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feira flutuante

FEIRA FLUTUANTES (textos e imagens por Aira Fontenelle, Gabriela Vieira, Victor Taffarel e Victor Hugo)

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Este último exercício de Utopia imagina um mundo em que as feiras acontecem num espaço que flutua e se desloca entre as cidades, algo que foi possível graças a uma tempestade que enroscou diversos balões que serviam para o transporte de produtos. A partir de tal acontecimento, todas as pessoas puderam ter acesso à experiência da feira (mesmo que desse modo itinerante) desde cidades de interior até grandes metrópoles, havendo uma multiplicação de tais balões pelo mundo todo, os quais se adaptam dependendo do tipo de trocas e necessidades de cada local.

“Comerciantes viajavam de cidade a cidade com seus balões, vendendo produtos e fazendo trocas. Em um dia qualquer, uma forte tempestade fez com que os balões se entrelaçassem, impedindo com que fossem separados e que os comerciantes pudessem continuar a vender suas mercadorias. Como viviam das vendas de seus produtos, a única saída foi adaptar-se. Juntos, os comerciantes construíram passarelas; pontes; escadas; acoplaram aerogeradores ao grande balão, para que ele pudesse movimentar-se e produzir energia; instalaram placas fotovoltaicas, para complementar a produção de energia; programaram um sistema de piloto automático orientado por GPS, para que se pudesse estabelecer uma rota fixa. Em resumo, fizeram de tudo para que o emaranhado de balões pudesse se autossustentar. Estabeleceram que o balão passaria ao menos uma vez durante a semana, a velocidade máxima de 20km/h. Não haveria pontos fixos, cada comerciante poderia subir no grande balão no momento em que quisesse e vender seus produtos, completamente isento de pagar quaisquer taxas ou impostos. Em pouco tempo observou-se que as vendas aumentaram. As pessoas se interessavam pelo balão grande e devagar que estava passando em sua rua e, por curiosidade, subiam. Ao encontrar todos os tipos de produtos reunidos, decidiam fazer suas compras ali. Podiam comprar roupas, calçados, verduras, frutas, o cafezinho da tarde, tudo em um só local e, além de tudo, contar com vistas maravilhosas da cidade. Com o tempo, mais e mais pessoas optavam por comprar nos balões. Já era notícia em muitas cidades do mundo, todos queriam conhecer a grande feira flutuante. Os comerciantes, então, pensaram em expandir a rota, colocando o balão para passar em outras cidades. A ideia foi um sucesso ainda maior. Aquele pão de queijo que só a senhorinha do interior fazia, chegava nas grandes cidades. A roupa da grife que só era vendida na capital, chegava na cidadezinha do interior. Foram surgindo muitas outras feiras flutuantes ao redor do mundo: as organizadas, em que todos os mínimos detalhes eram calculados e decididos; as planejadas, muito similares ao shoppings, onde o ambiente era controlado, era necessário alugar o local para se vender; e as livres, montadas de acordo com a necessidade e disponibilidade de materiais, não havia regras, tudo era aceito. De acordo com a necessidade do local, a feira flutuante assumia um tamanho e estilo único, por exemplo, uma mais tecnológica, outra mais bagunçada, ou até mais sustentável. As vantagens eram infinitas: era possível ter produtos de todos os lugares do mundo, encontrava-se pessoas de muitas cidades diferentes (o que favorecia as trocas culturais), possibilitava uma experiência espacial totalmente diferente, entre muitas outras.”

Terminadas as propostas de Utopia, foi chegada a etapa de visitas às feiras, com o objetivo de fazer levantamentos das suas principais características. Partiu-se, portanto, para a fase de Cartografias, ou seja, buscou-se usar essa ciência que busca representar visualmente a superfície da Terra com mapas para, assim, traduzir a experiência da feira em forma de imagens. A partir disso, o Grupo de Representação visitou a Feira da Lua para estabelecer os dados a serem catalogados, como fluxos, temperatura, sons, cheiros e entre outras informações, para em seguida padronizar a representação de tais dados em mapas 3D, 2D, mapas psicogeográficos e paletas de cores. Com isso, os demais grupos ficaram responsáveis pela visita às demais feiras que pudessem exemplificar as três tipologias estabelecidas no início do trabalho: feiras especiais (Feira da Marreta e Feira Hippie), feiras livres (Feira Vila Bela e Feira do Cepal do Jardim América) e feiras alternativas (Feira do Cerrado). Para cada uma delas foram geradas algumas imagens e um texto que explica como a experiência daquela feira em específico está traduzida nesses produtos. Portanto, a seguir serão mostradas as produções de cada grupo, desenvolvidas a partir do Guia Cartográfico para Feiras (que será mostrado mais detalhadamente no capítulo seguinte), o qual foi o elemento base elaborado para ensinar as instruções e ferramentas necessárias para representar os levantamentos feitos, não apenas para os fins desta disciplina, mas para qualquer interessado em estudar ou pesquisar sobre as feiras.

CARTO GRAFIA

Cartografia Insurgente - Mapeando a São Paulo ocupada (São Paulo, 2015)

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