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NUNO MOITA NÃO SE DEMITE DA CÂMARA DE CONDEIXA-A-NOVA

Nuno Moita, economista, presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, iniciou a sua actividade profissional no Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas. Em 2013 assumiu a presidência do Município de Condeixa-a-Nova, estando agora no seu terceiro e último mandato. Reeleito em 2022 para líder Distrital de Coimbra do PS, Nuno Moita apresentou a demissão do cargo a meio de Janeiro, deste ano, por ter sido condenado em primeira instância a uma pena suspensa por favorecimento de empresas quando era vice-presidente do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça. Em Entrevista à Rádio Regional do Centro e ao “Campeão” o líder demissionário diz acreditar na justiça e afirma estar confiante de que a verdade será reposta.

dida, como é que isto se explica?

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datura conjunta à Distrital do PS, ficou como vice-presidente por isso parece-me óbvio que para dar continuidade ao projecto que propusemos ele será a escolha correcta.

Campeão das Províncias [CP]: O que é que o levou a tomar a decisão de se demitir da presidência da Distrital de Coimbra?

Nuno Moita [NM]: É do conhecimento público que estou envolvido num processo judicial que se refere a factos que terão ocorrido entre 2010 e 2012 e que foi desencadeado por uma denúncia anónima. Quando era vice-presidente do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça convidei uma empresa condeixense, uma empresa credível e com um historial forte, que fez as suas obras. Em 2019 fui acusado de participação económica em negócio, na altura pedi instrução que acabou por arquivar o caso. O Ministério Público recorreu e agora fui condenado a uma pena suspensa. Não está a ser uma fase fácil mas estou absolutamente convicto da minha inocência e não vou baixar os braços. Estou a recorrer e tenho a forte convicção, depois de ter consultado vários juristas, que o Tribunal da Relação irá dar-me razão e corrigir uma decisão que se baseia em convicção e não em prova de facto. Mas é evidente que é uma situação complicada, que me prejudica e que iria prejudicar o Partido e isso eu não posso permitir. O PS precisa de serenidade e eu deixei de reunir as condições para a garantir.

[CP]: Condeixa é uma Câmara muito preten-

[NM]: A Câmara tem feito um esforço grande no desenvolvimento da vila, tanto a nível de construção como a nível de serviços. Tem a vantagem de estar perto de Coimbra, mas a Associação de Desenvolvimento Empresarial de Condeixa tem também contribuído para afirmar o concelho no plano económico. A instalação de mais empresas na zona industrial e de mais superfícies comerciais também está a ajudar a criar emprego. Temos, aliás, das mais baixas taxas de desemprego.

[CP]: A extensão do MetroBus a Condeixa vai ajudar nesse desenvolvimento?

[NM]: Lancei esta ideia porque acredito que faz todo o sentido. Foi acarinhada pela CIM que encomendou um estudo e que concluiu que as ligações a Cantanhede e Condeixa-a-Nova são as que reúnem mais condições para serem implementadas. De todas as extensões analisadas no documento, estas são aquelas que implicam menor investimento na sua infra-estruturação e uma melhor relação entre custo e potencial receita da operação Isto será uma revolução em termos de mobilidade, vai evitar a entrada de muitos carros em Coimbra o que vai ao encontro da estratégia europeia da descarbonização, por isso julgo existirem fortes condições de ser financiado pelo PT2030.

[CP]: Como está a criação da empresa multimunicipal de água com Coimbra?

[NM]: A Câmara de Condeixa lançou o assunto e estamos já a trabalhar em conjunto com o Município de Coimbra para criar a empresa multimunicipal de fornecimento de água em baixa e saneamento. A agregação das águas em baixa é algo que eu defendo, uma vez que traz ganhos de escala, de eficiência e económicos, não de imediato, mas a médio e longo prazo. Critico a medida imposta pelo Governo de impedir as Câmaras de concorrerem sozinhas a fundos comunitários para infra-estruturas de água, é injusto para os concelhos de lixo e nos contentores. Isto vai permitir diferenciar os que colaboram com a redução de resíduos e aumento da deposição selectiva, dos que não colaboram, compensando aqueles que se esforçam para reduzir a quantidade de resíduos que produzem, reciclando. O Executivo tem implementado várias medidas de protecção ambiental, na semana passada instalou os primeiros

Estou absolutamente convicto da minha inocência e não vou baixar os braços que ainda não estão agregados terem de suportar sozinhos esses custos.

[CP]: O seu executivo também implementou um sistema pioneiro de resíduos sólidos urbanos.

[NM]: Implementámos o projecto Payt que é um sistema “Pay-As-You-Throw, ou seja, cada um paga em função dos resíduos indiferenciados que deita fora. Isto foi um projecto piloto em que entrámos com a Câmara de Lisboa, a Câmara de Aveiro, o Instituto Politécnico de Aveiro e duas Câmaras Europeias, da Grécia e do Chipre. Já temos a tecnologia incorporada nos nossos carros de recolha

Ecopontas, que tem como objectivo minimizar o lixo gerado na freguesia, incentivando a população a depositar as beatas dos cigarros no seu interior e que pretende valorizar os resíduos, transformando-os em novos produtos.

[CP]: O Museu POROS e os investimentos para Conimbriga têm sido também uma luta deste executivo?

[NM]: Nós temos uma herança que nos distingue, a herança romana. O POROS faz parte da estratégia cultural e turística iniciada pelo meu antecessor e a que demos continuidade, porque é um espaço museológico que recria virtualmente o modo de vida de uma das maiores povoações do Império Romano em Portugal. É um museu municipal que tem ganhado muitos prémios, competindo com cidades enormes, como Paris. Em cinco anos de funcionamento tivemos 55.000 visitantes. Conimbriga, apesar de não ser gerido por nós, vai receber um montante de 5,2 milhões de euros, no âmbito do PRR, sendo que o principal projecto, no valor de cerca de 5 milhões de euros, se destina a concretizar obras de valorização no Museu Monográfico. Estes investimentos pretendem assegurar uma remodelação do Museu, nomeadamente a valorização das áreas de reserva, de exposições temporárias e oficinas, melhoria das acessibilidades, sistemas eléctricos, segurança e iluminação. A minha luta seguinte será a parte arqueológica, há ali um mundo por descobrir.

[CP]: Vê alguém que possa protagonizar aquilo que defendia para a Distrital do PS?

[NM]: Essa pergunta é fácil, João Portugal integrou comigo uma candi-

[CP]: O seu partido fez um ano de mandato com maioria absoluta mas tem estado envolvido em algumas trapalhadas, como é que vê isto?

[NM]: O Governo tem estado a resolver os problemas do país, confrontado primeiro com a pandemia, agora com a guerra na Ucrânia, a inflação e acho que tem conseguido gerir bem, com mais ou menos dificuldade. Estas situações e condenações públicas são péssimas para a democracia, há facilmente aquela leitura de que os políticos são todos iguais e isso dá força a partidos mais populistas. A comunicação social tem também a responsabilidade de ter mais cuidado com a forma como transmite a informação aos leitores.

[CP]: Tem condições para continuar como Presidente da Câmara de Condeixa-a-Nova?

[NM]: Demiti-me da Federação Distrital de Coimbra do Partido Socialista com o objectivo de não prejudicar a unidade da acção que o PS Coimbra necessita. Noutro âmbito não estou impedido de exercer qualquer cargo público ou político. Não me vou demitir, estou no meu último mandato, não afecta os projectos e os objectivos desenvolvidos pelo Executivo. Vamos continuar a trabalhar pelo bem de Condeixa, foi por isso que deixei a minha vida profissional e familiar mais longe, para estar aqui, pela minha Terra. Condeixa hoje e sempre, como costumo dizer.

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