Canguru | BH | Dezembro de 2015 | Número 03

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www.cangurubh.com.br | dez 2015 | nº 3

Criando filhos em BH

EXEMPLAR GRATUITO PARA ESCOLAS PARCEIRAS

ESPECIAL FÉRIAS 12 colônias

PARA A MENINADA SE ESBALDAR

18 produtos

PARA CURTIR O VERÃO NA PRAIA, NA PISCINA, NA RUA E EM CASA

6 dicas

PARA NÃO ESTRESSAR COM AS CRIANÇAS ANTES E DURANTE AS VIAGENS

espiritualidade Como transmitir valores e princípios


Segurança é fundamental

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nesta edição

30

seções

Raíssa Lira, de 7 anos: apesar de não ter a obrigação, a menina gosta de usar o véu, como a mãe, recém-convertida ao islamismo

26 Algumas das 235 crianças da Assistência Social Kennedy (Aske), no Pindorama: doações ajudam a terminar a quadra poliesportiva

4 6 8 10 12 14 16 18 20 45 46 48 49

Primeiras palavras Nossos leitores www.cangurubh.com.br Missão Instagram Canguru viu e curtiu Eles dizem cada coisa Mundo Kids Moda Comprinhas História de mãe, por Mariana Rosa Viagens, modo de usar, por Luís Giffoni por Leo Cunha Na Pracinha, por Flávia Pellegrini e Miriam Barreto

50

Padecendo no Paraíso, por Bebel Soares e Tetê Carneiro

51 52 54

Artigo, por Patrícia Colares Luz Alves

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Artigo, por Tatiana Martins Crônica, por Cris Guerra

Reportagens

A colônia do Minas Tênis Clube: paintball, tirolesa, acampamento e water ball são algumas das atrações

Nossa capa Sara Achtschin e Miriam Barreto. FOTO: Gustavo Andrade

26

Solidariedade | Dez entidades assistenciais que precisam de sua ajuda neste Natal

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Espiritualidade | Na hora de passar valores aos pequenos, nada supera o bom exemplo

36

Férias | Não sabe o que fazer com as crianças? Que tal mandá-las a uma colônia?

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Saúde | Sedentarismo e má alimentação podem causar o aparecimento precoce de diabetes

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Viagem | Algumas dicas úteis para não estressar com os pequenos antes e durante os voos

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Economia | Previdência privada atrai pais que querem cuidar do futuro de seus filhos


FOTO: GUSTAVO ANDRADE

primeiras palavras

Valores e princípios Gabriel e Pedro QUANDO EU DISSE que o tema da reportagem de capa desta edição seria espiritualidade na infância, houve quem torcesse o nariz. Com ar de desconfiança, alguns me perguntaram se seria uma matéria para falar de religião. Não, não se trata de discutir esse tema. A Canguru respeita as escolhas religiosas de cada família tanto quanto respeita aquelas que não seguem religião alguma. Nossa proposta aqui é falar sobre valores e princípios e sobre como transmiti-los às crianças. Essa sim é a reflexão que nos interessa. Para isso, a repórter Sabrina Abreu ouviu especialistas de diferentes áreas e famílias que cultivam as mais variadas crenças sobre a relação dos pequenos com o sagrado. E nos mostra como a espiritualidade contribui para a formação de meninos e meninas. Independentemente da doutrina que você segue — e mesmo que não siga nenhuma —, leia sem preconceitos o texto que começa na página 30. Tenho certeza de que você não vai se arrepender. Às vésperas do Natal, aproveitamos esta edição para lembrar que o verdadeiro sentido da data não é a troca de presentes (embora isso também seja muito gostoso). Queremos despertar o espírito da solidariedade entre os nossos leitores. Na matéria que começa na página 26, a repórter Larissa Coelho apresenta dez instituições de caridade que merecem — e precisam — da generosidade dos belo-horizontinos para que possam fazer deste um Natal realmente feliz para milhares de crianças assistidas por elas. Leia de coração aberto. Aqui na Canguru, escolhemos cultivar a esperança e acreditar em tempos melhores. Não estamos parados lamentando a crise econômica e outras mazelas cotidianas. Arregaçamos as mangas para construir essa nova plataforma de conteúdo para mães e pais que criam filhos em BH. E é isso que desejamos também a vocês: muita esperança e energia para cultivar tempos melhores. Que o Natal na casa de todos os nossos leitores seja cheio da alegria típica dos encontros com pessoas queridas. E que 2016 seja repleto de surpresas deliciosas. Nós nos reencontraremos em janeiro! Escolas parceiras que estarão abertas para colônia de férias receberão a revista normalmente. Além de estar disponível nas bancas, a edição especial de férias será distribuída também nos principais clubes da cidade.

Ivana Moreira, DIRETORA DE REDAÇÃO ivana@cangurubh.com.br

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Canguru

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DIRETOR EXECUTIVO: Eduardo Ferrari DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Ivana Moreira

www.cangurubh.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO: Ivana Moreira EDITORES EXECUTIVOS: Alessandro Duarte e Paola

Carvalho

EDITORA DE ARTE: Christina Castilho PROJETO GRÁFICO: Christina Castilho (Mondana:IB) REPÓRTER: Rafaela Matias COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Cris Guerra, Cristiane

Miranda, Isabella Grossi, Larissa Coelho, Leo Cunha, Luís Giffoni, Nara Montezano, Sabrina Abreu FOTÓGRAFOS: Gustavo Andrade e Victor Schwaner REVISORA: Shirley Souza Sodré

COORDENADORA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL: Camila Capone ESTAGIÁRIA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL:

Juliane Ferreira

GERENTE COMERCIAL E ADMINISTRATIVA: Suellen Moura ASSISTENTE ADMINISTRATIVA: Laura Ramos

A Canguru é uma publicação mensal da Scrittore Comunicação e Editora Ltda. CNPJ 12243254/0001-10, Rua Alberto Bressane, 223, Belo Horizonte/MG, CEP 30240-470 TIRAGEM: 25 000 exemplares IMPRESSÃO: DISTRIBUIÇÃO: Gratuita na rede de escolas parceiras*

e vendida em bancas de BH.

* Instituições particulares de educação infantil que se encarregam de enviar a revista aos pais de seus alunos na mochila dos estudantes. A relação das escolas parceiras pode ser consultada por anunciantes.

PARA ANUNCIAR Andrea Guedes: (31) 2511-7612 . (31) 99139-6915 andrea@crossmidiamg.com.br Suellen Moura: (31) 3546-7818 . (31) 98651-2047 suellen@cangurubh.com.br PARA FALAR COM A REDAÇÃO: mande e-mail para redacao@cangurubh.com.br ENDEREÇO: Rua Paul Bouthilier, 207, Mangabeiras, Belo Horizonte – MG – CEP 30315-010. (31) 4109-0825 . 3546-7818 Artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da revista e de seus responsáveis.

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Fico sem palavras para descrever a emoção que os textos de Cris Guerra despertam em mim. — Mariela Assunção Simples assim. A metamorfose nos faz borboleta, com lindas cores, alegres a beijar nossas pequeninas flores. E nos faz canguru, saltando alto agarradinhos em nossas crias. E viva a nova vida! — Cláudia Antonini Rizzuto Alves

Diversão Adorei a segunda edição da revista Canguru. Gostei especialmente das dicas de como ajudar os filhos a fazer o para casa, da sugestão do Leo Cunha para ler cordéis e, claro, da reportagem de capa (“Aprendizes de mestre-cuca”, nov 2015). Minha filha de 11 anos adora cozinhar e faz isso melhor que eu. Parabéns pelo excelente trabalho. — Eliza Teixeira

Cris Guerra 100 95 75

25 5 0

Sensacional a crônica “A metamorfose” (nov 2015). Até hoje não tinha conseguido encontrar um texto tão realista ao descrever as nossas multifacetas como mãe. Parabéns, Cris Guerra! As suas palavras tocaram profundamente o meu coração. — Priscilla Papini

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Gostei muito da revista, especialmente da reportagem com dicas para passeios na nossa cidade (“Off-line, sim, senhor!”, out 2015). Assim, as crianças conhecem outros universos, saem da frente dos eletrônicos e têm brincadeiras de qualidade. — Helen Assis A Canguru nos dá ótimas sugestões de passeios, em lugares legais onde pais e filhos podem interagir. Gostei também das dicas para o dia a dia em relação a horários e limites que devemos dar às crianças. — Ana Paula Dias

deira de rodas”, de Flávia Rios (03/11/2015). O Lucca, meu filho, é cheio de amiguinhos, que são verdadeiros anjinhos na Terra. Como você disse: as crianças são mesmo incríveis! — Gabriela Castro

Papo de menino Que lindo o texto “Não faço ideia do que estou fazendo (mas meu caçula sabe)”, de Eduardo Ferrari (28/10/2015). Aqui em casa tem sido igual. As minhas pequenas me ensinam algo novo diariamente. — Andrezza Alencar

Transcendendo Enquanto lia o texto “Graça”, de Luciene Duarte (14/11/2015), eu via as imagens. O mais importante é pensarmos no quanto Deus ama as crianças e como Ele se revela a elas também... — Talita Muniz Rodrigues

FALE COM A CANGURU

Mães de consultório Sei bem como é a situação abordada no post “A princesa da ca-

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Entre em contato por e-mail: redacao@cangurubh.com.br ou deixe um comentário em nossas redes sociais.



www.cangurubh.com.br

Todos os meses, a Canguru promove seminários gratuitos sobre temas relacionados à educação à programação dos próximos eventos.

evento

Bate-papo com Fernanda Takai no dia 16 Encontro com leitores será no Cineart Ponteio MÃE DE NINA, Fernanda Takai vai bater um papo com a diretora de redação, Ivana Moreira, e leitores da revista Canguru sobre a influência da maternidade em sua carreira — na música e na literatura. Cantora e vocalista da banda Pato Fu, Fernanda é autora também de dois livros, um deles infantojuvenil. A convivência com a filha, Nina, que hoje tem 12 anos, foi inspiração, por exemplo, para a produção do CD Música de Brinquedo, um dos trabalhos mais premiados do Pato Fu. Ela falará também sobre os desafios de ser mãe e as lições que aprendeu desde a chegada de sua menina. O encontro será no dia 16 de dezembro, quarta-feira, no Cineart Ponteio, a partir das 19h30. Antes do bate-papo, haverá um coquetel — nossa confraternização de fim de ano. As inscrições para participar do evento são gratuitas, mas as vagas são limitadas. Faça sua inscrição no cangurubh.com.br.

Sorteio do mês Ganhe uma festa no bufê Let’s Go PARA QUEM FICOU chateado por não ter sido sorteado na nossa promoção de outubro, que deu uma festa da Casa do Sol para o leitor Emerson Souza, uma boa notícia: todos terão mais uma chance! Desta vez, a festa kids será no bufê Let’s Go, na unidade Lagoa, na Pampulha. Um presentão de Natal, não? As inscrições poderão ser feitas até o dia 22 de dezembro. Entre no cangurubh.com.br e confira as regras para participar da promoção.

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Enquanto esperamos o Papai Noel Falta pouco para o Bom Velhinho encher o pé das árvores com presentes. Mas, enquanto o grande dia não chega, as luzes da cidade e os belos cenários montados em shoppings e praças pedem para ser admirados. Uma ótima oportunidade para se divertir em família. Acesse cangurubh. com.br e saiba onde estão as decorações mais bonitas de Beagá, para entrar no clima do Natal e se encantar durante todo o mês de dezembro.

FOTOS: DIVULGAÇÃO.

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Para saber o que fazer nas férias Com a garotada de folga, é preciso criatividade para encontrar programas legais. Não é fácil, mas a As aventuras do Pequeno Colombo gente dá uma força. Acesse o portal cangurubh.com.br e encontre as melhores opções para curtir na cidade. Aí vai uma prévia: em dezembro, duas animações vão atrair as crianças para os cinemas. As Aventuras do Pequeno Colombo, com estreia prevista para o dia 17, conta a história dos garotos Leonardo da Vinci, Cristóvão Colombo e Mona Lisa, que participam de uma sociedade secreta e descobrem fatos ignorados pela ciência medieval. Outra opção são os cômicos roedores de Alvin e os Esquilos 4 – Na Estrada, com lançamento marcado para o dia 24. No longa, eles continuarão aprontando todas e cantando alto e bom som.

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NA CBN Às terças e quintas, às 10h40, acompanhe ao vivo o boletim Canguru: criando . Todos os áudios estão disponíveis no portal cangurubh.com.br.

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Pedimos aos pais que compartilhassem de BH usando a marcação #cangurubh.

Danilo se divertiu à beça na Praça JK, como mostra o clique de @belamrosa

O Parque Ecológico da Pampulha foi o cenário do flagra do pequeno Lucca, feito por @polimayrink

Próxima missão: Partiu férias usando a marcação #cangurubh. Os melhores registros serão publicadas na edição de janeiro da revista.

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FOTOS: REPRODUÇÃO INSTAGRAM.

@lauraspinolacastro enviou uma imagem de Beatriz no carrossel do Parque Guanabara.



O QUE ESTÁ ROLANDO DE ÚTIL, DIVERTIDO OU CURIOSO NA WEB E NAS REDES SOCIAIS

Brincando de cozinhar Na onda do reality show MasterChef Júnior, que tal cozinhar? Basta instalar o Toca Kitchen e começar a brincadeira. Bem simples de utilizar, os pequenos preparam comidinhas e bebidinhas para servir aos personagens do jogo. Disponível para Android, Apple, Kindle Fire e Windows Phone. É só baixar e bom apetite! Acesse bit.ly/TocaKitchen ou use nosso QR Code

Pai, prende meu cabelo?

Acesse bit.ly/DDHair ou use nosso QR Code

Coisas de menina? Riley é uma menininha de opinião. Para ela, meninas também podem gostar de super-heróis. Assista a essa delícia de vídeo, em que ela debate com o pai em uma loja de brinquedos sobre coisas de meninos e de meninas. Acesse bit.ly/Girlstaff ou use nosso QR Code

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IMAGENS: REPRODUÇÃO.

Pai também sabe fazer penteado na filha. É o que prova Philippe Morgese, da Daddy Daughter Hair Factory. Pai solteiro, ele aprendeu a arrumar o cabelo da filha sozinho e resolveu ensinar a outros pais e mães, gratuitamente, o que aprendeu. Conheça a fanpage, recheada de fotos e vídeos para se inspirar.


EDIÇÃOEDIÇÃO Camila Capone Camila Capone

Fã desde pequeno Infância em preto e branco Alain Laboile tem seis filhos e um grande amor pela fotografia. Para eternizar a inocência e a interação de seus filhos com a natureza, Laboile registrou em fotos lindas, em preto e branco, várias cenas de seu cotidiano. Veja o ensaio La Famille e se encante! Acesse bit.ly/fotoslafamille ou use nosso QR Code

Queen é uma banda que contagia e tem fãs de todas as idades. Todas as idades mesmo! Veja a empolgação desse pequeno fã acompanhando Freddie Mercury nos solfejos. Acesse bit.ly/PequenoFã ou use nosso QR Code


POR Rafaela

Matias

A uva afu água e a nda na me não. É a lancia lei d brevidad a e!

Eu não quero ser médica quando crescer. Eu vou ser professora e ainda vou roubar os alunos da Vovó Josi!

sorvete e com suas regras bobas.

Eu adoro bagunça. Estou até pensando em abrir um Clubinho da Bagunça.

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HENRIQUE, 5 anos, filho de Carlos Henrique Ferrarezi e Ana Cláudia da Silveira Vieira.

SARA, 5 anos, filha de Júlio César Palhano e Renata Cristina Araújo.

Canguru

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NINA, 4 anos, filha de Bruno Horta Fernandes e Ana Flávia Rodrigues de Almeida.

Não hora d vejo a e ir com o morar m namor eu ado.

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para o e-mail redacao@cangurubh.com.br.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL.

ANA CLARA, 5 anos, filha de Luiz Cláudio Ferreira de Lima e Paula de Kássia Rodrigues de Almeida.

Não vou comer esse tal de brócolis. Você pode

LUIZA, 5 anos, filha de Cássio Sanderson da Silva e Ariele Oliveira Ramos.


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[2]

das crianças brasileiras com idade entre 5 e 10 anos têm o HÁBITO DA LEITURA, segundo a última pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro, em 2012.

A barba branca, a bochecha rosada e a barriguinha (bem) saliente não enganam: o bombeiro hidráulico BRÁULIO MOURA, de 58 anos, é mesmo um Papai Noel. Mas não foi a aparência física — tampouco a recompen[1] sa financeira — que o levou a assumir esse papel, encarando todos os anos a dura rotina dos shoppings e tirando as tradicionais fotos com a criançada que passa por ali. Bráulio garante que sua motivação é a crença no espírito natalino e o seu poder de ta força que um único presente fará a sua vida mais bonita, então eu posso crer que essa energia vai transformar o mundo.” Muito mais que participar de registros fotográficos, o Bom Velhinho tenta, todos anos, manter viva a esperança e resgatar a contagiante magia do Nade 16 de novembro a 24 de dezembro.

Eu quero ir assim Chega uma fase em que aquele delicioso momento de selecionar as roupinhas e as combinações ideais para cada tipo de evento deixa de ser privilégio apenas dos pais. Contrariando as preferências dos adultos, a criança bate o pé e decide: hoje eu quero ir assim. O pro-

Rezende, entretanto, saber respeitar as escolhas da criança pode fazer tilo. uma grande Quando procurada para tratar desse assunto, a especialista orienta os xá-lo ir com a roupa pela qual optou. “Aos poucos, a criança perceberá o ambiente e, sozinha, descobrirá se a roupa está de acordo com o lugar ou não”, explica.

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Ela já sabe poupar Victória Reis Vila Nova tem apenas 9 anos, mas consegue dar aula de economia para muito adulto. Mais conhecida como Vickye, ela garante que aprendeu a poupar aos 3 aninhos e já alcançou objetivos robustos, como pagar uma viagem completa ao Hopi Hari, na cidade um disco com o produtor musical Arnaldo Saccomani, o mesmo de Carrossel e Chiquititas. Agora, Vickye economiza para ir à Roma, na Itália. A pequena lançou no Fantástico Mundo da Criança, no dia 9 de outubro, o álbum Educação Financeira para Realização de Sonhos, com músicas sobre a arte de econoque pais e filhos podem aprender com a economista mirim:  Ter uma meta bem definida.  Estipular o valor mensal neces Saber quais são os seus gastos essenciais e o que pode ser retirado para economizar.  Pesquisar sempre o menor preço para que o dinheiro renda mais.  Esperar até ter todo o dinheiro para comprar à vista, sem se endividar, e conseguir um bom desconto.

FOTO: [1] [3] DIVULGAÇÃO; [2] LEO DRUMMOND.

Um Bom Velhinho de verdade


[2]

das crianças brasileiras com idade entre 5 e 10 anos têm o HÁBITO DA LEITURA, segundo a última pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro, em 2012.

A barba branca, a bochecha rosada e a barriguinha (bem) saliente não enganam: o bombeiro hidráulico BRÁULIO MOURA, de 58 anos, é mesmo um Papai Noel. Mas não foi a aparência física — tampouco a recompen[1] sa financeira — que o levou a assumir esse papel, encarando todos os anos a dura rotina dos shoppings e tirando as tradicionais fotos com a criançada que passa por ali. Bráulio garante que sua motivação é a crença no espírito natalino e o seu poder de ta força que um único presente fará a sua vida mais bonita, então eu posso crer que essa energia vai transformar o mundo.” Muito mais que participar de registros fotográficos, o Bom Velhinho tenta, todos anos, manter viva a esperança e resgatar a contagiante magia do Nade 16 de novembro a 24 de dezembro.

Eu quero ir assim Chega uma fase em que aquele delicioso momento de selecionar as roupinhas e as combinações ideais para cada tipo de evento deixa de ser privilégio apenas dos pais. Contrariando as preferências dos adultos, a criança bate o pé e decide: hoje eu quero ir assim. O pro-

Rezende, entretanto, saber respeitar as escolhas da criança pode fazer tilo. uma grande Quando procurada para tratar desse assunto, a especialista orienta os xá-lo ir com a roupa pela qual optou. “Aos poucos, a criança perceberá o ambiente e, sozinha, descobrirá se a roupa está de acordo com o lugar ou não”, explica.

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Ela já sabe poupar Victória Reis Vila Nova tem apenas 9 anos, mas consegue dar aula de economia para muito adulto. Mais conhecida como Vickye, ela garante que aprendeu a poupar aos 3 aninhos e já alcançou objetivos robustos, como pagar uma viagem completa ao Hopi Hari, na cidade um disco com o produtor musical Arnaldo Saccomani, o mesmo de Carrossel e Chiquititas. Agora, Vickye economiza para ir à Roma, na Itália. A pequena lançou no Fantástico Mundo da Criança, no dia 9 de outubro, o álbum Educação Financeira para Realização de Sonhos, com músicas sobre a arte de econoque pais e filhos podem aprender com a economista mirim:  Ter uma meta bem definida.  Estipular o valor mensal neces Saber quais são os seus gastos essenciais e o que pode ser retirado para economizar.  Pesquisar sempre o menor preço para que o dinheiro renda mais.  Esperar até ter todo o dinheiro para comprar à vista, sem se endividar, e conseguir um bom desconto.

FOTO: [1] [3] DIVULGAÇÃO; [2] LEO DRUMMOND.

Um Bom Velhinho de verdade


POR Rafaela

eu já fui

Matias

criança Fernanda Takai Ao contrário do que muitos pensam, Fernanda Takai não nasceu em BH. Amapaense, a cantora se tornou mineira de coração quando veio morar aqui com os pais, aos 8 anos. Ela e a família residiam nos arredores do Colégio Loyola Pampulha, onde Fernanda e os irmãos estudavam. Nas horas vagas, o programa predileto da turma era explorar a região, andando de bicicleta na orla, indo ao zoológico e, claro, aventurando-se no Parque Guanabara.

[3]

Natália Guimarães Selton Mello Selton Mello parece ser um daqueles casos de talento nato. Natural da cidade de Passos, o ator foi para São Paulo ainda criança e estreou na TV aos 8 anos, na série de comédia Dona Santa, da Band. Aos 12, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rede Globo para atuar na novela Corpo a Corpo. De lá pra cá, ele vem se firmando como ator, diretor e produtor, assim como o seu irmão, o também mineiro Danton Mello.

A pequena Natália Guimarães já sonhava em ser miss. Fã do concurso, ela acompanhava todos os anos pela TV da casa onde morava, na Avenida Pruobstáculo para iniciar a carreira de modelo. Para superar, a bela se inscreveu no teatro aos 12 anos e se formou aos 15, quando já fazia desfiles e fotos para campanhas. Nos fins de semana, Natália gosta de programas em família como ir ao Mercado Central comer pastel, soltar pipa na Praça do Papa e tomar gelado na sorveteria São Domingos.


moda

Elas continuam com tudo Quando se trata de estilo, algumas tendências vêm e vão. Outras, no entanto, permanecem listras. Neste verão, elas se mantêm em alta, como POR Nara

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Mais de 2.100 guardas municipais

presentes em todas as unidades de saúde, todas as escolas da Prefeitura e em pontos estratégicos por toda a cidade.

monitoramento de mais de mil câmeras em toda a cidade para auxiliar o trabalho das polícias.

Prefeitura: vigilância NO MOVE BH

em todas as estações, 24 horas por dia.

Passo a passo, a Prefeitura faz uma grande transformação em BH. n ão pa r a d e t r a b a l h a r p o r vo c ê .

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solidariedade

Uma ajuda a quem precisa Doar mantimentos, dinheiro ou mesmo parte de seu tempo é uma forma de vivenciar o verdadeiro espírito do Natal. Nesta reportagem, Canguru apresenta uma lista com dez entidades assistenciais conhecidas pelo trabalho precioso em prol de crianças carentes e que precisam de nosso auxílio, não só agora como no ano inteiro Coelho

Assistência Social Kennedy (Aske) De segunda a sexta, 235 crianças aprendem, divertem-se e comem uma comida gostosa na associação. “O fim de semana é o que me deixa mais angustiado”, conta o presidente voluntário Wanderlei Campos. “Muitos saem daqui e só comem bobagens ou voltam sem ter feito ao menos uma refeição.” Um sonho antigo está prestes a ser realizado. Depois de arrecadar 245 000 reais em doações para investir em uma quadra multiúso, ele agora precisa apenas de materiais de acabamento, como azulejo e cerâmica. Rua Aline, 907, Pindorama, tel.: 3473-1245.

Associação Mineira de Reabilitação (AMR) A AMR atende cerca de 500 crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. Muitos dos tratamentos são de longa duração, já que algumas crianças apresentam limitações físicas permanentes. Segundo a superintendente Marcia Castro Fernandes, a instituição precisa muito de doações financeiras, pois o tratamento que oferecem é gratuito e as famílias são muito carentes. “Mas também são bem-vindos produtos de higiene básica e peças para bazar”, diz. Rua Professor Octávio Coelho de Magalhães, 111, Mangabeiras, tel.: 0800-7271347 e 3304-1300. www.amr.org.br.

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FOTOS: [1][3] VICTOR SCHWANER; [2] DIVULGAÇÃO.

POR Larissa


Crepúsculo A entidade recebe, atualmente, oitenta alunos com diversas limitações neurológicas ou físicas que, enquanto se divertem, aprendem a desenvolver suas potencialidades. Entre as atividades praticadas ali estão a dança, a música e o teatro. “Os voluntários podem doar uma tarde para ajudar em um lanche ou para dar alguma consultoria”, afirma Luciane Kattaoui, uma das fundadoras do projeto. “Precisamos ainda de materiais para as oficinas, como cadeiras, papéis, tintas, argila e lápis.” Rua Sertões, 147, Prado, tel.: 3225-0040 e 32234615. www.crepusculo.org.br. [2]

Fundação Sara O casal Marlene e Álvaro Costa lembra do apoio de amigos e colegas na campanha que fez para custear o tratamento de sua filha, Sara, diagnosticada com leucemia. Apesar de todos os esforços, a menina não resistiu e morreu. Mas os pais resolveram multiplicar essa solidariedade e fundaram, em 1998, a Fundação Sara Albuquerque Costa, para cuidar de famílias que têm de enfrentar o mesmo problema. O sonho começou em Montes Claros e, em 2010, eles inauguraram a filial da capital. Oferecem hospedagem, transporte, refeições, medicamentos e realização de exames, além de atendimento psicológico e nutricional. Rua Pouso Alto, 285, São Lucas, tel.: 3284-7690. www.fundacaosara.org.br.

Ministério Programa Criança Feliz

Núcleo Assistencial Caminhos para Jesus

Crianças separadas de suas famílias, vivendo nas ruas ou em situações de risco encontram refúgio neste projeto criado em 1993. Aqui, elas são acolhidas, matriculadas em escolas e recebem atendimento médico, além de cinco refeições diárias. Também participam de atividades esportivas, culturais e de lazer. Avenida Francisco Negrão de Lima, 735, Enseada das Garças, tel.: 3496-4985 e 3498-5992. ministeriocriancafeliz.org.br

O projeto A Casa do Caminho acolhe 100 crianças de 0 a 7 anos com paralisia cerebral encaminhadas pelo Conselho Tutelar ou pelo Juizado da Infância e Juventude. Psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, entre outros profissionais, trabalham para estimular a autonomia, a independência, a criatividade, a expressão e a interação dos pequenos. Rua José Ferreira Magalhães, 341, Floramar, tel.: 3408-3000. www.caminhosparajesus.org.br.

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Obra Social da Paróquia São Gabriel Na creche Nossa Senhora do Perpétuo Socorro são atendidas 238 crianças de 2 a 5 anos e no Projeto Santo Arnaldo Janssen, 173 pequenos de 6 a 14 anos. Oficinas de arte, dança, artesanato, capoeira e informática são oferecidas gratuitamente, preenchendo todo o tempo ocioso dos alunos com ações produtivas e educacionais. Além de contribuições financeiras, voluntários são aceitos. “Os projetos estão de braços abertos para receber todos, seja para ajudar ou para brincar com as crianças”, diz o padre João Stasz, fundador da obra. Rua Theodoro Bonfim, 85, Taquaril, tel.: 3482-0180.

Projeto AMMOR Idealizado pela médica Irene Adams, o projeto nasceu há 26 anos, com a missão de ajudar crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Profissionais das mais diversas áreas, como advogados, dentistas, pediatras e psicólogos atendem em torno de 750 assistidos de cinquenta abrigos. Rua Além Paraíba, 917-A, Bonfim, tel.: 3444-3877. www.ammor.org.br.

Projeto Assistencial Novo Céu Fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, pediatras, enfermeiros e psicólogos acompanham, desde 1998, crianças, jovens e adultos com paralisia cerebral. “Além de doações financeiras, precisamos de alimentos não perecíveis, leite e material de limpeza e de higiene pessoal”, afirma a psicóloga Fernanda Souza, que atua na entidade há dez anos, e avisa que também são necessários voluntários. Rua Macaúbas, 745, Jardim Laguna, tel.: 3368-6860. www.novoceu.org.br.

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Querubins A associação atende cerca de 130 crianças da Vila Acaba Mundo, na Região Centro-Sul. Pequenos a partir dos 5 anos de idade participam de oficinas de arte, esportes e lazer. “Muitas das doações que recebemos são redirecionadas às famílias dos alunos”, conta a coordenadora pedagógica Mercia Correa. Uma amostra de que o trabalho realmente surte efeito: diversos dos educadores atuais são ex-educandos da entidade. Rua Correias, 700, Sion, tel.: 3225-3986. www.associacaoquerubins.org.br. 

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espiritualidade

Herança de Existem muitas formas de introduzir conceitos como paz e solidariedade no universo infantil, o bom exemplo é a melhor de todas POR Sabrina

Abreu Matias

COLABOROU Rafaela

João Otávio, com sua mãe, a dentista Germane de Barros: quando ele perdeu a cadela de estimação, sua família o ajudou

FOTO: GUSTAVO ANDRADE


O

S COMERCIAIS DE TV e as canções que tocam incessantemente dentro das lojas de departamentos avisam: o Natal está chegando. O feriado que comemora o nascimento de Jesus é uma das principais datas religiosas do Brasil — onde mais de 85% da população se considera cristã, segundo dados do último Censo. Diante da invasão de pinheiros enfeitados e botas de Papai Noel, famílias de diferentes religiões, ou mesmo sem religião declarada, aproveitam o momento para explicar às crianças os pontos de contato e de exceção entre suas convicções e o costume cristão. Os votos de paz e atos de solidariedade que se multiplicam nesta época do ano são vistos como práticas espirituais positivas. É importante inspirar os pequenos a levá-las adiante por todo o ano. “A religião tem um papel positivo na formação das pessoas, pois coloca em perspectiva o ser humano, como pequeno em relação ao cosmo”, afirma o doutor em psicologia social e professor da UFMG Cláudio Paixão. “Só conseguimos desenvolver noções de ética, moralidade e respeito ao outro se nos admitirmos pequenos”, explica ele. O professor, porém, faz uma diferenciação entre o que chama de “boa religião” e “má religião”. A primeira permite a coexistência entre diferentes tipos de fé, enquanto a segunda é aquela que se pretende dona da verdade e se coloca acima das demais. O ideal é que a convivência com o diferente e o respeito sejam valorizados desde a infância, inclusive no campo da espiritualidade. Na Igreja de São Pedro, no bairro Floresta, crianças a partir de 5 anos aprendem sobre histórias bíblicas “Acreditamos que esse é o alimento para o espírito”, explica Patrícia Zuccherate, coordenadora da catequese de iniciação. “Como o corpo, o espírito precisa de nutrição.” Livros ilustrados e muitas músicas fazem parte do aprendizado ali. Patrícia diz que a forma de se alimentar espiritualmente vai mudando ao longo do tempo. Para as crianças, mais do que a doutrina católica, os princípios de amor e de justiça são o foco principal. 

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Benjamin, que estuda em um colégio judaico: “Eu gostaria de frequentar a sinagoga, como fazem vários de meus amigos”

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gregação expliquem a seus filhos a importância do Natal para os cristãos, embora não seja uma festa comemorada em seu calendário. “Gosto da palavra coexistência, não podemos nos isolar”, pondera ele. “Já o termo tolerância me parece ruim, como se fosse um mal necessário.” De formação católica, a designer Ana Tereza Carneiro é casada com o artista plástico Rogério Fernandes, que não tem uma religião definida. Por referência de amigos e pela proximidade geográfica, o casal escolheu a Escola Theodor Herzl para matricular os três filhos: Valentina, de 3 anos, Aurora, de 6, e Benjamin, de 7. Lá, as crianças têm contato com a cultura e a religião judaica. “Eu gostaria de frequentar a sinagoga, como fazem vários de meus amigos”, conta Benjamin. Em casa, ele e suas irmãs fazem orações ao estilo católico, dirigidas ao anjo da guarda. “Peço para ele me proteger de pesadelos”, diz o garoto. A história da família Fernandes lembra o parecer do antropólogo Roberto DaMatta, segundo o qual a linguagem religiosa do brasileiro é “um idioma que busca o meio-termo, o meio caminho, a possibilidade de salvar todo o mundo e de em todos os locais encontrar alguma coisa boa e digna”. É o caso de João Otávio, que aos 6 anos de idade não é um frequentador de igrejas ou templos, mas acredita na importância de rezar e agradecer a um ser superior. Seus pais, a dentista Germane Medeiros de Barros e o advogado Gustavo Monti Sabaini, defendem o valor de uma vida espiritualizada, independentemente de religiões. “Eu e o João rezamos juntos em casa à noite e quando eu esqueço ele até pede”, afirma Germane. Além disso, quando o pequeno perdeu sua cadela de estimação, pôde refletir sobre a existência de algo maior. “Eu sei que a Lilica está no céu, com Deus, lambendo a cara dele, fazendo festa como fazia comigo”, diz João Otávio. Outros exemplos de “linguagem religiosa do brasileiro” não faltam. O xeque Mokhtar El-Khal, líder da comunidade muçulmana de Belo Horizonte, é marroquino e criou seus três filhos no Brasil, dando a eles presente de Natal. “Tentei evitar o choque cultural, ao mesmo tempo em que ensinava a eles a tradição muçulmana”, afirma. No Natal, a psicóloga Sat Kartar, que é adepta do sikh dharma há dez anos e adotou seu nome a partir do contato com esse estilo de vida

FOTOS: [1][3] GUSTAVO ANDRADE; [2] VICTOR SCHWANER.

Trabalhar com o lúdico é a ideia também do rabino da Congregação Israelita Mineira, Uri Lam. Ele explica que há um antigo costume judaico de ensinar as crianças a escreverem as letras hebraicas usando mel. “Conectar a escrita a alguma coisa doce é maravilhoso, mostra que o aprender é algo gostoso”, afirma. O hebraico é a língua da Torah, composta pelos cinco primeiros livros da Bíblia. Para ele, o aprendizado da cultura e da religião judaica é uma forma importante de reafirmar a identidade de um povo que é minoria — há cerca de 15 milhões de judeus no mundo inteiro. “Sentimos a responsabilidade de levar o legado milenar dos nossos antepassados para o futuro.” Ele aconselha que as famílias de sua con-


[2]

A psicóloga Sat Kartar, que é adepta do sikh dharma, [3]

todas as crianças tivessem arroz e brócolis”

oriental, aproveita para falar a Dharam Raj, de 4 anos, de uma “luz que nasce dentro das pessoas”. Apesar de na Índia, país de origem do sikh, ele ser considerado uma religião, no Ocidente o movimento chegou como uma filosofia de vida, que inclui a meditação, o vegetarianismo e a busca pelo bem das pessoas e dos animais. “Não nos dirigimos a um deus, buscamos nos conectar com o infinito, ser um só com ele”, ensina Sat Kartar. Ela garante que se esforça para passar ao pequeno mais do que o nome e a dieta, mas seu interesse por ajudar as pessoas. “Um dia ele pediu ao infinito que todas as crianças tivessem arroz e brócolis”, orgulha-se. De acordo com o professor Carlos Paixão, quando praticadas sem excluir os fiéis em outros credos, as religiões têm vários pontos positivos em comum. Como estimular o altruísmo. A publicitária católica Miriam Barreto e a servidora pública batista Raffaella Matos demonstram isso. Mãe de Sara, de 4 anos, Miriam escolheu o Colégio Arnaldo para matricular a menina, por se tratar de uma escola de princípios cristãos. A mesma justificativa é usada por Raffaella, cuja filha, Laura, de 5 anos, estuda no Colégio Batista Mineiro, unidade Buritis. As duas tentam refutar o

A publicitária Miriam, que está preparando uma feira de trocas e doações, e Sara: “É bom aprender o prazer de compartilhar desde cedo”

consumismo como um efeito colateral do Natal. Idealizadora do blog Na Pracinha, Miriam tem a intenção de organizar uma feira de troca e de doações para que crianças com muitos brinquedos presenteiem aqueles que têm menos. “É bom aprender o prazer de compartilhar desde cedo”, pontua. Raffaella também aproveita a data para escolher, junto à filha, bonecas e jogos a ser cedidos a outras crianças. “Ela recebe presentes, mas não deixa de passar seus 

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pertences para a frente”, observa. Laura diz que conversa com Deus em suas orações e já recebeu respostas. “Pedi para Ele não deixar chover no meu aniversário, pois queria colocar uns brinquedos na área externa da casa”, lembra. “E não choveu!” Também preocupadas com os valores passados em sala de aula, as mães Nilda Lira e Alexandra Morais tomaram uma decisão diferente. As duas matricularam suas filhas em escolas da rede pública, que consideram mais neutras. Convertida ao islamismo há um ano, a dona de casa Nilda busca inserir, aos poucos, os princípios e costumes da religião na vida da filha mais nova, Raíssa, de 7 anos, que estuda na Escola Estadual Pandiá Calógeras, no Santo Agostinho. Nilda observa as regras alimentares muçulmanas — que proíbe, por exemplo, ingestão de bebidas alcoólicas e carne de porco —, reza cinco vezes ao dia e veste-se de forma modesta. Raíssa, ainda sem obrigação de fazer as rezas, gosta de imitar a mãe no ritual. E também no uso do véu — obrigatório apenas para mulheres depois da primeira menstruação. Espírita kardecista, a pedagoga Alexandra leva a sério o ensino religioso da filha Geovana, de 6 anos, aluna da Umei Nova Esperança. A pequena lê livros espíritas adequados à sua idade e participa de uma reunião mensal com vários membros da família, entre tios e primos. “Meus avós já eram espíritas”, conta Alexandra. Tanto ela quanto Nilda acreditam que há desinformação no Brasil sobre suas religiões. “Apesar do preconceito, é importante preparar a criança para conviver na sociedade, não isolá-la dos outros”, diz Nilda. A ideia de que é dever da família introduzir a espiritualidade ao universo infantil perpassa diferentes credos, para os quais apenas após a adolescência o indivíduo se torna responsável por si mesmo diante de Deus. Boa parte dos protestantes, como os batistas, não batiza as crianças. Os católicos veem na crisma, realizada geralmente na adolescência, a conclusão de uma caminhada que se inicia no batismo, quando bebê, e passa pela primeira comunhão, por volta dos 9 anos. Em algumas religiões, há uma data certa para a mudança. Na tradição islâmica, por exemplo, esse

A dona de casa Nilda Lira e Raíssa: a pequena ainda não precisa, mas gosta de usar o véu, como a mãe, muçulmana

FOTOS: GUSTAVO ANDRADE

Laura e a servidora pública Raffaella: “Pedi para Deus não deixar chover no meu aniversário, pois queria colocar uns brinquedos na área externa da casa. E não choveu!”


momento se dá aos 15 anos. No judaísmo, a emancipação é aos 11 para as meninas e aos 13 para os meninos, após o ritual de passagem chamado bat (para elas) ou bar mitzvah (para eles). Além da herança de bondade, altruísmo, honra, gratidão, entre outros valores partilhados por diversas fés, líderes espirituais concordam que a melhor forma de ensinar uma religião ou estilo de vida é a partir do exemplo. “A criança vai aprender ao ver bem mais do que ao ouvir”, afirma o evangelista infantil Ulisses Braga Spagiaris, o Tio Uli, apresentador do programa Tio Uli e os Bonecos, do canal evangélico Rede Super. “Não adianta dizer para a criança ser educada ou generosa se os pais ou professores a seu redor agem de forma oposta ao que pregam”, aponta ele. “A criança é capaz de perceber as contradições.” A responsabilidade dos adultos, muito além de fazer orações, rezar ou meditar, é ser um bom modelo.

se eu puder falar com Deus Propusemos às crianças entrevistadas que contassem o que gostariam de pedir ao Criador “Para o Natal chegar logo, porque está demorando muito.” Laura Matos, 5 anos “Um unicórnio de estimação.” Aurora Fernandes, 6 anos “Comida para pessoas e bichos.” Dharam Raj, 4 anos “Pizza e sorvete de casquinha.” Sara Barreto, 4 anos “Para ele contar como fez o mundo.” Raíssa Lira, 7 anos “Para ele explicar como fez o mundo.” Benjamin Fernandes, 7 anos “Brinquedos. Ele podia jogar lá do alto.” Geovana Morais, 5 anos “Uma caixa de Lego.” João Otávio Sabaini, 6 anos

A pedagoga Alexandra Morais, com Geovana: as duas leem livros espíritas e participam de reuniões mensais

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férias

Diversão fora de casa férias escolares. O que para as crianças é sinônimo de folga e diversão, para com tanto tempo livre? Canguru selecionou doze colônias de férias que prometem entreter a meninada nos meses de dezembro e janeiro com um POR Isabella

Grossi

Arca da Alegria O tema, neste ano, é De Volta às Raízes. E é no passado, mesmo, que a meninada vai se sentir ao assar broa de milho, confeccionar pipas, bonecas de palha e brincar de bolinha de gude e de elástico. A farra também inclui caça ao tesouro e tapabol — uma mistura de queimada, handebol e futsal. ONDE: Instituto da Criança. Rua Laplace, 155, Santa Lúcia, 99198-1212. QUANDO: de 17 a 23 de dezembro (segunda a sexta, das 13h30 às 18h). PREÇO: R$ 70,00 por dia ou R$ 300,00 por semana. INDICAÇÃO: de 2 a 12 anos. ONDE: Clube Círculo Militar. Avenida Raja Gabáglia, 350, Cidade Jardim, 99198-1212. QUANDO: de 4 a 29 de janeiro (segunda a sexta, das 13h30 às 18h). PREÇO: R$ 70,00 por dia ou R$ 300,00 por semana. INDICAÇÃO: de 4 a 12 anos.

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Brinquedoplay A onda do lugar é deixar que os pequenos liberem a imaginação e a criatividade. Os monitores distribuem caixas de madeira e materiais reciclados, por exemplo, e propõem à turma que construa o que quiser. A diversão também é garantida com o resgate de brincadeiras antigas e com contação de histórias. ONDE: Rua Jacamim, 151, Alípio de Melo, 3318-8860, www.brinquedoplay.com.br. QUANDO: de 1º a 31 de janeiro (segunda a sexta, das 7h às 19h). PREÇO: a partir de R$ 250,00 por semana. INDICAÇÃO: de 1 a 12 anos.

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Casa Ideia A cada dia um novo tema é trabalhado com a criançada, que vai se esbaldar com banhos de fonte, construção de cabaninhas e contação de histórias. É de praxe, também, envolver a galera em bailes musicais, festas do pijama e ioga. Detalhe: os participantes sempre levam para casa alguma produção artística, como máscara de monstro, marionete ou porta-retratos. ONDE: Rua Outono, 535, Carmo Sion, 3281-2434, www.acasaideia.com.br. QUANDO: de 14 a 18 de dezembro (segunda a sexta, das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h30) e de 18 a 29 de janeiro (segunda a sexta, das 13h30 às 17h30). PREÇO: R$ 65,00 por dia (cada turno). INDICAÇÃO: de 3 a 10 anos.

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Educ Artes plásticas, construção de brinquedos, gincana e jardinagem. Tudo isso integra a programação da unidade pedagógica. Os pequenos também vão se divertir com futebol de sabão, oficina de material reciclado, banho de mangueira e brinquedo inflável. Em dezembro, tem até um dia ao lado do Papai Noel. ONDE: Rua Chicago, 295, Sion, 2514-1417. QUANDO: de 14 a 23 de dezembro e de 4 a 29 de janeiro (segunda a sexta, das 8h às 18h ou das 8h às 11h30 e das 13h às 18h). PREÇO: R$ 70,00 por dia (meio período) ou R$ 120,00 (integral). INDICAÇÃO: de 1 a 7 anos.

Espaço BH Kids As atividades para a turminha de 2 a 7 anos são todas realizadas no Clube Recreativo Mineiro. Cada dia é uma surpresa: tem artesanato com sucata e desenhos digitais, fora o dia da beleza e do super-herói. Os grandinhos também fazem passeios externos, soltam pipa e se divertem com cabo de guerra e guerra de balão d’água.

FOTOS: [1] [3] [4] DIVULGAÇÃO; [2] RENATA CASTILHO.

ONDE: Clube Recreativo Mineiro. Rua Grão Mogol, 197, Carmo, 21117700, www.espacobhkids.com.br. QUANDO: de 4 a 29 de janeiro (segunda a sexta, das 13h30 às 17h30). PREÇO: R$ 50,00 por dia (sócios) e R$ 60,00 (não sócios). INDICAÇÃO: de 2 a 12 anos.

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Guerra dos Anéis Além de brincadeiras tradicionais, como futebol de sabão e de campo, a colônia promove um jogo principal por dia. As brincadeiras são inspiradas em lutas medievais e aventuras de mistério, levando as crianças a entrarem na fantasia e se mobilizarem para resolver os desafios propostos. Cerca de dez monitores ajudam a compor os cenários, fantasiando-se de personagens como reis, monstros, robôs e zumbis. ONDE: Serra Del Rey Club (a confirmar) - Rua Araras, s/nº, Condomínio Estância Serrana, Nova Lima, 99142-3683, guerradosaneis.com.br/colonia-bh. QUANDO: de 11 a 22 de janeiro (segunda a sexta, das 8h às 19h). PREÇO: R$ 120,00 por dia. INDICAÇÃO: a partir de 6 anos. DEZEMBRO 2015 .

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Inspirar Educacional Quem gosta de Lego não pode perder. A colônia de férias é toda dedicada aos blocos de montar. Entre as atividades mais disputadas estão a oficina de stop motion, que utiliza fotografias em série para criar a sensação de movimento, e a de story starter, na qual os pequenos trabalham em conjunto para construir histórias. ONDE: Rua Vitório Marçola, 90 A, Anchieta, 2514-1867, www.inspirareducacional.com.br. QUANDO: de 7 a 18 de dezembro e de 4 a 29 de janeiro (segunda a sexta, das 13h30 às 17h30). PREÇO: R$ 55,00 por dia. INDICAÇÃO: de 6 a 9 anos.

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Livraria Corre Cutia A garotada é dividida em duas turmas, uma de 2 a 4 anos e outra de 5 a 9. Além das brincadeiras tradicionais, jogos e historinhas, a programação inclui oficinas bem curiosas. Entre elas, a de construção de passarinho de papel, para os menorzinhos, e a de pintura com recortes inspirada em Matisse. ONDE: Rua Outono, 579, Carmo, 2516-0883, www.livrariacorrecutia.com.br. QUANDO: de 14 a 23 de dezembro e de 4 a 29 de janeiro (segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h30). PREÇO: R$ 50,00 (manhã) e R$ 60,00 (tarde). INDICAÇÃO: de 2 a 9 anos.

Minas Tênis Clube Os mais aventureiros vão se deleitar. As atividades incluem paintball, acampamento, tirolesa e water ball — aquela bola inflada e jogada na piscina com os guris dentro. Apesar de a colônia de férias tomar conta também do Country e do Náutico, as crianças são recebidas e entregues no Minas I. ONDE: Minas I. Rua da Bahia, 2244, Lourdes, 3516-1000, www.minastenisclube.com.br. QUANDO: de 11 a 29 de janeiro (segunda a sexta, das 9h às 17h30). PREÇO: a partir de R$ 450,00 por semana. INDICAÇÃO: de 4 a 13 anos.

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FOTOS: [5] [6] [9] DIVULGAÇÃO; [7] ORLANDO BENTO; [8] FREDERICO HAIKAL.

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Museu dos Brinquedos O lugar, por si só, já é um paraíso para os pequeninos, com seu acervo permanente de mais de 900 brinquedos — muitos deles bem antigos, como o Cara Maluca e o Jogo da Vida. Durante as férias, a turminha será ocupada ainda com desafios corporais e experimentações artísticas. ONDE: Avenida Afonso Pena, 2564, Funcionários, 3261-3992, www.museudosbrinquedos.org.br. QUANDO: de 25 a 29 de janeiro (segunda a sexta, das 13h às 17h30). PREÇO: R$ 60,00 por dia ou R$ 250,00 por semana. INDICAÇÃO: de 3 a 12 anos.

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Play Infantil As brincadeiras são divididas por semana. Na primeira, as crianças entram em contato com diferentes elementos naturais: água, areia, folhas secas, terra, plantas e sementes. Depois, tem texturas e experimentos sensoriais, descoberta das cores, música e percepção sonora, desenho livre e massinha de modelar. ONDE: Rua Soares do Couto, 156, São Bento, 2515-5158, www.playinfantil.com.br. QUANDO: de 7 a 18 de dezembro e de 11 a 29 de janeiro (segunda a sexta, das 8h às 17h30 ou das 8h às 11h50 e das 13h30 às 17h30). PREÇO: R$ 55,00 por dia (meio período) ou R$ 95,00 (integral). INDICAÇÃO: de 2 a 6 anos.

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Unique Além da enxurrada de brincadeiras antigas ao ar livre, dá para andar de skate, fazer judô e trabalhos manuais, jogar videogame e ouvir música. O turno integral inclui almoço e lanche. ONDE: Rua José Rodrigues Pereira, 153, Buritis, 3378-3605, www.nucleounique.com. QUANDO: de 1° de dezembro a 31 de janeiro (segunda a sexta, das 7h30 às 18h ou das 7h30 às 12h e das 13h30 às 18h). PREÇO: R$ 60,00 por dia (meio período) ou R$ 120,00 (integral). INDICAÇÃO: de 1 a 11 anos.

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saúde

Risco silencioso ESTIMA-SE QUE MAIS de 13 milhões de brasileiros tenham diabetes. Resultado do desequilíbrio dos níveis de glicose no sangue, a doença crônica ocorre de três maneiras no organismo. O tipo I é caracterizado pela produção insuficiente de insulina. Ocorre, geralmente, de forma mais abrupta e acomete com mais frequência crianças e adolescentes. Já o tipo II se dá quando o pâncreas produz insulina suficiente, mas o organismo apresenta resistência à sua ação. Ele ocorre de forma mais lenta, apresenta sintomas mais brandos e acomete geralmente adultos com histórico de excesso de peso. Há ainda o diabetes gestacional. Detectado durante a gravidez, apresenta um aumento de glicose no sangue menos severo que o diabetes tipo I e II. Um dado que vem preocupando a comunidade médica e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais é o aumento da incidência de diabetes

tipo I entre crianças, principalmente nas mais jovens, abaixo de 4 anos de idade. Segundo o coordenador da endocrinologia pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II, o endocrinologista pediátrico Cristiano Túlio Albuquerque, por uma combinação de mutações genéticas, o organismo passa a gerar anticorpos contra as células beta, que produzem insulina no pâncreas. Não existe prevenção para esse tipo de diabetes. Se a criança nasce com as mutações genéticas, em algum momento da vida a doença vai aparecer. “O que estamos percebendo é que vários fatores podem acelerar esse processo, fazendo com que a doença surja mais cedo”, diz Albuquerque. São exemplo os hábitos alimentares inadequados — como o início precoce de ingestão de açúcar, doces, alimentos industrializados, corantes, conservantes, alimentos defumados e embutidos —, que podem levar à obesidade ou lesar o pâncreas. Para tratar o diabetes tipo I, é preciso medir os níveis de glicose pelo menos três vezes ao dia e aplicar injeções de insulina diariamente. Já o diabetes tipo II pode ser tratado somente com dieta e comprimidos. Caso não seja controlado e diagnosticado, o diabetes pode provocar complicações em diversos órgãos, especialmente nos rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. Esse inimigo silencioso aumenta em 40% o risco de infarto em homens e 50% em mulheres. “Quando o assunto é crianças e adolescentes com diabetes, a educação e a precaução são sinônimo de um futuro saudável e seguro”, garante Paulo Augusto Carvalho de Miranda, médico endocrinologista e integrante do Comitê de Especialidades da Unimed-BH (veja ao lado orientações para os pais). “Os cuidados são necessários para manter a doença controlada e evitar complicações futuras.”

FOTO: ISTOCKIMAGE.

Saiba como diagnosticar e tratar o diabetes, uma doença que afeta cada vez mais as crianças


Elas talvez briguem muito

Sete informações importantes sobre diabetes na infância: 1. Entre os sintomas mais comuns estão o excesso

de sede e de urina. A perda de peso também ocorre com frequência. Algumas crianças voltam a urinar na cama ou acordam muitas vezes para beber água no decorrer da madrugada. Ao perceber essas ocorrências, é fundamental consultar um endocrinologista pediatra rapidamente.

2. Os pais de crianças com diabetes devem sempre

Podem se sentir muito tímidas e nervosas perto de outras crianças.

Às vezes, um problema faz com que sinta vontade de chorar. ou de bater em algUEm,

frequência nas consultas médicas para saber se o aumento de peso e altura é adequado à idade. E para ajustes na terapia insulínica, que varia de acordo com as fases do desenvolvimento.

É duro ter esses problemas.

3. A automonitorização da glicemia, a prática

de atividade física e o controle nutricional são necessidades comuns e importantes em qualquer faixa etária de pacientes com diabetes, e precisam fazer parte da rotina de tratamento.

4. É importante a ajuda dos pais na inclusão da

automonitorização no dia a dia do paciente, reanas decisões. Aos poucos, a criança irá perceber a importância desse controle para a própria saúde.

5. Nem sempre a criança entende ou aceita bem a

doença. Por causa disso, o acompanhamento de um psicólogo pode ser necessário.

6. Realizar a integração dos pacientes com outras

crianças que também possuem diabetes, por meio de encontros, associações e acampamentos, é uma ótima maneira de, além de ajudá-los a lidar com a questão, ensiná-los e educá-los mais sobre o assunto.

7. Após a infância e adolescência, os cuidados devem continuar os mesmos, mas o paciente deve ser encaminhado a um ambulatório de transição, no qual o endocrinologista pediátrico e o endocrinologista adulto o atendam simultaneamente. Essa mudança ocorre, geralmente, entre 15 e 19 anos.

podem ter dificuldade em repartir.

o ou de ficar sozinho...

Elas não sabem de onde vêm essesproblemas. Assim, não conseguem fazer com que eles vão embora.

Isso incomoda as crianças, talvez isso interfira no rendimento escolar.

E se essas coisas se repetem constantemente

Então elas precisam de ajuda!

Agende seu atendimento: 3199734-8377

www.beatrizbraga.com.br Psicóloga Clínica, com formação e experiência em: - Avaliacão e Diagnóstico; - Psicoterapia Infantil; - Terapia Cognitiva Comportamental; - Dificuldades de aprendizagem; - Aconselhamento de pais; - Orientação Profissional e Vocacional; e, - Transtornos da ansiedade.

Fonte: Comitê de Especialidades da Unimed-BH

Av. Álvares Cabral, 1030 • Sala 102 Lourdes • 30170.001 • BH/MG


viagem

Sem dor de cabeça É hora de arrumar as malas, checar a documentação dos pequenos, conferir os horários dos voos e, claro, pensar em alternativas para distrair a meninada antes do embarque POR Cristiane

Miranda

ILUSTRAÇÃO: ISTOCKIMAGE.

AS FÉRIAS ESTÃO chegando e as viagens com a garotada, também. Nessa época, só de pensar em como controlar as crianças enquanto esperam os voos, os pais já ficam de cabelo em pé. Não à toa. Fim de ano é sinônimo de salas de embarque lotadas e indefectíveis atrasos nas decolagens. Mas, calma, basta tomar alguns cuidados para não estressar demais. Mãe de Pedro Henrique, de 9 anos, e Maria Eduarda, de 5, a jornalista Luciana Resende sempre viaja com os pimpolhos nas férias, acompanhada do marido, o advogado Davidson. Precavida, ela já tem um kit de sobrevivência para a espera nos aeroportos. “Sempre levo aparelhos eletrônicos, livros para colorir e algum livro da escola para as crianças usarem durante o tempo ocioso nos saguões dos aeroportos ou mesmo dentro

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do avião”, conta. Luciana recorre também ao DVD portátil para acalmar as “ferinhas impacientes”. Durante o período de festas, quem passar pelo Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, terá a oportunidade de tirar fotos com o Papai Noel. O Bom Velhinho estará logo na entrada do Terminal 1, em frente a uma grande árvore. “Nossa ideia é trazer o clima natalino para as instalações do aeroporto e mexer com o imaginário das crianças durante essa época do ano”, afirma Andréa Fonseca, coordenadora de marketing da BH Airport, concessionária responsável pelo aeroporto. Para não deixar os pequenos entediados, a administradora de empresas Cristiane Nilo Abranches, mãe de Thomaz, de 4 anos, e Ana Clara, de 6, também tem seus segredinhos. “Antes das via-


gens, dou uma mochilinha para cada um e os ajudo a separar os brinquedos preferidos, livros, alguns biscoitinhos e suco”, conta. Nas férias de julho, a família escolheu o Chile como destino. “A viagem é curta, de apenas duas horas, mas ficamos quatro horas no saguão do aeroporto em São Paulo, por causa da conexão”, lembra Cristiane. “Cada um tem o próprio tablet, mas logo se cansam e querem outra distração.” Ela dá uma dica às administradoras de aeroportos: “Para mim, o ideal seria instalar salas de cinema”, brinca.

Direitos Além de se virarem para não deixar os pequenos aborrecidos, os pais precisam ficar atentos a outros detalhes. “A primeira coisa que precisam fazer é checar toda a documentação”, recomenda Fernanda Fonseca, diretora de eventos e marketing da Associação Brasileira de Agências de Viagens de Minas Gerais (Abav-MG). “Se o local escolhido é para fora do Brasil e a criança está viajando apenas com um dos pais, não se pode esquecer a autorização de viagem.” Uma portaria da Polícia Federal obriga os hotéis brasileiros a exigirem certidão de nascimento ou carteira de identidade dos menores de idade. “Muitas pessoas acham que não precisam levar a documentação dos filhos quando viajam de carro, mas a preocupação deve ser a mesma que a das viagens aéreas ou de ônibus”, enfatiza. Nos aeroportos, os direitos das crianças são os mesmos dos

adultos. “Em situações de atraso superior a quatro horas, cancelamento de voo, interrupção do serviço ou preterição de embarque, caberá ao transportador oferecer ao passageiro alternativas”, diz a advogada e professora de turismo da PUC Minas Luciana Atheniense, autora do livro Viajando Direito — Guia Prático dos Direitos e Deveres dos Turistas e Prestadores de Serviços. “Ele pode acomodar a família em voo próprio ou de outra companhia; oferecer outra modalidade de transporte; ou reembolsar o valor integral pago, no caso de não aceitação das opções anteriores.”

Para não fazer das férias um tormento Checar, antes de tudo, a documentação dos pequenos. “Uma dica para quem vai viajar para o exterior com criança e adolescente portando o passaporte novo (azul). É necessário também levar a identidade ou certidão de nascimento, já que o

Se a companhia aérea escolhida oferecer televisão individual, estará resolvida metade dos problemas para distrair a garotada durante o percurso. Mas para não passar aperto, o ideal é levar o brinquedo preferido ou cadernos de colorir. “Só recomendo aos pais que não levem brinquedos sonoros, assim evitam aborrecimentos com os outros passageiros”, diz Fernanda Fonseca. Evite brinquedos com peças muito pequenas, que podem cair da poltrona do avião, ou carrinhos que podem “rolar” durante o pouso. Crianças menorzinhas, de até 2 anos, precisam de mais distração. Brinquedos de encaixar, aqueles com blocos grandes, vão mantê-las ocupadas dentro e fora do avião. Quando a espera é saguão do aeroporto, caminhe com a criança ou faça um lanche rápido para passar o tempo. A tecnologia é uma aliada dos papais e mamães. Tablets e smartphones com os joguinhos preferidos das crianças ajudam a não deixá-las estressadas. E a não estressar os pais.

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economia

Futuro garantido Investir em previdência privada pode ser uma boa maneira de prevenir Matias

BASTA A GRAVIDEZ ser confirmada e os pais começam a fazer planos para o futuro do bebezinho que está por vir. O primeiro dia de aula, a faculdade, o carro zero-quilômetro, o imóvel próprio... E é claro que nada disso sai de graça. O custo às vezes pode ser bem alto. Para não serem pegos de calças curtas quando o futuro chegar, muitos pais estão trocando a velha e boa poupança pela previdência privada. Dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) mostram que, apenas no primeiro semestre de 2015, os planos para menores de 21 anos receberam aportes de cerca de 860 milhões de reais. De janeiro a dezembro de 2014, o número chegou a 1,9 bilhão de reais. Para o economista Alexandre Galvão, doutor pela UFMG e professor do MBA de finanças do Ibmec, a procura pela previdência privada está relacionada à praticidade do investimento e à sua rentabilidade, superior à poupança comum. “A previdência exige menos conhecimento de mercado e o investidor não precisa de tanta disciplina, pois o valor mensal pode ser descontado automaticamente da conta-corrente”, explica. Como muitas outras aplicações, o rendimento da previdência privada paga imposto de renda. “Mas quanto maior o tempo que o dinheiro fica aplicado, menor é a alíquota.” E há outro ponto que merece atenção. “Se houver qualquer

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Poupando dá Veja quanto* você precisa depositar durante dezoito anos para pagar um... Curso técnico no valor de 10 000 reais 25 reais por mês. Intercâmbio nos Estados Unidos no valor de 17 000 reais 45 reais por mês. MBA no valor de 20 000 reais 50 reais por mês. Curso superior no valor total de 50 000 reais  118 reais por mês. Curso de pós-graduação, também nos EUA, no valor de 110 000 reais 288 reais por mês. Apartamento de 220 000 reais 500 reais por mês. Apartamento de 660 000 reais 1 500 reais por mês. * Simulação feita com base nos dados da BrasilPrev Seguros e Previdência S.A.

imprevisto e o dinheiro tiver de ser retirado antes do vencimento do plano, o rendimento certamente será menor”, afirma Galvão. Dependendo da seguradora, os valores mínimos para o depósito inicial variam entre 25 e 100 reais. Veja no quadro acima uma simulação de quanto é necessário investir, por mês, para alcançar cada objetivo, considerando um período de dezoito anos. 

FOTO: PIKSEL/ISTOCKIMAGE

POR Rafaela


A POR Mariana

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

História de mãe

ideal Rosa

O QUE VOCÊ vai fazer, devolver a sua filha? A provocação sem rodeios da médica me pegou de surpresa na antessala da UTI Neonatal. Eu tinha em mãos exames de imagem do cérebro de minha Alice, então com 4 meses de vida. Em profunda angústia, procurava entender o que era a paralisia cerebral, que havia ficado como herança da prematuridade extrema e da parada cardiorrespiratória de 26 minutos que ela tinha sofrido. Eu não fazia a menor ideia de como seria nossa vida dali por diante, mas o incômodo comentário que acabara de ouvir me despertou para algum alívio. Agora, eu conhecia a condição de minha filha. Ela estava viva. Por ela, com ela, eu abraçaria o mundo! Por mais temeroso que tenha sido aquele momento, o diagnóstico foi, para nós, libertador. Tornou-se nosso ponto de partida para uma pesquisa incessante sobre todo tipo de tratamento, dos alopáticos aos alternativos, e de abordagem terapêutica para a habilitação da Alice. Foi um princípio de compreensão que nos convocou ao enfrentamento. Meu primeiro impulso como mãe foi buscar todas as alternativas que potencializassem a estimulação e, consequentemente, as chances de habilitação de minha filha. Até os momentos de prazer e descanso eram comprometidos pela preocupação com a estimulação. Vivíamos para combater os efeitos da condição neurológica de nossa filha, como se isso fosse tudo o que existia sobre ela. Eu reverberava a crença impregnada em nossa sociedade de que a pessoa com deficiência precisa dedicar o máximo esforço à superação

de sua condição, a fim de pleitear algum lugar no mundo. Pouco a pouco, fui aprendendo a ver nossa pequena à frente de qualquer doença ou condição. Compreendi que ela não precisa superar nada, não precisa surpreender expectativas. Jamais permitirei que esse fardo pese sobre sua existência, especialmente sobre sua infância. Desviei das idealizações no exato instante em que as percebi limitadoras da realidade. Confisquei da disfunção neuromotora e das demais doenças a dimensão que se pretendia totalizadora da existência da pequena Alice. Pude, então, admirar minha filha com o coração pleno de amor e o olhar farto de liberdade. Alice não é minha filha com paralisia, ela é apenas a filha que tanto amo. Percebi, com nitidez, sua suprema capacidade de entusiasmo, sua vontade de descobrir a si mesma e também o mundo. A maneira como ela se entrega à vida passou a ser minha fonte inesgotável de aprendizado e de encantamento. Por isso, sinto-me grata por saber que Alice não é minha filha idealizada. Ela é muito, muito melhor.

Mariana Rosa é jornalista e consultora em responsabilidade social. Mas o principal predicado de sua vida é o de “mãe da Alice”. A pequena Alice tem 2 anos, vários dentinhos nascendo e uma simpatia enorme por passarinhos. Mariana registra as descobertas de sua maternidade atípica no blog Diário da Mãe da Alice.

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viagens, modo de usar

Esqui, o céu na Terra

Comentam que o esqui é muito caro. De fato, é mais barato ir para Ouro Preto. Mas, se compararmos

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com as férias num resort do Nordeste, a desvantagem desaparece. Uma semana em algumas estações da Argentina ou Chile custa menos que o mesmo período em certas praias de Pernambuco ou Ceará. Dê uma conferida. Engana-se quem acha que apenas os adultos gostam do esqui. Equívoco total. A garotada é quem mais se diverte. A novidade se entranha nas crianças com muita facilidade. Num dia dominam a técnica, no dia seguinte acompanham os pais nas descidas íngremes. Falo de minha própria experiência. Meus filhos se tornaram, desde pequenos, meus parceiros e, montanha abaixo, aprendemos a ser mais solidários um com o outro. Um deles chegou ao cúmulo de, aos 7 ou 8 anos, descer ao meu lado para me socorrer, caso eu caísse na pista. Ele não acreditava Milhares de brasileiros, sobretudo jovens, se apaixonaram pelo esporte. Descobriram que, para viver a liberdade total, basta deixar-se levar pela gravidade e pela neve. A sensação é paradisíaca. Afinal, o esqui é o céu na terra.

Luís Giffoni é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos. giffoni@cangurubh.com.br

FOTO: GUSTAVO ANDRADE; ILUSTRAÇÃO: KILI/ISTOCKIMAGE

QUANDO ME PERGUNTAM qual o melhor esporte do mundo, não hesito: esqui de montanha. Algumas pessoas torcem o nariz, acham esnobação. Se elas deslizassem, porém, encosta abaixo pela neve, concordariam comigo. O esqui me livra da gravidade, tal a leveza que o corpo adquire. Quanto mais embalado, mais pareço flutuar. Sensação de gravidade lunar. Vivo um breve momento de pássaro. Sem asas. Na terra. Há quem me lembre da outra gravidade, a do tombo. Bem, é uma possibilidade. Inevitável, à medida que se adquire confiança nas pernas. No entanto, já caí tantas vezes que o tombo faz parte da diversão. Inclusive a vez em que, depois de uma pirueta no ar, acabei com a cara enterrada na brancura macia. A saída é levantar, sacudir os ossos e voltar ao prazer. Jamais me machuquei. O esqui produz, também, uma espécie de meditação transcendental. Os movimentos são tão rápidos e sucessivos que o cérebro não tem tempo de pensar neles — e se desliga. O resultado é um mantra mudo: o mantra do movimento. O efeito, contudo, lembra a meditação. A leveza do corpo se transfere para a cabeça, e o bem-estar me invade. Ao fim do dia, mesmo cansado, sou pura euforia. Já me disseram que é efeito da endorfina. Endorfina ou meditação, não



FOTO: LUÍZA VILLARROEL

Somar e dividir afetos A FAMÍLIA VAI crescer e o filho mais velho se assombra. Como dividir o afeto do pai e da mãe? Como compartilhar o quarto, o carro, a atenção? Ansiedade, ciúme, curiosidade e alegria, tudo fica bem misturado naquela cabecinha. Esse conflito tão palpitante — que ganhou uma ótima reportagem na estreia da Canguru — já foi acolhido, também, por vários autores da literatura infantil. Na coluna deste mês, selecionei dois ótimos exemplos de como o tema, assim como o amor dos pais, é inesgotável. Com poucas palavras, Eu Só Só Eu, de Ana Saldanha e Yara Kono, consegue capturar o turbilhão de sensações que antecedem a chegada de um bebê. Até agora, tudo era só do mais velho: os brinquedos, os livros, os abraços e espaços. Mas de repente, essa situação muda. Num lindo vaivém do texto, a autora Ana até adivinhar, mas emociona mesmo assim. O livro traz ilustrações de Yara Kono e acabamento impecável, marca registrada de editora Peirópolis. SOBRE OS AUTORES: Ana Saldanha é escritora, tradutora e professora portuguesa. Sua obra, voltada principalmente para o público infantil e juvenil, já recebeu diversos prêmios. Yara Kono nasceu em São Paulo, mas vive em Portugal, onde trabalha como ilustradora, várias vezes premiada.

PARA QUE SERVE UMA BARRIGA TÃO GRANDE? Texto de Rosa Amanda Strausz, imagens de Ivan Zigg. Editora FTD, 2003.

EU SÓ SÓ EU. Texto de Ana Saldanha, imagens de Yara Kono. Editora Peirópolis, 2014.

Para que Serve uma Barriga Tão Grande? já conquista o leitor a partir do título. A célebre frase de Chapeuzinho Vermelho alcança novas cores e sentidos no texto delicado de Rosa Amanda Strausz e nas ilustrações grantransformando e já adivinha as novas mudanças que vêm por aí. Rosa Amanda familiar e costurá-las com referências e personagens bem conhecidos da meninada. É o que ela fez também em histórias como A Coleção de Bruxas de Meu Pai, Mamãe Trouxe um Lobo para Casa! e Deus Me Livre! SOBRE OS AUTORES: Rosa Amanda Strausz é escritora e jornalista. Já publicou dezenas de livros para crianças, jovens e adultos. Já recebeu os prêmios Jabuti, João-deBarro, entre outros. Ivan Zigg é ilustrador, escritor, ator e músico da banda Conga, a Mulher Gorila. Ilustrou centenas de livros, sempre com muito humor.

Leo Cunha é escritor e publicou mais de cinquenta livros, como Vira-lata (Ed. FTD) e ABCenário (Ed. Autêntica). Já recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Jabuti, Nestlé e João-de-Barro. Na Canguru, dá dicas de livros para crianças. leocunha@cangurubh.com.br

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na pracinha

Praça da Assembleia: uma praça para as crianças

FOTOS: PATRÍCIA DE SÁ

RECENTEMENTE REFORMADA, a praça Carlos Chagas, popularmente conhecida como Praça da Assembleia, é considerada a segunda maior de nossa cidade e conta com projeto paisagístico de Burle Marx. A pracinha acaba de ganhar dois parquinhos com brinquedos para bebês e crianças até 10 anos, além de banquinhos, muitas áreas de sombra e espaço para correr à vontade. Pensado para as crianças, o espaço conta com piso de borracha e vários brinquedos que proporcionam estímulos diferentes para miúdos e grandinhos. Há brinquedos de pneu, madeira e os tradicionais de ferro. Bebedouros, mesinhas para jogo de xadrez e um pátio para andar de bicicleta, patinete, skate, patins ou dar uma volta com o carrinho de bebê. Na pracinha é possível fazer

um piquenique com a família e os amigos, pular corda ou elástico, brincar de pique-pega ou esconde-esconde. E o melhor: um passeio para a família, de graça, aberto 24 horas. Sem desculpa para não sair de casa com as crianças. Vamos brincar lá fora?

Criado em 2011 pelas mães Flávia Pellegrini e Miriam Barreto, o blog tem o objetivo de incentivar brincadeiras ao ar livre em família. Na Canguru, as fundadoras do Na Pracinha dão dicas de passeios divertidos para a meninada. www.napracinha.com.br

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padecendo no paraíso

Manual de boas maneiras para adultos em festas infantis

Selecionamos dez regras de ouro para você não pagar mico. Lembre-se, não é porque todo mundo está fazendo o errado que ele passa a ser o certo. 1. A mesa de guloseimas foi feita para as crianças Tudo bem se você pegar uma balinha ou um bombom, mas encher as mãos e enfiar na bolsa não dá.

2. A decoração da festa não é brinde Decoração não é lembrancinha, a não ser que o dono da festa diga o contrário. Muitas vezes o material é alugado e o anfitrião terá de pagar por ele.

3. Não leve agregados que não foram convidados Especialmente nas festas em buffet infantil, onde o anfitrião paga por pessoa presente. Não foi convidado, não leve.

4. Não peça lembrancinha para levar para você ou para qualquer outra pessoa As lembrancinhas são contadas, e se você leva uma a mais estará deixando alguém sem nenhuma.

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5. Na hora de cantar parabéns, frente, perto da mesa

derá ir. Mas falar que vai e não aparecer é muito pior.

Deixe as crianças chegar na mesa e vá depois, para que elas não precisem atravessar um mar de pernas de adultos.

9. Não beba e dirija depois

6. Não pegue docinhos da mesa do bolo antes dos parabéns

reclamando do cardápio

A mesa do bolo foi decorada com todo o cuidado para que as fotos fiquem lindas. Contenha-se e não pegue docinhos antes da hora. Ensine isso ao seu filho.

Isso está na lei. Então, pegue um táxi ou eleja o motorista da rodada.

Se a comida é natureba ou se só tem fritura. Se tem ou não bebida alcoólica... Lembre-se de que o cardápio é escolha dos donos da festa e eles estão seguindo os hábitos da família, de acordo com o estilo de vida.

e veja se ele está se comportando Sim, você está em uma festa e quer se divertir, as outras pessoas também. Tenha certeza de que seu filho não está aprontando todas.

você realmente for à festa Parece difícil dizer que não po-

Coordenado pela arquiteta Bebel Soares e pela designer Tetê Carneiro, o grupo Padecendo no Paraíso nasceu em março de 2011, no Facebook, e é formado atualmente por mais de 6 000 mães. Na Canguru, as fundadoras do Padecendo discutem assuntos como saúde, alimentação, sexo, viagens, educação, estética e beleza. www.padecendo.com.br


FOTO: ARQUIVO PESSOAL

artigo | Patrícia Colares Luz Alves

Tenho um “Cebolinha” em casa, e agora? PARA ADQUIRIR A fala, a criança passa por etapas de evolução. Tais etapas se iniciam por volta dos 18 meses de idade, quando percebemos as primeiras produções, e terminam por volta dos 5 anos, com a produção correta de todos os fonemas. Inicialmente, as produções possuem “erros”, processos fonológicos naturais, pois a criança não consegue organizar a fala como os mais velhos. Com o crescimento, observação e contato com os adultos, a criança percebe diferenças na fala e começa a produzir os sons corretamente. Mas, até isso acontecer, leva tempo e pode gerar dúvidas ou insegurança nos pais. Por volta dos 3 anos e 6 meses de idade, grande parte das crianças já atinge um bom nível de comunicação e sua fala é próxima à de um adulto. Possui um vocabulário satisfatório e boa capacidade de argumentação. Em meio a essa evolução, escutamos: “Mãe, quelo ser o plimeilo da tulma!”, o que causa insegurança em meio a tanto desenvolvimento. A fase do “Cebolinha”, na maioria dos casos, é passageira e faz parte do processo fonológico. Isso ocorre por que o som do R (quando aparece no meio da palavra, isolado e precedido de vogal) é o som mais difícil de ser adquirido, por exigir uma precisão da musculatura da língua. Por isso, é o último a ser instalado. Quando a criança põe o L no lugar R, ela nos mostra que percebe que há um som para ser articulado mas difícil de ser pronunciado. Então, para não ficar um “espaço” na palavra, faz o som que mais se assemelha articulatoriamente e com a produção

mais simples, o L. Com a maturidade e com o contato com a fala do adulto, esse som é corrigido de forma natural. A idade de aquisição do som do R na forma isolada, como na palavra para, ocorre a partir dos 3 anos e 6 meses. Já em encontro consonantal (tr, dr, br, entre outros) a partir dos 4 anos e 6meses. Algumas crianças apresentam maior dificuldade, precisando de ajuda.

A fase do “Cebolinha”, na maioria dos casos, é passageira e faz parte do processo fonológico. Isso ocorre porque o som do R (quando aparece no meio da palavra, isolado e precedido de vogal) é o som mais difícil de ser adquirido, por exigir uma precisão da musculatura da língua. Os obstáculos para articular esse som podem estar relacionados a questões neurológicas, musculares (e/ou esqueléticas) ou fonológicas. Caracterizado pela dificuldade específica na produção de alguns fonemas, sem outras alterações, esse último caso é o mais comum entre as crianças. Caso você repare que a dificuldade de pronunciar o R persiste a partir dos 4 anos ou que seu filho já percebe que não consegue falar como os colegas, procure um fonoaudiólogo para auxiliá-lo.

Patrícia Colares Luz Alves é fonoaudióloga, especialista em motricidade orofacial, com aprimoramento em neuroaprendizagem.

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Sobre os “pães” — pais e mães de famílias monoparentais APESAR DO GRANDE número de famílias monoparentais, os que criam sozinhos os seus filhos, ou com pouca participação do outro genitor, ainda convivem com o preconceito. O homem é o irresponsável que abandona o filho. A mulher, coitada, uma “fácil”, que estragou sua vida e não foi capaz de casar. Não são consideradas as hipóteses de morte, estupro, fim da relação ou a simples opção. E apesar da discriminação, as famílias diferentes se multiplicam, escancarando a necessidade de repensar os paradigmas e as ações contra os fora do padrão. Há poucos estudos sobre mães solteiras no Brasil, e menos ainda sobre os pais. Alguns indicam que elas sofrem com a sobrecarga, com a baixa renda e com o stress. Fato é que, além dos prejulgamentos, há uma hipótese social “sutil” de que as crianças sofreriam perdas. Um cenário no qual pais sem condição criam filhos prejudicados. Isso não é verdade. Qualquer tipo de família pode criar os filhos com qualidade, havendo riscos de distúrbios em qualquer configuração. Lares afetuosos, com convivência íntima e diálogo, inclusive na tomada de decisões, desenvolvem crianças saudáveis. Estudos afirmam que filhos de mãe solteira tendem a desenvolver maior independência, participação e responsabilidade. A causa: contexto familiar com mais intimidade, afetuoso e mais consensual. Por outro lado, eles podem ter menor autoestima, sendo a discriminação social responsável por essa característica. “Pães” necessitam de mais recursos internos, para dar afeto e limite, e de uma boa rede social de apoio (pessoas que ajudem na criação de seus filhos). Mas, havendo preconceito, essa rede se reduz ou inexiste, o que intensifica o risco de adoecimento do responsável e da criança, que também não é socialmente aceita. Pensemos sobre o casamento obrigatório, a

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Filhos de mãe solteira tendem a desenvolver maior independência, participação e responsabilidade. A causa: contexto familiar com mais intimidade, afetuoso e mais consensual. Por outro lado, eles podem ter menor autoestima, sendo a discriminação social responsável por essa tendência expulsão de casa, a demissão ou a não contratação de mães solteiras (sob argumentos do tipo “e se o filho adoecer”, ou ainda “não fará horas extras porque busca o filho na escola”), os pais solteiros (viúvos) que enfim têm direito à “licença-maternidade” e outros que (mesmo existindo muitos que abandonam seus filhos e engrossam o coro do preconceito social) querem ser pais, mas não conseguem. O preconceito é uma realidade. Pesquisando blogs de “pães”, tenho lido desabafos e comentários preconceituosos, agressivos e anônimos. “Pães” querem o melhor para seus filhos, assim como as famílias tradicionais. Buscam mais qualidade de vida, tentam empreender e desejam mais tempo para os filhos. “Pães” precisam de apoio social, trocar experiências, profissionais preparados, esperança e coragem, horizonte e perspectiva. Sentir que é possível. Por isso, “pãe”, converse sobre suas dificuldades, busque redes de apoio e a experiência de outros como você. Nós não estamos sozinhos!

Tatiana Martins é psicóloga, “pãe” de Francisco e coach de “pães”. É especialista em gestão estratégica de pessoas e em gestão estratégica da informação e mestranda em ciência da informação na linha de pesquisa gestão da informação e do conhecimento pela UFMG.

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

artigo | Tatiana Martins


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crônica

O salto cris guerra e o

VOCÊ COMPRA UM eletrônico pela internet e aguarda com ansiedade a chegada do aparelho. Quinze dias antes, o Correio toca a campainha para entregar seu manual de instruções — e só ele. Você folheia o livrinho como quem tenta ler em russo, sem poder colocar em prática nada do que ali está escrito. Quando o produto finalmente chega, você já esqueceu o manual em algum canto escondido da casa. Agora, vocês que se entendam. Tive mais ou menos essa sensação depois de frequentar o “curso do casal grávido” na maternidade. É claro que a experiência valeu a pena: serviu para amenizar a sensação de pânico diante da enormidade do que estava por vir. Mas a metáfora usada por meu marido logo após o curso caiu como luva quando o menino nasceu. “Acho que vai ser como o meu primeiro salto de paraquedas. Decorei cada palavra que o instrutor explicou, mas na hora H eu só me lembrei de pular do avião.” Francisco tem hoje 8 anos. Carregar no colo o menino magrelo e comprido é uma ameaça considerável à minha coluna vertebral. E não é que eu saltei? E sozinha, já que o inesperado retirou o pai da história. E foi tão rápido, e é tão intenso, que preciso deparar com fotos do Francisco ainda menor para redescobrir tudo do que fui capaz. Enquanto o menino crescia na minha barriga, eu procurava me convencer de que seria possível — afinal, eu pensava: toda mãe dá conta. Secretamente, porém, eu duvidava de mim. Saltei uma vez, saltei várias, e o desafio acorda a cada dia com uma pitadinha a mais de complexidade. Continuo me atirando em queda livre e só depois acionando o paraquedas, sem direito a treino — e desprovida de manual. O tal livrinho não existe, pois está sempre em construção.

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Canguru

. DEZEMBRO 2015

O aprendizado cresce junto escrevo mais uma página. Faço o caminho, depois desenho o mapa. E dá-lhe emendas Cada criança é única, não há duas famílias iguais, e a experiência de criar filhos continua sendo um mistério, ou não teríamos tanto assunto. Costuma dar certo, na mesma medida em que também dá errado — e vivam os psicólogos, que também têm famílias para sustentar. A verdade é que o aprendizado cresce junto com o filho: a cada novo impasse escrevo mais uma página. Faço o caminho, depois desenho o mapa. E dá-lhe emendas. Com o tempo entendo que aquilo que demorei a aprender é o mais urgente a ser ensinado. Não me apresso em apresentar a meu filho a palavra empatia, mas seu significado já está em nosso dia a dia. Quando o termo chegar, vai ser fácil reconhecer. Uma pena que, a caminho da vida adulta, ele também desaprenda. Com o passar do tempo, passado e futuro costumam crescer em demasia. E é cada vez mais raro se entregar ao voo com plenitude. “Quando eu era pequeno”, diz o Francisco ao me relatar alguma lembrança dos primeiros anos de vida. Continua pequeno, é verdade. Mas como eu cresci.

Cris Guerra é publicitária, escritora e palestrante. Fala sobre moda e comportamento em uma coluna diária na rádio Band News FM e a respeito de muitos outros assuntos em seu site www.crisguerra.com.br. Na Canguru, escreve sobre a arte da maternidade. crisguerra@cangurubh.com.br




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