JOÃO PAULO DO NASCIMENTO LISBOA
INVENTÁRIO DE POPULAÇÕES DE AROEIRA (Schinus terebinthifolius Raddi.) NA REGIÃO DO BAIXO SÃO FRANCISCO, NO ESTADO DE SERGIPE.
SÃO CRISTÓVÃO - SE 2010
João Paulo do Nascimento Lisboa
INVENTÁRIO DE POPULAÇÕES DE AROEIRA (Schinus terebinthifolius Raddi.) NA REGIÃO DO BAIXO SÃO FRANCISCO, NO ESTADO DE SERGIPE.
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Florestal
São Cristóvão - SE 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - CCBS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS - DCF
INVENTÁRIO DE POPULAÇÕES DE AROEIRA (Schinus terebinthifolius Raddi.) NA REGIÃO DO BAIXO SÃO FRANCISCO, NO ESTADO DE SERGIPE
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Florestal.
APROVADA: 7 de julho de 2010 ORIENTADOR: Profa. Dra. Anabel Aparecida Mello
__________________________________ Profa. Dra. Anabel Aparecida Mello (Orientador)
________________________________ Profa. Dra. Laura Jane Gomes (Avaliador)
______________________________ Prof. Dr. Robério Anastácio Ferreira (Avaliador)
Dedico aos meus pais e irm茫o que testemunharam esta vit贸ria.
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer primeiramente a Deus, afinal sem Ele nada disso estaria ocorrendo, por ter guiado meus passos, fazendo com que eu tomasse as melhores decisões no decorrer do curso e em seguida a São Francisco de Assis pela sua interseção a meu favor. Agradeço a Deus novamente por ter escolhido a dedo essa mulher maravilhosa a quem eu devo tudo, que sempre esteve ao meu lado, apoiando, aconselhando e quando tudo parecia tão difícil lá estava ela para colocar novas energias e seguir sempre em frente. OBRIGADO MÃE! É claro que não podia esquecer do meu pai, uma pessoa especial, que sempre me ensinou o sentido da palavra honestidade, infelizmente ele não está mais entre nós, mas que sem dúvida nenhuma está muito feliz e torcendo por mim. OBRIGADO PAI! Queria agradecer ao meu irmão Mário Sergio, por sempre estar ao meu lado. Agradeço a minha namorada Jamile por ter sempre me dado força no decorrer do curso. Quero também agradecer aos meus primos Élcio, Edson Junior e Pancho, pessoas super do bem que sempre me apoiaram e deram dicas importantes nas rodas de cerveja sobre meu futuro como Engenheiro Florestal. Agradeço as minhas tias e tios (Edivaldo, Ivanete, Maria, Pedro e Tereza) pelo incentivo. Agradeço aos meus primeiros patrões (Edilene e João Araújo) pela incrível ajuda de possibilitar um horário alternativo, fazendo com que eu pudesse conciliar trabalho/estudo, parte disso é de vocês! Agradeço aos professores Anabel Aparecida Mello, Laura Jane Gomes e Robério Anastácio Ferreira pela responsabilidade e amor que têm pelo curso e por terem me ajudado a ser um profissional melhor. Gostaria também de agradecer aos recursos advindos do CNPq/MCT Projeto “Estratégias para o manejo sustentável da aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi.) no Baixo São Francisco SE/AL”. Agradeço ao Programa de Iniciação Científica Voluntária (PICVOL), da COPES – UFS, pela oportunidade de realizar esta pesquisa e por ser uma porta de entrada para a experiência dos estudantes com a pesquisa.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ i LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... iii RESUMO ............................................................................................................................. iv 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 3 2.1 Inventário florestal ........................................................................................................... 3 2.2 Manejo florestal: uma importante ferramenta para a sustentabilidade ............................ 6 2.3 Extrativismo: uma ameaça às florestas ............................................................................ 7 2.4 Características gerais da aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) .................................. 8 3 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 11 3.1 Localização da área de estudo ....................................................................................... 11 3.2 Reconhecimento da área ................................................................................................ 12 3.3 Caracterização da área ................................................................................................... 12 3.3.1 Aspectos sobre o relevo e a topografia ....................................................................... 12 3.3.2 Aspectos vegetativos .................................................................................................. 13 3.3.3Aspectos pedológicos .................................................................................................. 13 3.3.4 Aspectos climáticos .................................................................................................... 15 3.4 Tratamento digital dos layers (Tipos de Solo e Divisão Climática) .............................. 16 3.5 Amostragem .................................................................................................................. 17 3.6 Análises dendrométricas ................................................................................................ 20 3.6.1 Diâmetro médio geral ................................................................................................. 20 3.6.2 Altura média geral ...................................................................................................... 20 3.6.3 Média do número de troncos por indivíduo................................................................21 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 22 4.1 Amostragem .................................................................................................................. 22 4.2 Distribuição diamétrica e altura..................................................................................... 24 4.3 Análises dendrométricas ................................................................................................ 25 5 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 32 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 33 7 ANEXOS...........................................................................................................................37
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Estado de Sergipe com destaque para a área de estudo, localizado na região do Baixo São Francisco ....................................................................................................... 11 FIGURA 2 - Tipos de solos inseridos na região de estudo, localizada no Baixo São Francisco, SE ....................................................................................................................... 19 FIGURA 3 - Divisão climática inserida na região de estudo, localizada no Baixo São Francisco, SE ....................................................................................................................... 16 FIGURA 4 - Mapa destacando todas as parcelas instaladas no Baixo São Francisco, SE..19 FIGURA 5 - Mapa ampliado destacando as parcelas instaladas nos municípios de Propriá e Santana do São Francisco localizadas no Baixo São Francisco, SE....................................19 FIGURA 6 - Mapa ampliado destacando as parcelas instaladas nos municípios de Ilha das Flores, Brejo Grande e Pacatuba localizadas no Baixo São Francisco, SE..........................20 FIGURA 7 - Área recém desmatada na ilha do Dr. Antônio no município de Santana do São Francisco, SE ................................................................................................................ 22 FIGURA 8 - Área antropizada na ilha Aparecida, município de Neópolis, SE .................. 23 FIGURA 9 - Uso da terra na Ilha do Gudim, município de Ilha das Flores, SE ................. 23 FIGURA 10 - Freqüência por classe de diâmetro da aroeira, localizada na região do Baixo São Francisco, 2010 ............................................................................................................. 24 FIGURA 11 - Freqüência por classe de altura da aroeira, localizada na região do Baixo São Francisco, 2010.................................................................................................................... 25 FIGURA 12 - Média dos diâmetros das aroeiras por município, considerando apenas as parcelas com ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010..26 FIGURA 13 - Média dos diâmetros das aroeiras por município considerando também as parcelas sem ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010..27 FIGURA 14 - Média das alturas das aroeiras por município, considerando apenas as parcelas com ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010.27 FIGURA 15 - Média das alturas das aroeiras por município considerando também as parcelas sem ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010.28 FIGURA 16 - Média dos indivíduos de aroeira por município, considerando apenas as parcelas com ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010..29 FIGURA 17 - Média do número de indivíduos de aroeira, considerando também as parcelas sem ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010..30
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FIGURA 18 - Média de fustes por indivíduos de aroeira, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010 ............................................................................................................. 31 FIGURA 19 - Média do número de indivíduos de aroeira por hectare, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010 ............................................................................................. 31
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Distribuição dos tipos de solo em porcentagem nos municípios estudados, localizado na região do Baixo São Francisco, SE ............................................................... 17 TABELA 2 - Distribuição dos tipos de clima em porcentagem nos municípios estudados, localizado na região do Baixo São Francisco, SE................................................................17 TABELA 3 - Distribuição amostral nos municípios estudados, localizado na região do Baixo São Francisco, SE......................................................................................................22
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RESUMO
A aroeira (Schinus terebenthifolius Raddi) é uma espécie que apresenta diversas utilidades, principalmente com relação aos seus frutos, muito utilizados nas indústrias de alimentos e de cosmético. Devido essa utilização, a demanda pela pimenta rosa vem crescendo e empresas beneficiadoras de outros estados vêm para a região do Baixo São Francisco comprar os frutos da aroeira. Com a diminuição do pescado, os ribeirinhos da região acabaram se envolvendo com uma nova atividade geradora de renda em período sazonal, o extrativismo de coleta de fruto da aroeira, forma encontrada para movimentar a economia familiar. O presente trabalho teve como objetivo geral o inventário florestal das populações de aroeira. A área de estudo está localizada no estado de Sergipe, região do Baixo São Francisco, estendendo-se do município de Propriá até a foz, no Oceano Atlântico. Os dados utilizados para caracterização da área referente aos tipos de solos e divisão climática da região foram obtidos através do Atlas digital do Estado de Sergipe e processados utilizando o SIG Quantum GIS em sua versão 1.2.0 DAPHNIS. Além disso, realizou-se uma revisão bibliográfica visando caracterizar o relevo, topografia, vegetação, clima e solos da área com ocorrência de aroeira no estado. Verificou-se através da poligonização da área de estudo em cada município, que os solos Hidromórficos estão presentes na maior parte da região, totalizando 88,4996 Km² ou 25,5% da área de estudo e que 86,87% da região está localizada no agreste e 13,13% no semi-árido. Para a realização do inventário florestal, utilizou-se o método de amostragem aleatória simples, sendo que as amostras foram sorteadas após a confecção de uma malha de pontos sobre a área, dando-se prioridade para as áreas onde existe a coleta dos frutos da aroeira pelas populações ribeirinhas. No total foram alocadas 86 unidades amostrais de 600m² cada uma, onde em apenas a metade verificou-se a presença da aroeira. Os resultados encontrados foram: diâmetro médio de 8,02cm; altura média de 6,58m; média de 4 troncos por indivíduo; média de 5 indivíduos por parcela e consequentemente 81 indivíduos por hectare. Concluise que os municípios de Propriá, Ilha das flores e Pacatuba apresentaram a menor quantidade de indivíduos na área de estudo, indicando a necessidade de estratégias para o estabelecimento da conservação da espécie, assim como os outros municípios. Palavras-chave: Amostragem casual simples, Aroeira, Manejo florestal sustentado
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1 INTRODUÇÃO
A ocupação do Brasil deu-se ao longo dos mais de 500 anos de história recente por diferentes formas de exploração, o que levou à depleção e extinção de muitos recursos por utilizá-la como uma atividade laboral para garantir a reprodução social (CARVALHO, 2009). O Brasil apresenta dimensões continentais e várias formações vegetais, possuindo uma grande diversidade e quantidade de recursos vegetais e naturais, mas com o desmatamento de nossas vegetações naturais coloca em risco essa biodiversidade. Os produtos explorados de forma extrativista no Brasil são muitos e abrangem borrachas, gomas não elásticas, ceras, fibras, oleaginosas, tanantes, alimentícias, aromáticas, corantes, medicinais, tóxicas, madeira, caça, pesca, entre outras. No caso de alguns destes produtos, já evidencia-se o esgotamento das reservas existentes, caracterizando o impacto predatório e desordenado desta atividade (HOMMA, 1993) Além dos recursos advindos da madeira, existem também os não-madeireiros. Atualmente, os recursos florestais não-madeireiros consistem na principal fonte de renda e alimento de milhares de famílias que vivem da extração florestal em várias partes do mundo, sendo também elementos significativos da economia rural e regional em diversos países, portanto, crucial na vida diária da sociedade (VILLALOBOS e OCAMPO, 1997). Devido a essa importância é necessário que haja manejo sustentável para que a exploração dos recursos madeireiros e não-madeireiros seja coerente, pois é através dele que a floresta continuará oferecendo suas riquezas para as gerações futuras, já que a madeira e seus outros produtos são recursos renováveis (SOTREQ, 2010). De acordo com o site do Ministério do Meio Ambiente, o governo federal prevê a adoção de planos de manejo e a estruturação da produção extrativa, beneficiando a população da Amazônia Legal com medidas que visam garantir a produção e comercialização dos produtos não-madeireiros. Portanto o planejamento da utilização dos recursos florestais só será eficiente e logrará êxito, se for fundamentado em dados coletados, manipulados e analisados dentro dos padrões técnicos, que possam garantir uma decisão adequada e racional (PÉLLICO NETO e BRENA, 1997). No estado de Sergipe o problema com o extrativismo não é diferente do que acontece no restante do Brasil, podendo-se citar o caso da aroeira vermelha (Schinus
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terebinthifolius Raddi), onde seus frutos têm sido comprados na Região do Baixo São Francisco por empresários vindos do Espírito Santo para atender a demanda de produção e consumo do mercado internacional, voltada aos países da União Européia, Estados Unidos, Canadá e Argentina, sendo utilizada principalmente para as indústrias de alimentos de cosmético (JESUS, 2010). As principais atividades econômicas das comunidades que vivem no Baixo São Francisco são a pesca e a comercialização de artesanato, entretanto, devido à crescente diminuição do pescado, os pescadores das comunidades acabaram se envolvendo com uma nova atividade geradora de renda em período sazonal, o extrativismo de coleta de fruto da aroeira, forma encontrada para movimentar a economia familiar. O manejo, usos e saberes sobre a espécie (Schinus terebenthifolius Raddi) decorrem entre os extrativistas, predominantemente, do informado através dos representantes das indústrias processadoras e/ou exportadoras, sendo seus usos desconhecidos pelas comunidades locais (JESUS, 2010). Também segundo dados de Jesus (2010), no ano de 2008 os Estados de Sergipe e Alagoas atingiram juntos a produção de 30 toneladas, sendo que em 2009 a produção extrativista diminuiu, chegando a pouco mais de 3 toneladas, visto que o período de coleta se resumiu a duas semanas. Através do inventário florestal podemos quantificar e qualificar os indivíduos de aroeira presentes na área e também poder participar das estratégias de manejo para obter uma produção sustentada dos recursos florestais não-madeireiros (FILHO et al., 2003). O presente estudo foi realizado com o objetivo geral de inventariar as populações de aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi.) na região do Baixo São Francisco. Os objetivos específicos foram caracterizar a área de estudo, por meio de informações advindas de mapas sobre solo, vegetação, clima e relevo da região e analisar as variáveis dendrométricas das populações de aroeira, a fim de quantificar e qualificar os indivíduos.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Inventário florestal
O inventário florestal é um item obrigatório para qualquer plano de manejo, pois irá atuar como base para o planejamento dos recursos, fornecendo subsídios necessários para atividades exploratórias, quantificando e qualificando não só o instrumento de estudo, como também caracterizando a área que ele vai se desenvolver (SOARES et al., 2006). Péllico Neto e Brena (1997) salientam que os inventários se tornaram mais complexos com o advento da tecnologia e passaram a informar muito mais parâmetros do que simplesmente só o volume, o que permite quantificar e qualificar os indivíduos distribuídos na área de interesse. O inventário florestal é uma ciência que consiste de métodos específicos para a quantificação de madeira ou qualquer outro produto que se deseja estudar. Para isso é necessário explorar vastas áreas, às vezes tornando-se um processo muito difícil, devido a enorme quantidade de árvores que podem ser medidas. Quando isto ocorre, é preciso utilizar-se da amostragem que segundo Soares et al. (2006) trata-se da observação de parte da população, obtendo estimativas dos seus parâmetros. A amostragem permite obter estimativas precisas e exatas de diferentes parâmetros populacionais em menor tempo e custo. Existem vários tipos de inventários, no qual cada um deve ser escolhido de acordo com objetivo do trabalho que será realizado e do resultado esperado. Em planos de manejo este procedimento deve ser realizado com muita precisão, onde as estimativas podem ser obtidas por classe diamétrica (SOARES et al., 2006). Outro fator importante é avaliar qual será a precisão exigida para a execução do inventário, afinal todo trabalho é passível de erros e ainda mais quando se utiliza probabilidade (SANQUETTA et al., 2009). Por se tratar de amostragem, diversos são os erros que podem estar embutidos no processo, já que somente uma parte da população é avaliada. Além disso, podem ocorrer erros durante a medição dos indivíduos, erros esses mais complicados de identificar. Em florestas tropicais, dada a grande heterogeneidade de espécies presentes e da complexa distribuição espacial com que ocorrem, os erros de amostragem podem ser bastante altos quando se estimam parâmetros dendrométricos por espécie, notadamente para aquelas de baixa densidade por hectare. Esses erros tendem a aumentar na medida em
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que a quantidade de indivíduos da espécie diminui, podendo chegar ao ponto de gerar estimativas nada confiáveis para espécies consideradas de ocorrência rara (UBIALLI et al., 2009). Segundo Shiver e Borders (1996), três fatores podem provocar o aparecimento do erro de amostragem: o tamanho da amostra, a variabilidade das unidades de amostra dentro da população e o método de seleção das unidades de amostra. Pensando-se por este lado verifica-se que, com o aumento do tamanho das amostras, consequentemente a porcentagem de erro irá diminuir. Na literatura, não há muitas informações referentes ao tamanho ideal das unidades amostrais, afinal irá depender do agrupamento das árvores, do custo da pesquisa e da precisão das estimativas. De acordo com Schreuder et al. (1993), a unidade amostral tem que ter um tamanho suficiente para incluir um número de árvores que represente bem uma determinada área. Existem diferentes métodos para que se possa inventariar uma população florestal, como a amostragem casual simples, a amostragem casual estratificada, a amostragem sistemática, a amostragem em multiestágios, a amostragem em ocasiões sucessivas e a amostragem em conglomerados, entre outras.
a) Amostragem casual simples De acordo com Soares et al. (2006), neste método cada unidade amostral de uma área tem a mesma probabilidade de ser escolhido, não importando os demais. Primeiramente é necessário subdividir o povoamento em áreas (parcelas, blocos, pontos, etc.) menores, enumerando cada um, sendo que o sorteio das amostras pode ser feito de várias maneiras (sorteio de coordenadas, sorteio de números, sorteio de parcelas, etc). É um método muito eficiente, embora a desvantagem consista no caminhamento entre as unidades, já que podem ocorrer muito distantes umas das outras, sendo indicado para povoamentos mais homogêneos. Husch (1971) considera que a amostragem aleatória elimina os erros sistemáticos ao eleger as unidades de amostras, além de permitir a quantificação do erro amostral. Esses fatores se constituem na grande vantagem do processo aleatório em relação ao sistemático. Silva (2002) realizou um levantamento de seringueira (Hevea brasiliensis) na floresta estadual do Antimari, localizada no estado do acre. O método de amostragem foi inteiramente aleatória englobando 24 estradas de seringa, onde toda a estrada de seringueira foi percorrida e identificadas todas as seringueiras, podendo-se concluir que 4
quando o enfoque for seringueira, o uso de estradas de seringa é bastante representativo a área.
b) Amostragem sistemática É uma metodologia bastante prática e rápida pelo fato das unidades amostrais serem selecionadas através de um esquema previamente estabelecido de sistematização, com o propósito de cobrir a população, em toda a sua extensão (LOETSCH et al., 1973). É muito utilizado em populações homogêneas, sendo que somente a primeira parcela será ao acaso e as demais distribuídas segundo uma mesma orientação, ou seja, segundo uma distribuição espacial equitativa ou mecânica a partir da primeira (SANQUETTA, 2009) Segundo Husch et al. (1993), outras razões justificam o uso deste método, como: redução de custos pelo caminhamento, a facilidade de seleção das unidades amostrais e a maior facilidade na alocação das parcelas no campo por estarem distribuídas uniformemente. Freese (1962) salienta que quando se utiliza a amostragem sistemática espera-se que uma unidade amostral deliberadamente distribuída numa população será mais representativa do que uma unidade aleatória, possibilitando estimativas mais precisas.
c) Amostragem casual estratificada A amostragem casual estratificada é muito utilizada em povoamentos heterogêneos, que apresentam variações quanto às espécies, idades, espaçamentos, topografias, entre outros. Esse tipo de amostragem consiste na subdivisão da população em estratos, afim de que suas características se tornem mais parecidas. A distribuição das unidades dentro de cada estrato será realizada de forma aleatória, sem qualquer tipo de tendência ou influência (SOARES et al., 2006). O autor ressalta ainda que em termos de inventário florestal, a amostragem estratificada será mais eficiente se a variabilidade dentro de cada estrato for menor que aquela considerando a população toda.
d) Amostragem em dois estágios É a forma mais simples da amostragem em múltiplos estágios, que consiste em dividir uma determinada área em unidades amostrais primárias e estas são subdivididas em unidades amostrais secundárias, representando o primeiro e segundo estágios 5
(SANQUETTA et al., 2009). O mesmo autor afirma que este método é indicado para áreas muito extensas, onde há problemas de acesso e deslocamento dentro da floresta. Já Hernandez Filho et al. (1993) ressaltam que este método é adequado para ser utilizado em nível regional e requer a utilização de uma técnica de amostragem para se estabelecer um estimador de volume. Este método também é conhecido como probabilidade proporcional à grandeza (PPS) ou como probabilidade proporcional à predição (3P). Estas técnicas consistem na seleção de unidades primárias de amostragem para o primeiro estágio e na retirada de uma série de subamostras para serem amostradas em estágios subseqüentes.
e) Amostragem em conglomerado Este método é uma variação da amostragem em dois estágios, onde o segundo estágio é sistematicamente organizado dentro do primeiro estagio, reduzindo os custos de locomoção e de amostragem, oferecendo melhor controle no trabalho de campo devido as unidades serem menores, tendo como ponto negativo apresentar valores muito aproximados das unidades dentro conglomerado, em relação às variáveis que estão sendo estudadas (SANQUETTA et al., 2009). A maneira mais comum de execução desse processo é quando é feita a prévia alocação das quatro subunidades dentro das unidades primárias, formando uma espécie de cruz, oferecendo grande vantagem de instalação e medição.
2.2 Manejo florestal, uma importante ferramenta para a sustentabilidade
A história do manejo florestal está relacionada à história da silvicultura e do desenvolvimento formal das ciências florestais. Em 1112 a.c. o imperador chinês contratou silviculturistas para cuidar dos desbastes, poda e limpeza dos povoamentos florestais. Embora tenha sido na China há vários séculos que o manejo de florestas tenha se iniciado, foi na Europa central, principalmente Alemanha, onde os primeiros experimentos silviculturais foram desenvolvidos para determinar qual seria a produtividade máxima que as florestas temperadas da região poderiam chegar a um regime de manejo (FAZENDASBRASIL, 2010). Ao longo dos anos a definição de Manejo Florestal deixou de ser puramente técnica e com significado somente para as florestas. De acordo com Azevedo (2006) o Manejo
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Florestal passou a ser entendido dentro do contexto da “Agenda 21”, que trata de orientar a atividade do homem e das futuras gerações com base no desenvolvimento sustentável. De acordo com o IBAMA (2002), o manejo florestal é definido como à administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. CAVALCANTI (1998) salienta que a sustentabilidade significa a possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema. Segundo CHAMBERS e CONWAY (1992) a sustentabilidade ambiental estaria ligada, de acordo com o pensamento tradicional, à preservação ou aprimoramento da base de recursos produtiva, principalmente para as gerações futuras. Do ponto de vista ecológico, todos os ecossistemas naturais permanentes tendem a ser sustentáveis, por estar em equilíbrio. Portanto, deve-se entender que, qualquer produção econômica baseada no uso dos recursos naturais será insustentável em longo prazo, se estiver degradando o ecossistema (POGGIANI, 1998). À definição de indicadores de sustentabilidade torna-se então importante, que possam servir de referência para a avaliação dos fragmentos e recuperação de áreas degradadas quanto à sua capacidade de conservação das populações das espécies neles existentes (GANDARA e KAGEYAMA, 1998).
2.3 Extrativismo: uma ameaça às florestas
Desde o período da colonização do Brasil pelos portugueses que sementes, frutos e madeira são explorados. Segundo Gomes (1998), depois da década de 70, a utilização de plantas com fins medicinais cresceu muito, produtos oriundos do extrativismo com diversas utilidades e finalidades serviram para a produção de medicamentos até alimentos. Pesquisas realizadas no continente africano indicam a tendência de extinção de varias espécies devido o excesso de coletas, resultado da necessidade urbana atual pelo uso de plantas com propriedades medicinais, reforçando a necessidade de se apurar no futuro os impactos da ação das populações que utilizam a flora local (AZEVEDO E SILVA, 2006).
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Para Homma (1993) o extrativismo é entendido como forma primária de exploração econômica, no qual a coleta de produtos existentes na natureza apresenta baixa produtividade ou produtividade declinante, decorrente do custo de oportunidade do trabalho próximo do zero ou devido a sua extinção com o decorrer do tempo (HOMMA, 1993). O extrativismo define-se por um ciclo econômico em que primeiramente ocorre um aumento advindo do crescimento da exploração, podendo os estoques disponíveis chegar ao máximo, apresentando um declínio devido ao aumento da demanda. Nesse período ocorre o início do plantio domesticado, sendo uma atividade fadada ao fracasso (HOMMA, 2000). De acordo com Gomes et al. (2004) a planta pode até deixar de ser procurada pelo mercado à medida em que for sendo substituída por outra espécie que esteja passando por um processo de domesticação, podendo ocorrer que o extrativismo seja esquecido, acabando a pressão sobre o recurso ou provavelmente continue sendo explorada de forma extrativista pelas empresas que deixaram de investir na domesticação da espécie substituta. O extrativismo da aroeira surge a partir do avanço do capital sobre os recursos naturais e para atender a demanda da indústria que processa os frutos (JESUS, 2010). De acordo com o mesmo autor, no caso da região do Baixo São Francisco as várias localidades onde se dá a prática extrativista da aroeira apresentam contradições, desigualdades sociais e a degradação socioambiental, gerando diversos conflitos.
2.4 Características gerais da aroeira
A aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) pertence à origem familiar ou divisão Tracheophyta, da classe Magnoliopsida, da ordem Sapindales, da família Anacardiaceae, gênero Schinus, espécie terebinthifolius, divisão da espécie Raddi (DALCIN, 2001; KATZER, 2002). É uma espécie pioneira e agressiva, nativa do Brasil, localizada numa faixa que se estende do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Possui diferentes nomes a variar da região que se encontra, podendo ser chamada de aroeira vermelha, aroeira-pimenteira e pimenta brasileira. Embora conhecida por esses nomes, não tem nenhum parentesco com a família das pimentas, mas sim, com a manga (Mangifera indica), o caju (Anacardium occidentale) e outras anacardiáceas frutíferas (LENZI e ORTH, 2004).
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De acordo com Carvalho (1994) a aroeira se encontra em vários locais da Europa, Estados Unidos e da America do Sul principalmente no Paraguai, Uruguai e nordeste da Argentina. Essa espécie está presente em grande quantidade na beira de rios fato que mostra o poder de distribuição, ocorrendo em vários habitats (LORENZI e MATOS, 2002; LORENZI, 2008). O alto poder de rebrota e a facilidade que tem de se adaptar a qualquer tipo de clima e solo, faz com que tenha uma enorme plasticidade ecológica (FLEIG e KLEIN, 1989). A aroeira-vermelha apresenta-se na forma de arbustos com 2-3 m de altura, às vezes arborescentes, chegando até a 8 m de altura, a depender da formação vegetal encontrada (TOTTI e MEDEIROS, 2006). O tronco atinge, geralmente, 10-25 cm de diâmetro e as ramificações formam uma copa bem desenvolvida (FLEIG, 1989). Hoje em dia, a exploração da madeira ocorre por ser moderadamente pesada, resistente e de grande durabilidade natural, sendo cortada para utilização como mourões, esteios, lenha, carvão e cercas (LORENZI, 1998). Está espécie possui folhas compostas imparipenadas, folíolos obovados, membranosos e glabros, de coloração verde-escura (TOTTI e MEDEIROS, 2006). De acordo com Corrêa (1926) citado por Totti e Medeiros (2006) a aroeira é composta de flores melíferas, dispostas em panícula de 5-10 cm de comprimento, de coloração amarelo-claro, sendo que o período médio de florescimento está entre os meses de novembro a março, frutificando logo após. Apresenta uma grande produção de sementes, sendo que a dispersão por pássaros é a mais observada (PALAZZO e BOTH, 1993). Suas sementes, quando semeadas logo após a colheita em canteiros a pleno sol e com substrato argiloso, apresentam emergência em 10-15 dias com uma taxa de germinação superior a 50% (LORENZI, 1998). Esta espécie apresenta seus frutos agrupados em cachos, variando sua coloração que vai do rosa claro ao vermelho vivo. Atualmente, seus frutos desidratados têm sido muito procurados para abastecer os mercados nacionais e internacionais, por possuir um aroma refinado e um sabor adocicado, levemente apimentado, podendo ser utilizado tanto moído, como usar os grãos inteiros (LENZI e ORTH 2004). A presença de outros compostos, óleos essenciais, taninos e flavonóides são produzidos através do seu metabolismo secundário distribuídos em teores e composições variáveis nas diferentes partes vegetais, como cascas, tronco, frutos e folhas, sendo utilizados nas indústrias de alimentos, de curtimento de couro, de perfumaria e de cosmética (LAWRENCE, 1984; QUEIRES e RODRIGUES, 1998). 9
A aroeira vermelha também é utilizada como medicamento, onde o uso dos metabólicos secundários presentes na planta vem ajudando no tratamento de diversas doenças como inflamações uterinas, na cicatrização de feridas, doenças do sistema respiratório e urinário, úlceras entre outras que estão sendo pesquisados, apresentando ação antiinflamatória, antimicrobiana e adstringente (GUERRA et al., 2000). Devido à aroeira-vermelha apresentar um crescimento rápido ela se torna recomendada para plantios de reflorestamento ambiental, recuperação de áreas degradadas nos estágios iniciais e médios, estabilização de dunas, plantio às margens de reservatórios de hidroelétricas, diversificação agrícola, além das já mencionadas propriedades alimentícias, fitoquímicas e medicinais (FERRETI et al. 1995).
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3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Localização da área de estudo
A área de estudo está localizada no estado de Sergipe, na região do Baixo São Francisco, estendendo-se do município de Propriá até a foz, no Oceano Atlântico (Figura 1). O sistema de projeção utilizado no mapa é UTM “Universal Transverse Mercator” e o retângulo envolvente em Coordenadas Geográficas é constituído pelos seguintes pontos: Longitude 1: 36° 52’ 23,32’’, Latitude 1: 10° 33’ 40,9’’, Longitude 2: 36° 20’ 40,40’’; Latitude 2: 10° 9’ 1,77’’, totalizando uma área de 347,084 km².
FIGURA 1 - Estado de Sergipe com destaque para a área de estudo, localizado na região do Baixo São Francisco. FONTE: Luciano Lima Santana, 2009.
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3.2 Reconhecimento da área
Em outubro de 2009, foram feitas excursões a campo, a fim de reconhecer as áreas a serem inventariadas escolhidas em função dos locais de coleta apontadas pelos extrativistas da região e verificar as características da vegetação. A etapa de levantamento de informações envolveu uma coleta extensiva de material bibliográfico. Em busca do conhecimento sobre as características fisiográficas da região, foram examinados trabalhos desenvolvidos anteriormente que abordam sobre a temática estudada, feito nas bases de elementos textuais e referenciais disponíveis na biblioteca e na internet, que serviu para fornecer uma visão geral das características encontradas na região do Baixo São Francisco.
3.3 Caracterização da área
Para caracterizar a área, além da busca por informações bibliográficas também foi utilizado o SIG Quantum GIS em sua versão 1.2.0 DAPHNIS, como uma ferramenta para o tratamento dos layers contidos no Atlas digital do Estado de Sergipe (SERGIPE, 2004), composto de imagens disponíveis da região. Com o tamanho total da área de estudo e os mapas temáticos de solo e divisão climática do Atlas digital do Estado de Sergipe, a caracterização constou-se da poligonização dos layers dentro da área de estudo, quantificando através de uma regra de três, em extensão e percentual cada tipo de solo e divisão do clima, por município.
3.3.1 Aspectos sobre o relevo e a topografia
A altitude do Baixo São Francisco varia do nível do mar até 200 m, embora, na periferia, algumas serras atinjam 500m. Destacam-se a planície costeira com altitude inferior a 100m e tabuleiros do Grupo Barreiras com altitude entre 100 e 200m (CODEVASF, 2006). De Paulo Afonso (Bahia) em diante, a calha principal corre apertado nos paredões do canion, com não mais do que 200 metros de largura e profundidade de cerca de 80 metros. Daí alcança o Estado de Sergipe, passando pelos municípios de Canindé do São
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Francisco, onde se encontra a barragem de Xingó, Poço Grande, Porto da Folha, Propriá, Carrapicho, Neópolis e Brejo Grande (VALEDOSÃOFRANCISCO, 2009). A maioria das áreas do Vale apresenta declividade inferior a 6%, havendo uma predominância de declividades inferiores a 2%. Essa situação reduz os riscos de erosão e é bastante favorável à irrigação (CODEVASF, 2006).
3.3.2 Aspectos vegetativos
No que se refere à vegetação natural, constatou-se um elevado grau de dependência em relação ao clima, sendo que a topografia e a natureza do solo também afetam a distribuição da vegetação natural, na medida em que condicionam o volume de água retido pela terra. De acordo com as condições naturais, observou-se dois tipos principais de vegetação: caatinga no trecho mais alto e mata na região costeira (CODEVASF, 2006). No Baixo São Francisco predomina uma formação vegetal própria de terrenos alagadiços cujas espécies, na grande maioria, têm frutos ou sementes que fazem parte da alimentação dos peixes de água doce (VALEDOSÃOFRANCISCO, 2009).
3.3.3 Aspectos pedológicos
Os solos da região semi-árida são rasos e logo abaixo existe uma camada de rochas que os geólogos denominam de cristalino. Essa base ocupa 60% do semi-árido, por isso é que os rios da região são intermitentes, porque não havendo capacidade de acumulação de água, rapidamente ocorre saturação e a água passa a escorrer para as partes mais baixas. Tão
logo
cessadas
as
chuvas,
também
é
parado
o
escoamento
superficial
(VALEDOSÃOFRANCISCO, 2009). De acordo com o Atlas digital do Estado de Sergipe, verificou-se diferentes tipos de solos na área de estudo, como: Solos Litólicos (SL), Solos Aluviais (SA), Podzólicos Vermelho Amarelo (PVA), Solos Hidromórficos (SHi), Podzol (P), Solos Arenoquartzosos profundos (SAP) e Solos Halomórficos (SHa) (Figura 2). Os solos do tipo SL possuem horizonte A ou hístico, assentes diretamente sobre a rocha ou sobre o horizonte C ou Cr ou sobre material com 90% (por volume) ou mais com massa constituída por fragmentos de rocha com diâmetro maior que 2 mm (cascalhos, calhaus e matacões), que apresentam um contato lítico típico ou fragmentário dentro de 50cm da 13
superfície do solo. Admite um horizonte B em início de formação, cuja espessura não satisfaz a qualquer tipo de horizonte B diagnóstico (EMBRAPA, 2006).
Os solos do tipo PVA são bem desenvolvidos e bem drenados, normalmente ácidos, contendo um horizonte A fraco ou moderado sobre um horizonte B com concentração de argila de baixa atividade. Normalmente são distróficos, ou seja, com baixa fertilidade natural, embora apareçam por vezes, com fertilidade média e alta (eutróficos). Apresentam textura que pode ir de média a muito argilosa (VIEIRA, 1988). Os solos do tipo SA são solos derivados de sedimentos aluviais e que apresentam caráter flúvico. Se ocorrerem abaixo do horizonte A devem estar a profundidades superiores a 150 cm (EMBRAPA, 2006). Os solos do tipo SHi são solos predominantemente Glei Húmico e Glei pouco Húmico. Esta designação refere-se à localização do solo em relação ao curso d’água. Solos mais próximos à cursos d’água são do tipo Glei pouco Húmico, enquanto os que estão mais distantes dos corpos d’água são Glei Húmico. Esses solos são solos argilosos e mal drenados e ocorrem em planícies aluviais, de relevo plano, apresentando maior elevação ao longo da margem do curso d’água (PACHECO, 2003). Os solos do tipo P compreendem solos constituídos por material mineral com horizonte B espódico subjacente a horizonte eluvial E (álbico ou não), ou subjacente a horizonte A, que pode ser de qualquer tipo, ou ainda, subjacente a horizonte hístico com espessura insuficiente para definir a classe dos Organossolos. Apresentam, usualmente, sequência de horizontes A, E, B espódico, C, com nítida diferenciação de horizontes (EMBRAPA, 2006). Os solos do tipo SHa são desenvolvidos a partir de sedimentos marinhos e fluviais com presença de matéria orgânica e que ocorrem em regiões de topografia plana na faixa costeira sob a influência constante do mar. Todas as classes de solos dessas áreas estão associadas à influência marcante da água, podendo ocorrer: Areias Quartzosas Marinhas e Podzóis hidromórficos (em terraços arenosos), solos Gley, Orgânicos com tiomorfismo e solos Aluviais, principalmente da era Cenozóica (EMBRAPA, 1978; LANI, 1998). Os solos agricultáveis desta zona são os latossolos, podzólicos e hidromórficos. Os latossolos e os podzólicos se situam em tabuleiros elevados, limitando a implantação da agricultura irrigada. Os hidromórficos, situados em várzeas inundáveis, se constituem no maior potencial agrícola do Baixo São Francisco, excetuando-se as unidades que apresentam problemas químicos (CODEVASF, 2006).
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FIGURA 2 - Tipos de solos inseridos na região de estudo, localizada no Baixo São Francisco, SE. FONTE: Atlas digital do Estado de Sergipe, 2004.
3.3.4 Aspectos climáticos
A região apresenta os tipos climáticos Aw e Bsh da classificação internacional de Köppen (PEEL, 2007). De acordo com o Atlas digital do Estado de Sergipe, verificou-se dois diferentes tipos de climas na área de estudo: o Semi-árido e o Agreste (Figura 3). A temperatura média anual é de 26 ºC, com uma evaporação de 2.300 mm anuais e uma precipitação média anual variando de 800 a 1300 mm. As chuvas ocorrem de março a setembro, ou seja, no inverno, enquanto no restante do Vale as chuvas se verificam no verão. Nessa região ocorre também uma nítida mudança na distribuição anual das chuvas, já que nas proximidades do oceano elas se distribuem por todo o ano, embora mais concentradas no outono e inverno, enquanto que, no seu interior, os meses chuvosos são os de verão (CODEVASF, 2006).
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FIGURA 3 - Divisão climática inserida na região de estudo, localizada no Baixo São Francisco, SE. FONTE: Atlas digital do Estado de Sergipe, 2004.
3.4 Tratamento digital dos layers (Tipos de Solo e Divisão Climática)
Os resultados obtidos após a poligonização do layer “Tipos de Solo” na área de estudo de cada município estão apresentados na Tabela 1. Observou-se que os solos Hidromórficos estão presentes em grande parte da região, totalizando 88,4996 Km² ou 25,5% da área de estudo. Já os solos Litólicos estão presentes em pequena quantidade, localizando-se exclusivamente no município de Propriá, com cerca de 5,6718 Km² ou 1,63% da área total.
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TABELA 1 - Distribuição dos tipos de solo em porcentagem nos municípios estudados, localizado na região do Baixo São Francisco, SE. Tipos de solos
Propriá
Neópolis
Santana do
Ilha das
Brejo
São Francisco
Flores
Grande
Pacatuba
Solos Aluviais (SA)
77,76%
20,85%
30,94%
9,91%
-
-
Solos Litólicos (SL)
14,3%
-
-
-
-
-
Podzólicos Vermelho
7,92%
42,88%
69,05%
-
-
-
Solos Hidromórficos (SHi)
-
34,22%
-
39,58%
37,85%
1,98%
Podzol (P)
-
2,03%
-
31,37%
9,66%
20,19%
Solos Arenoquartzosos
-
-
-
19,14%
27,66%
72,2%
-
-
-
24,83%
5,63%
Amarelo (PVA)
profundos (SAP) Solos Halomórficos (SHa)
Os resultados obtidos após a poligonização do layer “Divisão Climática” na área de estudo de cada município são apresentados na Tabela 2. Observou-se que 86,87% da área de estudo estão localizadas na região de agreste e 13,13% presente no semi-árido.
TABELA 2 - Distribuição dos tipos de clima em porcentagem nos municípios estudados, localizado na região do Baixo São Francisco, SE. Município
Semi-árido
Agreste
Propriá
80,35%
19,64%
Neópolis
1,35%
98,65%
Santana do São Francisco
-
100%
Ilha das Flores
-
100%
Brejo Grande
-
100%
Pacatuba
-
100%
3.5 Amostragem
Após as viagens de reconhecimento da área, realizadas em outubro de 2009, optouse pela utilização da amostragem casual simples para a distribuição das parcelas, devido os indivíduos de aroeira se apresentarem bastante dispersos. Utilizou-se o software Quantum GIS em sua versão 1.2.0 DAPHNIS para a criação da malha que serviu para a escolha das unidades amostrais. Para isso, foi preciso utilizar as 17
coordenadas dos extremos (sul/oeste e norte/leste) e o tamanho das parcelas (20x30m). Feito isso, a malha foi sobreposta sobre o layer da área de estudo e através de um sorteio aleatório foram definidas as parcelas a serem medidas em campo, sendo que as mesmas foram alocadas nas áreas onde detectou-se coletas intensivas do fruto. Com os pontos georeferenciados, a identificação das parcelas em campo se deu com auxílio de um GPS. A intensidade amostral foi determinada de acordo com o tamanho de cada área de coleta com o objetivo de captar a variabilidade dos indivíduos de aroeira. Com isso, foram alocadas 22 parcelas no município de Propriá (englobando as ilhas de Assis, Formosinha, Mussuípe, Morro Vermelho e Pindoba), 17 parcelas no município de Santana do São Francisco (englobando as ilhas do Dr. Antônio, Saudinha, de Zé Moura, do Padre, de São Pedro/Pirão d’água/Pedra de São Pedro e a Várzea do Valentim), 17 parcelas no município de Neópolis (englobando as ilhas do Jegue, de Zequinha Barbosa, sem identificação do nome II, Aparecida, Aparecida II, do Sr. Fernando e o Povoado Passagem), 24 parcelas no município de Ilha das flores (englobando as ilhas do Sr. Pereira, do Serrão, sem identificação do nome, da Croa, do Gudim, a cidade de Ilha das Flores e o povoado Aroeiras), 5 parcelas no município de Brejo Grande (englobando a cidade de Brejo Grande e os povoados de Brejão e Saramém) e 1 parcela no município de Pacatuba (englobando o povoado de Brejão do Itioca). Foram medidos a CAP (circunferência à altura do peito – 1,30m) e a HT (altura total) de cada indivíduo com CAP > 10cm, utilizando fita diamétrica e vara telescópica, respectivamente. Os dados obtidos em campo por meio do inventário florestal foram digitados e compilados em planilha Excel para realização das análises. Utilizou-se também o software MapSource em sua versão 6.13.7 para a descrição de todas as parcelas instaladas na região do Baixo São Francisco (Figura 4, 5 e 6).
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FIGURA 4 - Mapa destacando todas as parcelas instaladas no Baixo São Francisco, SE. FONTE: Luciano Lima Santana,
2010.
FIGURA 5 - Mapa ampliado destacando as parcelas instaladas nos municípios de Propriá e Santana do São Francisco localizadas no Baixo São Francisco, SE. FONTE: Luciano Lima Santana,
2010.
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FIGURA 6 - Mapa ampliado destacando as parcelas instaladas nos municípios de Ilha das Flores, Brejo Grande e Pacatuba localizadas no Baixo São Francisco, SE. FONTE: Luciano Lima Santana,
2010.
3.6 Análises dendrométricas
De acordo com os dados dendrométricos obtidos em campo, foram calculadas as médias do número de indivíduos por parcelas medidas, do número de indivíduos por parcelas totais, do número de indivíduos por hectare, além do diâmetro e altura média geral e a média do número de troncos por indivíduo, onde as fórmulas estão mostradas a seguir.
3.6.1 Diâmetro médio geral
Ʃ Média DAP de cada parcela / NP Onde: DAP = Diâmetro à altura do peito, 1,30m; NP = Número de parcelas medidas.
3.6.2 Altura média geral 20
Ʃ Média HT de cada parcela / NP Onde: HT = Altura Total; NP = Número de parcelas medidas.
3.6.3 Média do número de troncos por indivíduo
Ʃ Número de troncos / Número de árvores Onde: Número de troncos = número de troncos que ocorrem em cada indivíduo (bifurcações).
De acordo com a ficha de campo contida no protocolo de medições de parcelas permanentes da Caatinga (Anexo 2), além dos dados como DAP e altura total, foram analisados:
3.6.4 Classe de vitalidade Foi avaliado cada fuste em função de sua vitalidade e sanidade, registrando o código correspondente. 1. Fuste sadio; 2. Fuste doente ou muito atacado por insetos ou patógenos; 3. Fuste morto.
3.6.5 Qualidade de fuste Foi registrado o código correspondente ao estado que prevalece no fuste. 1. Totalmente reto, sem defeitos, sem bifurcações até 2,50m; 2. Ligeiramente torto ou com poucos defeitos, sem bifurcações até 2,50m; 3. Muito torto, com defeitos graves (oco, rachado, podre), ou com bifurcações até 2,50m.
3.6.6 Posição da copa Foi avaliada em função do dossel do indivíduo relação às árvores vizinhas. 1. Dominante (se pertence aos 10% das árvores mais altas da parcela); 2. Intermediária (se localizada no nível médio de altura das árvores da parcela); 3. Oprimida (se localizada por debaixo de outras copas da parcela).
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Amostragem
Foram instaladas 86 parcelas ao longo das áreas de coleta do fruto, onde 43 parcelas tiveram a presença da aroeira e 43 parcelas caíram em áreas antropizadas, sendo consideradas parcelas perdidas (Tabela 3).
TABELA 3 - Distribuição amostral nos municípios estudados, localizado na região do Baixo São Francisco, SE. MUNICÍPIO PROPRIÁ SANTANA DO SÃO FRANCISCO NEÓPOLIS ILHA DAS FLORES BREJO GRANDE PACATUBA TOTAL
Parcelas totais 22 17 17 24 5 1 86
Parcelas medidas 5 17 13 4 4 0 43
Parcelas perdidas 17 0 4 20 1 1 43
Verificou-se a presença de áreas antropizadas nas regiões de coleta, em todos os municípios, voltada para a bovinocultura e agricultura (Figuras 7 e 8).
FIGURA 7 - Área recém desmatada na ilha do Dr. Antônio no município de Santana do São Francisco, SE. FONTE: o autor, 2010.
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FIGURA 8 - Área antropizada na ilha Aparecida, município de Neópolis, SE. FONTE: o autor, 2010.
FIGURA 9 – Uso da terra na Ilha do Gudim, município de Ilha das Flores, SE. FONTE: o autor, 2010.
De acordo com os dados da avaliação de campo, verificou-se que a posição do dossel de 93,43% dos indivíduos de aroeira está classificada como intermediária, 5,35% como dominante e 1,22% como oprimida. Verificou-se também que 99,69% dos indivíduos de aroeira estão com bifurcações até 2,50m. Este fato mostra que independente do clima, seus fustes apresentam-se tortuosos, mostrando em sua maioria indivíduos sadios.
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4.2 Distribuição diamétrica e altura
De acordo com os diâmetros e as alturas de todos os indivíduos medidos nas parcelas verificaram-se os seguintes resultados: Diâmetro mínimo = 3,18cm e Altura mínima = 2,50m Diâmetro máximo = 29,79cm e Altura máxima = 11,90m Diâmetro médio = 8,02cm e Altura média = 6,58m Após a análise, os dados foram distribuídos em classes diamétricas (Figura 10) e classes de altura (Figura 11). Verificou-se uma maior frequência de indivíduos de aroeira na faixa de diâmetro entre 6 a 8cm. Porém alguns indivíduos foram encontrados com um diâmetro muito superior, podendo citar o exemplo do povoado Passagem localizado em Neópolis, onde encontrou-se um indivíduo de aroeira com DAP de 29,79cm. Observou-se uma menor freqüência de indivíduos com diâmetro entre 3-4cm, revelando uma floresta não balanceada devido aos cortes que ocorrem na área para utilizar como lenha, afinal uma floresta bem manejada apresentaria um número decrescente de árvores nas sucessivas classes diamétricas, em forma de “J invertido” (SCOLFORO, 1998).
FIGURA 10 - Freqüência por classe de diâmetro da aroeira, localizada na região do Baixo São Francisco, 2010.
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Já com relação à altura, verificou-se uma maior distribuição na faixa de 4-6m e 6-8m, sendo que a maioria dos indivíduos medidos apresentaram fustes retorcidos e bifurcados.
FIGURA 11 - Freqüência por classe de altura da aroeira, localizada na região do Baixo São Francisco, 2010.
4.3 Análises dendrométricas
Como metade das parcelas sorteadas situavam-se em áreas degradadas, agrícolas ou alagadas, separou-se as parcelas medidas (43 parcelas) das parcelas sem aroeira, ou seja, não medidas (43 parcelas), fazendo uma comparação das principais diferenças encontradas entre elas. Verifica-se em todas as figuras a não ausência do município de Pacatuba, já que o mesmo teve um diâmetro médio igual a zero, devido a não ocorrência de aroeira na única parcela inserida no município. Esse resultado pode ser devido à região estar classificada como local de conflito, em que os moradores são impedidos de coletar os frutos a menos que paguem ao proprietário. Em muitos locais os proprietários acabam retirando a aroeira para evitar invasão das suas terras pelos ribeirinhos (JESUS, 2010). Somente Santana do São Francisco, Neópolis e Brejo Grande obtiveram o diâmetro acima da média geral (8,02cm). Este fato pode ser explicado pela melhor conservação das áreas amostradas nesses municípios, proporcionando melhor crescimento dos indivíduos.
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Os municípios de Propriá e Ilha das Flores apresentaram índices abaixo da média pelo fato de ocorrer intensivos cortes da madeira para utilizá-la como estacas ou lenhas, já que a madeira da aroeira apresenta certa resistência ao apodrecimento (LORENZI, 1998).
FIGURA 12 - Média dos diâmetros das aroeiras por município, considerando apenas as parcelas com ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010.
Somente os municípios de Propriá e Ilha das Flores tiveram diâmetro inferior a média geral (4,01cm), pelo fato de que muitas de suas parcelas caíram em locais desmatados, sem a presença de indivíduos da espécie, fazendo com que a média diminuísse muito (Figura 13). Já o município de Santana do São Francisco teve seu índice inalterado comparado com a Figura 12, afinal todas as 17 parcelas instaladas na região continham a presença da aroeira.
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FIGURA 13 - Média dos diâmetros das aroeiras por município considerando também as parcelas sem ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010.
Quase todos os municípios, exceto Santana do São Francisco, obtiveram índices menores do que a média geral (6,58m), sendo que os municípios de Propriá e Neópolis encontram-se muito próximos da média (Figura 14).
FIGURA 14 - Média das alturas das aroeiras por município, considerando apenas as parcelas com ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010.
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A Figura 15 ilustra novamente a influência da não ocorrência de aroeiras nas parcelas dos municípios de Propriá e Ilha das Flores, fazendo com que os índices diminuam abaixo da média geral (3,3m), mostrando o grau de antropização que vem ocorrendo na região.
FIGURA 15 - Média das alturas das aroeiras por município considerando também as parcelas sem ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010.
O município de Santana do São Francisco apresentou a maior média de indivíduos medidos (12 aroeiras), ou seja, a maior densidade de aroeira dentro da área amostral. Já os municípios de Propriá, Ilha das Flores e Brejo Grande estão abaixo da média geral (9,67 indivíduos), sendo que os dois primeiros municipios apresentaram estes índices devido o grande desmatamento que ocorre na área (Figura 16).
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FIGURA 16 - Média dos indivíduos de aroeira por município, considerando apenas as parcelas com ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010.
A Figura 17 mostra mais uma vez a influência da ausência de aroeira na maioria das parcelas dos municípios de Propriá e Ilha das Flores, fazendo com que a média diminuísse. Das 24 parecelas instaladas no município de Ilha das Flores somente 4 ocorreram a presença da aroeira, sendo que metade das parcelas perdidas localizaram-se na ilha do Gudim (Figura 9), local extremamte devastado, com elevada presença de pasto e área agricultadas. O município de Propriá também apresentou índices muito baixos por revelar áreas bastante antropizadas. Já o município de Santana do São Francisco apresentou a maior média de indivíduos por parcelas, chegando a apresentar 34 indivíduos em 600m².
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FIGURA 17 - Média do número de indivíduos de aroeira, considerando também as parcelas sem ocorrência da espécie, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010.
Os municípios de Santana do São Francisco e Neópolis apresentam a menor quantidade de fustes por indivíduo, devido a região apresentar a menor taxa de intervenção na população de aroeira, ou seja, a maior conservação dos indivíduos (Figura 18). Já os municípios de Propriá e Ilha das Flores apresentarem uma média maior devido o fato da região sofrer muito com a antropização, onde segundo moradores da área há a retirada do tronco para utilização como cercas e lenhas, induzindo o crescimento de brotações juvenis, aumentando assim o número de fustes. O município de Brejo Grande apresentou a maior média de fustes por indivíduo, devido suas parcelas terem caído em áreas com aroeiras cortadas, favorecendo a bifurcação através da rebrota.
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FIGURA 18 - Média de fustes por indivíduos de aroeira, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010.
O município de Santana do São Francisco apresentou um maior número de indivíduos por hectare (208 indivíduos), seguido pelo município de Neópolis com 122 indivíduos; já Propriá, Ilha das Flores e Pacatuba tiveram índices muito abaixo da média. Já Brejo Grande se encontra praticamente na média com cerca de 80 indivíduos por hectare (Figura 19).
FIGURA 19 – Média do número de indivíduos de aroeira por hectare, localizadas na região do Baixo São Francisco, 2010. 31
5 CONCLUSÕES
Foram coletados dados de 416 indivíduos de aroeira vermelha em 86 parcelas. Desse total, 43 unidades amostrais não apresentaram presença da espécie. A espécie Schinus terebinthifolius Raddi apresentou uma estimativa da densidade equivalente a 81 indivíduos por hectare; diâmetro médio de 8,02cm; altura média de 6,58m; média de 4 troncos por indivíduo e média de 5 indivíduos por parcela. Devido ao extrativismo dos frutos, em todas as populações de aroeira, existiram modificações nas características dendrométricas, apresentando em quase a sua totalidade indivíduos bifurcados até 2,5m. O resultado do inventário florestal mostra que os municípios de Propriá, Ilha das Flores e Pacatuba obtiveram a menor quantidade de indivíduos na região do Baixo São Francisco comparado aos outros municípios da área de estudo, refletindo em maior intensidade o grau de antropização na área de estudo. O número reduzido de indivíduos indica a necessidade de estabelecimento estratégias de conservação da espécie na região.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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36
ANEXO 1
TABELA COM TODOS OS LOCAIS DAS PARCELAS, ASSIM COMO SUA ÁREA TOTAL E AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS MUNICÍPIO
LOCAL
ÁREA TOTAL (ha)
PARCELA
SANTANA DO SÃO FRANCISCO/SE
Várzea do Valentim
18,497094
P1 P2 P3
Ilha de são Pedro/Pirão d'água/Pedra de são Pedro
135,852650
P4 P5 P6 P7 P8
Ilha de Zé Moura
158,862850
P9 P10 P11
Ilha Saudinha
55,342625
P12 P13 P14 P15
Ilha do Dr. Antônio
238,135000
P16 P17
NEÓPOLIS/SE
Ilha do Jegue
17,234519
P18 P19 P20
Povoado Passagem
4,022289
P21
Ilha Zequinha Barbosa
185,230150
P22 P23 P24
Ilha Aparecida
253,787680
P25 P26
Ilha Aparecida II
77,683321
P27 P28 P29
37
COORDENADAS GEOGRÁFICAS S 10°16’24,4’’ W 36°36’40,3’’ S 10°16’58,5’’ W 36°36’38’’ S 10°16’31,9’’ W 36°36’44’’ S 10°17’30,9’’ W 36°35’38,7’’ S 10°17’29,4’’ W 36°35’41,3’’ S 10°17’28,7’’ W 36°35’36,8’’ S 10°17’24,8’’ W 36°35’31,3’’ S 10°17’18,7’’ W 36°35’41,1’’ S 10°15’55,3’’ W 36°36’17,2’’ S 10°15’53,9’’ W 36°36’13,4’’ S 10°15’53,8’’ W 36°36’21,8’’ S 10°15’46’’ W 36°36’29,6’’ S 10°15’16,6’’ W 36°36’43’’ S 10°15’09’’ W 36°36’45,7’’ S 10°15’02,4’’ W 36°36’47,6’’ S 10°14’43,4’’ W 36°47’48,9’’ S 10°14’43’’ W 36°37’52,5’’ S 10°18’05,4’’ W 36°34’44’’ S 10°18’06,4’’ W 36°34’43,4’’ S 10°16’08,7’’ W 36°36’48,2’’ S 10°18’29,3’’ W 36°35’05,5’’ S 10°19’30,9’’ W 36°33’41,8’’ S 10°19’38,7’’ W 36°33’45,1’’ S 10°19’48,3’’ W 36°33’37,2’’ S 10°21’27,7’’ W 36°33’29,2’’ S 10°21’13,4’’ W 36°33’26,8’’ S 10°22’10,3’’ W 36°34’02,6’’ S 10°22’17,2’’ W 36°34’01,3’’ S 10°22’24,3’’
PROPRIÁ/SE
Ilha de Assis
167,704325
P30 P31 P32 P33 P34
Ilha Formosinha
154,782450
P35 P36 P37 P38 P39 P40
Ilha Mussuípe
123,753675
P41 P42 P43 P44 P45
Ilha Morro Vermelho
21,355800
P46 P47 P48
Ilha Pindoba
16,319481
P49 P50 P51
Ilha de Justino
185,230150
P52 P53 P54 P55 P56
ILHA DAS FLORES/SE
Ilha da Croa
54,156586
P57 P58 P59
Ilha do Sr. Pereira
40,396891
P60 P61 P62
38
W 36°33’57,7’’ S 10°13’8,46’’ W 36°47’11,77 S 10°13’4,49’’ W 36°47’28,2’’ S 10°12’58,20’’ W 36°47’24,3’’ S 10°13’3,40’’ W 36°46’39,8’’ S 10°12’50,91’’ W 36°46’59,6’’ S 10°14’9,5’’ W 36°45’1,3’’ S 10°14’32,90’’ W 36°44’58,2’’ S 10°14’28,5’’ W 36°45’2,3’’ S 10°14’37,31’’ W 36°45’2,60’’ S 10°14’43,07’’ W 36°45’4,40’’ S 10°14’34,22’’ W 36°44’51,1’’ S 10°14’18,59’’ W 36°44’34,6’’ S 10°14’57,66’’ W 36°44’36,3’’ S 10°14’35,57’’ W 36°44’22,8’’ S 10°14’43,69’’ W 36°44’48,3’’ S 10°15’1,83’’ W 36°44’18,0’’ S 10°15’44,05’’ W 36°43’20,2’’ S 10°15’34,41’’ W 36°43’25,5’’ 10°15’25,26’’ W 36°43’35,3’’ S 10°16’37,3’’ W 36°42’26,0’’ S 10°16’35,43’’ W 36°42’27,9’’ S 10°16’26,92’’ W 36°42’37,5’’ S 10°16’45,41’’ W 36°42’5,80’’ S 10°16’35,1’’ W 36°41’39,0’’ S 10°16’45,03’’ W 36°41’13,4’’ S 10°16’26,44’’ W 36°41’3,99’’ S 10°16’16,62’’ W 36°40’31,2’’ S 10°25’1,72’’ W 36°32’27,45’’ S 10°25’0,61’’ W 36°32’14,06’’ S 10°25’0,45’’ W 36°31’53,33’’ S 10°25’7,09’’ W 36°31’37,61’’ S 10°24’32,63’’ W 36°33’24,30’’ S 10°24’44,87’’ W 36°33’21,43’’
P63 P64 Ilha não identificada
40,656011
P65 P66 P67 P68
Ilha do Gudim
641,631070
P69 P70 P71 P72 P73 P74 P75 P76 P77 P78
BREJO GRANDE/SE
Ilha das Flores
5,203291
P79
Povoado Aroeiras
9,536190
P80
Povoado Brejão dos Negos
8,675227
P81 P82 P83
Povoado Saramém
10,667717
P84 P85
Povoado Brejão de Itioca
21,016913
39
P86
S 10°24’49,04’’ W 36°33’11,28’’ S 10°24’56,27’’ W 36°33’7,18’’ S 10°24’55,1’’ W 36°33’28,4’’ S 10°25’2,85’’ W 36°33’18,51’’ S 10°25’10,25’’ W 36°33’4,04’’ S 10°25’21,66’’ W 36°32’51’’ S 10°25’26,00’’ W 36°31’57,43’’ S 10°25’21,63’’ W 36°31’9,94’’ S 10°25’34,45’’ W 36°30’45’57’’ S 10°25’6,67’’ W 36°’30’43,51’’ S 10°25’18,64’’ W 36°30’7,52’’ S 10°24’53,17’’ W 36°29’59,63’’ S 10°24’58,64’’ W 36°29’36,59’’ S 10°24’39,13’’ W 36°29’4,90’’ S 10°24’15,57’’ W 36°28’27,67’’ S 10°24’2,71’’ W 36°28’46,23’’ S 10°26’21,8’’ W 36°31’46,4’’ S 10°26’56,1’’ W 36°31’11,6’’ S 10°28’13,6’’ W 36°26’16,2’’ S 10°28’4,5’’ W 36°26’15,0’’ S 10°28’9,5’’ W 36°26’13,6’’ S 10°28’37,3’’ W 36°25’26,3’’ S 10°28’27,4’’ W 36°25’34,6’’ S 10°30’24,0’’ W 36°36’53,26’’
ANEXO 2 FICHA DE CAMPO - PARCELAS
40