ALEXANDRA DO CARMO OFFICE/COMMERCIAL De From 17/09/08 a to 25/10/08 Inauguração 17/09/08 21h30 Opening day on 09/17/08 9:30 pm
ALEXANDRA DO CARMO Office / Commercial, 2007 Vídeo, NTSC, cor, estéreo, 30’45’’ Video, NTSC, colour, stereo, 30’45’’
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ALEXANDRA DO CARMO Série de Desenhos de 2008 Lápis, lápis de cor e texto impresso s/ papel, Pencil, colour pencil and printed text on paper, 49,1 x 33 cm
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Alexandra do Carmo (n. 1966) nasceu em Portugal e vive e trabalha em Nova York. Estudou na Ar. Co. , em Lisboa, Pratt Institute, em Brooklyn, e no Whitney Museum Independent Study Program de Nova York tendo estado em residência no The Irish Museum of Modern Art in Dublin. A artista expôs em Portugal O trabalho da artista é centrado na ideia de atelier como campo conceptual de estudo. É recorrente o uso do desenho no seu trabalho, embora também utilize outros recursos artísticos tais como a instalação, o vídeo e a performance como meios de investigação da dinâmica de autoria.
Alexandra do Carmo (b.1966) is a practicing Portuguese artist based in New York. She studied at AR.CO in Lisbon, Pratt Institute in Brooklyn and the Whitney Museum Independent Study Program in New York, recently she was in residence at The Irish Museum of Modern Art in Dublin. She has exhibited widely in Portugal and internationally in the USA, Germany, Spain and Ireland. Her work is part of private and public collections such as the Irish Museum of Modern Art and Ilidio Pinho Foundation in Porto. Her work is represented by Carlos Carvalho Gallery in Lisbon and by Art Projects International in New York. Alexandra do Carmo’s practice is focused on the studio as a conceptual field of study, she employs drawing, installation, video, photography and performance in an investigation of the dynamics of authorship.
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Vista da exposição OFFICE/COMMERCIAL ALEXANDRA DO CARMO Office / Commercial, 2007 Vídeo, NTSC, cor, estéreo, 30’45’’ Video, NTSC, colour, stereo, 30’45’’
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Vista da exposição OFFICE/COMMERCIAL ALEXANDRA DO CARMO Série de Desenhos de 2008 Lápis, lápis de cor e texto impresso s/ papel, Pencil, colour pencil and printed text on paper, 49,1 x 33 cm
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Vista da exposição OFFICE/COMMERCIAL ALEXANDRA DO CARMO The Steam Shop (or the painter’s studio), 2007 Vídeo, NTSC, cor, estéreo, 66’46‘’ Video, NTSC, colour, stereo, 66’46‘’
ALEXANDRA DO CARMO’S PERCEPTIVE FISSURES David Barro There is a group of artists who carry out a subtle narrative, with minimal devices, with moments that are born out of patient waiting and with a tense, reflective gaze. The case of Alexandra do Carmo is one of them. Her drawings emerge like a journal capable of reflecting and reflecting on what being an artist today means, what their place is and what their difficulties are. As if it were a game, and without losing her sense of humour, Alexandra do Carmo works on communication, sounding out its possibilities until concluding its impossibility. Like in palaeontology, each step forward comes from other tiny discoveries which apparently do not mean anything and lead nowhere, but which end up making sense. In her latest works each drawing grants meaning and form to an idea. In this manner Alexandra do Carmo reveals and decodes the real world in order to multiply its possibilities. She does so using metaphorical figures such as the dinosaur and the chimpanzee, which function as writing, and take us into a sort of materialised dream, a reality that involves the first reality and reminds us of the fictional element that is hidden in both of them. When looking at her drawings, we become locked within a story almost without noticing it: the story of the artist’s diary. Immersed in a sort of circular, Borgesian ruin. As pointed out by the French philosopher Clément Rosset, in his work Le réel et son double: essai sur l‘illusion, “all duplication supposes the existence of an original and a copy, and one needs to question which of the two, the real event or the “other event”, is not really the double of the “other event”. So at the end it turns out that the real event is the “other”: the other is this real that occurs, that is, the double of another reality that might be the real itself but which always flees and about which we will never be able to say or know anything”. After all, our artist and her writing in the shape of drawing also ends up moving in a sort of Moebius strip that does not allow one to distinguish between the inside and the outside, in a seamless and endless curve, a course that insinuates but cannot totally deduce the realities, accepting them in a natural manner, as if in an incongruous or impossible dream. Alexandra do Carmo does not replace reality with fiction or vice-versa, but rather duplicates spaces and
events in a sort of independent and concomitant existence. In her recent works she thinks that animal gaze – that of the chimpanzee – as light, as possibility and memory, as the passing of time that allows one to draw different phases and moments, both interior and exterior ones, clear and blurred shapes. So the marks and lines that form the fiction of the workshop in the eyes of the chimpanzee and those that form the animal figure are mixed together in a sort of Piranesian, almost magical tightrope-walking, drawing up presences and stories as it goes on building up. Like the very process of “making”, thoughts overlap and are absorbed in a sort of palimpsest. There is a past and a present, a cinematographic rhythm in the action of looking until coming to an illusion of order that comes from repetition. In the meantime, the succession of images has already formed a story, a reading. In her last work, which is the reason for this book, the drawings represent the narrative of the video in emphasising the fiction. The film itself is a performance, in this case a documentary on the artist who intends to rent an apartment in Brooklyn. The questions follow on, and everything is being filmed. In the video we are shown the whole relationship with the real estate agent, and as a backdrop we see the change taking place in that area of New York City, which had previously been the home for other types of workshops, just like the development of art and the development of the space. The title – Office/Commercial – underlines that sense of spaces for rent. As always, Alexandra do Carmo uses ideas as her material. The simple, narrative will result from her reduction into a drawing, avoiding unnecessary noises, often seeking colour as a pictorial hue, being timid yet inevitably more instinctive, like a syncopated note that seeks out the delicate emphasis. If at first it was the dinosaurs, now it will be the chimpanzees who take us on a journey into the past without leaving the metaphorical present. Everything is more important than it seems. It is a matter of not losing one’s calm. Like in a music score . Let us think of the figure of the chimpanzee, dumb, upstanding, challenging the spectator like in the best performances. The spectator has to face up to that divided gaze.
AS FISSURAS PERCEPTIVAS DE ALEXANDRA DO CARMO David Barro Há um grupo de artistas que desenvolve uma narrativa subtil, de argumentos mínimos, de momentos que nascem da espera paciente, do olhar tenso, reflexivo. Alexandra do Carmo é um desses casos. Os seus desenhos nascem como um diário capaz de reflectir e reflexionar sobre o que é ser um artista hoje, qual o seu lugar, qual o seu sentido e quais são as suas dificuldades. Como se fosse um jogo e sem perder de vista o humor, Alexandra do Carmo trabalha a comunicação, ausculta as suas possibilidades até chegar à conclusão da sua própria impossibilidade. Como na paleontologia, cada avanço advém de outras descobertas minúsculas que parecem não significar nada e conduzir a lado nenhum, mas que acabam produzindo significado. Nos seus últimos trabalhos, cada desenho dá sentido e forma a uma ideia. Assim, Alexandra do Carmo desdobra e descodifica o mundo real para multiplicar as suas possibilidades. Fá-lo a partir de figuras metafóricas como o dinossauro ou o chimpanzé, que lhe servem de escrita e nos introduzem numa espécie de sonho materializado, uma realidade que envolve a realidade primeira e que nos lembra a ficção que se esconde em ambas. Quase sem darmos conta, ao observarmos os seus desenhos vemo-nos presos numa história: a do diário da artista. Imersos numa espécie de ruína circular, borgesiana. Como assinala o filósofo francês Clément Rosset, na sua obra Le réel et son double: essai sur l’illusion, “toda a duplicação supõe a existência de um original e de uma cópia, e deve perguntarse qual dos dois, o acontecimento real ou o “outro acontecimento” não é, na verdade, o duplo do “outro acontecimento”. Assim, o que acaba por acontecer é que o acontecimento real é o “outro”: o outro é este real que ocorre, ou seja, a duplicação de outra realidade que será o próprio real, mas que sempre nos foge e sobre o qual nunca podemos dizer ou saber nada”. No fim, a nossa artista e a sua escrita em forma de desenho também acaba por mover-se numa espécie de banda de Moebius que não permite distinguir entre dentro e fora, numa curvatura sem costuras nem fim, um trajecto que insinua mas não consegue deduzir completamente as realidades, assumindo-as naturalmente, como num sonho
incongruente ou impossível. Alexandra do Carmo não substitui a realidade por ficção ou vice-versa, antes duplica espaços e acontecimentos numa espécie de existência independente e concomitante. Nos seus trabalhos recentes, a artista pensa esse olhar animal – o do chimpanzé – como luz, como possibilidade e memória, como passagem do tempo que permite desenhar diferentes fases e momentos, quer sejam interiores quer exteriores, formas nítidas ou borradas. Assim, os traços e linhas que constroem a ficcção da oficina nos olhos do chimpanzé e os que conformam a figura animal confundem-se numa espécie de funambulismo piranesiano, quase mágico, desenhando presenças e histórias na sua acumulação. Como o próprio processo de “fazer”, os pensamentos sobrepõem-se e absorvem-se numa espécie de palimpsesto. Existe um passado e um presente, um ritmo cinematográfico na acção de olhar até se chegar a uma ilusão de ordem que chega pela mão da repetição. Entretanto, a sucessão de imagens já constituiu uma história, uma leitura. No seu último trabalho, que é o motivo para este livro, os desenhos representam, a narrativa do vídeo enfatizando a ficção. O próprio filme é uma performance, neste caso, um documentário sobre a artista que quer alugar um apartamento em Brooklyn. As perguntas sucedem-se e está tudo a ser filmado. O vídeo mostra-nos toda essa relação com o agente imobiliário e como pano de fundo reparamos na mudança que se produz nessa zona de Nova Iorque, outrora destinada a oficinas de outro tipo, assim como a evolução da arte e a evolução do espaço. O título – Office /Commercial – sublinha esse sentido de espaços para alugar. Como sempre, Alexandra do Carmo trabalha com as ideias como material. Da sua destilação em desenho nascerá a narrativa, simples, evitando ruídos desnecessários, prccurando por vezes a cor como matiz pictórica, timida, mas inevitavelmente mais instintiva, como uma nota sincopada que procura a ênfase delicada. Se no início foram os dinossauros, agora serão os chimpanzés a embarcarem-nos numa viagem ao passado, sem deixarmos o presente metafórico. Tudo tem mais importância do que parece. Trata-se de não perder a calma. Como numa partitura . Pensemos na figura do chimpanzé, muda, recta, desafiando o espectador como nas melhores performances. O espectador há-de confrontarse com esse olhar desdobrado.
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CARLOS CARVALHO ARTE CONTEMPORÂNEA rua joly braga santos, lt. f - r/c 1600-123 lisboa, portugal tel. +(351) 217 261 831 fax. +(351) 217 210 874 www.carloscarvalho-ac.com carloscarvalho-ac@carloscarvalho-ac.com ricardo angélico / josé bechara / daniel blaufuks / carla cabanas / manuel caeiro / catarina campino / mónica capucho / alexandra do carmo / paulo catrica / sandra cinto / roland fischer / susana gaudêncio / jorge lancinha / josé lourenço / rui macedo / josé Batista marques / antía Moure / álvaro negro / manuel vilariño