CARLA CABANAS
CARLA CABANAS Carla Cabanas nasceu em Lisboa em 1979 . Vive e trabalha em Lisboa. Exposições individuais (selecção) O que ficou do que foi – O álbum Martim Moniz (Museu da Cidade, Lisboa, 2014), “Saudades e lagrimas são o unico lenitivo para a grande auzencia”, Galeria Carlos Carvalho - Arte Contemporânea, Lisboa, 2013, O que ficou do que foi – O Álbum Desconhecido (Sala do Veado, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Lisboa, 2012), Caixa de memórias (Espaço Propostas – Arte Lisboa_11, Lisboa, 2011), Histórias sobre mim (Galeria Magnética, Pavilhão 28, Lisboa, 2011), Tempus Fugit, NOGO - Project Room for Visual Arts, Experimental Cinema, and Architecture, Lisboa, A casa onde Nasci e outras histórias (Carlos Carvalho Arte Contemporânea, Lisboa, 2008, Travel Pictures (Atelier – Museu António Duarte, Caldas da Rainha, 2008), Carla Cabanas (comissariado por Filipa Oliveira and Miguel Amado, Espaço Arte Contempo, Lisboa, 2007), Lugares, (Galeria Bores & Mallo, Cáceres, 2005), Landscapes (comissariado por Luisa Soares Oliveira, Arte por companhia, Sala Pahldata, Lisboa) Group shows (selection) Correspondenciès Lisboa - Barcelona (comissariado por Jana Orbegozo e Lourenço Egreja, Centro Cultural Espai Mallorca, Barcelona, 2014), Habitar a Colecção (comissariado por Colectivo de Curadores, Casa Museu Medeiros e Almeida, Lisboa, 2013), Contra o Esquecimento (comissariado por Ângela Ferreira, Museu da Cultura Cearense do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), Brasil, 2013), Mostra da “17ª Bienal de Cerveira”, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Palácio de Pombal, Lisboa), 7ª BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | 2013 (Espaço CACAU em São Tomé e Príncipe, 2013), Universos Pessoais (comissariado por Colectivo de Curadores, Biblioteca Camões, Lisboa, 2013), L’Entre Images (Carla Cabanas | Maria Lusitano) Ciclo de Vídeoarte CCC (Centro Cultural do Cartaxo), Cartaxo.
Carla Cabanas was born in Lisbon in 1979 . Lives and works in Lisbon. Solo shows (selection) O que ficou do que foi – O álbum Martim Moniz (Museu da Cidade, Lisbon, 2014), “Saudades e lagrimas são o unico lenitivo para a grande auzencia”, Galeria Carlos Carvalho - Arte Contemporânea, Lisbon, 2013, O que ficou do que foi – O Álbum Desconhecido (Sala do Veado, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Lisbon, 2012), Caixa de memórias (Espaço Propostas – Arte Lisboa_11, Lisboa, 2011), Histórias sobre mim (Galeria Magnética, Pavilhão 28, Lisbon, 2011), Tempus Fugit, NOGO - Project Room for Visual Arts, Experimental Cinema, and Architecture, Lisbon, A casa onde Nasci e outras histórias (Carlos Carvalho Arte Contemporânea, Lisbon, 2008, Travel Pictures (Atelier – Museu António Duarte, Caldas da Rainha, 2008), Carla Cabanas (curated by Filipa Oliveira and Miguel Amado, Espaço Arte Contempo, Lisboa, 2007), Lugares, (Galeria Bores & Mallo, Cáceres, 2005), Landscapes (curated by Luisa Soares Oliveira, Arte por companhia, Sala Pahldata, Lisbon) Group shows (selection) Correspondenciès Lisboa - Barcelona (curated by Jana Orbegozo and Lourenço Egreja, Centro Cultural Espai Mallorca, Barcelona, 2014), Habitar a Colecção (curated by Colectivo de Curadores, Casa Museu Medeiros e Almeida, Lisbon, 2013), Contra o Esquecimento (curated by Ângela Ferreira, Museu da Cultura Cearense do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), Brasil, 2013), Mostra da “17ª Bienal de Cerveira”, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Palácio de Pombal, Lisbon), 7ª BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | 2013 (Espaço CACAU em São Tomé e Príncipe, 2013), Universos Pessoais (curated by Colectivo de Curadores, Biblioteca Camões, Lisbon, 2013), L’Entre Images (Carla Cabanas | Maria Lusitano) Ciclo de Vídeoarte CCC (Centro Cultural do Cartaxo), Cartaxo.
Carla Cabanas, O que ficou do que foi - O álbum Martim Moniz, 2013, Intervenção sobre impressão jacto de tinta Intervention on inkjet print, 40 x 40 cm
Carla Cabanas, O que ficou do que foi - O álbum Martim Moniz, 2013, Intervenção sobre impressão jacto de tinta Intervention on inkjet print, 40 x 40 cm
Carla Cabanas, O que ficou do que foi - O álbum Martim Moniz, 2013, Intervenção sobre impressão jacto de tinta Intervention on inkjet print, 40 x 40 cm
Carla Cabanas, O que ficou do que foi - O álbum Martim Moniz, 2013, Intervenção sobre impressão jacto de tinta Intervention on inkjet print, 40 x 40 cm
Carla Cabanas, Um menino - O que ficou do que foi - O Álbum Desconhecido, 2012,Intervenção sobre impressão a jacto de tinta Intervention on inkjet print, 60 x 80 cm
Carla Cabanas, VĂĄrias pessoas num barco - O que ficou do que foi - O Ă lbum Desconhecido, 2012, Intervention on inkjet print Intervention on inkjet print, 60 x 80 cm
Carla Cabanas, quatro pessoas à volta de uma mesa, O que ficou do que foi - O Álbum Desconhecido, 2012 Intervenção sobre impressão a jacto de tinta Intervention on inkjet print, 60 x 80 cm
Carla Cabanas, O meu pai, O que ficou do que foi - O Álbum Cabanas, 2010/2011 Intervenção sobre prova gelatina e prata Intervention on silver gelatine print, 30,5x40,6 cm
Carla Cabanas, Os caçadores, O que ficou do que foi - O Álbum Cabanas, 2010/2011 Intervenção sobre prova gelatina e prata Intervention on silver gelatine print, 30,5x40,6 cm
Carla Cabanas, Quatro crianças, O que ficou do que foi - O Álbum Cabanas, 2010/2011 Intervenção sobre prova gelatina e prata Intervention on silver gelatine print, 30,5 x 40,6 cm
Carla Cabanas, Avó e bisavó, O que ficou do que foi - O Álbum Cabanas, 2010/2011 Intervenção sobre prova gelatina e prata Intervention on silver gelatine print, 30,5 x 40,6 cm
Carla Cabanas, Watercolors, 2005, Lambda print, 75 x 110cm
Carla Cabanas, Watercolors, 2005, Lambda print, 75 x 110cm
Carla Cabanas, Watercolors, 2005, Lambda print, 75 x 110cm
Carla Cabanas, Watercolors, 2005, Lambda print, 75 x 110cm
Carla Cabanas, Watercolors, 2005, Lambda print, 75 x 110cm
Carla Cabanas, Lugares, 2006, Lambda print, 70 x 100cm
Carla Cabanas, Lugares, 2006, Lambda print, 70 x 100cm
Carla Cabanas, Lugares, 2006, Lambda print, 70 x 100cm
Carla Cabanas, Lugares, 2006, Lambda print, 70 x 100cm
Carla Cabanas, Interiores - Interiors, 2005, Lambda print 110x110cm
Carla Cabanas, Interiores - Interiors, 2005, Lambda print 110x110cm
Carla Cabanas, Interiores - Interiors, 2005, Lambda print 110x110cm
Carla Cabanas, Histórias sobre mim, 2010 Carla Cabanas, Histórias sobre mim, 2010 Impressão digital pigmentada sobre papel de algodão Digital print Impressão on digital pigmentada sobre papel de algodão Digital cotton paper, 15x15cm print on cotton paper, 15x15cm.
Carla Cabanas, Histórias sobre mim, 2010 Impressão digital pigmentada sobre papel de algodão Digital print on cotton paper, 15x15cm.
Carla Cabanas, Histórias sobre mim, 2010 Impressão digital pigmentada sobre papel de algodão Digital print on cotton paper, 15x15cm.
Carla Cabanas, histórias, 2008/2009 Impressão digital pigmentada sobre papel de algodão Digital print on cotton paper, 90x70cm
Carla Cabanas, histórias, 2008/2009 Carla Cabanas, histórias, 2008/2009 Impressão digital pigmentada sobre papel Impressão digital pigmentada sobre papel de algodão Digital print on cotton paper, de algodão Digital print on cotton paper, 90x70cm 90x70cm
Carla Cabanas, histórias, 2008/2009 Impressão digital pigmentada sobre papel de algodão Digital print on cotton paper, 90x70cm
Carla Cabanas, histórias, 2008/2009 Impressão digital pigmentada sobre papel de algodão Digital print on cotton paper, 90x70cm
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CARLA CABANAS E O ESPELHO QUE FOGE EM VIAGEM David Barro
“Mas nesse momento um comboio expresso chegou à estação. O seu solene estrondo no cruzamento das vias, o seu breve assobio, decidido, irritado, interromperam o discurso do Homem que não conheço. Quando o comboio parou e não se ouviram mais do que surdos roncos da máquina, e os viajantes saíram, o Homem quis ainda assim continuar mas eu antecipei-me”. O espelho que foge, Giovanni Papini Parece-me que as fotografias de Carla Cabanas têm algo de semelhante aos contos de Papini. Fruto de uma maneira tensa de apreender a realidade, captam o efémero do quotidiano dando importância ao argumento mínimo. Se é verdade que a imagem se capta num instante, não é menos verdade que ganha forma depois de uma lenta perseguição, como pausa ou espera. Daí a sua intensidade, como quem pinta trabalhando o defeito da imagem. Carla Cabanas procura a emoção mais sentida a partir do adelgaçamento da existência, uma concretização daquilo a que chamamos curiosidade. Assim, ainda que esta série nasça da viagem, acredito, sinceramente, que em Carla Cabanas, a viagem em si bem que podia ser dispensável. A sua viagem é outra. A do encontro. Ou, melhor, a do encontro com a luz. Aí nasce a sugestão, a intensidade, a tonalidade que nasce da sombra, do desfocado ou do reflexo da imagem. Voltemos a Papini: “Imaginem que todo o mundo se detinha de repente, em certo momento, e que todas as coisas permaneciam no sítio em que estavam e que todos os homens ficavam imóveis, como estátuas, na posição em que estavam nesse momento, na acção que estavam a realizar... Se isto acontecesse e se, apesar dessa situação, os homens continuassem a pensar, e pudessem recordar e julgar o que fizeram e o que estavam a fazer, e pudessem examinar tudo o que realizaram desde o seu nascimento e meditar sobre o que ainda desejavam realizar antes da morte, imaginese quanto desespero arderia por debaixo do silêncio trágico desse mundo momentaneamente parado!”. As imagens de Carla Cabanas convocam a nossa cumplicidade para nos aproximarmos delas. Algo
como procurar atrás do sonho, como estrangular o desejo. Carla transita no lado oculto e obscuro do visível, e, de certa forma, viola essa intimidade como uma explosão de luz difusa, distorcida. São imagens roubadas, banhadas por um halo melancólico resultante do seu desejo de captar a imagem que reflicta a realidade, que nunca é a imagem do real, mas o olhar transversal dela, o instante de um presente que flutua na memória. Eis porque a sua fotografia é mais pintura ou desenho, do que propriamente fotografia. Diría que as imagens de Carla Cabanas não têm princípio nem fim, conflito sobre o qual reflecte profundamente, e muito bem, John Berger, que distingue entre a fotografia – documento do passado – e a pintura – profecia recebida do passado acerca do que o espectador vê ao situar-se perante a pintura nesse momento. É a imagem
Carla Cabanas, Travel Pictures #1, 2005 Lambda Print, 100x70 cm
visual como comentário de uma ausência, como ausência daquilo que é descrito. “As imagens visuais baseadas nas aparências falam sempre do desaparecimento (...) Os contos, a poesia, a música pertencem ao tempo e jogam com ele. A imagem visual estática nega o tempo em si própria (...) ao ser estática, a pintura tem poder para estabelecer uma harmonia visualmente palpável (...) A composição musical, ao ampliar o tempo, está obrigada a ter um princípio e um fim. Um quadro só tem princípio e fim na medida em que é um objecto físico: nas suas imagens não há nem princípio nem fim”. Carla Cabanas trabalha o limite, a margem das disciplinas e, simultaneamente, a margem da realidade. Por isso esconde os seus desenhos intímos, explicítos, mas também secretos, e por isso fotografa desfocando os limites da forma. A sua estratégia de resistência consiste em ir ao
contrário, à procura da mancha, da decomposição da imagem, da dissolução do espaço. Deste modo, apanha a memória num beco sem saída. Como a sensação exasperante desses homens que Papini contém no seu próprio tempo. As imagens de Cabanas caracterizam-se precisamente por isso, por encerrarem o seu próprio tempo. Todos consideramos alguns dos instantes por nós vividos como instantes decisivos e sucessivos, como uma espécie de algo que virá. A vida é feita de sonhos e de ideais, de projectos; nas palavras de Papini: “todo o seu presente é feito de pensamentos sobre o seu futuro”. Por isso, no seu espelho fugidío deixa mais palavras que, insisto, parecem encaixar muito bem nas imagens de Carla Cabanas: “Tudo o que existe, o que está presente, parece-nos obscuro, mesquinho, insuficiente, inferior, e nós só nos consolamos pensando que todo este presente não é senão um prólogo, um longo e aborrecido prólogo ao belo livro do futuro. Todos os
Carla Cabanas, Travel Pictures #1, 2005 Lambda Print, 100x70 cm
homens, quer o saibam quer não, vivem graças a esta fé. Se de repente lhes fosse dito que dentro de uma hora todos morreriam, tudo o que fazem e fizeram não teria para eles qualquer prazer, sabor e valor. Sem o espelho do futuro, a realidade actual pareceria torpe, suja, insignificante”. Será certamente isso que leva Carla Cabanas a procurar refúgio na pintura ou, mais concretamente, na fotografia ou no desenho que funcionam como pintura, quer seja como tema, quer seja como conceito. É a sua maneira de questionar o fotográfico, a representação. No fundo, tudo se resume ao afã de chegar ao mais pessoal, onde o dizer é impossível, como um relato poético agonizante, adelgaçado. Mas decerto que também aí radica o seu interesse pela pintura de Hopper, que a partir das suas personagens e cenas, de aparência tranquila, consegue transmitir uma sensação de impossibilidade, um mundo sem saídas, de figuras solitárias, disseminadas pelos complexos urbanos. Como nas obras de Hopper, nas imagens de Carla Cabanas palpita uma certa solidão, um vazio que parece ter-nos encurralado na nossa própria sombra; porque se as imagens coincidem em algo é nessa quietude colorida que naufraga entre as luzes de um movimento apenas aparente. Carla Cabanas penetra nas propriedades subjectivas da fotografia e constrói lugares que acabam por ser “não lugares”, vidas que parecem imaginações e todo o tipo de projecções que conformam uma realidade filtrada por uma forma de olhar eminentemente pictórica. Carla Cabanas destila a pintura e namorisca a linha e a mancha; enfim, namorisca as formas esvazeadas de todo o realismo. Será que a história de Carla Cabanas é uma luta com e contra a impossibilidade de querer e não querer embarcar numa viagem, de revelar os seus desenhos secretos, ou, simplesmente, de deixar-se levar, como no conto de quem vai, ao meio da tarde, de uma pizaria para um hotel e ao fechar a porta não encontramos um fim de história que, quem sabe, pode permanecer aberto na eternidade? Talvez tudo seja produto de uma fuga, como a do espelho de Papini: “todo o seu entusiasmo desaparecera como um fio de fumo. Em vez de responder, tirou da sua lapela uma das suas violetas e ofereceu-ma. Inclinando-me, peguei nela, aproximei-a do nariz e senti-me atraído pelo seu leve perfume”. Assim é a viagem de Carla Cabanas. Nunca será a Paris de Brassaï, nem a Nova Iorque de Stieglitz, nem a
Hamburgo em contra-luz de Reger-Patzsch. Tão pouco a Paris de Bucovich, embora esteja mais próxima. E muito menos outra Paris, como a de Doisneau. E o mesmo se pode dizer em relação à paisagem mínima da Praga de Sudek. Tudo permanece alheio e tudo é tão envolvente como quem olha e fotografa sem película ou como quem compõe música sem instrumentos. Será a realidade em fuga, evasiva, de Carla Cabanas.
CARLA CABANAS AND THE ESCAPING MIRROR ON TRAVEL David Barro “But in that moment an express train arrived at the station. Its solemn bang in the rail crossing, its short whistle, decided, irritated, interrupted the speech of the Man I do not know. When the train came to a halt and nothing but the deaf snores of the machine could be heard, and all the travellers got out, the Man wanted ever so to proceed, but I anticipated myself”. The Escaping Mirror, Giovanni Papini It seems to me that Carla Cabanas’ photographs have some similarities to Papini’s short stories. Product of a certain tense way of apprehending reality, they capture the ephemeral of everyday life giving importance to the minimal plot. If it is true that the image can be captured in an instant, it is not less true that it gains shape after a slow pursuit, as a pause or a waiting. From there comes its intensity, as someone who paints by working on the image’s defect. But let us go back to Papini: “Imagine that the entire world would suddenly come to a halt in a certain moment, and that all things would remain in the place where they were and all people would remain still, like statues, in the position they held in that moment, in the action they were performing... If this happened and if, despite this situation, men never stopped thinking, and could remember and access what they had done and what they were doing, and could examine all they had accomplished ever since they were born and ponder on what they still wish to accomplish before death, imagine just how much despair would burn underneath that momentarily stopped world’s tragic silence.” Carla Cabanas’ images summon our complicity to come closer to them. Something like searching behind the
dream, like strangling desire. Carla travels on the darkened and hidden side of what is visible, and, in a way, violates this intimacy as an explosion of twisted and dim light. Stolen images, bathed by a melancholic halo which comes from her desire to capture the image that best reflects reality, which is never the image of the real, but her oblique regard, the present’s moment that hovers on memory. This is why her photography reminds us more of painting or drawing, that photography per se. I would say that Carla Cabanas’ images have no beginning and no end, a conflict on which John Berger insightfully reflects, and very well, separating photography – a document from the past – from painting – prophecy received from the past on what the viewer sees when standing before the painting at that moment. It is the visual image as a comment on an absence, as an absence of what is described. “Visual images based on appearances always tell us about disappearance (…) Tales, poetry, music, they belong to time and play with it. The static visual image in itself denies time (…) by being static, painting has the
power to establish a visually graspable harmony (…) Musical composition, by widening time, is bound to have a beginning and an end. A painting only has beginning and end to the extent that it is a physical objects: in its images there is no beginning and no end”. Carla Cabanas works the borderlines, the edges of the disciplines, and, at the same time, the edges of reality. That is why she hides her intimate and explicit drawings, but also secret, and that is also why she photographs by blurring the edges of shape. Her strategy of resistance consists in going the other way around, looking for the blur, the image decomposition, the dissolution of space. This way, she catches memory in a dead end. As the exasperating feeling of the men Papini contains in his own time, Carla Cabanas’ images are characterized precisely because they close in on their own time. We all consider some of the moments we have experienced as decisive and successive, as a sort of something that is still to come. Life is made of dreams and ideals, of projects;
Carla Cabanas, Travel Pictures #9, 2005 Lambda Print, 80 x 120 cm
in Papini’s words: “all your present is made out of thoughts on your future”. Therefore, in his escaping mirror he leaves more words that, I insist, seem to fit perfectly the images provided by Cabanas: “All that exist, what is here, seems to us dark, petty, insufficient, inferior, and we only receive solace by thinking that all this present is nothing more than a prologue, a long and fastidious prologue to the beautiful book of the future. All men, whether they know it or not, live holding on to this belief. If they were told that all of them would die within an hour, all that they do or have in fact done would not have any pleasure, taste or worth. Without the mirror of the future, present day reality would seem dull, dirty, insignificant.” It is surely this what makes Cabanas seek refuge in painting, or, more precisely, in the photography or the drawing which work as painting, whether as a theme or as a concept. It is her way of questioning the photographic, and representation. Deep down, all can be summarized in the toil of getting to the most personal, where telling becomes impossible, as an agonizing and slimmed poetic report. But surely there is based her interest in Hopper’s paintings, who, from his apparently serene characters and settings, manages to express a feeling of impossibility, a world of dead ends, of lonely figures, scattered around urban complexes. As in Hopper’s works, also in Carla Cabanas’ images pounds a certain loneliness, an emptiness which seems to have cornered us against our own shadow; for if these images coincide on something, it is in that colourful quietness that wrecks between the lights of a movement that is just an apparent one. Carla Cabanas penetrated in the subjective properties of photography and builds places that are but non-places, lives that resemble fictions and all sorts of projections that shape a reality filtered by an eminently pictorial way of seeing. Carla Cabanas distils painting and flirts with the line and the blur; she flirts with the emptied shapes of all realism. Could it be that the story of Cabanas is nothing but a struggle
with and against the impossibility of wanting and not wanting to board on a journey? Of revealing her secret drawings? Or simply to just let herself go, as in the story of he who goes, in mid afternoon, from a pizza place to a hotel and, when closing the door, we reach not the end of the story, and can remain forever open. Perhaps everything is but the result of an escape, like that of Papini’s mirror: “all his enthusiasm had disappeared like a string of smoke. Instead of answering, he took one of his violets from the lapel and offered it to me. Leaning, I took it, brought it up to my nose and felt drawn to its light perfume.” Such is the journey of Carla Cabanas. It will never be Brassaï’s Paris, nor Stieglitz’s New York, or RegerPatzsch’s Hamburg against backlight. Not even Bucovich’s Paris, although closer. And much less another Paris, as Doisneau’s. And the same can be said about the minimal landscape of Sudek’s Prague. All remains estranged and all is ever so immersing as those who look and photograph without film, or those who make music without instruments. It will be Carla Cabanas’ escaping reality, evasive.
Carla Cabanas, Travel Pictures #9, 2005 Lambda Print, 80 x 120 cm
Carla Cabanas, Travel Pictures #9, 2005 Lambda Print, 80 x 120 cm
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CARLOS CARVALHO ARTE CONTEMPORÂNEA Rua Joly Braga Santos, Lte. F - r/c + (351) 217 261 831 + (351) 217 210 874 carloscarvalho-ac@carloscarvalho-ac.com http://www.carloscarvalho-ac.com Seg a Sex das 10h às 19h30 / Sáb das 12h às 19h30 From Mon to Fri: 10am to 7:30pm / Sat: 12:00 to 7:30pm Artistas Artists Ricardo Angélico | José Bechara | Isidro Blasco | Daniel Blaufuks Catarina Campino | Mónica Capucho | Isabel Brison | Carla Cabanas Manuel Caeiro | Alexandra do Carmo | Paulo Catrica | Sandra Cinto Roland Fischer | Javier Núñez Gasco | Susana Gaudêncio | Catarina Leitão Álvaro Negro | Luís Nobre | Ana Luísa Ribeiro | Richard Schur José Lourenço | José Batista Marques | Antía Moure | Noé Sendas Eurico Lino do Vale | Manuel Vilariño