11 minute read
CARLA
Foi aqui, em Coimbra, que há vinte e tal anos deu os primeiros passos no Jornalismo, na então também jovem Rádio Regional do Centro. Concluído o curso, fez-se a Lisboa em busca do mundo da informação televisiva que ambicionava. Recentemente, esteve na Ucrânia (pela TVI e CNN), onde cobriu o conflito entre as forças ucranianas e as forças russas. Em Entrevista à Rádio Regional do Centro e ao Campeão das Províncias, Carla Rodrigues partilhou a sua experiência, descrevendo os desafios enfrentados como repórter de guerra, desde as condições extremas de trabalho até aos perigos inerentes à cobertura de zonas de conflito.
Campeão das Províncias [CP]: A profissão, ao longo destes 24 anos, tem correspondido às suas expectativas?
Advertisement
Carla Rodrigues [CR]: A informação é uma descoberta diária. Isto não é uma frase feita. A informação exige de nós muita vontade, muita predisposição para ela e vontade de descobrir. A informação acompanha o nosso percurso ao longo da vida. Se estivermos abertos à experiência, apesar de as coisas não serem assim tão taxativas, o mundo vem ao nosso encontro. Não me imagino a fazer outra coisa. Amo muito o que faço.
[CP]: O sector da informação atravessa um período particularmente difícil. Ainda é uma profissão em que vale a pena investir?
[CR]: Essa é uma decisão individual. É verdade que o jornalismo é um mundo extremamente complicado. Os órgãos de comunicação social estão a atravessar uma tremenda crise no país. O trabalho é muito precário, com salários extremamente baixos. No entanto, se a pessoa realmente gosta do que faz, acredito que consiga superar essas dificuldades. Será fácil? Não. Não vão começar logo como apresentadores ou a cobrir grandes eventos. Vão começar a fazer um pouco de tudo, o que é bom pois dá-lhes polivalência, mas terão que percorrer um caminho difícil. A grande maioria das redacções paga pouco mais do que o salário mínimo nacional. Portanto, é uma luta difícil e demorada, e não é exactamente atraente para quem sai da universidade e começa a trabalhar com perspectivas de futuro não tão animadoras. No entanto, isso não significa que seja assim para o resto da vida.
[CP]: É fácil conciliar a profissão com a vida pessoal?
[CR]: Não é fácil na medida em que não há horários. É preciso ter disponibilidade e um certo espírito de missão. Podemos ser chamados a qualquer momento. Há mais dias complicados do que fáceis, mas são os dias mais difíceis que me dão mais satisfação. Não é uma profissão para quem deseje ter uma vida regrada ou mais organizada.
[CP]: Esteve recentemente a cobrir a guerra na Ucrânia. Voltou a mesma pessoa?
[CR]: Acho que voltei mais enriquecida e madura.
É uma realidade que marca muito, apesar de termos momentos difíceis durante o trabalho, ao final do dia, voltamos para casa e estamos aqui, confortáveis. Em cenários de guerra, vivemos todas essas emoções e trazemos, sobretudo, essa vivência, mesmo que não estejamos lá 24 horas por dia, 12 meses por ano. Voltei com uma visão mais ampla do mundo, com um enriquecimento profissional e também com uma maior tolerância em relação às coisas. Não me aborreço com tanta facilidade agora.
[CP]: Como é que foi estar num cenário de guerra?
[CR]: Não foi a primeira vez que estive num cenário destes. Quando vamos para este tipo de trabalho, precisamos de mudar o modo de pensar. Vou preparada para o que vou ouvir, para o que vou ver, é uma forma de defesa. Temos que estar extremamente focados e atentos ao que nos rodeia. Há sempre o som das explosões e da artilharia do fogo cruzado. Às vezes mais perto, outras vezes mais distante, mas habituamo-nos. As pessoas que vivem lá também se habituaram, mas isso não significa que gostem.
[CP]: Quando se está num palco destes conse- www.campeaoprovincias.pt/pdf/campeaodigital.pdf
QUINTA-FEIRA, 27 DE ABRIL 2023
DISTRIBUIÇÃO DOS MÉDICOS EM PORTUGAL: 1) Coimbra, Porto e Lisboa concentram 61% de todos os médicos em exercício em Portugal; 2) Braga, Santarém e Leiria são os distritos com menor quantidade de médicos por cada mil habitantes; 3) Apenas 1 em cada 3 médicos trabalha em hospitais do SNS; 4) 39% dos médicos em Portugal não têm especialidade.
CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS www.campeaoprovincias.pt
27 De Abril De 2023
Actualidade Anivers Rio Campe O 23 Anos
“Gosto de trabalhar nestes ambientes. São extremamente difíceis, mas é lá que me supero”, afirma Carla Rodrigues gue-se manter a isenção?
[CR]: Nós somos educados com certos parâmetros, temos os nossos valores, temos as nossas regras, portanto, carregamos isso connosco, somos seres humanos. Antes de sermos jornalistas, somos seres humanos. Não sei se fui parcial ou não. A verdade é que sou influenciada, por tudo o que carrego dentro de mim. O que faço é relatar, observar e explicar factualmente o que estou a ver, citando sempre, e então cada um pode tirar as suas conclusões. Ser 100% im-
PUBLICIDADE parcial é impossível.
[CP]: Quando e como é que a guerra na Ucrânia vai terminar?
[CR]: Não faço ideia nenhuma. Parece-me que vai durar. E vai durar até que a Rússia assim o entenda. A Rússia tem um dos maiores exércitos do mundo apesar de, enfim, não estar a ter ganhos significativos na Ucrânia. A sua aviação é das mais poderosas a nível mundial. A Ucrânia tem essa consciência. A aviação é capaz de passar por uma zona e destruir tudo, e a Ucrânia não tem essa essa capacidade. Eu penso que conflito ir-se-á manter até a Rússia entender que deve estar ou sentir que pode estar. Não vejo o Vladimir Putin a desistir.
[CP]: A diplomacia poderá funcionar?
[CR]: Isto é política e em todas as guerras, foi a política que prevaleceu. Existem dois tempos muito distintos. O momento actual é o tempo de vida e morte nas trincheiras, um tempo imediato, minuto a minuto ou segundo a segundo, para ambos os lados, tanto na Rússia quanto na Ucrânia. E depois há o tempo da diplomacia, que é o tempo da política, e esse tempo exige o seu espaço. Trata-se de questões extremamente delicadas e sensíveis. É a política que irá determinar o fim deste conflito. Agora, o que é necessário para que isso termine? É preciso vontade. dos jornais, rádio e televisão nos dispensa? O mundo está hoje dividido nesta discussão.
[CP]: Se a ocasião se proporcionar, admite voltar?
Há - felizmente a maior parte, se assim se poderá dizer - quem ache que os jornais e todos os meios tradicionais continuam a fazer todo o sentido e não deixarão de o ter enquanto garantes do tal rigor que a deontologia e a ética informativa não dispensam e que está a cargo dos verdadeiros jornalistas, devidamente credenciados. Outros entendem que a vida moderna não se compadece com esses rigores e exigências e o que importa é passar a mensagem. Mais ou menos truncada pouco importa. Apesar desse risco, é mais rápida, fluida, chega a todo o lado num abrir e fechar de olhos, tem a força de pôr o mundo - e todo o mundo - em movimento a favor de uma causa.
“Voltei com uma visão mais ampla do mundo”
[CR]: Claro que sim, não digo já, porque também preciso de um espaço para ganhar fôlego e também para dar alguma paz de espírito aos meus, para não estar sempre a apanhar o avião e a dizer que vou para zonas complicadas. Mas sim, estou sempre pronta para voltar para esses sítios. Gosto de trabalhar nesses ambientes. São ambientes que me desafiam muito, são extremamente difíceis. É lá que sinto que me supero.
Como Jornal tradicional que somos, está bom de ver de que lado estamos. Mas não é isso que interessa aos leitores. O que está em cima da mesa é uma questão muito séria: deve a sociedade contemporânea continuar a cultivar a informação de rigor e de verdade, eticamente suportada nos valores civilizacionais enquanto pilares da vida em comum ou poderá essa mesma sociedade sentir-se remediada e suficientemente servida, mesmo sacrificando um quanto de verdade e de rigor, outro tanto do cultivo de valores que o mundo que nos trouxe até aqui considera estruturantes e por isso mesmo indispensáveis?
É tempo de trazer esta discussão à mesa das nossas preocupações cívicas e culturais. O “Campeão” dá aqui um modesto contributo enquanto Jornal mas fá-lo com quem tem pensamento próprio, estruturado, ousado e destemido. Foi e será sempre com gente deste calibre que o mundo lança as amarras do seu próprio futuro. Lino Vinhal
QUINTA-FEIRA, 27 DE ABRIL 2023
Anivers Rio Campe O 23 Anos Factos 6 27 De Abril De 2023
MERCADO D. PEDRO V EM COIMBRA COM 15 NOVOS LOCAIS DE VENDA
O Mercado Municipal D. Pedro V, em Coimbra, tem agora 15 locais de venda concessionados pela Câmara Municipal de Coimbra. Dos 63 espaços que estavam em licitação na hasta pública foram concessionados 15 (13 lojas e duas bancas). Os locais de venda que ficaram por atribuir serão alvo de “novo procedimento em data e hora a divulgar oportunamente, no último trimestre do ano”, referiu a autarquia. No procedimento, ficaram ocupadas 13 das 20 lojas que estavam em hasta pública destinadas a comércio de vestuário, talho, mercearia ou garrafeira, venda de flores e plantas e produtos gourmet. Foram também concessionadas duas bancas destinadas a produtos hortícolas. “Foi dado mais um passo firme e seguro no caminho árduo, mas desafiante, de revitalização deste espaço de excelência da nossa cidade”, salienta o vereador Miguel Fonseca, com o pelouro dos mercados municipais. Ao todo, já foram concessionados 47 espaços de venda.
Ludoteca Da Apcc Vai Reabrir E J Est A Receber Inscri Es
A Ludoteca “O Dragão Brincalhão”, da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), reabre ao fim de três anos e já está a receber inscrições para grupos de crianças de jardins-de-infância e escolas do 1.º ciclo do ensino básico. A nova dinâmica daquele espaço – que existe para promover a igualdade de oportunidades e o direito a brincar – chama-se “Bruxedos, Feitiçarias e outras Tropelias” e propõe-se levar os mais novos numa viagem ao mundo imaginário das bruxas e dos feiticeiros. As inscrições, exclusivamente para jardins-de-infância e escolas do 1.º ciclo, podem ser feitas através do formulário disponibilizado em https:// bit.ly/LudotecaAPCC2023. As sessões têm uma duração máxima de duas horas e decorrem às terças e quintas-feiras, a partir das 9h30 ou das 14h30, podendo o horário ser acertado com a equipa da Ludoteca após a inscrição. A Ludoteca “O Dragão Brincalhão” está aberta a crianças com e sem deficiência, da APCC ou da comunidade em geral, e já ali foram abordados temas como o espaço, o fundo do mar ou o Pólo Norte.
BIBLIOTECA MUNICIPAL DE COIMBRA RECOLHEU 650 LIVROS PARA TIMOR-LESTE
A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) angariou um total de cerca de 650 livros através de uma campanha solidária de recolha de livros para Timor-Leste do projecto Sri Chinmoy Oneness-Home Peace Run. A campanha, que decorreu até meados de Abril, na Biblioteca Municipal, levou a população a doar livros, em bom
Facto Da Semana
LUGRADE: INCÊNDIO MOSTROU A COIMBRA QUE ESTÁ ALI UMA GRANDE EMPRESA DE GENTE DE BEM
A Lugrade nasceu para ser grande. Grande em tudo, a começar pela dimensão humana de quem a concebeu e fundou. Grande no acerto da escolha da sua actividade, dedicando-se a um sector de mercado que poucos sabiam e sabem trabalhar. Grande na forma como se posicionou no mundo do trabalho, conciliando na perfeição a sua actividade com um relacionamento com o mundo exterior assente na amizade, na consideração, no envolvimento na vida colectiva e assim criando um mundo afectivo que cedo lhe granjeou estima e consideração colectivas. Grande no êxito que vem conseguindo de ano para ano. Na forma como vem crescendo em pessoas e espaços. Discreta e serenamente, a Lugrade vem-se afirmando como uma das grandes empresas da região e do país no sector do tratamento e venda do bacalhau. Pela mão de uma estrutura familiar assente na esposa (Odete Lucas) e nos dois filhos (Joselito Lucas e Vítor Lucas), o saudoso Alfredo Lucas fez daquela unidade a sua grande razão de vida, superiormente continuada pela família. Tão superiormente que há três ou quatro anos apanhou Coimbra de surpresa quando, com invulgar perspicácia, comprou as antigas e imensas instalações da Triunfo na Pedrulha, com o objectivo dali partir para recuperar uma zona que já foi um dos orgulhos da Coimbra empresarial. Grande a Lugrade, até no incêndio que haveria de destruir na semana passada as suas enormes e novas instalações de Torres de Vilela, caídas pela força das chamas que, surgidas num princípio de noite, haveriam de se reacender e propagar covarde e silenciosamente durante a noite e madrugada, para horas depois desmoronarem por completo toda a estrutura. Se grande em tudo, até na desgraça, a Lugrade soube ser enorme quando a sua primeira reac- estado de conservação, entre elas muitos clássicos, livros infantis e educativos, enciclopédias, entre outras, que vão ser agora enviados para Díli, cidade geminada com Coimbra. Esta iniciativa teve como objectivo colmatar a escassez de livros em língua portuguesa existentes nas bibliotecas timorenses, bem como criar bibliotecas para promover a aprendizagem e o desenvolvimento da língua portuguesa e incutir o gosto pela leitura. Os livros foram entregues pela Chefe de Divisão de Bibliotecas e Arquivos Históricos da CMC, Dina Sousa – acompanhada pela equipa da Biblioteca Municipal, e pela Chefe do Gabinete de Relações Institucionais e Internacionais da autarquia, Joana Gouveia Loureiro, a Florbela Caniceiro, coordenadora nacional do projeto solidário Sri Chinmoy Oneness-Home Peace Run, que tratará agora do seu envio para Timor-Leste.
ESCOLA DE HOTELARIA DE COIMBRA
COM CANDIDATURAS ABERTAS PARA
NOVO ANO LECTIVO
A Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra (EHTC) tem a decorrer o período de candidaturas correspondentes aos cursos para o ano lectivo 2023/2024, sendo que ção não foi de desânimo mas de coragem e dimensão humana: “daqui ninguém sai, nem um só trabalhador vai ficar sem emprego, ninguém vai ficar sem trabalho, e trabalho haverá para quem mais vier”. Dizer isto quando a estrutura física e recente da empresa dos nossos sonhos acaba de ruir, quando os cacos caídos ainda fumegam, dizer isto naqueles tão sofridos momentos, é de homens, é de líderes, é de uma dimensão ética, humana e empreendedora a que só chegam os eleitos em mérito e trabalho. Mais ainda quando estes eleitos são os mesmos que, no recato da sua forma de estar na vida, e na discrição que a sua formação lhes recomenda, fazem chegar à Casa dos Pobres de Coimbra e outras instituições aquela espécie de peixe que custa bom dinheiro e que só acede à mesa dos pobres e carenciados se e quando levada na cesta da generosidade. E com tal discrição o fazem que foi preciso um incêndio de grandes dimensões para que todo o mundo se tenha dado conta que as chamas tudo consomem menos a superioridade moral de algumas pessoas. até 19 de Junho é para os cursos de nível 4 e On-The-Job e até 14 de Julho para os cursos de nível 5. Os cursos leccionados no ano lectivo 2023/2024 serão: Cursos de Especialização Tecnológica | Nível 5 (Acesso com 12.º Ano ou Ensino Superior, 12 meses de duração, com três meses em estágio) Turismo Cultural e do Património | Turismo de Natureza e Aventura | Gestão Hoteleira Alojamento | Gestão de Restauração e Bebidas | Gestão e Produção de Cozinha; Cursos de Formação Inicial | Nível 4 (Dupla Certificação, diploma 12.º Ano + Certificado de Curso Profissional) Técnico/a de Alojamento Hoteleiro (nova oferta) | Técnico/a de Restaurante/Bar | Técnico/a de Cozinha/Pastelaria (candidatos com idade até 25 anos e escolaridade igual ou superior ao 9.º ano) Técnicas de Cozinha/ Pastelaria On-The-Job | Técnicas de Serviço de Restauração e Bebidas On-The-Job (candidatos com escolaridade igual ou superior ao 11.º ano, um ano lectivo, regime de alternância entre a escola e as empresas, três meses de estágio). As candidaturas às Escolas do Turismo de Portugal, através de um processo exclusivamente online e gratuito, deverão ser efectuadas através do website das Escolas do Turismo de Portugal.