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Exercite-se com O tecido conquistou o seu espaço misturando arte e esporte. Essa modalidade que surgiu do circo contemporâneo, oferecendo uma série de benefícios como o desenvolvimento da coordenação motora, flexibilidade e condicionamento físico, é a mais nova febre que desperta interesse em crianças e adultos Por Carina Lasneaux – Fotos: André Zimmerer odo mundo fica fascinado com a magia dos espetáculos apresentados pelos artistas do Cirque du Soleil, Circo Nacional da China e Cirque Plume – prática que incide do circo contemporâneo, também chamado de novo circo. Essa modalidade moderna, que é praticada em muitos lugares do mundo, com uma forte influência na França e China, se originou nos anos 80 e 90 e nos tempos atuais já forma diversos artistas e professores provenientes dessa técnica. A arte circense vem adquirindo muitos admiradores e o tecido acrobático, em especial, tem sido um grande atrativo devido à sua estética encantadora que envolve arte. Conhecido também como balé aéreo, acrobacia aérea ou dança aérea, o tecido acrobático é uma arte circense que está saindo da arena para representar o seu papel nos palcos de eventos, academias e escolas de circo, atingindo, assim, um grande
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público que busca, além de condicionamento físico, uma atividade artística que relaxe e divirta. Inicialmente, quando chegou ao Brasil, em 1997, o tecido era encarado apenas como atividade circense, mas com a popularização da prática, o número de adeptos dessa modalidade vem crescendo. O que atrai todas as atenções em fazer essa atividade física é não ter a obrigação de fazer aqueles exercícios maçantes de academia, estimulando uma malhação que foge da rotina. A prática do tecido acrobático não é considerada uma ginástica nem uma atividade competitiva, mas envolve teatro, interpretação e outras formas de expressão. Trata-se de um enorme pano chamado de liganete, que é fixado a uma estrutura de altura variada, que chega a até 12m. O aluno desempenha sua performance enrolando, amarrando, girando e prendendo o corpo no tecido, juntamente com uma tarefa que requer equilíbrio, força nas mãos, ritmo e um treinamento específico de alongamento. Érica Mesquita é O tecido acrobático é uma atividade circense professora de arte circense há que envolve arte
tecido acrobรกtico
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ESPORTE Os alunos do Centro de Ensino Setor Leste
cinco anos e dá aula na academia Scala, localizada na Casa do Ceará. Ela comenta que o trabalho do circo envolve acrobacia e arte, dois elementos que estão entrelaçados. “Não tem como separar um do outro. A técnica une talento. Para o público circense, é importante fazer dança. O circense não é um atleta, mas sim um artista”, diz. Os benefícios que essa malhação artística oferece aos seus praticantes são inúmeros. Entre eles, estão: confiança, determinação, autoconhecimento, estímulo da circulação e respiração, trabalho da expressão corporal e resistência muscular. Em média, uma hora de atividade consome cerca de 300 calorias. Segundo Érica, o tecido trabalha o corpo inteiro. “Todo o seu corpo se desenvolve com o tecido, especialmente o abdômen, braços, costas, peitoral, glúteo, panturrilha e coxa. Ele exige muito e a força é gradativa. Tem gente que faz a primeira aula e não consegue subir, mas depois de alguns meses a pessoa evolui e faz manobras radicais”, comenta a professora.
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A professora Diana Bloch e a aluna Juliana
A aula no tecido acrobático é dividida entre os exercícios de alongamento, trabalho de força e desenvolvimento técnico. Antes de iniciar a aula, os alunos se alongam, parte necessária para o corpo aquecer e ficar preparado para a maratona que está por vir. A professora Diana Bloch conduz as aulas de tecido no espaço do Colégio Sênior e está no circo há quatro anos e meio. Ela conta que são duas horas de aula com 40 minutos de alongamento e mais 20 de exercícios específicos com abdominais e flexões. O aluno fica pendurado no tecido aproximadamente uma hora. “Existem, em média, 40 movimentos diferentes. Sempre dá
A aluna realiza coreografias com seu corpo suspenso pelo tecido
Érica Mesquita é professora de arte circense
para criar as quedas com mais impacto e com outros tipos de formas”, diz. Ela frisa também o uso de uma roupa confortável e adequada. “O tecido dói, só que as pessoas se apaixonam. A primeira vez machuca, mas depois acostuma. Dê preferência a um macacão inteiro de suplex ou uma calça legging, porque na prática com o tecido, se usar uma roupa inadequada, ele queima a pele”, explica Diana. A empresária Juliana Batista, de 25 anos, faz capoeira e pratica o tecido acrobático há um ano e meio. “O tecido é uma atividade física muito prazerosa que envolve arte. É muito mais motivador do que fazer academia, os movimentos são lindos”, diz a aluna. O Centro de Ensino Médio do Setor Leste ensina também o balé aéreo e quem comanda as aulas é a professora Ana Sofia Lamas. O ator bailarino Raphael Balduzzi, que é aluno do Setor Leste e treina há cinco anos, diz que a parte do seu corpo que mais se desenvolveu foi os membros da parte superior. “A aula de tecido libera endorfina, você vai realizado para casa, é a
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ESPORTE No centro, a professora Érica com suas alunas
parte mais divertida do dia”, garante. Não existem restrições com relação à faixa etária ou biótipo dos alunos. Crianças a partir de oito anos e adultos de todas as idades podem fazer as aulas. A única contra-indicação é para as pessoas com problemas cardíacos. Geralmente o público feminino tem procurado mais a modalidade do tecido, e as mensalidades variam de 80 a
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120 reais, dependendo de quantos dias na semana o aluno for praticar. Mas é importante ressaltar que os alunos que participam das aulas devem seguir orientações do professor e monitor responsável, evitando riscos nos usos dos equipamentos. O tecido é trabalhado com um colchão que fica embaixo da pessoa e na maioria das vezes o aluno começa com o tecido mais baixo,
A professora Ana Sofia Lamas do Setor Leste
trabalhando com uma pequena altura de segurança, assim adquire confiança aos poucos. f ONDE PRATICAR: Setor Leste, 611 Sul. Tel.: (61) 9267-9281 Colégio Sênior, 616 Sul. Tel.: (61) 8408-5654 Academia Scala, 910 norte. Tel.: (61) 3340-44 35 / 9637-2902