www.canguruonline.com.br | set 2017 | nº 24
Criando filhos em BH
E XE MP L AR G RAT U I TO PARA E S C OL AS PARC E I RAS
Entrevista com Cortella: ‘É preciso se dedicar MAIS AOS FILHOS’ Cynthia Howlett aponta os vilões da
ALIMENTAÇÃO NA INFÂNCIA
Criança pode
OU NÃO PODE
pintar o cabelo?
SETEMBRO
DOURADO
Nós abraçamos a campanha: como os pequenos pequenos estão estão superando o câncer + a importância dos voluntários dos voluntários para o tratamento + como você também para o tratamento + como você também pode pode ajudar! ajudar!
APRESENTA
L EGAD OS ´
DA GRECIA DE 18 DE AGOSTO A 17 DE SETEMBRO
ENTRADA GRATUITA Uma fascinante viagem por 4.000 anos de história pela Grécia Antiga revela os 10 principais legados que influenciam até hoje o Ocidente.
Realização:
Apoio:
4nesta edição
seções Primeiras palavras Nossos leitores Missão Instagram www.canguruonline.com.br Canguru viu e curtiu Comprinhas Moda Mundo Kids Eles dizem cada coisa Corrente do bem Na Pracinha, por Flávia Pellegrini e Miriam Barreto Padecendo no Paraíso, por Bebel Soares Para ler com seu filho, por Leo Cunha
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Viagens, modo de usar, por Luís Giffoni Artigo, Fabiana Visacro Artigo, por Marcella Nunes Fernandes Rosa Crônica, por Cris Guerra
Reportagens
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Setembro dourado: histórias emocionantes de guerreirinhas, como a Rebeca, de 2 aninhos, que teve o câncer diagnosticado há 10 meses
Entrevista | Filósofo e escritor Mario Sergio Cortella fala sobre autoridade dos pais, a importância do tempo de convívio e o papel das escolas
Infância saudável: nutricionista Cynthia Howllett diz que crianças com menos de 2 anos não deveriam ter qualquer contato com açúcar
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Especial | Crianças superam o câncer e voluntários fazem a diferença no tratamento; veja como você também pode ajudar Lançamento | Livro Mamãe Coragem, que aborda a superação da leucemia, será publicado em novembro pela editora Scrittore Comportamento | Cada escola tem uma regra diferente para se comemorar os aniversários dos alunos lá dentro; conheça algumas Nutrição | Cynthia Howlett fala sobre a importância da alimentação saudável desde cedo e aponta o açúcar como principal vilão Debate | A moda dos cabelos coloridos está em alta entre as crianças, mas divide a opinião de especialistas
Pode ou não pode? Crianças aderem à moda das mechas tingidas com várias cores fantasia e dermatologistas comentam
Nossa capa Sophia, de 3 anos, é filha de Silmara Geraldo das Graças Melo e Gilberto Correia de Melo FOTO: GUSTAVO ANDRADE
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FOTOS: [1] GUSTAVO ANDRADE; [2] RICARDO BORGES; [3] GUTE GARBELOTTO
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FOTO: GUSTAVO ANDRADE
4primeiras palavras
É curável! DIZEM QUE A imprensa gosta de más notícias. Mas não é verdade, posso garantir. Dar más notícias faz parte do nosso ofício – é preciso expor as mazelas para provocar reflexões e mudanças na sociedade. Mas nós, jornalistas, gostamos mesmo é de dar boas notícias. A reportagem de capa de setembro pode parecer uma má notícia: o câncer é a principal causa de morte de crianças e adolescentes por doença no Brasil. Entre 2009 e 2013, foi responsável por cerca de 12% dos óbitos na faixa entre 1 e 14 anos, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). Mas escolhemos o tema para dar, isto sim, uma boa notícia: o câncer infantil é, de modo geral, mais curável do que o câncer em adultos! Em crianças e adolescentes, a doença apresenta taxa de cura de aproximadamente 70%, com chances ainda maiores de recuperação quando o diagnóstico acontece rapidamente. Daí a importância da identificação precoce da doença. Quanto antes o câncer é descoberto, maior a chance de cura para a criança. Quando a editora-chefe Cristina Moreno de Castro me ligou sugerindo a reportagem, nosso plano de voo para setembro já apontava para outra direção, com capas muito diferentes já produzidas em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo – as cidades por onde a Canguru circula. Seria mais cômodo seguir o roteiro e deixar essa matéria de capa para setembro de 2018. Mas até lá, segundo as estimativas do INCA, cerca de 4.000 crianças e adolescentes terão morrido de câncer. Não podíamos deixar para o ano que vem o que podemos fazer hoje: abraçar a causa do Setembro Dourado e contribuir para que o diagnóstico precoce poupe a vida de alguns pequenos. Se uma única criança for salva porque a matéria da Canguru serviu de alerta para seus pais, terá valido a pena o empenho da repórter Rafaela Matias, que aceitou o desafio de, em pouquíssimo tempo, produzir a reportagem que estampa a capa das nossas três edições locais. Se uma única mãe que sofre com o diagnóstico recém-descoberto de um filho encontrar conforto nas histórias de superação compartilhadas por outras famílias, terá valido a pena o empenho de nossa editora-chefe, que trabalhou dobrado para tornar esta edição possível. Se um único leitor da Canguru virar voluntário dessa causa, contribuindo de alguma forma para o tratamento do câncer infantil, terá valido a pena minha decisão de, a apenas uma semana do fechamento da revista, mudar tudo. PS: Obrigada, Cris e Rafa! Jornalistas como vocês, mensageiras das boas notícias que inspiram, ajudam a mudar o mundo.
Ivana Moreira, DIRETORA DE CONTEÚDO ivana@canguruonline.com.br
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Ivana e os filhos Pedro e Gabriel
DIRETOR EDITORIAL: Eduardo Ferrari DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Ivana Moreira
www.canguruonline.com.br
A Canguru é uma publicação mensal da Scrittore Comunicação e Editora Ltda. CNPJ 12243254/0001-10 (Rua Alberto Bressane, 223. Belo Horizonte/MG. CEP 30240-470)
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Artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da revista e de seus responsáveis.
AUDITADO POR
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Canguru Sou mãe do Dudu, que tem 7 anos e estuda no Colégio Dante Alighieri. Recebi a revista de vocês e a-do-rei!!! Com conteúdo e com muita diversão, que é a característica-chave dessas novas gerações. Muito, mas muito sucesso e parabéns pelo trabalho!!!! — Roberta Paes, de São Paulo
Sou mãe da Andreia, que está com 5 anos, e leitora da Canguru On-line. Sempre pego as dicas que divulgam, e amo. — Mariana Almeida da Mota, de São Paulo
Estou encantada com a qualidade das reportagens da revista. Parabéns pelo excelente trabalho e obrigada por compartilhar conosco! — Camilla Oliveira, coordenadora pedagógica no Colégio Anglo-americano, no Rio de Janeiro
Virei superfã da revista. Adoro o jeito simples e carinhoso com que vocês escrevem as matérias. Acompanho as dicas e as orientações. Tudo sempre feito com amor para os pequenos e as mamães. — Amanda Amorim, de Duque de Caxias, Rio de Janeiro
Sou coordenadora pedagógica da creche Les Petits, no Maracanã, Rio de Janeiro. A distribuição da revista em nossa escola foi um sucesso! Os pais elogiaram bastante a qualidade e o
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conteúdo dos textos e essa parceria. E sempre perguntam quando chegará a próxima edição. — Bárbara Behrends e equipe Les Petits, do Rio de Janeiro
Resultado da Enquete Se seu filho tem o intestino preso, como você soluciona o problema?
Encontro Canguru Eu e minha equipe participamos dos dois Encontros Canguru em São Paulo e adoramos! — Andresa Lopes, auxiliar de coordenação pedagógica no Colégio Castelo Branco, em São Paulo.
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Canguru Viu e Curtiu Me acabei de chorar com o vídeo Eterna lembrança! Lindo! — Júlia Alcântara, de Belo Horizonte
Corrente do Bem (BH)
Com frutas e legumes variados (como brócolis, uva, melancia, moranga e quiabo) Medicamento (o mais citado foi o PEG 4000 sem eletrólitos) Ameixa (água, geleia ou fruta seca) Azeite na comida
Não tenho palavras para expressar a minha alegria e gratidão a vocês por divulgarem minha exposição 47 Cromossomos e 1000 Possibilidades. Isso prova ainda mais que estou no caminho certo. Quero mostrar a todas as pessoas que a síndrome de Down é simplesmente uma alteração genética. SOMOS TODOS IGUAIS. — Cecilia Schirmer, de Contagem (MG)
FALE COM A CANGURU Entre em contato pelo e-mail redacao@canguruonline.com.br
Muita água Aveia Outras dicas variadas Nunca tive problema com isso
“Ter uma rotina para ir ao banheiro sempre no mesmo horário, mesmo que não esteja com vontade. Por aqui funcionou demais”. - Julian Couto
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Elas são sempre divulgadas em nossa página de Facebook: www.facebook.com/canguruonline
apresenta
Bem-vindos à conectividade A TAL DA internet chegou e trouxe com ela uma série de novidades no modo de vida das CLÉA PRADO pessoas. Sorte de quem nasceu na mesma época que ela, que foi aprendendo e crescendo junto, e também de quem nasceu depois, já se conectando aos conteúdos e às pessoas e TEXTO o que CAPA explorando tudo 4A a rede tem para oferecer (vamos considerar só as coisas boas por aqui, combinado?). E como fica quem nasceu muito antes de essa conectividade começar? Nossos pais e nossos avós nos ensinaram tudo o que puderam sobre seu mundo, o mundo que eles ILUSTRAÇÕES conheciam, e, agora, as crianças e os jovens VANESSA podem retribuir tal gesto ensinando um pouALEXANDRE co do mundo no qual nasceram e que, diga-se ISBN de passagem, dominam tão bem. O próximo lançamento da Educore, que está em campanha de financiamento pelo site Infanciar, traz uma dessas deliciosas aventuras em família: uma vovó que se diverte enquanto aprende sobre novas tecnologias com seus lado do mundo –, ela logo se rende e descobre uma nova netos. Em Histórias da Vovó Albertina, eles vão à fazenda maneira de contar suas histórias. da vovó para passar as férias e levam seus equipamentos Escrito por Cléa Prado, gerente educacional da Kroton, eletrônicos para, de lá, se comunicarem com a mãe, que o livro traz uma lição de troca, paciência, amor, carinho e viaja a trabalho. respeito e mostra que a diferença entre as gerações não é Mas e a vovó, o que acha dessa novidade toda? Nascida uma barreira, mas sim uma oportunidade de aliar saberes e na época em que o telefone era a maior inovação tecnoexperiências para a construção de um futuro melhor. lógica, dona Albertina fica um pouco desconfiada, mas, Os exemplares podem ser adquiridos na pré-venda quando descobre as maravilhas que a “tal da internet” tem através do site infanciar.juntos.com.vc. para oferecer – como ver o rosto da filha que está do outro
HISTÓRIAS
Para mais informações, acesse o site:
www.educore.org.br
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IMAGEM: DIVULGAÇÃO
da vovo ´ ALBERTINA
O pôr do sol é um dos espetáculos mais bonitos da natureza e, quem diria, pode ser admirado todos os dias! A criançada, é claro, aproveita e se encanta sempre que pode. Veja os cliques que chegaram até nós neste mês.
Thaisa Freitas, de 29 anos, e o pequeno Theo, de 2 anos, na Serra da Moeda, em Brumadinho (MG). Clique na conta @entrerosaeazul.
Próxima missão: Heróis e heroínas Seu filhote adora se fantasiar como super-herói? Sua filhota se sente uma verdadeira Mulher Maravilha? Então clique os pimpolhos a caráter e poste no Instagram com a hashtag #canguruonline. Eles podem sair na próxima revista Canguru e em nossas redes sociais.
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FOTOS: REPRODUÇÃO INSTAGRAM
Pôr de sol na praia é ainda mais lindo! O clique desta foto, do pequeno Will Rezende, de 5 anos, foi feito por @jenifferwill.
FOTOS: [1] GUSTAVO ANDRADE; [2] RICARDO BORGES; [3] GUTE GARBELOTTO
Pôr do sol no Malecón, em Havana, Cuba, é admirado por Maria Eduarda, de 11 anos, e Maxwell, de 39, em clique de @maedatrilha.
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Todos os meses, a Canguru promove seminários gratuitos sobre temas relacionados à educação dos filhos. Fique atento à programação dos próximos eventos.
Evento
NO ENCONTRO CANGURU do dia 30 de setembro, os pais, as mães e os educadores da plateia vão aprender a lidar com situações de extremo estresse, quando os pequenos estão passando por alguma emergência. Noções importantes de primeiros socorros e dicas de prevenção serão o mote da conversa com os oficiais do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais Andréa Coutinho Martins e Pedro Doshikazu Pianchão Aihara, convidados deste mês para trazer a informação mais precisa aos leitores da Canguru. Aihara é especialista em gestão e prevenção de desastres pela Universidade de Yamaguchi (Japão) e em gestão de projetos pela Universidade de São Paulo (USP), além de ser docente do curso de formação do CBMMG na área de atendimento pré-hospitalar. Andréa possui mais de 15 anos de experiência na corporação, sendo docente na área de comunicação organizacional. Como sempre, nosso encontro é gratuito, mas com vagas limitadas. Veja mais informações e inscreva-se em www.canguruonline.com.br.
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Emergência Kids: como evitar acidentes com o seu filho e o que fazer nesse caso?
www.canguruonline.com.br Estação MasterChef Júnior
Promoção
Leitores da Canguru serão os primeiros a experimentar espaço!
Concorra a um ano de Clube Canguru na sua casa
O reality show MasterChef Júnior já fez muito guri sonhar em se tornar um grande chef de cozinha. Na AvantPremière Canguru, uma ação em parceria com o Minas Shopping e a Endemol Shine Brasil, marcada para 20 de setembro, entre 10h e 12h, leitores da revista concorrerão a convites para brincar de mestre-cuca em um espaço superdivertido. A instalação inspirada no cenário do programa será aberta especialmente para nós. Quer garantir o seu lugar? Serão 64 crianças contempladas, com idade entre 5 e 12 anos, acompanhadas de um responsável. Ligue para 3656-7818 para saber como garantir a sua vaga!
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TV Canguru
Cenores e Cenoritas! Por falar em MasterChef Júnior, nossa equipe assistiu às gravações do Canal Cenoritas e conversou com as fofíssimas Ivana Coelho, de 11 anos, e Sofia Bresser, de 14, apresentadoras da atração e que já foram estrelas do programa em 2015. Assista ao vídeo em nosso site (www. canguruonline.com.br) e no canal do YouTube (youtube. com/tvcanguru). [1]
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Nós sempre nos preocupamos em trazer a melhor informação para contribuir com a criação de filhos melhores para o mundo. Seguindo essa linha de pensamento, vamos lançar um novo projeto para promover mais momentos em família – o Clube Canguru. Ele funciona assim: você assina o clube e recebe em sua casa, todos os meses, uma caixa com conteúdo sobre um mesmo tema para pais e filhos poderem desfrutar de momentos juntos. No mês de inauguração do Clube Canguru, a caixa terá várias surpresas, mas uma em especial: o novo DVD do grupo Palavra Cantada, que só será lançado oficialmente no mês de outubro. Gostou? Que tal faturar um ano de assinatura e se tornar nosso assinante número 1? Basta acessar o nosso portal, www.canguruonline.com.br, e fazer sua inscrição para concorrer ao nosso prêmio!
Novidade 1
Canguru estreia neste mês na BandNews FM
FOTOS: [1][2] DIVULGAÇÃO; [3] ARQUIVO PESSOAL
Nossa coluna na rádio BandNews FM estreia no dia 4 de setembro! A diretora de conteúdo da Canguru, Ivana Moreira, vai trazer mais informações sobre a primeira infância e dicas para os pais de como criar filhos melhores
para o mundo. O programa vai ao ar em todo o país, às terças e sextas-feiras, às 13h40, com reprise às 16h17 e também aos sábados e domingos. Ouça as gravações em www.canguruonline.com.br/radio.
Novidade 2
Visão feminista no blog Antiprincesas Em agosto, estreamos o blog Antiprincesas, com Nicole Spohr, que se define como “mãe do Augusto, feminista e pesquisadora”. Nos primeiros posts, ela abordou as experiências bem pessoais com o parto natural e as dificuldades da amamentação. Neste mês, ela vai escrever sobre a introdução alimentar do seu filho pelo método
BLW (Baby-Led Weaning) e sobre gênero e brinquedos. A criação dos filhos para a igualdade de gênero é uma das maiores preocupações da blogueira. Acompanhe as publicações, quinzenalmente, às segundas-feiras, em www.canguruonline.com.br.
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EDIÇÃO Camila
Capone
O QUE ESTÁ ROLANDO DE ÚTIL, DIVERTIDO OU CURIOSO NA WEB E NAS REDES SOCIAIS
História de bebê
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TODA MAMÃE CONTA com orgulho sobre sua gravidez e os primeiros anos de seu filho. Mas como seria a história se ela fosse contada pelo próprio bebê? Veja essa fofíssima animação usando nosso QR Code Canguru ou pelo link bit.ly/historiadebebe.
Na Canguru Viu e Curtiu do mês passado, assistimos a papais dançando Despacito com seus bebês. Agora, uma mamãe de Vitória/ES, em trabalho de parto, decidiu se balançar ao som desse hit mundial, ao lado de seu obstetra e de sua doula, para relaxar e facilitar o nascimento do filho. Assista a todo o gingado da mamãe usando nosso QR Code Canguru ou acessando o link bit.ly/mamaedespacito.
Diversão para todos Um parque aquático inclusivo. Esse é o Morgan’s Wonderland, no Texas – um parque aquático completamente adaptado às necessidades de pessoas com deficiência, sejam elas adultas ou crianças! Seu criador, Gordon Hartman, criou o parque inspirado em sua filha, Morgan, que tem necessidades específicas. O projeto foi desenvolvido com apoio de médicos, terapeutas, professores, cuidadores e, claro, das próprias pessoas com deficiência. Acesse nosso QR Code Canguru ou o nosso link bit.ly/diversaoparatodos para conhecer melhor esse projeto e, quem sabe, programar uma visita nas próximas férias!
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IMAGENS: [1] REPRODUÇÃO/ GIROSCÓPIO FILMES; [2] REPRODUÇÃO / G1; [3] REPRODUÇÃO / MORGAN’S WONDERLAND
Des-pa-cito antes do parto
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EDIÇÃO Cristina
Moreno de Castro
Jogo de luzes As luminárias infantis, além de serem úteis à noite, dão um charme a mais na decoração dos quartinhos. Confira nossa seleção.
OLAF NA PAREDE
YELLOW SUBMARINE
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29,90
Telhanorte www.telhanorte.com.br
MELHOR AMIGO DA CRIANÇA
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134,90
Americanas www.americanas.com.br
Tricae www.tricae.com.br
LANTERNA COM ALCINHA (Nos modelos coruja, borboleta e macaco)
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CAI, CAI, BALÃO R$
ILUSTRAÇÕES: FREEPIK; FOTOS: DIVULGAÇÃO
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95,00
Elo7 www.elo7.com.br
236,52
Mobly www.mobly.com.br
UniqueShop www.uniqueshop.com.br Preços pesquisados em agosto de 2017. A Canguru não se responsabiliza pela alteração de preços ou pela falta de produtos. Imagens ilustrativas. S E T E M B R O 2 01 7 .
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4moda
Dia de rock, bebê Mais que um ritmo, o rock é uma cultura, responsável por criar um novo modo de vestir e de viver a vida. Ele é causa e consequência de uma revolução ocorrida nos anos 1960, que colocou a juventude em evidência e, hoje, une gente de todas as idades. As crianças também curtem, e, nelas, peças pretas, em jeans ou com caveiras revelam seu lado mais fofo. POR Sabrina
Abreu e Rafaela Matias
IT’S ONLY ROCK’N’ROLL BUT I LIKE IT
Há muitas formas de montar um look rock, mas nenhuma tão eficiente quanto declarar o amor ao ritmo na mensagem da camiseta, como faz Mariana Torres Ribeiro Borges, de 6 anos. Ela veste t-shirt Ora Bolinhas.
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Preços pesquisados em agosto de 2017. A Canguru não se responsabiliza pela alteração de preços ou pela falta de produtos. Imagens ilustrativas.
BUENA ONDA
A surf music é uma vertente que mistura o rock ao estilo de vida dos surfistas. Fez sucesso nos anos 1960 e pode continuar fazendo bonito no guardaroupa do seu pequeno.
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EM FAMÍLIA
Esta coleção da Baby Monster inclui a titia, mas também o tio e, claro, a mamãe, o papai e a vovó!
R$ 34,90
www.babymonster.com.br PEGADA GÓTICA
Caveiras asseguram a qualquer elemento, do vestuário ou da decoração, status de rocker. Olha como a estampa faz toda a diferença nesta bermuda e na almofada.
BERMUDA
R$ 89,90 puc.com.br
ALMOFADA HERCHCOVITCH
R$ 109,90 fom.com.br
Por falar em caveiras, olha que coisa mais incrível esse body de esqueleto para os pequetitinhos que já entraram no clima!
R$ 34,90
www.littlerock.com.br
BÁSICO OBRIGATÓRIO
Para espantar o frio ou só fazer charme amarrada na cintura, a jaqueta é item obrigatório para quem quer um visual cheio de atitude. Aqui, ela aparece em versão jeans com barra desfiada e numa pegada mais rebelde, para os fãs de motocicletas.
JAQUETA FEMININA COM BARRA DESFIADA
R$ 139,99
www.hering.com.br
FOTO: GUSTAVO ANDRADE; PRODUTOS: DIVULGAÇÃO
JAQUETA MASCULINA MOTOSPIRIT
R$ 499,00
www.riffel.com.br
PITADA PUNK
Usar tachinha e outros materiais pontiagudos no visual é uma marca punk. A mochila MadPax Spiketus remete a esse visual, mas de um jeito menos radical – e bem fofinho. Os detalhes dos espinhos são em relevo, porém macios.
R$ 239,90
www.uniqueshop.com.br S E T E M B R O 2 01 7 .
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POR Cristina
Moreno de Castro e Luciana Ackermann
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Talentos mirins
das crianças obesas PERMANECERÃO OBESAS quando se tornarem adultas, segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria.
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NO DIA 25 de setembro o canal Multishow vai estrear o programa Humoristinhas, com apresentação do comediante Eduardo Sterblitch. Será um show de talentos à moda antiga, com direito a palpite dos jurados – Gabriel Louchard, Titi Müller e Fernanda Souza, entre outros convidados. A diferença é que o show ficará por conta de crianças de 7 a 11 anos, que vão poder atuar, cantar, contar piadas, fazer mágicas, imitações, mímicas e o que mais seu talento permitir. Os programas serão exibidos de segunda a sábado, em um horário um pouco tarde para os mais baixinhos, às 22h. Até o fechamento desta edição, o Multishow ainda aceitava inscrições de talentos mirins interessados em participar do programa. Veja mais informações para inscrever seu filhote em multishow.globo.com.
Eles podem ajudar em casa!
2 A 3 ANOS
4 A 5 ANOS
6 A 8 ANOS
9 A 11 ANOS
12 A 14 ANOS
Guardar brinquedos
Arrumar a cama
Lavar louça
Limpar banheiros
Tirar seu prato da mesa
Colocar roupa na máquina
Pôr e tirar a mesa
Preparar lanches rápidos
Guardar sapatos
Guardar roupas
Colocar a roupa suja no cesto
Guardar parte da louça
Passar aspirador
Ajudar a pôr a mesa
Lavar quintal
Tirar pó dos móveis
Guardar roupas
Cuidar de animais de estimação
Regar plantas
Pendurar roupa no varal de chão
Ajudar no preparo do jantar
Limpar pequenas superfícies Pegar frutas e legumes da fruteira Pôr guardanapos na mesa Tirar a própria roupa
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autoestima. Mas quais tarefas podem ser distribuídas aos pequenos e a partir de qual idade? O site diiirce. com.br criou uma tabela com sugestões, que acabou viralizando na internet (sendo erroneamente atribuída à educadora italiana Maria Montessori). Veja se concorda para aplicar na sua casa:
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Separar o lixo
Tirar o lixo da casa Varrer
Limpar móveis Limpar espelhos Trocar roupa de cama
Guardar louça Fazer lista de compras do mercado
Pôr roupa para lavar Passar pano no chão Cuidar das plantas Cuidar de irmãos mais novos Preparar pequenas refeições Fazer compras rápidas Separar contas a pagar
FOTO: [1] EDU VIANA / DIVULGAÇÃO
Um dos princípios defendidos pelos adeptos da disciplina positiva é o de integrar os filhos, desde pequenos, às tarefas domésticas. As crianças, na verdade, costumam adorar participar de trabalhos como arrumar a cama ou lavar as vasilhas: elas se sentem úteis e veem que são parte da família, e isso fortalece sua
eu já fui
criança
FOTOS: REPRODUÇÃO / DIVULGAÇÃO
Luiz Melodia NASCIDO E CRIADO no Morro de São Carlos, no Estácio, na zona Norte do Rio de Janeiro, o filho da costureira Eurídice e do funcionário público e músico Oswaldo Melodia adorava soltar pipas, brincar de bolinhas de gude e de garrafão. Foi com o pai que Luiz aprendeu os primeiros acordes, as referências musicais e herdou o apelido. Na verdade, seu Oswaldo queria que o filho fosse médico ou político. A música e a poesia, porém, o tocaram mais forte, afinal, estava no sangue. E foi num porãozinho lá no Morro de São Carlos que Luiz Melodia escreveu canções belíssimas, entre elas Ébano e Pérola Negra. Com muita autenticidade e personalidade, compôs grandes sucessos da música brasileira, juntando samba e blues com maestria. Tempos atrás, afirmou que sua maior preocupação diante da violência urbana não era consigo, mas com os filhos. “Fico deprimido, por mim, pela minha família e por todos os moradores dessa cidade tão bonita e, de repente, tão feia pela atitude do homem. Mas não dá para entrar na paranoia. A gente tem que tentar driblar essa situação, porque o Rio é tão bonito, não dá para deixar de ir às praias, ao Jardim Botânico ou ao Maracanã. Não podemos ficar à mercê da violência e viver numa prisão”, resumiu Melodia, que nos deixou no mês passado, aos 66 anos. O poeta do Estácio lutava contra um câncer na medula, chegou a fazer um transplante, mas Jane Reis, sua companheira por 40 anos, foi certeira: “Voou, voou mais alto, foi pra longe da gente cantar em outro lugar”.
POR Cristina
Moreno de Castro
“M m boi ãe co inha a em loc ou m fiqu im, a g ei b oio ora eu la!”
GABRIELA, de 2 anos, filha de Mirian Prata do Nascimento Barros e Leonardo Augusto do Val Barros.
rrancou Quem a s da sua as folha r ? Deve te agenda . m e bisom sido o lo
O leitinho da Maria está acabando? Você tem que tomar mais leite para ter no seu peito e dar para ela!
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
Qua cresc ndo eu ser v er quero et de p erinária ássa ros.
MILENA, de 2 anos, filha de Sônia Santos, após sua mãe colocar boias de braço para ela entrar na piscina.
MIGUEL, de 4 anos, filho de Adriane Pais Maiello Leão e Eduardo Leão Drumond Oliveira.
GABRIELLA, de 9 anos, filha de Keli Pereira dos Anjos e Marcio Silva dos Anjos.
Papai, faz pão grudado pra mim?
MIGUEL, de 3 anos, filho de Júnia Neves de Oliveira e Andrei Patrick Scoralik Minucci.
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Se seu filho também diz pérolas, envie a frase para o e-mail redacao@canguruonline.com.br.
POR Cristina
Moreno de Castro
Anda logo Biel #2 ESTE GAROTINHO LINDO da foto é o Biel, que está prestes a completar 5 anos. Ele tem paralisia cerebral e epilepsia, e o custo mensal de seus medicamentos é de cerca de R$ 5.000. Biel foi adotado quando tinha 1 ano e 2 meses, e sua mãe promove eventos anuais para ajudar a custear seu tratamento. O próximo evento já tem data marcada, e você pode, além de se divertir, ajudar essa família: vai ser no dia 17 de setembro, às 13h, na Autêntica (Rua Alagoas, 1.172, Savassi), com shows de Tom Nascimento, 80 Futebol Clube e Chris Mulato, animação para as crianças e sorteio de brindes. O ingresso custa R$ 50, e crianças de até 10 anos não pagam. O convite pode ser comprado no site www.sympla.com.br/andalogobiel ou pelo telefone 99641-2076. Mais informações: www. facebook.com/andalogobiel.
A L O C S E A U S JÁ FOI AO ? E H C I L O B
FOTO: REPRODUÇÃO
Que tal levar seus alunos para se divertir nas pistas do Boliche Del Rey?
Setembro Verde Além de dourado, este mês também é verde, pela campanha nacional para incentivar a doação de órgãos. O índice de doações no país aumentou 24% entre 2012 e 2016, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), mas segue abaixo do esperado. No último ano, foram realizados 22.489 transplantes no Brasil, de rim, fígado, pâncreas, coração, pulmão e córnea, que ajudaram a salvar muitas vidas. Mas ainda existem cerca de 35 mil pessoas aguardando por um transplante. Para melhorar esses índices, é preciso que as pessoas se conscientizem sobre a importância de comunicar a seus familiares a decisão de que querem ser doadores, condição necessária para que o transplante seja feito – embora alguns órgãos possam ser doados em vida, como a medula óssea e o rim. Para saber mais a respeito e abraçar essa campanha, acesse o site www.outravidanovachance.com.br.
Temos um programa especial para receber excursões programadas de escolas, que tem como objetivo introduzir as crianças no esporte. Além disso elas aprendem valores importantes como respeito aos colegas, desenvolvem o raciocínio matemático e melhoram o desempenho escolar.
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Filósofo, pai e avô: Mario Sergio Cortella diz que autoridade dos pais sobre os filhos é importante
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democracia” Autor de mais de 30 livros, Mario Sergio Cortella lança pela primeira vez uma publicação sobre família, na qual aborda a importância de priorizar o tempo de convívio, as crianças criadas como “reizinhos” e o papel complementar da escola POR Juliana Sodré
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FOTO: NANA HIGA / DIVULGAÇÃO; ILUSTRAÇÃO: FREEPIK
“Família não é
MARIO SERGIO CORTELLA possui É preciso ter humildade para saber que a gente um extenso currículo: é filósofo, escritor, não sabe muitas coisas e que precisa aprender palestrante, professor, doutor em educação com outros, e não supor que criar filhos seja uma e autor de mais de 30 livros sobre ensino, atividade automática filosofia, teologia e carreira. Isso sem contar que é extremamente popular: sua página no Facebook, por exemplo, tem mais de 1 milhão de seguidores, que também escutam suas pensatas avidamente, seja no YouTube ou na rádio. Pela primeira vez, ele decidiu escrever sobre o tema “família”. “Porque sou pai e avô, e tenho uma preocupação imensa com a rarefação das relações familiares e com o desconhecimento da geração atual para lidar com a nova geração”, explica. Mais adiante, ele discorre que os pais e as mães também precisam ser educados, não só as crianças: “Autoridade é necessária; autoritarismo, não. Diálogo é importante, submissão não é”. E não poupa o público-alvo de seu discurso: se você não tem tempo para criar seus filhos, é porque eles não são sua prioridade. Como se nota de imediato, o paranaense é um disparador de frases fortes e que fazem pensar. E, se “pensar bem nos faz bem”, como ele costuma dizer, seu novo livro, Família: Urgências e Turbulências (ed. Cortez), poderá fazer um bem danado aos leitores que se deparam, diariamente, com questões relacionadas à criação dos filhos. Como estar mais presente na vida dos pequenos? Como equilibrar autoridade e diálogo? Como estabelecer limites para crianças que já estão mimadas? Questões como essas, de respostas nada óbvias, estão no livro de 141 páginas e também são abordadas nesta conversa com a Canguru. Confira. O senhor disse que decidiu escrever sobre família porque se preocupa com a diminuição das relações familiares. A que o sr. atribui essa falência das condições de formação e criação dos filhos?
Mario Sergio Cortella – Os pais vivem hoje um tempo maior no trabalho, e isso fez com que houvesse uma diminuição dos tempos de convivência com as crianças e os jovens e levou a um desconhecimento sobre essa nova geração. Boa parte dos pais e das mães tem dificuldade até de entender como é o mundo de seus filhos a partir de uma determinada idade. Há hoje uma certa estranheza nessa convivência. 4
Como fazer com que os pais participem ativamente da educação mesmo quando o filho passa 12 horas por dia numa creche?
Essa é uma escolha que eles terão que fazer. A grande pergunta que o pai e a mãe têm que se fazer é qual é sua prioridade, e, se é prioridade, vão ter que inventar o tempo. Eles não podem se omitir em relação à educação, porque isso seria irresponsável. A escola é de natureza complementar, e não suplementar, ela não supre a família. A escola é uma estrutura de ensino e aprendizagem; a responsabilidade sobre a educação é da família. O senhor fala no livro que é preciso educar os pais, e não só as crianças, e que hoje os pais parecem ter medo de exercer a autoridade. O senhor acha que é um erro os pais repetirem o modelo de educação que tiveram?
Sim, claro. Os pais e as mães não podem é deixar de ter inspirações naquilo que uma parte do que seus pais fizeram carrega, mas deixando de lado aquilo que era entendido como correto naquele momento – e que era um mero exagero. Por exemplo, a autoridade é necessária; o autoritarismo, não. Diálogo é importante, submissão não é. O diálogo não pode ser entendido como uma relação de igualdade de autoridade com os filhos. Como eu costumo dizer, uma família não é uma democracia. Democracia pressupõe direitos e deveres iguais. Numa família, existem responsáveis aos quais as crianças e os jovens são “sub-ordinados”, estão sob as ordens deles. Nesse sentido, uma família pode ser
participativa – e deve sê-lo, enquanto no passado não o era. Uma família deve ser convivente, como foi em outro momento. Alguns dizem que a fratura de alguns valores das crianças e dos jovens se deve ao fato de que falta aquilo que se fazia no passado, que era poder bater, deixar de castigo etc. Esse tipo de modelo não é necessário. É possível fazer uma educação sem recorrer a metodologias de educação que são muito mais voltadas para a organização prisional do que para a estrutura familiar. E como fazer? Como ter autoridade sem ser um pai autoritário?
Há alguns caminhos. Um deles é bastante agradável para mim, que é ele ler meu livro (risos). Autoridade é uma questão de responsabilidade. Normalmente, um pai ou uma mãe têm autoridade no trabalho, sobre um colega, sobre um empregado, sobre um subordinado ou prestador de serviço. Por que então essa dificuldade da autoridade com filhos e filhas? Porque o exercício da autoridade dá muito trabalho, exige que você tenha tempo. E muita gente não quer ter esse trabalho ou acha que não tem tempo para tê-lo. Lembrando o que eu coloco no livro: tempo é uma questão de prioridade. Se você pensa que não tem tempo para algo é porque não é prioritário. O senhor fala em seu livro que prioridade não tem plural.
Sim, eu posso ter uma prioridade, aí eu resolvo e vou para outra. Mas, com duas prioridades concomitantes, nenhuma delas o será. A pessoa que prioriza o trabalho não pode ter um filho?
Muitas vezes essa prioridade do trabalho pode ser eventual. Mas alguém que tem apenas o trabalho como sendo sua forma de referência e horizonte precisa pensar muitas vezes antes de ter uma responsabilidade tão estupenda e ao mesmo tempo tão exigente quanto a paternidade e a maternidade. Quais consequências a “divinização das crianças”, que o sr. cita em seu livro, pode trazer para o futuro dessa geração? Vemos
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Toda vez que a criança for tratada como soberana ela se comportará desse modo. A vida não é marcada pela soberania, ela tem que ser marcada pela autonomia. Uma pessoa autônoma é aquela que faz o que ela quer no âmbito da responsabilidade dela, desde que não colida com as outras perspectivas. Uma pessoa que é soberana fala o que deseja e não dá referência e nem atenção a quem não pensa como ela ou quem está à sua volta. Essa soberanização de uma parcela das crianças cria personalidades deformadas para a capacidade de convivências. A soberanização de crianças é malévola para o adulto que virá, e é assim, inclusive, que começa a degradação de valores decentes. O senhor diz que desejos não são direitos. Por que é difícil viver em coletividade e entender que temos limites?
Nesta geração, não há a obrigatoriedade da participação mais direta de crianças e jovens no sustento da família numa parte significativa das classes sociais. Uma parcela dessas crianças e jovens começa a entender que aquilo que deseja tem que a ela vir e que a tarefa de pais e mães é a de serem provedores, e não cuidadores. Há aí uma deturpação do que seria a própria estrutura da convivência familiar. Mais do que isso: confundir desejos com direitos, que é algo que uma parte das crianças faz,
é uma responsabilidade dos adultos. Uma parcela de nós foi educada para que, se algo quisesse, fosse buscar com esforço, dedicação, decência e inteligência. Não era algo que você aguardava magicamente, que chegaria e pousaria no teu colo. É necessário que os pais retomem essa perspectiva de que quem deseja algo tem o dever de construí-lo, de elaborá-lo e de utilizar a inteligência e o esforço na obtenção disso. E aqueles pais que fazem dos filhos um investimento de longo prazo?
É absolutamente indecente que um pai ou uma mãe seja capaz de olhar seus filhos como sendo uma aplicação financeira. É preciso que a orientação em relação à profissão do filho não seja uma determinação dos pais. Que, acima de qualquer coisa, se respeite a individualidade, a autonomia que essa pessoa deve ter, e não olhar aquele que mais adiante será apenas uma forma de retorno financeiro. O que é preciso fazer para criar filhos melhores para o mundo?
Primeiro, uma dedicação maior do que aquela que se vem tendo, um esforço maior em relação ao exercício da maternidade e da paternidade. Segundo, humildade para saber que a gente não sabe muitas coisas e que precisa aprender com outros, e não supor que criar filhos seja uma atividade automática. Em terceiro lugar, imaginar que tudo isso requererá a parceria maior entre as pessoas que formam crianças. Os adultos que têm autoridade e responsabilidade não precisam pensar de maneira idêntica, mas têm que agir de maneira unida. Pais e mães, antes de agir em relação aos filhos, precisam conversar entre si e chegar a um consenso. A divisão tem que se dar antes da reflexão, e não na hora da ação.
FOTO: NANA HIGA / DIVULGAÇÃO; ILUSTRAÇÃO: FREEPIK
hoje filhos e filhas serem tratados como príncipes e princesas até na decoração de seus quartos.
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Meninos de
Ouro Crianças dão exemplo de força e superação na luta contra o câncer e campanha alerta para a importância do diagnóstico precoce POR Rafaela Matias COLABORARAM Juliana Sodré e Catarina Ferreira
Pequena guerreira: Lívia, de 1 ano e 3 meses, teve que retirar um rim que foi tomado por um tumor maligno e hoje faz quimioterapia
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uma semana depois, após conseguir agendar uma tomografia, Eletheia recebeu o diagnóstico: Rebeca tinha um tumor no sistema nervoso central. A primeira cirurgia foi pouco invasiva e identificou que a massa era benigna. Mas a comemoração durou pouco. Uma meningite se instalou e fez com que o tumor crescesse exageradamente, chegando a oito centímetros. Dessa vez, a cirurgia foi mais complicada, e o tamanho do cisto afetou o nervo óptico. Rebeca ficou cega. A mãe, sem chão. “Eu trabalho em hospitais há 20 anos, sabia o que estava acontecendo com a minha filha. Me disseram que não era nada, e agora ela não pode enxergar”, conta. O prognóstico ainda é incerto, e não é possível dizer se a visão será restaurada com a quimioterapia, que tende a reduzir o tamanho do tumor. Enquanto isso, mãe e filha adaptam-se à nova rotina. Elas já inventaram até uma senha: se algo é muito perigoso, como uma faca, é classificado como “perigosão”, e a pequena sabe que não pode pegar; já objetos que permitem alguma aventura são apenas “perigosinhos”. Entre ameaças 4
Realidade brasileira Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e Ministério da Saúde (MS) traçam um panorama do câncer infantojuvenil no país.
» Estima-se a ocorrência de 12,6 mil novos casos de câncer na faixa etária de 0 a 19 anos em 2017.
»
A sobrevida estimada no Brasil em casos de câncer na faixa etária de 0 a 19 anos é de 64%, índice calculado com base nas informações de incidência e mortalidade.
» Os tumores dos cânceres infantojuvenis crescem mais rapidamente do que os dos adultos e tornam-se invasivos, porém respondem melhor ao tratamento.
»
O chamado câncer infantojuvenil inclui, na verdade, vários tipos de câncer. As leucemias representam o maior percentual de incidência (26%), seguida dos linfomas (14%) e dos tumores do Sistema Nervoso Central – SNC (13%).
FOTOS: GUSTAVO ANDRADE
“SEU FILHO ESTÁ com câncer”. Essa não é uma notícia fácil de se receber. É inesperada, angustiante e vem acompanhada de uma enxurrada de incertezas. Infelizmente, será a realidade de mais de 12 mil famílias brasileiras que precisarão lidar com o diagnóstico de câncer infantojuvenil em 2017, segundo uma estimativa feita pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) (veja mais dados no quadro ao lado). No ano passado, a pequena Sophia Melo, hoje com 3 anos, entrou para as estatísticas. Após pegar uma infecção intestinal, ela precisou ficar internada, e o quadro evoluiu para infecção generalizada seguida por anemia. É provável que a leucemia descoberta alguns meses depois já estivesse alojada na época e tenha contribuído para a queda do sistema imunológico. Mas o carente sistema de saúde de Bambuí, em Minas Gerais, onde a família da menina mora, não foi capaz de fazer o diagnóstico precoce. Foram muitas idas ao médico e pedidos incansáveis da mãe, a dona de casa Silmara Geraldo das Graças Melo, até que um profissional de Divinópolis, cidade vizinha com hospitais um pouco mais equipados, aceitasse a possibilidade da doença e encaminhasse a criança para exames mais avançados na capital mineira. “Eu li muito, me informei e falei várias vezes com os médicos que estava desconfiada de que os sintomas poderiam ser da doença, mas ouvi muitas vezes que não”, conta Silmara. Quando o resultado, enfim, mostrou que a intuição materna estava certa, o câncer já estava avançado e mãe e filha precisaram mudar-se para Belo Horizonte para fazer o tratamento na Santa Casa, que atende integralmente pelo SUS. Apesar dos obstáculos e da desinformação, a história de Sophia caminha para um final feliz. Após um ano de tratamento, ela já está na última etapa do processo intensivo e deve voltar para a sua cidade natal no próximo mês. Depois disso, as idas à capital ficarão esporádicas, apenas para fazer a manutenção. A demora no diagnóstico também afetou a pequena Rebeca Dias, de 2 anos, nascida em Teófilo Otoni (MG). Há dez meses, ela começou a vomitar frequentemente, e a mãe, a técnica em enfermagem Eletheia Dias Ferreira, percebeu que a cabeça da menina estava aumentada. Quando foi ao hospital, ouviu do médico que os vômitos não eram preocupantes e que o tamanho da cabeça não passava de herança genética. Menos de
» O câncer representa a primeira causa de morte por doença para quem tem de 1 a 19 anos.
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Trabalho que faz a diferença: a voluntária Vera traz muitos sorrisos à pequena Rebeca, de 2 anos, que luta contra o câncer e contra a perda de visão
e superações, Rebeca brinca, ri, colore, dá um show de coordenação motora e não perde a certeza: “Eu vou voltar a ver, mamãe. A minha vitória está atrasada, mas vai chegar”. Rebeca e Sophia têm suas próprias histórias, mas os caminhos se convergem para um ponto em comum: a importância da conscientização sobre o câncer infantojuvenil, não apenas para os pais e a população em geral, mas também para a comunidade médica. Esse é o objetivo da campanha Setembro Dourado, que faz um convite para a união entre imprensa, ONGs, entidades, unidades de saúde e quaisquer instituições ou pessoas que desejem se engajar para levar o máximo possível de informações sobre o câncer em crianças e adolescentes, os sintomas e os tratamentos. Para o oncologista pediátrico Halisson Mesquita Braga, o Brasil ainda é carente de órgãos apoiadores e campanhas de conscientização sobre o assunto, por isso é tão importante unir esforços para levar informação à população e à comunidade médica de todos os Estados. “O câncer infantojuvenil apresenta taxa de cura de aproximadamente 70%, ou seja, é uma doença potencialmente curável, com chances ainda maiores quando o diagnóstico acontece rapidamente”, explica.
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O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (CONIACC), Rilder Campos, concorda e afirma que o principal problema enfrentado atualmente no Brasil é a falta de estrutura dos hospitais e a escassez de pediatras e oncologistas pediátricos. “Especialmente no interior do país, o sistema de saúde é carente, o que piora a demora do diagnóstico e obriga muitas famílias a migrar para as capitais para fazer o tratamento”, conta. Segundo ele, a campanha Setembro Dourado tenta amenizar um pouco a realidade por meio da disseminação de informações importantes. “Precisamos levar à sociedade os sinais dos sintomas, para que as pessoas entendam que o câncer infantil existe e que, se for detectado a tempo, a chance de cura é altíssima, chegando a 90% em alguns casos. Tentamos fazer o papel que seria do governo, de levar a informação às pessoas do país inteiro”, opina. É por isso que Silmara, a mãe que precisou enfrentar a comunidade médica para conseguir o diagnóstico da filha, faz um chamado: “Se você está desconfiado, informe o seu médico e exija uma providência. Nós nunca achamos que vai acontecer com o nosso filho, mas é sempre bom ficar atento e, caso aconteça, lutar por um tratamento rápido”.
É melhor ser alegre que ser triste
Fique atento! Veja quais são os principais sinais e sintomas relacionados aos tumores na infância, de acordo com o Inca:
» Palidez, manchas roxas e dor na perna; » Caroços e inchaços, especialmente indolores e sem febre;
»
Perda de peso inexplicada ou febre, tosse persistente, falta de ar e sudorese noturna;
»
Alterações oculares: pupila branca (reflexo do olho do gato), estrabismo de início recente, perda visual, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos;
» Barriga grande; » Dor de cabeça,
náuseas, vômitos, visão turva, problemas de equilíbrio, alterações da personalidade e do comportamento, convulsões, sonolência;
»
Dor em membro ou dor óssea, inchaço sem trauma ou sinais de infecção.
Na casa de apoio: Isabeli Nicole, de 9 anos, faz quimioterapia para tratar um tumor reincidente
toda na minha cidade, e é um alento saber que podemos ser acolhidas em um espaço como esse”, afirma Alcione. Um detalhe importante: todas as mães entrevistadas para esta reportagem precisaram abrir mão de empregos, rotinas, cidades e famílias para se dedicarem ao tratamento e à cura de seus pequenos. Tudo isso sai caro, no mais amplo sentido da palavra. Por isso, a ajuda financeira às instituições de apoio é importante e faz falta (veja ao final da reportagem algumas instituições que merecem a sua doação). “Nós abrimos mão de tudo, menos dos nossos filhos. Às vezes, também precisamos de alguém para nos carregar no colo”, diz a costureira Patrícia dos Santos, mãe de Isabeli Nicole, de 9 anos, que faz quimioterapia para tratar um tumor reincidente. Quem não mede esforços para dar colo a crianças e adultos é a engenheira aposentada Vera Lúcia Dabul Gouveia. Toda terça-feira à tarde, há cinco anos, ela veste o avental de voluntária, assina a folha de ponto (para que a instituição filantrópica tenha controle e consiga justificar a sua força de trabalho), passa o álcool em gel nas mãos e vai para o espaço kids, com infindáveis propostas de brincadeiras. Pega-pega, totó, jogo de cartas. Quem manda é a criançada. Se tem alguém chorando, Vera corre para trazer de volta o sorriso. E traz. E doa. E recebe. Há um ano e meio, Vera também precisou lidar com a doença, dessa vez instalada em seu próprio corpo. Ela descobriu um câncer de mama, fez quimioterapia, raspou a cabeça. E manteve, todo o tempo, um pensamento que lhe dava força: “Se essas 4
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FOTOS: GUSTAVO ANDRADE
Com o diagnóstico feito e o tratamento iniciado, o desafio é tornar o mais agradável possível a estadia das crianças nos ambientes hospitalares e, no caso daquelas que saíram do interior, no tempo longe de casa. Para isso, os voluntários e as casas de apoio assumem um papel fundamental. Aline Cavalcante, por exemplo, é manauara e está em São Paulo abrigada em uma casa de apoio para crianças com câncer para o tratamento de sua filha Maira Bianca, de 6 anos. “Estou aqui há uma semana, mas já morei na cidade por quase um ano com minha filha, que ficou em tratamento no hospital AC Camargo fazendo químio e radioterapia. Uma ONG lá de Manaus me encaminhou para uma casa de apoio, e eles me receberam como uma família”, conta. Em Belo Horizonte, a Fundação Sara é um dos locais que recebem famílias de crianças que estão em tratamento. Uma das hóspedes é Lívia Amâncio Barreto, de 1 ano e 3 meses. Apesar da pouca idade, a pequena já passou por muita coisa ao lado de sua mãe, a técnica em segurança do trabalho Alcione Cristina Amâncio. Há quatro meses, ela foi operada para retirar um rim, que foi tomado por um tumor maligno. Desde então, a pequena faz quimioterapia e, até março do ano que vem, precisará ficar na capital. “A minha família está
crianças conseguem passar por tudo isso com tanta garra, por que é que eu não vou?”. Assim como Vera, de tanto receber amor e alegria, Arthur Vinícius Rodrigues Camilo, de 9 anos, leva semanalmente otimismo e esperança a todos no ambulatório onde faz a manutenção de seu próprio tratamento contra a leucemia. Enfermeiras, médicos e pacientes: não há ninguém que não se encante com o pequeno, sempre pronto para distribuir um abraço e um sorriso. Arthur passou por infecções e internações no início, mas hoje, amadurecido, já está na fase final do processo de cura e não tem dúvidas sobre o que quer ser quando crescer. “Jogador de futebol”, diz. Você será, Arthur. Tudo o que quiser. Todos vocês.
Bons exemplos
Há várias maneiras de levar alegria e conforto às crianças que estão lutando contra um câncer e a seus familiares. Conheça algumas formas de amor que só ajudam nos tratamentos:
Contação de histórias
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Projetos de arte
A associação Viva e Deixe Viver, por exemplo, tem mais de mil voluntários, principalmente contadores de histórias, que atuam, desde 1997, em hospitais de cerca de 20 cidades nos Estados de São Paulo, Rio de janeiro, Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Sul, além de Brasília. Saiba mais em www.vivaedeixeviver.org.br
Aplicativo O jogo de celular AlphaBeatCancer é voltado para crianças de 6 a 8 anos e traz informações sobre o câncer. De forma direta e lúdica, os pequenos jogam, matam células malignas, colorem o acesso venoso, e carregam o suporte da quimioterapia. O jogo foi selecionado neste ano pelo movimento Games for Change, em Nova York, é gratuito e está disponível para iOS e Android. Saiba mais em beaba.org/game
Palhaços Os Doutores da Alegria estão nas cidades de São Paulo, Recife e Rio de Janeiro. Os palhaços precisam ser artistas profissionais e fazem um trabalho remunerado, mas gratuito para os hospitais. Saiba mais em www.doutoresdaalegria.org.br
Bonecos personalizados O ateliê “Com Lola” faz ação de arteterapia vivencial com bonecos que são personalizados pelas crianças. Quando a criança desenha na boneca ela tem possibilidade de aliviar suas angústias e fortalecer a autoestima. Assim, a Lola se torna seu “amuleto” protetor. Saiba mais em www.comlola.com.br
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O estilista Ronaldo Fraga vai fazer ilustrações, que depois serão coloridas por crianças em tratamento e expostas, no dia 30 de setembro, no Grande Hotel Ronaldo Fraga. A ideia é chamar a atenção da sociedade para o Setembro Dourado e conta com apoio de seis instituições mineiras ligadas ao câncer infantil: Santa Casa, Hospital das Clínicas, Sociedade Mineira de Pediatria, Fundação Sara, Casa Aura e Casa de Acolhida Padre Eustáquio. “Acredito que a arte, a poesia e a criação têm efeito gigantesco sobre qualquer enfermidade. No caso da criança, o projeto é um estímulo para que ela não pare de fantasiar, não pare de brincar”, diz Fraga.
[3]
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FOTOS: [1] GUSTAVO ANDRADE; [2][4][5][7] DIVULGAÇÃO; [3] REPRODUÇÃO; [6] IVSON_MIRANDA
De paciente a ajudante: Arthur, de 9 anos, leva alegria à Santa Casa, sempre disposto a distribuir sorrisos e abraços para as crianças em tratamento
Equoterapia
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O Hospital de Câncer de Barretos inaugurou o projeto Bella Vita, de reabilitação dos pacientes através da equoterapia – um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo no tratamento do câncer. Saiba mais em www.hcancerbarretos.com.br
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Quer ajudar? Conheça algumas instituições sérias que atuam em Beagá e para as quais você pode oferecer sua ajuda, seja com doação de dinheiro, itens básicos ou mesmo do seu tempo:
LAR TERESA DE JESUS
CASA DE ACOLHIDA PADRE EUSTÁQUIO (CAPE – MG)
SANTA CASA
Alameda Ipê Branco, 28, São Luiz. Tel.: 3401-8000 www.cape-mg.org.br
CASA DE APOIO ÀS PESSOAS COM CÂNCER (CAPEC) Rua dos Marmelos, 97, Vila Clóris. Tel.: 3459-3000 www.capec.org.br
FUNDAÇÃO SARA ALBUQUERQUE COSTA
Avenida do Contorno, 9.297, Prado. Tel.: 3291-1330 www.facebook.com/lar.teresadejesus
Rua dos Otoni, 670, Santa Efigênia. Tel.: 3238-8568 www.santacasabh.org.br
CASA AURA Rua Fernando Lobo, 462, Paraíso. Tel.: 3282-1128 / 3282-1126 www.aura.org.br
Rua Pouso Alto, 285, São Lucas. Tel.: 3284-7690 www.fundacaosara.org.br
HOSPITAL DA BALEIA Rua Juramento, 1.464, Saudade. Tel.: 3489-1500 www.hospitaldabaleia.org.br
Cada caso é um caso É muito comum também que as próprias famílias se mobilizem para obter ajuda através das redes sociais. A família do Lucas, de 11 meses, por exemplo, se mobiliza pela página www. facebook.com/TodosPeloLuquinha, que já teve mais de 20 mil apoios. Quando tinha apenas 4 meses de vida, o pequeno
foi diagnosticado com leucemia decorrente de uma mutação genética muito rara. Ele é de Nova Lima (MG), mas está em tratamento no Hospital do Câncer de Barretos (SP), que é referência no país, onde aguarda um doador compatível para receber transplante de medula óssea.
Seja um doador de medula óssea! Quer ajudar crianças como o Luquinha? Entre para o cadastro de doadores de medula óssea! Você pode doar se:
» Tiver entre 18 e 55 anos de idade. » Estiver com bom estado geral de saúde. » Não tiver doença infecciosa ou incapacitante. » Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico. Consulte os endereços dos hemocentros em sua cidade e tire todas as suas dúvidas em redome.inca.gov.br
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Lançamento
“A fé e a atitude positiva podem salvar o seu filho” No livro Mamãe Coragem, Cristiane Miranda conta como ela e Caio, de 11 anos, superaram a leucemia POR Ivana
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Moreira
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preciso desmistificar, combater o estigma do câncer”, acrescenta. Cinco meses depois de descobrir a leucemia, Caio está prestes a voltar para a escola e se prepara para lidar com a curiosidade natural dos colegas. Como a mãe, o menino quer falar abertamente sobre sua doença. O livro Mamãe Coragem será produzido com recursos de financiamento coletivo, em parceria com a editora Scrittore, que também publica a Canguru. Além de garantir recursos para a publicação da obra, o plano é financiar palestras com especialistas e ajudar alas de oncologia pediátrica de hospitais públicos, como a Santa Casa, onde Caio esteve internado. “Queremos doar mais cadeiras de acompanhante para alas de oncologia pediátrica”, explica Cristiane. Ela sabe quão importante é para uma criança vítima de câncer ter a mãe sempre ao lado do seu leito.
Como contribuir Leitores interessados em contribuir para a campanha de financiamento coletivo do livro Mamãe Coragem devem acessar o site www.catarse. me/mamaecoragem. Além de garantir antecipadamente um exemplar da obra, os colaboradores poderão financiar a doação de livros para mães carentes, palestras para famílias vítimas da doença e ainda a compra de cadeiras de acompanhante para unidades da Santa Casa de Misericórdia em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.
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FOTO: GUSTAVO ANDRADE
MEDO DE NÃO dar conta. Esse foi o primeiro sentimento que invadiu a jornalista Cristiane Miranda quando recebeu a notícia sobre a leucemia do filho Caio, de 11 anos. Em março deste ano, o menino foi diagnosticado com um caso raro da doença, a mieloide aguda, que exigia um transplante. “Como contar isso a uma criança?”, questionava-se. Mas era necessário. O Estatuto da Criança e do Adolescente determina que os profissionais de saúde informem pacientes com mais de 10 anos sobre o diagnóstico real. Pais e médicos não têm o direito de poupar os pequenos da verdade. Cristiane sentiu uma dor no peito tão forte que pensou estar tendo um ataque cardíaco. Imaginou que ia desabar diante do filho na hora de dar a notícia. Mas não. Quando se viu na frente do menino, não derramou uma única lágrima. Descobriu naquele instante uma força descomunal para enfrentar tudo o que estava por vir. “Estou doente com você, filho, e vou me tratar junto com você”, afirmou. A jornalista nunca disse “Caio vai ser internado” ou “Caio vai ter alta”. Era sempre “nós vamos ser internados”, “nós vamos ter alta”. Ao lado do filho, Cristiane descobriu que a atitude positiva diante do diagnóstico faz toda a diferença no tratamento. “É preciso ter fé”, diz, completando: “A fé e a atitude positiva podem salvar o seu filho”. Foi para ajudar outras mães a enfrentar o câncer infantil que a jornalista resolveu compartilhar sua história no livro Mamãe Coragem, que será lançado no início de novembro. Ao longo dos meses de tratamento, Cristiane descobriu como ainda é difícil para as pessoas falarem sobre a doença e resolveu travar uma cruzada pessoal contra a desinformação. “Muitas famílias não conseguem sequer contar o que o filho tem porque os outros se assustam”, afirma. “É
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As regras nas escolas variam muito quanto à realização de aniversários de alunos – mas ninguém deixa de comemorar POR Verônica
Fraidenraich
necessário. Segundo Márcia, o procedimento é antigo e visa proteger e respeitar os alunos que têm intolerância ou restrição alimentar. “Criamos essa norma para evitar situações de risco à saúde”, relata a assistente. E, segundo a escola, mesmo sem bolo, a comemoração faz sucesso: “Os aniversariantes se sentem tão bem só com os parabéns, não vejo problema em ser assim”.
ILUSTRAÇÕES: RDEPOSITPHOTOS
Cuidado com os presentes CANTAR PARABÉNS PARA os aniversariantes já virou uma tradição nas escolas. Todas reservam um momento para a celebração no dia do aniversário da criança ou em datas pré-estabelecidas no mês. Porém, no quesito formato da festa, as práticas são variadas e não há consenso sobre o assunto. Algumas instituições não fazem restrições de alimentos nem de decoração. Já outras orientam os pais – que, aliás, nem sempre podem participar – a mandar comidas e bebidas saudáveis e restringem o uso de qualquer enfeite. E há ainda as que preferem deixar o evento fora da rotina. “A festa em si não é um problema, a questão é como ela é organizada”, diz Helena Machado de Paula Albuquerque, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Não é aconselhável, segundo a especialista, incentivar qualquer tipo de competição quanto à comemoração mais bonita e caprichada e, ao mesmo tempo, é preciso estar atento à oferta de alimentos que todos possam consumir. “As decisões que a escola toma têm de ser pensadas e refletidas sempre de acordo com a sua clientela. Não sou contra, desde que se tenha a cautela de conversar o tema com os pais, e isso pode ser decidido nas reuniões, por meio do diálogo com a comunidade”, explica. No Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, por exemplo, festas não são permitidas. “A professora canta Parabéns na sala de aula, e todos cumprimentam o aniversariante”, explica Márcia Nogueira, assistente da diretoria-geral pedagógica do estabelecimento. Nesse dia, a criança ganha o status de "comandante", que lhe dá o direito de ser o primeiro das filas quando a turma vai ao parque ou precisa mudar de sala para outras atividades. O aniversariante também se torna o ajudante principal da professora, auxiliando-a sempre que
Se algumas escolas suspendem as festas, outras optam por avisar aos pais do aluno com dieta alimentar restritiva quando há comemorações. “Ao mandarmos o convite, pedimos à família que comunique o que o filho não pode comer e, se for o caso, que mande um lanche para ele”, ressalta Renata de Abreu Gomes, auxiliar de coordenação do Colégio Zerohum, do Rio de Janeiro. Nos eventos, salgadinhos de camarão não são aceitos, mas brigadeiros e tortas doces, sim, além de refrigerantes para os adultos. Presentes também são liberados, desde que guardados na mochila do aniversariante, que somente poderá abri-los em casa. O objetivo é evitar constrangimentos daqueles que não levaram uma recordação para o amigo. A escola Espaço do Saber, de Belo Horizonte, trata essa questão de forma diferente. Na hora da roda em que se canta Parabéns, o aniversariante recebe os presentes. “Se alguém não trouxe, a professora fala 4
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Com ou sem brigadeiro
que dessa vez os pais do amiguinho não puderam comprar, mas eles lidam com naturalidade com a situação”, diz a supervisora Rose Rosa. A agenda de marcação das festas da instituição é disputada. Para dezembro, por exemplo, já não há mais vagas. Isso porque aniversariantes de janeiro costumam antecipar a comemoração, que acontece sempre às quintas-feiras. De acordo com Rose, a orientação é por comidas saudáveis, mas o bolo pode ser recheado. O Colégio Conviver, também na capital mineira, usa a mesma regra de reserva de data. A festa é realizada em uma sala à parte, apenas para os alunos, a professora e a auxiliar da turma. As educadoras podem gravar vídeos para as famílias, caso os pais peçam. Bolos simples, como os de cenoura ou laranja, frutas, gelatina, pipoca, sucos e salgados assados devem ser priorizados. A instituição permite presentes para o aniversariante e lembrancinhas para os seus amigos. “Pode ser um livrinho para colorir ou bolinha de sabão, por exemplo, mas nada de guloseimas”, afirma Ana Maria Pimenta Ribeiro, coordenadora pedagógica da educação infantil. Ela relata que informa aos pais o número de alunos na turma para facilitar o cálculo da quantidade de comida, bebida e artigos descartáveis, como pratos e copos.
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Chocolates, doces e outros produtos de baixo teor nutricional nem sempre são barrados nos festejos. “Não proibimos, mas pedimos que evitem salgadinho de pacote e refrigerante. Mas cabe à mãe fazer a escolha do que mandar”, relata a diretora Maria Cristina Maraccini Rabechini, da unidade da Vila Mariana do Colégio Anglo-Brasileiro, em São Paulo. Ela conta que a maioria opta pelas tortas confeitadas e diz que há festas elaboradas e outras nem tanto. Mas a direção decidiu suspender os convites para evitar que os pais sintam-se obrigados a enviar presentes. “Ainda assim, tem mãe que manda uma recordação. Nesse caso, pedimos que a criança confira depois da aula o que ganhou”, afirma Maria Cristina. As comemorações não permitem a participação dos pais. Essas e outras normas são apresentadas sempre na primeira reunião do ano e constam também na agenda do aluno. Na Vilaplay, na capital paulista, é feita uma festa coletiva sempre na segunda sexta-feira do mês. A direção manda uma circular para os pais dos aniversariantes de uma mesma turma para que eles combinem o envio das comidas e das bebidas para a festa. Não há restrição de alimentos, no entanto, como em outras escolas, a recomendação é por bolos simples e que doces e
refrigerantes sejam evitados. “Sempre reforçamos que o motivo maior da festa não é a comilança, e sim a confraternização”, ressalta Soraia Molina Salim, diretora da escola. Ela conta que a festa ocorre logo após o lanche, e os familiares do aniversariante são bem-vindos. Bexiga, toalha de mesa ou enfeites podem ser levados, mas presentes e lembrancinhas não são recomendados. E que tal trocar um docinho à base de leite condensado por uvas, morangos ou outras frutas da estação? Na Santa Marta Baby Prime, no Rio de Janeiro, o cardápio segue normas da nutricionista da instituição. “A gente busca uma alimentação saudável, então, em vez de brigadeiro, por exemplo, pode ser um espetinho de frutas”, informa a diretora administrativa Tatiane
Teixeira. Ela diz que as regras são passadas quando os pais procuram a escola para marcar a festa – e eles podem participar do evento. “Não tem muito mistério, a preferência é sempre por bolos simples, sucos e salgados assados”, completa Tatiane.
DICAS PARA FAZER A FESTA
NA ESCOLA É na primeira reunião do ano que os gestores falam sobre as regras para celebrar o aniversário de um aluno. Caso seja permitido, veja abaixo uma lista do que é preciso confirmar com a direção para garantir uma linda festa para seu filho. LOCAL: Procure saber se a comemoração é
realizada num espaço à parte ou na própria sala onde a turma estuda. Isso ajuda a pensar na decoração do ambiente. HORÁRIO: Pergunte em que momento a festa
acontece – muitas vezes, durante o lanche – e a que horas os alimentos podem ser levados. O mesmo serve para enfeites e lembrancinhas, se permitidos. CARDÁPIO: A tendência é que as escolas prefiram
alimentos saudáveis. Se possível, opte por bolos simples – como o de fubá ou laranja –, salgados assados e sucos naturais.
RESTRIÇÃO ALIMENTAR: Se algum aluno tiver
uma dieta restritiva de alimentos, é gentil incluir no cardápio algum item que ele possa comer. DECORAÇÃO: Consulte a possibilidade de mandar toalha de mesa, enfeites para a parede e outros acessórios decorativos. ALUNOS:
Questione sobre o número de convidados – quantos são os colegas da turma e quantos educadores participarão da celebração – para calcular a quantidade de comida, bebida e artigos descartáveis.
FAMÍLIA: Informe-se quanto à permissão para
pais, irmãos e avós do aniversariante irem ao evento. CONVITES: Algumas escolas permitem, mas outras, não, para evitar que os pais se sintam obrigados a mandar um presente para o aniversariante. Pergunte qual é a prática comum.
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4Nutrição
Criando
Formada em jornalismo e nutrição, Cynthia Howlett fala sobre a importância da alimentação saudável desde cedo e aponta o açúcar como um dos principais vilões POR Luciana
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VOCÊ COSTUMA DAR aquele biscoitinho de maisena para distrair seus filhos? Cautela: “Aquilo é gordura hidrogenada, farinha e açúcar, não tem absolutamente nada de nutritivo”, afirma a nutricionista e jornalista Cynthia Howlett, que também desmistificou o mate, tão adorado pelos cariocas e cada vez mais comum entre os brasileiros: “Tem a mesma quantidade de açúcar que o refrigerante”. Balinha de iogurte? “Não vai leite nem iogurte, é açúcar, goma e corante”, aponta.
FOTO: RICARDO BORGES
bons hábitos
Reconhecida propagadora do estilo de vida saudável, com mais de 14 anos de experiência, Cynthia dedicase ao desenvolvimento de atividades e de programas de gerenciamento de saúde e bem-estar, como Alternativa Saúde e Perdas e Ganhos, ambos exibidos no canal GNT. Mãe de Manuela, de 8 anos, e Rodrigo, de 5, ela promove palestras em todo o Brasil, inclusive em instituições de ensino, sobre a importância da alimentação saudável na infância, desde o primeiro ano de vida. Cynthia foi a convidada do mês de agosto para tratar desse assunto com os leitores da Canguru em nossos seminários gratuitos. Confira a seguir suas principais recomendações.
Cuidado antes dos 2 anos Cynthia enfatiza que crianças com menos de 2 anos não deveriam ingerir qualquer tipo de açúcar e o classifica como um dos principais vilões da boa alimentação. “O paladar nesses dois primeiros anos é uma página em branco e a forma como será preenchida se estenderá pelo resto da vida. Vejo pacientes que não abrem mão do achocolatado de manhã, são adultos que ainda têm paladar infantil”, explica Cynthia, que reconhece a dificuldade na restrição após os 2 anos. “Vêm a creche, as festinhas, os lanches. Por volta dos 5 anos, não tem mais jeito, resta trabalhar com o equilíbrio para a criança não crescer louca por doce. O efeito do açúcar é tão forte que proporciona quase um vício”, explica.
Perigo do fast-food Gordura hidrogenada, farinha e corante são outros perigosos inimigos, segundo a nutricionista, concordando com o senso comum de que a alimentação, em geral, já foi bem melhor. Não é à toa que hoje são tão altos os índices de obesidade no Brasil e no mundo. Para ela, o grande problema tem sido a troca da comida do dia a dia por refeições prontas, como sanduíches, salgados e biscoitos. “Estamos deixando nosso arroz com feijão para comer o fast-food”, aponta.
Infância nutritiva: Cynthia Howlett alerta que falta consciência em relação aos rótulos dos alimentos
Pais ausentes e compensação Também é inegável a mudança de comportamento da sociedade, com muitas mães e pais trabalhando fora sem conseguirem acompanhar de perto as refeições dos filhos, que sozinhos comem o que querem ou ficam sob os cuidados das babás, que também costumam alimentar-se mal. A esse contexto somam-se os pais, que, querendo agradar aos filhos, acabam cedendo às porcarias que as crianças adoram, como uma espécie de compensação.
Sedentarismo, mau exemplo e telas A nutricionista ainda acrescenta um ingrediente à receita: o sedentarismo. Basta pensar que as crianças, que corriam e brincavam na rua e nos playgrounds, hoje ficam mais tempo no computador e no smartphone. “A criança tem que fazer esporte e, em casa, ter uma rotina de alimentação saudável, com horários e com os pais presentes em alguma das refeições, sentados ao lado, dando exemplo, conversando. Não adianta falar para a criança não ficar no joguinho se você também não larga o celular”, diz Cynthia.
Introdução das verduras A dica da nutricionista com legumes e verduras é introduzi-los cedo e “insistir” nas tentativas, mudando as formas de preparo e apresentação. “A criança entra no mundo da imaginação, do lúdico, deve ser estimulada com a comida também. Vale esconder, misturar, falar do Popeye. Não dá para desistir porque ela não gostou”, salienta. Também é importante que os pais deem o exemplo, comendo verduras e legumes. “O adulto pode colocar no prato dele, comentar que aquilo está bom demais, uma delícia”, incentiva.
Café da manhã é mais importante? Já sobre a máxima de que o café da manhã é a refeição mais importante do dia, a nutricionista pondera: “Muitas crianças acordam sem fome, e não acho adequado forçálas a comer uma refeição completa. Logo cedo, o corpo ainda está acordando, o sistema digestivo está lento. O hábito do café da manhã completo pode não ser tão benéfico quanto parece”, conclui.
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4Debate
Meus cabelos
coloridos A moda do “rainbow hair”, com mechas tingidas de tons como rosa, azul e verde, está em alta entre as crianças. O resultado faz sucesso na internet, mas divide a opinião de especialistas. POR POR Sabrina Abreu
Momento de princesa: Manuela, de 3 anos e 10 meses, quis pintar os cabelos por causa dos desenhos que assiste na TV
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QUEM FREQUENTA GRANDES cidades do Brasil e do mundo sabe: cabelos com cores-fantasia (como rosa, azul e outros tons que não imitam o ruivo, o loiro ou os demais pigmentos naturais) já deixaram de ser novidade. É corriqueiro ver fios multicoloridos na cabeça de jovens e até de idosos. Mas e as crianças? Podem ou não podem aderir ao rainbow hair? Como o nome diz, a técnica deixa o cabelo todo colorido, lembrando o arco-íris que lhe dá o nome. Para obter o resultado, usa-se uma tinta não tóxica.
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Os pequenos que têm fios naturalmente claros podem mudar a cor apenas usando essa tintura. Já aqueles que têm fios mais escuros precisam descolorir – e é essa parte que divide a opinião de especialistas. Referência em São Paulo quando o assunto é rainbow hair, Rodrigo Silva, sócio do Novo Arte Estúdio de Criação, há anos abriu mão do tom natural do cabelo e sempre aparece com uma nova combinação. “Meu cabelo colorido faz o maior sucesso com as crianças, na rua ou no salão. Elas acham bonito, divertido”, conta.
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Tema unicórnio: Manuela Flaksbaum, de 5 anos, quis colorir o cabelo por causa da festa de aniversário
“Os sprays coloridos temporários são uma alternativa, mas, mesmo assim, é preciso observar a embalagem do produto e checar se o uso é indicado para crianças, além de dar preferência àqueles que são de origem vegetal”, ensina Lívia. Já Flávia Guglielmino, também dermatologista, é mais enfática em seu parecer: “Crianças abaixo de 6 anos não devem jamais descolorir os cabelos, porque sempre existe o risco de tocar a raiz e causar queimaduras graves no couro cabeludo, com sequelas permanentes. O fio do cabelo da criança é mais frágil, correndo grande risco de quebrar e danificar”. Inspiradas por super-heróis e princesas, crianças sempre tentaram se parecer com seu personagem favorito da TV. Os fios coloridos são um elemento de identificação, como a espada de plástico e o vestido longo brilhante. Mas, por se tratar de uma mudança física, vale a pena conversar com um profissional de sua confiança antes de decidir se vai ou não atender esse desejo do seu pequeno.
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FOTO: [1] GUTE GARBELOTTO; [2] ARQUIVO PESSOAL
Ele acredita que o desejo dos pequenos por novos tons no cabelo tem a ver com o mundo de fantasia que tanto os encanta. “Personagens como unicórnios e fadas fazem com que as crianças queiram mudar o cabelo”, diz. A estilista Suzi Cristina Lee, mãe de Bernardo, de 10 meses, e de Manuela, de 3 anos e 10 meses, deparou-se com o desejo da pequena por uma mudança no visual. “Ela está num momento bem de princesas. Tem a ver com os desenhos a que assiste. Num episódio do My Little Pony, os animaizinhos viram princesas de cabelo colorido. Tem ainda as garotas do Monster High”, explica. Como tem o cabelo bem escuro, por sua ascendência oriental, Manuela precisou descolorir os fios para receber os tons de verde e de pink que fizeram sua alegria. Foram poucas mechas, e a pintura ocorreu só nas pontas. “Achei legal, porque é algo lúdico, ligado à diversão, não à vaidade”, diz Suzi. Também chamada Manuela, a filha da fotógrafa Ornella Flaksbaum quis colorir o cabelo para comemorar o quinto aniversário, que teve festinha com o tema unicórnio. “Na escola e em todos os lugares por onde ela passou com o cabelo colorido, as pessoas elogiaram. Eu até pensei que eu seria criticada – já que muita gente gosta de opinar sobre as decisões de uma mãe –, mas só tive experiências boas”, revela Ornella. Para atender a miniclientela, Rodrigo Silva tem cuidados especiais: só usa tinta vegana, sem aditivos químicos e que, por isso mesmo, costuma sair bem rápido, a partir de 12 lavagens. Na hora da descoloração, não tem jeito: os produtos usados são mais agressivos. Desse modo, ele só aceita descolorir guardando uma distância de segurança da raiz. Elias Junior, conhecido como “alternative colorful”, colorista do Circus Hair, faz exatamente o mesmo procedimento. E, apesar de a tinta ser um produto hipoalergênico, ele realiza um teste de toque no antebraço da criança, por precaução. “Por ser longe da raiz, não dá problema. Mas se, mesmo assim, os pais tiverem medo, dá para matar a vontade da criança colocando apliques coloridos ou tingindo com sprays próprios para cabelo”, sugere. Como os fios das crianças são mais frágeis que os dos adultos, a dermatologista Lívia Pino não recomenda a coloração e alerta que, se optar pelo procedimento, o profissional deve sempre manter distância da raiz.
4na pracinha
Museu dos Brinquedos
Guimarães Rosa
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isitar o Museu dos Brinquedos é realizar um passeio nostálgico que resgata as nossas memórias divertidas da infância. Afinal, aquelas bonecas, ursos, carrinhos e uma infinidade de brinquedos especiais se parecem e muito com os que a nós pertenceram. Para os nossos filhos é um mundo novo, um espaço de estímulos sonoros, visuais e até sensoriais. O museu localiza-se em uma charmosa casa integrante do patrimônio histórico de nossa capital. O acervo é organizado por décadas (desde o início do século XX até os dias atuais). Durante a visita, em meio às cerca de 5.000 peças nacionais e importadas, 800 em exposição permanente, conhecemos réplicas dos brinquedos mais antigos
inventados pelo homem, além de exemplares produzidos nas fábricas durante a Revolução Industrial. A iniciativa surgiu de Luiza de Azevedo Meyer, “que sempre soube que o brinquedo é pavio da memória e centelha de alegria”. Colecionadora, guardou os brinquedos de toda a família e chegou a fazer exposições do acervo por diversos espaços na década de 90. A família fundou o Instituto Cultural Luiza Azevedo Meyer, que se transformou em Museu dos Brinquedos em 2006. O espaço promove brincadeiras de quintal e oficinas lúdicas e possui ainda um pátio para diversão e uma brinquedoteca para as crianças curtirem. Aos sábados, há uma programação especial, e, eventualmente, promovem-se atividades pelos espaços públicos da cidade – vale a pena acompanhar o museu nas redes sociais para não perder a diversão! Faça um convite para um pas-
seio envolvendo muitas gerações na família, será uma experiência superlegal.
QUER CONHECER? Av. Afonso Pena, 2.564 – Funcionários • 3261-3992 Ingressos: R$ 24 (inteira); R$ 12 (meia) Segunda a sexta, das 9h às 17h; Sábados e feriados, das 10h às 17h
O Na pracinha é um movimento que incentiva o tempo livre para o brincar na infância e o resgate da relação criança/cidade com a ocupação dos espaços públicos pelas famílias. O brincar e o contato com a natureza são fundamentais para a saúde física e mental da criança. Criado pelas mães Flávia Pellegrini e Miriam Barreto, o projeto promove eventos brincantes gratuitos e compartilha dicas de passeios pela capital mineira. www.napracinha.com.br
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FOTOS: CRIS NOLI
“Um menino nasceu – o mundo tornou a começar!”
Bebel Soares e o filho Felipe
FOTO: DEPOSITPHOTOS
O país que temos hoje
FOTO: MOACYR LOPES JUNIOR / MALAGUETA
4padecendo no paraíso
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iolência urbana, medo, assalto, corrupção, sequestro. Esse é o cenário do país que temos hoje. Andamos com medo, mas não fazemos nada. Nossa indignação termina quando pensamos que a mudança que poderia vir nos tiraria da nossa zona de conforto. Nossas soluções são individualistas, assim como nós e nossa mania de querer pensar apenas no nosso problema e viver no nosso universo-umbigo. Se tudo der errado, o que eu vou fazer? O que eu tenho feito? – Sair do país? – Me trancar em condomínios? – Usar carro blindado?
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– Não frequentar espaços públicos?
A questão não é concordar ou discordar, a questão é refletir e pensar na sociedade que queremos. Queremos mudanças? Queremos deixar tudo como está? Já diz a música Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero), do Rappa: "... paz sem voz Não é paz, é medo! (...) As grades do condomínio São pra trazer proteção Mas também trazem a dúvida Se é você que tá nessa prisão." Não queremos abrir mão de regalias, mas o preço disso é alto. Quem te assalta? Quem não tem acesso a uma
boa educação? Para quem a pobreza é conveniente? Temos que parar de pensar em questões pontuais e pessoais e pensar na influência das nossas escolhas no global. Enquanto não conseguirmos nos abrir para um pensamento coletivo, vamos continuar tendo o país que temos hoje. E que nossos filhos terão amanhã.
Bebel Soares é fundadora da plataforma de apoio a mães Padecendo no Paraíso. Na Canguru ela fala sobre educação, saúde, alimentação, sexo, inclusão e viagens. www.padecendo.com.br
FOTO: GUSTAVO ANDRADE
4para ler com seu filho
Qual é a sua, bicho? VOCÊ QUE ACOMPANHA a coluna Para Ler com Seu Filho já sabe que, a cada mês, escolho dois livros que tenham algo em comum: podem ser dois livros do mesmo gênero, ou formato, ou que tenham o mesmo tema – pássaros, lobos, amizades, vizinhos, autismo etc. Nesta edição, o que une os dois livros é o título, mas também a relação que ambos estabelecem entre os bichos e a infância. Mais do que isso não posso dizer, para não entregar o pulo do gato!
leo cunha e os filhos, Sofia e André
O garoto Otávio está encucado. O que é esta coceira na bochecha? O que são estes pelinhos duros pipocando em seu rosto? Por sorte o título já avisa que Otávio Não É um Porco-Espinho! Mas, um dia, um porco-espinho de verdade aparece para conversar com Otávio e levá-lo numa aventura de descobertas (ou seria um sonho?). Jean-Claude Alphen ilustra o livro em preto e branco, com pequenos detalhes coloridos e uma grande dose de nonsense e provocação, num estilo que lembra o mestre Shel Silverstein. É assim que acompanhamos, com curiosidade, as estranhas mudanças que acontecem com o corpo de Otávio (e, mais cedo ou mais tarde, de tantos leitores). SOBRE O AUTOR: Jean-Claude R. Alphen, paulista, já escreveu e/ou ilustrou quase cem livros e recebeu vários prêmios.
O recém-lançado Eu Sou uma Lagartixa traz uma história divertida, com um final bem-bolado e surpreendente. Daqueles finais que a gente fica pensando assim: como é que eu não adivinhei? Como é que eu não pensei nisso antes? Para não dar nenhum spoiler, basta dizer que a personagem principal é uma lagartixa muito esperta que, de repente, não consegue mais alcançar os mosquitos. Tenta daqui, tenta dacolá, será que ela vai resolver o problema? Ou quem sabe é mais fácil trocar o desafio? SOBRE OS AUTORES: Alexandre de Castro Gomes, carioca, é advogado, escritor e presidente da AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil). Cris Alhadeff, também carioca, é ilustradora e webdesigner, com dezenas de livros publicados para crianças e jovens.
Leo Cunha O escritor Leo Cunha publicou mais de 50 livros para crianças e jovens, como Um Dia, um Rio (Ed. Pulo do Gato) e Cachinhos de Prata (Ed. Paulinas). Recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Jabuti, Nestlé e João-de-Barro. leocunha@canguruonline.com.br
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IMAGENS: REPRODUÇÃO
EU SOU UMA LAGARTIXA, de Alexandre de Castro Gomes e Cris Alhadeff. Editora do Brasil, 2017.
OTÁVIO NÃO É UM PORCO-ESPINHO! Texto e ilustrações de Jean-Claude R. Alphen. Editora SM, 2015.
FOTO: GUSTAVO ANDRADE
4viagens, modo de usar
Mianmar, exotismo asiático
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tem construções arrojadas de civilizações que se foram. Tem mulheres que colocam argolas no pescoço para espichá-lo, tem milhares de monges que andam descalços ao mendigar comida. As pessoas usam pó de madeira para clarear a pele e se protegerem do sol. Tem muita arte em bambu e laca, tem canções que parecem ser da Idade da Pedra. Tudo isso arregala os olhos das crianças, estimula sua curiosidade e lhes ensina a diversidade do mundo. A maior parte da população é budista, mas há outras religiões por lá – por exemplo, os animistas. Eles acreditam que espíritos habitam as árvores, as cachoeiras, as montanhas. Isso me trouxe um sério problema. Ao escalar o Monte Popa, perto de Bagan, depois de quatro horas de caminhada na mata, eu não pude fazer xixi na trilha. Seria um absurdo desrespeito ao Nat, o espírito que mora no local. O guia rezou por alguns minutos, pedindo perdão à entidade pelo meu sacrílego ato fisiológico. Ainda bem que o espírito concordou, senão teria de voltar correndo ao hotel.
Yangon é a antiga capital do país, que foi colônia inglesa e se chamava Birmânia. Vale a pena visitar seu templo Shwedagon, que tem 2.500 anos. A gente dá uma volta no tempo. No Lago Inle, os homens remam os barcos com os pés. Garotos e garotas podem aprender o estranho ofício. As casas são palafitas, e os hotéis também. Nas margens, diversas espécies de bichos convivem com plantas que exalam perfumes que adocicam a atmosfera. Artesãos fabricam tecidos e roupas dignos de reis e rainhas. Mianmar só agora está sendo aberto ao turismo, depois que os militares começaram a passar o poder para os civis. É um território quase virgem para desbravar. E se encantar. Deixa um lastro de belas lembranças, tanto para adultos quanto jovens. Mianmar: você vai amar.
Luís Giffoni é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos. giffoni@canguruonline.com.br
FOTO: PORTAL DA COPA / EMBRATUR
EM MIANMAR, NO Sul da Ásia, crianças e adultos podem apreciar uma paisagem extraterrestre. Basta subir a torre de Bagan, cidade histórica no meio do país, e observar o pôr do sol entre 2.200 templos budistas com suas abóbadas marrons. Melhor ainda se o clima estiver seco, poeirento. O sol perderá a intensidade para assumir uma cor que banhará o conjunto em tons quase sanguíneos, de fora deste mundo. Para completar a viagem interplanetária, só falta uma nave cruzar o céu. Balão não vale. Dezenas circulam por lá, aproveitando a beleza do poente e do nascente, carregando os visitantes sobre as construções de mil anos. A viagem pelo espaço vale cada centavo. Crianças e adultos adoram a experiência. Mianmar é um país exótico. Tem praia tropical, tem o gelo do Himalaia. Tem um rio enorme que corta o país, o Irauádi (ou Irrawaddy), delicioso para nadar, tem floresta fechada. Tem campos de arroz em platôs escalonados, verdes de doer, tem a aridez do deserto. Tem tribo nunca contatada,
Luís Giffoni
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
4artigo | Fabiana Visacro
Adolescência infantil
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Com pequenas adaptações, conseguimos ensinar nossos pequenos a lidar com as frustrações e entender que existem regras.
xiste uma rebeldia precoce e que pode ser percebida na mais tenra idade: a adolescência infantil. É uma mudança no comportamento da criança que ocorre geralmente entre 1 ano e meio e 3 anos. O pequeno se dá conta de que é um indivíduo, começa a exercitar sua autonomia e luta para que os pais reconheçam isso – seja gritando, batendo ou até se jogando no chão. Toda essa birra vem à tona no momento em que as crianças querem ser independentes, pois elas já se sentem capazes de fazer coisas que para elas são importantes, como colocar uma blusa, calçar o chinelo, escolher com o que querem brincar, subir e descer da cama sozinhas. Mas nós, por proteção ou pressa, não permitimos que elas façam. A forma que encontram para expressar que estão indignadas, então, é com aquelas crises. Mesmo os filhos mais bonzinhos e tranquilos surpreendem os pais com ataques de choro, gritos e dizem “não” a tudo que é pedido. Aí entra a difícil – mas fundamental – tarefa de educar e colocar limites. Cabe aos pais ter muita calma e mostrar ao filho que esse comportamento não leva a nada. Tive clientes com filhos que, nessa fase, se incomodavam por não conseguirem pegar os próprios brinquedos ou escolher suas roupinhas. Para esses casos, sugeri uma bancada com gaveteiro, além de prateleiras acessíveis. Tudo personalizado para que a criança tives-
se autonomia para escolher o que vestir ou com o que se divertir, sempre levando em conta que é importante desenvolver o senso de organização. Estando tudo ao alcance das mãos e do olhar, a criança vai se sentir livre e passar por essa fase com menos estresse, já que vai poder localizar seus itens de interesse com mais facilidade. Com pequenas adaptações, conseguimos ensinar nossos pequenos a lidar com as frustrações, entender que existem regras e que nem tudo acontece na hora e da forma que querem. Se não buscarmos soluções, corremos o risco de a criança permanecer com esse comportamento por um período prolongado. Nossos filhos precisam entender que podem fazer escolhas, como o sabor do sorvete ou a cor da camiseta nova. Porém, outras não entram em negociação, como o uso da cadeirinha no carro e o horário de ir para a cama. Meu conselho é que você valorize os avanços do seu filho. Precisamos aceitar que eles crescem e estão descobrindo o mundo por seus próprios sentidos. Nosso papel é estar sempre por perto para sinalizar o que é certo ou errado e ajudar a descobrir novos caminhos.
Fabiana Visacro é psicóloga e designer de interiores.
Disfunção de Integração Sensorial (DIS), o que é isso? “MINHA FILHA DETESTA que eu penteie o cabelo dela, não deixa que prenda ou coloque qualquer enfeite, como laços e presilhas. Não consigo entender, parece que ela tem uma ‘gastura’ quando mexem no seu cabelo”. Você sabia que existe uma explicação clínica para comportamentos como esse, pouco conhecida pelos pais e até por muitos profissionais da saúde? Chama-se Disfunção de Integração Sensorial (DIS). Mas, para compreender o que é DIS, é necessário entender primeiro o que é Integração Sensorial (IS). IS é a habilidade de, através dos sentidos, receber as informações do ambiente, integrá-las com conhecimentos prévios e então emitir uma resposta adequada. Esse processo é dinâmico, acontece o tempo todo e de maneira harmônica, como quando seguramos um copo de vidro ou um copo descartável com a força ideal para que ele não caia ou deforme. Já na DIS, a informação do meio externo é recebida, mas não é interpretada pelo cérebro adequadamente, levando a uma resposta inapropriada. Por exemplo, quando colocamos muita força e amassamos o copo descartável por não termos percebido que, para segurá-lo, a força deve ser menor do que aquela utilizada para o copo de vidro. Crianças com DIS geralmente enfrentam dificuldades em suas ocupações (brincadeira, escola, participação social e autocuidado) e, por apresentarem respostas inadequadas às demandas ambientais, podem se passar por tímidas, sistemáticas, “frescas”, enjoadas, hiperativas, preguiçosas ou bagunceiras. É importante ter atenção a esses sinais!
Estas são algumas características comuns em crianças com DIS: » Negam-se a tocar texturas diferentes (grama, areia, tinta, cola etc.); » Apresentam dificuldade em se manterem sentadas; » Parecem desajeitadas e com pouca habilidade para jogos de montar/encaixar; » Evitam atividades motoras novas; » Não gostam das aulas de educação física; » Comem lápis, borracha e mastigam os cabelos; » São lentas; » Quando estão sentadas, apoiam a cabeça como se estivessem cansadas;
Crianças com DIS podem se passar por tímidas, sistemáticas, ‘frescas’, enjoadas, hiperativas, preguiçosas ou bagunceiras. » Apresentam dificuldade em utilizar a tesoura; » Escrevem com muita força ou fraco demais. O terapeuta ocupacional que trabalha com a abordagem de IS é o profissional mais indicado para tratar a DIS. Os atendimentos são realizados em um ambiente rico em estímulos sensoriais, onde se respeita a tolerância da criança e ela tem a oportunidade de experimentar e explorar seu corpo e as sensações de maneira lúdica e dirigida pelos seus interesses. Vale lembrar que a terapia só é indicada quando a DIS tem impacto no desempenho funcional da criança. Ou seja, quando ela apresenta dificuldade para desempenhar suas atividades no dia a dia.
Marcella Nunes Fernandes Rosa, 31, é terapeuta ocupacional graduada na UFMG. Atende crianças em seu consultório em Belo Horizonte, faz consultoria em escolas e ministra palestras e cursos de capacitação para pais e professores.
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Troféu mãe cris guerra e o filho, francisco
NATURAL, SEM ANESTESIA, de cócoras ou numa piscina no meio da sala de casa. De preferência, cantarolando My Way. Esse é o modelo de parto da atualidade, tempo em que todo ser humano tem uma certeza para ostentar. Muitas futuras mães começam a procura por médicos que abarquem essa proposta ainda na fase de planejamento da gravidez, e algumas se desapontam antes mesmo do primeiro exame positivo – quando ele vem, claro, porque não conseguir engravidar é a primeira das muitas possibilidades de frustração que envolvem a maternidade. Frustração, aliás, é palavra que já vem no pacote – mas há quem insista em ignorar o item como quem pede pra tirar o queijo do sanduíche (natural, diga-se de passagem). São mães que querem criar filhos no controle remoto, até descobrirem que o aparelhinho é “xing ling”: para de funcionar depois do primeiro tombo. Se ficaram para trás os tempos em que cada mulher tinha uma fórmula ideal para a criação de filhos, entramos na era em que a receita é uma só — e ai de quem improvisar. Ser mãe agora é planejamento de carreira, incluindo as planilhas de Excel, nas quais não cabe o acaso nem o incontrolável. Maternidade virou troféu. Quem se sacrifica mais? Quem está mais preparada? O que o seu filho leva para o lanche? A intensidade da dor é um dos quesitos da competição. Ser mãe anda sofrido demais. “Imagine, no meu tempo as fraldas eram de pano!”, dirão as avós e as bisavós, chegadas numa penitência. Mas o pacote de fraldas descartáveis de hoje vem com a culpa embutida – “que ecossistema vou deixar para o meu filho?”. Acontece que não dá para fazer uma omelete sem quebrar os ovos. Se as fraldas andam caras, o pacote-maternidade está impraticável. E o que se desembrulha primeiro é um leque de decepções, já que decidir
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ter um filho é estar constantemente à prova de imprevistos. O que nos traz a pergunta mais importante: que mãe preparará um filho para lidar com a realidade que ela mesma é incapaz de aceitar? Talvez, trocando experiências e falando sobre as reais dificuldades de se criar filhos, a mágica finalmen-
Maternidade virou troféu. Quem se sacrifica mais? Quem está mais preparada? O que o seu filho leva para o lanche? A intensidade da dor é um dos quesitos da competição. te possa acontecer. Talvez, dando-se as mãos, as mães possam fazer consigo mesmas o que fazem com seus filhos a duras penas: educarem-se para serem mais felizes. Está faltando uma disciplina na lição de casa dessas mulheres: entrega. Não há como levar a vida sem um bocadinho de fé. Criar filhos é o exercício diário da imperfeição. E ensinar nossos filhos a ser humanos – com todos os erros que essa condição inclui – talvez seja a lição mais preciosa que possamos deixar para eles. Tentar fazer o melhor é lindo. Mas usar a maternidade como medida é a maior prova de que precisamos crescer. Quer uma sugestão? Dispense o troféu e as expectativas: fique só com a criança. Vai ser bem mais leve seguir adiante.
Cris Guerra é publicitária, escritora e palestrante. Fala sobre moda e comportamento em uma coluna na rádio BandNews FM e a respeito de muitos outros assuntos em seu site www.crisguerra.com.br. Na Canguru, escreve sobre a arte da maternidade. crisguerra@canguruonline.com.br
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