FESTIVAIS AUDIOVISUAIS NO BRASIL: UM DEBATE A PARTIR DE DUAS TRAJETÓRIAS DE PESQUISA Juliana Muylaert 1 Tetê Mattos 2 Nas últimas duas décadas, os trabalhos sobre festivais de filmes ganharam espaço nas universidades em várias partes do mundo, com instituições europeias assumindo uma posição de destaque na organização das principais redes de pesquisa, eventos e publicações. Partindo principalmente dos estudos de cinema, esses trabalhos sobre festivais audiovisuais consolidaram, nesse período, um esforço de delimitação do objeto e construção de abordagens teórico-metodológicas. No campo acadêmico brasileiro também observamos um aumento das pesquisas em programas de pós-graduação tendo os festivais de cinema como objeto de estudo. Essa ainda tímida expansão pôde ser percebida na edição de 2019 da SOCINE – Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual3 onde seis dos trabalhos selecionados tratavam de festivais de cinema, sejam eles diretamente centrados nos eventos audiovisuais, ou os festivais atravessando as pesquisas. A transformação dos festivais de filmes em objetos de pesquisa impôs aos pesquisadores uma série de desafios que envolvem já de início as dificuldades de alcançar uma definição capaz de delimitar claramente os sentidos do conceito, mas ao mesmo tempo abarcar um 1 2 3
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Juliana Muylaert é é historiadora e professora, atualmente é pós-doutoranda no PPGH/UFF. Tetê Mattos é professora do Departamento de Arte da Universidade Federal Fluminense, doutora em Comunicação pelo PPGCom/UERJ e documentarista. Estamos nos referindo aos trabalhos de Adriano Ramalho Garrett “Mostra Aurora (2008-2012): discurso curatorial e recepção crítica”; de Belisa Brião Figueiró “Brasil e Argentina nos festivais de Cannes e Berlim (1994- 2017); de Lila Silva Foster “Festival de Cinema Amador JB/Mesbla: história e preservação”; de Vivian Malusá “A Jornada Brasileira de Cinema Silencioso e os festivais italianos”; de Tatiana A. C. Costa e Breno Henrique de Almeida Rocha “Negruras e suas encruzilhadas no cinema negro contemporâneo” e de Tetê Mattos “Festivais de cinema e contingência: o caso do Festival do Rio”.
CINEMA: AFETOS E TERRITÓRIOS