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EM COIMBRA PRESIDENTE DA NERC DEFENDE QUE A CÂMARA OIÇA MAIS OS EMPRESÁRIOS
HORÁCIO PINA PRATA QUER MAIOR AGREGAÇÃO
Horácio Pina Prata é, há 35 anos, CEO da Conclusão – Estudos e Formação e de outras empresas do Universo Conclusão e preside a NERC – Associação Empresarial de Coimbra e a Associação para a Inovação Tecnológica e Qualidade (AEMITEQ). É também presidente da Associação para o Desenvolvimento Tecnológico (NOVOTECNA) e da Associação FabLabs Portugal. O último de Janeiro (31) foi o “dia 1” da nova Associação Comercial e Industrial de Coimbra, que resulta da vontade da NERC em refundar a extinta ACIC, que em 2023 completaria 160 anos.
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Campeão das Províncias [CP]: Como é que surge esta vontade?
Horácio Pina Prata [HPP]: Quando foi criada a NERC, criou-se numa perspectiva de desenvolvimento empresarial, numa vertente de internacionalização. Infelizmente acabou por vir cobrir um vazio em termos de associativismo porque a ACIC encerrou em 2016. A NERC cimentou-se em poucos anos como um movimento associativo que acima de tudo lhe permitiu consolidar-se como a representante da região de Coimbra no âmbito dos grandes posicionamentos associativos nacionais e internacionais. Ir buscar o legado e a história da ACIC foi uma proposta acarinhada pelos órgãos sociais e pela direcção porque não pode haver inovação sem haver a glorificação da tradição, por isso achámos que devíamos fazer este trabalho e durante algum tempo consolidou-se a forma como iriamos recuperar a marca, que não foi de todo um trabalho fácil. Assim surgiu o NERC- ACIC – Conselho Empresarial de Coimbra. Convidámos ex-presidentes, ex-dirigentes, personalidades de reconhecido mérito e neste momento já aderiram 200 empresas do pequeno comércio, das pequenas actividades e serviços, empresas que não tínhamos na NERC. Esta unificação vem dar força ao lema “Juntos somos mais fortes”. Aquilo que é o oposto do que tem acontecido em Portugal, todas as Câmaras têm criado Associações empresariais e isso faz com que não se crie escala, que não haja força nas Associações. Para conduzir a ACIC convidámos o Dr. Victor Baptista porque é uma personalidade ligada ao meio empresarial e associativo, foi presidente do Conselho de Administração do iParque, ex-deputado, ex-vereador da CM Coimbra e ex-Governador Civil de Coimbra e teve sempre uma voz activa de posicionamento a nível nacional.
[CP]: Com a ACIC declarada insolvente em 2016, pensam recuperar algum do património ou só o nome?
[HPP]: Antes da minha saída da presidência da ACIC, em 2003, lancei um livro dos 140 anos da instituição, portanto a história desse período está feita. O edifício onde estava a ACIC, o emblemático da Sá da Bandeira faz parte dessa história, por isso lançámos o repto, à Câmara Municipal, que tal como foi feito noutras cidades, um edifício com aquela história deve ser um espaço de fruição da cidade e da região. Uma critica que deixo directamente ao Dr. Manuel Machado, presidente da Câmara na altura em que venderam o edifício em 2016 no âmbito da insolvência, é que que a NERC se consolidou como a representante da região de Coimbra devia ter exercido o Direito de Preferência, devia ter defendido aquele património da cidade e da região.
[CP]: Francisco Assis, considerou durante a apresentação da ACIC, que a região deve ter uma presença mais activa na vida nacional e afirmou ser um pouco misterioso que Coimbra não tenha essa intervenção...
[HPP]: A ACIC forjou um conjunto de pessoas que chegaram a cargos nacionais e a verdade é que não estando junto do Poder é muito mais difícil discutir projectos. Estamos numa luta por pouco e devíamos lutar por muito para a região. Portugal não é a área metropolitana de Lisboa e Porto, mas infelizmente são esses que estão na discussão e o resto do país recebe migalhas. Para a região de Coimbra ter mais força junto do Poder Central tem de criar uma maior agregação, temos de juntar forças.
[CP]: Mas a própria CIM Região de Coimbra criou um Conselho Empresarial que junta algumas associações de toda a região…
[HPP]: Aquilo que se tem verificado é a criação de várias associações para poderem recorrer a Fundos, que em nada ajudam na unificação. Nós, na NERC-ACIC, queremos um processo associativo aberto e é nesse sentido que estamos a trabalhar com empresas. Este processo não é só de alguns. Dialogamos com todos, aliás o próprio Dr. Victor Baptista disse que em termos de posicionamento iria solicitar a adesão da NERC-ACIC ao Conselho Estratégico da CIM bem como ao Conselho Regional da CCDRC.
[CP]: Este novo executivo de Coimbra está no bom caminho?
[CP]: Que acções é que a NERC tem desenvolvido?
[HPP]: A NERC posicionou-se no segmento de empresas com alguma intervenção enquanto que a ACIC tem uma intervenção mais no comércio. A NERC trabalha mais numa vertente de apoio à internacionalização e de apoio a projectos. Temos 400 associados e agora o novo Conselho Empresarial tem mais 200 microempresas do sector do comércio e serviços graças à iniciativa da NERC-ACIC, são mercados diferenciados, com acções diferenciadas e para associados diferenciados.
[HPP]: É preciso ouvir mais o tecido empresarial. A Câmara Municipal não pode estar tão fechada dentro da redoma, mas há situações positivas. Há situações que têm a ver com o turismo, com comércio, com a indústria e com a questão dos planos de pormenor também. Portanto, há factores positivos. Mas é preciso muito trabalho para enquadrar dinâmicas que levem a mais atracção de investimento e fixação de empresas.
[CP]: Em que consiste a Associação para a Inovação Tecnológica e Qualidade (AEMITEQ), a Associação para o Desenvolvimento Tecnológico (NOVOTECNA) e a Associação FabLabs Portugal?
[HPP]: A AEMITEQ integra o Sistema Científico e Tecnológico Nacional como infra-estrutura de apoio à Indústria e à Comunidade no domínio da química, especializada em controlo químico da qualidade. A Novotecna é um espaço de Desenvolvimento da Investigação, Inovação e Formação Tecnológica da região, com o objectivo de continuar a formar e lançar para o mercado de trabalho pessoas em áreas de especialização técnica e tecnológica da Industria 4.0 e da Automação e Robótica e das competências digitais. A Associação FabLabs Portugal tem como missão, a dinamização da rede, assim como o aconselhamento científico e técnico aos promotores e utilizadores de cada espaço. Temos 25 Fablabs no âmbito da rede nacional de FabLabs como a EDP, Évora Tech,Universidade Nova de Lisboa, Câma- ra Municipal de Lisboa, ADXTUR, IPguarda , entre muitas outras e agora vamos aumentar a rede nos Açores e na Madeira. Estas Associações e muitas outras entidades como o CCTV e a ANJE - Centro estão no Complexo Tecnológico de Coimbra e por isso lanço o repto, que já lancei ao vereador Miguel Fonseca. Este complexo tem de ser dignificado com sinalética, acessibilidade e toda a zona envolvente, porque vai estar na frente da cidade como mostra a quem nos visita no futuro com a Alta Velocidade. É isso que as pessoas vão ver ao chegarem a Coimbra.
[CP]: E como tem sido a relação da NERC com o Politécnico e a Universidade?
[HPP]: Tem sido uma dose difícil! Temos lutado por isso, mas é a antítese total do que se passa, por exemplo, com o Politécnico de Leiria, isto é, não tem existido relacionamento e é preciso alterar isso, seja com esta ou com outras associações. O conhecimento tem de ser gerado para ser utilizado nas empresas. Todos os governantes dizem que é preciso que a Universidade e o Politécnico se liguem mais às empresas, mas depois isso não se verifica. Para além de não haver cooperação, existem outras situações que agravam esta falta de relacionamento. O Politécnico decidiu criar o Coimbra ITEC, com o próprio e com mais 6 pessoas individuais somente para poder recorrer a Fundos, e isto não é nada. Andamos aqui a brincar, a criar coisinhas. Coimbra tem esse posicionamento, tem essas entidades, não vamos a lado nenhum criando mais micro entidades. Isto é dividir para reinar. Continuamos em Coimbra com a Teoria da Soma Nula, todos se tentam anular.
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