Gastos dos lojistas com taxas de cartões registram queda real pelo 2º ano consecutivo, aponta Boanerges & Cia. Segundo consultoria, recuo de 2016 foi motivado por redução da taxa de desconto média e pela maior participação do débito nas vendas dos lojistas São Paulo, 26 de julho de 2017. O Banco Central do Brasil (BCB) divulgou no dia 10/07 as estatísticas de pagamentos de varejo e de cartões no Brasil. Com base nas informações divulgadas pelo BCB, a Boanerges & Cia., consultoria especializada em varejo financeiro, calculou a taxa média paga pelos estabelecimentos comercias nas vendas com cartão de crédito e débito e o total de gastos com as taxas dos cartões e chegou às seguintes constatações:
A taxa média paga pelos estabelecimentos comercias nas vendas com cartão caiu pelo sétimo ano consecutivo – desde o fim da exclusividade entre as principais credenciadoras e bandeiras em 2010, portanto – e atingiu 2,21% em 2016; a queda no ano passado parece reflexo da abertura do credenciamento de bandeiras onde ainda existia exclusividade, o que aumentou a competição no setor;
O gasto total dos estabelecimentos comerciais com as taxas de cartões de crédito e débito, por sua vez, atingiu R$ 24,4 bilhões no ano passado (R$ 17,8 bilhões no crédito e R$ 6,5 bilhões no débito), queda real de 4,1% na comparação com 2015. Trata-se do segundo ano consecutivo em que as despesas dos lojistas com as taxas dos cartões registra queda real.
Faturamento dos cartões de crédito e débito no Brasil Segundo o BCB, considerando apenas as transações domésticas, o faturamento dos cartões de crédito e débito no Brasil atingiu R$ 1,105 trilhão em 2016 (R$ 674 bilhões na modalidade crédito e R$ 430 bilhões na modalidade débito). Pelo sexto ano consecutivo, o crescimento real do faturamento dos cartões de débito (+4,0% em 2016) superou o dos cartões de crédito (que registrou queda real de 2,1% no ano passado). Para Vitor França, consultor da Boanerges & Cia, a causa está relacionada ao menor custo das vendas no débito para os lojistas e à migração mais intensa para os meios eletrônicos nos pagamentos de menor valor, entre os quais a modalidade débito tem maior participação. Além disso, destaca o consultor, setores como o de móveis e eletrodomésticos e o de vestuário, onde é mais elevada a participação dos cartões de crédito nas vendas, são exatamente os que mais sofrem com a crise por causa da baixa disposição das famílias a se endividar e da menor oferta de empréstimos por parte de bancos e financeiras.
Após ter registrado queda real em 2015 (-0,6%), o faturamento total das vendas no cartão ficou praticamente estável em 2016 (alta de apenas 0,2%). Segundo a consultoria, o resultado é reflexo direto da crise econômica e da queda do volume de vendas do comércio. Apesar do baixo crescimento, Vitor França, consultor a Boanerges & Cia., ressalta que o desempenho do faturamento dos cartões pode ser considerado um dado positivo para o setor quando comparado à queda de 6,2% do volume das vendas do varejo e de 5% do volume de serviços prestados apuradas pelo IBGE, e indica, portanto, que o cartão continua ganhando participação nos pagamentos realizados pelas famílias brasileiras. Faturamento cartões de crédito e débito - Transações domésticas (R$ bilhões de 2016) 1.110
1.103
1.105
410
414
430
369 315
275 238 203 177
364
416
2008
2009
496
2010
618
668
700
689
562
674
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Crédito
Débito
Fonte: BCB; cálculos: Boanerges & Cia.
Variação real dos pagamentos com cartões no Brasil 25% 20% 15% 10% 05%
4,0% 0,2% -2,1%
00% -05% 2009
2010
2011
Crédito
2012
Débito
2013
2014
2015
2016
Crédito + Débito
Fonte: BCB; cálculos: Boanerges & Cia.
Gastos dos estabelecimentos comerciais com as taxas de cartões de crédito e débito Segundo o BCB, a taxa de desconto média paga pelos estabelecimentos comercias nas vendas com cartão de crédito ficou em 2,65% em 2016, queda de 0,12 ponto percentual em relação a 2015. Já a taxa de desconto média nas vendas com cartão de débito caiu de 1,54% em 2015 para 1,52% em 2016. Para Vitor França, da Boanerges & Cia., os dados já refletem o fim da exclusividade entre adquirentes e bandeiras que ainda existia no mercado e o consequente aumento da competição no setor. Com base nessas informações, a Boanerges & Cia. calculou a taxa média paga pelos estabelecimentos comercias nas vendas com cartão e o total de gastos com as taxas dos cartões. A taxa média paga pelos estabelecimentos comercias nas vendas com cartão caiu pelo sétimo ano consecutivo – desde o fim da exclusividade entre as principais credenciadoras e bandeiras em 2010, portanto – e atingiu 2,21% em 2016.
Taxa de desconto média 3,50%
3,00%
2,94%
2,95%
2,50%
2,90%
2,50%
2,78%
2,77%
2,47%
2,77%
2,77% 2,65%
2,37%
2,38%
2,50%
2,76%
2,34%
2,32%
2,30% 2,21%
2,00% 1,59%
1,58%
1,59%
1,58% 1,57%
1,57%
1,56%
1,54% 1,52%
1,50%
1,00% 2008
2009
2010
2011
Crédito
2012
Débito
2013
2014
2015
2016
Crédito + Débito
Fonte: BCB; cálculos: Boanerges & Cia.
Já o gasto total dos estabelecimentos comerciais com as taxas de cartões de crédito e débito atingiu R$ 24,4 bilhões no ano passado (R$ 17,8 bilhões no crédito e R$ 6,5 bilhões no débito), queda real de 4,1% na comparação com 2015. Trata-se do segundo ano consecutivo em que as despesas dos lojistas com as taxas dos cartões registram queda real. Gastos dos estabelecimentos com as taxas dos cartões (R$ bilhões de 2016) 25,8
25,4
6,4
6,4
5,8
24,4 6,5
5,0 4,3 3,8 3,2 2,8
10,7
2008
12,2
2009
14,4
15,6
2010
2011
17,1
18,5
19,4
19,1
17,8
2012
2013
2014
2015
2016
Crédito
Débito
Fonte: BCB; cálculos: Boanerges & Cia.
O recuo, na avaliação de França, pode ser explicado pela redução da taxa de desconto média cobrada nas vendas com cartão – reflexo, por sua vez, do aumento na concorrência do setor – e pela menor participação do crédito – cuja taxa de desconto é mais alta – nas vendas dos lojistas. Variação real das depesas dos estabelecimentos com taxas de desconto de cartões de débito e crédito 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 2,8% 0,0% -4,1% -6,4%
-5,0% -10,0% 2009
2010
2011
Crédito
2012
Débito
2013
2014
2015
Crédito + Débito
Fonte: BCB; cálculos: Boanerges & Cia.
Para o cálculo dos valores reais, foi considerado o IPCA do IBGE.
2016