de resistência diante dos grandes comércios formais, mas em meio à crise comercial, se potencializa e ganha forças. As pessoas voltam a buscar as feiras por toda a sua história e tradição, na busca de reconquistar as experiências sociais tão vitais para a vida humana. Como solução desesperada para evitar a recessão da economia local, os governantes liberam o direito à apropriação das ruas para os feirantes. As feiras ganham o direito à cidade e gradualmente a feira e o espaço urbano se alimentam e se fundem, tornando-se essencialmente a mesma realidade. Podemos ver agora feiras por todos os lados, grandes avenidas que eram ocupadas por carros, agora esbanjam cor e diversidade para quem ali passa. Grandes passarelas foram construídas para a instalação de mais feiras, mostrando a necessidade da população em ocupar a cidade e dar novo sentido às ruas. As pessoas não satisfeitas ocupam os edifícios, desde o térreo até os terraços, intervindo nas formas urbanas. A cidade que antes era vazia e sem vida, agora se mostra fervorosa em diversa, cheia de aromas, pessoas e histórias. Com as feiras se alastrando pelos espaços urbanos o projeto Feirô dos alunos da FAV – UFG se torna mais pertinente do que nunca. Em busca de uma maior compreensão dessa nova realidade e dinâmica das cidades, profissionais e pesquisadores de diversas áreas se unem ao projeto, que cresce e ganha repercussão. Através das parcerias e financiamentos que foram conquistados ao longo do processo, o projeto Feirô se torna um grande símbolo do movimento de democratização das cidades e da conquista das feiras. Com essa nova face das cidades, arquitetos e urbanistas pelo mundo estão se adaptando e criando novos métodos, mais horizontais, de contribuir para o espaço urbano. No geral, o sentimento é de entusiasmo e esperança com a conquista do tão almejado direito à cidade.”

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