Canguru | BH | Agosto de 2016 | Número 11

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Criando filhos em BH

www.cangurubh.com.br | ago 2016 | nยบ 11

E XE M P LAR G RAT U I TO PARA E SCO LAS PARCE I RAS

O QUE SE PASSA DENTRO DESSA

cabecinha?

Como funciona a mente dos pequenos e o que os pais podem fazer para estimular o

desenvolvimento cerebral dos filhos

Especial Pais: DICAS DE PRESENTES + FILMES PARA VER EM

FAMร LIA + HOMENS QUE LEVANTAM A BANDEIRA DA PATERNIDADE




4nesta edição

seções

6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 40 46 48 49 50 51 52 54

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Primeiras palavras Nossos leitores www.cangurubh.com.br Missão Instagram Eles dizem cada coisa Canguru viu e curtiu Corrente do bem Mundo Kids Moda Comprinhas História de pai, por Márcio Patrus

Julia Macedo, de 12 anos, fundadora da ONG Lacre do Bem: em três anos, ela doou 92 cadeiras de rodas e reciclou 8 toneladas de alumínio

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Viagens, modo de usar, por Luís Giffoni Para ler com seu filho, por Leo Cunha Na Pracinha, por Flávia Pellegrini e Miriam Barreto Padecendo no Paraíso, por Bebel Soares e Tetê Carneiro Artigo, por Ana Gabriela Souza Lemos Artigo, por Maria Aparecida de Faria Grossi Crônica, por Cris Guerra

O cérebro de uma criança de 1 ano chega a atingir o dobro de sinapses do de um adulto. Aprenda a estimular esse órgão ainda mais

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Reportagens

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Educação | Livros só com imagens ajudam a despertar o interesse pela leitura Comportamento | Entenda o funcionamento do cérebro dos pequenos e saiba como estimulá-lo Família | Os homens que reivindicam, ao lado das mulheres, o protagonismo na criação dos filhos Cinema | Sugestões de filmes para reunir a garotada e os adultos neste mês dos pais Teste | Descubra se suas atitudes do dia a dia contribuem para perpetuar estereótipos machistas

Bruno Santiago e o pequeno Samuel, de 2 anos e 10 meses: ele criou o blog "Pai tem que fazer de tudo" para incentivar o protagonismo paterno

Nossa capa Mariana, de 3 anos, é filha de Juliana Amaral de Azevedo e Emerson Ferreira Hilário. FOTO: Gustavo Andrade


boulevardshopping.com.br

o i d e t o Aqui . A d n e virA l

Todos os domingos de agosto, das 16h às 17h30, no Piso 3, próximo à Morana.

dia 7

dia 14

dia 21

dia 28

Contação de histórias: Boto, Saci e Iara

Oficina de lembrancinha para os pais: pintura em tela

Contação de histórias: Curupira, Boitatá e Mula sem Cabeça

Oficina de sucata

Av. dos Andradas, 3.000 | Bairro Santa Efigênia | 31 2538-7438/7439


FOTO: GUSTAVO ANDRADE

4primeiras palavras

Quatro exemplos SEGUNDO O GOOGLE Analytics, a ferramenta que traduz em estatísticas quem é o público-leitor da Canguru na internet, estamos falando basicamente com mães: 84% dos que acessam nossos conteúdos são mulheres. O número é apenas mais um retrato de uma sociedade na qual a criação dos filhos é tarefa predominantemente feminina. Elas são maioria na sala de espera dos pediatras, na porta das escolas, nas reuniões de pais e mestres. Nem precisávamos do software da Google para saber. Mas aqui na Canguru temos outro termômetro que não pode ser ignorado: a atuação contagiante de um grupo de homens na contramão das estatísticas, reivindicando o direito de ser tão atuante quanto a esposa no que diz respeito aos cuidados com os pequenos. Tenho a felicidade de conhecer muitos desses pais que não se acomodam no papel de meros coadjuvantes. A começar pelo meu marido, Eduardo. É ele quem enfrenta todos os dias a maratona em frente ao Colégio Santo Antônio. Lá, onde nossos filhos estudam, ele conhece tudo e todos. Eu sou visita. Estaria mentindo se dissesse que o Eduardo divide igualmente comigo as obrigações em relação às crianças. A verdade é que ele faz mais do que eu — e faz melhor muitas coisas. Entra de cabeça nas fantasias do Pedro e do Gabriel como eu não sei fazer. E tem uma paciência para envolver os meninos na produção dos trabalhos pedidos pela escola que jamais consegui ter. Nesta edição de agosto, estamos dando voz a pais como o Eduardo, que se orgulha de viver intensamente a paternidade. O administrador Fernando Dias é um dos entrevistados. Ele é fundador do curso Vou Ser Pai, sob medida para papais de primeira viagem, e anda ensinando homens do país inteiro a curar umbigo, trocar fralda e dar banho. Neste mês, estreia também como blogueiro da Canguru. Não tente marcar uma reunião de negócios nas tardes de segunda com o empresário Márcio Patrus, autor da coluna “História de Pai” que substitui, nesta edição, a “História de Mãe”. Atualmente, é dele, por opção, a responsabilidade de cuidar dos três filhos em casa às segundas-feiras. Bruno Santiago, idealizador do movimento Pai Tem que Fazer de Tudo, é outro pai cuja história está registrada. No próximo dia 20, no Teatro Icbeu, ele promoverá o primeiro encontro do grupo para uma série de palestras relacionadas à criação dos filhos. “Juntos podemos mudar o mundo”, costuma dizer Bruno a seus seguidores nas redes sociais. O publicitário tem razão: são pequenas iniciativas individuais que, somadas, provocam grandes revoluções nos costumes. Para pais como o Eduardo, o Fernando, o Márcio e o Bruno, minha mais profunda admiração. Homens como vocês vão mudar o mundo para os nossos filhos — e para melhor.

Ivana Moreira, DIRETORA DE REDAÇÃO ivana@cangurubh.com.br

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Ivana e os filhos Gabriel e Pedro


DIRETOR EXECUTIVO: Eduardo Ferrari DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Ivana Moreira

www.cangurubh.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO: Ivana Moreira EDITORA: Cristina Castro EDITORA DE ARTE: Christina Castilho PROJETO GRÁFICO: Christina Castilho (Mondana:IB) REPÓRTER: Rafaela Matias ESTAGIÁRIA: Daniele Franco COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Cris Guerra, Isabella

Grossi, Leo Cunha, Luís Giffoni, Sabrina Abreu FOTÓGRAFOS: Gustavo Andrade REVISORA: Shirley Souza Sodré

COORDENADORA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL: Camila Capone ANALISTA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL:

Juliane Ferreira

ATENDIMENTO AO LEITOR: Gabriela Linhares GERENTE COMERCIAL E ADMINISTRATIVA: Suellen Moura ASSISTENTE COMERCIAL E ADMINISTRATIVA: Laura Ramos

A Canguru é uma publicação mensal da Scrittore Comunicação e Editora Ltda. CNPJ 12243254/0001-10, Rua Alberto Bressane, 223, Belo Horizonte/MG, CEP 30240-470 TIRAGEM: 25 000 exemplares IMPRESSÃO: Log&Print Gráfica e Logística S.A. DISTRIBUIÇÃO: VIP BH

Gratuita na rede de escolas parceiras*.

* Instituições particulares de educação infantil que se encarregam de enviar a revista aos pais de seus alunos na mochila dos estudantes. A relação das escolas parceiras pode ser consultada por anunciantes.

PARA ANUNCIAR Suellen Moura: (31) 3656-7818 . (31) 98651-2047 suellen@cangurubh.com.br PARA FALAR COM A REDAÇÃO: mande e-mail para redacao@cangurubh.com.br ENDEREÇO: Rua Rio Grande do Norte, 867 — sala 901, Savassi, Belo Horizonte — MG — CEP 30130-135. (31) 3656-7818 Artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da revista e de seus responsáveis.

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Canguru Sou psicóloga e psicoterapeuta cognitivo-comportamental. Conheci a revista através do consultório da doutora Marli Marra, neuropediatra e vizinha de sala. Atendo crianças, adolescentes e pais, e os conteúdos apresentados na revista me ajudam na estratégia de psicoeducação dentro terapia cognitivo-comportamental. — Valéria Corrêa Eu fui na sessão exclusiva da exposição Império Romano para leitores da Canguru e foi ótimo! Aproveito para registrar meus elogios à revista, que sempre organiza e/ou está envolvida em eventos fantásticos, ajudando-nos a criar nossos filhos

com mais cultura e conhecimento. — Juliana Milhorato de Araújo

Família

I Seminário Canguru para Educadores

Meus filhos Rafael, de 7 anos, e Giovanna, de 3, estamparam a capa da revista do mês de julho (“Quando a minha casa é um ringue”). Todo mundo achou linda a foto. Eles ficaram muito felizes. Como brigam com certa frequência, eu procuro sempre aprender a educá-los da melhor forma. Depois que saiu a matéria, falei: “Vocês viram, filhos, que legal vocês na capa da revista? Vocês sabem sobre o que trata a matéria?” Expliquei que era sobre brigas entre irmãos e disse que da próxima vez queria vê-los participando de uma matéria sobre o amor entre irmãos. Então, à noite, quando o pai deles chegou do trabalho, o Rafael foi logo falando: “Papai, na próxima revista que a gente sair, a matéria será sobre amor entre irmãos”. Demais esse menino, né? Um abraço à equipe! — Vanessa Rayol

Fiquei bem surpresa com o nível do evento. Não que a Canguru não seja capaz, mas a diversidade de temas e informações novinhas superaram as expectativas. Venho participando de encontros na área da educação e muito do que se diz, infelizmente, não é novidade. Parabéns também pela organização. Amei! — Kênia Cristina Ferreira dos Santos, coordenadora pedagógica de educação infantil do Sistema Lamaxi de Ensino Temas pertinentes, palestrantes preparados, organização impecável. Parabéns pela iniciativa. Agora, muita expectativa para os próximos eventos. — Aline Jacometti O I Seminário Canguru para Educadores foi muito proveitoso e organizado. Temas relevantes e palestrantes competentes. Gostei especialmente das dicas sobre como auxiliar os pais a estudarem com os filhos e a orientarem na realização do dever de casa. — Christiane Márcia Honorato, coordenadora e orientadora do 1º ano do ensino fundamental do Colégio Batista Mineiro

Cris Guerra Ótima a crônica “Desenhando um mundo sem machismo”. Temos de começar por nós mesmos. — Aline Silva

FALE COM A CANGURU Entre em contato por e-mail: redacao@cangurubh.com.br ou deixe um comentário em nossas redes sociais.


NOVOS ENCONTROS O Governo de Minas Gerais semeia cidadania e as famílias do campo colhem desenvolvimento e qualidade de vida. O Governo de Minas Gerais criou o Novos Encontros para melhorar a vida das famílias do campo. Com a participação de diversos órgãos públicos e entidades atuando em parceria, um conjunto de programas e ações está promovendo a cidadania para gerar oportunidades, respeitando a diversidade, as riquezas e as culturas locais. É assim que a vida no campo vai ao encontro de uma nova realidade, com mais dignidade e qualidade de vida.

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• Geração de renda

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• Qualificação para melhorar a produção

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• Água e luz para as famílias

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• Acesso a serviços públicos

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encontro

Papo de pai Canguru vai reunir homens que participam da criação dos filhos A CANGURU EXIBIRÁ no fim do mês de agosto, em seu canal no YouTube, um programa sobre o papel dos homens na vida dos filhos. Vamos ouvir especialistas e também contar histórias inspiradoras de pais que não se acomodam no papel de coadjuvantes e compartilham com as mães, de igual para igual, a missão de educar as crianças. Para a produção do vídeo, vamos promover um bate-papo de papais que vêm fazendo a diferença na vida dos próprios filhos. O encontro, que será mediado pela diretora de redação, Ivana Moreira, terá como convidados os quatro pais citados por ela na seção “Primeiras Palavras”, na página 6 desta edição: nossos blogueiros Eduardo Ferrari, Fernando Dias, Bruno Santiago e o autor da seção “História de Pai”, Márcio Patrus. Temos certeza de que será uma conversa instigante. Quem quiser assistir à gravação, contribuir com depoimentos ou fazer perguntas a esses pais — além de concorrer ao sorteio de brindes dos nossos patrocinadores — pode garantir seu lugar na plateia. O Papo de Pai será realizado no Anfiteatro do Pátio Savassi, no dia 13, às 10h30. As vagas são limitadas.

promoção

Programa para pais e filhos NESTE MÊS DE agosto, nossa promoção é para os pais. Existe presente melhor do que um fim de semana longe da rotina, só para descansar e se divertir com a família? Seria ótimo se todos os nossos leitores pudessem ganhar a oportunidade de viver momentos assim com os filhos. Não dá para atender a todos, mas um vai levar o nosso presente. Vamos sortear um fim semana no resort Tauá, com pensão completa e direito a três acompanhantes (um adulto e duas crianças no mesmo quarto). Só valem inscrições feitas em nome dos pais, mas elas podem ser feitas pelas mamães em nome dos pais de seus filhos. Confira as regras desta promoção no cangurubh.com.br.

estreia

Novos blogueiros no ar Compartilhar experiências sobre a criação dos filhos é uma das missões da Canguru. Por isso estamos muito orgulhosos de poder ampliar nosso espaço para blogueiros. Ao longo do mês de agosto, vão estrear no nosso site a jornalista Mariana Rosa, o administrador Fernando Dias e a publicitária Adriana Goulart. A primeira a chegar é Mariana Rosa (foto), no dia 1º. Autora do blog Diário da Mãe da Alice, a jornalis[1] ta vem emocionando milhares de internautas desde que começou a compartilhar as vivências de sua maternidade atípica. Bem-vindos, Mariana, Fernando e Adriana!

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NA CBN Às terças

e quintas, às 10h40, acompanhe ao vivo o boletim Canguru: criando filhos em BH. Todos os áudios estão disponíveis no portal cangurubh.com.br.


Todos os meses, a Canguru promove seminários gratuitos sobre temas relacionados à educação dos filhos. Fique atento à programação dos próximos eventos.

palestra

Como ser coach do seu filho? Alexandre Junqueira ensinará os pais como preparar as crianças para usarem o máximo do seu potencial O QUE DETERMINA a qualidade de vida do seu filho? Se você acredita que seja o ambiente onde ele nasceu ou a biografia de sua família, está enganado. Pelo menos é o que diz Alexandre Junqueira, coach de vida e negócios. Ele será o convidado do mês de agosto para o Encontro Canguru. “O que determina a qualidade de vida de uma pessoa são as suas decisões”, afirma ele. E é possível preparar as crianças para usarem o máximo do potencial nas escolhas que terão de fazer ao longo da vida. Na palestra “Como ser coach do seu filho?”, Alexandre ensinará os pais como usar o tripé foco, significado e fisiologia. O encontro será no dia 27 de agosto, sábado, às 10h30, no Anfiteatro do Pátio Savassi. O evento será gratuito, mas as vagas são limitadas. Para garantir sua inscrição, entre no cangurubh.com.br.

patrimônio

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FOTOS: DIVULGAÇÃO; [1] GUSTAVO ANDRADE; [2] DANIEL RAPOSO (CC BY-SA 4.0).

Pampulha para crianças

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[2]

O CONJUNTO ARQUITETÔNICO DA PAMPULHA, projetado na década de 40 por Oscar Niemeyer (1907-2012), a pedido do então prefeito Juscelino Kubitschek (19021976), agora é Patrimônio Cultural da Humanidade. O título foi concedido no último dia 17 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Além de ser merecidamente considerado uma obra-prima, o conjunto é repleto de atrações para todas as idades. Veja em www.cangurubh.com.br os melhores passeios para curtir com a criançada neste que, mais do que nunca, é um dos principais cartões-postais de Beagá. 刀攀愀氀椀稀愀漀


A Missão Instagram deste mês foi uma delícia. Mas, missão mesmo foi escolher as melhores fotos entre as tantas que usaram a marcação #cangurubh. Confira os melhores cliques em comemoração ao Dia dos Pais. @analurego clicou o papai Bruno todo feliz e orgulhoso ao lado do pequeno Alexandre, de apenas 2 meses.

De 1 ano e 5 meses, o Lucas não quer mais nada da vida a não ser andar de cavalinho com o Bruno. Esse registro de @renatateixeiradias não deixa dúvidas.

Próxima missão: Primavera! Dia 22 de setembro nos despedimos do inverno e damos as boas-vindas à primavera. Para celebrar a nova estação, compartilhe no Instagram uma foto de seus filhos com flores. Não se esqueça de usar a hashtag #cangurubh. Os melhores registros serão publicados na edição de setembro.

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FOTOS: REPRODUÇÃO INSTAGRAM

Olha a calma desses dois! Rafael tinha só 1 mês e meio quando @flahcarvalho fez esse registro no colo de Marcos.


A alegria de Edson e Benjamin, de 3 meses, ficou clara na foto de @lalalopes04.

TÃO BOM QUANTO DIVIDIR SONHOS COM O SEU PAI É COMPARTILHAR SABORES. Neste Dia dos Pais, surpreenda quem você tanto ama com as delícias do Fora do Comum. Preparamos um menu especial para você paparicar o seu pai e tornar este dia juntos inesquecível. PARA SABER MAIS, ENTRE EM CONTATO: (31) 3296-4168.

Segura essa menina, Samuel! A Cecília, de 3 anos, quase levantou voo, como mostra @malu_gontijo.

ENCOMENDAS ATÉ O DIA 11 DE AGOSTO.

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POR Rafaela

Matias

Mamãe, e uv em um ca ou morar ser a rain stelo. Vou ha vai ser o , meu pai você vai príncipe e ser o cav alo!

ELISA, 3 anos, filha de Gustavo Cambraia e Júlia Monteiro.

Deve ser muito ruim ficar sem mãe. Mãe é tão quentinha.

Eu tenho que levar milho para a festa daquela moça, a Junina!

JOÃO PEDRO, 6 anos, filho de Kener Wenceslau de Abreu e Andreza Lívia Andrade de Abreu. ELISA, 3 anos, filha de Homero Castro e Camila Castro, referindo-se às tradicionais quermesses.

Olha só quantas casas desconstruídas!

PIETRO, 4 anos, filho de Rodrigo Nogueira e Carla Pivoto, ao passar ao lado de uma ocupação na estrada para Caeté.

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Se seu filho também diz pérolas, envie a frase para o e-mail redacao@cangurubh.com.br.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

ÁLVARO, 4 anos, filho de Emerson Barbosa e Andréia Cristina Barbosa.

A minha mochila parece o Titanic de tão grande que é.


apresenta

Uma mudança nas normas de vacinação estabelecidas pelo Ministério da Saúde vai garantir mais proteção para as crianças contra a meningite meningocócica — doença causada pela bactéria Neisseria meningitidis, ou meningococo, e caracterizada por um processo inflamatório das meninges, que são membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. Agora, a vacina contra quatro subtipos mais comuns do meningococo, o A, C, W e Y, está liberada para bebês a partir de 2 meses de idade. Até então, a vacina meningocócica quadrivalente, como também é conhecida, só era aprovada para crianças acima de 1 ano. A meningite é causada, principalmente, a partir da infecção por vírus ou bactérias e a forma mais comum de contágio é o contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas. Por isso, crianças que passam longos períodos em ambientes fechados com grande aglomeração de pessoas, como creches ou escolas, estão mais expostas e correm maior risco de contrair a doença. “Como o sistema imunológico não está

completamente desenvolvido na infância, as crianças estão mais suscetíveis a infecções”, afirma o médico infectologista Adelino de Melo Freire Jr., gerente de vacinas do laboratório São Marcos e coordenador de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Felício Rocho. “É interessante que as vacinas sejam dadas nos primeiros meses de vida, quando o risco é maior.” Existem vacinas contra as três principais bactérias causadores da meningite: Pneumococo, Haemophilus e Meningococo. Para essa última, responsável pela maior parte dos casos, devem ser tomadas três doses iniciais da vacina quadrivalente ACWY, aos 3 meses de idade, aos 5 e aos 7 meses, e doses de reforço aos 12 meses, aos 5 anos e aos 11 anos. A vacina contra o subtipo B do meningococo, lançada no Brasil em 2015, também é feita em esquema semelhante. Somente a vacina contra o meningococo tipo C está disponível na rede pública de saúde. As demais, estão disponíveis na rede particular.

Você pode ter um campeão em casa Faça o exame de Aptidão Genética e descubra qual o esporte ideal para o seu filho. Para mais informações, consulte nossa central de atendimento.

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Responsável técnico: Dr. Cláudio M. M. Cerqueira - CRM MG 6888

FOTO: SHUTTERSTOCK

Mais proteção contra a meningite meningocócica


EDIÇÃO Camila

Capone

O QUE ESTÁ ROLANDO DE ÚTIL, DIVERTIDO OU CURIOSO NA WEB E NAS REDES SOCIAIS

Um relógio diferente

Roupinhas sem distinção de sexo

A empresa JOY, de São Francisco, está desenvolvendo o projeto de um relógio de pulso diferente com a ajuda de um site de financiamento coletivo. Trata-se do OCTOPUS, um reloginho que, além de ensinar os pequenos a ler as horas, estimula a autonomia das crianças com atividades programadas pelos pais, por meio de um app para celular. A ideia promete tornar mais divertidas tarefas antes consideradas maçantes, como escovar os dentes. Confira o vídeo que mostra como o Octopus funciona. Ou acesse bit.ly/RelogioOctopus

Nada de roupa rosa para meninas e roupa azul para meninos. Na Matiz, o conceito de roupas infantis vai muito além das “cores por sexo”. Com peças cheias de tons e formas, a loja trabalha, desde cedo, a ideia de educar, pregando a igualdade entre os sexos, em vez de acentuar as diferenças. Curtiu esse conceito? Conheça as roupas superfofas usando o nosso QR Code! Ou acesse bit.ly/matizroupinhas

Após descobrir que seu filho Benjamin mudou seu comportamento por sofrer bullying na escola, o australiano Galvin Scott Davis decidiu inventar uma história para reconfortá-lo. Assim surgiu a “DAISY CHAIN”, na qual Benjamin ajuda uma menininha chamada Bree Buttercup a combater o bullying, usando uma corrente de margaridas (sua flor predileta). Grupos anti-bullying na Austrália, Estados Unidos e Reino Unido transformaram a história em um curta-metragem, com narração da atriz Kate Winslet, para conscientizar crianças nas escolas. Assistam a essa singela obra-prima por meio de nosso QR Code! Ou acesse bit.ly/DaisyChainCurta

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IMAGENS: DIVULGAÇÃO

Um curta contra o bullying



POR Rafaela COLABOROU Daniele

Matias Franco

Feijoada do bem

Direitos da criança em pauta Em 1998, um grupo de jovens jornalistas se uniu para tentar melhorar a qualidade da informação produzida sobre crianças e adolescentes na capital mineira. Entendendo a mídia como formadora de opinião, eles criaram a ONG Oficina de Imagens, que promove, por meio de uma equipe multidisciplinar, trabalhos de capacitação e assessoria técnica a órgãos de proteção infantil, como os conselhos tutelares. A instituição também promove a formação de defensores dos direitos infantis e realiza projetos e oficinas em escolas das redes pública e privada, além de dar apoio de mídia em eventos relacionados à temática. Em seus dezoito anos de atuação, a organização já beneficiou cerca de 10 000 pessoas e se tornou referência em iniciativas para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes no país. Para ser um beneficiado ou ajudar a manter essa iniciativa, acesse www.oficinadeimagens.org.br.

Um dos pratos mais tradicionais da culinária brasileira ganhará um sabor especial no almoço do dia 21 de agosto. A 1ª Feijoada Beneficente do Projeto Assistencial Novo Céu, prevista para ser realizada na Casa de Festas Míriam Maia II, na região da Pampulha, vai arrecadar fundos para a instituição filantrópica, que abriga crianças, adolescentes e adultos com paralisia cerebral em situação de vulnerabilidade social. Para participar da festa e ajudar os beneficiados, é necessário adquirir a camisa personalizada, que será o convite para a entrada no evento. Os valores vão de 60 a 80 reais e incluem entrada, bufê de feijoada completa e sobremesa. As bebidas serão cobradas à parte. Informações e reservas pelo telefone 9.8868-6627.

[1]

Aos 9 anos, as preocupações da maior parte das crianças são estudar e brincar muito. Mas foi com essa idade que uma pequena belo-horizontina chamou atenção ao incluir em sua lista de prioridades algo que muitos adultos não conseguem praticar em sua vida: a ajuda ao próximo. Criadora da ONG Lacre do Bem, Julia Macedo, hoje com 12 anos, recolhe anéis de latinha para trocar por cadeiras de rodas, que, posteriormente, são doadas a instituições e pessoas carentes. E se engana quem pensa que essa é uma tarefa fácil. São necessários aproximadamente 385 000 lacres — o equivalente a 105 quilos — para cada cadeira. Ao longo dos três anos de projeto, Julia conseguiu doar 92 cadeiras de rodas e reciclar 8 toneladas de alumínio. E ela ainda pretende voar bem mais alto. “Tenho como meta atingir a marca de 150 cadeiras até 2017”, conta. Para ajudar a realizar este sonho, basta fazer a doação de lacres de alumínio nos pontos de coleta da ONG, instalados na praça de alimentação do ItaúPower Shopping.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO; [1] FREEIMAGES.COM.

Um pequeno grande coração


DE 15/ 7 A 14/8

R$ 150,00

A cada em compras, concorra a uma viagem para Itália com um acompanhante + visita ao Museu Ferrari + Test Drive*. Pague com Cartão Santander MasterCard® e ganhe cupons em dobro**.

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*Consulte o regulamento no local ou no site do shopping. Promoção válida de 15/07/2016 a 14/08/2016, apenas para compras realizadas nas lojas participantes do Minas Shopping. Certificado de Autorização SEAE/ MF Nº 06/0273/2016 **Válido para compras efetuadas integralmente com cartões Santander MasterCard®, mediante apresentação do cartão juntamente com a 2ª via do comprovante de compra e a nota fiscal.


POR Rafaela COLABOROU Daniele

Princesas, que nada A IDEIA DE que toda menina sonha em ser uma princesa, como aquelas frágeis figuras dos clássicos de animação, pode cair por terra. Isso se depender de uma iniciativa da cidade chilena de Iquique, por meio da Oficina de Proteção dos Direitos da Infância (OPD), apoiada pelo Serviço Nacional de Menores. Foi criada a OFICINA DE DESPRINCESAMENTO, voltada para meninas de 9 a 15 anos, que propõe uma reflexão sobre os papéis de gênero, utilizando uma linguagem acessível a crianças. O curso, oferecido na Casa de Cultura da cidade, promove debates, aulas de defesa pessoal, atividades manuais e até cantorias. Tudo com o objetivo de chamar a atenção das garotas para a força que cada uma carrega dentro de si, lembrando que nenhuma delas precisa, necessariamente, de um príncipe encantado para tornar sua vida completa. A proposta está fazendo sucesso por lá e pode ser que, em breve, a moda também pegue por aqui.

Para começar a biblioteca Que a leitura é importante ninguém tem dúvidas. Mas às vezes falta tempo, especialmente nos primeiros anos de vida da criança, para introduzir esse hábito. O clube de assinaturas PETITEBOOK, com livros para guris de 0 a 5 anos, dá uma ajudinha para os pais montarem a primeira biblioteca do pequeno leitor. As assinaturas custam a partir de R$ 49,90 por mês e existem opções de planos avulso, trimestral e semestral. Para montar as caixas, uma equipe de profissionais especializados seleciona livros de diferentes editoras, conteúdos e perfis, de acordo com a idade das crianças, e envia direto para o endereço registrado na assinatura. Os pedidos são feitos pelo site www.petitebook.com.br.

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Sabe a BCG? Aquela vacina contra tuberculose, que é um tanto dolorida e deve ser aplicada em crianças de 0 a 5 anos, preferencialmente no nascimento. Ela teve a eficácia questionada após dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde revelarem um aumen­ to de 49,4% no número de mortes causadas pela doença no ano passado, chegando a 251 óbitos em Minas. Segundo a médica Marilene Lucinda, especialista em vacinas, a BCG, obrigatória no país desde 1975, oferece cerca de 80% de eficácia contra as formas mais graves de tuberculose, mas não parece prevenir contra a infecção primária, que afeta os pulmões. Mesmo assim, ela ainda é a melhor forma de proteção e continua sendo indicada. “Nos últimos dez anos tivemos queda progressiva no número de casos no Brasil”, afirma. Um fato importante, que deve ser levado em conta para garantir a proteção, é que a vacina precisa deixar uma cicatriz para surtir efeito. Crianças que receberam a dose há mais de seis meses e não apresentam a marca devem ser revacinadas, sempre sob orientação médica. Veja abaixo a evolução da cicatriz: ›› Após duas semanas: pequena elevação avermelhada e dolorosa de 5 a 15 mm; ›› 3 a 4 semanas: pequena bolha com pus, evoluindo a crosta; ›› 4 a 5 semanas: úlcera de 4 a 10 mm de diâmetro; ›› 6 a 12 semanas: cicatriz de 4 a 7 mm.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

340 000

BEBÊS NASCEM PREMATUROS anualmente no Brasil, segundo estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Matias Franco


eu já fui

criança Bella Falconi Natural de Belo Horizonte, a musa fitness ficou famosa por exibir um abdômen trincado e defender um estilo de vida regado a muita salada e malhação. Quando pequena, uma de suas bebidas prediletas era iogurte, o que já mostrava a preferência por opções saudáveis. Embora seja referência de beleza para muitas moças, Bella possui uma antiga insegurança. Pouco antes de dar à luz sua primeira flha, Vicky, ela confessou torcer para que a pequena não puxasse suas orelhas.

Eduardo Costa Edson Vander da Costa Batista, mais conhecido como Eduardo Costa, nasceu na capital mineira em 1978. Primogênito do casal João Batista e Maria Raimunda da Costa, o cantor passou a infância em Abre Campo, na Zona da Mata mineira. Aos 8 anos, mudou-se com os pais e os dois irmãos para Santa Luzia, na região metropolitana de BH, onde conseguiu seu primeiro emprego. Apesar da pouca idade, vendia picolé, salgados e verduras de porta em porta.

Padre Fábio de Melo Muito popular nas redes sociais, o sacerdote católico nasceu em Formiga, no oeste mineiro, em 1971. Caçula de 8 irmãos, foi batizado como Fábio José de Melo Silva e morou em sua cidade natal até completar o ensino fundamental, quando se mudou para Lavras. Estudou filosofia em Brusque (SC) e teo­logia em Taubaté (SP). Também morou no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, antes retornar à cidade paulista, onde vive atualmente.=


4moda

A estação da elegância

Arthur veste CALÇA, R$ 129,90; CASACO, R$ 209,90; CAMISETA, R$ 99,90, da Bolha de Sabão. Avenida Coronel José Dias Bicalho, 964, Pampulha, tel.: 3441-5085. Isabela veste COLETE, R$ 309,00; BLUSA, R$ 161,00; CALÇA, R$ 149,00, da Flor do Dia. Rua Dom Silvério, 150, loja 7, Centro, Contagem, tel.: 3353-4555.

Que frio! A previsão feita no início de junho, de que o inverno de 2016 poderia ser o mais rigoroso dos últimos quatro anos, está se concretizando. Em Belo Horizonte, a sensação térmica já chegou aos 8 graus em junho e pode atingir temperaturas ainda mais baixas até o fim da estação, no dia 22 de setembro. O momento é ideal para aproveitar o friozinho e desfilar pelas ruas esbanjando estilo e personalidade, como Arthur Nascimento, de 8 anos, usando peças da loja Bolha de Sabão, e Isabela Schieber, também de 8, com roupas da loja Flor do Dia. POR Rafaela

[1]

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4educação

Muito além da imaginação Boa alternativa para despertar o interesse pela leitura, o livro-imagem atiça também a criatividade e ajuda no desenvolvimento da linguagem POR Isabella

Grossi

NÃO FAZ MUITO tempo, a ilustração era considerada um elemento decorativo que servia apenas para reforçar a mensagem escrita nos livros. Ou, em um contexto ainda mais simples, dar aquela coloridinha. Felizmente, as figuras ganharam autonomia e passaram a desempenhar um papel cada vez mais significativo nos contos infantojuvenis. “O livro-imagem é uma das coisas mais contemporâneas e adequadas para crianças pequenas, principalmente aquelas que não dominam o código verbal”, afirma a professora da faculdade de educação da UFMG, especialista em literatura infantil, Célia Abicalil Belmiro. “As imagens não apresentam o imediato, o que a criança vai identificar. E literatura não é para identificar nada, é para refletir, pensar, sentir, se constituir como um sujeito neste mundo”, complementa.

O número de expoentes da literatura visual vem crescendo à medida que o preconceito com os ilustradores diminui. “Antigamente, os editores não aceitavam muito que o ilustrador propusesse textos ou roteiros”, lembra a autora Mariângela Haddad, que lançou, em 2015, Minha Vó sem Meu Vô, seu primeiro livro-imagem, sobre a história de um casal de velhinhos que tem uma maneira singular de lidar com o Alzheimer. A trama se desenrola sob o ponto de vista de uma criança — embora ela não apareça —, que observa o avô cometendo birutices e a avó criando bilhetinhos para ilustrar a função de cada objeto. “Quando fizemos uma exposição desse livro num colégio, as crianças imediatamente começaram a falar sobre suas perdas”, lembra Mariângela. “O li-

IMAGENS: REPRODUÇÃO

MARIÂNGELA HADDAD

Minha Vó Sem Meu Vô, de Mariângela Haddad: a delicada história de um casal de velhinhos que tem uma maneira singular de lidar com o Alzheimer

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Bárbaro, de Renato Moriconi: monstros na saga de um guerreiro que sai em uma perigosa jornada

vro-imagem tem esse poder, o de despertar o que não é óbvio. Você não dá um final, mas insinua, provoca a criança, e ela vai procurar saber ou inventar.” A leitura de um livro-imagem é diferente da de um livro tradicional. “No livro com palavras, você vai pelos detalhes para depois compreender o panorama. No livro-imagem, não. É como se fosse um mapa”, compara o ilustrador Renato Moriconi, que, entre outros prêmios, recebeu o de Melhor LivroIma­gem pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), em 2011, por Telefone sem Fio, uma parceria com Ilan Brenman, e em 2014, por Bárbaro. Em Bárbaro, Moriconi narra a história de um guerreiro que sai numa perigosíssima jornada. “Não caberiam palavras, há surpresas que a imagem esconde até o final”, diz. “Eu uso elementos do universo infantil como inspiração, mas o processo também é construído para os adultos.” Engana-se quem acha que esse tipo de literatura seja descomplicada em comparação ao restante das produções. “O maior desafio é fazer com que a narrativa tenha continuidade visual, isto é, contar uma história, seja ela simples ou complexa”, pontua o artista plástico, designer, escritor e ilustrador Fernando Vilela, que já recebeu cinco Prêmios Jabuti e acaba de lançar Contêiner, uma história de perseguição em que um cachorro e um gato embarcam num navio e viajam pelo mundo. “Cada virar de página deve ser muito claro. Qualquer elemento a mais ou a menos pode interferir na história negativamente, confundindo o leitor”, arremata. Veja em www.cangurubh.com.br uma seleção dos melhores livros-imagem dos últimos dez anos, segundo a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

3 dicas para otimizar a leitura Por Célia Abicalil Belmiro NÃO COMPRE QUALQUER LIVRO-IMAGEM “Os pais acham que qualquer figura serve, mas isso não é verdade. Compre livros de qualidade, que tenham uma boa ilustração e que fujam da representação imediata do mundo. Deixe isso para o livro didático. A sequência de imagens evoca sentimentos que não são ditos e tem um nível de compreensão que pode levar a outras emoções.” LEIA O LIVRO E DEPOIS ENTREGUE-O AO PEQUENO “Não existe leitura certa. Existe leitura de adultos, de crianças e de experiência de leitor. Acredite que os pequenos são capazes de produzir sentido por eles mesmos, e deixe-os à vontade para interpretar. Se quiser estimular um ou outro aspecto, faça perguntas e comece um diálogo.” FACILITE O ACESSO “É papel dos pais inserir esse tipo de material na vida das crianças. Monte, portanto, uma biblioteca que dê altura para os pequenos. Você pode utilizar um caixote de feira, por exemplo. Depois, estimule o contato.” =

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4comportamento

? ĂŞ u q r o p

2+2 vamos colorir

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Uma máquina de

aprender

Entenda o funcionamento do cérebro na infância e como os estímulos externos contribuem para o desenvolvimento das crianças

FOTO: GUSTAVO ANDRADE

POR Rafaela

AQUELA SERENIDADE NO olhar dos bebês parece esconder o turbilhão de atividades que se desenvolve ali dentro, atrás dos globos oculares. A formação de novas sinapses — responsáveis por conectar um neurônio a outro, criando redes de atividades elétricas que permitem ao cérebro dar diferentes comandos ao corpo — acontece com uma frequência assustadoramente maior durante a infância, para possibilitar o reconhecimento do mundo ao redor e uma infinidade de aprendizados. O cérebro de um pequeno de apenas 1 ano chega a atingir o dobro de sinapses do de um adulto. É como um quadro em branco que começa a ganhar cores por meio da observação e do contato com o mundo ao redor. Basta observar como uma criança se põe a engatinhar, andar, explorar, reconhecer e se comunicar de maneira quase instintiva para perceber que são infinitas as possibilidades de aprender e gravar informações. Tudo isso graças à capacidade desse órgão, que consegue ser ainda mais extraordinário nos primeiros anos da vida. Alguns neurônios já nascem sabendo exatamente o que fazer, como aqueles responsáveis por controlar o ritmo cardíaco e a respiração. Outros, porém, precisam de estímulos que determinarão como devem proceder. Esse processo terá reflexos nas facilidades, gostos e aptidões que surgirão nos anos seguintes. Segundo o médico Carlos Takeuchi, vice-presidente da

Matias

Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil, isso ocorre naturalmente, mas os estímulos externos influenciam muito a velocidade de aquisição dessas capacidades. “O ato de brincar com a criança, apresentar texturas, objetos e cores são estímulos que facilitarão o desenvolvimento”, afirma. É aí que os pais e cuidadores assumem um papel importante. “Nos quatro primeiros anos de vida, o cérebro apresenta uma enorme capacidade de fazer ligações e diferenciações celulares, por isso quanto mais estímulos receber, melhor o aproveitamento”, explica a neuropediatra Marli Marra, presidente do Comitê de Neurologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria. O documentário brasileiro O Começo da Vida, que estreou em maio deste ano nos cinemas, propõe uma reflexão sobre a importância da infância no desenvolvimento do ser humano. O longa, dirigido por Estela Renner, reúne entrevistas com médicos e pesquisadores de diversos países, além de histórias de famílias ao redor do mundo. Professor na escola de medicina de Harvard, o neurocientista Charles A. Nelson afirma que “os primeiros anos são como construir a estrutura de uma casa. Você constrói a estrutura sobre a qual todo o resto se desenvolverá”. Nas páginas seguintes, será possível compreender melhor como se dá esse processo e quais são os estímulos certos para que, no final, a “casa” de nossos filhos esteja sobre alicerces realmente sólidos. 4

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O que se passa lá dentro O começo (0 a 1 ano) Ainda durante a gestação, o bebê começa a desenvolver habilidades como linguagem e raciocínio lógico. Dentro da barriga, já é capaz de ouvir sons e reagir à luz. Após o nascimento, nos primeiros meses de vida, surgem conexões nervosas nas chamadas regiões primárias do cérebro, que possibilitam a percepção, por exemplo, das formas de um objeto. Nos primeiros três meses, apresenta reflexos involuntários, como o de sucção, que permite a amamentação. Começa a firmar o pescoço, movimentando mais a cabeça, e descobre as próprias mãos. Já consegue fixar o olhar e sorrir socialmente, em resposta ao seu cuidador. Em torno dos 6 meses, é possível observar que a criança está mais atenta às pessoas e já consegue se sentar com apoio. O bebê aprende a se comunicar por meio do choro, não emitindo apenas gritos aleatórios. Aqui, é possível diferenciar, por exemplo, o choro de birra do de fome. Ele presta atenção à fala do cuidador e começa a agir como se conversasse, respondendo com balbucios e movimentos corporais. Aos 9 meses, começa a se sentar sem apoio e ficar na posição de engatinhar. A partir daí, surgem também as brincadeiras sociais e a pronúncia das primeiras sílabas e palavras.

PARA DAR UMA FORCINHA: uma boa forma de estimular os sentidos é conversar, contar histórias e pôr músicas para o bebê desde a gestação. Para o recém-nascido, é importante criar rotinas de alimentação, higiene e sono. Isso dá segurança e ajuda a criar uma noção de ordem. Massagear o pequeno desenvolve o tato e a capacidade afetiva. Brinquedos e objetos de cores vibrantes, como mordedores e chocalhos, são boas opções de estimulação. É interessante deixar o pequeno livre para se movimentar e ajudá-lo, progressivamente, a entender a posição para engatinhar e, depois, andar.

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Cuidado com as telas Para os especialistas, a exposição a aparelhos eletrônicos, como TVs e tablets, não é indicada antes dos 2 anos de idade. Para incentivar o desenvolvimento, são essenciais o contato, a atenção e a estimulação motora, cognitiva, visual e sensorial, fatores extremamente limitados no mundo virtual proporcionado pelas telas. Após os 2 anos, o tempo de exposição deve ser de, no máximo, duas horas por dia.


Reconhecimento do mundo (1 a 2 anos) Começa aqui a formação de sinapses nas áreas cerebrais secundárias, capazes de interpretar as informações com maior riqueza de detalhes. No lugar de formas, a criança passa a ver e identificar os objetos. O sentido da visão está mais aflorado. Ela passa a apontar para o objeto desejado, mesmo que esteja a distância. Identifica em si, no outro ou em bonecos, as partes do corpo e já reconhece o próprio rosto no espelho. Normalmente, começa a andar. É capaz de reconhecer lugares e rabisca espontaneamente. Descobre a função social dos brinquedos, fazendo, por exemplo, o animalzinho se locomover e produzir sons.

PARA DAR UMA FORCINHA: é importante estimular a criança a usar a linguagem, incentivando-a a pronunciar as primeiras palavras. Outra boa dica é estimular o desenvolvimento da coordenação motora fina, desenhando ou folheando livros e revistas, por exemplo. Como a capacidade lógica já está mais desenvolvida, é interessante dar ao pequeno, por meio de brincadeiras, noções de matemática como quantidade e volume.

Egocentrismo (2 a 3 anos) A criança passa a se perceber como o centro do mundo e busca chamar as atenções para si. Por isso, as birras são comuns nessa fase. Aumenta a sua capacidade de comentar e fazer perguntas sobre os objetos e as situações. A fala está mais desenvolvida, mas ainda há a repetição das palavras do adulto em várias ocasiões. Já começa a contar pequenas histórias e relatar eventos. A criança canta e pode recitar uma estrofe de versinhos. Também faz distinção de tempo (passado, presente e futuro), de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural). Já tenta copiar círculos e retas, além de construir uma torre com três ou quatro cubos. A percepção de profundidade está quase completa.

PARA DAR UMA FORCINHA: a capacidade de entender notas musicais já está mais avançada, por isso é um bom momento para apresentar instrumentos simples, como a flauta. Outra dica é ler livros de histórias e incentivar a criança a recontar os fatos por meio das figuras. Isso ajuda a elaborar melhor o raciocínio e verbalizar os pensamentos, além de fazer uma grande diferença em sua capacidade de aprender a língua e interpretar textos no futuro.

A fantasia (3 a 5 anos) A criança está mais imaginativa, devido ao desenvolvimento psicológico. É comum querer se fantasiar e simular situações. Está mais intensa a criação de novas sinapses no córtex pré-frontal, responsável por funções cognitivas mais elevadas. Ela consegue executar tarefas mais elaboradas, como usar talheres (de plástico, claro) nas refeições e compreender regras de comportamento. Começa a desenvolver autonomia.

PARA DAR UMA FORCINHA: introduzir livros com histórias mais complexas, incentivando a criança a usar a primeira pessoa, os gêneros masculino e feminino e outros recursos linguísticos, ajuda a preparar o cérebro para a fase da alfabetização. É um bom momento para introduzir o velotrol e, posteriormente, a bicicleta, que contribuem para o equilíbrio. 4 AG O S TO 2 0 1 6 .

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A fase da opinião (5 a 6 anos) Dá-se o surgimento de sinapses em áreas de associação, responsáveis por cruzar informações diversas no cérebro. Inicia-se a criação de pontos de convergência, e a criança passa a fazer associações com mais clareza. Ela começa a desenvolver as próprias opiniões e os comportamentos de imitação ficam menos evidentes.

PARA DAR UMA FORCINHA: recomenda-se que os pais respondam, dentro da capacidade de entendimento da criança, às perguntas feitas nesta fase. Esclarecer suas dúvidas e explicar o mundo serve como ajuda para que ela comece a tirar as próprias conclusões. É importante deixar que criança opine e faça escolhas, de forma a ensiná-la a definir as próprias roupas, por exemplo.

Alfabetização (+ de 6 anos) Aos 6 anos começa a complexa fase da alfabetização. A criança aprende a escrita, entende o alfabeto e passa a ter noções mais claras de matemática. Começa aqui a fase escolar que durará até a adolescência. O aprendizado mais teórico e profundo do mundo se inicia.

* Informações colhidas com base na cartilha de Diretrizes de Estimulação Precoce, do Ministério da Saúde, e nas informações concedidas por especialistas.

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PARA DAR UMA FORCINHA: estimular a reflexão sobre as letras e a formação das palavras. Ensinar o reconhecimento dos números, transformando as noções concretas, baseadas na observação de objetos, em noções abstratas, com o entendimento dos símbolos numéricos. O indicado é que o processo de alfabetização se inicie até os 7 anos, mas é essencial respeitar o ritmo de desenvolvimento de cada um. Quando a dificuldade é extrema, é importante procurar a ajuda de especialistas.


Fique de olho Acompanhe alguns marcos do desenvolvimento das crianças por idade* MARCOS DO DESENVOLVIMENTO (RESPOSTA ESPERADA)

IDADE (MESES) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 15

Abre e fecha os braços em resposta à estimulação Postura: barriga para cima, pernas e braços fletidos, cabeça lateralizada Olha para a pessoa que a observa Dá mostras de prazer e desconforto Fixa e acompanha objetos em seu campo visual Se é colocada de bruços, levanta a cabeça momentaneamente Arrulha e sorri espontaneamente Começa a diferenciar dia/noite Postura: passa da posição lateral para linha média Se é colocada de bruços, levanta e sustenta a cabeça apoiando-se no antebraço Emite sons, balbucia Conta com a ajuda de outra pessoa, mas não fica passiva Rola da posição supina para a de pronação Se é levantada pelos braços, ajuda com o corpo Vira a cabeça na direção de uma voz ou objeto sonoro Reconhece quando se dirigem a ela Senta-se sem apoio Segura e transfere objetos de uma mão para a outra Responde diferentemente a pessoas familiares e/ou estranhos Imita pequenos gestos ou brincadeiras Arrasta-se ou engatinha Pega objetos usando o polegar e o indicador Emprega pelo menos uma palavra com sentido Faz gestos com a mão e a cabeça (“tchau”, “não”, bate palmas etc.) MARCOS DO DESENVOLVIMENTO (RESPOSTA ESPERADA)

IDADE (MESES) 10 11 13 14 15 18 21

IDADE (ANOS) 2 3 4 5 6

Anda sozinha, raramente cai Tira sozinha qualquer peça do vestuário Combina pelo menos duas ou três palavras Distancia-se da mãe sem perdê-la de vista Leva os alimentos à boca com as próprias mãos Corre e/ou sobe degraus baixos Aceita a companhia de outras crianças, mas brinca isoladamente Diz o próprio nome e nomeia objetos como sendo seus Veste-se com auxílio Fica sobre um pé, momentaneamente Faz uso de frases Inicia-se o controle esfincteriano Reconhece mais de duas cores Pula sobre um pé só Brinca com outras crianças Imita pessoas da vida cotidiana (pai, mãe, médico etc.) Veste-se sozinha Pula alternadamente com um pé e com o outro Alterna momentos cooperativos com agressivos É capaz de expressar preferências e ideias próprias Presente até o quarto mês Período em que 90% das crianças adquirem tais habilidades

* Tabela elaborada por Brant J. A.C.; Jerusalinsky A. N. e Zannon C.M.L.C.

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4família

O publicitário Bruno Santiago cuida de seu filho Samuel: "O homem não pode se contentar em ser um pagador de contas"

Pais que Uma nova geração de homens conectados reivindica o protagonismo, ao lado das mulheres, na criação dos filhos Abreu

HÁ DOIS ANOS e dez meses, quando sua mulher, Tereza, descansava após dar à luz Samuel, o publicitário Bruno Santiago deu o primeiro banho no filho. Foi uma experiência da qual ele se orgulha até hoje e se lembra com carinho. Mas não foi fácil. “Com boa intenção, as mulheres da família queriam fazer isso por mim”, conta. Apesar de um pouco assustado com a fragilidade do bebê, Bruno teve coragem de realizar a tarefa para a qual havia se preparado durante o período de gestação da mulher, ou, como ele mesmo gosta de dizer, enquanto esteve “grávido”. É comum ouvir a frase “Quando um bebê nasce, nasce também uma mãe”. Mas e o pai? Como fica nessa história? Em nossa sociedade, o papel do homem em relação ao filho, a começar pelos primeiros dias da criança e por toda a primeira infância, é geralmente relegado a segundo plano. Complexos, os motivos refletem heranças de campos tão diversos quanto a religião, a psicologia e a economia. Mas uma nova geração de pais reivindica o protagonismo, ao lado das mães, na vida das crianças. E, para eles, isso significa também — ou principalmente — trocar a fralda, dar comida e colocar o filho para dormir. No catolicismo, por exemplo, a figura mater-

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FOTOS: GUSTAVO ANDRADE

POR Sabrina


ajudam cuidam na é sacralizada. A figura de Maria suplanta completamente a de José e o pai de Jesus tem papel coadjuvante. Já para Freud, o bebê acredita ser uno com a mãe, durante os primeiros meses de vida. Assim, ao pai só resta ser “o outro”. Mais fácil de relacionar ao nosso dia a dia, a economia também tem influência importante na equação. Quando as mulheres ainda não faziam parte do mercado de trabalho, especialmente até os anos 1930, elas eram as responsáveis por se relacionar com as crianças, enquanto os pais eram meros provedores. Os tempos mudaram, mas, embora os gêneros sejam representados de forma mais balanceada como mão de obra (elas são 47% da força de trabalho, segundo dados do IBGE), os homens continuam a ganhar melhor (30% a mais que as mulheres, segundo o instituto) e a ideia do pai como um distante provedor persiste. “O homem não pode se contentar em ser um pagador de contas”, dispara Santiago. Quando se preparava para a chegada do pequeno Samuel, ele buscava informações na internet e em outros canais, mas percebia que, em quase todas as vezes, o conteúdo era voltado para as mães. A partir dessa experiência, decidiu, ele mesmo, ser uma voz masculina para falar do tipo de paternidade em que acredita. Criou o blog “Pai tem que fazer de tudo”. Ele reúne mais de 70 000 pessoas em sua comunidade homônima, no Facebook, criada há um ano. “Explico que o cuidado com a criança e a proximidade com o filho são a verdadei-

ra expressão de amor, algo que um presente ou bem material nunca vai ser”, afirma.

Experiência compartilhada Pai de duas meninas, Gabi, de 2 anos, e Duda, de 5, o administrador Fernando Dias também se orgulha de ter dado o primeiro banho nas filhas. Ele compara a experiência que teve com a caçula e com a primogênita. Conclui que esteve mais presente no dia a dia da mais nova, já que a mãe dela viajava a trabalho e ele não tinha outra saída, a não ser se desdobrar em cuidados. “Acabou sendo algo ótimo, que recomendo hoje a outros pais”. Dias é preletor das palestras “Vou Ser Pai”, projeto idealizado por ele para dividir experiências e encorajar os homens a se disporem a participar de todas as tarefas relacionadas à criança. “Estar perto dos filhos faz criar um laço, e os frutos são colhidos enquanto eles crescem”, acredita. Dias faz questão de frisar que o conteúdo que compartilha é baseado em sua experiência pessoal, não profissional. “Não sou educador ou psicólogo”, ressalta. A psicóloga e terapeuta de família Claudia Puntel, entretanto, corrobora com a tese do palestrante. “Quando a criança é muito pequena, o pai precisa se esforçar para entrar no mundo criado entre ela e a mãe. Mais tarde, ele e o filho se beneficiam disso, com laços fortes”, explica. Segundo a psicóloga, é positivo o surgimento de exemplos de pais que se postam como afetuosos e próximos dos filhos. “A figura do 4


machão, violento e solitário não faz bem para a sociedade nem para o homem”, diz. “Ao participar da vida do filho, o homem se coloca como alguém que não precisa ser um herói ou saber de todas as coisas.” Em 2008, quando começou a contar suas expe­ riên­cias no blog “Diário Grávido”, o escritor paulistano Renato Kaufmann foi um dos pioneiros a tratar do tema na internet. “Vejo com felicidade que há muito mais gente produzindo conteúdo sobre o assunto e, mais ainda, vivendo a paternidade no dia a dia”, diz. Pai de Gael (a quem se refere, nos posts, como Texugo), de 1 ano e meio e Lúcia, de 7 anos, ele faz questão de incluir, ao lado dos filhos, a enteada Maria, de um relacionamento encerrado há 5 anos, que hoje é adolescente. Para ter a guarda compartilhada da primogênita, Kaufmann e a mãe dela fizeram um acordo, já que ele não se conformou em ficar com a menina apenas às quartas-feiras e em fins de semana alternados. “Esses são, geralmente, os dias estipulados pelo juiz”, afirma. “É muito pouco e não aceitei.” Ele transformou suas experiências em dois livros. O pri-

meiro, de 2010, leva o nome do blog e o segundo, de 2011, Como Nascem os Pais. A psicóloga Claudia observa que, se uma criança tem pai e mãe interessados em fazer parte de sua rotina, sendo casados ou não, o ideal é que eles entrem em acordo sobre os afazeres, sempre pensando no melhor para o filho. “Isso é bom para a mulher, que não fica sobrecarregada, e para o homem, que não é excluído”, afirma. “Muitas vezes, a família dificulta o processo, com tias e avós querendo estar mais presentes do que o pai.” Nesses casos, o casal deve impor limites aos parentes. Kaufmann assegura que os pais conseguem, sim, cuidar dos filhos — embora possa haver alguns tropeços. “Às vezes a gente vai trocar a fralda da criança e descobre que esqueceu o lenço umedecido. Se vira um instante para pegar o tal lencinho e ao voltar vê que ela se sujou ainda mais, além de espalhar sujeira por todos os móveis ao seu redor”, diverte-se. “Mas dá certo, sim. Até porque os bichinhos são resistentes, e a gente vem de uma linhagem inquebrável de bebês que sobreviveram e tiveram filhos, que também sobreviveram.”=

O administrador Fernando Dias, com Gabi, de 2 anos, e Duda, de 5: "Estar perto dos filhos faz criar um laço, e os frutos são colhidos enquanto eles crescem"

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NEM TODA CRIANÇA TEVE AS MESMAS CHANCES QUE O SEU FILHO. FAÇA ALGO POR ELAS. Somente em 2015, as Pastorais Sociais da Arquidiocese de Belo Horizonte realizaram 50 mil atendimentos, por meio de ações socioeducativas e culturais. Com o objetivo de atender mais crianças, adolescentes, idosos, moradores de rua, deficientes físicos, dependentes químicos e seus familiares, iremos reunir todas as Pastorais em um só lugar: a Catedral Cristo Rei. Quantas pessoas seremos capazes de ajudar? Agora, isso depende de você. Ajude-nos a ajudar.

Toda contribuição é bem-vinda: (31) 3269-3100 | WhatsApp: (31) 98876-3039 www.catedralcristoreibh.com.br/doa


4cinema

Pais e filhos nas telas Neste mês especial, que tal reunir a família no sofá, preparar uma pipoca e curtir um bom filme que trate da relação entre pais e seus filhotes, de todas as idades? Canguru preparou uma seleção de fitas que mostram que, apesar de não ser nada fácil, a convivência rende histórias por vezes engraçadas, por vezes emocionantes. A VIDA É BELA (LA VITA È BELLA, 1998) Muita gente ficou com bronca deste filme por ele ter desbancado Central do Brasil na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro. Mas, disputas à parte, o enredo é de cortar o coração. Roberto Benigni, também diretor, faz o papel do judeu Guido. Durante a II Guerra, ele e o filho são levados para um campo de concentração nazista. Com o objetivo de proteger seu filho pequeno do horror e da violência, Guido tenta fazê-lo acreditar que tudo não passa de uma grande brincadeira. PEIXE GRANDE E SUAS HISTÓRIAS MARAVILHOSAS (BIG FISH, 2003) A diversão predileta de Ed Bloom (interpretado por Albert Finney na velhice e por Ewan MacGregor na juventude) é contar histórias de quando saiu de sua cidade natal, no Alabama, para dar a volta ao mundo. Mas seu filho (Billy Crudup) não gosta nada de suas aventuras, as quais considera “liberdades ficcionais”. Uma fábula com todas as características dos filmes de Tim Burton. À PROCURA DA FELICIDADE (THE PURSUIT OF HAPPINESS, 2006) Baseado em uma história real. A vida de Chris Gardner (Will Smith) está uma dureza. Parece que não dá para piorar. Mas tudo piora (e muito) quando sua mulher (Thandie Newton) decide se mandar. Chris precisa então cuidar sozinho de seu filho de 5 anos (Jaden Smith). Ele consegue um estágio em uma corretora de valores, mas não tem como pagar o aluguel e é despejado. Precisa dormir em abrigos e em banheiros públicos. Prepare a pipoca e a caixa de lenços. PROCURANDO NEMO (FINDING NEMO, 2003) Após assistir a essa animação, quem consegue manter os peixinhos no aquário? Marlin é um peixepa­lhaço que superprotege o filho, Nemo, depois que sua companheira e o resto da ninhada são devorados por um predador. Quando Nemo desobedece ao pai e é pescado, Marlin vence seus medos e sai em uma aventura atrás de seu filhote.

OS INCRÍVEIS (THE INCREDIBLES, 2004) Mais uma animação que vai agradar a crianças de todas as idades. Sabe aquela época em que a família cresce, os filhos começam a enfrentar o mundo e tudo parece não dar certo? É, acontece até com os super-heróis. Mas a família Incrível mostra que não é preciso poderes especiais para aprender a respeitar a individualidade de cada um e lidar com ela.=

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IMAGENS: DIVULGAÇÃO

GIGANTES DE AÇO (REAL STEEL, 2011) Os meninos, principalmente, curtem essa aventura, em que robôs tomam os lugares dos lutadores e sobem nos ringues para trocar sopapos. Hugh Jackman é um ex-boxeador que não dá muita sorte com suas máquinas. Mas tudo pode mudar quando surgem na sua vida um robô considerado obsoleto e seu filho de 11 anos, com quem nunca tinha tido o menor contato.



4História de pai

Agenda bloqueada para ficar com os filhos Patrus

A INFÂNCIA É maravilhosa, mas... é curta demais! “De repente, os filhos já estão maiores que nós!”, dizemos. É o tempo que voa? Para outras coisas, ele às vezes engatinha. A infância é que é curta. Se cochilamos, já passou. Tomando consciência desse fato, mudei minha postura. Vi que a curtição de meus filhos infantes teria prazo pequeno, sem segunda sessão. Se passou, passou. Trabalhar e curtir filhos são atividades concorrentes. Questões profissionais não têm fim. A infância, sim. Fiquei antenado. Quis, no possível, pôr o trabalho em segundo plano. Não foi e nunca é fácil. O trabalho é mais urgente e isso parece justificar tudo. Mas a infância não espera por opções tardias. Vai embora. Quando ficamos grávidos, minha esposa decidiu parar de trabalhar (ou melhor, decidiu trabalhar em dobro): cuidaria dos meninos que chegariam. Esta era para nós uma opção viável. E aconteceram os três filhos — hoje com 13, 11 e 9 anos. Sempre valorizei a atenção da Ju com eles, mas pensava que uma quebra bem dosada nesta rotina seria bem-vinda: um curso, uma atividade social, um esporte... Ela teria outra atividade, mas seguiria com tempo para cuidar do tesouro familiar. Exímia dona de casa, Ju também adora pintar em porcelana. Custou, mas um dia chegou o convite da professora Michelle Moysés para uma turma nova. Seria nas tardes de segunda-feira. Ju agradeceu, e não aceitou. Os filhos ficariam sem apoio nos deveres de casa. Sem hesitar, ofereci-me para cobrir aquele horário. Por algumas horas, “reinaria” sozinho na vida das crianças. Seria, de fato, o “Dia do Papai”.

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Minhas empresas reclamam. Às vezes, levo algum trabalho para casa, ou gasto algum tempo ao telefone, mas vou aprendendo, cada vez mais dedicado à nossa turminha. Outro dia, eu e o caçula combinamos algo para aquela semana. Faríamos no sábado os deveres e, na segunda-feira, iríamos a uma floricultura. Foi uma delícia! Tenho aprendido coisas que pensava já saber. Precisei superar a fase (minha) e a frase (de meus filhos) do “papai deixa tudo”: picolés, doces, adiamentos de tarefas etc. A mamãe chegava e não havia deveres prontos, nem banhos tomados... Broncas em todas as direções! Mas superamos de verdade: o combinado agora é fazer surpresa para a mamãe, ficando cheirosos e com deveres prontos! O tempo continua passando rápido. A infância não deixou de ser curta, a adolescência bate à nossa porta. Abraçado ao meu propósito, terei muitas histórias com fundo alegre para contar e recordar.=

Márcio Patrus é casado com Juliana e pai do Bruno, de 13 anos, da Beatriz, de 11, e do Elmo, de 9. Entusiasta da educação infantil e estudioso de logosofia, trabalha com treinamento à distância e tecnologia.

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

POR Márcio


solution Imagens ilustrativas. Consulte o regulamento e lojas participantes. Certificado de Autorização Caixa nº. 6-1612/2016.


4teste

O machismo dá as caras na sua casa? Responda às perguntas a seguir e descubra se suas atitudes no dia a dia contribuem para perpetuar ou quebrar estereótipos Grossi

NO BRASIL, A cada sete minutos, em média, uma mulher é vítima de violência física ou verbal, segundo dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). Alarmante, a estatística é reflexo de uma sociedade predominantemente machista e patriarcal, na qual, em pleno século XXI, diferenças de gênero muitas vezes servem como elementos legitimadores da opressão. E a família tem suas responsabilidades ao validar, desde cedo, papéis que meninos e meninas são convidados a desempenhar.

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Mas como mudar essa cultura? Antes de tudo, é preciso avaliar o seu posicionamento. A psicóloga comportamental Débora Lopes dá uma série de dicas no teste abaixo. Responda a cada uma das questões, considerando realmente como pensa, age e se sente em relação à educação dos seus filhos. Caso não tenha filhos de ambos os sexos, coloque-se no contexto descrito e imagine a situação. Você perpetua o sexismo ou luta diariamente para promover a igualdade entre homens e mulheres? O resultado pode ser surpreendente.

ILUSTRAÇÃO: ARTE SOBRE IMAGEM ISTOCK

POR Isabella


Marque apenas uma das alternativas para cada questão Você acredita que a criança já possui capacidade para auxiliar nas tarefas domésticas. Como divide as responsabilidades? A. A menina fica responsável por tudo, já que esse é o papel da mulher. Afinal, ela precisa saber cuidar da casa e cozinhar para, futuramente, conseguir um bom marido. B. O menino cuida do quarto e de sua própria bagunça, enquanto ponho a menina à frente das tarefas individuais e da casa. Afinal, mulheres precisam aprender a realizar bem os serviços domésticos. C. Divido as tarefas igualmente entre o menino e a menina, de acordo com a capacidade e a idade de cada um. Acredito que é função de todos cuidar do ambiente comum. Chegou o Natal, hora de comemorar e distribuir presentes. Quais são as opções que lhe vêm à cabeça? A. Para o meu filho, prefiro dar um carrinho, uma caixa de ferramentas ou uma autopista. Já para a menina, vou escolher entre boneca, cozinha ou kit de maquiagem. Esses brinquedos são bons porque ensinam, de antemão, o papel deles na sociedade. B. Para o meu filho, prefiro dar um carrinho, uma caixa de ferramentas ou uma autopista. Já para a menina, vou escolher entre boneca, cozinha ou kit de maquiagem. Esses brinquedos valem a pena porque são exatamente o que as crianças gostam. C. Não faço distinção de presentes por gênero. Prefiro comprar algo que vai ser mentalmente esti-

mulante para ambos, como um quebra-cabeça, um jogo de perguntas e respostas ou brinquedos de criar e modelar. Como você veste seus filhos? A. Geralmente, visto minha filha de rosa ou tons semelhantes, e a enfeito bastante, porque meninas têm de andar sempre lindas e femininas. Já o meu filho usa tons mais masculinos, como azul e verde. B. Procuro vestir minha filha de maneira que a deixe bonita e a faça se sentir bem, mas predominam roupas e acessórios cor-de-rosa, porque ela gosta bastante. Meu filho sai, na maioria das vezes, com roupas de tons mais masculinos, como azul e verde. Ele se sente bem assim. C. Preocupo-me em vestir meus filhos de maneira que os deixe confortáveis e felizes. Evito, ao máximo, qualquer atitude que os leve a acreditar que existem “coisas de menina” e “coisas de menino”. Por isso, opto por roupas de várias cores e estilos. Quais comportamentos você acha importante suprimir ou repreender em meninas? A. A sexualidade. Meninas não devem sair por aí namorando, e, quando for o momento apropriado, é importante que sejam retraídas, para evitar o falatório dos vizinhos e amigos. B. Para mim, é a falta de vaidade. Meninas precisam ser bonitas. Por essa razão, acho importante ensiná-las a se cuidar sempre e se apresentar da melhor forma possível. 4


C. A subserviência deve ser suprimida. Acho que meninas precisam crescer em um ambiente mentalmente estimulante, para entenderem que possuem a mesma capacidade dos meninos de conquistar o que quiserem. E nos meninos? A. Qualquer comportamento “feminino” ou afeminado deve ser repreendido. Meu filho não deve se preocupar com a casa, por exemplo, ou com sua aparência. Senão, corre o risco de ser chamado de gay, o que é inaceitável, porque ele tem de ser forte e conquistador. B. Comportamentos intelectuais ou artísticos em exagero. Meu filho não deve ficar estudando e lendo o tempo inteiro nem se dedicar a atividades como dança e pintura. Acho que ele precisa se engajar em brincadeiras de conquista e luta, porque isso, sim, é coisa de menino. C. Comportamentos machistas precisam ser suprimidos. Ele não pode desvalorizar as meninas, subjugá-las, se achar o mais forte, o mais inteligente e pensar que pode tudo em detrimento delas. Devo sempre conscientizá-lo de que todos têm o mesmo valor e precisam ser respeitados. Como você acha que sua filha deve se comportar no dia a dia? A. Ela tem de ser obediente e bonitinha, sempre bem-arrumada, cuidadosa, vaidosa e recatada. Meu principal foco é cuidar dela e controlá-la. B. Quero que ela seja obediente e inteligente. Meu principal foco é cuidar dela e dar suporte no que ela precisar. C. A menina tem de saber buscar o que quer, ser inteligente, batalhadora e crítica. Meu principal foco é dar suporte e estimulá-la a correr atrás dos seus sonhos. E o seu filho? A. Ele tem de saber brigar pelo seu espaço e defendê-lo, conseguir conquistar as meninas e ser inteligente. Meu principal foco é dar suporte e estimulá-lo a correr atrás de tudo o que deseja. B. Ele tem de saber brigar pelo seu espaço, ser trabalhador e conquistar as coisas que são im-

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portantes para ele. Meu principal foco é dar suporte e mostrar que ele tem responsabilidades. C. O menino tem de ser respeitoso com todos os que estão à sua volta, ser trabalhador, saber cuidar do seu espaço, seja no trabalho ou em casa, e ser inteligente. Meu principal foco é mostrar que ele tem responsabilidades e que deve agir sempre de forma crítica. A criança voltou da escola encantada pelo coleguinha de turma. Qual é a sua perspectiva sobre esses namoricos? A. Se for minha filha, eu reprimo. Afinal de contas, meninas precisam ser recatadas. Por outro lado, se for meu filho, acho o máximo e incentivo, porque meninos precisam ser conquistadores e ter várias namoradinhas. B. Se for menina, eu reprimo, porque é muito nova e não tem maturidade para lidar com isso. Se for menino, acho que devo incentivá-lo, já que ele precisa aprender a conquistar as meninas logo cedo, uma vez que é sua obrigação tomar a iniciativa. C. Ou levo na brincadeira o namorico, aceitando e acolhendo o interesse que demonstram, ou não deixo que sigam adiante com isso, por acreditar que não possuem idade e maturidade suficientes. A mesma regra vale para os dois. Qual é seu maior sonho para uma filha? A. Quero vê-la casada e feliz. B. Quero que ela se case e tenha um bom emprego. C. Meu sonho é ver minha filha realizada, sendo respeitada em todos os âmbitos de sua vida. Quais adjetivos você mais usa para elogiar os pequenos? A. Princesa, linda e obediente. Campeão, inteligente e conquistador. B. A menina é linda e inteligente. O menino é campeão e inteligente. C. Ressalto as capacidades de ambos, sempre elogiando e enfatizando aquilo em que são bons. Não dou enfoque especial a características físicas, como a beleza.


resultados SE VOCÊ MARCOU MAIS A LETRA A Cuidado. É provável que você ofereça uma criação machista, diferenciando meninos e meninas em suas capacidades e responsabilidades. Enfatiza, nos meninos, comportamentos de cunho sexista e, em relação às meninas, dá ênfase a condutas subservientes, responsabilizando-as pelos cuidados domésticos e reforçando a preocupação com a beleza. Tende a não oferecer liberdade às meninas e a não estimular a independência, a crítica e a inteligência. Repense as suas atitudes, porque a educação que você dá hoje se reflete na sociedade que será criada amanhã. DICAS: ›› Divida a responsabilidade das tarefas da casa igualmente entre meninas e meninos. Afinal, cuidar do espaço é um dever de todos que o compartilham. ›› Preocupe-se em mostrar à sua filha que o vestuário não deve ser base para juízos de valor. ›› Presenteie crianças pensando em que medida os brinquedos serão mentalmente estimulantes, interessantes e divertidos. Evite estereótipos. Os brinquedos tidos tipicamente como femininos estimulam a maternidade e o cuidado com a casa. Queira mais para a sua filha. ›› Meninos e meninas devem ser educados para se tornar independentes e bem-sucedidos no que se propõem a fazer. Não há diferenças. ›› Evite reconhecer sua filha somente pela beleza. Ela é um ser pensante, tanto quanto o irmão que ela tem. ›› As mesmas regras que você impõe aos meninos devem ser aplicadas às meninas. Não diga que eles podem mais, nem que elas podem menos. ›› Se der a entender que o casamento será o acontecimento mais importante da vida da sua filha, você pode, sem saber, estar matando outros sonhos. Além disso, é possível que esteja colocando-a na armadilha de conseguir um relacionamento a qualquer custo.

SE VOCÊ MARCOU MAIS A LETRA B Você não está na estaca zero, mas ainda há um bom caminho a percorrer para promover uma educação igualitária entre as crianças. Demonstra preocupação em não fazer tantas distinções entre o menino e a menina, mas ainda cai em situações que tendem a dar vantagem aos meninos. Provavelmente, por fazer parte de uma sociedade muito machista, você age dessa maneira com a intenção de proteger sua filha. DICAS: ›› Para que você não tenha de se preocupar tanto em protegê-la, ensine sua filha que ela merece respeito e deve exigi-lo.

›› É fundamental, também, mostrar ao seu filho que, além de ser responsável, ele deve respeitar as mulheres e jamais enxergá-las como objeto. ›› Pense fora da caixa, seja crítico. Reflita constantemente se está tratando o menino e a menina da mesma maneira. Se fizer alguma diferenciação, questione a razão de estar agindo assim.

SE VOCÊ MARCOU MAIS A LETRA C Parabéns! Você tem se empenhado em oferecer uma criação com mais equidade entre meninos e meninas. Demonstra preocupação em estimular o pensamento crítico, o respeito e as responsabilidades compartilhadas, e não se prende a estereótipos de gênero. Você é uma pessoa corajosa por agir assim, porque está indo contra tendências evidenciadas e reforçadas pela sociedade em que vivemos. DICAS: ›› Mantenha essa atitude na criação dos seus filhos e encoraje as pessoas ao seu redor a pensar criticamente sobre a formação dos pequenos. É responsabilidade de todos os educadores, sejam pais, avós, tios ou professores, estimular, desde cedo, o respeito e a igualdade entre homens e mulheres. =


4viagens, modo de usar

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Para pais e adolescentes (2)

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corpo, há os passeios à Quebrada de LLanganuco, onde se encontram duas lagoas, Chinancocha e Orconcocha, duas joias de cor turquesa a 3 850 metros. Elas poderiam servir de modelo para os jardins do Éden. O mesmo se pode dizer da Lagoa Churup. Todas as agências fazem tours diários a esses locais. Para uma bela noção do que a região possui, aconselho a atravessar o Vale de Santa Cruz. É o trekking mais fácil. Dura quatro dias. Oferece visual espetacular que inclui várias cachoeiras com centenas de metros e a montanha considerada a mais bela da Terra, o Alpamayo. A trilha cruza um passo a quase 5 000 metros. Segue um rio de águas azuis com tapete de flores amarelas nas margens. Para quem estiver bem treinado, o destino é a Cordilheira de Huaihuash, aventura de até catorze

dias num cenário deslumbrante de neve, lagoas e florestas de quinua­ les. As temperaturas podem baixar a 15 graus negativos. O único banho quente disponível é no sexto dia, nas águas que saem do interior de um vulcão. Huaraz, além da beleza natural, tem história. Ela pode ser vista no museu arqueológico na Plaza de Armas, com peças de civilizações anteriores aos incas. HUARAZ. Guarde esse nome, se você e seus filhos gostam de aventura. Ali, a quase 7 000 metros, você viaja ao céu. Literalmente.=

Luís Giffoni é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos. giffoni@cangurubh.com.br

FOTOS: [1] GUSTAVO ANDRADE; [2] UWEBART (CC BY-SA 3.0).

HUARAZ. GUARDE O nome desta cidade nos Andes peruanos. Ela se tornará um dos points da aventura radical no planeta. Para pais e adolescentes que amam a natureza. Sobretudo os que curtem escaladas e caminhadas. Huaraz tem beleza de sobra. Montanhas altas, nevadas de um lado, secas do outro. Trilhas para todos os gostos e todas as idades, a partir dos 14 anos. Um dos maiores picos das Américas, o imponente Huascarán, com 6 867 metros de altura. Lagoas lápis-lazúli. Rios com corredeiras perfeitas para rafting. Árvores estranhas e belas, os quinuales. Um céu com muito mais estrelas que o de BH. Se você tiver sorte, poderá experimentar um terremoto. Pelo menos uma dezena, só detectável nos aparelhos, acontece todos os dias. As falhas geológicas estão por toda a parte. Você pula por cima delas. Não erre o pulo. O buraco é fundo. Huaraz possui um turismo ecológico organizado. As empresas cuidam bem do cliente, não apenas na escolha das trilhas, também na segurança e na alimentação (consulte, por exemplo, a Artizon no www.artizonadventure.com). Depois de um dia inteiro de caminhada, você encontra o acampamento montado, água quente para a higiene básica e biscoitos com chá de coca (que nada tem de droga e, vendido em sachês, é consumido em todo o Peru), enquanto aguarda o jantar. Huaraz fica a mais de 3 000 metros de altitude. Para aclimatar o

luís giffoni


Por que devo dar leite

para os meus filhos

Saiba mais em www.bebamaisleite.com.br


FOTO: GUSTAVO ANDRADE

4para ler com seu filho

Esses meninos somos nós VOCÊ JÁ REPAROU quantos livros infantis trazem, no título, um menino ou menina sem nome? Puxando da memória, me ocorrem algumas dezenas, desde clássicos, como O Menino Maluquinho (Ziraldo), O Menino Azul (Cecília Meireles), O Menino Poeta (Henriqueta Lisboa), até obras mais recentes, como O Menino que Tinha Medo de Errar (Andrea Viviana Taubman) e A Menina que Sonhava com os Pés (Christian David). Esses personagens, que muitas vezes não têm nem nome, representam muitos meninos e meninas, ou talvez qualquer criança. Na coluna deste mês, destaco dois livros que lidam de forma lírica e afetuosa com esses meninos, seus sonhos e dúvidas.

leo cunha e os filhos Sofia e André

Recém-lançado, O menino, o Assovio e a Encruzilhada é a estreia de Afonso Borges na literatura infantil. Em texto enxuto e envolvente, com a cadência e a atmos­fera das narrativas mitológicas, o autor nos apresenta um menino aparentemente comum, cheio de vida e curiosidade, que se vê diante de uma encruzilhada, onde a estrada se divide em três. O menino logo percebe que não basta seguir um rumo: cada vez que escolhemos um caminho, também o transformamos. E com isso o menino (e todos nós?) pode também optar pelo caminho menos evidente, o que traz mais desafios. SOBRE OS AUTORES: Afonso Borges, mineiro, é escritor, jornalista e produtor cultural. Criou e mantém há mais de trinta anos o projeto Sempre um Papo. Alexandre Rampazo, paulista, é autor, ilustrador, publicitário e designer.

O MENINO DA CHUVA NO CABELO. Texto de Márcio Vassalo. Imagens de Odilon Moraes. Global Editora, 2005.

O MENINO, O ASSOVIO E A ENCRUZILHADA. Texto de Afonso Borges. Ilustrações de Alexandre Rampazo. Editora Sesi-SP, 2016.

O Menino da Chuva no Cabelo traz as marcas registradas de Márcio Vassalo: o lirismo, a imaginação, o cuidado especial com o ritmo de cada frase, cada parágrafo. O personagem, neste caso, tem nome — Arthur —, mas se parece com tantos que conhecemos por aí: o que ele mais gosta no mundo é jogar bola (bola de manga mordida, bola de meia, bola de lua cheia), sem se lembrar das horas. Até nos sonhos o menino se vê fazendo o gol da vitória, no Maracanã lotado. E como é bom de bola, o menino! Menos quando chove, como o leitor vai descobrir.

Leo Cunha é escritor e publicou mais de cinquenta livros, como O sabiá e a girafa (Ed. FTD) e As fantásticas aventuras da Vovó Moderna (Ed. Cia das Letrinhas). Recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Jabuti, Nestlé e João-de-Barro. Na Canguru, dá dicas de livros para crianças. leocunha@cangurubh.com.br

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IMAGENS: REPRODUÇÃO

SOBRE OS AUTORES: Márcio Vassalo, carioca, é escritor e jornalista, autor de dezenas de livros, vários deles premiados. Odilon Moraes, paulista, é um dos ilustradores mais premiados do país, com trabalhos publicados no Brasil e no exterior.


4na pracinha

Museu de Ciências Naturais PUC Minas ESSE É UM espaço que desperta a curiosidade de todo mundo. Que faz a gente querer brincar de explorador, paleontólogo e o que a imaginação permitir. E com um jardim — das Borboletas — que nos faz querer ganhar horas e horas por lá, desacelerando! Um museu para as crianças e suas famílias. No Museu de Ciências Naturais PUC Minas encontramos mais de 62 000 fósseis originais e espécies atuais. A fauna brasileira é representada por mamíferos, aves, répteis e anfíbios. O espaço interdisciplinar desenvolve atividades científicas, educativas e culturais nas áreas de paleontologia, zoologia e conservação da natureza. A criançada aprende brincando! O museu tem uma programação superlegal, além de ter atividades nas férias, a possibilidade de comemorar aniversários aos sábados e, esporadicamente, abrir aos domingos para concertos. O espaço é organizado para que a visita represente a seguinte evolução: ›› A Era dos Répteis ›› Peter W. Lund: Memórias de um Naturalista ›› Cavernas: Espaços Subterrâneos de Vida ›› O Cerrado ›› A Grande Extinção: 11  000 anos ›› Fauna Exótica ›› Vida na Água

FOTOS: PATRÍCIA DE SÁ

Pensa que acabou? Que nada! Ainda tem a área externa, o Jardim das Borboletas, que é do jeitinho que a gente gosta, com muito verde! Dá até para brincar de parque dos dinossauros por lá! =

QUER PASSEAR POR LÁ? Avenida Dom José Gaspar, 290 – Coração Eucarístico. Terça a sábado, 9h às 17h; quinta, 9h às 21h

O Na pracinha é um movimento que incentiva o tempo livre para o brincar na infância e o resgate da relação criança/cidade com a ocupação dos espaços públicos pelas famílias. O brincar e o contato com a natureza são fundamentais para saúde física e mental da criança. Criado pelas mães Flávia Pellegrini e Miriam Barreto, o projeto promove eventos brincantes gratuitos e compartilha dicas de passeios pela capital mineira. www.napracinha.com.br

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4padecendo no paraíso

A vida em preto e branco

Soares

HÁ ALGUMAS SEMANAS, descobri que tudo aquilo que eu vinha sentindo nos últimos tempos tinha um nome: depressão. Não sei como foi que ela chegou, se foi de uma vez, ou se veio devagar e não percebi. Não sei se eu estava assim há dias, meses ou anos. Mas houve um momento em que descobri que eu havia me tornado a sombra de mim mesma. Procurei ajuda, fiz acupuntura, fui a um psiquiatra, comecei a tomar remédios, mesmo nunca tendo gostado dessa alternativa. Contei para as pessoas. Não é vergonha nenhuma, pelo contrário, é preciso coragem para estar com depressão e continuar vivendo e fazendo tudo o que você precisa fazer todos os dias. Foi então que descobri que dezenas de outras mães estavam passando, ou já haviam passado, pelo mesmo que eu. De onde surge esse vazio no meio de uma vida tão cheia, tão sem tempo? O que acontece para ficar-

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mos assim, perdendo a fé e a esperança e vivendo no automático? Não sei as respostas, mas sei o quanto é importante ficarmos atentas aos sinais e procurarmos ajuda. Nossos filhos precisam de mães felizes e saudáveis por muito tempo, e nós merecemos estar bem por nós mesmas! Não estamos aqui para viver uma vida em preto e branco. Vamos recuperar nossas cores!=

Coordenado pela arquiteta Bebel Soares e pela designer Tetê Carneiro, o grupo Padecendo no Paraíso nasceu em março de 2011, no Facebook, e é formado atualmente por mais de 6 000 mães. Na Canguru, as fundadoras do Padecendo discutem assuntos como saúde, alimentação, sexo, viagens, educação, estética e beleza. www.padecendo.com.br

FOTO: ISTOCKIMAGE

POR Bebel


FOTO: ARQUIVO PESSOAL

4artigo | Ana Gabriela Souza Lemos

1, 2, 3... Criança outra vez É HORA DO recreio. Bato corda enquanto observo minhas alunas de 5 anos em sua brincadeira preferida. Um, dois, três... Pulinho, pulão, pulinho, pulão... Nina está na fila para pular corda. É a próxima. Gigi está pulando e parece que vai conseguir pular para sempre. 42, 43, 44... Enquanto isso Nina treina, imitando os pulos, tentando aprender, pois ainda só consegue pulão, pulão, e nunca passou de dez. Gigi continua. Pula girando, pula num pé só. 73, 74, 75... As outras meninas na fila olham para a amiga que pula, olham para mim tentando acompanhar a contagem que já passou de 100. Até quem não está na fila já parou para observar. É o novo recorde da sala! 126, 127, 128... Gigi para, vencida pelo cansaço. As meninas vibram muito, batem palma, algumas a abraçam. Então, é a vez da Nina. Fico preocupada. Qual será a reação das crianças diante de desempenhos tão diferentes? Viajo no tempo, me vejo adolescente, sempre muito fraca no inglês. As aulas na escola misturavam todos os níveis e, nas atividades orais, depois de colegas que falavam com fluência quase nativa, eu arranhava um “I’m fine, thank you”, numa pronúncia introvertida e desengonçada. Alguns colegas riam, e me lembro da sensação de estar atrás. Caminho um pouco mais no tempo, estou na faculdade e vejo alguns colegas apresentando trabalhos muito simplórios, ridicularizados pelo professor. “Professora, bate a corda!”, Nina me traz de volta da minha rápida viagem no tempo.

E eu fico pensando se seria o caso de propor uma nova brincadeira, para poupá-la de uma situação difícil. Antes de decidir, ela me chama de novo, e eu não tenho como desviar. Respiro fundo, começo a bater. Pulão, pulão... Ops! Mais uma chance: pulão, pulão, pulinho, pulão por duas vezes seguidas! E quando ela termina, novamente as meninas vibram muito, repetem as palmas, e a primeira a abraçá-la é Gigi, que, a mais de 100 pulos de distância, diz: “Parabéns, Nina! Você está quase conseguindo!”.

Crianças valorizando o esforço de outras crianças, reconhecendo o mérito de estar no caminho e não só de cruzar a linha de chegada. São exemplos como esse que nos convidam a recordar a criança que fomos, neste 24 de agosto, Dia da Infância. Emociono-me com esse exemplo e, por muitas vezes, emocionei-me em situações similares. Crianças valorizando o esforço de outras crianças, reconhecendo o mérito de estar no caminho e não só de cruzar a linha de chegada. São exemplos como esse que nos convidam a recordar a criança que fomos, neste 24 de agosto, Dia da Infância.=

Ana Gabriela Souza Lemos é pedagoga, publicitária e docente da Fundação Logosófica

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FOTO: ARQUIVO PESSOAL

4artigo | Maria Aparecida de Faria Grossi

Hanseníase na infância UMA DOENÇA TÃO antiga, a hanseníase no passado não tinha tratamento, causava grande temor e era chamada de lepra. Ainda hoje acomete muitos adultos e crianças, todos os anos, no mundo, no Brasil e em Minas Gerais. Em 2014, ano da última publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS), 18 861 crianças e adolescentes menores de 15 anos foram notificados com hanseníase, correspondendo a 8,8% do total de 213 889 novos casos registrados em 121 países. No mesmo ano, no Brasil, foram diagnosticados 2 341 casos na mesma faixa etária, significando 7,5% dos 31 064 casos de hanseníase em nosso país. Em Minas Gerais, foram diagnosticados 55 crianças e adolescentes até 14 anos, sendo dois residentes em Belo Horizonte, entre os 1 215 novos casos de hanseníase registrados em nosso estado. A hanseníase é uma doença infecciosa, curável, de longa evolução, causada pelo Mycobacterium leprae, uma bactéria, transmitida pela respiração, predominantemente, pelo convívio íntimo e prolongado com pacientes das formas contagiantes, sem tratamento. A transmissão da hanseníase se faz de pessoa a pessoa, sendo tanto mais fácil quanto mais íntimo e prolongado for esse relacionamento. Somente os pacientes das formas contagiosas, sem tratamento, têm possibilidade de transmitir a doença. É importante ressaltar que 90 a 95% das pessoas têm boa resistência, isto é, defesas, contra o micróbio causador da hanseníase e mesmo convivendo com um doente da forma contagiosa provavelmente não adoecerão. A hanseníase manifesta-se por meio de áreas ou manchas brancas ou vermelhas, infiltrações e nódulos, em qualquer parte do corpo, com alteração da sensibilidade ao quente, ao frio, à dor e ao tato, isto é, dormentes. Nos casos mais avançados, sem tratamento, pode ocorrer também comprometimento de mucosas e órgãos internos, como os olhos, nervos, fígado, rins e testículos, podendo ou não levar a incapacidades e deformidades físicas, especialmente nos

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A hanseníase manifesta-se por meio de áreas ou manchas brancas ou vermelhas, infiltrações e nódulos, em qualquer parte do corpo, com alteração da sensibilidade ao quente, ao frio, à dor e ao tato, isto é, dormentes. olhos, mãos e pés, se os doentes não forem tratados precoce e adequadamente. Devido ao longo período de incubação, a hanseníase não deveria ocorrer na infância e, quando ocorre, geralmente se inicia após os 5 anos de idade, sendo muito rara em menores de 2 anos. Muitas lesões cutâneas são imperceptíveis ou discretas e se curam espontaneamente. As crianças e adolescentes, em geral, são diagnosticados, mais precocemente, nas formas iniciais, não contagiosas e sem incapacidades. O tratamento da hanseníase, chamado poliquimioterapia, varia de seis meses para as formas iniciais, não infectantes, a doze meses, para as contagiosas. Vale salientar que mesmo os doentes das formas contagiosas deixam de transmitir os micróbios da hanseníase imediatamente após o início do tratamento, que é oral, gratuito e disponível nos Serviços de Atenção Primária à Saúde. Embora a hanseníase ocorra em todas as classes sociais, a maior incidência acontece nas classes socioeconômicas menos privilegiadas, nas quais a multiexposição está ligada aos baixos níveis de moradia, educação, cultura e nutrição, uma vez que a melhoria desses fatores concorreria para o real controle dessa endemia e a eliminação do preconceito, ainda existente.=

Maria Aparecida de Faria Grossi é dermatologista e hansenóloga da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais.


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4crônica

Os invisíveis cris guerra e o filho francisco

EM NOSSA CAMINHADA diária para a escola, eu e Francisco encontramos alguns personagens que já fazem parte do nosso cotidiano. Uma semana sem ver algum deles e já começamos a nos preocupar. João, funcionário da oficina perto de casa, que lê revistas enquanto espera a empresa abrir. A simpática Tânia e sua cachorrinha Mel. Geraldo, o porteiro bem-humorado, que, sorrindo, ameaça nos molhar com a mangueira. Gustavo e as duas cachorrinhas escandalosas. Paulo e o casal de filhos também indo à escola. A funcionária de um prédio que varre a calçada quando estamos passando. E tem um pai sorridente, que, ao conduzir o filho, faz o passeio matinal com o cachorrinho. O menino me chama atenção porque nunca me olhou nos olhos, como também nunca cumprimentou Francisco, embora tenham mais ou menos a mesma idade. Parece viver num mundo particular — ao longo do trajeto, só dialoga com o pai. Ser invisível para o menino me incomoda. Já tentei sorrir para ele e dar um bom-dia, mas fui solenemente ignorada. O episódio esporádico que me causa tanto desconforto atinge um considerável grupo de pessoas todos os dias, sistematicamente. Soaria estranho chamar essas pessoas de minorias, pois muito provavelmente estão em igual ou maior número que nós, os “visíveis”. Já se acostumaram — ou se resignaram — à invisibilidade que o mundo lhes impõe. São os porteiros, faxineiras, office-boys, ascensoristas, motoristas, seguranças, carregadores, para os quais muitos não olham a não ser para dar ordens. E os nossos filhos não podem perpetuar essa lógica. O hábito de “coisificar” pessoas faz parte de uma sociedade que estabelece a convivência por utilitarismo. O outro só existe a seu serviço. É conveniente, pois, tratar esse indivíduo polidamente, trocar com ele duas ou três palavras e assim sustentar uma con-

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Canguru

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O hábito de “coisificar” pessoas faz parte de uma sociedade que estabelece a convivência por utilitarismo. O outro só existe a seu serviço. O que não pode ser chamado de convivência, e sim de “modo de usar”. vivência pacífica. O que não pode ser chamado de convivência, e sim de “modo de usar”. Se a definição lhe provocou mal-estar, pense em que tipo de relação você estabelece com essas pessoas — e no exemplo que está dando a seus filhos. Em meu trajeto à escola com o Fran, nenhuma dessas pessoas nos serve. São gente, como nós. Que acorda, sente o clima do dia, tem bom ou mau humor, pensa a vida, tem opiniões, resolve problemas. Alguns tiveram bem menos estudo que nós. Convém, no entanto, não desprezar-lhes a sabedoria. Conheço gente com doutorado que jamais terá o humor fino do Geraldo. “O essencial é invisível aos olhos”, diz Antoine de Saint Exupéry. Mas, para praticá-lo, é bem-vindo um olhar atento e carinhoso. O olhar do outro é cama macia e seu sorriso, o cobertor. Não podemos, não precisamos nem devemos viver isolados. Experimentar a invisibilidade — por um instante, que seja — me ajuda a ter certeza disso.=

Cris Guerra é publicitária, escritora e palestrante. Fala sobre moda e comportamento em uma coluna na rádio BandNews FM e a respeito de muitos outros assuntos em seu site www.crisguerra.com.br. Na Canguru, escreve sobre a arte da maternidade. crisguerra@cangurubh.com.br


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