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estratégia para melhorar do risco cardiovascular criada em Coimbra

Uma nova estratégia para melhorar a avaliação do risco cardiovascular associado a um enfarte do miocárdio foi desenvolvida por uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC).

A UC explicou que a investigação científica se centrou em “técnicas de fusão de informação e inteligência artificial”, envolvendo um modelo de avaliação de risco – denominado GRACE, na sigla em inglês, o mais utilizado na prática clínica em Portugal aquando da admissão de doentes em contexto hospitalar – que foi actualizado, passando a incorporar novos factores de risco, como o nível de hemoglobina.

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A UC adiantou que o modelo actualmente utilizado baseia-se em oito factores de risco registados na admissão hospitalar: “idade, frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, creatinina, classe Killip, estado de paragem cardíaca, marcadores cardíacos elevados e desvio do segmento ST no electrocardiograma”.

A avaliação é realizada ponderando os oito factores, o que resulta numa pontuação que define a categoria de risco (baixo, intermédio ou alto), frisou a equipa de investigadores do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

O artigo científico tem como autores Afonso Neto, aluno de doutoramento do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da FCTUC,

Jorge Henriques e Paulo Gil, investigadores do CISUC, e José Pedro Sousa, médico cardiologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

A Universidade acrescentou que o modelo GRACE “pode ser considerado uma ferramenta de prevenção secundária, sendo habitualmente aplicado a pacientes no momento da admissão hospitalar, resultante da ocorrência de um episódio de síndrome coronária aguda (enfarte de miocárdio)”.

“O objectivo deste modelo é estimar a probabilidade de morte ou de um novo evento de enfarte de miocárdio num determinado período de tempo, geralmente no mês seguinte ou nos próximos seis meses”, vincou.

No entanto, o GRACE, segundo o investigador do CISUC, “é um modelo que apresenta algumas limitações, nomeadamente devido à utilização de um número incompleto de variáveis (factores de risco) no cálculo do prognóstico”.

A investigação, denominada GRACE PLUS, concluiu que “existem factores de risco não contemplados no GRACE” original, nomeadamente o nível de hemoglobina no momento de admissão do doente no hospital.

“Começámos por investigar formas de adicionar ao modelo GRACE novos factores de risco, identificados pelo nosso parceiro clínico (CHUC), com potencial para melhorar a precisão do prognóstico, tais como a hemoglobina na admissão e marcadores de inflamação”, contextualizou

“Para manter a interpretabilidade do novo modelo e, por consequência, a sua confiança, percepcionada pela equipa clínica, foi definido como requisito adicional manter a forma como na prática clínica o GRACE é utilizado, sendo este sujeito a um factor de correcção, considerando a contribuição de novos factores de risco, daí a justificação de GRACE PLUS”, precisou Jorge Henriques.

A ferramenta agora desenvolvida permite “melhorar a avaliação do risco cardiovascular e, dessa forma, proporcionar um suporte mais fundamentado à decisão clínica em contexto real sem, no entanto, alterar a forma como essa decisão é actualmente efectuada pelos profissionais”, garantiu.

Por outro lado, esta abordagem permitiu “determinar para cada indivíduo o factor de correcção óptimo a adicionar ao GRACE, tendo em conta o valor particular de hemoglobina, de forma a maximizar a precisão de estratificação determinada pelo modelo original”.

Os autores do estudo argumentaram que, para além da melhoria da caracterização do risco cardiovascular, outra das vantagens adicionais do GRACE PLUS “consiste em potenciar a aplicação de cuidados de saúde proporcionais ao real risco que o doente apresente no momento da admissão hospitalar, podendo contribuir para uma gestão efectiva de terapêuticas e de recursos humanos”.

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