Criando filhos em BH
www.cangurubh.com.br | mar 2016 | nº 6
E XE M P LAR G RAT U I TO PARA E SCO LAS PARCE I RAS
PÁSCOA Famílias CONTAM
COMO MANTÊM A
magia da festa DICAS DE presentes
espertos para
os pequenos se esbaldarem oficinas PARA A
MENINADA PRODUZIR
os próprios ovos
E mais: MARCO TÚLIO, GUITARRISTA DA BANDA JOTA QUEST, FALA DE SUA RELAÇÃO COM O FILHO THEO, QUE TEM SÍNDROME DE DOWN
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em março, todo domingo vai ter gostinho de Páscoa.
Programação esPecial do mês da Páscoa 6
Brincadeiras de circo
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camarim sHow + oficina de desenHo + aLgodão doce
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oficina de sHow de mágica
LocaL: Piso 2 | Horário: 16H às 17H30
Av. dos Andradas, 3.000 | Bairro Santa Efigênia | 31 2538-7438/7439
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comemorando a Páscoa
nesta edição3
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seções
Ana Flávia, Maria Fernanda (no colo), Juarez Eduardo de Souza e Deborah: caça aos ovos de chocolate
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O músico Marco Túlio Lara com a mulher, Angela, e os filhos Theo e João: lição de vida
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Primeiras palavras Nossos leitores www.cangurubh.com.br Missão Instagram Eles dizem cada coisa Canguru viu e curtiu Mundo Kids Moda Comprinhas Viagens, modo de usar, por Luís Giffoni Na Pracinha, por Flávia Pellegrini e Miriam Barreto História de mãe, por Michelle Lapouble do Verge Padecendo no Paraíso, por Bebel Soares e Tetê Carneiro Para ler com seu filho, por Leo Cunha Artigo, por Alice Carvalhais Crônica, por Cris Guerra
Reportagens
22 26 As primas Luiza, de 8 anos, e Alicia, de 3: as duas adoram passar batom e pintar as unhas
Nossa capa Manu, de 2 anos, é filha de Juliana Lima e Thiago Soares Ângelo. FOTO: Gustavo Andrade
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Entrevista | O guitarrista do Jota Quest, Marco Túlio Lara, fala de sua experiência com o filho down Especial | Quatro famílias belo-horizontinas contam como mantêm vivas as tradições da Páscoa Cursos | Cinco oficinas para a garotada lambuzar a mão no chocolate e produzir os próprios ovos Estética | Elas gostam de se arrumar e se maquiar. Mas quais são os limites para a vaidade das crianças? Comportamento | Ter os mesmos hobbies ajuda pais e filhos a passarem mais tempo juntos
Uma edição bem recheada SOU UMA CHOCÓLATRA assumida. Dessas que devoram bombons quando está estressada, para aliviar a tensão, e também quando está feliz da vida, só para comemorar. Naturalmente, adoro a Páscoa. Compro ovos para os filhos, para as professoras dos meninos, para os sobrinhos, para os meus pais, para o marido. E, claro, para mim mesma. Vai que não ganho nenhunzinho de presente, né? Melhor garantir. Mais do que cacau, porém, o que mais me entusiasma na Páscoa é a oportunidade de reunir a família em volta da mesa para colocar a vida em dia. É claro que rola de tudo nos almoços lá de casa, não apenas bom humor e risadas. Os primos acabam brigando em algum momento, por um motivo ou por outro. O cunhado geralmente faz algum comentário sem noção durante a entrada ou a sobremesa. Mas a bacalhoada da minha mãe parece mais gostosa a cada ano e tem o poder de fazer, a cada Sexta-feira da Paixão, tudo terminar em harmonia. É sempre uma ressurreição para a minha família, que segue os costumes cristãos. Na reportagem de capa deste mês, a repórter Rafaela Matias conta histórias de outras quatro famílias que também fazem questão de celebrar a Páscoa. Cada uma a sua maneira, de acordo com seus valores e convicções religiosas. A matéria traz ainda dicas para tornar a festa ainda mais divertida para os pequenos, ensinando-os a fazer os próprios ovos. Outra matéria que merece destaque nesta edição é a entrevista com Marco Túlio Lara, guitarrista da banda Jota Quest. Convidamos o artista para falar sobre seu filho Theo, portador da síndrome de Down — uma forma de contribuir para a inclusão dessas crianças, cuja qualidade de vida pode ser muito melhor do que foi no passado recente. Está nas mãos dos adultos. “Os pais têm de se conscientizar de que depende deles transformar esse primeiro momento, que assusta”, ensina o guitarrista. Adoro gente que fala sobre os próprios dramas com coragem e franqueza, que ajuda a derrubar tabus e construir novos paradigmas. Eu já era fã do músico, fiquei fã do pai. Mas tem muito mais na Canguru de março. Ela está como os melhores ovos de chocolate: recheada de surpresas. Seja qual for a sua crença, que esta Páscoa seja um momento de renovação para a sua família.
Ivana Moreira, DIRETORA DE REDAÇÃO ivana@cangurubh.com.br
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FOTO: GUSTAVO ANDRADE
4primeiras palavras
Ivana e os filhos Gabriel e Pedro
DIRETOR EXECUTIVO: Eduardo Ferrari DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Ivana Moreira
Primeira escola de www.cangurubh.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO: Ivana Moreira EDITOR EXECUTIVO: Alessandro Duarte EDITORA DE ARTE: Christina Castilho PROJETO GRÁFICO: Christina Castilho (Mondana:IB) REPÓRTER: Rafaela Matias COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Cris Guerra, Isabella
empreendedorismo infantil do Brasil.
Grossi, Larissa Coelho, Leo Cunha, Luís Giffoni, Nara Montezano FOTÓGRAFOS: Gustavo Andrade e Victor Schwaner REVISORA: Shirley Souza Sodré COORDENADORA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL: Camila Capone ANALISTA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL:
Juliane Ferreira
GERENTE COMERCIAL E ADMINISTRATIVA: Suellen Moura ASSISTENTE ADMINISTRATIVA: Laura Ramos
A Canguru é uma publicação mensal da Scrittore Comunicação e Editora Ltda. CNPJ 12243254/0001-10, Rua Alberto Bressane, 223, Belo Horizonte/MG, CEP 30240-470 TIRAGEM: 25 000 exemplares IMPRESSÃO: Artes Gráficas Formato Ltda. DISTRIBUIÇÃO: Gratuita na rede de escolas parceiras*
e vendida em bancas de BH.
* Instituições particulares de educação infantil que se encarregam de enviar a revista aos pais de seus alunos na mochila dos estudantes. A relação das escolas parceiras pode ser consultada por anunciantes.
PARA ANUNCIAR Suellen Moura: (31) 3656-7818 . (31) 98651-2047 suellen@cangurubh.com.br Fabiana Paiva: (31) 3656-7818 . (31) 99105-6994 fabiana@cangurubh.com.br Leré Silva: (31) 3656-7818 . (31) 99715-9375 lere@cangurubh.com.br PARA FALAR COM A REDAÇÃO: mande e-mail para redacao@cangurubh.com.br ENDEREÇO: Rua Rio Grande do Norte, 867 — sala 901, Savassi, Belo Horizonte — MG — CEP 30130-135. (31) 3656-7818 Artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da revista e de seus responsáveis.
A EnterprisingUP - Academia de Ideias chega com uma proposta inovadora de enriquecimento curricular. Oferecemos um programa dirigido à crianças e jovens, entre 04 e 18 anos, que são estimuladas a empreender através de dinâmicas, jogos lúdicos e outras ferramentas motivadoras e prazerosas, desenvolvendo características essenciais para a fase adulta, como o pensamento de liderança, trabalho em equipe, planejamento financeiro, dentre outras importantes habilidades. Não deixe seu filho de fora dessa! Faça parte desse mundo de ideias!
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Medo A reportagem “Verdade seja dita” e o artigo “A criança e o medo” (fev. 2016) apontam reflexões indispensáveis sobre a educação por meio do medo. As autoras Rafaela Matias e Carla Marques Nagem de Abreu Chagas foram muito felizes ao tratar um tema tão delicado e de consequências desastrosas na vida de todos nós. O que o mundo precisa é de seres humanos valentes, que saibam enfrentar a vida e as lutas que ela nos apresenta com hombridade. Como pretender tal postura de uma geração inculcada pelo medo desde tenra idade? Impossível... Erro crasso e que deve ser evitado a todo custo pelos pais e educadores. — Luís Antônio Rossi Westin
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Economia
Na Pracinha
Excelente o texto “Precisamos falar sobre a crise” (fev. 2016), de Sabrina Abreu. Assim como o livro citado na matéria, que foi escrito em 1992, mas retrata exatamente o que estamos passando nos dias de hoje (Pai sem Terno e Gravata, de Cristina Agostinho). Fica a dica de ter sempre bons pensamentos. Aqui em casa o meu marido tem o hábito de, ao dar boa-noite para as minhas filhas, pedir que elas citem cinco coisas boas que aconteceram no dia. Assim, todos dormem com esses pensamentos bons! — Daniela Macedo
O Parque Jacques Cousteau é simplesmente maravilhoso (fev. 2016)! Frequento há muitos anos e meus filhotes conhecem desde a barriga, antes de nascer. Os dois amam e se sentem em casa. — Ledliz Teixeira Costa
Mundo Kids Com a desvalorização do professor como está, não é de surpreender que 22% dos estudantes de escolas públicas do 3º ano do ensino fundamental estejam classificados no nível 1, de uma escala que vai até 4 (fev. 2016). Deveria ser -1! E o ensino superior não está diferente. Muita gente saindo “dipromada”. — Rita de Cassia Paz Para melhorar esse quadro, os governantes deveriam, primeiramente, reconhecer a importância do professor. Sem isso, não chegaremos a lugar algum! — Selma Souza
Ciranda Adorei o texto “Velho não, idoso” (fev. 2016). Como tudo o que a Fernanda Agostinho tem publicado. Agora fico sempre esperando pelo próximo. Parabéns! — Luciana Duque Muito pertinente, Fernanda. Meus sobrinhos, infelizmente, não podem desfrutar do convívio com a bisa, de 96 anos, por residirem em outra cidade. Concordo com você. Esse aprendizado é insubstituível. — Divina Marcia Santos
FALE COM A CANGURU Entre em contato por e-mail: redacao@cangurubh.com.br ou deixe um comentário em nossas redes sociais.
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O Pronto Atendimento Pediátrico funciona de 7h às 22h Localização: Rua Timbiras, 3585 – Barro Preto – Belo Horizonte
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evento
Todos os meses, a Canguru promove seminários gratuitos sobre temas relacionados à educação dos filhos. Fique atento à programação dos próximos eventos.
TDAH: mitos e verdades Encontro Canguru de março será com a neuropsicóloga Flávia Pinheiro Machado NEUROPSICÓLOGA, ESPECIALISTA EM distúrbios de atenção e dificuldade de aprendizagem, Flávia Pinheiro Machado tem uma grande experiência com crianças portadoras de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). No Encontro Canguru de março, ela falará sobre o polêmico tema que desafia pais e educadores. Quais são os sintomas do transtorno? Em quais casos os pais devem recorrer a um especialista? A medicação é sempre necessária? A palestra será no dia 19 de março, sábado, às 10h30, no Teatro do Pátio Savassi. As inscrições para a palestra são gratuitas, mas as vagas são limitadas. Faça a sua no cangurubh.com.br.
Promoção
Diversão para os pequenos e relax para os pais LEITE AO PÉ da vaca, táxi-bode, passeio a cavalo, tirolesa, escalada e muitas brincadeiras e oficinas com a equipe de monitores. No Hotel Fazenda Igarapés, que fica a apenas 45 minutos de Belo Horizonte, é assim: muita diversão para os pequenos e relax para os adultos. Em março, a Canguru e o Igarapés vão sortear um fim de semana, de sexta a domingo, para um casal com até dois filhos no mesmo apartamento. O pacote inclui café da manhã, almoço, café da tarde e jantar. Confira as regras da promoção no cangurubh.com.br e participe! Serão aceitas inscrições até as 12 horas do dia 30.
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
Ganhe um fim de semana com as crianças num hotel fazenda
EDIÇÃO Alessandro
Duarte
Desenhando um mundo melhor Sabe aquele lápis quebrado e aquela caneta sem tinta que já não servem mais para deixar os cadernos bonitos e o aprendizado em dia? Eles podem ser reciclados e transformados em produtos úteis para muita gente. Encabeçada pela fabricante Faber-Castell e pela empresa de reciclagem TerraCycle, a campanha “Faxina nos Armários” convida escolas e ONGs de todo o Brasil a se tornarem pontos de coleta de materiais de escrita, como canetas, canetinhas, lápis, lapiseiras, apontadores e borrachas. Até o fim de maio, as instituições poderão receber os produtos, e o projeto cuidará de dar um destino ambientalmente adequado aos resíduos, além de promover doações a entidades de caridade escolhidas pelos próprios participantes. Saiba como se inscrever em cangurubh.com.br.
Aprender a ler é descobrir um mundo novo a cada dia.
QuNd cMeça aCoStUi oFuUr d sUIlO Assim como os pais da Elisa, muitos outros começaram a construir o futuro dos filhos ainda na primeira infância. Hoje, a pequena tem 4 anos e adora ler livros!
Mãe, eu quero um cachorro! SE ESSE PEDIDO ainda não ocorreu na sua casa, é possível que ele apareça, mais cedo ou mais tarde. E se você aceitar a proposta, vai deparar com uma infinidade de amigões esperando para serem adotados pelo seu pequeno. Mas, antes de escolher, é importante avaliar bem o temperamento do cachorro e a sua capacidade de conviver com crianças. Canguru selecionou as melhores raças para dar de presente ao seu filho e garantir uma amizade que dure por muitos anos. Acesse cangurubh.com.br.
NA CBN: Às terças e quintas, às
10h40, acompanhe ao vivo o boletim Canguru: criando filhos em BH. Todos os áudios estão disponíveis no portal cangurubh.com.br.
No Kumon, os alunos pré-escolares contam com um material de Português exclusivo para a sua idade, por meio do qual aprendem a ler, ampliam seu vocabulário e despertam o gosto pela leitura.
KuOn, vCê aReIt, sUIlOHeAá.
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estreia
Canguru ganha mais um pai-blogueiro
AS MÃES SÃO as principais responsáveis pelas tarefas do dia a dia com a crianças. Certo? Errado. Segundo o publicitário Bruno Santiago, pai tem que fazer de tudo. Esse é o nome da comunidade que ele criou no Facebook, e completou um ano em 19 de fevereiro, com 50 000 fãs. Em sua página, Bruno fala das delícias de ser pai de Samuel e da experiência de compartilhar tudo — absolutamente tudo — sobre a criação do filho, com a mulher, Tereza. A partir de março, o publicitário fará parte também do nosso time de pais-blogueiros e escreverá para o portal semanalmente. Bem-vindo, Bruno. Nós, da Canguru, também acreditamos que pai tem que fazer de tudo! “Não consigo entender aquela figura que sabe da existência de um filho e por motivos cômodos nunca o procurou ou simplesmente o deixou de lado”, cutuca o publicitário mineiro em seu primeiro post para o cangurubh.com.br. Confira!
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Bruno Santiago, criador da comunidade Pai Tem que Fazer de Tudo, escreverá semanalmente
apresenta
FOTO: VICTOR SCHWANER
A dengue merece atenção Em tempos de preocucialmente com as crianças. pação extrema com o zika Por serem mais propensos à vírus e sua relação com o desidratação, os pequenos surto de microcefalia que se encontram no grupo de ameaça a saúde pública, risco e, quando diagnostia dengue, uma antiga inicados, precisam ser tratamiga, acabou deixada um dos rapidamente para evitar pouco de lado. Mas não complicações que levem a deveria. Também transmium quadro mais grave da tido pelo mosquito Aedes doença. Além de proteger aegypti, o vírus causador da os filhos e evitar a prolifedoença ainda é um vilão peração do mosquito, os pais rigoso e suas consequências devem ficar atentos a sintopodem ser mais devastadomas como febre, prostração ras que a de seus “primos” e irritabilidade. “O indicacarregados pelo mesmo do é que procurem um peNa Área Técnica do São Marcos, Marcella Rezende Rodrigues pesquisa a presença do Antígeno NS1: resultados em poucas horas vetor. A febre chikungunya diatra ao perceberem esses e o zika vírus dificilmente sinais, para serem encamilevam o paciente à morte, mas a dengue, sim. nhados imediatamente a um laboratório e realizar os Desde o fim do ano passado, os técnicos do Laboexames.” O laboratório São Marcos conta com o teste ratório São Marcos notam um aumento considerável rápido, que pesquisa a presença do Antígeno NS1 e de casos confirmados da doença. Em dezembro, o pode ser feito desde o primeiro dia de febre. Ele inporcentual de exames positivos para dengue em tesdica ou descarta a presença do vírus em poucas hotes realizados no laboratório foi de 30%. Menos da ras — possibilitando o início imediato do tratamento. metade dos 65% registrados em janeiro. “O núme“As versões mais novas são extremamente confiáveis”, ro é preocupante, pois no início do ano a incidênressalta a doutora Mariana. Um alívio para os pais é cia costuma ser menor se comparada aos meses de que o teste foi incluído neste ano pela Agência Naciomarço e abril”, afirma a diretora médica e técnica do nal de Saúde (ANS) na lista de procedimentos com São Marcos, Mariana Cerqueira, com especialização cobertura obrigatória pelos planos de saúde. em pediatria e hematologia. “No entanto, a média de Outra boa notícia é que a vacina contra a dengue janeiro já alcançou os níveis registrados no período já foi aprovada pelos órgãos responsáveis e deve estar mais crítico do ano passado.” disponível na rede privada a partir do segundo sePor isso, os cuidados devem ser redobrados, espemestre de 2016. ** Unidades vacinadoras: Buritis, Floresta, Lourdes, Prudente e Savassi. Veja os endereços em nosso site.
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O carnaval passou. O cuidado com a saúde não. Vacine toda a família. ARCOS NO SÃO M EM AGORA T VACINA! Responsável técnico: Dr. Cláudio M. M. Cerqueira - CRM MG 6888
Acesse saomarcoslaboratorio.com.br/calendario-vacinal e baixe o calendário atualizado de acordo com a Sociedade Brasileira de Imunicação (SBIM). Para conforto da mamãe e da criança atendemos em domicílio.
Resultados com com precisão e carinho. Resultados precisão e carinho.
A criançada se divertiu a valer nos blocos de Carnaval e nos bailes dos clubes de Belo Horizonte. Prova disso são as fotos desses pequenos foliões, compartilhadas com a marcação #cangurubh.
A mamãe @jumeskita registrou a pequena Marina, de 1 ano e 9 meses, no bloco Baianeiros.
Theo Papini, de 2 anos, fez questão de variar as fantasias. Todas devidamente clicadas por @priscilapapini.
Próxima missão: meu companheirão Compartilhe a imagem de seu filho ao lado de seu melhor amigo usando a marcação #cangurubh. Os melhores registros serão publicados na edição de abril da revista.
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FOTOS: REPRODUÇÃO INSTAGRAM
Com 2 anos, Julia (@juliaprincesajujuba) foi de Branca de Neve no bloco Carnasambinha.
POR Rafaela
Matias
Mamã eu não g e, o fralda no sto de meu chá .
Mãe, sabe como eu entrei na sua barriga? Você estava andando distraída na roça do vovô e eu pulei para dentro dela e fiquei lá bem quietinha.
Quando a gente voar de avião, vamos ver o Papai do Céu?
LETÍCIA, 9 anos, filha de Henrique Hermeto e Fabiana Paiva.
ISABELA, 5 anos, filha de Cristiano Vicente de Lima e Cláudia Grizoni Lima.
Ter um irmãzin a h é muit a o bonitin ho!
HEITOR, 4 anos, filho de Roberto Chaves Murta e Angela Maria Oliveira Guimarães e irmão de Beatriz, de 5 meses.
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Se seu filho também diz pérolas, envie a frase para o e-mail redacao@cangurubh.com.br.
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
ANA LUÍSA, 5 anos, filha de Marco Antônio de Sousa Santos e Cristina Cláudia Vicente de Lima Santos.
Se o cachorro é o melhor amigo do homem, a gata pode ser a melhor amiga da mulher.
DAVI, 6 anos, filho de Álvaro Oliveira e Rachel Mares, ao ser convidado para um chá de fraldas.
EDIÇÃO Camila
Capone
O QUE ESTÁ ROLANDO DE ÚTIL, DIVERTIDO OU CURIOSO NA WEB E NAS REDES SOCIAIS
Papa Francisco responde Em DEAR POPE FRANCIS (“Querido Papa Francisco”, ainda sem previsão de lançamento em português), o sumo pontífice responde pessoalmente a cartas de trinta crianças de 26 países, entre 6 e 13 anos de idade. O livro, da editora Loyola Press, dos jesuítas dos EUA, sairá em inglês neste mês. Quem quiser sentir o gostinho da leitura pode assistir a um teaser por meio do nosso QR Code. Ou acesse bit.ly/DearPope
Guardado na pele Você é daqueles que gruda todos os desenhos do seu filho na geladeira? Ou os guarda em uma caixa? Keith Anderson é um pai mais inovador e encontrou outra maneira de recordar as ilustrações de Kai, atualmente com 11 anos: tatuando-as em seu braço direito. Desde que o menino tinha 4 anos, Keith escolhe um desenho para imortalizar e vai até o tatuador. Kai muitas vezes acompanha o pai. Use nosso QR Code para ver o ensaio A MORNING WITH KEITH, feito pelo fotógrafo Chance Faulkner, e conhecer as tatuagens.
IMAGENS: REPRODUÇÃO
Ou acesse bit.ly/GuardadoNaPele
Baterista mirim Bateria sempre foi um instrumento quase exclusivamente tocado por homens. Então assista a esse vídeo e tenha todos esses estereótipos desconstruídos por essa fofura chamada EDUARDA HENKLEIN, de Joinville (SC). Duda, como é conhecida, tem apenas 5 anos e seu talento com as baquetas vai deixar você de queixo caído. Veja o cover que ela fez da faixa Toxicity, da banda System of a Down. Acesse bit.ly/BateristaMirim ou use nosso QR Code
é o número de DOENÇAS QUE PODEM SER DETECTADAS PELA VERSÃO MAIS COMPLETA DO TESTE DO PEZINHO, segundo a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
Com moderação pode
Conto de fadas particular
Para todos os gostos APÓS PASSAR DÉCADAS produzindo bonecas com o mesmo padrão, a fabricante da Barbie lançou três novos tipos de corpo, além de 22 opções de cor dos olhos e 24 pentea dos. As bonecas estarão disponíveis nas versões Tall, mais alta que a original; Curvy, com pernas, quadris e cintura mais curvilíneas; e Petite, representando as moças de baixa estatura. Quanto aos tipos de cabelo, a Barbie poderá ser encontrada em versões com cachos, fios curtos, longos e até coloridos. A linha chega às lojas brasileiras a partir deste mês.
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ALÉM DE TRADIÇÃO e magia, a Páscoa também é recheada de chocolate. E é claro que a meninada vai querer se lambuzar. Por isso, Canguru selecionou, com a ajuda da nutricionista da escola Trilha da Criança, Juliana Ferreira Garzedin, mestre em saúde da criança e do adolescente pela UFMG, algumas dicas para os pequenos se deliciarem: PREFIRA O CHOCOLATE AMARGO OU MEIO AMARGO. Apesar de não serem os mais aceitos pela criançada, sua composição tem mais cacau e menos açúcar. SEPARE-O POR PORÇÕES. Não deixe o doce à disposição do pequeno. Divida o chocolate em porções menores, oferecendo-as aos poucos. APRESENTE-O COMO SOBREMESA. Após o almoço e o jantar, com a criança bem alimentada, sobra menos espaço para o chocolate. ENSINE A CRIANÇA A SABOREAR O CHOCOLATE. Estimule-a a comer o chocolate devagar, deixando-o derreter na boca e sentindo seu sabor. Assim, ela ficará satisfeita mais rapidamente. OFEREÇA-O JUNTO COM FRUTAS. Assim você conseguirá incentivar a criança a aumentar o consumo de frutas, caso ela não tenha o hábito de ingeri-las diariamente, e diminuir o de chocolate.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
JÁ PENSOU SE o seu filho tivesse a própria história contada em um livro? No site conteja.com.br isso é possível. Basta os papais enviarem informações sobre a criança para que a artista Silvana Rando crie ilustrações para um livro customizado. É possível criar um avatar que represente o guri — escolhendo a cor dos olhos, pele, roupa e estilo de cabelo — e acrescentar os detalhes do dia a dia, como os brinquedos do seu quarto, os alimentos preferidos e o momento em que vai para a escola. Um desenho da criança e os nomes de seus melhores amigos também podem entrar para a história. Com o processo de criação finalizado, um livro de capa dura é confeccionado e enviado para a casa do protagonista. Até a Cinderela e o Tarzan vão ficar com inveja.
POR Rafaela
eu já fui
Matias
criança Jaqueline Mourão
Victor e Leo Como jurados do The Voice Kids — programa de calouros exibido aos domingos pela Rede Globo — os irmãos Victor e Leo podem relembrar um pouco de sua infância na música. A dupla cresceu ouvindo sertanejo ao lado do avô Tonico, na cidade de Abre Campo, na Zona da Mata mineira. Com menos de 10 anos, eles faziam, com caixotes, uma bateria improvisada e se apresentavam na pracinha para amigos e familiares.
Priscila Fantin A bela de olhos verdes nasceu em Salvador, mas cresceu em Belo Horizonte. Aos 6 anos, Priscila veio para a capital mineira acompanhada dos pais, a empresária Silvana Fantin e o engenheiro florestal José Marcos de Freitas. Além do sotaque, a atriz herdou a calma de Minas e teve dificuldade para se adaptar ao agito do Rio de Janeiro, onde foi morar aos 16 anos para atuar na telenovela Malhação.
Aos 38 anos, um dos programas prediletos da biatleta quando está por aqui é praticar rollerski — o esqui sobre rodas — na pista da Lagoa Seca, no Belvedere. Depois, tomar um suco de laranja com pão de queijo e saborear o gostinho da infância em BH. Jaqueline mora atualmente no Canadá, mas não se esquece de quando, bem pequena, brincava pelas ruas do bairro Jardim América e chamava atenção pela habilidade nos esportes.=
4moda
Para curtir o resto do verão O outono começa no dia 20 deste mês, mas o calorão parece que não vai dar trégua nunca. Com as dicas abaixo, a garotada pode aproveitar a estação do sol em alto estilo POR Nara
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MACAQUINHO, R$ 54,99, da Hering Kids. BH Shopping; Pátio Savassi; DiamondMall; Shopping Del Rey.
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CAMISETA, R$ 89,90, da Tyrol. BH Shopping.
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SAIA, R$ 89,99, da PUC. Pátio Savassi.
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EDIÇÃO Nara
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Psicologia
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Otorrinolaringologia
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Internação: Av. Silviano Brandão, 1600 - Horto. Urgências e Consultas: Rua Pouso Alegre, 1771. Marcação de Consultas: (31) 3489-6060.
4entrevista
“O mundo dos downs está mudando rapidamente” Descoberta em 1862 pelo médico britânico John Langdon Down, a síndrome de Down ganhou, há dez anos, um lugar especial no calendário da Organização das Nações Unidas. Comemorado em 21 de março, o Dia Internacional da Síndrome de Down faz alusão à trissomia do cromossomo 21, que, nas pessoas sem a síndrome, é formado por apenas um par. Para lembrar a data, cujo principal objetivo é conscientizar as pessoas da necessidade de inclusão e reduzir o preconceito, a Canguru conversou com o guitarrista da banda Jota Quest, Marco Túlio Lara, a respeito da chegada do pequeno Theo, de 5 anos, fruto de seu relacionamento com a pedagoga infantil Angela Dariva Lara. O caçula foi diagnosticado com síndrome de Down no quinto mês de gestação e, desde então, vem colorindo o dia a dia da família. POR Isabella
Grossi
Qual foi a primeira reação ao saberem que o Theo tinha síndrome de Down? A Angela estava no quinto mês de gestação quando surgiu um probleminha no coração dele, uma cardiopatia comum em quem tem a síndrome, e isso levantou a suspeita. O susto foi grande, porque a gente não tinha nenhuma afinidade com esse universo. Ninguém da nossa convivência tinha síndrome de Down, então não entendíamos o que significava aquilo. Ao mesmo tempo tinha a questão do coraçãozinho dele, que necessitava de cirurgia. Ficamos concentrados apenas nisso. O Theo nasceu com oito meses, fez a operação aos quatro meses de vida e passou por um pós-operatório de dois meses. Depois disso tudo é que começou, de fato, a nossa relação. Nesse momento é que veio a compreensão? Nós vivemos seis meses num processo de apreensão muito grande. Uma mistura de pânico, medo, dúvidas e expectativas. Depois que o Theo se curou da cardiopatia, começamos a viver a vida normalmente. Entendo que cada um busque um caminho de compreensão diferente. Uns se apoiam na religião, por exemplo, outros entendem como coisa do destino. Tentei compreender da maneira mais lúcida, sem pensar “por que isso aconteceu
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com a gente?”. Queríamos saber o que significava a síndrome de Down. A partir do momento que você sabe que vai ter um filho, começa a pensar se vai ser homem ou mulher, a imaginar como gostaria que aquela criança fosse. Quando você descobre que nada da expectativa vai ser cumprida, que tudo o que virá adiante será completamente diferente, dentro de um universo que você desconhece, isso gera susto e frustração. Não dá para pular essa etapa, faz parte do processo. Uns demoram menos para entender, outros mais. E tem pessoas que passam uma vida inteira sem compreender. Como foi o convívio inicial dentro de casa? O João, nosso filho mais velho, que hoje está com 11 anos, foi quem lidou com mais naturalidade durante todo o processo. Não se abalou, não se assustou e sempre esteve muito próximo do Theo. A gente foi com o coração aberto, querendo saber quem era aquela criaturinha. Eu acho que isso acontece com todo filho, especial ou não. Nossa relação foi se desenhando e o Theo aos pouquinhos foi mostrando toda a sua meiguice, sua graça e alegria. Ao contrário da maioria dos downs, ele é muito espoleta. Eu acho que o nosso papel como pais, nesse primeiro momento, foi estar com o coração aberto.
FOTO: GUSTAVO ANDRADE
O músico Marco Túlio, com a pedagoga infantil Angela Dariva Lara e seus filhos, João, de 11 anos, e Theo, de 5: “Em momento algum passou pela nossa cabeça escondê-lo dentro de casa para protegê-lo”
“O primeiro ponto é vencer o próprio preconceito, como eu também tive de fazer. Parar de se vitimizar e seguir em frente”
E qual foi a próxima etapa? Simultaneamente a todo esse processo de assimilação, mergulhamos no universo da síndrome de Down. Fomos procurar indicação de médicos, conhecer a condição, buscar informações de como é e quais as características em comum. A internet ajuda muito, mas também tem muita bobagem. É importante ler bastante sobre o assunto. Desde o início, já tínhamos o conceito muito claro de que faríamos com ele como fizemos com o João, dando o máximo de estímulo possível. Colocar na escola, na natação, na equoterapia, que é importante para fortalecer o abdômen e a postura, por exemplo. Em momento algum passou pela nossa cabeça escondê-lo dentro de casa para protegê-lo e, consequentemente, tirar dele a possibilidade de desenvolver o máximo de sua capacidade, de demonstrar até onde ele é capaz de ir.
dos músculos, e a necessidade de uma dieta mais equilibrada. Não é nada de outro mundo, mas é porque o metabolismo tem facilidade para absorver algumas coisas e outras, não. Ao longo do tempo a gente vai entendendo as capacidades cognitivas. Na nossa vida, tirando a cirurgia quando recém-nascido, existe uma normalidade muito grande. O Theo é saudável e vem se desenvolvendo muito bem. É claro que temos condições de oferecer coisas boas a ele, incluindo tratamentos. Então não posso reclamar.
Você mencionou a equoterapia, que fortalece o abdômen e a postura. A saúde do down é, de fato, fragilizada? É importante entender as características básicas da síndrome. Tem disfunção de tireoide, por exemplo. O Theo não desenvolveu, mas estamos sempre atentos. É comum a cardiopatia, a hipotonia, que é a fraqueza
Em relação à educação, vocês tiveram dificuldades para encontrar uma escola inclusiva? O Theo está no terceiro ano de uma escola regular, e ele acompanha os outros alunos normalmente. Nós demos sorte porque o colégio é regular, mas é pequeno, então existe uma atenção especial. O fundamento é construtivista, ou seja, eles olham para cada aluno 4
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de forma muito aconchegante. Só tenho a elogiar, é tudo muito bacana e ele é muito feliz lá. Não tive problemas, mas é compreensível que existam. Num país como o nosso, onde falar de educação é falar de precariedade para a imensa maioria, quando você olha para um segmento, uma minoria, não vai ser diferente. Não vai ter privilégio em relação a todo o caos que existe. E fora da escola, como é o dia a dia do Theo? Ele faz equoterapia, natação, terapia ocupacional e tratamento de fonoaudiologia. Fora isso, a vida dele é cavalo, música e futebol. Ele frequenta um haras por causa da equoterapia, que faz bem porque o cavalo é muito dócil e transmite uma calma. Em casa, adora ficar vendo imagens dos animais saltando. Também ama ver gols e videoclipes. Agora ele está na fase de Anitta, porque outro dia ele foi ao show, no camarim, e ela deu um beijo nele. Ele vai aos nossos shows e fica transitando no meio dos instrumentos. Adora tocar bateria. Pega a guitarra e fica fazendo barulho. Eu não sei se ele tem a dimensão do que é o Jota Quest. Ele já foi ao Rock in Rio comigo e conhece muito bem, mas não sei como ele entende isso em relação à sociedade, se ele acha especial ou banal. A vida das pessoas com down poderia ser melhor se sua inserção no contexto sociocultural fosse mais adequada. O que falta? O primeiro ponto é vencer o próprio preconceito, como eu também tive de fazer. Parar de se vitimizar e seguir em frente. Depois, olhar para o mundo que o aguarda e fazer as melhores escolhas para ele. Considerando, é claro, o contexto de cada família, os aspectos particulares, inclusive condições financeiras. Por fim, ir à luta. Buscar as melhores oportunidades e o melhor mundo para o seu filho. Chegaram a sofrer algum tipo de preconceito? Talvez as pessoas olhem um pouco surpresas, porque são universos muito distintos. Tenho uma banda de rock, uma coisa que tem um quê de ilusão, de sonho. Elas imaginam esse universo e o preenchem com ficção em suas vidas. É muito sedutor. Aí quando falo sobre o Theo, é uma surpresa. Não vejo como preconceito. Aliás, um olhar recriminando ou realmente preconceituoso eu nunca senti. Os downzinhos têm sido inseridos na sociedade de uma maneira muito bonita. É normal que haja algum estranhamento, mas eu acho que cabe aos
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“Meu arco-íris tem uma cor diferente, e foi o Theo quem trouxe para mim. Desejo que todos que tenham um filho down conheçam essa outra cor” pais dar uma direção para isso. Colocá-los diante dos outros de maneira natural e tranquila. Não deve haver vitimização por causa disso, é uma característica, não é um problema. Pelo contrário. O Theo é uma alegria, não saberíamos viver sem ele. A partir do momento que você trata tudo com normalidade, não há por que os outros não verem assim. Ele não é mais especial do que ninguém. É para mim, como qualquer filho é para o pai. Você e a Angela convivem com outras famílias que têm crianças com down? Muitas pessoas nos procuram para buscar informações, às vezes vêm até a nossa casa, e entendo esse anseio. Não levanto bandeira para defender porque já tem muita gente fazendo isso. Minha conversa é com os pais, porque a vida dos downzinhos quando crianças está nas mãos deles. Os pais têm de se conscientizar de que depende deles transformar esse primeiro momento, que assusta. Se abrirem o coração e a mente, vão começar a ver que o filho não é como imaginavam, mas de outra maneira, e às vezes muito mais especial. Não vale a pena famílias inteiras serem infelizes, se destruírem, só porque não conseguem enxergar a graça. Ficam muito presos a expectativas e esquecem de deixar as coisas acontecerem. O mundo dos downs está mudando rapidamente. A expectativa de vida deles aumentou muito, o que significa que os pais vão morrer e os filhos vão tocar o barco. Antes, era difícil pensar na vida futura, mas, agora, é preciso trabalhar a inclusão e dar o máximo de estímulo, para eles se desenvolverem. Que recado daria para pais de primeira viagem? Muita gente com experiência, quando soube do Theo, me falou que era uma bênção. Eu achei que era mais para me confortar, para me acalmar. Demorei um ano para entender que era do fundo do coração. A partir do momento que me relacionei com ele, soube que era verdade. É um universo fantástico. Meu arco-íris tem uma cor diferente, e foi o Theo quem trouxe para mim. Desejo que todos que tenham um filho down conheçam essa outra cor. =
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Não é só pelo
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Para os judeus, a Páscoa celebra a libertação do cativeiro no Egito. Para os cristãos, a ressurreição de Jesus Cristo. Cheia de simbolismo, a festa enche de doçura a casa dos belohorizontinos, independentemente da crença. Confira a seguir os rituais de quatro famílias para manter a magia da data 26
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POR Rafaela
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odo ano, no primeiro domingo após a lua cheia que sucede o equinócio vernal — quando começa a primavera no Hemisfério Norte e o outono no Hemisfério Sul —, acontece uma das mais importantes celebrações de nosso calendário: a Páscoa. Repleta de doçura em todos os sentidos, a data, que pode cair entre os dias 22 de março e 24 de abril, teve sua origem no Pessach, quando os judeus recordam a saída do Egito e o fim da escravidão do povo hebreu. Os cristãos comemoram a ressurreição de Jesus Cristo. Além da infinidade de guloseimas que tomam as prateleiras dos supermercados e a fofura dos coelhinhos que enfeitam a cidade, a festa tem uma rica mensagem de renovação e rende deliciosos almoços em família. Em 2016, a Páscoa cairá no dia 27 de março, e as crianças belo-horizontinas estão contando os dias para botar a cenourinha na janela e esperar pela chegada do coelhinho. Aliás, não só as crianças. Para as quatro famílias entrevistadas por Canguru, são tantas as lembranças que o chocolate chega a ser um mero (mas saboroso) coadjuvante.
De volta à infância
A gastrônoma Luiza Fiorini e os filhos Vítor, de 3 anos, e Clara, de 6, que produzem os próprios ovos: “Assim estreitamos ainda mais os laços de carinho entre nós”
FOTO: GUSTAVO ANDRADE
QUANDO CRIANÇA, A gastrônoma Luiza Fiorini e os outros seis netos de dona Elinete sonhavam com o domingo de Páscoa. Toda a família acordava cedo e se reunia para seguir as pegadas do coelhinho. A garotada saía à procura dos ovos que a avó escondia pela casa e se deliciava. A festa era tanta que dona Elinete decidiu construir uma casa em Santa Luzia para ter um espaço sob medida quando a família se reunisse. E até hoje a turma mantém o mesmo ritual. As crianças cresceram, se tornaram pais e mães e convenceram tios, avós, genros e noras a continuarem a brincadeira para passar aos quatro bisnetos a alegria da Páscoa dos Fiorini. Foi quando Luiza teve a ideia de produzir os próprios ovos, com a ajuda de todos. “Assim não incentivamos o consumo excessivo e estreitamos ainda mais os laços de carinho entre nós”, conta. “Nos sentimos crianças novamente.” 4
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Juliana Lima com Manu, de 3 anos: celebração da vitória de Jesus sobre a morte
O verdadeiro sentido A NUTRICIONISTA JULIANA Lima não escolheu a profissão à toa. Quando pequena, ela era a caçula da família e ganhava tantos ovos de chocolate que chegava a ter reações alérgicas pelo excesso de consumo do doce. Mas, com o tempo, as guloseimas deixaram de ser protagonistas de sua Páscoa e ela passou a valorizar a data principalmente pelo significado religioso.
“Continuo gostando de ganhar doces e amo o nosso almoço em família, mas o principal para mim é agradecermos juntos a Deus e celebrar a vitória de Jesus Cristo sobre a morte”, explica. “O objetivo da Páscoa é dar a certeza do que Deus fez e faz por nós.” Esses são os ensinamentos que ela tenta passar para a pequena Manuela, a Manu, sua filha de 3 anos, que adora saborear os ovos que o coelhinho deixa, mas sabe que o mais importante é agradecer ao Papai do Céu.
A origem das tradições Além dos hábitos que as famílias passam por gerações, existem símbolos que estão presentes em boa parte das casas durante a celebração da Páscoa cristã. O teólogo e sociólogo Adilson Schultz, professor no departamento de religião da PUC Minas, explicou como surgiram alguns deles.
OVO Em culturas de todo o mundo — como a da China, da Pérsia e de países da Europa antiga —, o ovo era utilizado em festas religiosas para representar a renovação da vida e os cultos à fertilidade. No século XVIII, o cristianismo incorporou o símbolo para celebrar a Páscoa, representando o renascimento de Jesus. No início, eram usados ovos de galinha decorados, mas comerciantes passaram a produzir ovos de chocolate, e a ideia caiu no gosto do povo.
FOTOS: GUSTAVO ANDRADE
Uma semana de festa AOS 16 ANOS, o vendedor Rodrigo Caetano decidiu conhecer melhor os ensinamentos do judaísmo e se aprofundar na história de sua família, de ascendência judaica. Isso afetou diretamente a sua vida e também a sua Páscoa. Quando criança, ele costumava celebrar o dia do coelhinho como um cristão convencional, com ovos de chocolate e reuniões familiares. Bem diferente de hoje. Há 8 anos, ele e a mulher, Paloma, passaram a fazer a Páscoa judaica, chamada de Pessach, que acontece em uma data diferente da tradicional e tem como centro a libertação do povo hebreu. Junto com o filho Asafe, de 6 anos, e outras famílias judaicas, eles celebram por 7 dias, do pôr do sol do dia 22 de abril ao anoitecer do dia 30. “É um momento para lembrarmos que ficamos livres da escravidão egípcia e refletirmos sobre o que temos feito com a liberdade adquirida. É a celebração mais importante da cultura judaica”, explica Caetano. Em vez de um almoço, o Pessach é centrado nos jantares e conta com comidas e símbolos típicos. Mas nada de coelhinhos e ovos de chocolate. “O vinho remete à alegria. O matsá, que é o pão sem fermento, representa a pressa com que os judeus deixaram o Egito. O maror, que são ervas amargas, lembra os anos de amargura do povo hebreu (e causam problemas na hora do jantar, já que a maioria das crianças se recusa a comer). O hassoret, uma mistura doce feita de frutas e vinho, representa tradicionalmente a massa com que os judeus trabalhavam para fazer tijolos”, explica Caetano. “Essa refeição é importante porque me lembra quem sou, quem eram meus antepassados e quem serão meus descendentes.”4
O vendedor Rodrigo Caetano, com a mulher Paloma e o filho Asafe: rituais para lembrar a saga do povo hebreu
COELHO
CORDEIRO
O mais provável é que a tradição cristã tenha se inspirado nas religiões europeias para usar o símbolo do coelho. Nelas, havia uma divindade ligada aos cultos de fertilidade, que, além de botar ovos, aparecia sempre ao lado de um coelho para celebrar o início da primavera. Além disso, o animal é tido historicamente como um símbolo de fertilidade, por sua capacidade reprodutiva.
Embora tenha se enfraquecido com o tempo, a tradição de comer carne de cordeiro na Páscoa ainda existe para algumas famílias. Antes da incorporação do coelho e dos ovos, esse animal era o principal símbolo da celebração. Apoiados na tradição judaica, os cristãos sacrificavam cordeiros para comemorar a data e marcar o sacrifício de Jesus.
PEIXE O peixe também é um alimento muito consumido nessa época, especialmente porque a carne vermelha é evitada por algumas pessoas. O animal é tido como símbolo do próprio cristianismo e o seu desenho já foi usado até mesmo para identificar locais de oração.
“MENINAS COMPORTADAS, faceiras e de bom coração / Chegou a Páscoa mais uma vez em nosso ninho / Se procurarem a próxima pista perto do fogão / Terão uma surpresa feita por mim, o Coelhinho”. É com um poeminha assim que começa a Páscoa na casa do servidor público Juarez Eduardo de Souza. Antes de todo mundo acordar, ele esconde os ovinhos de chocolate e espalha algumas pistas, escritas em forma de versinhos, para que as filhas Ana Flavia e Deborah, a esposa Ana Luiza e a neta Maria Fernanda, de 3 aninhos, procurem juntas. A ideia surgiu quando as filhas ainda estavam aprendendo o bê-á-bá e Souza queria dar uma forcinha. “Foi uma forma de conciliar a Páscoa com um estímulo à alfabetização. Sempre escrevi muito para elas, mesmo antes de entenderem”,
lembra. Valeu a pena. As duas aprenderam a ler perfeitamente e entenderam o significado da data cristã, que prega o renascimento, de uma forma descontraída e animada. O melhor é que, mesmo com o passar dos anos, os poemas continuaram adoçando a Páscoa da família e recheando de versinhos as caixinhas de recordação. “Guardo todos para ter de lembrança. São lindos”, conta Ana Flavia, mãe da Maria Fernanda. “Essa se tornou uma das mais deliciosas tarefas da vida. O interesse e o encantamento no rosto delas, mesmo depois de adultas, me fazem não querer parar nunca de escrever os versinhos de Páscoa. Agora tenho um estímulo a mais, que é a minha netinha.” Para a pequena, a cestinha que a aguarda no fim das pistas é recheada de chocolates sem glúten e frutas, para não prejudicar a saúde e poder manter por muitos anos a tradição criada pelo vovô. =
Deborah, Ana Flavia e a pequena Maria Fernanda leem o poema escrito pelo servidor público Juarez Eduardo de Souza: caça ao tesouro
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FOTO: VICTOR SCHWANER
Versinhos como pista
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Para bancar o
coelhinh
Cinco oficinas que ensinam as crianças a produzirem o próprio ovo de Páscoa POR Rafaela
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OVOS DE CHOCOLATE são deliciosos de qualquer jeito. Mas quando os pequenos colocam a mão na massa, tudo ganha uma doçura extra. Por isso, algumas escolas de culinária e espaços gastronômicos de Beagá prepararam uma programação especial neste mês para a criançada aprender a produzir as próprias guloseimas. Canguru selecionou cinco opções para os pequenos mostrarem que são ótimos confeiteiros.
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Educ Unidade Pedagógica As crianças se dividirão entre tarefas de artes e culinária. Com o auxílio de monitores, os pequenos aprenderão a confeccionar um fantoche de coelhinho e produzirão ovinhos de Páscoa e pirulitos de chocolate. As delícias poderão ser saboreadas ao término da aula. Inscrições pelo telefone. Data: 19 de março Horários: das 9 às 12 horas Valor: R$ 60,00 Idade: de 4 a 10 anos Endereço: Rua Chicago, 295, Sion Informações: 2514-1417
Maria Chocolate
Vila do Chef
Além de ovos de Páscoa bem docinhos, a meninada vai aprender a preparar um cupcake recheado com brigadeiro. As aulas estão disponíveis em três horários. Os pais que não puderem acompanhar os filhos durante a aula devem assinar um termo de responsabilidade. Inscrições pelo site www.mariachocolate.com.br ou na loja.
Envolvidos em uma história lúdica, na qual se tornam ajudantes do coelhinho, as crianças vão produzir ovos feitos com chocolate ao leite e confeitados com chocolate colorido. No final, haverá um sorteio e cada aluno vai presentear outro participante com o doce que fez e um cartão de Páscoa. Inscrições pelo site www.alimentacaoinfantil.org.
Data: 23 de março Horários: das 9 às 11 horas; das 13 às 15 horas; e das 16 às 18 horas Valor: R$ 20,00 Idade: de 6 a 10 anos Endereço: Rua dos Timbiras, 1940, Centro Informações: 2112-4955
Data: 20 de março Horário: das 10 às 12 horas Valor: R$ 80,00 Idade: de 4 a 12 anos Endereço: Rua Senhora do Porto, 455, Palmeiras Informações: 9.8567-1294 | 9.9932-1294
Mordô | Unique Pelo segundo ano, a Mordô Espaço Gourmet e a Unique Espaço Pedagógico se unem para celebrar a Páscoa ensinando um pouco de gastronomia para a criançada. Além de aprenderem a produzir ovos de Páscoa de colher, os pequenos terão um momento de brincadeiras e participarão de uma caça aos doces. Inscrições pelo telefone. Data: 19 de março Horário: das 10 às 13 horas Valor: R$ 60,00 Idade: de 1 a 12 anos Endereço: Rua Eurita, 62, Santa Tereza Informações: 3785-2013 | 9.9192-4529 | 9.8264-0060
Decisão Atacarejo Os guris vão aprender a fazer um ovo em formato de coração, utilizando uma forma especial. Os participantes poderão levar a forminha para casa, a fim de refazer o doce e compartilhá-lo com a família. Um adulto deverá acompanhar a criança durante a aula. Inscrições na escola. Data: 5 de março Horário: das 9 às 12 horas Valor: R$ 20,00 Idade: de 4 a 12 anos Endereço: Avenida Olegário Maciel, 721, Centro Informações: 3207-9013 ou pelo e-mail rec.culinaria@decisaoatacarejo.com.br =
Espelho,
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espelho meu...
Gael, de 7 anos: coleção de gorros, bandanas, arcos, chapéus e bonés no armário
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A vaidade na infância ajuda a construir a autoestima, mas, em excesso, pode ser motivo de alerta para os pais
FOTOS: GUSTAVO ANDRADE
POR Isabella
DESDE QUE COMPLETOU 4 anos, Gael, hoje com 7, escolhe as roupas que quer vestir. E ai de quem o contrariar. “Às vezes, a mistura de estampas está um pouco exagerada e, quando ele tem de abrir mão de alguma peça, fica muito bravo”, conta a mãe, a estudante de design de ambientes Ana Luisa Gonçalves Prado, de 50 anos. Em seu guarda-roupa, não faltam camisas xadrez — geralmente usadas com malha por baixo —, calças jeans e muitos, muitos gorros, bandanas, arcos, chapéus e bonés. Tem até uma bota estilo country, que o pequeno ama. “Ele é superautêntico e nós achamos importante estimular esse comportamento”, diz. “Apesar de fugir da beleza comum, por ser cabeludo e franzino, Gael se aceita, se respeita e gosta de se olhar no espelho”, argumenta Ana Luisa. Segundo a psicóloga e educadora infantil Bruna Vieira, a vaidade começa a se manifestar quando a criança passa a se perceber como alguém, com desejos e vontades próprias, por volta dos dois primeiros anos de vida. “Tem a ver com autoestima, com essa ideia de querer cuidar de si”, explica. Em excesso, todavia, o desvelo pode ser sinal de alerta. Todos os dias após sair da cama, Alicia, de 3 anos, permanece um bom tempo em frente ao espelho. Passa batom, penteia o cabelo, põe laço, pendura a bolsinha no ombro e confere as unhas feitas. “Minha irmã sempre foi muito vaidosa e a Alicia nasceu do mesmo jeito”, conta a mãe, a empresária Ludmila Bicalho Côrtes, de 35 anos. “Desde pequenininha ela adora se arrumar e todas as suas brincadeiras são assim.” A vaidade da menina, embora monitorada — ela não pode, de maneira alguma, andar de salto nem passar batom vermelho —, preocupa Ludmila. “A criança vai perdendo a infância porque desenvolve um lado que geralmente é aflorado na adolescência. Ela tem muitas fantasias, e sempre as veste, mas não é para brincar, é para ficar igual princesa”, lamenta. A angústia tem fundamento. De acordo com a psicóloga Bruna, imitar os adultos é sadio, sim, mas com moderação. “Considerando a importância da ludicidade no universo infantil, a vaidade passa a ser um problema quando a criança deixa de brincar para não estragar a maquiagem, por exemplo”, aponta. O trans-
Grossi torno, conhecido como adultização, é um fantasma que assombra um sem-número de famílias. “Elas crescem antes da hora e não lidam com os desafios próprios da sua faixa etária. Essas fraquezas, eu diria, aparecem depois, na adolescência ou mesmo na fase adulta.” Maria Luiza, de 4 anos, quer fazer tudo o que a mãe, a empresária Letícia Grossi, de 40, faz. “Ela vai ao salão comigo, faz unha, massagem e, de vez em quando, pede para escovar os cabelos”, conta. “É supervaidosa, às vezes não quer sair de casa porque acha que está descabelada ou porque a roupa não combina.” Apesar de não achar ruim, Letícia não incentiva. “Eu vejo que as meninas da geração dela estão todas assim. Não me incomoda porque ela não chega a sofrer com isso, mas faço questão de deixar claro que a aparência não é a coisa mais importante da vida, e que ela não precisa agradar a todo mundo”, comenta. A psicóloga e psicanalista Adriane de Freitas Barroso é enfática quanto a isso. “Quando toda a questão do ser passa apenas o que vê no espelho, é sinal de que algo não vai bem”, ressalta. Para a especialista, a relação com o próprio corpo sempre foi um dos aspectos mais fundamentais — e mais difíceis — para o ser humano, independentemente da idade. “Não há como não se embaraçar com essa tarefa, não há como não se angustiar com isso. Mas há, sim, como ajudar os pequenos a se sentirem um pouco mais à vontade em sua própria pele, sem pular etapas e sem se precipitar”, garante Adriane. Não existe fórmula, embora a solução, como quase tudo na vida, tenha a ver com um bom diálogo. “A criança pode até achar que tem o direito de fazer tudo, mas educar é estabelecer limites. É importante explicar as razões de forma objetiva, sem inventar mentiras, e, principalmente, ter firmeza nas decisões”, esclarece Bruna. Para Adriane, os pais são o olhar que vem de fora e que confere valor à imagem que os rebentos percebem no espelho. “Uma das coisas mais interessantes é descobrir o que faz de cada corpo único, com suas marcas, falhas e cicatrizes”, afirma. “A ideia de corpos igualmente formatados alimenta apenas o mercado de consumo.” 4
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Alicia, de 3 anos, com a prima Luiza, de 8: a manicure Cristiane Gomes vai em casa fazer as unhas das pequenas
Pode ou não pode? MAQUIAGEM: O uso de maquiagem deve ser evitado em crianças e adolescentes sempre que possível, já que ela está associada ao possível surgimento de fotossensibilidade, acne, toxicidade sistêmica e dermatite de contato alérgica e irritativa. De acordo com a dermatologista Laura Salles Dias Pinto, os produtos mais adequados para o público infantil são hipoalergênicos, que contêm pouca ou nenhuma quantidade de produtos químicos. ESMALTES: Assim como outros cosméticos, devem ser evitados devido ao seu potencial alergênico e irritativo. “Para crianças, recomenda-se o uso de esmaltes à base de água, que são removidos facilmente com panos e até mesmo com a própria água”, enfatiza Laura. ALISAMENTOS E TINTURA: São contraindicados em crianças de até 15 anos, que têm mais sensibilidade e maior superfície de absorção no couro cabeludo. Xampus, cremes e outros produtos usados em procedimentos estéticos não podem conter substâncias químicas, por causa do alto risco de toxicidade sistêmica.
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SALTO ALTO: “Crianças de até 11 anos não têm equilíbrio para usar salto alto”, esclarece a pediatra Eliane de Souza. Além de provocar quedas, o sapato pode levar à deformação do pé da criança e ao encurtamento do tendão de Aquiles. REGIME: Se a criança está obesa, o ideal é consultar um nutricionista, montar um cardápio apropriado e rever os hábitos alimentares da família. Fora isso, o regime é contraindicado. “Não se pode privar uma criança que está em fase de crescimento dos nutrientes essenciais para o seu desenvolvimento”, enfatiza Eliane. A falta de ferro, carboidrato e zinco podem levar, entre outras consequências, à dificuldade de concentração, baixo rendimento escolar e distúrbio de crescimento. MALHAÇÃO: A atividade física é altamente recomendável a pequenos de todas as idades, principalmente as modalidades como balé, dança, ioga, pilates e pedalada. A academia, por outro lado, força as articulações da criança, que são muito vulneráveis, podendo causar lesões no joelho e no quadril e provocar fraturas no tornozelo, cotovelo e ombro. “O excesso de exercício físico encerra precocemente as fases de crescimento da criança”, acrescenta Eliane. O ideal é começar a praticá-lo a partir dos 13 anos. =
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Filho de peixe, peixinho é Compartilhar um hobby com os pequenos é uma forma de passar mais tempo juntos, em atividades que agradam a adultos e crianças Coelho
SKATISTA DESDE OS 8 anos de idade, o fotógrafo Kayo Moraes, de 28, precisou deixar o esporte de lado após a chegada de seu filho, Arthur, atualmente com 5 anos. Mas a privação não durou muito tempo. Foi só o garoto assoprar as velinhas de seu segundo aniversário que Kayo passou a levá-lo em “rolês” com sua antiga turma. Aos 4, Arthur já fazia algumas manobras e até descia rampas não muito íngremes. “O primeiro skate do Arthur, que ele tem até hoje, foi montado com muito carinho por vários amigos meus”, lembra. “Cada um deu uma peça de presente, mostrando quanto eles gostam da sua presença em nosso meio.” Todos os domingos pela manhã, pai e filho vão juntos à pista de street do Barreiro. Também brincam no pátio do prédio em que moram, na casa da avó e usam o skate como meio de transporte para irem até a padaria. Além de passar um tempo junto e se divertir com Arthur, Moraes conta que dá boas risadas com o menino, que se sente “muito radical” sobre as quatro rodas. Compartilhar um hobby com o filho, como faz o fotógrafo Moraes, pode ser uma ótima forma de estender o convívio entre adultos e crianças. A psicóloga clínica Débora Izidorio explica que, se a atividade é [1]
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O fotógrafo Kayo Moraes e Arthur, de 4 anos: domingo na pista de skate no Barreiro
FOTOS: [1] PEIXE HEY; [2] NAI DUARTE; [3] GUSTAVO ANDRADE.
POR Larissa
realizada em comum acordo, favorece a integração e o estreitamento do laço familiar. Mas é preciso cautela. “Deve-se ter cuidado para não querer se realizar por meio dos filhos, pois isso pode causar frustração em ambos”, diz. É importante ter bom senso para escolher algo que não seja apenas do gosto pessoal dos pais e levar em conta a individualidade e habilidades dos próprios filhos. Foi o que quase aconteceu com a gerente financeira Cátia Carvalho Vieira, de 29 anos. “Confesso que quando coloquei a Giulia no balé era para realizar um sonho meu mesmo”, admite. “Por sorte, ela ama e não faz por obrigação.” Cátia conta que praticou a dança na infância e adolescência, mas teve de abandonar a sapatilha. Além de Giulia, de 5 anos, que se esmera no plié, no frappé e no fondu, a pequena Gabriela, de 2, arrisca alguns passinhos. Apesar de ainda não ter idade para frequentar a mesma escola da irmã, faz aula em seu colégio. Em casa, mãe e filhas treinam algumas coreografias juntas. E as três adoram quando combinam de se vestir a caráter, com tutu, meia-calça e colant. Tudo, claro, cor-de-rosa. Fazer uma atividade física junto aos pequenos é uma forma de animá-los. A personal trainer Patrícia Nogueira, 37 anos, tinha praticado tae kwon do na adolescência e quis levar seu filho, Paulo Henrique, hoje com 7 anos. Em 2013, encontrou a academia Kuirogui, no bairro Santa Tereza, com aulas em que
adultos e crianças treinam juntos. Patrícia está na faixa vermelha, a penúltima de sua categoria. Paulo Henrique está na roxa, a sexta das dez cores infantis. “Por se tratar de uma arte marcial, o tae kwon do auxilia não apenas a coordenação motora, mas ensina a importância da disciplina e do respeito”, afirma Patrícia. “É inenarrável o prazer de estar junto com o meu filho em algo que nós dois gostamos, ver a sua alegria quando aprende algum movimento novo e sentir a sua empolgação a cada faixa conquistada.” Quando começaram a treinar, a personal tinha acabado de ganhar sua filha Carolina, atualmente com 3 anos. Nos intervalos das aulas, a pequena aproveita para dar alguns golpes. No próximo ano, participará como aluna. A missão de Paulo Henrique é levar o pai, o policial militar Cleber Nogueira, de 37 anos, ao tatame. Até agora, o PM conseguiu se esquivar. “Sempre que eu cobro, ele diz que vai combinar”, conta o garoto. = Paulo Henrique, com a mãe, a personal trainer Patrícia: a missão do garoto é levar o pai ao tatame
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A gerente financeira Cátia Vieira com Gabriela, de 2 anos, e Giulia, de 5: meia-calça, collant e tutu
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ACESSE: www.seminariodemaes.com.br
DATA: 4 de junho, no Ouro Minas Palace Hotel
39 18/01/16 18: 44 11/12/15 09:
4viagens, modo de usar
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Paraísos perdidos luís giffoni
Um pouco mais à frente pela MG-050, junto à Represa de Fur-
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nas, fica outro cânion, mais largo, que merece o nome: PARAÍSO PERDIDO. Em seus paredões também se podem observar a força e o trabalho do gelo e da água durante milhões de anos. Em alguns lugares o arenito ficou tão liso que é usado como escorregador, desembocando em poções transparentes. Quem se aventurar mais acima pelo riacho poderá eventualmente encontrar um lustroso tamanduá-bandeira ou um arisco lobo-guará. As opções na região não param aí. Há uma bela caminhada até a CACHOEIRA DO RIO TURVO, para crianças maiores de 10 anos. Com sorte, pode-se ver no trajeto o pato-mergulhão, uma das mais raras espécies do mundo, com menos de 250 exemplares sobreviventes no Brasil e na Tailândia, facilmente reconhecido pelo penacho na cabeça. O pato-mergulhão faz ninho no Rio Turvo e é um grande indicador da pureza do hábitat. Para quem gosta de passeio de barco, da ponte do Rio Turvo sai uma chalana em direção às cachoeiras próximas à barragem. Elas despencam do alto de um anfiteatro de rocha sedimentar sobre uma pisci-
na que refresca até a alma. A transparência da água permite ver os mergulhadores no fundo. Ali perto também fica o Parque Nacional da Serra da Canastra, com a nascente do Rio São Francisco e a Cachoeira Casca d’Anta, uma das maiores do Brasil. Há várias pousadas na região, inclusive na Trilha do Sol, no Paraíso Perdido e no Rio Turvo, com restaurantes. São simples e, em geral, funcionam nos fins de semana e feriados prolongados. Convém se informar antes de partir. Sim, as crianças são bem-vindas. Esses paraísos são para poucos, quase desconhecidos do grande público. Talvez seja melhor assim. Ficam mais preservados. Mas você poderá visitá-los, respeitando-os, com uma vantagem: você vai e volta. São Pedro, como disse, não aparece por lá. O paraíso dele é outro.=
Luís Giffoni é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos. giffoni@cangurubh.com.br
FOTOS: TRIP ADVISOR; [1] GUSTAVO ANDRADE.
SÃO PEDRO É o guardião do paraí so. Não dos pequenos paraísos que Minas Gerais possui. Esses são nossos, recantos que encantam. Quase intocados, quase desconhecidos. Um dos pequenos paraísos mineiros fica a menos de 300 quilômetros de Belo Horizonte, à margem da MG-050, no município de Capitólio. Chama-se TRILHA DO SOL. É um cânion escavado e polido pelas eras glaciais e pela água límpida, com uma sequência de cachoeiras das quais se salta dentro de poços de cor esmeralda. As crianças se divertem com a aventura aquática. É óbvio que devem saber nadar. Ou, se for o caso, apelar para um salva-vidas de boa qualidade. No mais, basta deixar-se levar pela correnteza, dar adeus ao calor do verão, brincar com as centenas de peixes curiosos que acompanham a garotada rio abaixo, e surpreender-se com o exotismo das plantas e rochas. Enquanto mergulha nas piscinas, a meninada também mergulha na história da Terra.
4na pracinha
Parque Rosinha Cadar UM PARQUE ESCONDIDO no coração do bairro Santo Agostinho, pertinho da Assembleia Legislativa. Você conhece? Com quase 7 000 metros quadrados, o espaço é frequentado por famílias e trabalhadores da região, que encontram ali um local de descanso e tranquilidade. Passar uma manhã no Rosinha Cadar é diversão na certa para meninos e meninas. Eles se divertem no parquinho, com lindos brinquedos da arquiteta Suzana Cadaval, podem usar as mesas de jogos, encantar-se com a cascata artificial e tantos peixinhos, além de correr e brincar livremente, como tem de ser. Percebemos, em nossos passeios, que o parque recebe, com frequência, um grande número de cachorros. Sim, nesse espaço é possível levar o amigo da garotada no passeio, diferentemente
de muitos outros parques da cidade. Não há problema em compartilhar o local com eles, afinal, basta que seus donos sigam regrinhas de higiene e segurança. E qual é a criança que não adora ver um “au-au”? Hora de programar um passeio: aproveite para colocar na
mochila brinquedos que podem ajudar a criançada a se divertir: corda, peteca, bolha de sabão. E, principalmente, disposição e alegria para brincar junto com o filhote. Ele vai guardar para sempre, com saudade, esses momentos da sua infância, pode apostar. =
FOTOS: DUORAMA FOTOGRAFIA
Rua Rodrigues Caldas, 315, Santo Agostinho.
Criado em 2011 pelas mães Flávia Pellegrini e Miriam Barreto, o blog tem o objetivo de incentivar brincadeiras ao ar livre em família. Na Canguru, as fundadoras do Na Pracinha dão dicas de passeios divertidos para a meninada. www.napracinha.com.br
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Corra, Lola, corra POR Michelle
Lapouble do Verge
LEMBRO DA MOÇA correndo no filme e visualizo automaticamente uma imagem de mim mesma no dia a dia. Correndo no meio de uma situação confusa na qual não tenho muito tempo para refletir... Preciso fazer tantas coisas, sempre tem algo urgente tirando o tempo do importante, sempre tem alguém me cobrando, sempre estou eu mesma me cobrando um milhão de coisas... A vida está passando sem que eu possa ter a certeza de que estou fazendo as melhores escolhas, ou que estou fazendo o que é melhor para mim, como pessoa, como profissional, como mãe, como mulher. Impus a mim mesma tantas regras, responsabilidades, metas, cargas e tantas tarefas que, quando não realizadas, me trazem o mesmo tanto de tristeza e frustração. Tem dias que são punk. Estou correndo atrás do meu rabo! No melhor estilo: pare o mundo que quero descer... É isso. Sei que não estou só, sei que nesse mesmo barco tem um milhão de mulheres, mães, esposas, profissionais com essa mesma sensação e com esse mesmo aperto no peito. Já deitou na cama cansada, exausta e não conseguiu dormir? Já entrou no banheiro do escritório para ficar a só um pouquinho consigo mesma? Já teve vontade de esticar um pouquinho seu horário no trabalho para adiar a volta para casa? Já teve medo da música do Fantástico, que anuncia o fim oficial do seu domingo e a volta ao trabalho que não te faz feliz? Já se pegou tomando banho às 2 da manhã? Já acordou no meio da noite para assombrar a casa porque perdeu o sono? Já acordou de madrugada para ver o cartão de vacina, porque acha que perdeu o prazo da segunda dose
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da H1N1? Já desejou ganhar na Mega-Sena para consertar o mundo? Já chorou assistindo ao jornal porque tem notícia triste envolvendo crianças? Já correu para ver seu filho dormir e verificar se ele não está com frio? Já esqueceu as camisas do marido na lavanderia e o cachorro na pet shop? Já fiz tudo isso e poderia ficar a vida toda por aqui fazendo essa lista crescer que ainda ia ter coisa esquecida. A coluna de hoje é um convite para desacelerar. Um convite para deixar de tentar abraçar o mundo com as pernas, um convite para querer as coisas que são boas para nós mesmas, parar de correr desesperadamente e tentar ir num ritmo mais razoável, caminhar por mais tempo, com os olhos abertos sabendo exatamente aonde queremos ir. É um convite para sermos egoístas, sermos conscientes de que precisamos estar inteiras e com a cabeça em ordem para ser boas para as pessoas que precisam de nós, para fazer tudo aquilo que temos imensa vontade de fazer para o mundo, para aproveitar a vida, que é nosso maior compromisso. Ser feliz não é luxo, é fundamental, é nosso dever maior na vida. Vamos, então, nos permitir ser mais leves, ser frágeis se nos der na telha, vamos querer colo sem sentir culpa, vamos retomar o fôlego. Vamos escolher apenas aquilo que vale verdadeiramente a pena. P. S. Corra, Lola, Corra... é um filme muito legal. =
Michelle Lapouble do Verge Formada em administração de empresas e marketing de varejo, mulher de Henrri e mãe de Gabriel, de 9 anos.
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
4História de mãe
4padecendo no paraíso
Até sempre, Micho! MICHELLE LAPOUBLE DO VERGE foi membro ativa e moderadora do grupo Padecendo no Paraíso, integrante da Charanga das Padês e amiga nos melhores e piores momentos da maioria das integrantes do grupo. Tinha sempre algo a dizer, um abraço afetuoso a oferecer e sorrisos — mil e um deles! O post do “help”, que ela escrevia diariamente, era um bálsamo no fim dos dias, uma espécie de coluna que trazia humor e alívio para as questões relacionadas à maternidade. No início de fevereiro, as amigas mais próximas receberam a notícia de que ela estava com câncer no estômago. Micho, como era conhecida, escolheu ser discreta sobre sua condição. Decidiu viver momentos especiais e intensos com seu marido, Henrri, e o filho, Gabriel. No dia 10 de fevereiro, foi internada e passou por uma cirurgia para procedimentos de controle da doença. Na madrugada do dia 16, porém, durante o sono, sofreu uma complicação comum em cirurgias desse tipo e não despertou. Se houvesse como Michelle soprar no ouvido algo a cada uma de suas amigas do Padecendo, certamente seria: “Ô, amiga, não fique assim, veja...”. Sigamos seus passos e semeemos amor e esperança como ela fez em sua vida. Até sempre, Micho!=
Michelle durante a apresentação da Charanga do Padê, na Praça da Savassi, no último Carnaval: sempre com um sorriso no rosto mesmo depois de descobrir o câncer no estômago
Coordenado pela arquiteta Bebel Soares e pela designer Tetê Carneiro, o grupo Padecendo no Paraíso nasceu em março de 2011, no Facebook, e é formado atualmente por mais de 6 000 mães. Na Canguru, as fundadoras do Padecendo discutem assuntos como saúde, alimentação, sexo, viagens, educação, estética e beleza. www.padecendo.com.br
NOTA DA REDAÇÃO Eu tinha recebido havia poucas horas o texto da página ao lado quando soube da morte de Michelle. Deu um nó no peito. Não me esquecerei do abraço caloroso que ganhei dela em um dos eventos de lançamento da revista, em outubro de 2015. “Esse projeto é incrível, não desista dele”, me disse ela, naquele momento em que tudo de que eu mais precisava era estímulo. Algumas pessoas passam rapidamente pela vida da gente, mas marcam profundamente. Foi assim com a Micho, mãe do Gabo. É um privilégio para a Canguru poder publicar seu último recado. Ivana Moreira, diretora de redação
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FOTO: LUÍZA VILLARROEL
4para ler com seu filho
Poesia em casa e no quintal TODA CRIANÇA GOSTA de brincar com as palavras. Apresente a ela uma adivinha, um trocadilho, um trava-língua, um lenga-lenga, e a festa já começou. Nunca encontrei uma criança que não curtisse parlendas, cantigas de roda, cantigas de ninar. Mesmo assim, muitas vezes escuto professores dizendo que não sabem como “trabalhar” poesia em sala de aula. Minha sugestão aos adultos: não trabalhe, apenas saboreie versos e rimas com as crianças. A meninada é criativa por natureza, mergulha fácil na imaginação, na fantasia, na maluquice, na palhaçada, na linguagem. Toda criança é meio — ou muito — poeta. Na coluna deste mês, destaco dois livros de poesia que não me canso de saborear.
leo cunha e os filhos André e Sofia
Penélope Martins é quase novata na literatura. Ótima contadora de histórias — apresentou-se em BH em 2015 e eu fui assistir com meu filho Dedé —, ela publicou três ou quatro livros, por enquanto. Um deles é Quintalzinho, reunião de poemas bem intimistas e coloquiais, que exploram os pequenos momentos de diversão e reflexão na vida das crianças: uma plantinha que brota, um jogo de bola de gude, as brincadeiras e manhas do cotidiano. Tudo visto por meio do olhar e da sensibilidade infantil. Um trechinho para dar água na boca: “Quem disse que assim pequeninas / as menininhas são tão boazinhas? / Quem? / Ah... eles não conhecem menininha / subindo no armário / escorregando na pia / cortando cabelos, azucrinando a cachorrinha.” SOBRE OS AUTORES: Penélope Martins, paulista, é advogada de formação, mas curte a vida como contadora de histórias e escritora. Tati Móes, pernambucana, é ilustradora, artista plástica, designer e professora de artes.
CASAS. Texto de Roseana Murray, ilustrações de Tibúrcio. Editora Formato, 1994.
QUINTALZINHO. Texto de Penélope Martins, ilustrações de Móes. Editora Bolacha Maria, 2014.
Se Penélope Martins é uma revelação, Roseana Murray é um dos nomes mais consagrados da nossa poesia. Com dezenas de livros dedicados a crianças e jovens, Roseana já elegeu como temas o céu, os mares, as cores, os jardins, as frutas, as brincadeiras, o circo e quase tudo que a gente consegue imaginar. Os poemas de Casas olham com delicadeza, espanto e uma certa nostalgia para vários tipos de moradia, reais e imaginárias: a casa da avó, a casa do vizinho, a casa mal-assombrada, a casa de antigamente e a do ano 3000, sem esquecer também de quem não tem casa. Deixo aqui a primeira estrofe de um dos poemas mais leves e divertidos: “Na casa do vizinho / a comida é mais gostosa / a mãe é menos chata / tudo tem outro encanto e sabor.” SOBRE OS AUTORES: Roseana Murray, carioca, é uma das escritoras mais premiadas da nossa literatura infantil. Tibúrcio, carioca, é ilustrador, cartunista e quadrinista.
Leo Cunha é escritor e publicou mais de cinquenta livros, como Vira-lata (Ed. FTD) e ABCenário (Ed. Autêntica). Já recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Jabuti, Nestlé e João-de-Barro. Na Canguru, dá dicas de livros para crianças. leocunha@cangurubh.com.br
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FOTO: ARQUIVO PESSOAL
4artigo | AliCe CarVaLHaiS
Meu filho comia de tudo e de repente... não come mais nada! OS BEBÊS NÃO crescem de maneira igual todos os dias. Eles sofrem uma espécie de estirão de tempo em tempo. O mesmo acontece com a função cognitiva. Em alguns momentos eles desenvolvem fortemente uma habilidade. Esses períodos no qual eles dão uma esticada ou aprendem algo novo são chamados de picos de crescimento e saltos de desenvolvimento, respectivamente. É um período difícil e conturbado para o bebê. Ele se sente perdido, pois houve uma mudança física e neurológica repentina sem tempo hábil para se adaptar a essas mudanças. Durante esses períodos, são comuns alterações de sono, de comportamento e de apetite. Agora, o caos se instala de verdade quando a criança está beirando o segundo ano de vida, entre 1 ano e meio e 3 anos. Então vamos falar de algumas coisas importantes que toda mãe precisa saber. No primeiro ano de vida, a criança triplica seu peso e dobra de tamanho. O apetite está relacionado com esse intenso desenvolvimento. Quando o ritmo de desenvolvimento diminui, instintivamente, o apetite também diminui, porque as necessidades nutricionais são reduzidas. Nessa fase acontece o que chamamos de primeira adolescência ou os “terrible twos” (terríveis dois anos). Essa idade é um período de grandes mudanças para a criança. Gradualmente, ela passa a se perceber como indivíduo, com desejos e opiniões próprias, e isso gera uma enorme necessidade de tomar decisões e fazer escolhas por si. E é claro que não comer ou selecionar os alimentos são formas de protestar, de se impor, de se sentir “gente”. A criança quer ter o poder de decisão. Em geral, ela recorre a esse tipo de recusa como mais uma tentativa de conseguir a atenção dos adultos e acaba descobrindo que é uma maneira brilhante de alcançar seu objetivo. E aí? O que fazer, então?
No primeiro ano de vida, a criança triplica seu peso e dobra de tamanho. O apetite está relacionado com esse intenso desenvolvimento. Quando o ritmo de desenvolvimento diminui, instintivamente, o apetite também diminui, porque as necessidades nutricionais são reduzidas Não force a criança a comer. Lembre-se de que “sem plateia não há show”. Faça uma cara de “eu sou superior a isso”, mesmo se estiver se remoendo por dentro. Não ceda às vontades da criança e nem ofereça no lugar da refeição uma guloseima. Tenha sabedoria e dê tempo ao tempo. Fique atenta ao crescimento e ganho de peso dele. Em algumas situações, é necessário suplementar a alimentação e procurar ajuda profissional. Ofereça refeições interessantes e lúdicas. Capriche na apresentação das comidas e envolva a criança na preparação dos alimentos. Jamais comente perto de seu filho que ele não se alimenta bem ou que não gosta de nada. Seu filho acredita piamente em tudo que você diz, então aproveite esse artifício para convencê-lo de que ele come superbem, sim. Diga apenas o que for positivo. Suas palavras têm muito poder!= Alice Carvalhais É mãe e nutricionista maternoinfantil. Responsável pelo setor de nutrição de crianças e adolescentes do Instituto Mineiro de Endocrinologia, atua em consultório atendendo a gestantes e crianças, e em domicílio, ajudando as mamães a introduzirem os seus bebês, de forma correta, na alimentação. Criou o projeto Alice no País das Comidinhas, no qual alia a teoria da nutrição com a prática da maternidade e dá dicas de alimentação saudável para mães e filhos.
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Classificados
PARA ANUNCIAR
(31) 3656-7818
As mensagens dos Classificados são de responsabilidade de quem as assina.
Animação e alegria é com a gente! Animação e Recreação Locação de Brinquedos Entretenimento Infantil
AMÉLIAS ORGANIZ AÇ ÃO DE AMBIENTES (31) 9 974 6-615 6
(31) 99339-3844 (31) 99359-7544 ameliasorganizadoras
animae@animaebh.com fb.com/animaerecreacao CNPJ: 20.653.115/0001-92
FOTO: MÁRCIO RODRIGUES
4crônica
Amor para comer cris guerra e o filho francisco
ALGUMAS PESSOAS NÃO têm coração. Outras parecem vir equipadas com mais de um. Minha mãe fazia parte do segundo grupo, e acho que dois de seus corações ficavam nas mãos. Se fosse possível partir minha saudade em pedaços, eu sublinharia a falta absurda do cafuné que ela me fazia durante suas conversas ao telefone — enquanto sua cabeça percorria dezenas de assuntos, a minha ficava estrategicamente posicionada sob as pontas dos seus dedos. As mesmas mãos faziam pratos deliciosos aos domingos, construindo uma família em volta da mesa. Cedo tentei retribuir: em algumas noites eu fazia uma sopa de legumes, um dos nossos pratos preferidos. Com a ajuda dos caldos processados — pensava que aquilo era amor —, eu era rápida no preparo. Trazia a sopa fumegante, com orgulho idem. Era o nosso jeito de conversar. Herdei da minha mãe o gosto por sabores ácidos, o desejo por sobremesas quentes e uma paixão cega por aquelas que levem banana. Mas, de seu talento para a cozinha, só me restou o livro de receitas. Ela se foi cedo demais para que eu tivesse tempo de aprender. Comparado ao cardápio variado que mamãe preparava, meu repertório culinário se recolhe envergonhado quando o assunto é dar de comer ao meu filho. “Mamy, faz arroz perfeito?”, pede Francisco, sedutor. Meu arroz é bom mesmo: não uso pré-cozido — nem modéstia. Mas talento é o do menino para elogiar: enxergo cada fechar de olhos como uma estrela do Guia Michelin — paladar para isso, também tem: puxou ao pai. Ele, sim, cozinhava à altura de suas exigentes papilas gustativas. Fez questão de envolver nosso caso em geleia de mo-
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Algumas pessoas não têm coração. Outras parecem vir equipadas com mais de um. Minha mãe fazia parte do segundo grupo, e acho que dois de seus corações ficavam nas mãos
rango caseira, carregada de açúcar — e afeto. Era o próprio amor no pote. Um dos meus grandes desafios é agradar ao paladar do Francisco — o primeiro passo é o mais difícil: convencê-lo a experimentar um novo prato. Na tentativa de ensinar novos sabores, sou eu quem aprende. Descobri o prazer em picar legumes, passei a apreciar livros de receitas e faço da cozinha minha maior terapia. A cada novo preparo, aguardo ansiosa o veredito do menino. Que, diga-se de passagem, não tem garantia de longo prazo. Pode fazer a melhor cara do mundo e ser generoso na medida do elogio, mas só prova que gostou de fato ao pedir o preparo pela segunda vez. Ainda que nada até agora tenha superado o “arroz perfeito”, sigo com fé: ainda quebro esses nove anos de reinado. Enquanto isso, vou amando com as mãos. Colocando em cada receita o meu gosto pela vida, alimento o menino de afeto — puro e orgânico. Tão intenso e concentrado que só uma pitada já fortalece.=
Cris Guerra é publicitária, escritora e palestrante. Fala sobre moda e comportamento em uma coluna na rádio BandNews FM e a respeito de muitos outros assuntos em seu site www.crisguerra.com.br. Na Canguru, escreve sobre a arte da maternidade. crisguerra@cangurubh.com.br
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