ARAUÁ
- SE
M a p a M u n i c i p a l n a pág. 383 do 4.O Vol.
HIST6RICO - Na primeira metade do século XIX, o território onde hoje está situado o município de Arauá pertencia ao município de Estância. Segundo um trabalho do arauaense Dr. Urbano de Lima Neto, escrito por ocasião do centenário da cidade de Arauá - pelo meado do referido século, entre as bacias dos rios Limoeiro e Arauá, estendia-se um tabuleiro circundado por meia centena de engenhos de açúcar, e, por impróprios os seus terrenos à cultura avassalante de cana-de-açúcar, fora poupado pelos latifundiários vizinhos. Aí, contudo, estabeleceram-se, em sítios, alguns poucos moradores, cujo número de casas, por aquela época, não ia além de uma vintena. Sentindo então os prósperos e influentes senhores de engenho das redondezas a lonjura da sede do município (a cidade de Estância), "a boas quatro léguas, de caminho", onde, tão-sòmente, iam encontrar a igreja, a escola, o cemitério e outras instituições necessárias à vida humana, entenderam de criar ali mesmo, onde se achavam, um centro de vida social, capaz de proporcionar todos êstes recursos e talvez onde pudesse surgir matéria para as conversações, dos fins-de-semana, nas rodas políticas ou sociais da brilhante sociedade estanciana. Começaram por pleitear junto ao Presidente da Província a criação de uma subdelegacia, que, instituída por Ato de 2 1 de dezembro de 1854, foi instalada, no mesmo núcleo de sítios do tabuleiro, onde, se não havia nenhum arruado, representava o único agrupamento demográfico de alguma densidade, existente naquelas paragens e que, por ficar à margem do riacho da Parida, deram-lhe o nome de arraial da Parida. Sôbre as primeiras penetra~õesnaqueles terrenos, que devem ter-se dado nos tempos recuados da colonização da zona do Piauí, encontramos uma carta de sesmaria, datada de 5 de maio de 1596, expedida em favor de Sebastião de Brito e Francisco Soares, que obtiveram doação de terras ao sul do rio Piauí, testando "com a dada de Jerônimo da Costa que está fronteiro de Bogio, da banda do sul". Ficando a serra do Bogio próxima à cidade de Arauá, verifica-se terem sido talvez, êstes, os primeiros desbravadores do local, que, como vimos, por quase três séculos se-
Prefeitura Municipal
Vista parcial da cidade
guintes, permaneceu como região de fazendas de gado, de cultivo de cana, e de engenhos de açúcar. Fundado o distrito policial do arraial da Parida, os mesmos habitantes da região que estavam interessados em desenvolver ali um centro de vida social aproveitaram logo no ano seguinte um acontecimento singular que encheu de notícias as páginas dos jornais da época - a proclama~áo,pela Igreja Católica, do dogma da Imaculada Conceição - e, sem mais tardar, alteraram o nome de sua povoação, para arraial de Nossa Senhora da Conceição da Parida. Enquanto assim prestavam à Virgem a homenagem de espíritos cheios de fé, buscavam, no prestígio do nome, -conquistar para o lugar as graças dos podêres constituídos Após isto dirigem-se em abaixo-assinado à Assembléia Legislativa Provincial, pedindo "a criação de um capelão que se encarregasse de ensinar primeiras letras", sendo a petição recebida pela Assembléia, em sessão de 13 de abril de 1855 e transformada em projeto de lei que, votado em regime de urgência, foi aprovado sem debate em todas as discussões, até ''Redação final", em 1P de maio de 1855. Em 3 de maio do mesmo ano, pela Resolução n.O 423, foi criado o lugar de Capelão para o arraial. A escola foi criada um ano depois, pela Resolução de 22-3-1856. Pela Resolução nP 510, de 22 de junho de 1858, foi criado o distrito de Paz do povoado da Parida, com os limites marcados para a subdelegacia. Sentindo-se a falta de uma igreja para os atos do culto, que vinham sendo celebrados em casa particular, com escândalo dos sentimentos religiosos da época, os moradores do lugar resolveram construir o seu templo católico, cabendo a iniciativa a Joaquim José de Góis, José Félix do Nascimento e seu irmão Tibúrcio Manoel do Nascimento. O templo foi, porém, construído, mais ao norte do arraial, um quilômetro além, por não haver naquele Brea disponível para o planejamento de uma praça. Ficou, assim, transferida a povoação para o ligeiro planalto, onde hoje está a cidade e onde já havia um sobrado que era de propriedade e residência de Joaquim Góis. Em tôrno à igreja foi-se formando a praça com a edificaçáo de novas casas e, já em 1864, erigiu-se a povoação em freguesia, pela Resolução n.O 678, de 8 de junho daquele ano.