José Batista Marques | Boa Espera

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CARLOS CARVALHO ARTE CONTEMPORÂNEA


CARLOS CARVALHO ARTE CONTEMPORÂNEA

boa espera

jbm & cul.pa

15/5 ATÉ - 6/6 06/06 2015 2014 | ON DISPLAY UNTIL 06/06 2015



boa espera

jbm & cul.pa

O Novo Envelhecido Na véspera da inauguração dois artistas conversam.
 - O que é para ti uma exposição? – perguntou o mais velho.
 - É o culminar de uma espera - respondeu o outro - É como uma caçada: exige tempo, firmeza e essa vontade insistente em capturar “seres brilhantes e selvagens” como são as obras de arte. O outro artista sorriu.

José Batista Marques retoma as convenções de representação utilizando figuras retiradas da história da arte - paisagens, alegorias, pinturas de género, cenas de caça, figuras de convite, retratos de aparato - para reflectir sobre a condição humana, em alusão à insignificância da vida terrena e à transitoriedade. É disso exemplo o recurso à figura representativa Vanitas - a lembrança da efemeridade da vida perante a banalidade intersectando um contexto do passado da pintura com a realidade actual. Imersos num vigor iconográfico que se condensa na figura, estas obras que se mostram envelhecidas, exploram questões que atentam em reivindicar singularidades que se prendem com o mundo em que vivemos. Enquanto na pintura das figuras isoladas sobressaem paisagens atmosféricas de horizontes longínquos, na escultura, acentua-se a verticalidade, a solidão, a transparência. No vídeo “O caçador”, a morte de um veado indigita sobre o fundamento da Tragédia neste mundo cada vez mais bravio que prima pela conquista de troféus sem validade. Tanto no modo irracional como coloca corpos físicos apropriados da vida real - copos de vidro que interagem com objectos que são um pastiche de si mesmos: esparguete, garfo, prato - como pela utilização de fundos enegrecidos, quase fantasmagóricos, permitem-nos perceber o travo amargo da antecipação de uma tragédia.

O artista, ao questionar-se sobre as convenções da representação que articula com as figuras consagradas na história da pintura, recorre a também a estratégias de apresentação cenográfica. Deste modo, além de entender a representação, José Batista Marques aproxima-se da apresentação de enredos do teatro narrativo que desperta uma atitude crítica, provocando um efeito que permite um deslocamento da realidade. Logo o resultado é um recuo de análise a partir de um ponto de observação diferente e distanciado, acentuando o carácter social da acção. Esta questão é aferida no vídeo: o tempo é um tempo cenográfico que vai marcando o lento desfiar da acção. O sujeito é a tragédia: é pela arte trágica, que se manifesta a vida essencial do mundo, porque nela se revela o ser e a verdade, chave para a investigação da verdadeira natureza da realidade. Desta forma, imersos na condição contemporânea de transitoriedade, onde os indivíduos cada vez mais individualizados (Bauman) fazem parte de uma sociedade de cansaço (Byung-Chul Han), o trabalho de José Batista Marques, é uma possibilidade de espera (boa neste caso), em que o animal laborans hiperativo e hiperneurótico (ainda Han) através de um irónico dispositivo gerador de inquietações e confronto, mais do que uma mera apresentação de elementos, pode experimentar viajar em (desa)sossego pelas obras em exibição.


boa espera

jbm & cul.pa

The Old New On the day before the opening two artists talk.
 - What is an exhibition to you? - Ask the elder.
 - It is the culmination of an awaiting process - answered the other - It’s like an hunting game: it requires time, firmness and this insistent desire to capture “bright and wild beings” as they are works of art. The other artist smiled.

José Batista Marques takes representation models from the history of art - landscapes, allegories, genre paintings, hunting scenes, welcoming figures, apparatus portraits - to think about the human condition in reference to the insignificance of our transient life. An example of this is the use of an iconographic figure – Vanitas intersecting an historical past in painting and the current reality. The irrational way that the artist appropriate physical bodies of real life - glass cups – interacting them with objects that are a pastiche of themselves: spaghetti, fork, plate – and the use of blackened, almost ghostly, scenarios, allow us to realize the anticipation of a tragedy.




O Caçador, 2014, formato: 2K, 07’50’’ - VER VIEW O CAÇADOR


O Caçador, 2014, formato: 2K, 07’50’’ - VER VIEW O CAÇADOR



Imagens da Exposição Exhibition Views


Entre o Sil锚ncio e a Arma, 2015 - 贸leo s/ pasta de modelar oil on moulding paste, 25 x 47 x 6 cm





Imagens da Exposição Exhibition Views


Boa espera A caça é uma imagem transversal nesta nova exposição de José Batista Marques composta por pinturas, esculturas e um vídeo, mas é como imagem diferida ou metáfora de uma ideia mais ampla de depredação e devoração que ela pode ser mais bem entendida. Isso mesmo é verificável nas esculturas que surgem falsamente “envelhecidas” e convocam imagens associáveis à história da arte (na verdade, toda a exposição é uma enorme natureza morta) e outras mais reconhecíveis na cultura de massas, mas um mecanismo surreal, parece ter-se apoderado delas, retirando-as do aconchego da familiaridade. Uma vela acesa tapada por uma campânula negando e lei de Lavosier (o que só pode acontecer em arte); um avião que se despenha (ou encaixa) contra uma parede; um prato de esparguete feito evidentemente de tinta onde um garfo se equilibra; ou um crânio (uma vanitas) com miolos comestíveis são imagens nas quais o desejo e a escatologia se entrelaçam de forma surreal. Esse é um mecanismo que se confirmam nas pinturas que

evocam de um modo propositadamente tosco o género da cena de caça a que se adicionam coisas vindas do presente (aviões) que supõem uma manipulação hábil da percepção do tempo histórico e da sua dissolução. Enquanto isso, e centralizando toda a exposição, uma vídeo instalação mostra a imagem de um veado num bosque que vai derretendo até à ossatura. De modo transversal, Batista Marques evoca um conjunto de perdas e dissoluções dialogando com a tradição mas resguarda esse dramatismo num mundo onde a fantasia não se extinguiu. São imagens sabotadas, seja na pintura ou noutros suportes, porque mesmo quando pratica escultura ou tenta o vídeo, Batista Marques é sempre um pintor.

Celso Martins
 E – A revista do Expresso, edição 2220, 16 de maio de 2015


C茫o no deserto, 2013 - 贸leo s/ tela oil on canvas, 27 x 35 cm


A Fuga, 2013 - 贸leo s/ tela oil on canvas, 30 x 40 cm


L’après-Guerre, 2014 - óleo s/ tela oil on canvas, 113 x 138 cm


C茫o na Pradaria, 2014 - 贸leo s/ tela oil on canvas, 70 x 90 cm


Corações Solitários, 2014 - óleo s/ tela oil on canvas, 113 x 138 cm


Chuva Pr铆ncipe, 2014 - 贸leo s/ tela oil on canvas, 50 x 60 cm


Avi천es + Avi천es, 2015 - 처leo s/ tela oil on canvas, 50 x 60 cm


Oh mar, Oh mar, 2015 - 贸leo s/ tela oil on canvas, 60 x 80 cm


Na página seguinte Next page Il Cornatura, 2015 - óleo s/ pasta de modelar oil on moulding paste and glass, 57 x 60 x 33 cm

Imagens da Exposição Exhibition Views





Mr. Brainwash, 2014 - 贸leo s/ pasta de modelar e vidro oil on moulding paste and glass, 28 x 21 x 21 cm



Take Away I, 2014 - 贸leo s/ pasta de modelar e vidro oil on moulding paste and glass, 28 x 21 x 21 cm



Geometria Feliz, 2014 - 贸leo s/ pasta de modelar oil on moulding paste, 47 x 18 x 17 cm



Doce Feminino, 2015 - 贸leo s/ pasta de modelar oil on moulding paste, 17 x 21 x 15 cm



Royal Cup, 2014 - 贸leo s/ pasta de modelar e vidro oil on moulding paste and glass 45 x 10 x 10 cm


Ol谩, 2014 - 贸leo s/ pasta de modelar e vidro oil on moulding paste and glass 45 x 11 x 11 cm




Imagens da Exposição Exhibition Views


Morte Ritual Aluno de pintura, já lá vai algum tempo, Batista Marques produzia esculturas: que eram pinturas, de facto, pela teatralidade (a cor era central), pela impossível reconstrução de toda e qualquer narrativa (de histórias e espaços) e, por fim, tais objectos “agarravam-se” à parede, logo o seu carácter parietal era pictórico. Agora, à pintura, adiciona-se tudo o resto: o vídeo, a fotografia, o objecto (sempre excessivo, ritual). O carácter barroco desta instalação faz-nos lembrar altares mexicanos de celebração de mortos e vivos (embora a política esteja aqui presente dizendo-nos que a vida é vanitas, memento

mori, ou seja “lembra-te que vais morrer”). Relógios feitos de pasta de modelar, caveiras amarelas e câmaras fotográficas completam este círculo. Ao centro um pequeno veado são ossos e em frente vê-se o filme da sua consumição (Caçador). Celebração da vida na morte e da morte na vida, dizia Bataille do erotismo, que muito se interessou pelo fim de Maias e Aztecas. Morte, arte e ritual.

Carlos Vidal
 revista Sábado, edição 570, 28 de maio de 2015


Possibilidade da Lei de Lavoisier, 2014 - 贸leo s/ pasta de modelar e vidro oil on moulding paste and glass, 22 x 22 x 22 cm



Rel贸gio, 2014 - 贸leo s/ paste de modelar oil on moulding paste, 2 x 25 x 5 cm



Restos Mortais de um Artista, 2014 - 贸leo s/ paste de modelar oil on moulding paste, 40 x 40 x 18 cm





Na p谩gina anterior Previous page Pink Garfo Excalibur, 2014 - 贸leo s/ pasta de modelar e vidro oil on moulding paste and glass, 38 x 27 x 27 cm - Em cima Top Picture Time, 2014 - 贸leo s/ pasta de modelar oil on moulding paste, 22 x 22 x 22 cm - Em baixo Bottom

Na Jarra Morta uma Flor, 2015 - 贸leo s/ pasta de modelar oil on moulding paste, 38 x 27 x 27 cm







Na página anterior Previous page Shadow Cockpit, 2014 - óleo s/ pasta de modelar oil on moulding paste, 10 x 34 x 30 cm

José Batista Marques nasceu em 1975 em Lisboa, Portugal. José Batista Marques was born in 1975 in Lisbon. [Exposições individuais (selecção)] [Solo shows (selection)]

Artistas...Outras Alternativas (Carlos Carvalho Arte Contemporânea . Lisboa Lisbon, Portugal, 2005), Wunderkammer II: paisages (Celebração do 15ºaniversário da galeria Nina Menocal . Cidade do México, 2005), 3.27 (Galeria Ara . Lisboa Lisbon, Portugal, 2004);

Boa Espera (Carlos Carvalho Arte Contemporânea . Lisboa Lisbon, Portugal, 2015), A cor a terapia do impossível (Centre Municipal de Cultura La Mercé . Burriana Casteló, Espanha Spain, 2011), O crime oculto (Galeria Gomes Alves . Guimarães, Portugal, 2010), Odisseia Dor & Espanto (Carlos Carvalho Arte Contemporânea . Lisboa Lisbon, Portugal, 2010), Branca Memória (Galería Bacelos .Vigo, Espanha Spain, 2009), O sorriso de James (MCO . Porto Oporto, Portugal, 2008), Commodoro (Carlos Carvalho Arte Contemporânea . Lisboa Lisbon, Portugal, 2006), Panorâmica 28 (Galeria Ara . Lisboa Lisbon, Portugal, 2003), LUMINIL ReX (Galeria Ara . Lisboa Lisbon, Portugal, 2001);

[Colecções (selecção)] [Collections (selection)]

[Exposições colectivas (selecção)] [Group shows (selection)]

II Certamen de Dibujo Contemporâneo Pilar y Andrés Centenera Jaraba (finalista shortlist,Villa de Alovera, Guadalajara, Espanha Spain, 2008), X Mostra Internacional Union Fenosa, (finalista shortlist, A Coruña, Espanha Spain, 2008), XIII Premi d’Arts Visuals Ciutat de Burriana, (vencedor winner, Espanha Spain, 2008), IV Certamen Internacional de Pintura de Castellón, (finalista shortlist, Espanha, Spain, 2008), 3º Prémio Rothschild de Pintura, (2º classificado 2º place, Banque Privée Edmond de Rothschild, Lisboa Lisbon, 2007), Jovem Revelação – Artes Plásticas, (vencedor winner, Fundação Marquês de Pombal, Oeiras, 2006), 1º Prémio Rothschild de Pintura, (1ª Menção Honrosa Honorable Mention, Banque Privée Edmond de Rothschild, Lisboa Lisbon, 2003).

O fim do mundo (Centre Culturel de Rencontre Abbaye de Neumuster (CCRN), Luxemburgo Luxemburg, 2012), Muito Obrigado - Arte portugués del siglo XXI en la colección Coca-Cola - DA2 - Domus Artium 2002, Salamanca, Espanha Spain, 2010), A imagem seguinte (Espaço Arte Tranquilidade . Lisboa Lisbon, Portugal, 2009), X Mostra Internacional Union Fenosa (Museu de Arte Contemporâneo Union Fenosa . A Coruña, Espanha Spain, 2008), Uma viagem. Um destino (Galeria MCO . Porto, 2008), À volta do papel (CAMB - Centro de Arte Manuel de Brito . Algés, Portugal, 2008), XIII Premi D’Artes Visuals Ciutat de Burriana (C.M.C La Mercê . Burriana, Espanha Spain, 2008), IV Certamen Internacionat de Pintura de Castellón (Museu de Belles Arts de Castelló . Espanha Spain, 2008), 3º Prémio de Pintura Ariane de Rothschild (Antiga gráfica de Mirandela . Lisboa Lisbon, Portugal, 2007), Jeune création européenne 2007/2009 - Exposição itinerante (Centre d’Exposition Municipal Ville de Montrouge, França France 2007), Outras Arquitecturas, Outros

Ayuntamiento de Burriana, BES-Vida, Barclays Bank, Tipografia Fernandes & Terceiro, Eastécnica, Francisco Pimentel & Associados, SADV, Banque Privée Edmond de Rothschild, Lisboa, Banco Mais, Lisboa, Fundação Marquês de Pombal,Vieira e Associados, Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. [Prémios] [Awards]

www.josebatistamarques.com cargocollective.com/culpa


Imagens da Inauguração Opening views


CARLOS CARVALHO ARTE CONTEMPORÂNEA

Rua Joly Braga Santos, Lote F R/C | 1600 – 123 Lisboa Portugal Tel.+(351) 217 261 831 carloscarvalho-ac@carloscarvalho-ac.com www.carloscarvalho-ac.com Artistas / Artists: Ricardo Angélico | José Bechara | Isidro Blasco Daniel Blaufuks | Isabel Brison | Carla Cabanas | Manuel Caeiro Mónica Capucho | Alexandra do Carmo Paulo Catrica | Roland Fischer | Javier Núñez Gasco | Susana Gaudêncio | Catarina Leitão José Lourenço | José Batista Marques | Mónica de Miranda | Antía Moure Álvaro Negro | Luís Nobre | Ana Luísa Ribeiro | Richard Schur | Noé Sendas | Eurico Lino do Vale | Manuel Vilariño Horário Seg-Sex 10h00-19h30 Sáb 12h00- 19h30 Open Mon- Fri 10am-7:30pm Sat 12am-7:30pm Google Map A galeria no / Follow us on Facebook | Flickr | Issuu


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