MEMÓRIAS DA GUERRA EM TEMPOS DE PAZ
HOMENS NA GUERRA - MULHERES NO QUARTEL Devido às difíceis condições de vida na região de Montemor-o-Novo, os bombeiros, tal como uma grande parte da população nos finais dos anos 50, emigravam para as zonas industriais de Lisboa e Setúbal, assim como para o estrangeiro, havendo uma diminuição do número de homens na Corporação. Devido à guerra colonial, sentiu-se o agravamento da falta de disponibilidade de soldados da paz durante a década de 60, prolongando-se esta situação até 1974. Teresa Fonseca, na publicação comemorativa dos 75 anos da Associação dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Novo, em 2005, refere que: “Em 1967, a carência de bombeiros era já um fenómeno generalizado e como tal sentido “de um modo geral pelas outras Associações”. Em 1961, a Liga dos Bombeiros Portugueses defendia, em editorial do seu Boletim, a dispensa de mobilização dos soldados da paz para o Ultramar por fazerem parte preponderante e essencial da Defesa Civil do Território”, contribuindo a sua saída para “desarticular um dispositivo de defesa tão importante para a economia nacional e para a segurança da população”. E ao longo dos anos ia denunciando as dificuldades sentidas por estas associações humanitárias, em virtude do recrutamento sistemático dos seus homens (...) Na corporação montemorense, cujo quadro compreendia 45 homens, havia em 1963, 8 vagas. (...). Uma das soluções frequentemente apontadas para minimizar o problema era o recrutamento de pessoal feminino. E embora as suas funções, estabelecidas no decreto nº 35.857, se limitassem aos serviços de enfermagem, condução de viaturas, cantinas e secretaria, podiam desenvolver nestas áreas uma valiosa actividade, libertando os colegas para outras operações. Neste contexto a Direcção da Associação, perante “a dificuldade cada vez maior de recrutamento de pessoal”, deliberou, em 1971, a criação do Corpo Auxiliar Feminino, para o qual já possuíam vários requerimentos de candidatas.” 1 Maria Fernanda Baptista Pereira conta-nos algumas destas experiências. “Por essa altura, a pedido do Presidente da Direção da Associação dos Bombeiros Voluntários, Benigno de Almeida Faria, organizei e dirigi o Corpo Auxiliar Feminino. 1 Associação dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Novo (1930-2005), Coordenação Teresa Fonseca, Edições Colibri, pág.67