Revista Alma Animal www.almaanimal.com.br nº 1/out, nov e dez 2011 Revista online gratuita
Existe? Os animais não-humanos têm alma?
É COM IMENSO PRAZER QUE DISPONIBILIZAMOS A 1ª EDIÇÃO DA REVISTA ALMA ANIMAL ONLINE. FOI COM VERDADEIRO CARINHO E TRABALHO SÉRIO QUE A EQUIPE DO ALMA ANIMAL FORMULOU E EDITOU ESTA REVISTA QUE AGORA VOCÊ ESTÁ LENDO!
ESPERAMOS QUE O AMIGO LEITOR POSSA APROVEITAR E TENHA UMA BOA LEITURA! Um grande abraço!
Equipe Alma Animal
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EDITORIAL I Por Fernanda Vieira Os animais alma?
não-humanos
têm
O humano tem um caracterísitca irrefutável diante das outras espécies, é um ser questionador nas mais diversas áreas do conhecimento. Apesar de muitos exemplares desta espécie não utilizarem com devida frequência, aquele é um “dom” que nos leva as mais profundas reflexões e fazem-nos quem somos hoje. Diante das muitas questões da vida, todos nós, seres humanos, quando levados a refletir sobre os outros animais, concordamos em, pelo menos, dois pontos: homens e outros animais possuem corpo e vida, talvez alguns concordem que possuam inteligência, raciocínio. A questão é, por que nunca nos perguntamos de maneira sensata se outros animais possuem alma? A revista Alma Animal tem como objetivo abordar o tema exposto de maneira complexa com base religiosa, filosófica e científica, além de colocar em pauta assuntos de interesse à causa de amor e respeito aos outros animais como nossos irmãos. Grande abraço a todos! Fernanda
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Editores Adriana Miranda Fernanda Vieira Repórteres Adriana Miranda Fernanda Vieira Convidados Paulo Fernando Regina Padma Rintchen Fotografia Adriana Miranda Projeto Gráfico Fernanda Vieira
A Revista Alma Animal Online é uma publicação trimestral do site Alma Animal de distribuição gratuita Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da equipe desta revista. Foto capa e não assinadas: Morguefile.com
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NESTA EDIÇÃO
Foto: Adriana Miranda/Alma Animal
TEMA DE CAPA
19. Os animais não-humanos têm alma?
Vida de Francisco de Assis Foto: Adriana Miranda/Alma Animal
Religião X Alma
15. Reportagem ANDA
6. O Budismo e a existência da alma nos outros animais
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25. Entrevista com Paulo Fernando
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Alma Animal
Alma Animal é um projeto para a divulgação do amor e respeito aos animais não-humanos como nossos irmãos. Pretendemos abordar a espiritualidade dos outros animais nos âmbitos religioso, filosófico e científico. Nosso objetivo é divulgar esta causa como base para um mundo de mais amor, em que homens e outros animais possam viver em harmonia.
Divulgue esta causa!
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“OS ANIMAIS POSSUEM UMA ALMA E QUE OS HOMENS DEVEM RESPEITAR”
Papa João Paulo II
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RELIGIÃO X ALMA ANIMAL
Bebeca, uma linda Bodisatva*! Por Regina Padma Rintchen
Regina Padma Rintchen, ou Regina Perrusi, é jornalista, instrutora de Yoga (Espaço Dharma de Yoga Integral - Recife/PE), aluna do Lama Padma Samten e de grandes professores de Yoga, budista, guardiã compartilhada de Bebeca, amiga de tantos bichinhos e também da Aadama, MPColina...
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* Bodisatva - No budismo tibetano, um Bodhisattva é alguém que é motivado pela compaixão e procura a iluminação não só para ele / ela mesma, mas também para todos.
Gosto tanto de animais e de cachorros em especial que, às vezes, temo renascer no reino deles. Cá para nós, nascer no Reino dos Animais é resultado de demérito. Na visão budista, esse reino é dominado pela ignorância. Não essa ignorância ordinária, sinônimo de falta de uma determinada inteligência (até porque eles provaram ser muito mais inteligentes que nós, em certos aspectos), mas Avidhya. Essa palavra em sânscrito descreve uma dificuldade de ter e manter visão ampla além da identidade. Meu mestre Lama Samten nos lembra de como os animais, aficionados que são pelo aqui e agora, estão sempre de cabeça baixa, comendo o que vêem pelo chão,deitados no chão, em presença constante com o chão. Gosto de pensar na placidez das ovelhas e vacas pastando sem parar por horas a fio no campo... Incapazes de olhar o céu, o alem, o alto, de nutrir uma visão superior que transcende o aqui e agora. Não que muitos de nós, humanos, também não sejamos ipsi literis assim vez em quando nas nossas vidas... Mas digamos que essa é a natureza mais forte desse reino.
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“(...)eles (outros animais) bem podem se tornar bodisatvas, seres de imensa bondade que não cansam de ajudar os outros a se liberarem.”
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Dura sorte esta de nascer em um reino onde há muitos perseguidores e medo imperando. Ora os frigoríficos, ora os laboratórios, humanos de diversas "partes" dos reinos dos infernos, seres do próprio reino dos animais... Sem sono tranqüilo, sem tempo pra meditar... Na roda da vida, eles desempenham também uma condição de mente em que todos nós podemos corriqueiramente cair, bem definida por um auto-centramento, em que primeiro todas as nossas necessidades precisam ser satisfeitas para que só depois pratiquemos compaixão, amor, alegria, equanimidade etc... Sorte deles há Simha, um Buda especifico deste Reino ou uma visão que liberta, representada por um leão que olha e se compadece pelos seres animais que vê. Assim eles bem podem se tornar bodisatvas, seres de imensa bondade que não cansam de ajudar os outros a se liberarem.
“Dura sorte esta de nascer em um reino onde há muitos perseguidores e medo imperando.” Alguns animais já o são, na verdade. Você pode contar a sua historia, enquanto eu lembro de minha cadela Rebeca. Já teve tantos nomes na rua que agora me permito chamá-la do mais novo, Bebeca. Chegou à esquina da rua onde eu trabalhava de um modo muito diferente do usual, invertendo a ordem do seu Reino. Ao invés de mendigar por comida ou bater as latas de lixo, como todos fazem, chegou com um diferencial, digamos, e passou a "oferecer serviço" ou benefício. Ajudava os vigilantes noturnos, sentando ao lado deles. Se dormiam, ela latia quando via estranhos se aproximarem. Pela manha, o prêmio: um prato de comida. Ela era e ainda é leve e serelepe, adora gente e aspira certamente sair da condição em que se encontra, sendo compassiva e amorosa. Eu diria até que sendo capaz de olhar primeiro, ainda que instintivamente, o outro. No dia em que subiu com as patas sobre mim, rindo e querendo lamber e brincar, eu me derreti.
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Ali havia um ser diferente. Foi tão cuidada na rua por todos que despertou fantasmas famintos, seres do Reino dos SemiDeuses, Gandarvas. Invejosos, tentaram envenená-la. Resultado: adotei a mocinha. Moramos juntas por um tempo em 50 metros quadrados de espaço. Não foi fácil, mas então encontramos uma linda casa, com jardim e guardadores queridos. Agora já anda sob os cuidados diários desses outros seres humanos cheios de méritos, que a acolhem amorosamente, alem de mais cinco outros cachorros achados na rua! Continuamos nos vendo sempre, às vezes, passa dias conosco, enquanto ajudamos a mantê-la feliz com comida, remédios, vacina e amor. Um mérito gerando vários...
Mas o fato é que ser capaz de nutrir essa visão ampla que vai alem do meu próprio corpo, energia e mente não é fácil para eles nem pra ninguém. Talvez por isso sair deste reino é tarefa árdua, ainda mais considerando que os animais naturalmente têm uma tendência para a letargia, o torpor... Já nascem sem precisar de pai e mãe por muito tempo, de teto para viver, de roupas para aquecer ou de transporte etc. Tudo que precisam se resumem a um bom prato, uma boa sombra e superfície confortável para deitar e curtir. Uma vez satisfeitas as necessidades do chakra básico, muladhara, que são beber, comer, dormir e copular, tudo está certo. Podem entrar numa sala de Yoga ou em um templo, ouvir e ver ensinamentos e dificilmente compreenderem. Você conhece algum ser humano assim? Eu, vários... que se conectam com essa visão de mundo. Mas a boa noticia é que os Budas estão por todos os reinos. E Simha protege esses seres. Acho até que muitas ONGs são um pouco Simha ajudando aos que aspiram escapar dessa condição.
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“Budas estão por todos os reinos. E Simha protege esses seres.” REVISTA ALMA ANIMAL Nº 1
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Conta o Lama uma história do Buda mesmo em uma vida anterior como Mahasatva, filho compassivo e amoroso de um imperador. Ele, em passeio pela floresta com seus irmãos, viu uma tigresa faminta, depois de haver dado a luz a vários filhotes. Mas tão faminta que podia até comer seus próprios filhotes. Mahastava perguntou aos irmãos se alguém podia ou tinha algo para lhe dar. Mas ninguém havia levado nada consigo... Ele sabia que carne fresca e sangue lhe reanimaria.Então, diz aos irmãos que sigam e que se juntaria a eles mais à frente. Ele pensou que por tantas vidas vagava de um samsara a outro, essa roda da vida cheia de ilusão e sofrimentos, e ali viu uma chance! Ele assim entregou-se de corpo e alma para o animal. A tigresa o comeu e ele renasceu em um reino iluminado, tornou-se Buda e a tigresa e seus filhotes se elevaram junto. Todos os carmas purificados.
Quem de nos, pelo menos, pode seguir as trilhas de Mahasatva? A gente pode apenas adotar animais abandonados, ao invés de cultivar luxúria e incentivar a indústria de cruzamentos de raça, comprando em pet shops animais por uma determinada pureza, enquanto milhares outros são literalmente descartados na cidade diariamente? Quantos de nós podemos desenvolver a guarda responsável, aquela que não abandona nas ruas animais, apenas porque nos mudamos para um apartamento, casa menor, porque o animal adoeceu e começa a dar muitas despesas com remédios, veterinários etc.? Você sabe que 4 mil cães e gatos foram mortos no Recife em um único mês em 2008, com a mesma desculpa de todos os lugares, de que é preciso combater a transmissão de doenças? Você seria capaz de ajudar, ainda que só financeiramente, as ONGs que protegem e abrigam esses seres, evitando o corredor da morte?
“(...)adotar animais abandonados, ao invés de (...) incentivar a indústria de cruzamentos de raça (...), enquanto milhares outros são literalmente descartados na cidade diariamente.” REVISTA ALMA ANIMAL º 1
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Conseguiria deixar de comer carnes (vermelhas, brancas, qualquer cor), evitar usar couros, produtos testados em animais? Poderia participar de algum modo da luta pela definição clara de políticas publicas de proteção, defesa e qualidade de vida dos bichos como campanha de vacinação, esterilização, pelo fim da presença deles em pesquisas, circos, exibições públicas etc? Alguém aqui pode corporificar um pouco que seja a energia de Simha? Eles agradeceriam tanto... E, com certeza, uma seqüência tão grande de méritos seria gerada que todos os reinos e todo o mundo, com seus Deuses, Humanos, Asuras e Gandarvas se alegrariam e se regenerariam! E um dia conheceríamos enfim paz na Terra entre seres de Boa Vontade! Com mãos em prece, Namaste !!!
A equipe do Alma Animal gostaria de agradecer imensamente à Regina por sua disponibilidade em escrever e por compartilhar a visão budista sobre nossos irmãos
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“Os animais são os irmãos inferiores dos homens. Eles também, como nós, vêm de longe, através de lutas incessantes e redentoras, e são, como nós, candidatos a uma posição brilhante na espiritualidade.”
Emmanuel (Chico Xavier)
Foto: Fernanda Vieira/Alma Animal
REPORTAGEM
ANDA promove exposição “Informar para Transformar” Fotos e Redação – Adriana Miranda
A ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais - está promovendo a exposição itinerante “Informar para Transformar” por algumas capitais brasileiras. Estão sendo expostos 13 paineis (frente e verso); alguns mostram a história e ações da ANDA na defesa dos direitos animais, outros exibem fotos e depoimentos de algumas personalidades como Danilo Gentili, Zélia Duncan (cantora), Arnaldo Baptista (ex-Mutantes), Lúcia Veríssimo (atriz e defensora animal), Ricardo Japinha (CPM22), Marcelo Médici (ator), Cynthia Howlett (apresentadora e jornalista) e Patrícia Marx. Confira nas próximas páginas!
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Recife foi a primeira capital a receber a exposição, no saguão do Aeroporto Internacional dos Guararapes, do dia 1° a 30 de Setembro. De acordo com a ANDA, cerca de 80 pessoas estiveram na abertura da exposição.
O Alma Animal esteve na exposição, na cidade do Recife, e fez alguns registros. Também conversou com Silvana Andrade, jornalista, ativista dos direitos animais, idealizadora e diretora editorial da ANDA. De acordo com Silvana, a iniciativa da exposição veio a partir de um convite da própria Infraero, ideia surgida após a grande repercussão do caso do cão Pinpoo, que desapareceu dentro do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no início deste ano. Todas as personalidades que participam da exposição com fotos e depoimentos possuem algum tipo de ligação com a ANDA e a causa animal.
Foto: Adriana Miranda/Alma Animal
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Foto: Adriana Miranda/Alma Animal
A escolha do Recife para o lançamento da exposição nacional da ANDA se deu pelo fato de Silvana ser pernambucana, embora radicada em São Paulo há mais de 20 anos. Após deixar Recife, a exposição segue para uma turnê nos aeroportos brasileiros de Porto Alegre (outubro), Curitiba (novembro) e São Paulo (dezembro). A exposição permanecerá durante um mês em cada cidade. Em janeiro de 2012 o roteiro continua e a primeira cidade a receber a exposição será Niterói, em um espaço ainda a ser definido pela prefeitura. Possivelmente a exposição também seguirá para Brasília, Rio de Janeiro e Salvador. Surgida em 28 de Novembro de 2008, a ANDA foi a primeira agência jornalística do mundo a surgir com o objetivo de divulgar notícias visando combater a violência social, a destruição do meio ambiente e defender os direitos dos animais.
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Segundo Silvana, a proposta principal da ANDA é auxiliar na conscientização das pessoas para uma vida ética, com compaixão, paz e harmonia para todos os seres.
“Devemos estar cientes que nossas escolhas têm um impacto importante na sociedade.” afirma. Ela solicita a todos que acessem a ANDA, colaborem enviando notícias, repassando as matérias, divulgando nas redes sociais. “Cada mensagem repassada é uma esperança e uma salvação para os animais. Juntos fazemos a diferença.” - finaliza. Segundo definição da própria ANDA, seu trabalho junto à grande mídia e a sociedade tem um grande alcance e é de extrema importância. Isto é defender os direitos animais, isto é cidadania. Parabéns a Silvana e a todos que fazem a ANDA, pelo belo trabalho! Os animais agradecem!
www.anda.jor.br
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TEMA CAPA
Os animais nãohumanos têm alma? Fernanda Vieira Sim. Pelo menos é isto que a maioria das religiões relata – mesmo aquelas que parecem não ter nada a declarar, se você estiver disposto a procurar, certamente encontrará citações e até mesmo explicações para a existência da alma, não apenas para o homem, mas para todos os outros animais. Além do que, as religiões/doutrinas espiritualistas – aquelas que mais difundem a existência da alma em tudo o que tem vida – não estão sozinhas, muitos são os filósofos que já relatavam em tempos distantes sobre a existência da alma, além da própria ciência atual avançar a passos largos ao encontro da espiritualidade.
Confira nas próximas páginas! REVISTA ALMA ANIMAL Nº 1
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Antes de começarmos, entendamos o que é Alma. Segundo o dicionário Priberam, alma significa: [Religião] Parte imortal do ser humano; pessoa, indivíduo; habitante; vida; consciência; espírito. Daqui já poderíamos questionar diversos aspectos, como por exemplo, segundo os significados, a morte realmente não existe, pois parte do ser humano é imortal ou esta parte na verdade é o todo, pois habitamos um corpo, sendo nossa verdadeira essência o espírito? Alma nada mais é do que o espírito ligado ao corpo físico. Olhando-nos no espelho, podemos tocar nossos olhos, nariz, cabelos, boca, estes são atributos físicos que fazem parte do corpo que por um determinado período está sob nossos cuidados. Nós não somos aquilo que vemos no reflexo de um espelho qualquer, somos seres espirituais que necessitam neste estágio da evolução de um veículo: o corpo.
"Os animais dividem conosco o privilégio de terem uma alma!” (Pitágoras) Pois bem, podemos concordar neste ponto que os outros animais também possuem um corpo. Podemos citar os correlatos neurais entre os vertebrados, que independentemente da espécie, o modelo de sistema nervoso é o mesmo, apenas com algumas diferenças anatômicas. Hoje, apesar das diversas dúvidas que existem sobre o assunto, sabe-se sobre a relação entre a consciência humana e a estrutura e função do sistema humano nervoso, isto nos dá uma boa razão para acreditar que a nossa consciência está intimamamente relacionada à nossa fisiologia e anatomia. Então, por que não ter o mesmo raciocínio para com os outros animais, já que são possuidores de semelhantes estruturas encontradas no homem? Reflitamos: poderiam existir estruturas nervosas similares sem funções similares?
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Segundo Dra. Irvênia Prada, médica veterinária e estudiosa do assunto tanto no âmbito científico quanto espiritual, alguns estudiosos admitem que os seres vivos têm, além do corpo físico, a manifestação da vida. Além do corpo físico e da vida, geralmente se considera para o ser humano, um terceiro elemento: o ANIMUS (alma, espírito, mente, psique). Quando se fala de corpo e vida, parece de grande facilidade para o ser humano entender a semelhança entre homens e outros animais. Mas por algum motivo, talvez de ordem cultural e certamente com grande participação do componente religioso, sistematicamente as pessoas atribuem apenas a si, à sua espécie, a existência do terceiro elemento (animus), e sem nenhum questionamento (Prada, 2000). Apesar de algumas religiões cristãs acreditarem na existência da alma nos animais não-humanos, acreditam também que quando eles morrem, sua forma individual deixa de existir, pois sua alma é infinitamente inferior se comparada a do homem. É a velha prática de tudo explicar-se pelo antropocentrismo.
"Os animais do mundo existem para seus próprios propósitos. Não foram feitos para os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos para os brancos, nem as mulheres para os homens." (Alice Walker)
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Interessante é ler a proclamação feita por Papa João Paulo II, de que “Os animais possuem uma alma e que os homens devem amar”, “(...)todos os animais são fruto da ação criativa do Espírito Santo e merecem respeito” e “eles estão tão próximos de Deus como estão os homem”. O Espiritismo, doutrina cristã, explica, através de Allan Kardec (codificador do Espiritismo), que “Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, e criado seres inteligentes, sem futuro, fora blasfemar de sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas”, diferentemente da maioria das religiões cristãs, a doutrina espírita acredita que os animais não-humanos, assim como os homens, estão em constante evolução, apenas em níveis diferentes. A ciência caminha para entender a existência da alma, tanto em homens quanto em outros animais. As religiões, apesar das diferenças, concordam em um aspecto: os animais possuem sim alma e deve ser respeitada.
Será esse princípio (princípio independente da matéria nos animais - espírito) uma alma semelhante à do homem? “É também uma alma (...).” O Livro dos Espíritos (Kardec) em meados de 1857, já relatava sobre a alma dos animais. REVISTA ALMA ANIMAL Nº 1
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Referências Bibliográficas KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Federação Espírita Brasileira, ed. 76ª, 1995. PRADA, I. A Alma dos Animais. Editora Mantiqueira, 2º edição, 2000. [GREEPET]. Algumas religiões e filosofias. Disponível em http://www.greepet.vet.br/protanimal.php. Acesso em 21/09/2011 [PRIBERAM]. Alma. Disponível em http://www.priberam.pt/dlpo/Default.aspx. Acesso em 21/09/2011
"Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais. Os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento." (Charles Darwin)
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"Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento, troque de lugar com ele... em determinado ponto eles s茫o n贸s e n贸s somos eles" Philip Ochoa
ENTREVISTA
ENTREVISTA COM PAULO FERNANDO SOBRE A VIDA DE FRANCISCO DE ASSIS
Paulo Fernando tem 42 anos de idade. Casado e pai de três filhos do coração. Atualmente é servidor estadual. Sua formação acadêmica é História, sendo que lecionou a referida matéria e também Filosofia na rede estadual de ensino do Estado de São Paulo. Quando jovem, morou num convento da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Botucatu – SP, e depois como seminarista na Ordem dos Frades Menores Missionários, em Guarapuava, PR. “Foi uma experiência enriquecedora da qual, tenho a oportunidade de compartilhar um pouco do conhecimento dessa figura notável da História”, escreve Paulo.
A equipe do Alma Animal gostaria de agradecer imensamente ao Paulo por sua disponibilidade e por compartilhar tão rico conhecimento que nos enche a alma de luz.
Entrevista por : Fernanda Vieira
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Foto: Adriana Miranda/Alma Animal
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“Para mim, Francisco conseguiu entender a verdadeira mensagem de Jesus Cristo contida no Evangelho.” Alma Animal: Dante Alighieri, considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana, considerava Francisco de Assis uma "luz que brilhou sobre o mundo", e para muitos ele foi a maior figura do Cristianismo desde Cristo. Qual a sua opinião sobre esta afirmação? Paulo: Para mim, Francisco conseguiu entender a verdadeira mensagem de Jesus Cristo contida no Evangelho. Conseguiu ir além da letra e do texto simples e decidiu por em prática aquilo que Jesus Cristo nos ensinou, ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo. Vivenciou o verdadeiro amor em suas relações nessa nossa condição de vida neste mundo, isto é, nossa relação com Deus, depois consigo mesmo, com o próximo, com a natureza e com todo o universo. Ademais, provou que o Evangelho não é uma loucura, ou algo impossível para os homens, mas algo real e factivel para aqueles com boa vontade, disposição e coragem para viver a proposta de Jesus. Nisso é que, para mim, Francisco se torna único e especial. Lendo as biografias e os escritos de Francisco, podemos até parafrasear outra figura notável, Albert Einstein, que, se rerefindo a Gandhi, outro que merece admiração, por ocasião de seu falecimento, declarou: “As gerações que vierem não acreditaram que uma pessoa como essa caminhou sobre a Terra em carne e osso”. O mesmo se aplica a Francisco.
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Alma Animal: Muitas histórias com animais cercam a vida de Francisco de Assis. Elas estão contadas no Fioretti (pequenas flores, em italiano), uma coleção póstuma de contos populares sobre este santo. Há relatos da veracidade das histórias? Qual a sua opinião? Paulo: Há sim. E os relatos são tantos que chegamos até duvidar se são verdadeiros. Mas são. Não existe apenas o Fioretti, mas também diversos outros textos escritos por contemporaneos, companheiros de ordem, testemunhas as mais diversas que atestam tal relação de Francisco com os animais. Penso que tal pessoa era tão amante de Deus e de toda a sua obra que tal amor emanava de sua pessoa e era percebida por todos os que dele se aproximavam, incluindo os animais, pois é sabido que os mesmos são capazes de notar ou de perceber nossas emoções ou estados de humor, quanto mais uma vibração tão forte como é a que vinha de um amor sincero e profundo como a de Francisco de Assis.
“(...) o ato de comer carne significaria a morte e o sofrimento de uma criatura de Deus, e isso contrariaria o sentimento de fraternidade universal que ele possuía.”
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Alma Animal: Pode-se dizer que o presépio é uma invenção de Francisco de Assis que nos remete a recriar o nascimento de Cristo e o respeito para com os outros animais? Paulo: Sim. A vontade de Francisco de representar o nascimento de Jesus, com toda a singela que é descrita no Evangelho, juntamente com o seu amor ao Mesmo, o fez criar o presépio em 1223, na região de Greccio, Itália. Sua intenção, certamente, era que toda criatura, homem, animais e também o mundo mineral, contemplassem o nascimento do Divino Mestre. Atualmente, vemos presépios onde há uma diversidade enorme de animais que nos leva a refletir que estes merecem nosso respeito e nosso carinho porque são, como Francisco afirmava, nossos irmãos. Alma Animal: Há relatos que Francisco de Assis falava com os outros animais, parecendo que estes entendiam e, aproximando-se dele espontaneamente, mesmo quando selvagens, davam sinais de compreenderem suas palavras ao obedecerem suas instruções. Qual a sua visão e possível explicação para o fenômeno? Paulo: Quem tem um animal de estimação, e o trata bem lhe dando carinho, respeito e o cuidado necessários, sabe que muitas vezes seu animal parece que entende certas coisas de seu “dono”. Na verdade, os animais, principalmente os de estimação, sentem nossas emoções, sabem quando estamos alegres, tristes, preocupados, impacientes ou irritados. Tal fato é objeto de estudo de profissionais da área.
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No caso de Francisco, com uma energia amorosa que vibrava intensamente, os animais percebiam e recebiam tal vibração podendo até “entender”, dentro daquilo que lhe permitido à sua condição natural de evolução, seja por espécie ou individual, o que ele, Francisco, desejava. Há relatos de que ele pregava aos animais as maravilhas de Deus e os mesmos pareciam entender. Penso que durante tais ocasiões, sua energia, tão vigorosa, era de tal maneira transmitida e recebida pelos animais em uma frequência ou sintonia que os faziam assimilar certas ideias ou sentimentos de Francisco de acordo com o que seu aparato cognitivo era capaz de assimilar. É bom lembrar que os animais têm o mesmo princípio inteligente que em nós se manifesta, mas em estado latente e em evolução. Alma Animal: Alguns grupos cristãos não acreditam na existência da alma dos animais em sua individualidade. Acreditam que a alma dos animais seja muito inferior à alma do homem, atribuindo-lhes apenas a forma material, quando morrem esta forma se perde. Por outro lado, certa vez o Papa João Paulo II proclamou “Os animais possuem uma alma e que os homens devem amar”, “(...) todos os animais são fruto da ação criativa do Espírito Santo e merecem respeito” e “estão tão próximos de Deus como estão os homens.” a) Qual a sua opinião sobre isto? b) Com a evolução da Ciência, você acredita que os grupos religiosos mais tradicionais aceitam a Teoria da Evolução das Espécies (Darwin)? c) Francisco de Assis, em algum momento de sua vida, relatou sobre a alma do homem e/ou dos animais?
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Paulo: a) Minha opinião a respeito vai de encontro com a do Papa João Paulo II. Tal declaração aponta um avanço no entendimento sobre a questão da espiritualidade dos animais. Francisco de Assis, muito a frente no tempo, inclusive ao de hoje, não tinha dúvidas quanto a isso quando chamava irmãos e irmãs todas as criaturas, mesmo as menores “... pois sabia que elas e ele procediam do mesmo e único princípio”. (São Boaventura, Legenda Maior – Cap. 8, nº 6). b) Acredito que é possível sim haver um entendimento melhor quanto à evolução como um todo no que concerne a existência do universo e de tudo o que nele se encerra. O problema reside na cristalização de ideias devido a medo, a orgulho, a inveja, ou outro sentimento inferior que ainda possuímos. Hoje é possível discutir abertamente tais conceitos e ideias, mesmo sob protesto de um ou outro grupo, antigamente não era possível. Na época de Francisco, o simples argumento de que o homem não era a criatura maior de Deus e de que tudo neste mundo estava submetido a sua vontade, seria considerado perigoso podendo até ser passível de punição. Nesse contexto, Francisco correu um risco e tanto ao expor suas ideias.
“(...) tal amor emanava de sua pessoa e era percebida por todos os que dele se aproximavam, incluindo os animais (...)” REVISTA ALMA ANIMAL Nº 1
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c) Francisco teve sob seus cuidados, durante um tempo, um cordeirinho que depois o entregou a sua amiga Jacoba de Settesoli de Roma. Segundo relatos, Francisco instruiu o animal nas coisas espirituais que o mesmo passou a demonstrar um comportamento de reverência em ocasiões de oração ou em missas. Poderia ser um condicionamento? Podia. Mas penso que Francisco não tinha nem jeito e nem tempo para tal coisa. Outro exemplo é o lobo de Gubio, onde Francisco conversou e pacificou o animal em sua passagem pela cidade. Ele instruía, falava e se comunicava com todas as criaturas sobre as coisas espirituais e isso concorre para deduzir que para ele os animais possuem uma alma. Podia não declarar isso, porque poderia ser muito mal compreendido naquela época, mas seu comportamento e atitudes indicam isso sim. Como Francisco poderia instruir o animal nas coisas espirituais se o mesmo não tivesse uma espiritualidade, ou seja, uma alma? Pelo menos é o que eu penso. Alma Animal: Considerando os outros animais como seus irmãos, tem-se relatos que Francisco de Assis era vegetariano (não comia carne)? Como a ordem Franciscana encara o assunto?
“Como Francisco poderia instruir o animal nas coisas espirituais se o mesmo não tivesse uma espiritualidade, ou seja, uma alma? Pelo menos é o que eu penso.” REVISTA ALMA ANIMAL Nº 1
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Paulo: Baseando nos escritos e relatos do primeiro século pós a passagem de Francisco, não há nenhuma afirmação cabal de que ele não comia carne. Entretanto, pode-se afirmar que ao longo de sua vida, seu amor e compreensão das coisas de Deus, manifestadas na natureza como um todo, foram crescendo, se intensificando e se aprofundando de tal maneira que o ato de comer carne significaria a morte e o sofrimento de uma criatura de Deus, e isso contrariaria o sentimento de fraternidade universal que ele possuía. São Boaventura, biógrafo de Francisco, relata: “Ás vezes resgatava cordeiros levados ao matadouro, em lembrança do Cordeiro (Jesus Cristo)...” (Legenda Maior, cap. 08 – nº 06); Outro biógrafo, Tomás de Celano, relata: “... perto do porto do lago de Rieti, um pescador pegou um peixe muito grande, (...), e lhe deu de presente com devoção. Francisco recebeu com alegria e bondade, começou a chamá-lo de irmão e, colocando na água fora da barca, começou a abençoar devotamente o nome do Senhor. Enquanto rezava o peixe ficou brincando na água” (Tomás de Celano, Vida I – cap. 22, nº 66). Devemos lembrar que Francisco foi um homem medieval e naquela época, século XIII, na Europa, o comer carne era algo muito diferente aos dias atuais. Primeiro não havia essa indústria e comercialização de carne como há atualmente com rebanhos sendo criados para esse fim único. Animais como bois eram considerados importantes naquela época porque eram usados para a tração de carga e para aragem, uma vez que cavalos eram montarias dos nobres e ricos.
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A carne era, podemos dizer um artigo de luxo. E não a carne bovina, mas a de porco e frango, pois estes eram de fácil criação não necessitando de grande dispêndio para tanto. Segundo, a maior parte da população, que era de pobres, tinha sua alimentação baseada em legumes, vegetais e trigo. O pão era o alimento básico na época. Assim podemos concluir associado ao sentimento de amor às criaturas de Francisco, que o mesmo, uma vez se tornando pobre por amor a Deus, ele se alimentava como os mesmos daquela época. Agora, entendo que as Ordens Franciscanas deixem tal questão a foro íntimo, não impondo aos seus um ato que para muitos pode ser considerado um rigorismo. Contudo, há dentro das Ordens, aqueles que já aceitam o jeito de ser de Francisco em relação a tal assunto. Francisco não impunha aos seus irmãos aquilo que eles não podiam fazer; queria, principalmente pelo exemplo e caridade, que os mesmos percebessem e assimilassem certas verdades que ele já entendia desde aquela época e que nós, agora, estamos começando a nos conscientizar.
“É bom lembrar que os animais têm o mesmo princípio inteligente que em nós se manifesta, mas em estado latente e em evolução.” REVISTA ALMA ANIMAL Nº 1
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A Espiritualidade dos animais
O Projeto Alma Animal O Projeto Alma Animal faz parte do blog Animais e o Espiritismo e conta com a Revista Alma Animal Online, colunas mensais sobre temas relacionados aos animais não-humanos, material sobre esporte e vegetarianismo, com apoio da União dos Atletas Vegetarianos (UNAVEG), livros de espiritualidade animal comentados, entrevistas etc.
NOSSA MISSÃO: divulgar a causa de amor, respeito e estudo da espiritualidade dos animais como base para um mundo de mais amor, em que todos os seres vivos possam viver em harmonia. A partir do momento em que o ser humano perceber que não é o único a “ter” uma espiritualidade, passará a refletir sobre a maneira que trata seus irmãos de outras espécies.
Acesse o vídeo institucional no YouTube! Conecte-se ao Animais e o Espiritismo, clique <aqui>! A Revista Alma Animal Online é uma publicação trimestral do blog Animais e o Espiritismo de distribuição gratuita. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da equipe desta revista. Foto capa e não assinadas: morguefile.com
►Nessa edição Tema de capa
Quem somos
1_Espiritualidade Animal
No sentido de levantar a reflexão sadia sobre a relação homem – outro animal, e tudo o que isto envolve, o blog Animais e o Espiritismo surge, de uma iniciativa simples (colocar conteúdo na internet), e torna-se um projeto que pretende levar a visão espírita sobre os animais ao meio espírita e nãoespírita, àqueles que amam os animais e àqueles que estão aprendendo a respeitá-los.
11_Veterinária e espiritualidade
13_Reflexões Sadias
17_Mensagem de Chico Xavier sobre os animais
Conheça mais! www.animaiseoespiritismo.blogspot.com ou www.almaanimal.com.br
►Entrevista com Irvênia Prada
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EXCLUSIVO | A Dra. Irvênia Prada concedeu uma entrevista ao blog Animais e o Espiritismo sobre a espiritualidade dos nossos queridos irmãos. Gostaríamos de agradecer imensamente à Irvênia Prada pela atenção, disponibilidade e pelo aprendizado adquirido com a leitura e reflexão dessa entrevista.
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►Entrevista com Irvênia Prada
Espiritualidade dos animais
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Irvênia Prada é professora e médica veterinária pela Universidade de São Paulo (USP), conhecida mundialmente por suas pesquisas na área de Neuroanatomia Animal, além de respeitada autoridade no que se refere ao estudo da espiritualidade dos animais não-humanos.
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►Entrevista com Irvênia Prada
“O despertar espiritual (...) é que deverá motivar as pessoas para poupar a vida e o
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sofrimento dos animais. Alma Animal: Qual sua visão sobre a eutanásia? Irvênia Prada: Se em relação ao ser humano temos a referência do que consta no livro “Obreiros da Vida Eterna”, de André Luiz, psicografado por Chico Xavier, jamais encontrei nas obras básicas da codificação espírita, algo paralelo, que nos orientasse quanto às conseqüências da eutanásia nos animais. Assim, em termos práticos e considerando as condições evolutivas de nosso planeta, sempre respondo a esta pergunta, lembrando-me de uma página de Emmanuel intitulada “Quanto Puderes”, também psicografada por Chico Xavier, em que recomenda: “Quanto puderes, não te afaste do lar...Quanto te seja possível, suporta... Quanto estiver ao teu alcance, tolera...”, etc. Então, digo “Quando puder, quando lhe
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”
seja possível, quanto estiver ao seu alcance, faça opção pela vida!” Reconheço que existem casos dramáticos, de animais politraumatizados, de câncer em estágio terminal e outros tantos, em que cada um de nós poderá avaliar o “quanto” as condições nos permitem esta ou aquela opção. Em qualquer das situações, entretanto, vamos recorrer à prece solicitando que os amigos espirituais nos ajudem a todos, seres humanos e animais. Jesus sabe de nossas limitações, mas abençoa qualquer esforço que fazemos em favor da vida! Alma Animal: Considerando a evolução espiritual, como conciliar a convivência entre seres humanos e animais nãohumanos visando a alimentação humana (com exceção daqueles criados para a “indústria da morte”)?
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►Entrevista com Irvênia Prada
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em vários tópicos de suas obras básicas, que os animais são animados por princípios inteligentes em constante processo evolutivo. Portanto, a cada um de nós caberá a escolha recomendada por Alexandre, no sentido de respeitar nos animais sua capacidade de sofrimento e seu direito à própria vida.
“já temos
Irvênia Prada: O dilema “comer ou não comer carne” demanda uma reflexão ética e doutrinária. O ser humano, em sua trajetória milenar neste planeta, acostumou-se à alimentação carnívora, dadas as condições de busca de sobrevivência em que se encontrava nos primórdios de sua história, sendo este um hábito dos mais arraigados até hoje, em seu comportamento. Enquanto ele mesmo caçava e levava o alimento para a sua família, podemos dizer que existia uma certa harmonia em sua relação com a natureza.
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Entretanto, a partir da industrialização tanto da criação dos animais, quanto de seu abate, muito sofrimento por parte dos animais, passou a fazer parte desse sistema de alimentação. Atualmente, como refere o mentor Alexandre em Missionários da Luz, de André Luiz, já temos condições de recorrer a outras fontes para nossa alimentação, que não nas “indústrias da morte”. Infelizmente, os animais ainda são vistos como coisas que existem apenas para servir ao ser humano. Entretanto, a Doutrina Espírita nos esclarece,
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condições de recorrer a outras fontes para nossa alimentação, que não nas ‘indústrias da morte’” Alma Animal: A corrente abolicionista preconiza que os animais não-humanos não devam ser criados para qualquer finalidade de cooperação com o ser humano. Qual é a sua opinião a respeito? Irvênia Prada: Eu tenho uma séria restrição com essa coisa que inventaram recentemente, de dividir o movimento de
proteção e defesa dos animais em bem-estaristas e abolicionistas, pois já somos poucos os participantes dessa causa, e divididos, nos enfraquecemos. Eu considero a visão abolicionista como o ideal a ser atingido, a meta a ser alcançada, e sou concordante com essa postura em relação a situações inadequadas que ainda persistem e que já deviam ter sido eliminadas, como por exemplo a vivissecção de animais para fins de ensino. Entretanto, a conquista desse ideal, dessa meta, corresponde a um processo, e com os resíduos culturais de antropocentrismo que permeiam todos os campos da atividade humana, em relação aos animais, torna-se imperativo que em muitas situações, como é o caso do consumo de carne, trabalhemos para avançar passo a passo no estabelecimento das condições que desejamos para os animais. Na interação comportamental entre seres humanos e animais, aceito que estes possam participar por exemplo como guias para deficientes visuais ou em programas de zooterapia, desde que respeitadas as características de seu repertório comportamental, suas condições
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bem-estar e também desde que se estabeleça uma relação afetiva verdadeira entre as pessoas e os animais. Alma Animal: Qual sua visão sobre alma-grupo? Irvênia Prada: Eu jamais encontrei nas obras básicas da codificação espírita, qualquer referência ao conceito de almagrupo. Parece que este termo foi introduzido no meio espírita, por pessoas egressas da Teosofia. Portanto, não aceito a utilização desse conceito em se tratando de Espiritismo. Para André Luiz, em Evolução em dois Mundos, cada célula já representa um
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princípio inteligente na vivência de sua trajetória evolutiva. Hoje, o que podemos levar em conta é a hipótese formulada pelo biólogo britânico Rupert Sheldrake, de que os seres vivos possuem uma matriz energética de seu corpo físico, que ele refere como “campo mórfico”, sendo que os campos mórficos dos indivíduos de um mesmo grupo emitem ressonância de uns para os outros, por meio da qual é possível a troca de informações entre esses indivíduos. Nessa concepção de Sheldrake, que considero bastante razoável e concordante com a visão espírita, cada
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“Mudar é muito difícil, pois até as mudanças para melhor nos incomodam, como (...)abandonar o consumo de carne.” indivíduo tem sua própria individualidade, mas mantem canais de comunicação através da ressonância de seus corpos mórficos. Alma Animal: Da literatura espírita, constam inúmeras evidências que levam a pensar que o vegetarianismo é fundamental no processo da evolução espiritual. Entretanto, tem-se a impressão que grande parte dos espíritas é onívora. Comomudar esta realidade? Irvênia Prada: Mudar é muito difícil, pois até as mudanças para melhor nos incomodam, como seria o caso de se abandonar o consumo de carne. É verdade que a maior parte dos espíritas ainda mantem esse hábito, alimentando-se da carne dos animais. Para muitas coisas, vivemos em um “vácuo ético”,, como já disse alguém, ou seja, não refletimos profundamente a respeito das características do contexto de determinada situação. Conforme já referi,
nossa cultura é fortemente impregnada por um modelo antropocêntrico, que objetiva unicamente o bem-estar do ser humano e tem os animais como “coisas” utilizáveis e descartáveis. Também como já disse alguém, se os matadouros tivessem paredes de vidro, ninguém mais comeria carne, pois o que se passa lá dentro é realmente chocante. Então, penso que as mudanças irão ocorrer quando cada pessoa, individualmente, desejar conhecer a verdadeira natureza dos animais, que são seres com capacidade de sofrimento e têm direito natural à própria vida. Compaixão e misericórdia terão de aflorar no coração de todos nós, que apenas pertencemos a este mundo, não somos donos dele! Também penso que adotar o vegetarianismo só para se progredir espiritualmente, não resolve. O despertar espiritual para o entendimento da questão (matar os animais e comer suas carnes) é que deverá motivar as pessoas para poupar a vida e o sofrimento dos animais. Sobre este assunto, recomendo fortemente a leitura de “Missionários da Luz”, de André Luiz, cap. 4, que contem as sábias orientações do mentor Alexandre a respeito. *
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Veterinária e Espiritualidade Há aproximadamente um ano, Irvênia Prada criou na USP o movimento chamado Medicina Veterinária e Espiritualidade – MEDVESP, com a finalidade de unir pessoas interessadas em propostas que visem transcendência na relação entre homens e outros animais. As reuniões são abertas ao público sempre na terceira quinta-feira de cada mês, às 18h30, no prédio da diretoria da Veterinária - USP.
Para mais informações acesse: http://www.facebook.com/MEDVESP
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"Os animais do mundo existem para seus próprios propósitos. Não foram feitos para os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos para os brancos, nem as mulheres para os homens.” Alice Walker
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"- Olha, meu filho, eu não vou sentir uma dor maior quando perder um parente, um amigo; vou chorar igual, sentir igual (...) e ainda observou: - Os espíritos me dizem que o animal com algum progresso sempre volta ao ambiente em que ele se habituou..."(Carlos Baccelli no livro Chico Xavier, Amigo dos Animais, Editora LEEPP).
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Mensagem de André Luiz (Chico Xavier) “Em todos os setores da Criação, Deus, nosso Pai, colocou os superiores e os inferiores para o trabalho de evolução, através da colaboração e do amor, da administração e da obediência. Os seres inferiores e necessitados do Planeta não nos encaram como superiores generosos e inteligentes, mas como verdugos crueis. Confiam na tempestade furiosa que perturba as forças da Natureza, mas fogem, desesperados, à aproximação do homem de qualquer condição, excetuandose os animais domésticos que, por confiar em nossas palavras e atitudes, aceitam o cutelo no matadouro, quase sempre com lágrimas de aflição, incapazes de discernir com o raciocínio embrionário onde começa a nossa perversidade e onde termina a nossa compreensão. (...)sem amor para com nossos inferiores, não podemos aguardar a proteção dos superiores.” Livro Missionários da Luz, p. 51-52. 17
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