Canguru | BH | Novembro de 2015 | Número 02

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www.cangurubh.com.br | nov 2015 | nº 2

Criando filhos em BH

E XE M P LAR G RAT U I TO PARA E SCO LAS PARCE I RAS

EXISTE UM MOMENTO CERTO PARA COMEÇAR A APRENDER UMA

segunda língua? NOVA GERAÇÃO DE

avós muda relação com os netos SAIBA COMO TORNAR O para casa

menos estressante

poderosos

chefinhos Incentivada pelos reality shows culinários, a garotada se diverte para valer nas aulas de gastronomia



nesta edição3

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seções

Liz Bicalho e Clara Crocco se divertem na aula de culinária: para elas, o melhor momento é o de provar as produções

24 Os professores Anthony Alemany e Isabella Fritsch, com Larissa e Gabriel: eles só falam inglês em casa

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Primeiras palavras

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Padecendo no Paraíso, por Bebel Soares e Tetê Carneiro

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Artigo, por Laila Pena

Nossos leitores www.cangurubh.com.br Missão Instagram Canguru viu e curtiu Eles dizem cada coisa Mundo Kids Moda Comprinhas Viagens, modo de usar, por Luís Giffoni Para ler com seu filho, por Leo Cunha Na Pracinha, por Flávia Pellegrini e Miriam Barreto

Artigo, por Maria do Carmo Gontijo Crônica, por Cris Guerra

Reportagens

A apresentadora Roberta Zampetti com Enzo, de 3 meses: pronta para mimar o netinho

Nossa capa O pequeno Rafael, de 3 anos, é filho de Camila Hikari e Jorge Ferreira. FOTO: Pedro Gontijo

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Idiomas | Especialistas divergem sobre quando colocar o filho na escola de línguas

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Comportamento | Cursos ensinam os segredos das panelas para a meninada

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Etiqueta | Dez regras básicas para não pisar na bola ao visitar um recém-nascido

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Família | O aumento na expectativa de vida transforma a relação entre avós e netos

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Segurança | Saiba quais são os acidentes mais comuns em crianças de 0 a 14 anos

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Educação | Aprenda a deixar a hora do para casa um pouco menos estressante


O exemplo da juíza ADORO CHEGAR À casa da minha mãe e sentir o cheiro de bolo recém-assado. A dona Vera faz um bolo desses comuns — com farinha de trigo, leite, manteiga, ovos e açúcar — e jura que não guarda segredinho nenhum. Eu duvido. Não existe bolo igual, garanto. Para mim, não há cozinheira melhor do que ela. Comida de mãe tem sabor especial, não é? Nem sempre. Meus filhos, infelizmente, não poderão dizer sobre mim o que digo, cheia de orgulho, sobre a avó deles. Sou uma negação com as caçarolas. Na minha própria casa, comida gostosa é de segunda a sexta, quando quem comanda o fogão é a Tati, nossa ajudante. No fim de semana, imperam por lá os pratos congelados — com direito a opções nada saudáveis (confesso). Talvez seja por isso que meu caçula, Gabriel, goste tanto do Tem Criança na Cozinha, do canal pago Gloob. Ele não tira os olhos da telinha enquanto o programa está no ar e bem que tenta me seduzir para repetir alguma daquelas receitas na nossa bancada. Mas o acordo quase sempre cai no esquecimento. Esse é um dos itens que mais lamento naquela imensa lista de culpas que toda mãe carrega. Para mulheres como eu, com nenhum talento para a culinária, a reportagem de capa, assinada pelos repórteres Rafael Rocha e Rafaela Matias, é um alento. Nossos filhos não precisam crescer à nossa imagem e semelhança. Podemos seguir o exemplo da juíza Alice Birchal, que matriculou as duas filhas em um curso de gastronomia para crianças. Sua mais velha, Lívia, de 9 anos, já anda fazendo comida mexicana! Um luxo, não é? Se o Gabriel e o Pedro curtirem preparar uma nutritiva omelete, já me dou por satisfeita. A equipe da Canguru caprichou muito nesta segunda edição, uma forma de retribuir ao enorme carinho com que a revista foi recebida por mães, pais e educadores de Belo Horizonte. Para mim, que passei tantos anos sonhando em colocar este projeto de pé, é emocionante perceber que, de modo geral, todos compreenderam a proposta de contribuir para o desenvolvimento de crianças e famílias felizes. Quem convive comigo sabe que passei boa parte do último mês com olhos marejados. Nossa reportagem de capa é, digamos assim, a cobertura deste bolo. E ele está recheado de matérias instigantes sobre comportamento e educação, como a que dá dicas de como transformar a hora do dever de casa em um momento de prazer. Saboreie!

Ivana Moreira, DIRETORA DE REDAÇÃO ivana@cangurubh.com.br

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FOTO: GUSTAVO ANDRADE

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Ivana e os filhos Gabriel e Pedro


DIRETOR EXECUTIVO: Eduardo Ferrari DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Ivana Moreira

www.cangurubh.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO: Ivana Moreira EDITORES EXECUTIVOS: Alessandro Duarte e Paola

Carvalho

EDITORA DE ARTE: Christina Castilho PROJETO GRÁFICO: Christina Castilho (Mondana:IB) REPÓRTER: Rafaela Matias COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Cris Guerra, Isabella

Grossi (Agência Reporteros), Larissa Coelho, Leo Cunha, Luís Giffoni, Nara Montezano, Rafael Rocha, Sabrina Abreu FOTÓGRAFOS: Gustavo Andrade, Pedro Gontijo e Victor Schwaner REVISORA: Shirley Souza Sodré COORDENADORA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL: Camila Capone ESTAGIÁRIA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL:

Juliane Ferreira

GERENTE COMERCIAL E ADMINISTRATIVA: Suellen Moura ASSISTENTE ADMINISTRATIVA: Laura Ramos

A Canguru é uma publicação mensal da Scrittore Comunicação e Editora Ltda. CNPJ 12243254/0001-10, Rua Alberto Bressane, 223, Belo Horizonte/MG, CEP 30240-470 TIRAGEM: 25 000 exemplares IMPRESSÃO: Artes Gráficas Formato Ltda. DISTRIBUIÇÃO: Gratuita na rede de escolas parceiras*

e vendida em bancas de BH.

* Instituições particulares de educação infantil que se encarregam de enviar a revista aos pais de seus alunos na mochila dos estudantes. A relação das escolas parceiras pode ser consultada por anunciantes.

PARA ANUNCIAR Andrea Guedes: (31) 2511-7612 . (31) 99139-6915 andrea@crossmidiamg.com.br Suellen Moura: (31) 3546-7818 . (31) 98651-2047 suellen@cangurubh.com.br PARA FALAR COM A REDAÇÃO: mande e-mail para redacao@cangurubh.com.br ENDEREÇO: Rua Paul Bouthilier, 207, Mangabeiras, Belo Horizonte – MG – CEP 30315-010. (31) 3546-7818 Artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da revista e de seus responsáveis.

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Lançamento Desde que a Canguru chegou na mochila da minha filha de 2 anos, eu não a larguei mais. Nós, mães de BH, estávamos precisando de uma publicação como esta, tão direcionada para a criação de filhos aqui na nossa cidade. — Maria Lúcia Gontijo Sou mãe de uma menina de 7 anos e de meninos gêmeos. Amo aproveitar nossa cidade com a família e a ideia de reunir os eventos para a criançada em um mesmo lugar foi fantástica. — Paula Portela Sou educadora e amei a revista. Parabéns. — Karin Castro

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Foi com alegria que recebemos o primeiro número da revista Canguru para distribuirmos aos pais de nossos alunos. Ela está muito atraente, tanto em seu conteúdo quanto em sua apresentação gráfica. Ao lê-la, veio à minha mente um ensinamento de González Pecotche, fundador do Colégio Logosófico: “Conseguir que as gerações futuras sejam mais felizes que a nossa, será o prêmio mais grandioso a que se possa aspirar. Não haverá valor comparável ao cumprimento dessa grande missão, que consiste em preparar para a humanidade futura um mundo melhor”. Estou certa de que estamos juntos nesta missão. ­— Liara Sia Moreira Salles Diretora-Geral do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários Em nome das diretoras Iza Maria Bastos Izzotti e Denise Campos Duarte e da família CEIR, gostaria de parabenizar a inciativa da publicação. Ficamos encantadas. As reportagens são fantásticas e muito instrutivas. Tenho certeza de que será de grande ajuda a nossos pais e educadores. — Michelle Ferreira da Silva Curti cada pedacinho, e que sabor de quero mais! A revista está incrível. — Dulce Lucchesi

Recebi com alegria a revista Canguru. Parabéns. Ficou espetacular. — Hermengarda Mol de Freitas Diretora – Barquinho Amarelo Excelente iniciativa. Parabéns pela ideia e pelo trabalho gráfico da revista. Sucesso a todos. — Luciana Dettori

Família Amei participar da reportagem “Reinado dividido”. Recebi um retorno muito bacana. Postei o link em um grupo de mães do WhatsApp e todas elogiaram muito. Houve até discussão sobre o assunto, pois muitas delas também têm bebês e os filhos mais velhos estão passando pela mesma situação que a Duda. Não sabíamos o que fazer, mas agora temos um direcionamento. — Danielle Kalil Braga Adorei a matéria. Está bastante explicativa. Parabéns! — Wanessa Martins Santos

Lição de casa Muito bom o texto “Preste atenção”, de Ikeline de Paula. Afinal, filho não vem com manual de instruções e é preciso que alguém mais experiente dê algumas dicas e orientações. — Neli Azevedo


Papo de menino Eduardo Ferrari falou a mais pura verdade e descreveu a rea­ lidade atual (“É tarde, é tarde, é cedo”). É mesmo uma pena que os pais de hoje sejam tão fissurados em tecnologia a ponto de não se doarem aos filhos nos pequenos em tão valiosos momentos. Parabéns a você, que consegue dar atenção aos filhos e curtir o comportamento deles. Aliás, adoro ler os seus textos. Você é muito competente. — Magda Sacchetto

Conselho de mãe A sua história, Paola Carvalho, me lembrou demais a chegada da minha primeira filha, Angelina, há 5 anos (“Meu parto normal no Mater Dei”). Muitos foram os conselhos para que eu fizesse uma cesárea, mas persisti no parto normal. Foram mais de dezessete horas, contando contrações, sangramento, a entrada no hospital e o parto propriamente dito. Estou esperando minha segunda filha e continuo defensora do parto normal. Boa sorte no projeto, com o Otávio e tudo o mais. — Janaina Cunha Zonzin

Vou acompanhá-la passo a passo, querida. Muito sucesso para vocês. Eu me tornei mãe aos 24 anos. Até que o João viesse para os meus braços, eu não fazia ideia de como essa seria a experiência mais transformadora do meu mundo, da minha vida. Depois, para completar a festa veio a Lu. Errei pra caramba (claro!), mas espero ter acertado mais. Enfrentei grandes desafios. Compreendi o significado de “padecer no paraíso”. E continuo “padecendo”, 26 anos após começar essa caminhada. — Zulmira Furbino Paola, o parto é realmente uma aventura à parte para os pais. Também queria muito ter um parto normal, mas como o Lucas estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço, tivemos de fazer uma cesariana de urgência. Foi muito tenso, mas, graças a Deus, passados doze anos, ele se tornou um rapaz lindo e cheio de saúde. Acredito que não passarei mais por essa experiência. Como já tem tanto tempo do nascimento do primeiro filho, não me vejo mais grávida. Desejo a mesma saúde e felicidade para o Otávio (Tavinho), que veio ao mundo para ser muito amado. Lindo o seu blog, muitas felicidades para vocês três! — Carla Meireles Carneiro

Eu tive dois partos normais “de novela”, com intervalo de duas horas entre a internação e o nascimento das meninas. Minha médica diz que eu sou uma privilegiada, e concordo com ela. O parto é sempre uma experiência linda e o que vem depois dele é um desafio gigante, acompanhado de um amor sem tamanho e de alegrias que a gente nem sabia que seriam possíveis. Sucesso com o blog e muita luz no caminho do Tavinho. — Ana Paula Pedrosa

Ciranda Infelizmente não sou mãe, mas tenho agregados, sobrinhos e afilhados maravilhosos que me fazem um bem enorme. Procurarei seguir seus conselhos, Fernanda Agostinho. Acredito que esses benefícios não escolhem a quem contemplar. Parabéns pelo texto “Jardim da vida”. — Divina Marcia Santos

FALE COM A CANGURU Entre em contato por e-mail: redacao@cangurubh.com.br ou deixe um comentário em nossas redes sociais.

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Promoção

Ganhe um fim de semana com a família num resort Inscreva-se até o dia 27 e concorra

* O pacote inclui duas diárias com pensão completa para um casal e dois filhos no mesmo quarto. Não é válido para os meses de janeiro e julho e em feriados prolongados.

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Solidariedade

Uma tarde de sorrisos, beijos e abraços É delicioso testemunhar o brilho nos olhos de uma criança diante de um brinquedo novo. Foi isso que a equipe da Canguru pôde viver no dia 20 de outubro, quando levou as doações dos leitores para ser distribuídas entre as crianças atendidas pela Assistência Social Kennedy (Aske), no bairro Pindorama. Elas — 245 meninos e meninas com idade entre 0 e 6 anos — ganharam presentes e retribuíram com sorrisos imensos, beijos e abraços. Foi uma tarde muita animada. “É uma alegria muito grande poder contar com a solidariedade de pessoas boas”, comentou, emocionado, o diretor voluntário, Wan­derley Campos. “Dependemos disso.” A instituição recebe recursos da prefeitura para pagar os educadores, mas, todo o resto é bancado apenas com doações. Além dos brinquedos, as crianças puderam desfrutar de um lanche especial, com cachorro-quente, pão de queijo, cupcake e muitas guloseimas. A Canguru agradece o apoio dos leitores que fizeram doações e dos parceiros que contribuíram recolhendo os brinquedos (a livraria Leitura e a loja Brinkel) e preparando lanches (a doceria Madeleine).

FOTOS: [1] DIVULGAÇÃO; [2] JULIANE FERREIRA; [3] THIAGO KRAUTZ; [4] FERNANDO PIANCASTELLI.

UM FIM DE SEMANA de relax com a família à beira da piscina, no melhor resort para crianças do Brasil. Quem não gostaria? A Canguru, em parceria com o Tauá Resort Caeté, vai sortear um pacote* para um fim de semana assim. A hospedagem será com pensão completa, ou seja, todas as refeições estão inclusas. Acesse o portal cangurubh.com.br, confira as regras e participe da promoção do mês, que se encerra no dia 27 de novembro.

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EDIÇÃO Alessandro

Duarte

Roteiro

Tudo o que há de bom para fazer com os pequenos, em um só lugar ALÉM DE REPORTAGENS, fotos e vídeos, no site da Canguru os pais encontram uma série de boas opções para se divertir com as crianças em BH. Em novembro, uma das atrações de destaque é a peça O que mora no escuro, em cartaz nos dias 7 e 8, no Teatro Bradesco. De forma lúdica, a história alerta para os perigos que as crianças podem encontrar dentro de casa, e dicas para evitar acidentes domésticos são dadas. Outros programas de lazer, cinema, oficinas, exposições, teatro e passeios você encontra em cangurubh.com.br.

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palestra

TV Canguru

A arte de ser mãe, por Cris Guerra

Faça parte da nossa próxima produção de vídeo

No dia 28, nossa colunista falará sobre a revolução que a maternidade provocou em sua vida IMAGINE EXPERIMENTAR, ao mesmo tempo, a maior das tristezas e a maior das felicidades. Num dia, enterrar o amor da sua vida. Pouco depois, parir o filho tão desejado. Foi exatamente o que aconteceu com a publicitária Cris Guerra. Jovem e saudável, Guilherme, seu marido, teve uma morte súbita, quando se aprontava para ir ao trabalho. Francisco, seu filho, chegou ao mundo dois meses depois. Na palestra A arte de Ser Mãe, Cris Guerra conta a respeito de como lidou com essa dura experiência, que revolucionou sua vida. E compartilha seus aprendizados como mãe de um menino que hoje tem 9 anos. O evento será às 10h30, no Cineart Boulevard. As inscrições para a palestra são gratuitas e devem ser feitas no portal cangurubh.com.br. As vagas são limitadas.

A crônica A metamorfose, de nossa colunista Cris Guerra, publicada na página 50, será utilizada como roteiro para a próxima produção da TV Canguru. O vídeo será ilustrado com imagens reais de nossas leitoras com seus filhos. Se você tem fotos que caiam como uma luva em trechos do texto, envie-as para crisguerra@cangurubh.com.br até 15 de novembro. As melhores imagens serão selecionadas e utilizadas na edição do vídeo. A locução será da própria Cris. O resultado você poderá conferir no nosso canal no YouTube, na segunda quinzena de novembro.

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Novos blogueiros CAMILA CAPONE

LUCIENE DUARTE A psicóloga (mulher do blogueiro abaixo) e mãe de um menino propõe ao leitor, em seu Transcendendo, enxer[2] gar o cotidiano da relação entre pais e filhos como a expressão do Bem e do Belo. Nessa perspectiva, ela trata da relevância de cada criança ter um contato com a dimensão espiritual.

ALESSANDRO DUARTE Em Pai-herói, o jornalista (marido da blogueira acima) fala da importância do relacionamento entre pai e filho e de [3] como os exemplos do dia a dia podem influenciar as crianças — positiva ou negativamente. Afinal, todo pai é um herói para o seu pequeno, seja quando marca um gol na final do campeonato da escola, seja quando estaciona por “apenas cinco minutinhos” na vaga de idoso.

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evento

Arte e Criança, do Jardim América, ganha festa no Casa do Sol NUMA TARDE DA primeira semana de dezembro, a unidade Buritis da Casa do Sol Festas vai funcionar com exclusividade para os alunos do Centro Educacional Arte e Criança, no bairro Jardim América. A instituição foi a ganhadora da promoção realizada pela Canguru para as escolas parceiras. “Foi uma emoção enorme. Nem tenho palavras para descrever minha felicidade”, disse a diretora Adriana Rezende (à dir. na foto). Gerente comercial e administrativa da Canguru, Suellen Moura foi até a Arte e Criança para entregar o certificado do sorteio. “A promoção foi nossa forma de homenagear as escolas que acreditaram desde o princípio na proposta da Canguru, assumindo o compromisso de colocar a revista na mochila de seus alunos”, afirma Suellen. O vídeo do sorteio, realizado na sede da revista, no dia 8 de outubro, está em nosso canal no YouTube.

Mais festa NA CBN Às terças e quintas, às 10h40, acompanhe ao vivo o boletim Canguru: criando filhos em BH. Todos os áudios estão disponíveis no portal cangurubh.com.br.

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Em outubro, a Canguru também sorteou uma festa de aniversário entre leitores da revista. Confira no site cangurubh.com.br quem foi o vencedor do sorteio realizado no dia 29.

FOTOS: [1][4] GUSTAVO ANDRADE; [2][3] ARQUIVO PESSOAL.

Além de estar na revista, a coluna Canguru Viu e Curtiu terá agora atualizações semanais. Publicitária, profes[1] sora e especialista em marketing digital e redes sociais, Camila trará sempre novidades interessantes e divertidas, que envolvam o universo infantil e digital.



Pedimos aos pais que registrassem a reação dos filhos ao receber o presente do Dia das Crianças e compartilhassem a imagem usando a marcação #cangurubh. Confira algumas das fotos.

Rúbia Lisboa (@poisesoumae) flagrou Iasmin, de 1 ano e 6 meses, com sua nova mesinha e cadeirinha. Agora, a menina tem um lugar só dela para fazer as refeições.

Felipe, de 6 anos, se divertiu horrores no parque indoor KidZania, em São Paulo, como mostram estes cliques de Bebel Soares (@padecendo).

Próxima missão: curtindo BH ao ar livre Fotografe as crianças em um dos parques ou praças da cidade e compartilhe a imagem no Instagram usando a marcação #cangurubh. Os melhores registros serão publicados na edição de dezembro da revista.

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FOTOS: REPRODUÇÃO INSTAGRAM.

@livinhagodoi enviou uma sequência de imagens que captaram a surpresa e a alegria de Davi, de 4 anos, ao ganhar o boneco do Incrível Hulk.



EDIÇÃO Camila

Capone

O QUE ESTÁ ROLANDO DE ÚTIL, DIVERTIDO OU CURIOSO NA WEB E NAS REDES SOCIAIS

Vacinação em dia pelo celular

Próteses temáticas da Disney Já imaginou uma prótese de braço inspirada em Elsa, do filme Frozen — Uma Aventura Congelante? Ou, quem sabe, imitando a armadura do Homem de Ferro? A Open Bionics, em parceria com a Walt Disney Company, está desenvolvendo luvas biônicas a partir de personagens do estúdio. Uma maneira supercriativa de minimizar o impacto diante da necessidade de utilizar uma prótese. Segundo a empresa, os equipamentos devem estar no mercado em 2016. Acompanhe a página da Open Bionics no Facebook para ficar por dentro do lançamento. Acesse bit.ly/ProtesesDisney

No mês de outubro, publicamos uma matéria sobre vacinação intitulada “O calendário da prevenção”. E olhe que app legal nós encontramos para facilitar a vida das mamães e papais. O aplicativo funciona como um cartão de vacinação virtual, permitindo incluir os dados de seus filhos para que, dessa maneira, você gerencie todas as vacinas que eles precisam tomar. O app tem versões para Android e iOS e conta com informações disponibilizadas pelo Governo Federal por meio do Sistema Único de Saúde, o SUS. Download Android bit.ly/vacina_android Download iOS bit.ly/Vacina_IOS

Voz, violão, um clássico do Bon Jovi e um roqueiro de fraldas? Sim. E é a coisa mais fofa que você já viu. Assista! Acesse http://bit.ly/Babyrock

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IMAGENS: REPRODUÇÃO.

Baby rocks!


Seu filho pode não entender ainda o conceito de liberdade e segurança.

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Mas vai aproveitá-las como ninguém.

quartos (suíte)

Sion, BuRitiS e noVa liMa

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Atendimento online 24 horas:

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POR Rafaela

Matias

Você já s ur pelo cora fou çã dessa vid o a?

RENATA, 4 anos, filha de Renato Antonio Teixeira da Silva e Dimayma Rodrigues Botelho.

É sério que Deus criou tudo? Até essa toalha?

Eu sei que você me ama, mas quando me manda fazer o dever de casa não parece.

Vou colocar um presente no balão de gás e enviar para o vovô lá no céu!

HENRIQUE, 8 anos, filho de Walmer Martins e Vanessa Dias. DAVI, 5 anos, filho de Lúcio Esteves Filho e Nathalia Duarte Pereira Alves.

Não so u Sou Nin bebê. ícius!

VINÍCIUS, 2 anos, filho de Marcelo Henrique Silveira Neves e Daniela Andrade Martins Ambrósio.

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Se seu filho também diz pérolas, envie a frase para o e-mail redacao@cangurubh.com.br.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL.

MARIA CLARA, 5 anos, filha de Edson Garcia e Waldilene Santos, enquanto saía do banho.


VengiahadocultNivaatarl

Abertura do

Natal Domingo, 10h

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a ma na Fazendinha do Papai Noel .

shoppingcidade.com.br

No dia 8 de novembro, domingo, às 10 horas, venha para a Abertura do Natal do Shopping Cidade! Será um dia de muita diversão e magia, e todas as crianças que visitarem a casa do Papai Noel, no piso , vão ganhar um lindo pinheirinho e enfeites para decorá-lo.* Venha cultivar a magia do Natal com a gente! *Promoção válida enquanto durar o estoque.


é o número de ANIVERSÁRIOS-PIQUENIQUE realizados nos parques de BH de janeiro a setembro, segundo a Fundação de Parques Municipais. [1]

No dia 8 de novembro, a partir das 13 horas, a atriz mirim Kiria Malheiros, que vive a personagem Marina na novela Malhação, da Rede Globo, estará em Belo Horizonte para uma tarde especial na Escola de Princesas. Kiria vai participar de um workshop de culinária, conversar sobre sua carreira e distribuir autógrafos. Recém-inaugurada, a unidade de Beagá da escola idealizada pela professora e psicopedagoga Nathalia de Mesquita tem o objetivo de ensinar às garotas entre 4 e 15 anos princípios éticos e morais, valendo-se de situações do dia a dia, como pregar um botão, conversar com desconhecidos ou se comportar à mesa. A Escola de Princesas fica na Rua Terra, 271, no bairro Santa Lúcia. Informações pelo telefone 3656-5877.

Tagarelando a maternidade Há quem diga que a tecnologia pode afastar as pessoas. Mas existem exceções. Para um grupo de mamães de primeira viagem, as funcionalidades do mundo digital só vieram a calhar. Autodenominadas MAMÃES TAGARELAS, as onze matriarcas belo-horizontinas se conheceram via internet em um bate-papo para mulheres grávidas que tinham o parto marcado para abril de 2015. Trocando dúvidas, experiências e preocupações diariamente, a amizade virtual alcançou a vida real. Hoje, com os bebês na faixa dos cinco meses de idade, as mamães marcam encontros semanais em clubes, cinemas, parques e festas infantis. Elas se mantêm atualizadas em um grupo no aplicativo WhatsApp e continuam trocando figurinhas. “A tecnologia nos trouxe uma verdadeira família”, diz a empresária Laura Ladeira, que conta com o apoio das amigas para cuidar da filha, Sofia. “Nossos filhos serão criados como irmãos.”

Sem sujeira “Criança tem de aprender a comer sozinha.” Que mãe nunca ouviu esse conselho? Na teoria, é até bacana. Mas, na hora de limpar toda a sujeira deixada na mesa de jantar, a coisa muda de figura. Unindo o útil ao agradável, um prato especial está fazendo sucesso. Por meio de um sistema com giro de 360 graus, o Prato Mágico, como foi batizado, evita que a comida caia, mesmo se for virado de cabeça para baixo. Além disso, o singelo pratinho possui uma alça anatômica que facilita seu manuseio pela criançada. Depois da refeição, ele pode ser desmontado para tornar a limpeza ainda mais fácil. As lojas de Belo Horizonte que vendem o Prato Mágico estão listadas no site www.pratomagico.com.br.

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FOTO: [1][3] ARQUIVO PESSOAL.; [2] REPRODUÇÃO; [4] DANILO BORGES.

Uma escola para princesas de verdade


POR Rafaela

eu já fui

Matias

criança Chico Pinheiro O jornalista sempre ia à missa na Igreja Nossa Senhora das Dores. Durante a trezena de Santo Antônio, seu pai lhe relatava os milagres do santo e Chico achava que se tratava de um super-herói, tão incríveis eram as coisas que ele fazia. O apresentador do Bom Dia Brasil, da Rede Globo, aprendeu a missa em latim e foi coroinha do padre Lage, que acabou preso durante a ditadura militar.

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Pelé

Fernanda Keulla

Muito antes de se tornar o maior jogador da história do futebol brasileiro, Edson Arantes do Nascimento jogava bola nas ruas de Três Corações, onde nasceu. O amor pelo futebol foi uma herança do pai, João Ramos do Nascimento, que atuava por um clube no Sul de Minas. Em 1945, Pelé se mudou com a família para o interior de São Paulo, onde, aos 10 anos, entrou para um time de futebol infantojuvenil.

A apresentadora Fernanda Keulla sabia, desde criança, o que queria: brilhar nas telinhas. Quando não estava no Colégio Santo Agostinho, onde estudou do maternal ao ensino médio, ela se emocionava assistindo a shows de dança na TV e imaginava que um dia faria parte deles. Nos fins de semana, a loira saía com os pais para comer pizza e tomar sorvete, além de visitar o Parque Municipal, o zoológico e a Igrejinha da Pampulha.=

Aniversário com animação garantida No aniversário do seu filho, leve a turma toda para uma sessão exclusiva de cinema. Combos especiais e muita diversão aguardam por vocês na Rede Cineart.

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4moda

Tal pai, tal filho Não é raro ver mães e filhas andando por aí com peças iguais da cabeça aos pés. Mas a tendência também virou febre entre os meninos e os papais. Abaixo, o gerente de projetos Fabrício Nascimento e seu filho Francisco, de 1 ano, vestidos com peças idênticas da VR Kids, mostram que estilo é com eles mesmos. Veja outras dicas para arrasar em dose dupla. POR Rafaela

Matias

BERMUDA MARINHEIRO ADULTO, R$ 349,00, e INFANTIL, R$ 279,00, da Reserva. BH Shopping, Pátio Savassi e Só Marcas Outlet.

[2]

CAMISA POLO ADULTO, R$ 89,90, e BODY INFANTIL, R$ 59,90, da MKids. Av. dos Engenheiros, 1082, Alípio de Melo.

CAMISA POLO ADULTO, R$ 299,00, e INFANTIL, R$ 199,00, da Lacoste. BH Shopping, DiamondMall e Pátio Savassi.

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[1] [1]

CAMISA SOCIAL ADULTO, R$ 289,00, e INFANTIL, R$189,00, CALÇA JEANS ADULTO, R$ 269,00, e INFANTIL, R$ 149,00. VR Kids. Pátio Savassi. [5]

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TOP-SIDER ADULTO, R$ 449,00, e INFANTIL, R$ 379,00, da Reserva. BH Shopping, Pátio Savassi e Só Marcas Outlet.

FOTOS: [1][4] GUSTAVO ANDRADE; [2][3][5] DIVULGAÇÃO.

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ASSIM COMO OS ATLETAS, MINAS GERAIS ESTÁ SE PREPARANDO

PARA A MAIOR COMPETIÇÃO ESPORTIVA DO MUNDO. Os jogos olímpicos estão chegando e Minas Gerais também vai fazer parte deste grande evento. Em 2016, nosso Estado vai sediar dez partidas de futebol – sendo uma semifinal – e o Tour da Tocha Olímpica vai percorrer mais de quarenta cidades mineiras. Além disso, o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Esportes, atraiu diversas delegações como Grã-Bretanha, China, Canadá e Irlanda para treinarem em solo mineiro.

Para saber mais, acesse: minas2016.mg.gov.br


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4IDIOMAS

Pequenos poliglotas O cérebro de uma criança tem realmente mais facilidade na hora de aprender uma nova língua, mas isso não quer dizer que todas irão absorver o conhecimento da mesma forma POR Isabella

Grossi

SABER FALAR UMA língua estrangeira pode ser decisivo para o futuro dos filhos. Pelo menos é o que pensa a maioria dos pais. A dúvida é: qual a hora certa para começar a ensinar o segundo ou terceiro idioma? Infelizmente, não há consenso entre os especialistas, embora todos compartilhem a máxima de que quanto mais novo o pequeno for, mais facilidade ele terá. A explicação é simples. O cérebro de uma criança de aproximadamente 3 anos se transforma continuamente, produzindo novas conexões com base nos estímulos externos. Por estar no início de seu desenvolvimento cognitivo, com filtros menos aperfeiçoados e hábitos menos enraizados, ela consegue expandir sua matriz fonológica. “A criança adquire o conhecimento de palavras e sons da outra língua do

mesmo modo que ela absorve a língua materna”, assegura a professora de inglês Marta Barreto Pereira Amantea. Ainda assim, isso não quer dizer que, ao introduzir mais um idioma na primeira infância, ele será, de fato, incorporado. “Durante a fase de alfabetização, é possível que haja conflitos entre a nova língua e a materna”, explica a PhD em linguística pela Faculdade de Letras da UFMG Mariana Samos Bicalho Costa Furst. A professora de linguística aplicada da UFMG Vera Menezes concorda e vai além: “A idade ideal é depois dos 9 anos, quando a criança já está alfabetizada”, diz. “O pré-adolescente, por exemplo, num instante alcança o nível de quem começou quando pequenininho.” Para ela, também, não faz sentido aprender algo que

FOTOS: VICTOR SCHWANER

Os professores Anthony Alemany e Isabella Fritsch com os pequenos Larissa e Gabriel, que só falam inglês em casa: eles entendem tudo, mas na hora de falar às vezes sai meio embolado


mitos e verdades A pequena Brisa com os pais, o servidor público Matheus Valle e a arquiteta Carla Torres: português, espanhol, inglês e alemão

não vai ser usado. “Só se absorve verdadeiramente um idioma se houver exposição a ele com frequência, e não só na sala de aula.” É o caso de Gabriel, de 5 anos, e Larissa, de 3. A duplinha aprende inglês desde que nasceu, com a mãe, a jornalista, designer gráfica e professora da língua de Shakespeare Isabella Fritsch, e com o pai, o professor Anthony Alemany, que é americano. “A gente só fala inglês dentro de casa, então os meninos absorvem rápido”, conta. “Eles entendem tudo, mas, na hora de falar, às vezes sai embolado.” Com a pequena Brisa, de 4 anos, acontece a mesma coisa. A mãe, a arquiteta e urbanista Carla Torres, é boliviana e se comunica com ela em espanhol. O pai, o servidor público Matheus Valle, apesar de ser brasileiro, só conversa em alemão com a filha, que, além do português, estuda inglês na escola. “Para mim, todo mundo tem de falar ao menos três línguas, e ela já entende bem as três primeiras”, afirma Valle. “O aprendizado não tem limites, o negócio é ter uma referência segura, por isso sempre fui muito rigoroso no dia a dia.” A menina, no entanto, vez ou outra quer dar uma escapulida da rotina e pede ao pai que fale português. Pergunta em alemão, é claro.

CRIANÇAS PEQUENAS APRENDEM LÍNGUAS COMO UMA ESPONJA. Realmente elas apresentam mais facilidade do que um adulto, mas não devemos esperar que a segunda língua seja absorvida com perfeição desde o início. É PRECISO TALENTO PARA APRENDER DUAS LÍNGUAS AO MESMO TEMPO. O aprendizado linguístico não requer nenhum talento especial, faz parte do desenvolvimento humano, assim como a habilidade de andar. ALGUMAS LÍNGUAS SÃO MAIS PRIMITIVAS DO QUE OUTRAS E, PORTANTO, MAIS FÁCEIS DE APRENDER. O INGLÊS, POR EXEMPLO, É MAIS SIMPLES PORQUE TEM MENOS GRAMÁTICA. Não existem línguas primitivas ou sem regras gramaticais. Todas elas são muito complexas e, ao mesmo tempo, possíveis de ser assimiladas. PAIS QUE NÃO FALAM UMA SEGUNDA LÍNGUA PERFEITAMENTE VÃO PASSAR SEUS ERROS E SOTAQUE AOS FILHOS. Esse fato só poderia ser verdadeiro se a criança não ouvisse outros falantes além de seus pais, o que é praticamente impossível. =

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4comportamento

Aprendizes de

mestre-cuca Inspirada em reality shows da TV, a meninada se reúne em restaurantes e escolas para aprender os segredos das panelas POR Rafael

Rocha e Rafaela Matias

O chef Felipe Rameh, com Francesco e Antônia: “As crianças aprendem a apreciar os sabores e fogem dos alimentos industrializados”

FOTO: PEDRO GONTIJO

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PRIMEIRO FORAM OS adultos que se reuniram à beira do fogão de chefs renomados ou em escolas de gastronomia para aprender o bê-á-bá das receitas. Não tardou para surgirem — e se tornarem um sucesso — os reality shows em que cozinheiros amadores tentam surpreender jurados para lá de exigentes. Em um segundo momento, foram os pequenos que invadiram as cozinhas. Restaurantes estrelados e escolas de culinária passaram então a oferecer cursos para as crianças descobrirem como se faz desde prosaicos brigadeiros de chocolate a elaborados menus com entrada, prato principal e sobremesa. As TVs não ficaram para trás e trataram de bolar programas com a meninada e as panelas, a exemplo do MasterChef Júnior — que estreou no dia 20 de outubro na Band e reúne os jurados da versão adulta, Henrique Fogaça, Paola Carosella e Erick Jacquin — e o Que Marravilha! Chefinhos, do mestre-cuca francês radicado no Rio de Janeiro Claude Troisgros no canal pago GNT (veja quadro com essas e outras atrações na página 31). “Quando crescer, quero ser chef”, diz, cheio de

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certeza, Francesco Paratella, de 6 anos, enquanto prepara um macarrão ao sugo supervisionado pelo cozinheiro Felipe Rameh, no restaurante Alma Chef, em Lourdes. Desde o início do ano, meninos e meninas se divertem ali criando delícias como pães de queijo recheados, massas e cupcakes. Outra aluna que já herdou o gosto pela cozinha é Antônia, filha de Rameh. Com apenas 2 anos, ela prova de tudo e surpreende ao falar de seu alimento favorito: brócolis. Para o pai, não há orgulho maior do que ver o encanto da garotinha pela comida. “Nosso papel é mostrar os alimentos sob uma perspectiva lúdica e divertida”, afirma. “Assim as crianças têm a chance de aprender a apreciar os sabores e podem se interessar pelo preparo, fugindo dos industrializados, cada vez mais presentes nas mesas.” Proprietárias da Mordô Espaço Gourmet, em Santa Tereza, Ale Oliveira e Tássya Carvalho contam que os cursos de culinária para crianças surgiram de um pedido dos próprios pais que frequentavam o espaço. “Muitos nos falavam que assim poderiam incentivar

FOTOS: [1][2] PEDRO GONTIJO; [3] GUSTAVO ANDRADE

Liz, Clara e Sofia, na Mordô: elas dizem que a melhor parte das aulas é se deliciar com a produção


Rafael (à dir.): bolo de confete é seu prato preferido

[2]

Matteo: bolinho de grão-de-bico entre os pedidos à sua mãe

[1]

[3]

os filhos que não queriam saber de comer”, lembra Tássya. E parece que deu certo. As irmãs Sofia, de 11 anos, e Clara Crocco, de 9, fazem aulas junto com a prima Liz Bicalho, de 11. Além de provarem alimentos novos, como legumes e verduras, as três levam os ensinamentos para casa e já conseguiram até ganhar um dinheirinho com as invenções culinárias. “Uma vez fizemos cookies e vendemos no prédio, para conseguir dinheiro e pagar mais aulas”, conta Liz. Observando as três garotas comentarem sobre a importância do alho-poró para compor o sabor do prato, é impossível não se surpreender. “Nós precisamos comer de tudo, porque um bom chef sempre prova o que faz”, afirma Sofia. A pequena já tem até uma dica de ouro: ousar nas combinações para tentar encontrar novos sabores. “Eu invento muito na hora de cozinhar e o engraçado é que às vezes dá certo.” Sobre a melhor parte das aulas, as três são unânimes em responder que é a hora de se deliciar com a produção. Mas também existe outro momento disputado. “A segunda melhor parte é quebrar os ovos”, brincam.

Fazer a meninada experimentar novos sabores é mesmo um ganho e tanto para os pais. A atriz Gyuliana Duarte lembra do dia em que Matteo, de 6 anos, chegou em casa e pediu para comer bolinho de grão-de-bico. Ele conheceu o ingrediente em sua escola, no São Bento, enquanto ajudava a preparar a merenda. “O Matteo está mais interessado na cozinha e quer experimentar tudo o que eu preparo”, conta Gyuliana. Na Educ Unidade Pedagógica, localizada no Sion, os pequenos já vêm enumerando os ingredientes de que não gostam. Mas a manha dura pouco. “Quando o prato fica pronto, eles acabam provando de tudo”, garante a proprietária, Cláudia Guimarães. Os alunos de até 4 anos de idade preparam bolos, rocamboles e outras gostosuras. Um dos primeiros aprendizes da escola, Rafael, de 3 anos, é filho dos cozinheiros Camila Hikari e Jorge Ferreira e não tem dúvidas sobre o seu prato preferido: bolo de confete. A irmãzinha, Joana, de apenas 6 meses, acompanha as aulas ao lado da mãe e já mostra interesse pela culinária. “Vou inscrevê-la no início do ano que vem”, afirma Camila. 4

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Onde colocar as mãozinhas na massa Escola de Culinária Decisão Atacarejo

Alma Chef AULAS: uma vez por mês PREÇO: R$ 150,00 por aula ENDEREÇO: Rua Curitiba, 2081, Lourdes CONTATO: (31) 2551-5950 escola@almachef.com.br

AULAS: períodos de férias e de recesso escolar PREÇO: R$ 10,00 por aula ENDEREÇO: Avenida Olegário Maciel, 721, Centro CONTATO: (31) 3207-9013

Brincando na Cozinha

Educ Unidade Pedagógica

AULAS: aulas particulares e para grupos fechados PREÇO: a partir de R$ 110,00 por aula ENDEREÇO: Rua Senhora do Porto, 455, Palmeiras CONTATO: (31) 9105-8166 | 8484-4981

AULAS: uma vez por semana PREÇO: R$ 145,00 por mês ENDEREÇO: Rua Chicago, 295, Sion CONTATO: (31) 2514-1417

Mordô Espaço Gourmet AULAS: turmas fechadas e em épocas comemorativas, como Páscoa, Carnaval, semana das crianças e férias de julho e janeiro. Cada aula tem duração de três horas e inclui três preparações: entrada, prato principal e sobremesa. PREÇO: R$ 50,00 por aula ENDEREÇO: Rua Eurita, 62, Santa Tereza CONTATO: (31) 9192-4529

[4]

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FOTOS: [4] ISTOCKIMAGE; [5] GUSTAVO ANDRADE

Helena e Lívia, filhas da juíza Alice Birchal, que se diz uma negação na cozinha: receitas de feijão-tropeiro e comida mexicana

Mas não é necessário ter a gastronomia no sangue para se interessar pelas caçarolas. Foi, aliás, a total inapetência da juíza Alice Birchal que a fez matricular as filhas, Lívia, de 9 anos, e Helena, de 5, no curso da escola Brincando na Cozinha, no bairro Palmeiras, coordenado pela professora Carol Haddad. A mais velha aprendeu a fazer comida mexicana, e a mais nova, feijão-tropeiro. “Como eu não sei cozinhar, quis proporcionar às minhas filhas que tivessem esse contato mais próximo com a cozinha”, confessa Alice. Ainda que o pequeno não tenha ambição de se tornar um chef no futuro, os benefícios de quem aprende lições sobre o que está comendo vão muito além. “A cozinha também ajuda a criança a controlar a ansiedade, entender melhor questões de hierarquia e aprimorar suas noções de higiene”, acredita Cláudia. E essa febre não deve diminuir tão cedo. Embaladas pela procura dos pais e pelo sucesso dos programas de TV, as escolas fazem planos cada vez mais ambiciosos. Com curso somente para adultos há dez anos, a Escola de

Culinária Decisão Atacarejo montou turmas infantis nas férias de julho em caráter experimental. O sucesso fez com que fosse aberta uma turma extra. E turmas regulares nos meses seguintes. “Vamos abrir mais duas filiais em 2016 e assim poderemos ter mais turmas de crianças”, afirma a diretora de marketing e RH Valéria Bax. Vêm mais chefinhos por aí. =

Para curtir na TV 4COZINHANDINHO. Segunda a sexta, às 13h, na Nickelodeon. 4MASTERCHEF JÚNIOR. Terça, às 22h30, na Band. 4QUE MARRAVILHA! CHEFINHOS. Quinta, às 21h45, no GNT. 4TEM CRIANÇA NA COZINHA. Segunda a sexta, às 12h45, no Gloob.

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4etiqueta

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Queridos, cheguei!

abella G

POR Is

A CHEGADA DE um bebê é, sem dúvida alguma, um dos momentos mais festejados na vida de um casal. As descobertas dessa nova fase, no entanto, são delicadas e exigem todo tipo de cuidado. Canguru conversou com a pediatra Maria da Glória de Alencar Araripe e com as consultoras de etiqueta Janaína Depiné e Ana Flávia Furtado para saber as regrinhas básicas na hora de visitar um recém-nascido. Com apenas dez dicas, é possível dar as boas-vindas sem correr o risco de transformar o momento de celebração num suplício.

Ligue antes de fazer a visita, sempre. Combine com a família o melhor horário. Dessa forma, você não corre o risco de chegar na sagrada hora do repouso do neném ou da mãe, que ainda está fragilizada por causa do parto.

#3 32

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AAAAATCHIM

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#2

ESPERE UM POUCO

Deixe a maternidade para avós, tios e padrinhos. O ideal é fazer a visita em casa. Espere ao menos quinze dias e fique meia horinha, no máximo. Essa é a fase de adaptação do casal, que não tem muito tempo para fazer sala.

Se estiver doente, suspenda a visita. O bebê ainda não possui o sistema imunológico completamente desenvolvido nem tomou todas as vacinas. O risco de ele ser contaminado é imenso.

ILUSTRAÇÃO: ISTOCKIMAGE

#1

DE SURPRESA, NÃO


#4

#7

E A TURMA DA PESADA?

Não leve filhos pequenos. Crianças agitam o ambiente e acabam perturbando a paz da mãe e, principalmente, a do bebê. A aglomeração em volta da criancinha também favorece contágios.

#5

CHEIO DE MIMOS

Para o recém-nascido, é delicado levar fraldas, brinquedinhos ou peças de enxoval. A mãe vai adorar receber flores. De preferência orquídeas, que não têm cheiro nem pólen. Esqueça o chocolate. O doce não é recomendável para quem está amamentando, já que pode causar cólica no neném.

#6

QUE CHEIRO É ESSE?

Evite passar perfume ou fumar. O odor pode incomodar tanto a mãe quanto o bebê. Além disso, é nessa fase inicial da relação entre os dois que a criança desperta o sentido do olfato.

# 10

MENOS É MAIS

NADA DE COLO

Jamais peça para carregar o neném, pelo menos até ele completar 3 meses. Pode parecer frieza, mas é uma questão de saúde, apenas. A criança ainda não está imune a doenças, e, por mais que você higienize as mãos, sua roupa certamente estará suja.

#8

PRIVACIDADE MÁXIMA

Na hora da amamentação, saia do local e deixe a mãe e o bebê a sós. É um momento muito íntimo, que precisa de concentração. Muitas mulheres também não se sentem à vontade para expor os seios na frente de outras pessoas.

#9

OLHA O PASSARINHO

Antes de tirar a câmera ou o celular do bolso, procure saber se a mãe se sente confortável com o registro do filhote. Caso esteja liberado, faça a foto, mas sem flash. E jamais poste nas redes sociais.

Não dê palpite sobre amamentação, criação de filhos ou até mesmo sobre higienização. É chato, inconveniente e cada pessoa tem uma opinião de acordo com a sua educação e com os seus valores.=

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4família

Velha era a sua avó Aumento da expectativa de vida muda o perfil das mulheres com mais de 50 anos — e do relacionamento delas com os netos

UMA SENHORA DE cabelos brancos, fala mansa, gestos delicados, coque no alto da cabeça e um par de óculos bem na ponta do nariz. Quando o assunto são as avós, não raro essa descrição salta à mente. A imagem, no entanto, está fadada a cair em desuso, no que depender de uma nova geração de mulheres — com mais de 50 anos — que mantém uma rotina com os netos, sim, mas sem se esquecer da ginástica, das viagens e do trabalho. É o caso da jornalista e apresentadora Roberta Zampetti. Prestes a virar sexagenária, ela se tornou avó em julho. A chegada do pequeno Enzo a levou a recordar os modelos de avós com quem conviveu. “Dona Maricota, minha avó materna, era uma senhorinha de cabelo branco”, conta. “Minha mãe, aos 60, só se vestia com tailleur, nunca colocou uma calça na vida, as duas eram completamente diferentes de como sou hoje.” Quase sempre de calça jeans e tênis, Roberta é vista por aí a bordo de um Smart verde-limão, um simpático carrinho de dois lugares. O estilo dessa nova geração de avós pode ser explicado pelo aumento da expectativa de vida da população brasileira. Em 1980, essa expectativa era de 62,5 anos e, segundo dados da última pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a 2013, passou a 74,9 anos. Uma mudança radical em pouco mais de trinta anos. Assim, crianças nascidas nos últimos anos têm mais chances de conviver com avós saudáveis e ativos — o que, segundo o educador e palestrante Mario Sérgio Cortella, é benéfico para quem está descobrindo o mundo. “O

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idoso, em geral, não tem tanta pressa, é mais paciente. Quem tem mais anos de experiência e é inteligente costuma também ser mais desapegado, focar o essencial”, afirma. “Enquanto vivemos numa sociedade que busca o excesso, essa pessoa pode demonstrar que muitas coisas são inúteis e cultivar a simplicidade.” Roberta se encaixa bem nessa definição. Apesar de estar trabalhando em um livro e no projeto de um novo programa de TV, ela garante que sua prioridade é o neto. E, nos planos em relação ao menino, ela não se difere das vovós de antigamente. “Quero ser uma realizadora de afeto, ler para ele, contar muitas histórias”, diz. Para a jornalista, os pais devem passar seus valores aos filhos e os avós podem reforçá-los, mas não têm a mesma obrigação. “Se a criança souber que o pai e a mãe são a autoridades dentro de casa, os avós podem chegar e fazer um mimo, sem problemas”, acredita. A psicóloga Sara Campos explica que a criança tem de conseguir distinguir quem são as figuras de autoridade à sua volta. Não necessariamente serão os pais, ou apenas eles. Isso depende de cada arranjo familiar. É importante, entretanto, que a criança saiba quem são os adultos responsáveis por ela. “A família é o primeiro núcleo de socialização”, afirma. “Mais tarde, todo mundo acaba identificando outras autoridades, como os professores e chefes, tendo de construir relacionamentos saudáveis também com eles.” O ideal são os adultos — pais e avós — entrarem em acordo sobre quais regras querem passar para a criança, de modo a não confundi-la com informações e ensinamentos contraditórios. 4

FOTOS: GUSTAVO ANDRADE

POR Sabrina


A apresentadora Roberta Zampetti e o pequeno Enzo, de 3 meses: “Quero ser uma realizadora de afeto, ler para ele, contar muitas histórias”


IMAGEM: REPRODUÇÃO YOUTUBE.

Aos 56 anos, a empresária Marise Rache mora a 50 metros do apartamento de sua filha Carol, mãe de Noah e Matteo, de 4. As duas estão afinadas quanto à educação da dupla, o que inclui o máximo de independência e o mínimo de exposição a eletroeletrônicos. “Eles tomam café com xícara de louça, não damos copo de plástico, porque faz parte do aprendizado”, conta Marise. As crianças não usam tablets nem smartphones, tanto na casa deles quanto na da avó. “Em vez disso, levo sempre comigo lápis de colorir e muitas folhas em branco.” Dona do restaurante D’Artagnan, no Lourdes, ela ama cozinhar com os pequenos. Os dois são também sua companhia preferida para ir à fazenda, onde brincam com os bichos e até tentam tirar leite das vacas. Apesar de manter as diretrizes propostas pela mãe dos meninos, Marise confessa que relaxou um pouco no papel de avó quando pensa em como era no trato com os próprios filhos, Raquel, hoje com 34 anos, Gabriel, de 32, e Carol, de 29. “Eu nunca deixei nenhum deles comer no quarto”, lembra. “Mas Noah e Matteo, um dia desses, estavam deitados comigo e pediram uma banana. Não consegui negar.” Ela mantém um quarto para os gêmeos em seu apartamento, mas se podem ver vários brinquedos espalhados pela sala. “Eu deixo, mas com os meus filhos não era assim, não. É coisa de avó.”

pais educam e avós deseducam? O questionamento, que faz parte da rotina de muitas famílias, virou filme publicitário da marca de achocolatados Toddynho, no qual pais de crianças reclamam que os avós são muito permissivos. Nele, uma das mães entrevistadas afirma que “a avó sempre dá uma estragadinha”. Postado no Facebook no fim de agosto, em vinte dias o comercial alcançou mais de 44 000 compartilhamentos e 36 000 curtidas na rede social. A surpresa no roteiro é a aparição dos avós, ao final, justificando seu comportamento. Como têm mais tempo para ficar com os netos do que tinham para estar com os próprios filhos quando pequenos, eles querem aproveitar essa oportunidade com mais diversão e menos rigidez. =

Marise Rache e os gêmeos Noah e Matteo, que deixam os brinquedos espalhados e já comeram na cama: “Com meus filhos não era assim, não”


Conjunto Moderno da Pampulha candidato a patrimônio A Pampulha é uma paixão dos belo-horizontinos. cultural da humanidade. E um orgulho para todos os brasileiros. Por isso, a Prefeitura de Belo Horizonte tem trabalhado vamos abraçar essa ideia.

pela revitalização e preservação desse patrimônio. São inúmeras ações para deixar a Pampulha ainda mais encantadora. Agora, ganhamos mais um motivo para nos orgulhar: o Conjunto Moderno da Pampulha é candidato a Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

É o mais famoso cartão-postal de BH rumo ao reconhecimento mundial. Uma paixão de bh e do brasil para o mundo.

Algumas das obras realizadas pela Prefeitura na Pampulha: Inauguração da nova iluminação da orla • Restauração dos 11 km de ciclovia e pistas • Restauração do patrimônio arquitetônico • Inauguração do Museu Casa Kubitschek • Início da despoluição da Lagoa com as obras de desassoreamento


4segurança

Conhecer para prevenir O trânsito é o principal vilão nas mortes por acidentes de crianças até 14 anos, mas o perigo pode estar dentro de casa

ILUSTRAÇÃO: ISTOCKIMAGE

SÓ EM 2012, segundo o Ministério da Saúde, 4 685 crianças morreram vítimas de acidentes no Brasil. Esse é um número que, principalmente graças às campanhas de conscientização, vem caindo — em 2003, foram 5 993 mortes. Mas, apesar dessa queda importante, ele ainda é alto e corresponde a quase treze mortes por dia. O principal vilão são os acidentes de trânsito, mas afogamento, sufocamento, queimaduras e quedas também preocupam. Nas crianças de até 1 ano, por exemplo, o sufocamento é a principal causa de morte por acidente. Entre 1 e 4 anos, os afogamentos aparecem em primeiro lugar. Apesar de chamarem mais atenção, não são apenas as ocorrências fatais que trazem sofrimento. “Estimativas mostram que, a cada morte, outras quatro crianças ficam com sequelas permanentes”, afirma Gabriela Freitas, coordenadora nacional da Criança Segura, ONG criada em 2001. Confira nos quadros como se dividem os acidentes, por faixa etária.

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Das 4 685 mortes por acidentes de crianças de 0 a 14 anos.. 40% OCORRERAM NO TRÂNSITO; 25% POR AFOGAMENTO; 16% POR SUFOCAMENTO; 6% POR QUEIMADURAS; 5% POR QUEDAS; 8% OUTROS.


Das 825 mortes por acidentes de crianças até 1 ano.. 70% OCORRERAM POR SUFOCAMENTO 13% NO TRÂNSITO 6% POR QUEDAS 4% POR AFOGAMENTO 3% POR QUEIMADURAS 4% OUTROS Das 1 083 mortes por acidentes de crianças entre 5 e 9 anos.. 49% OCORRERAM NO TRÂNSITO 26% POR AFOGAMENTO 7% POR QUEIMADURAS 5% POR QUEDAS 4% POR SUFOCAMENTO 9% OUTROS

Das 1 234 mortes por acidentes de crianças entre 1 e 4 anos.. 34% OCORRERAM POR AFOGAMENTO 32% NO TRÂNSITO 10% POR QUEIMADURAS 8% POR SUFOCAMENTO 6% POR QUEDAS 10% OUTROS Das 1 543 mortes por acidentes de crianças entre 10 e 14 anos.. 54% OCORRERAM NO TRÂNSITO 29% POR AFOGAMENTO 5% POR QUEIMADURAS 3% POR QUEDAS 3% POR SUFOCAMENTO 6% OUTROS FONTES: Ministério

da Saúde / ONG Criança Segura. Dados referentes a 2012.


4educação

Teste de paciência

POR Larissa

Coelho

TODOS OS PAIS sabem que a rotina de estudos não termina com o sinal de saída da escola. Muitos gostariam que fosse assim, é verdade. Mas inevitavelmente chega a hora do para casa, quase sempre um teste de paciência — e não apenas para as crianças. Cansaço, desânimo e falta de concentração podem tornar essa tarefa um pesadelo. É o que acontece com a estudante de direito Natália Rocha, de 28 anos. Responsável por ensinar o dever ao filho, Marcus Vinícius Fernandes, de 4 anos, aluno do 1º período, ela se queixa que o menino é muito disperso. “Ficamos em um embate para ele terminar. Mas tento deixar as coisas no tempo dele, para não tornar a tarefa uma tortura.”

Pedagoga com pós-graduação em educação infantil e alfabetização, Lilian Barbosa diz que o principal problema do para casa é, como em outros aspectos da criação dos filhos, a falta de tempo dos pais pa­ ra acompanhá-los nesse momento. “Essa interação é essencial não apenas para o desenvolvimento acadêmico, mas para o fortalecimento de uma relação saudável entre pais e filhos”, afirma. Já Maria da Conceição César, psicóloga com especialização em família e vinte anos de experiência em clínica, diz que o para casa é essencial para os pais perceberem as dificuldades dos filhos como alunos e quais matérias são mais complicadas de serem absorvidas. “Todos estivemos na mesma situação um dia”, lembra. “O mais importante é fazer o dever com o filho e não por ele, motivan­ do-o e apoiando-o.” Confira no quadro ao lado algumas regras para tornar a hora do pa­ ra casa mais pro­dutiva.

Crie uma rotina fixa para que o dever de casa se torne um hábito e a criança saiba os seus horários e responsabilidades. Escolha um ambiente adequado. É impossível não se dispersar com televisão ligada, animais brincando e pessoas conversando. Aprenda a ouvir o seu filho. Ele, muitas vezes, já aprendeu mais do que você imagina e não precisa que você faça as coisas por ele. Incentive a leitura. O para casa ficará muito mais fácil se o seu filho souber interpretar os enunciados. Mostre as incorreções, mas não apague para a criança. O erro faz parte do processo de aprendizagem. Ensine a importância da persistência em apagar e refazer até acertar. Use a tecnologia como aliada. Faça pesquisas e mostre à criança o conhecimento que computadores e tablets pode nos trazer. =

Marcus, de 4 anos, e sua mãe, Natália: embate diário

FOTO: GUSTAVO ANDRADE

A hora do para casa é um pesadelo? Veja dicas de como torná-la menos amedrontadora


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4viagens, modo de usar

Integração na bagagem

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mento, idem. Crianças e adolescentes, tomados pela curiosidade, despertam para outros contextos e se preparam melhor para a diversidade. Diante das carências, tão gritantes no Brasil e no mundo, em geral reconhecem o valor do carinho e do conforto que têm em casa. Ante os desafios que as viagens quase sempre impõem, aprendem a se virar — e solucionam sozinhos os problemas. O amadurecimento acontece sem dor. Já (re)descobri meus filhos, em suas diversas idades e fases, através das viagens. É sempre gratificante. Gostamos, agora que já são adultos e têm filhos, de viajar juntos. A gente se integra em novas situações e lugares, além de recordar os bons momentos que curtiu ao longo da vida. Para uma boa interação, ninguém precisa ir muito longe. Basta que perceba quão amplo e diverso é o livro do mundo que se abre, em qualquer canto, diante de nossos olhos. E quão amplos e diversos somos todos e cada um. É aí que mora a riqueza da viagem. Descoberto o segredo, ela se torna uma experiência para a vida inteira, experiência que jamais alguém nos tirará.=

Luís Giffoni é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos. giffoni@cangurubh.com.br

FOTO: GUSTAVO ANDRADE; ILUSTRAÇÃO: KILI/ISTOCKIMAGE

DIZEM QUE O mundo é um livro com milhares de páginas, e quem não viaja lê apenas uma. É verdade. A abertura para a diversidade da Terra, dos países, das culturas e das pessoas nos oferece uma rica leitura da vida e do planeta. Descobrimos em outros lugares soluções seculares para problemas que nos preocupam. Em troca, temos resposta para questões que outras pessoas ainda enfrentam. Aprendemos a sobreviver com pouca coisa. Saboreamos comidas com as quais nem sonhávamos. Descobrimos que o passado sempre tem algo a nos ensinar, e as obras das gerações que nos precederam destronam nosso ufanismo da modernidade. Admiramos a beleza que nosso planeta azul desvela em cada cantinho. Às vezes, ela nos fascina tanto que nos deixa atordoados. Percebemos a cada passo a fragilidade e, paradoxalmente, a força da vida. Vemos nos mares, rios, montanhas e vales o retrato das eras, isto é, a violência, a calmaria e os acasos que desembocaram em nosso tempo. De fato, o mundo é uma enorme enciclopédia que se abre ante nossos olhos e se entrega sem exigir nada em troca. Basta que tenhamos um espírito que acolha as novidades. Há um aspecto adicional que as viagens, curtas ou não, nos oferecem, e às vezes nem nos damos conta disso. Quando viajamos com os filhos, costumamos nos integrar mais. Aquelas picuinhas do dia a dia tendem a desaparecer. As dificuldades no relaciona-

luís giffoni


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FOTO: LUÍZA VILLARROEL

4para ler com seu filho

Cordel do leitor encantado VOCÊ JÁ LEU um cordel? Aquela narrativa popular escrita em versos rimados, impressa em pequenos folhetos, com uma ilustração em preto e branco na capa? Pois não é que as crianças brasileiras vêm ganhando cordéis coloridos, em formato grande, edição bem cuidada e até mesmo capa dura? São várias as editoras que se dedicam a publicar esses “cordéis chiques”, e há muitos autores escrevendo para a meninada, como Arievaldo Viana, Bráulio Tavares, Fábio Sombra, Joel Rufino, José Santos, entre outros. Em vez de serem vendidos nas praças, pendurados em cordas, como mandava a tradição, os cordéis agora são encontrados em livrarias físicas ou virtuais pelo Brasil afora. Destaco, aqui, dois livros dessa tendência.

leo cunha e os filhos André e Sofia

Escrita por Marco Haurélio, A Lenda do Saci-Pererê traz para as crianças pequenas a infância desse personagem tão fascinante do nosso folclore. O Saci, quem diria, era um menor abandonado! Menino faceiro, de olhos gateados, não vai demorar a fugir de casa, aos pulos e rimas, para começar suas traquinagens. Vale lembrar que o Saci-pererê — assim como boa parte da nossa riquíssima cultura popular — é resultado da mistura de várias lendas e personagens. Ele tem origem indígena, mas acabou ganhando o gorrinho de duendes europeus e o cachimbo vindo da África. SOBRE OS AUTORES: Marco Haurélio é escritor, editor, professor e um dos maiores pesquisadores do folclore brasileiro. Elma já ilustrou dezenas de livros para crianças e jovens e é também escritora.

O MENINO LÊ. Texto de André Salles-Coelho, imagens de Tereza Moura. Editora Dimensão, 2005.

A LENDA DO SACI-PERERÊ. Texto de Marco Haurélio, imagens de Elma. Editora Paulus, 2009

O Menino Lê, de André Salles-Coelho, também fala da infância de uma figura importante da nossa cultura popular. Não um personagem, como o Saci, mas um escritor: Leandro Gomes de Barros, pioneiro da literatura de cordel no Brasil e autor de uma das obras que inspiraram Ariano Suassuna a escrever o magistral Auto da Compadecida. André criou um título genial, pois já indica que vamos conhecer Leandro ainda menino (o menino Lê), e também sugere a importância da leitura na vida do garoto (afinal, o menino lê!). O ritmo do cordel é perfeito para os pais lerem a história em voz alta, para os filhos, ou para eles mesmos! SOBRE OS AUTORES: André Salles-Coelho é jornalista, músico e mestre em artes visuais.

Já publicou dois livros para crianças e vários cordéis. Tereza Moura é artista plástica, restauradora e mulher do André. O livro O menino Lê valeu a ela o 2º lugar no Prêmio Jabuti.

Leo Cunha é escritor e publicou mais de cinquenta livros, como Vira-lata (Ed. FTD) e ABCenário (Ed. Autêntica). Recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Jabuti, Nestlé e João-de-Barro. Na Canguru, dá dicas de livros para crianças. leocunha@cangurubh.com.br

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4na pracinha

Parque das Águas EXISTEM ALGUNS PARQUES em BH que parecem um tesourinho escondido. Quando conhecemos, queremos contar para todo mundo em megafone que eles existem e precisam ser visitados. Foi assim com o PARQUE ROBERTO BURLE MARX, conhecido como Parque das Águas, no Barreiro. O encantamento foi tanto que logo programamos um Encontro Na Pracinha (evento brincante que promovemos pelas praças e parques da cidade) para que as famílias curtissem o espaço. A área possui mais de 170 000 metros quadrados e nela podem ser encontrados um pequeno lago e diversas nascentes que formam o Córrego do Clemente, afluente do Ribeirão Arrudas que integra a bacia do Rio São Francisco. Nos pequenos córregos que permeiam

o imenso gramado do parque, as crianças se divertem: pulam de um lado para o outro e molham os pezinhos na água corrente. O espaço é um convite a correr e brincar de pega-pega, de peteca e de bola. Sombra é o que não falta no Parque das Águas — um espaço convidativo para programar um bom piquenique com a família e os amigos. A vegetação é exuberante e instiga as crianças a subir em suas árvores. E não tem nada melhor para proporcionar aquele contato direto com a natureza que a gente tanto incentiva. O parque também oferece Centro de Educação Ambiental, anfitea­ tro, academia da cidade e galpões utilizados pela comunidade em trabalhos como artesanato e marcenaria e um viveiro de plantas.

[1]

Prepare a cesta de piquenique, os brinquedos e programe um passeio por lá. Além de passar bons momentos ao lado dos filhotes, garantimos que vocês vão se surpreender com esse lindo espaço da nossa cidade. Vamos brincar lá fora?

FOTOS: [1] DUORAMA FOTOGRAFIAS, [2] PATRÍCIA DE SÁ.

Parque das Águas. Avenida Ximango, 809, Flávio Marques Lisboa.

[2]

Criado em 2011 pelas mães Flávia Pellegrini e Miriam Barreto, o blog tem o objetivo de incentivar brincadeiras ao ar livre em família. Na Canguru, as fundadoras do Na Pracinha dão dicas de passeios divertidos para a meninada. www.napracinha.com.br

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4padecendo no paraíso

Rotina 3x2x1 Um é pouco, dois é bom, três é demais? Será que é assim quando se tem filhos? Saiba como é o dia a dia de uma mãe de três, uma mãe de dois e uma mãe de filho único Ana Tereza, a Tetê, mãe do Benjamin, de 7 anos, da Aurora, de 6, e da Valentina, de 3 Bebel, mãe do Felipe, de 6 anos

ALIMENTAÇÃO: Tento deixar a ali-

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ALIMENTAÇÃO: Adora verduras,

Renata, mãe do Lucas, de 6 anos, e da Manuela, de 4 meses ALIMENTAÇÃO: Lucas come muito bem. As guloseimas são liberadas nos fins de semana. A caçula só se alimenta de leite. ATIVIDADES EXTRAS: Levo na natação. Futebol e judô ele faz na escola. A irmã só acompanha no leva e trás. PARA CASA: Sob minha supervisão. A enrolação fica por conta do recortar e colar no caderno. FINS DE SEMANA: Programas pai e filho: passeios e piscina. Muitos passeios em família ou com amigos. TV E ELETRÔNICOS: Joguinhos eletrônicos no iPad do pai. Depois do nascimento da irmã, ele fica mais tempo vendo TV do que eu gostaria.

legumes e frutas, e sabe o que é saudável e o que não é. ATIVIDADES EXTRAS: Psicóloga, T.O. e aulas de circo de manhã. Futebol e fanfarra na escola, depois da aula. PARA CASA: Acompanho todos os dias, com uma dose cavalar de paciência! FINS DE SEMANA: A companhia de outras crianças faz falta, vamos para o sítio e chamamos amigos. TV E ELETRÔNICOS: A TV não é liberada. Ele pode ver até três filmes por semana. Joguinhos, só em ocasiões especiais, no celular do pai.=

Coordenado pela arquiteta Bebel Soares e pela designer Tetê Carneiro, o grupo Padecendo no Paraíso nasceu em março de 2011, no Facebook, e é formado atualmente por mais de 6 000 mães. Na Canguru, as fundadoras do Padecendo discutem assuntos como saúde, alimentação, sexo, viagens, educação, estética e beleza. www.padecendo.com.br

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

mentação o mais saudável possível. Como são três, cada um gosta de uma coisa. ATIVIDADES EXTRAS: Natação, inglês, atividades esportivas e trabalhos manuais na escola. Levo à terapia, T.O. e aula de música. A caçula fica na casa das minhas tias enquanto levo e busco os outros. PARA CASA: Benjamin faz o para casa sozinho, com Aurora é marcação homem a homem, até terminar. FINS DE SEMANA: Ficamos muito em família. Procuramos sair para que aprendam a se comportar em ambientes não controlados. TV E ELETRÔNICOS: Na hora da confusão, a TV me salva. Joguinhos só no meu celular e no do pai, sob supervisão.


FOTO: ARQUIVO PESSOAL

4artigo | laila pena

O lanche da escola e a educação alimentar A REFEIÇÃO É, provavelmente, o ato social mais importante no dia a dia de qualquer pessoa. Especialmente para as crianças, que veem nesse momento a oportunidade de interagir e descobrir novos sabores. Para torná-la um prazer, os pais devem se preparar e, desde muito cedo, ensinar a seus filhos que a refeição, além de ser essencial para a saúde, é sinônimo de alegria e integração, e não de proibição ou compensação. Por isso, a educação alimentar deve ser iniciada já na primeira infância, de preferência escolhendo bem o que o seu filho leva no lanche escolar. Essa refeição serve para garantir disposição nas atividades e precisa ter:

uma porção de carboidratos (para fornecer energia), como pães integrais e biscoitos integrais; uma porção de lácteos (que são as proteínas), como queijo branco e iogurtes; uma porção de frutas (responsáveis pelas vitaminas, fibras e minerais); e uma bebida sem adição de açúcar.

Um lanche escolar que contenha pães brancos, refrigerantes, salgadinhos e biscoitos recheados terá pouca nutrição e muita caloria, especialmente proveniente de gorduras, sal e açúcares. Essas são as chamadas “calorias vazias”, tornando o lanche prejudicial para a saúde. Um ponto que não podemos esquecer é a refrigeração de alguns alimentos como queijos, iogurtes

e requeijão. Uma lancheira térmica é capaz de conservar o alimento por algumas horas. Outro cuidado é em relação aos sucos naturais, que devem estar em uma garrafa escura e bem vedada para diminuir o efeito da oxidação (perda de nutrientes devido à exposição à luz, ao calor e ao oxigênio). Frutas como acerola, abacaxi e maracujá sofrem menos oxidação. E a criança deve ter sempre uma garrafa de água para manter a hidratação.

Os pais devem se preparar e, desde muito cedo, ensinar a seus filhos que a refeição, além de ser essencial para a saúde, é sinônimo de alegria e integração, e não de proibição ou compensação. Uma das maiores preocupações dos últimos vinte anos é o grande crescimento da obesidade infantil. Além das conotações psicológicas envolvidas, a obesidade desencadeia tantas outras doenças que é impossível não levá-la a sério. Diabetes, hipertensão, lesões ortopédicas e musculares, doenças cardiovasculares e problemas de pele podem ser algumas de suas consequências. A qualidade da alimentação escolar tem uma grande influência nisso. A educação alimentar infantil é o caminho para a criação de hábitos positivos e a garantia de uma vida realmente saudável.=

Laila Pena é nutricionista e especialista em Terapia Nutricional pelo IPCE (Instituto de Pesquisa e Capacitação e Especialização) e especialista em Psicologia aplicada à Nutrição pelo IMPSI (Instituto Mineiro de Psicodrama Jacob Levy Moreno)

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FOTO: ARQUIVO PESSOAL

4artigo | Maria do Carmo Gontijo

A hora certa de ir à escola É DIFÍCIL ENCONTRAR pais que não passam por angústias no momento de decidir se vão colocar seus filhos na escola ou deixá-los aos cuidados de uma babá. Normalmente, os pediatras aconselham esperar um tempo maior antes de matricular os pequenos, por causa da formação de seu sistema imunológico. Psicólogos e educadores, no entanto, privilegiam questões como a socialização e a promoção da autonomia da criança. É preciso ter em mente que cada caso é um caso e que a família deve buscar a solução que melhor atenda às suas necessidades. Hoje, sabemos que estimular as crianças contribui para o seu aprendizado futuro. Desenvolve suas capacidades motoras, afetivas e de relacionamento social. O contato das crianças com os educadores e com outras crianças transforma-se em relações de aprendizado. O desenvolvimento da autonomia é considerar, no processo de aprendizagem, que a criança tem interesses e desejos próprios e que é um ser capaz de interferir no meio em que vive. Entender a função de brincar no processo educativo é conduzir a criança, ludicamente, para suas descobertas cognitivas, afetivas, de relação interpessoal, de inserção social. A brincadeira leva a criança ao conhecimento da língua oral e escrita, além da matemática. Essas experiências podem acontecer no ambiente escolar ou em casa, dependendo da realidade de cada família, e isso deve ser considerado pelos pais antes de decidir. Crianças sem irmãos, sem espaço para brincar e sem convívio com ou-

tras crianças devem ter a oportunidade de ingressar na escola infantil, que surgiu para responder às demandas das famílias com esse perfil, que cresce consideravelmente dia a dia.

Sabemos que estimular as crianças contribui para o seu aprendizado futuro. Desenvolve suas capacidades motoras, afetivas e de relacionamento social. Definida a ida para a escola, a segunda questão é escolher qual. A primeira coisa é analisar se a linha da escola é adequada aos valores da sua família e também ao temperamento da criança. Além disso, a família deve conhecer a coordenação, se inteirar a respeito do projeto pedagógico e observar se o método proposto se ajusta às necessidades do seu filho. É fundamental que haja um psicopedagogo para acompanhar o aprendizado dos alunos. E é preciso ter um espaço físico propício para brincadeiras e interação social. Outra etapa importante é o período de adaptação. Nos primeiros dias, a escola deve permitir a permanência da mãe ou de alguém com quem a criança tenha vínculo afetivo. Se a criança se sentir insegura ou chorar, deve ser levada ao aconchego dessa pessoa para perceber que não foi abandonada. Por mais cheia de lágrimas que essa fase possa ser, é perfeitamente superável e uma etapa fundamental na construção da personalidade de todo indivíduo.=

Maria do Carmo Gontijo é pedagoga formada pela UFMG. Especialista em psicopedagogia e psicomotricidade, atua há trinta anos em psicopedagogia clínica.

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FOTO: MÁRCIO RODRIGUES

4crônica

A metamorfose cris guerra e o filho francisco

E ENTÃO UM belo dia você se levanta e já não é mais uma. É plural. Seus braços já não se fecham, seus olhos passeiam ansiosos pela volta. E a volta é sempre para ele — ou ela. Você se levanta e já não caminha só. As mãos migram da barriga para outras mãos, essas bem pequenas. Você agora é halterofilista. E carrega um peso que aumenta a cada dia, junto com o seu sorriso. Quanto mais o peso cresce, mais leve você fica. Você aprende a andar com o braço esticado, barriga estendida, coluna curvada para trás fazendo um C ao contrário. Você é a casa dele — ou dela. E nem sabia que era capaz de tanto contorcionismo. Se for preciso, você faz abertura, deita no chão, carrega peso, anda quilômetros, suporta sol, chuva e apara as pedras que caírem do céu. Você agora é plástico-bolha. E brilha.

Um belo dia você levanta e esquece que tem medo. E quando vem a tempestade você enxuga o que chove por dentro e vira capa, marquise, castelo, pavilhão. Para acolhê-lo com a força de um mundo. Você agora é super-herói. E voa. Um belo dia você se levanta e tem dois corações. Um deles, estranhamente, está fora de você. E por onde ele for, o seu vai dar um jeito de ir junto. E o cérebro, os nervos, todo o amor do mundo. Você não vive mais só para você. Vive por ele — ou ela. E, a cada nova travessura desse novo e pequeno coração, o bom e velho vai sofrer junto. Não importa se ele vai errar ou acertar, se encontrar ou se perder. Seu velho vai estar lá, vivo, judiado de tanta adrenalina. Sorrindo. Sofrendo. Caindo. Levantando. Doendo. E você não sabe mais viver sem essa dor.

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Um belo dia você acorda e esquece que tem medo. E quando vem a tempestade você enxuga o que chove por dentro e vira capa, marquise, castelo, pavilhão. Para acolhê-lo com a força de um mundo. Você agora é super-herói. E voa. Um belo dia você levanta e ele também. Suas pequenas pernas já sustentam toda aquela vontade de engolir o mundo, desprovida de juízo ou malícia. Você agora é guarda-costas. E guarda. E sua mão está sempre aberta para a dele. Você aperta os dedos com força, na tentativa de blindá-lo de qualquer perigo. Em vão. Você agora é aventureira. E vive com frio na barriga. Você vai e ele vai junto. Você virou dois. Até que ele comece a dar os seus saltos, que você vai assistir com lágrimas nos olhos e o coração apertado, ou melhor, os corações. E com ele crescerá um medo novo, que você vai aprender a equilibrar feito prato de circo, para manter rodando e até achar bonito. Você agora é malabarista. E o espetáculo não pode parar. Um belo dia você levanta e nem dormiu. Ele é seu despertador natural, que acorda a alma com um balde de amor. Você levanta e é forte. E fez. E faz. E nem acredita. A vida virou bagunça e você não quer mais colocar em ordem. Não quer mais a casa calma, tudo no lugar, parede branca, chão limpo, silêncio cortante, foto de revista. Você agora é Canguru. E salta.=

Cris Guerra é publicitária, escritora e palestrante. Fala sobre moda e comportamento em uma coluna diária na rádio Band News FM e a respeito de muitos outros assuntos em seu site www.crisguerra.com.br. Na Canguru, escreve sobre a arte da maternidade. crisguerra@cangurubh.com.br




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