BIBLIOTECA SEOMARA
I CONCURSO
POESIA 2018
A . E . A M A D O R A O E S T E
PUNIÇÃO SILENCIOSA ANA FILIPA ELEUTÉRIO, 12º 1 1º Prémio, 2º escalãoo
Gritam-me aos ouvidos! Vadios de vidas certas, Esvaziam-me aos poucos Com ideias cheias, de minudência. Traçam percursos de caminhos meus e com berros ensurdecem a existência. Amarram-me a certezas, Matam-me os sonhos E vendem-me em feiras Para serem ricos. Alastram em mim desgraças, Apontam rumos, Proíbem-me de chorar, Não me deixam sequer pensar. Querem que seja deles, Como eles, Como todos, Como alguém. Mas a mim pouco me importa se serei uma cópia, mesmo que do bem, enquanto For cópia não serei ninguém. Sabem lá vocês, como é acordar vestido de mim para virem falar de silêncios que só se ouvem aqui. Normas impregnadas, Em ruas pintadas de seres que se dizem humanos. Guerreiam vidas, traçando mortes. Sinto as lágrimas dos vossos sorrisos, destinados a pontos fixos. Sociedade, punição silenciosa Até posso ser vagabundo da minha confusão, perdido ou não, Sou o “eu “da minha razão. E vou feliz por ter sonhos a uivar por cima de gritos que me fazem parar. E se me puserem de parte por não encontrarem o meu lugar. Vou apenas chorar e quando pensar… Ei-de rir noites sem parar! Perdidos estão vocês que nunca buscam nada para lá da morada. Sou louco no meio de tanta concepção. Mas só eu sinto o meu coração. Eu é que sei! Se vou para aqui ou para ali. Um dia mostro-vos o apagão que acendi.
EUTANÁSIA MUNDIAL
MARIANA CASTRO, 11º 6 – 1º Prémio, 2º escalão
Com honestidade faz-me tremer o que a consciência me transmite, O que a religião esconde e a sociedade emite, Tudo aquilo em que não acredito, e se torna mais real, Todas as palavras que não valem nada, cada atitude crucial, Cada “não” firme e injusto, cada ênfase cruel, Cada sorriso de anjo em pele de cascavel, Cada sentimento não sentido, cada perda de tempo, Cada noite nostalgicamente colorida, cada dia coloridamente cinzento, Cada observação do exterior, cada visão do inferno, Cada verão mais gelado… como é quente o inverno! A revolta é algo que não cabe, porque não tem tamanho, só forma, Porque nunca sou aquilo em que me transformo, sou aquilo que me transforma, Porque nunca sou aquilo que penso, sou aquilo que faço, Porque a alegria é reconhecimento, só ela compensa o cansaço, Porque eu podia lutar sozinha por um mundo mais habitável, mas não conseguia, Porque eu sempre tentei tudo sem as ideias de ninguém, e porque sei que tu também podias! Um grito de liberdade nunca acordaria um monte de gente adormecida, E a força de uma alma velha não compensa uma enfraquecida, E quem me dera, acredita, que visses tudo aquilo que eu vejo, Que as ilusões te fossem tiradas, e visses que tudo o que imaginas é desejo, Eu isso é tudo uma fantasia, que o mundo não está assim, Pode tornar-se nisso, mas por agora caminha a passos largos para o fim… Mas afoga toda essa dor, todo o rancor, São duas doses de eutanásia, por favor.
SONHO…
TÂNIA SOUSA, 3º TT – 3º Prémio, 2º escalão
Um dia o sonho nasce, E não sabemos o que fazer, Se devemos lutar por ele, Ou simplesmente esquecer… Sabemos logo à partida, Não ser fácil de realizar, Mas de que nos vale esta vida Se deixarmos de sonhar? Se desistirmos vem a culpa, De não termos tentado, E não saberemos o gosto, De o vermos realizado… Resolvi lutar pelo meu, Acredito que vou conseguir, E por cada etapa superada, Mais esperança construir…
SER POETA…
MARIA DE FÁTIMA LAPA (encarregada de educação) – 1º Prémio, 3º escalão
Parece que vive, Num mundo diferente, Vê emoção em todo o lado, Transmite o que sente… Com algumas gotas de orvalho, Escreve um belo poema, Voa ao sabor de vento, Sentir o que ama, é o lema… Vive o impossível, Duvida da certeza, Na felicidade vê angústia, No amor vê tristeza… Refugia-se no seu mundo, Vive num mundo à parte, De um simples rabisco, Faz uma obra de arte… Todos temos dentro de nós, Um poeta sem querer, Mas desengane-se quem pensa Que ser poeta é só escrever…
À ESPERA D’AFUNDAR PAULO DE LEMOS (docente) 1º Prémio, 3º escalão
Navio que teima em estar ancorado, Que não navega, Que não sorve as ondas E pela espuma é envolvido. Que não é navio! É penedo! É rocha seca Que o mar não umedece E não consegue refrescar.
Navio naufragado Cantado em triste fado, Não tem leme que o vire Nem força para navegar. Quilha quebrada pelo tempo Que o fez quebrar, É rochedo, poiso d’aves, Tatuagem de lodo e lapa Que o esconde De si,…(e) de todos.
Navio preso à âncora, A correntes que o acorrentam E que a corrente não quebra. Navio sem remédio Que deixou de o ser, Á espera só d’afundar.
O SOM DO TEU RISO PAULO DE LEMOS (docente) 3º Prémio, 3º escalão
O som do teu riso São beijos que recebo. São descobertas, Portas que são abertas, Sabores que degusto e bebo.
O som do teu riso Trás o fim da tristeza, As cores de um amanhecer, Que anseio sempre ver Em esperança, de novo, acesa.
O som do teu riso É uma suave melodia Que abre os rudes horizontes, Que nos perigos constrói pontes E abre caminho a um novo dia.
O som do teu riso Rasga a dor que, em mim, sustento; Quebra a pedra mais dura E descobre vida e cura, Que não passam com o vento.
O som do teu riso Faz suavizar a tormenta. Traz-me a vontade de viver, No desejo de o ouvir e ver Em amor que, em mim, aumenta.