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Pela voz do maquinário Eu espalho o meu grito Semeio monocultura Sou vencedor de conflito Do progresso eu sou o sócio Eu me chamo agronegócio Faço o meu Brasil bonito.
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Com o vento soprando árvores, E o sol que me alumia Planto o roçado ecológico Que me traz muita energia Cuido da terra com as mãos Produzo alimentação Sou a agroecologia.
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Te falta sabedoria És a prática de cativo És a força do atraso A preguiça é teu crivo Da ignorância és enlace Na boa, se tu prestasses, Os índios estavam vivos.
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O nosso povo nativo Está vivo e resistente Tem força e sabedoria Guardada na sua mente Tira o sustento da terra Litoral, sertão e serra Cuidando de sua gente.
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És um fruto do acaso Te falta planejamento Eu que gero a riqueza Também desenvolvimento Bato recorde de grãos Sou orgulho da nação Meu projeto é cem por cento.
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Agronegócio é nojento Do latifúndio é irmão Produzindo a transgenia Contamina nosso chão É da pequena agricultura A produção, a fartura Que alimenta a nação.
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Eu que fiz o Castanhão Barragem do Figueiredo Água para quem produz Esse é o meu enredo Tornei açudes perenes Sou Dnocs e a Sudene, Digo e não peço segredo.
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Fiz um milhão de cisternas No nordeste brasileiro Descentralizei a água Que era só do fazendeiro Perenizei o sertão Com agroflorestação No roçado e no canteiro.
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Eu tenho a força do trem Que rasga a terra e some Barateio a produção E mato do povo a fome Se tem quem acabe praga Que cura da terra a chaga Agronegócio é o nome.
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Eu tenho a força da vida Cuido da terra sagrada Produzindo sem venenos Sem transgênico na chapada Faço comida sem medo Saúde é o meu enredo De pança cheia animada.
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É melhor viver errado Do que um dia morrer certo A gente usa veneno Pra ver o povo liberto Chico Mendes já morreu Importante é Kátia Abreu O mundo é do mais esperto
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É melhor viver certinho Se morrer, mas de alegria. Sem o usar o tal veneno Que da morte se alia Chico Mendes ensinou Povo de vez enxergou A agroecologia!
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Agroecologia é um nicho Especialista em mancada Não reconhece o progresso Tem a visão atrasada Nas obras que a gente fez O povo a primeira vez Teve a carteira assinada.
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Teve a carteira manchada Aceitou o subemprego Pois o progresso que trazes É um presente de grego Você a terra explora Com o tempo vai embora Fica o povo a ver morcego.
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O que eu quero é sossego Para todo e qualquer patrão Quanto mais ele for rico Tem emprego pra nação Pois o pobre é descansado Só dá pra fazer mandado Sozinho não anda não.
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É errada essa visão E não faz nenhum sentido O que nós temos de rico Foi por pobres construído É pobre quem planta amor Salvará o opressor Libertando o oprimido.
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Fizeram uma cisterna Coisa feia sem valor A bicha é tão pequena É coisa de perdedor Não vale meia pataca Foram dar água a uma vaca E a cisterna secou.
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A quem você enricou, Conto nos dedos da mão E quem já tem a cisterna Já passa de um milhão E pra o nosso Semiárido O bode é apropriado Resiste inverno e verão.
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Eu trago a inspiração Do hambúrguer e coca-cola Gosto das coisas prontas Pra tudo tenho sacolas Detesto mulher que pensa Adoro ver na imprensa Aquelas que só rebola.
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Meu pensamento é limpeza Como ata e graviola Não faço conta de imprensa Que nosso corpo explora Mulher e homem pensando Os dois vão se igualando Do sertão a mundo afora.
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Pois estou com todo gás Pra vossa América Latina Tenho cadeia pra jovens Prostíbulos para meninas Se você não aceitar Minha ira enfrentar Desde já é tua sina.
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Possuo para as meninas A canção e poesia Vamos construindo juntos Muita força e rebeldia Contra a tua depressão Teu estresse e solidão Eu semeio a alegria.
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Tudo isso é porcaria Importante é o mercado Defendo sempre o lucro E redução do estado Contrato os pistoleiros Que é pra eu ganhar dinheiro Cada um no seu quadrado.
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Pois espere bem deitado Que de pé vai dar fadiga Unidos nós somos fortes Pra enfrentar qualquer briga Eu pratico o Bem Viver No amor, no bem querer Camponês que nos diga.
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Você tá querendo é briga Me insultando desse jeito Unir pobre é na fábrica Ou no trabalho do eito, Ou então no camburão; Pobre em associação Essa coisa eu não aceito.
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Nós exigimos direitos Que por vocês são negados Por isso nunca sozinho Mas todos organizados Faremos Reforma Agrária E a ordem fundiária Vai ser coisa do passado.
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O povo da zona rural Não merece ter escola Mandei fechar elas todas Para pobre o que cola É apertar parafuso O que tiver sorte eu uso Para ser jogador de bola.
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Não aceitamos esmola Desse teu coração duro Cairão as tuas cercas Tuas grades e teus muros Não restarão nem os grampos Sem Educação do Campo O progresso é sem futuro.
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Você vive em apuro Com o pé no cemitério Para combater a seca Eu tenho todo critério Experiência e compromisso Pois eu já faço isso Desde o tempo do império.
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Para mim não é mistério Que você só atrapalha Queres ver o nosso povo Vivendo só de migalha Desde Marechal Fonseca Que o seu combate à seca É uma política falha.
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Me despeço de vocês Com o meu faro de lobo Tenho minha estratégia Por que não sou nenhum bobo Pobre não pode pensar; Deixo a lhes vigiar A Veja e a Rede Globo.
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Nosso povo não é bobo Gritamos dias atrás Cuidemos dos nossos filhos E da memória dos pais Nunca mais a ditadura Abaixo a monocultura E o quinze nunca mais.
Manoel Leandro e Erivan Silva
Autores: Manoel Leandro do Nascimento e Erivan Camelo da Silva Realização: Rede Cáritas Ceará pela Campanha Água Nossa de Cada Dia Planejamento gráfico: Mandalla Comunicação Projeto gráfico: Sâmila Braga Diagramação e infogravuras: Sâmila Braga e Roger Reurian Tiragem: 1.000 exemplares 2015
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