REVISTA AGRI - Revista de agricultura

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revista de agricultura | verão 2013

INOVAÇÃO INOVAÇÃO EM EM MEIO MEIO RURAL RURAL Políticas Políticas públicas públicas

IMPORTÂNCIA IMPORTÂNCIA DA DA INOVAÇÃO INOVAÇÃO NO NO DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO RURAL RURAL Estudo Estudo IMPACTO DA CONCLUSÕES CONCLUSÕES DO DO RURALINOV RURALINOV REGA CONTÍNUA Entrevista Entrevista

CRISTINA RODRIGUES CRISTINAALELOPATIA RODRIGUES

REVALORIZA REVALORIZAAAIDENTIDADE IDENTIDADE DOS DOSTERRITÓRIOS TERRITÓRIOSRURAIS RURAIS O CASO DA RAÇA MIRANDESA 1


EDITORIAL

ÍNDICE A REVISTA EM REVISTA - MOSAICO

ENTREVISTA - CRISTINA RODRIGUES “DESIGN FOR DESERTIFICATION”

ALEATÓRIO

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A REVISTA EM REVISTA - MOSAICO ALEATÓRIO 5 | DGADR PERSPECTIVAS, EXEMPLOS E RRN 8 | ENTREVISTA CRISTINA RODRIGUES “DESIGN FOR DESERTIFICATION” 13 | RURALINOV - CONCLUSÕES DO ESTUDO 19 | SMART RURAL LIVING LAB - CONGRESSO DE PENELA 23 | CULTURA DO CASTANHEIRO - RELANÇAR OS SOUTOS PORTUGUESES 25 | TOUCINHO DO CÉU - PRODUTO TRADICIONAL 31 | BREVES 35

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TOUCINHO DO CÉU -

CULTURA DO CASTANHEIRO -

RELANÇAR OS SOUTOS PORTUGUESES

PRODUTO TRADICIONAL

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FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE CNJ - Confederação Nacional dos Jovens Agricultores e do Desenvolvimento Rural SEDE: Tapada da Ajuda 1349-018 Lisboa, NIPC 504936832 Inscrição na ERC 126188 DIRECTOR -Luís Saldanha Miranda DIRECTOR – ADJUNTO Carlos Alberto Franco COORDENADOR EDITORIAL Carlos Valentim Ribeiro DIRECÇÃO E REDACÇÃO Praça da Alegria n.º 6, 2.º Dto., 1250-004 Lisboa Telefone: 213153137 - 963402242 914630395 - 933531050; Linha Verde: 800100107 Fax: 211550860 Email: geral@cnjap.pt Internet: www.cnjap.pt

COLABORAÇÃO NESTA EDIÇÃO Filipa Horta Osório, Custódia Correia, Lívia Madureira, Dora Ferreira, José Portela, Cristina Rodrigues, Luís Matias, Instituto Politécnico de Bragança, CIMO – Centro de Investigação e de Montanha, Fabriagri, UTAD – Universidade de Trásos-Montes e Alto Douro, Nuno Vieira e Brito, MC Mendes. FOTOGRAFIA CNJ, Luis Agostinho, Cristina Rodrigues e Carlos Ribeiro DESIGN GRÁFICO E PAGINAÇÃO Sofia Pepe IMPRESSÃO E ACABAMENTO Kronos – Edições e Publicações, Lda Tiragem – 5000 exemplares Todos os artigos assinados são da responsabilidade dos autores, não coincidindo necessariamente com as opiniões da Direcção da CNJ. É permitida a reprodução dos artigos publicados, para fins não comerciais, desde que indicada a fonte e informada a Revista.

OBSERVAR OS BONS EXEMPLOS A inovação é talvez um dos conceitos mais destacados no presente, muitas vezes associado a outros dois muito em voga: empreendedorismo e competitividade. Mas talvez o maior desafio de inovar seja o de não andar constantemente atrás da reinvenção da roda, procurando isso sim, pelo menos no

estado actual de desenvolvimento nacional e no seu enquadramento na economia global, aprofundar a inovação de métodos, de organização e de marketing. Não vale a pena procurar constantemente novos produtos, muitas das vezes com especificações muito semelhantes entre eles, quando se descuram aspectos que, pelo

menos em Portugal, são tão ou mais importantes ao nível da capacidade de nos suplantarmos a nós próprios em termos de formas mais eficientes e eficazes de gestão, produção ou comercialização. Aqui é de vital importância observar os bons exemplos, e ultrapassando complexos de inferioridade, adaptá-los às nossas realidades, melhorando constantemente os nossos desempenhos económicos, organizativos e sociais. Importa também salientar a imperiosa necessidade de inovação mental e comportamental, iniciando esse grande movimento de inovação que é - passarmos, como sociedade, a ser mais exigentes e activos na avaliação do desempenho de quem nos gere. Porque inovar é bem mais do que criar uma laranja cor-de-rosa. É fazer de novo e acima de tudo, fazer bem. Carlos Franco Vice-Presidente da CNJ – Confederação Nacional dos Jovens Agricultores e do Desenvolvimento Rural

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MOSAICO ALEATÓRIO

Inovação em meio rural rasga novos horizontes

A inovação no meio rural pode ser observada a partir de ângulos muito diversos. Pode ter por base a visão dos decisores políticos e institucionais, a experiência e a sua sistematização por parte dos actores territoriais e sectoriais, a análise e o sentido prospectivo das instituições universitárias e dos investigadores ou ainda o olhar peculiar de inúmeras outras entidades e pessoas que influenciam e promovem acções com real impacto no meio rural. Nesta edição da Revista AGRI propomos ao leitor que faça um percurso por esta diversidade de olhares e enfoques, sem a preocupação de nele encontrar uma plena representatividade nacional em matéria de inovação no meio rural. Trata-se antes de mais de um convite à reflexão e ao debate sobre um tema que está na ordem do dia que sabemos poder ser ilustrado por inúmeras outras experiências e referências.

POLÍTICAS PÚBLICAS REFORÇAM A ACÇÃO LOCAL Fomos ao encontro da DGADR – Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural que acentuou a importância estratégica desta vertente e destacou casos de sucesso e projectos inovadores que podem inspirar os que procuram caminhos sólidos para a inovação. Registámos com agrado que a abordagem temática da inovação em meio rural adquiriu um estatuto de destaque nas Redes Rurais Nacionais

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Carlos Ribeiro Coordenador editorial da Revista AGRI

e nas plataformas europeias do sector, sendo de prever que o Novo Quadro de Programação dos fundos comunitários a contemple com medidas reforçadas de incentivo e de apoio à sua operacionalização transversal nos programas relacionados com a agricultura e o desenvolvimento rural.

PROGRAMA AUTÓNOMO INVIÁVEL Todos nós sabemos que as condições básicas para a existência de um Programa Autónomo de Promoção da Inovação no meio rural não estão reunidas porque este tipo de plataforma voluntarista tem que assentar numa inequívoca relação de parceria e de cooperação dos actores a todos os níveis do sistema de inovação. Como o sentido dominante de actuação ainda é o da satisfação de necessidades de grupos de interesses muitas vezes em competição (apesar das aproximações positivas realizadas nos últimos anos, as energias em favor de uma maior densidade colaborativa ainda são dramaticamente deficitárias) prevalecerá uma lógica utilitarista e individualista na utilização dos recursos. O ritmo será em consequência mais lento e as acções

serão mais espartilhadas e marcadas certamente por alguma incoerência. O argumento da abordagem transversal da inovação no conjunto das medidas programáticas irá permitir que muitos dos efeitos menos positivos das acções pulverizadas fiquem por contrariar e que o sentido estratégico da inovação estruturante fique por cumprir. Quando se fala da necessidade de compromissos na sociedade portuguesa para impulsionar novas dinâmicas estruturais, aqui está um campo que justificaria um empenhamento abnegado de todos os que influenciam o meio rural e que desejam um desenvolvimento sustentável para o pais.

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NOVAS ABORDAGENS AO LOCAL A nossa interacção com a experiência e os conceitos associados ao Museu Rural Século XXI ao longo dos últimos meses, em Idanha-a-Nova e noutras localidades do pais, reforçou no nosso seio a convicção que a plataforma estética e de intervenção territorial da Arquitecta Cristina Rodrigues e de todos os que a acompanham nesta aventura que mobiliza conceitos como os de regeneração, identidades e convergências, representa uma nova abordagem que pode revitalizar o conceito de desenvolvimento local. Nos últimos anos a valorização do local, sem abandonar uma visão global, ficou prisioneira de abordagens estritamente politicas ou de natureza ideológica que enfraqueceram o seu alcance. Os programas ocultos que dominaram a intervenção comunitária de muitas organizações, visando modalidades de governação e de desenvolvimento económico alternativos, criaram desconfiança e relegaram para segundo plano a força intrínseca das comunidades locais. Os efeitos da ausência de transparência nos propósitos são devastadores a longo prazo. Surge agora uma oportunidade de reformulação e de reaproximação ao território com outras ferramentas de análise diagnóstica e de proposta

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para o desenvolvimento, que podendo ser motivo para julgamentos críticos ou rejeições, contém um elevado potencial para a recomposição dos quadros programáticos de intervenção. A combinação da arte contemporânea com os temas da ruralidade pode fornecer o tal elemento de diálogo e de reencontro dos universos rurais e urbanos, que só aparentemente constituem realidades completamente separadas, distintas e até por vezes opostas.

organizacionais e estabeleceu-se uma nova ligação entre as diversas modalidades de inovação, sendo valorizada a par da inovação de produto, de processo e de contexto, a abordagem sistémica que garante a integração indispensável numa leitura orientada para o desenvolvimento.

CONCLUSÕES DEVEM IR PARA O TERRENO O que fazer com todo este capital de recomendação e de propostas para acções futuras é uma interrogação legítima sabendo-se que muitas das produções realizadas a partir dos

meios académicos não são posteriormente utilizadas sobretudo pelos actores de terreno que não dispõem de mecanismos de descodificação e de transposição para os seus contextos específicos de aplicação. Seria aqui de pensar em instalar dispositivos de interacção entre estes protagonistas, com sentido prático e operacional e tendo por base as necessidades e as experiências existentes nos diversos domínios. Neste campo parece-nos apropriado mobilizar o conceito wengeriano

INOVAÇÃO TEM QUE SER SISTÉMICA A investigação realizada no âmbito do projecto RuralInov e obviamente as suas conclusões representam um novo quadro científico e prático para a promoção da inovação no meio rural em Portugal. Em coerência com iniciativas anteriores como foi o caso do projecto europeu Rápido, que oportunamente tivemos oportunidade de acompanhar, o CETRAD| UTAD e um conjunto alargado de outras instituições associadas ao projecto, forneceu uma novo quadro de referência para a interpretação das dinâmicas inovadoras emergentes no meio rural. Tornou-se mais visível, mais concreto, mais objectivo o sentido da inovação nos contextos

Mobilizar o conceito wengeriano de Comunidade de Prática

de Comunidade de Prática e optar por organizar o seguimento dos processos de estudo no sentido oposto ao convencionado, ou seja, validar as próprias conclusões da investigação realizada através da sua confrontação imediata com as necessidades práticas e candentes dos operadores da inovação em curso.

NOVAS REFERÊNCIAS METODOLÓGICAS

A nossa referência nesta edição aos Smart Rural Living Labs é apesar de tudo reduzida. Mas não poderíamos deixar de mencionar uma das metodologias mais consistentes e mais promissoras que a nível europeu está a estimular processos de cooperação criativa e a desenhar uma nova lógica de trabalho colaborativo, ultrapassando uma das graves falhas das actividades das Redes que radica na ausência de compromissos e de trabalho em conjunto na fase da concepção e desenho dos projectos nos quais as entidades serão posteriormente envolvidas. A complexidade metodológica dos Living Labs é bem mais elevada mas fica desde já esta referência do evento ocorrido em Penela, um Congresso Mundial, que poderá suscitar a curiosidade e o interesse de todos aqueles que intervêm nesta campo de desafio permanente que é a inovação, no caso presente, em contexto rural.

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IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO MEIO RURAL

Perspectiva da DGADR

Vejamos alguns exemplos de inovação-DGADR:

Filipa Horta Osório,

Subdiretora da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

A DGADR assume um importante papel no fomento da inovação em meio Rural porquanto tem a natureza de parceira Estado. Um Estado que é amigo, facilitador e dinamizador da inovação, que uma vez concretizada pelos agentes dos territórios rurais garante um verdadeiro desenvolvimento rural. Sabemos todos que os efeitos da inovação em meio rural têm um grande impacto nas comunidades rurais,

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designadamente ao nível do emprego e fixação de população, catapultando ela própria “nova” inovação, espalhando a inovação, animando as comunidades locais em torno de acções de cooperação, de trabalho em rede, fazendo gente feliz, este último, objetivo mais valioso de qualquer política pública, que são por si um motor do próprio Desenvolvimento Rural. A DGADR, parceira Estado para a inovação em meio rural, tem assim

O Programa LEADER

uma enorme responsabilidade. A responsabilidade de trabalhar em parceria com os atores desse espaço, motivada e agente de motivação, entusiasmada e entusiasmante, essa qualidade “construtiva, contagiosa, dominadora, que esmaga os cépticos e abrasa os nervos dos receptivos”, gerando um verdadeiro clima para a inovação. A responsabilidade de contribuir para a dinamização de um espaço rural vibrante, feito por gente feliz.

A DGADR assume, desde o seu lançamento em 1991, a gestão do PIC LEADER, sendo a inovação um dos princípios fundamentais do programa, tanto na abordagem como no conteúdo dos numerosos projetos de diversificação de atividades em meio rural que apoiou e promoveu. A abordagem LEADER é inovadora por ser ascendente, assente em processos participativos de envolvimento dos agentes locais, permitindo que os agentes adquiram as competências necessárias para se tornarem atores do desenvolvimento dos seus territórios; porque perspetiva o território de uma forma integrada e não sectorial, ou seja, olha para os territórios/ comunidades abarcando “todos” os seus problemas e potencialidades e promovendo ligações e relações

entre os diferentes atores; porque é descentralizada e confere autonomia a parcerias assentes na sociedade civil, “grupo de ação local”, para decidirem sobre a alocação e gestão de fundos públicos; porque permite o desenvolvimento sustentável e integrado dos territórios rurais.

PROJETO VIAJANDO POR BESANAS

A DGADR, foi parceira no projecto INTERREG – SUDOE – Viajando por Besanas, com a Consejería de Igualdad y Empleo de la Junta de Extremadura (B.P.), a Fundación Paideia Galiza, S.A. e o Ayuntamiento de Santillana del Mar, que se desenvolveu na região de Lafões. O aspeto inovador do projeto foi o fato de se ter estabelecido uma rede de cooperação empresarial

entre empresas do setor primário e empresas / entidades ligadas ao setor do turismo. Esta rede de cooperação, formalizada em associação turística com a responsabilidade da gestão da rede, desenvolveu pacotes turísticos conjuntos para promoção dos seus produtos e da sua região.

O PROJECTO PLEIADES, COMO UMA ESTRUTURA MULTIMODAL DE APOIO À DECISÃO EM AGRICULTURA A DGADR, na qualidade de Autoridade Nacional do Regadio, assumiu a coordenação regional em Portugal do projeto PLEIADES Participatory multilevel EO - assited tools for Irrigation Water Management and Agricultural Decision-Suport, financiado no âmbito do 6º Programa Quadro da UE.

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PARCERIA EUROPEIA PARA A INOVAÇÃO O PLEIADES teve como objetivos estratégicos melhorar a utilização eficiente e sustentada da água para a agricultura em zonas semiáridas, bem como melhorar e otimizar a utilização dos sistemas de rega recorrendo ao grande potencial das novas tecnologias, nomeadamente Sistemas de Informação Geográfica (SIG), Plataformas de Observação da Terra e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIG), na bacia do Guadiana, tendo como zona piloto em Portugal o Aproveitamento Hidroagrícola do Caia. Este inovador projeto possibilita fornecer aos utilizadores, quase em tempo real, dados para uma gestão eficaz e eficiente da campanha de Rega.

“PRODUTIVIDADE E SUSTENTABILIDADE AGRÍCOLAS” Maria Custódia Correia

Coordenadora Nacional da Rede Rural, Chefe da Divisão de Diversificação Agrícola, Formação e Associativismo, da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Licenciada em Engenharia Agrícola, pela Universidade de Évora, e detentora do grau de Mestre em Produção Vegetal pela Universidade Técnica de Lisboa – Instituto Superior de Agronomia.

BIODIVERSIDADE EM EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS

A DGADR, em parceria com a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a Liga para a Proteção da Natureza (LPN) e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) promoveu um projeto-piloto para avaliação da adequabilidade e impacto da implementação de medidas de incremento da biodiversidade em Explorações Agrícolas do Continente, com o objetivo de testar e avaliar o contributo de determinadas práticas culturais na promoção da biodiversidade, adequando-as à realidade das explorações agrícolas. Este estudo incidiu sobre 15 explorações agrícolas, representativas das principais atividades agrícolas existentes nas diferentes regiões do Continente e os seus resultados permitirão que as “novas” medidas de políticas públicas de promoção da biodiversidade sejam coerentes e eficazes.

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A Comissão Europeia, na sua estratégia para 2020, identificou a inovação como um dos elementos-chave na preparação da UE para os desafios que a esperam, tendo definido o conceito das Parcerias Europeias para a Inovação (PEI’s), orientadas para dar resposta aos desafios existentes e que se adivinham, envolvendo todos os atores relevantes a qualquer nível (europeu, nacional ou regional) e destinadas a orientar, simplificar e melhorar a coordenação entre os instrumentos e iniciativas já existentes, complementando-os quando necessário. Em particular, a PEI “Produtividade e Sustentabilidade Agrícolas”, surgiu com o objetivo de promover uma atividade agrícola e florestal competitiva e sustentável, capaz de utilizar os recursos de forma mais eficiente, em harmonia com o ambiente, contribuindo para o abastecimento seguro e estável de alimentos para consumo humano e para animais, de fibras, biomassa, bem como de outros biomateriais.

Dois grandes objetivos foram identificados para esta PEI: • promover a produtividade e eficiência do setor agrícola; • a sustentabilidade da agricultura. As funções da PEI vão-se desenvolver através de diversos tipos de atividades, entre as quais: • Recolha, troca e promoção de uma circulação eficaz de informação sobre diversos temas de inovação; • Partilha de conhecimentos sobre questões práticas e concretas; • Fornecimento de feedback sistemático sobre as necessidades de investigação existentes a nível do vários atores envolvidos. Desta forma a Rede PEI irá atuar como um mediador na melhoria da comunicação e cooperação entre os atores da inovação agrícola e facilitar a partilha de experiências e conhecimentos.

A Rede Rural Nacional (RRN) como uma plataforma de divulgação e partilha de informação, de experiência e de conhecimento, que reúne as organizações setoriais, administrações e outras redes envolvidas no desenvolvimento rural, a nível nacional e europeu procura promover, no âmbito de temáticas importantes para os territórios rurais como é exemplo a inovação, a transferência de conhecimento, contribuindo para traduzir os resultados da investigação em inovações efetivas; divulgação de boas práticas; e gerar sinergias favorecendo os intercâmbios entre os parceiros de diversos domínios, sectores, iniciativas e projetos, contribuindo para melhorar a eficácia dos instrumentos existentes.

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Cristina Rodrigues, e o projecto

“DESIGN FOR DESERTIFICATION” 12

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Palavras de Cristina Rodrigues, arquitecta e investigadora, responsável pelo projecto “Design for Desertification” e mentora da exposição itenerante Museu Rural do Século XXI, ambos com cordão umbilical ao concelho de Idanha-a-Nova. A metáfora do corpo doente é a metáfora de Portugal. Cristina Rodrigues fala-nos da cura. E dos vários projectos, como a futura Incubadora de Indústrias Criativas, que têm elos comum: a cultura e a arte como substância regeneradora. TEMA CENTRAL

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e ansiedades. Uma manta feita de adufes pintados com as cores das peças de vestuário tradicional das adufeiras. A peça tem cerca de 7 metros de comprimento por 5 metros de largura e será suspensa no tecto do museu. Quero aproximar a arte de todos, para que esta seja verdadeiramente o exercício da democracia. O ‘Museu Rural do Século XXI’ esteve em Abril/Maio no Guangdong Museum of Arte, na China. A exposição itinerante está patente no MUDE, Museu do Design e da Moda, Colecção Francisco Capelo até Setembro. Pode ainda ser visitada uma pequena mostra na Sé Catedral de Idanhaa-Velha, onde mora actualmente ‘A Manta’. O trabalho de Cristina Rodrigues seguirá depois para a China, já este Novembro, para o Brasil e para a República Checa. 2. A arquitectura entra pela mão da Cristina Rodrigues em espaços considerados de estatuto menor como é o caso do meio rural. O que está na origem desta transgressão à imagem da arquitectura convencionada? Tenho uma visão holística sobre o território, para mim não existem espaços ‘menores’. Se pensarmos que o território é como um corpo humano, quando um órgão dá sinais de falência isto afecta todo o corpo.

1. A exposição ‘Museu Rural Sec XXI’ circula pelo país e pode ser vista no MUDE em Lisboa. Trata-se apenas de uma exposição ou de algo mais? O ‘Museu Rural do Século XXI’, exposição itinerante que leva o universo rural português aos principais centros urbanos do país, e de outros países afectados pelos fenómenos de despovoamento, desertificação ambiental e declínio económico. Vários artistas portugueses e britânicos foram convidados a criar trabalhos sobre o universo rural português e sobre a realidade idanhense em particular. A exposição congrega todas estas visões num espaço físico, onde narrativas e argumentos de tornam vivos e tentam envolver o público no debate sobre a importância da regeneração rural. A exposição foi desenhada para o público em geral, com a intenção de renovar o sentido de cidadania e envolver todos

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no debate. É composta por vários suportes que constroem uma narrativa comum e contam às populações urbanas histórias do universo rural que foram passando de geração em geração por via oral, que em muitos contextos urbanos são hoje desconhecidas. A reacção tanto das pessoas do lugar como do público tem sido extraordinária. A exposição eleva os lugares e rostos que vemos nas vilas e aldeias de Portugal e e transporta-os para o museu com grande dignidade. O Museu Rural do Século XXI expõe apenas trabalhos que são produzidos em comunidade. O que é que isto quer dizer? O artista não trabalha isoladamente, mas sim com as pessoas da comunidade alvo da análise. Na peça que irá estrear no MUDE, intitulada ‘A Manta’, as senhoras que fazem adufes trabalharam comigo para criar uma peça que reflecte o universo destas mulheres, as suas preocupações

em Inglaterra nos anos 60 e 70 mas rapidamente o País encontrou estratégias de manter um número sustentável de pessoas nos meios rurais, que hoje os Ingleses chamam orgulhosamente de ‘Countryside’. O estado Inglês percebeu a importância de manter o meio rural activo e a produzir e isto foi explicado aos cidadãos. Se não olharmos para Portugal como um todo e não incluirmos os cidadãos no debate não vejo possibilidade de crescimento económico. 3. No que está à vista dos trabalhos expostos podemos constatar uma relação de paixão com o povo das aldeias. Estamos perante uma nova abordagem romântica do mundo rural? A minha aproximação ao mundo rural é como investigadora antes de tudo. Penso que o declínio da oferta de emprego nos centros urbanos vai contribuir para um movimento migratório inverso aquele que assistimos durante a década

O despovoamento e a desertificação no sul da Europa são essencialmente induzidos pelos hábitos culturais das pessoas. Como arquitecta, curadora e artista, acredito que a arte e a cultura devem ser para todos e podem potenciar uma transformação nas mentalidades. Neste novo século, uma revolução de mentalidades começa a ganhar forma. Acredito que dois dos problemas que mais afectam a economia do País são o despovoamento e a desertificação ambiental. A cultura pode contribuir para a criação de uma nova consciência sobre estas problemáticas e para o início de uma transformação nas mentalidades. Afinal, foi assim que muitas pequenas revoluções aconteceram ao longo da história. A crise económica afecta neste momento todos os países do sul da Europa. Isto não acontece por acaso. A revolução industrial atingiu estes países mais tardiamente do que os países do norte, sobretudo a Inglaterra, grande impulsionador da revolução industrial. A migração ruralurbana foi um fenómeno que alguns países do norte ultrapassaram nos anos 60, 70 e 80, enquanto este acontecia no sul da Europa. O grande êxodo rural também aconteceu

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children behind to constitute the main rural population.’ TONGYU ZHOU Bárbara Coutinho, directora e programadora do MUDE, Museu do Design e da Moda, Colecção Francisco Capelo, Lisboa. Exposição ‘Museu Rural do Século XXI’ curadoria de Cristina Rodrigues - Maio/Setembro 2013

de 80 - do campo para a cidade. Se reflectirmos sobre quais as principais razões que estimularam o forte movimento migratório que teve lugar durante a década de 80 e durante a de 90, o argumento central foi a oferta de emprego que era então muito maior em centros urbanos, como Lisboa ou Porto. Hoje isto não acontece. O meu case study o município de Idanha-a-Nova tem feito um grande esforço para marcar a sua presença nacional e Internacionalmente. E tenho assistido ao crescente interesse de investidores estrangeiros para se sediarem neste território. O projecto de investigação DfD - Design for Desertification, o ‘21st Century Rural Museum’ e a futura Incubadora de Indústrias Criativas de Idanha-a-Velha têm o objectivo comum de promover a imagem do concelho como um local com excelente qualidade para se viver e investir. Sem as pessoas do lugar, como o Paulo Longo, antropólogo/

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museólogo e co-curador da exposição, e os responsáveis do município de Idanha-a-Nova, nada disto teria sido possível. Existe uma grande vontade de perceber o território como um todo e de trazer o mundo rural Português para o século XXI. 4. Que projectos estão a fervilhar na cabeça da Cristina Rodrigues para os próximos tempos? Será que a sua residência em Manchester irá permitir que se mantenha ligada a Portugal nos próximos tempos? Um dos projectos que terão uma expressão mais imediata é a Incubadora de Indústrias Criativas (em Idanha-a-Velha) que tem o projecto quase concluído. A intenção é reunir um conjunto de jovens artistas, designers, arquitectos e arquitectos paisagistas que possam trabalhar auxiliando a definição de estratégias de expansão comercial do concelho no mercado nacional e Internacional. Idanha-a-Velha tem uma população

maioritariamente envelhecida e estes jovens trarão imagens renovadas para construir o futuro deste lugar e sua envolvente. Vão trabalhar em open space e em equipa. Essa consciência renovada deverá nascer da partilha de ideias. O projecto de investigação de que sou coordenadora - Design for Desertification -, continuará a levar investigadores da MSA (Manchester School of Architecture) para trabalhar com estes jovens e a Escola Superior de Artes Aplicadas, do Instituto Politécnico de Castelo Branco, terá também os seus estagiários a trabalhar nesta equipa. Estarei sempre ligada a Portugal e viver em Manchester dá-me o distanciamento necessário para ver o meu País de uma perspectiva exterior. O meu trabalho artístico resulta da minha visão ao mesmo tempo próxima e distante do meu País e as metodologias de investigação influenciam toda a minha prática como arquitecta/artista.

‘O Museu Rural do século XXI integrase nesta linha de actuação e é, por isso, apresentado no MUDE, contribuindo para um debate que a todos diz respeito. Esperamos concorrer para uma maior consciencialização da importância de trabalhos inovadores e socialmente responsáveis nas áreas do artesanato e design, do seu significado para o desenvolvimento das economias locais, da mais valia que representa o trabalho de equipa e do significado de estimular o potencial criativo de cada cidadão. Mais do que novos objectos, precisamos de desenhar novos serviços e novas atitudes que contribuam para um futuro mais sustentável, igualitário e justo. Pode ser esse um dos maiores contributos do design. Para o cumprir, teremos de pensar sobre o próprio objecto do design, a sua definição e natureza, a sua responsabilidade e dimensão na cultura contemporânea. Esperamos que o Museu Rural do Século XXI nos possa ajudar nesta reflexão.’ BÁRBARA COUTINHO Tongyu Zhou, curator of the exhibition ‘Issues of Urbanization’ at Guangdong Museum of Art, Guangzhou. Featured Cristina Rodrigues Art work from April/May 2013. ‘ Urbanization and rural desertification are actually two sides of the same coin. Today we live at a time of rapid urbanization. While in the past, urbanization was a sign of progress in society; industrialization brought wealth and new possibilities. But now we have become surrounded by numbers of so-called ‘mega cities.’

This trend is seen in the speedy growth in population and population density, creating high demand for resources that remain available without restriction. But people’s lives have changed from being able to enjoy the convenience the city brought, to being continually under the stress of the urban environment. In parallel, our rural areas have also changed through the urbanization process. Not only has urban expansion consumed the surrounding land, but young and middle-aged populations have flocked into cities leaving older people and

Cristina Sousa, Editora em Manchester, U.K.; responsável pela edição e tradução do livro de Cristina Rodrigues ‘My Country Trough Your Eyes / O Meu País Através dos Teus Olhos’ - Em revisão para publicação em 2013. ‘Tem sido deveras aliciante fazer o trabalho de edição e tradução dos textos de Cristina Rodrigues. A energia, criatividade e entusiasmo que transparecem nas suas obras é visível nas suas descrições, notas e textos em geral. O seu profissionalismo e a sua comunicabilidade são notáveis!’ CRISTINA SOUSA

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PADRÕES E DINÂMICAS DA INOVAÇÃO. Sua invisibilidade e desvalorização nas áreas rurais portuguesas

Entre Agosto de 2012 e Fevereiro de 2013, o projecto RUR@L INOV concebeu e implementou um inquérito às organizações inovadoras com actividade nas áreas rurais portuguesas. Estas organizações foram identificadas com base num conceito inclusivo de inovação. Este englobou todos os tipos de inovação e múltiplas combinações, a adopção de inovações por mecanismos de imitação e a criação de valor social e não apenas o valor económico da inovação. O inquérito foi aplicado a uma amostra de 120 organizações (94 empresas, 22 organizações do sector não lucrativo e 4 do sector público) implantadas nas áreas rurais portuguesas (Portugal Continental), seleccionadas a partir de uma base de organizações inovadoras, construída pelo projecto RUR@L INOV. PERFIL DAS ORGANIZAÇÕES INOVADORAS Os dados recolhidos neste inquérito permitem destacar sete traços do perfil das organizações inovadoras em meio rural. Diversidade, a vários títulos de modelo organizacional, de dimensão e de actividades, bem como de produtos e serviços oferecidos. Esta diversidade espelha a atitude empreendedora das organizações inovadoras que respondem às necessidades latentes e observáveis dos consumidores, clientes e comunidades, através da utilização intensiva do conhecimento e de recursos financeiros escassos, a par, em muitos casos, da mobilização dos recursos latentes do território, designadamente do conhecimento local. A elevada qualificação dos leaders destas organizações, e dos seus recursos humanos, emerge como o principal motor das capacidades reveladas para detectar oportunidades, mobilizar conhecimento e informação, assim como valorizar recursos latentes e meios escassos. A sua capacidade em mobilizar conhecimento, a par da atitude empreendedora, parecem contrabalançar limitações da pequena dimensão e escassez de recursos financeiros para investir, nomeadamente na expansão dos seus negócios e/ou actividades. Note-se que cerca de metade das organizações inquiridas (também mais de metade das empresas) são de dimensão micro, isto é, contam com menos de 10 trabalhadores. O seu bom desempenho revela-se numa “inesperada” capacidade exportadora.

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Francisco Gomes da Silva,

Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural

Lívia Madureira,

Professora Auxiliar na UTAD Coordenadora

Teresa Maria Gamito, Investigadora

Aldina Fernandes, Secretária Geral Adjunta da CONFAGRI

PADRÕES E DINÂMICAS DE INOVAÇÃO A diversidade de organizações, suas actividades, produtos e serviços traduz-se, e é provavelmente resultado, de uma multiplicidade de padrões e dinâmicas de inovação. Prevalecem os padrões de inovação mistos, isto é, os que congregam vários tipos de inovação em simultâneo. Entre as empresas inquiridas, uma estratégia muito comum é combinar inovação de produto com inovação de marketing, a que se junta em alguns casos a inovação de processos para obtenção de produtos novos ou diferenciados. A agregação de inovação de produto e processo, conjugada com actividades e despesas de I&D, internas e externas, no que se designa genericamente por “inovação tecnológica” é um padrão relevante, embora esta combinação seja também, regra geral, acompanhada pela inovação de marketing. Outra estratégia de inovação que se destaca é o que imbrica a inovação de processo e organizacional com objectivo de alcançar ganhos de eficiência ou de valor. Entre as empresas inquiridas, o modo de inovação mais frequente corresponde à combinação de inovações de produto e marketing as quais estão “desligadas” de actividades e despesas em I&D (cerca de 36% das empresas inquiridas). Este padrão de “inovação escondida”, pela ausência dos inputs I&D e das cooperações com unidades I&D, merece um destaque particular pois tratase de um grupo numeroso de empresas de pequena dimensão com potencial para sobreviverem, e que são fundamentais para a criação de emprego em áreas rurais. Outro grupo de inovadores invisíveis nas áreas rurais portuguesas são as organizações, nomeadamente as empresas, que apostam na inovação para ganhos de eficiência e de valor. Este grupo inclui sobretudo

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empresas de pequena e média dimensão com acesso aos fundos públicos, embora não especificamente para I&D. Dada a importância deste padrão de inovação para a competitividade e sobrevivência das organizações é importante identificá-lo e incentivá-lo. Os padrões e dinâmicas de inovação das organizações inquiridas evidenciam um perfil robusto de inovação na generalidade dos casos. Todavia, talvez em demasiados casos, a pequena dimensão das organizações, a ausência dos inputs e outputs I&D e o carácter incremental das inovações, faz com que a inovação seja invisível e que estas organizações não sejam reconhecidas como inovadoras à luz do referencial actual que é utilizado para identificar, medir e promover a inovação. SISTEMA DE INDICADORES PARA IDENTIFICAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE INOVAÇÃO Um contributo adicional do projecto RUR@L INOV foi o desenvolvimento de um sistema de indicadores para avaliar as práticas de inovação ao nível das organizações. Com este sistema é possível identificar boas práticas, tanto de input e output, mas introduzindo também a avaliação dos processos. Proporciona, em paralelo, informação sobre como impulsionar e melhorar a gestão da inovação em diferentes organizações tendo em conta os seus recursos e a natureza das suas actividades. É, portanto, útil para as próprias organizações, enquanto ferramenta de diagnóstico e monitorização, bem como para os decisores técnicos e políticos, e outros stakeholders, envolvidos no desenho e aplicação de incentivos à inovação e na avaliação dos seus efeitos.

SESSÃO DE OEIRAS 2º Workshop internacional do projecto RUR@L INOV. Padrões e dinâmicas da inovação. Sua (in)visibilidade e (des)valorização nas áreas rurais portuguesas. A inovação desenvolvida e implementada pelas organizações inovadoras nas áreas rurais portuguesas é “invisível” e “desvalorizada” pelas agendas e políticas públicas para a inovação e desenvolvimento rural. Este foi o mote do 2º workshop internacional do projecto RUR@L INOV, realizado em Oeiras, no dia 23 de Maio de 2013. Os resultados do projecto RUR@L INOV mostram que uma boa parte da inovação desenvolvida e implementada pelas organizações das áreas rurais portuguesas é de facto “invisível” aos olhos dos decisores técnicos e políticos, porque escapa ao referencial utilizado, nomeadamente pelos investigadores e pelos técnicos, para identificar e incentivar a inovação. É, pois, preciso, reconhecer e valorizar a inovação e as organizações inovadoras que a promovem, independentemente das actividades que desenvolvem, dos produtos e serviços que oferecem, da sua dimensão e localização. Isso implica adoptar um conceito amplo de inovação que contemple a diversidade

NOTA DE AVALIAÇÃO DE LÍVIA MADUREIRA O projecto RUR@L INOV apresenta conhecimento novo sobre os padrões e a as dinâmicas de inovação nas áreas rurais portuguesas, o qual foi granjeado através de uma abordagem inovadora, que amplia conceitos, nomeadamente de inovação e inovador, e que aposta na compreensão da complexidade dos processos de inovação. Mostra que há muita inovação escondida e muitos inovadores negligenciados pelas políticas públicas de inovação. A invisibilidade e o não reconhecimento é o primeiro grande obstáculo que urge derrubar antes de desenhar agendas e incentivos à promoção da inovação no quadro do desenvolvimento rural. Nota de apresentação de Lívia Madureira, coordenadora do projecto RUR@L INOV Lívia Madureira é doutorada em Economia Agrária e Professora Auxiliar na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Desenvolve trabalho de investigação e formação avançada nas áreas da economia agrária e do ambiente.

de padrões e dinâmicas de inovação e que reconheça a inovação de pequena escala e de baixa intensidade tecnológica. A experiência internacional apresentada no workshop mostra que a inovação tecnológica, I&D intensiva, desenvolvida por unidades I&D para o sector agrícola e agro-alimentar só é útil quando os agricultores e as empresas a procuram. E mostra também que a inovação floresce quando é promovida, copiada e partilhada pelos agricultores, pelas empresas e pelas suas iniciativas que os envolvem, como as marcas colectivas ou as experiências de gestão partilhadas por exemplo. E aponta os sistemas de inovação baseados nos actores/empreendedores como alternativa/complemento aos sistemas de inovação regionais, a par da valorização da abordagem do inovar fazendo e interagindo (DUI - doing, using and interacting). São três as sugestões dos oradores e participantes para a agenda de inovação nas áreas rurais: 1. Democratizar a inovação, através do acesso à educação, à informação e às tecnologias de informação, de atitudes inclusivas e quebrando dicotomias (p.e. novidade=jovens;

tradição=velhos), do reconhecimento da diversidade e multiplicidade das formas de conhecimento e do acesso a ela. 2. Descomplicar e facilitar a regulamentação, regulação e o acesso dos inovadores aos recursos e incentivos para a inovação. 3. Devolver o protagonismo aos agentes inovadores, promovendo-se o estabelecimento de plataformas de interacção, colaboração e partilha de ideias, informação e experiências entre os múltiplos stakeholders da inovação.

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José Portela

Professor Catedrático - UTAD

TESTEMUNHO Francisco Brochado é um pequeno empresário de Chaves, com 70 anos de idade e uma vida dedicada à aprendizagem, à experimentação e à inovação. Apicultor e criador de novos méis associados à marca Mel Rainha. Exporta a maior parte da sua produção para Europa e está agora a aventurarse no mercado japonês. Na sua intervenção interpelou a audiência sobre algumas das ameaças que enfrenta actualmente a inovação baseada na recriação e reinvenção dos produtos locais. Destas ameaças destacou (a) a inércia dos consumidores portugueses, que não valorizam os novos produtos nas suas procuras, privilegiando o factor preço em detrimento da qualidade dos produtos; (b) a falta de informação e cultura de hábitos alimentares para o consumo de produtos biológicos certificados em Portugal, que fragiliza a aposta na inovação assente na renovação dos produtos locais; (c) o risco da inovação “matar” a inovação, neste caso a ameaça que a difusão dos organismos geneticamente modificados representa para a inovação inspirada nos produtos tradicionais, como é o caso do mel, devido ao risco da sua contaminação por pólen geneticamente modificado.

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DESAFIOS A inovação é um desafio exigente e permanente, porque decorre através de processos fortemente interactivos e multidisciplinares, envolvendo a colaboração de uma vasta rede de stakeholders, instituições e utilizadores. O risco é-lhe inerente, e o seu retorno requere um horizonte de longo-prazo. A inovação deve ser encarada como uma prioridade nas estratégias para a saída da crise, pois ela oferece novas soluções, muito necessárias em Portugal. Mas, como promover a inovação no actual contexto de crise? Simplificando a regulamentação e regulação, bem como mantendo e reorientando o investimento público na inovação. Note-se que a promoção da inovação não precisa de um investimento público de grande escala. Todavia, esta não é uma área para fazer cortes, sob pena de se comprometer o crescimento económico de longo prazo. As políticas públicas para a inovação devem reger-se por uma visão de médio-longo prazo, coordenar medidas e incentivos e garantir coerência e complementaridade entre os vários níveis de intervenção no território: (inter) nacional, regional e local. A inovação floresce numa cultura de abertura à diversidade, ao que é

novo e não convencional, onde esteja assegurado o acesso à educação formal e à aprendizagem ao longo da vida. É esta cultura que induz a oferta e a procura do que é novo e diferente.

Smart Rural Living Lab CONGRESSO SMART RURAL WORLD EM PENELA O Município de Penela promoveu o primeiro congresso internacional Smart Rural Living Lab (Smart Rural World Congresso), no Hotel Duecitania, nos dias 27 e 28 de Junho. 

A sessão de abertura contou com a presença do presidente da Assembleia Municipal de Penela, Fernando Antunes, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Pedro Saraiva e o presidente da Rede Europeia de Living Lab, Jarmo Eskelinen onde rasgaram largos elogios pela iniciativa.

Em contexto rural, os cerca de cem participantes, ouviram testemunhos e experiências de técnicos e especialistas oriundos dos mais diversos pontos do mundo, desde os países escandinavos ao Brasil, passando pela Itália, França e Estados Unidos. Tratou-se de um fórum dedicado ao desenvolvimento rural em territórios de baixa densidade populacional, como Penela, que desenvolve o “Smart Rural Living Lab”, integrado desde 2010, na rede Europeia de Living Labs (EnoLL). 

Apresentado durante o congresso por Luís Matias, vice-presidente da câmara municipal de penela, a rede “Smart Rural Living Lab” foi projetada para promover a inovação e o desenvolvimento de investigação em novas tecnologias, metodologias e aplicações para potenciar os territórios menos populosos e promover a sua integração, a nível mundial. Para o efeito o Município de Penela conta com o envolvimento de vários parceiros e que já constituiu frutos. 

 Projetos esses apresentados como exemplo de empresas sustentáveis a funcionar em meio rural, tipo o “Looking for my Health”, uma plataforma remota de medicina preventiva e pré-diagnóstico que já foi testado em contexto urbano e agora aplicado num território rural, o “CarBoCida”, ou seja, um projeto de investigadores da Universidade de Coimbra e da Escola Superior Agrária de Coimbra para combate ao nemátodo do pinheiro de forma biológica e eficaz, 100% testado em laboratório e já iniciou os testes em terrenos do Município com a doença, entre outros. 

Em género de demonstração foi feito uma

apresentação no local do “FarmReal”. Desenvolvido numa parceria da autarquia com o Instituto Pedro Nunes, consiste num sistema de monitorização de comportamento de cabras num curral, cujas imagens e dados são transmitidos em tempo real através da internet, com o objetivo de cativar potenciais adotantes, de qualquer parte do mundo e que financiam o crescimento do animal adotado. Será através desse dinheiro que se vai reativar a pastorícia na região, com o principal objetivo de fazer aumentar o volume de leite diário que sustente a indústria do Queijo Rabaçal.

Inspirado no poema de Fernando Pessoa, O Guardador de Rebanhos, Luís Matias acredita que “a nossa identidade é tão forte que até a inspiração poética é comum”.

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* Instituto Politécnico de Bragança & CIMO Centro de Investigação de Montanha, 5301-855, Bragança, Portugal (jpmc@ipb.pt); ** FABRIAGRI - Moncorvo; *** Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 5000-911 Vila Real, Portugal

PODEREMOS RELANÇAR OS SOUTOS PORTUGUESES?

Introdução Pretendemos com este artigo dar um contributo sobre alguns dos estudos de avaliação do declínio da cultura castanheiro efectuados pelos autores nos últimos anos e apresentar ideias que possam contribuir para relançar os soutos portugueses. São também discutidas as visitas realizadas a centros experimentais em Espanha, Itália e França, verificando-se que não estamos sozinhos nesta apaixonante tarefa de defesa do castanheiro. Partilhar essa informação na expectativa de ser útil para o leitor é o nosso desejo.

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ACTIVIDADES AGRÍCOLAS

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O caso português Percorrendo os soutos de Portugal fica por demais evidente que há aspectos fitossanitários gravíssimos, que estão a condicionar a castanhicultura, sobretudo devido à doença da Tinta, causada por Phytophthora cinnamomi Rands., e ao cancro, causado por Cryphonectria parasitica (Murrill) Barr. Mesmo assim, assistimos a novas plantações, numa espécie de teimosia entre o agricultor e as doenças do castanheiro. Lamenta-se contudo, a continuidade de práticas reconhecidamente incorrectas tais como excesso de mobilizações, má escolha de locais de instalação, deficiente cuidado no aspecto sanitário, erros na aplicações de correctivos orgânicos ou minerais, plantas de qualidade não comprovada, entre outros. Malgrado a elevada mortalidade nos soutos, velhos ou novos, a área de castanheiro aumentou nos últimos 20 anos, assim como a produção de castanha por causa das novas plantações. A dinâmica dos soutos durante este período foi acompanhada pelos autores deste artigo por técnicas de detecção remota e verificação exaustiva de campo, mediante a utilização de fotografias aéreas adquiridas a entidades oficiais, e fotografia aérea directamente capturada através de vários processos (balão cativo e avioneta), em vários formatos (35 e 70 mm) e em vários tipos (analógico colorido normal e infravermelho preto e branco e colorido e digital colorido normal). Os estudos para a análise do declínio da cultura castanheiro no nordeste de Portugal nos últimos 20 anos incidiram em Trás-os-Montes. Na Figura 1, apresenta-se o equipamento adaptado pelos autores para fotografar os soutos da Serra da Padrela e Terra Fria Transmontana (projecto AGRO 179, 2005). Na Figura 2 apresenta-se uma das áreas de estudo. Na Figura 3, alguns sintomas de doença de castanheiros que se podem detectar por fotografia aérea com vantagens em relação a métodos de observação directa. Pode observar-se na Figura 4 que o estado sanitário tem piorado sistematicamente, sobretudo em resultado das doenças da Tinta e do Cancro. Na Figura 5 mostram-se os mosaicos de fotografias usadas para cada data analisada. Na Figura 6 e na Figura 7 apresentamos alguns dados sobre a dinâmica dos soutos no período. Verificou-se que a área de castanheiro entre 1985 e 2006 cresceu 47% porque as plantações

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ACTIVIDADES AGRÍCOLAS

Figura 4 - Mapas de predição (Ordinary Kriging) para 1986, 1995 e 2006 do estado de sanidade dos soutos da DOP “Serra da Padrela”. As tonalidades mais escuras indicam pior estado sanitário.

Figura 1 - À esquerda, suporte retráctil adaptado à porta posterior do avião Cessna 172 e à direita câmaras fotográficas instaladas no mesmo suporte. Figura 5 - Fotografias aéreas de 1986 (pancromático preto e branco),

de 1995 (infravermelho colorido falsa cor) e de 2006 (colorido normal).

Figura 6 - Área de castanheiro e sua representação em relação à área total de 6 freguesias da DOP Serra da Padrela ao longo dos últimos 20 anos: Carrazedo de Montenegro, Padrela e Tazem, Curros, São João da Corveira, Serapicos, Santiago da Ribª de Alha.

Figura 7 -

Dinâmica do castanheiro nas 6 freguesias da DOP Serra da Padrela ao longo dos últimos 20 anos: Carrazedo de Montenegro, Padrela e Tazem, Curros, São João da Corveira, Serapicos, Santiago da Ribª de Alha

Figura 2

Figura 3

foram maiores do que a mortalidade. O leitor, caso esteja interessado, poderá consultar a maioria dos documentos produzidos nesse sentido, publicados nos repositório digital http:// bibliotecadigital.ipb.pt/. Além das doenças existem ainda algumas pragas. O insecto Xyleborus dispar tem causado nos últimos anos estragos relevantes, sobretudo em árvores jovens. Perfura a árvore e forma galerias na zona cambial, criando condições ao desenvolvimento de fungos do género Ambrosia

que bloqueiam os vasos do xilema e floema. Geadas tardias ou até carências nutricionais como a de Boro, fragilizam as árvores tornandoas mais susceptíveis. Nas zonas com galerias os troncos ou ramos ficam mais escuros e a casca com pequenas rugas, sintomas usualmente mencionados de pele de sapo. A galoose ou Cinipídeo dos Castanheiros (Dryocosmus kuriphilus Yasumatsu, 1951, Hymenoptera Cynipidae), é outra praga que pode levar à morte do castanheiro. Teve origem na China,

ainda não chegou a Portugal, mas já foi detectada em Itália devendo por isso haver cuidados especiais na importação de material vegetativo porque a larva desta vespa hiberna num gomo dormente aparentemente normal. Ainda está em estudo, mas perspectivase a possibilidade de controlo biológico contra essa vespa com a utilização de um parasitóide específico, a Torymus sinensis (de origem Chinesa). No Japão o himenóptero tem ajudado a limitar os danos. Há ainda a referir outras pragas que desvalorizam significativamente a

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qualidade da castanha em termos comerciais, como o bichado da castanha (Cydia splendana). Por exemplo, na campanha de 2011, o bichado causou 25% de prejuízos nos Soutos da lapa.

Os castanheiros híbridos Nas zonas de transição entre a Terra Quente e a Terra Fria Transmontana e encostas mais baixas dos Soutos da Lapa que eram outrora locais para o castanheiro, estão agora a perder terreno para a amendoeira, sobretudo variedades de floração mais tardia e por isso com menor susceptibilidade a geadas tardias, enxertadas em híbridos de pêssego × amêndoa (Prunus amygdalus x P. persica) (GF-677 ou GxN-15), porta-enxertos produzidos por micropropagação in vitro. No mesmo sentido, os ensaios clonais de castanheiros híbridos entre espécies japonesas e europeias (Castanea crenata x C. sativa) têm sido uma das soluções encontradas para contrariar a elevada susceptibilidade do castanheiro europeu à doença da Tinta. Numerosos trabalhos foram feitos em França, Portugal, Espanha, Itália e também em vários países asiáticos, americanos e neozelandeses. Em Espanha, a propagação clonal de castanheiros híbridos (C. crenata x sativa) tem sido feita sobretudo na Galiza, por exemplo, no Centro de Investigaciones Forestales de Lourizán, em Pontevedra, Galiza, que visitámos no dia 11 de Janeiro de 2012. De acordo com o referido pelas investigadoras deste centro, Miranda Fontaíña e

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ACTIVIDADES AGRÍCOLAS

Fernández-López, o desenvolvimento de clones de castanheiros híbridos tem sido sobretudo para silvicultura, procurando-se por isso plantas com bons crescimentos em eixo central. Há ainda alguns clones que apresentaram boa afinidade à enxertia com as variedades galegas, por exemplo, os clones 111 e 2073, e ainda boa resistência à doença da Tinta (Miranda Fontaíña y Fernández-López, 2008). Em Portugal, o início da hibridação controlada de castanheiros, foi promovida por Columbano Taveira Fernandes, em Alcobaça, por meados de 1950. A Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança (ESA-IPB) detém uma colecção destes híbridos por intermédio de Maria do Loreto Rodrigues Martins Monteiro que foi investigadora do INIA e técnica do Fundo de Fomento Florestal em Bragança em meados de 1990, responsável por este campo clonal nessa altura. Na mesma altura foi também cedida igual colecção ao CENASEF (Amarante) e à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD, Vila Real). Um dos clones foi catalogado por COLUTAD (COLumbano + UTAD), depois de ensaios de inoculação de Phytophthora cinnamomi e avaliação de resistência (Gomes et al., 1997). Em França, a investigação no Institut National de la Recherche Agronomique (INRA) sobre o castanheiro, foi primeiro realizada em ClermontFerrand e depois em Brive. A partir de 1970 foram continuadas em Bordeaux, onde foram intensificadas desde 1986. O objectivo principal deste programa tem sido o desenvolvimento de cultivares resistentes à doença da Tinta e levou à criação de cultivares híbridas certificadas (C. crenata x sativa) utilizadas seja como portaenxerto seja como variedades fruteiras (produtores directos).

Figura 8 - Campo de pés-mães de castanheiros híbridos (Local: Lourizán, Pontevedra).

Figura 11 - Propagação in vitro de castanheiros híbridos (Local: Lourizán, Pontevedra). Área de estufas. Do lado direito: estufa de aclimatação. Do lado esquerdo: estufa normal.

Figura 14 - Estufa de aclimatação com aquecimento e humidificador. Bancadas aquecidas. Túneis descobertos. Castanheiros híbridos, após nova repicagem para vasos maiores do que ½ litro. (Local: Lourizán, Pontevedra).

Figura 9 - Propagação in vitro de castanheiros

Figura 12 -

Figura 15 -

híbridos (Local: Lourizán, Pontevedra).

Figura 10 - Propagação in vitro de castanheiros híbridos (Local: Lourizán, Enraizamento em PERLITE.

Pontevedra).

Estufa de aclimatação com aquecimento e humidificador. Bancadas aquecidas. Túneis. Castanheiros híbridos acabados de enraizar. (Local: Lourizán, Pontevedra).

Figura 13 - Estufa de aclimatação. Castanheiros

híbridos, após repicagem para vasos de ½ litro. (Local: Lourizán, Pontevedra).

Estufa normal. Castanheiros híbridos. Plantas com diversas idades. (Local: Lourizán, Pontevedra).

Na Figura 8 mostra-se o campo de pés-mães de castanheiros híbridos devidamente catalogados e sinalizados. (Local: Lourizán, Pontevedra). Podem propagar-se por amontoa ou por propagação vegetativa in vitro (Figura 9). Após o enraizamento em substrato sólido adequado (turfa e perlite) (Figura 10) transitam-se as plantas para aclimatação onde permanecem durante um determinado período após o qual vão para estufa (Figura 11). A estufa de aclimatação requer características especiais de aquecimento e humidificação atmosférica, normalmente com bancadas aquecidas e túneis. Neste

local são colocados os tabuleiros com os castanheiros híbridos em fase final de enraizamento, prestes a serem repicados (Figura 12), aí permanecendo por mais algum tempo após a repicagem para vasos de capacidade variável (neste caso de ½ litro) (Figura 13 e Figura 14). Na Figura 15 e na Figura 17, mostra-se algum material em fase de investigação. Na Figura 16 podemos ver um outro campo de pés-mães, mas em vasos, sendo as plantas podadas intensivamente ao estilo dum “Bonsai”, para obtenção de material vegetativo para propagação em ambiente controlado e por isso com menor risco de contaminações.

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Notas finais Na questão das plantas, é preciso fornecer ao agricultor plantas certificadas de qualidade comprovada: maior resistência às doenças, bom vigor, boa afinidade à enxertia (com as variedades locais), bom sistema radicular e, muito importante, a preço competitivo. Uma boa aposta reside na propagação de porta-enxertos (híbridos mais resistentes) e aquisição pelo produtor da planta já enxertada com as variedades com mais interesse na sua região. Mas independentemente da sua origem (França, Portugal, Espanha, etc.), e da sua resistência às doenças descritas, cada clone deverá submeter-se a ensaios de adaptação ao solo e ao clima e avaliar a viabilidade de cada porta-enxerto à enxertia com as nossas variedades, conservando a variabilidade genética e promovendo a sua utilização económica. Porque isso não tem sido feito até agora, infelizmente, os agricultores portugueses têm comprado híbridos cujos nomes e aptidões por vezes nem os que os vendem conhecem, e a preços normalmente proibitivos. O resultado é catastrófico, pois muitos agricultores vêem assim plantas que compraram a preços exorbitantes,

nunca chegarem a ter produção rentável, ou quando enxertados e devido à sua má afinidade com as variedades regionais, acabam por quebrar no plano de enxertia ao fim de uma meia dúzia de anos. Assim muitos continuam ou voltam a utilizar plantas “Sativa” mais baratas, mas que vão morrendo, levando assim, após alguns grandes dissabores e anos e dinheiro perdido, à desistência, substituindo a cultura pela amendoeira. Devem rever-se as actuais políticas de preservação dos soutos e promoção à nova plantação, com um sistema de extensão rural eficiente para fornecer ao agricultor o que ele precisa de saber para ter sucesso. O associativismo é importantíssimo, para proporcionar ao agricultor bons apoios: análise de solos, análise sanitária, aconselhamento técnico, sistema de avisos, plantas, produtos, o escoamento, o marketing, o turismo, a gastronomia, os cogumelos, a micorrização, a caça, etc. De acordo com alguns dirigentes de cooperativas de produtores de castanha, apercebemo-nos que presentemente é difícil o acesso aos incentivos através do IFAP e doutros organismos governamentais. É fundamental a criação duma fileira do castanheiro em Portugal, que não existe de facto.

Caracterização do “TOUCINHO DO CÉU” DE GUIMARÃES: Um Produto Tradicional com Tipicidade Figura 16 -

Campo clonal de castanheiros híbridos. Plantas conduzidas como bonsais. De cada vaso (pé-mãe) é recolhido material para propagação vegetativa. (Local: Lourizán, Pontevedra).

Brito, N.V., Barbosa, Actual Secretario de Estado da Alimentação e da Investigação Alimentar Doutor em Ciências Veterinárias E., (Escola Agrária de Ponte de Lima/Instituto Politécnico de Viana do Castelo) Mendes, M.C. (AMIBA - Associação dos Criadores de Bovinos de Raça Barrosã)

Figura 17 -

Castanheiros híbridos em fase de crescimento, produzidos por propagação vegetativa. (Local: Lourizán, Pontevedra).

Introdução

Referências

madera y portainjertos: criterios de selección y propagación. I Xornadas internacionais

AGRO 179. 2005. Detecção remota da doença da tinta e cadastro da área de castanheiro

sobre o castiñeiro. 22-24 de Maio de 2008. Xunta de Galicia. Parque Tecnolóxico de

na Terra Fria de Bragança e Padrela por fotografia aérea de infravermelho próximo.

Galicia, Centro Tecnolóxico da Carne e da Calidade Alimentaria. Ourense. San Cibrao

Programa AGRO, Medida 8, Acção 8.1, Relatório Final, Vila Real, UTAD, 73 p.

das Viñas, España. http://mediorural.xunta.es/institucional/publicacions/forestal/

Gomes, A. L.; Abreu, C. G.; Castro, L. T., 1997. COLUTAD – Um clone de castanheiro com

xornadas_castineiro/

resistência à doença da Tinta. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vila Real.

http://www.inra.fr/internet/Directions/DIC/presinra/SAQfiches/chataigne.htm

Miranda Fontaíña, M.E., Fernández Lopez, J., 2008. Clones híbridos de castaño para

Nota: texto em português europeu, não se adoptando o último acordo ortográfico.

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ACTIVIDADES AGRÍCOLAS

O turismo é actualmente uma das actividades que mais contribui para a sobrevivência de numerosos territórios, incluindo o território Português. A actividade turística é encarada na actualidade, como uma das formas contemporâneas de aproveitamento dos recursos dos territórios, com peso crescente em alguns deles. Nesta acepção, o desenvolvimento do turismo depende das especificidades de cada região, só sendo viável quando

existirem recursos naturais, humanos, históricos e mesmo culturais, que garantam uma vocação turística. O interesse por estes recursos inatos ou adaptativos, permitiu, desencadear, uma exorbitante procura pelo desenvolvimento e certificação de uma dieta atlântica, à semelhança e seguindo a mesma linha de tendência, da dieta mediterrânica, serviu de justificação na actualidade, para o intercâmbio entre todos os povos da antiguidade. Acompanhado desde muito cedo pela

instalação de conventos de diversas ordens religiosas que se difundiram e foram responsáveis pela divulgação da melhor doçaria portuguesa (Marçal, 1970 citado por Araújo, 1998), Portugal, é encarado na actualidade, como um país de preservação e valorização da sua Gastronomia. A Gastronomia Portuguesa, um recurso turístico primário e autónomo, deverão, considerar-se tão importantes como a de qualquer outro elemento do património cultural.

TRADIÇÕES E SABERES

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Vários estudos têm vindo a demonstrar que as mais recentes escolhas turísticas dão preferência ao turismo cultural incluindo as experiências inter-culturais. É nestas experiências interculturais, que se espelha a aposta do novo turista (século XXI), e à sua semelhança se espelha, um dos mais significativos aspectos da sua identidade: a “Doçaria conventual”. A evolução da cozinha portuguesa em particular da doçaria é resultado das interacções entre a doçaria popular, doçaria conventual e doçaria palaciana. Estas interacções foram cada vez mais íntimas, resultando numa doçaria única, mundialmente conhecida e apreciada. Os conventos foram, sem dúvida, os grandes responsáveis pela difusão de receitas (ou de nomes) que circulam no quotidiano do doce português. Algumas condições permitiram-lhes contribuir para a evolução da doçaria conventual. Assim as cozinhas conventuais portuguesas foram aperfeiçoando durante séculos as receitas ancestrais. Com o passar dos tempos, os conventos puderam aumentar a qualidade e a variedade dos seus doces, sendo as receitas, de cada um deles, guardadas em segredo junto da madre abadessa. Registadas em manuscritos, as receitas dos doces eram consideradas uma das maiores riquezas dos conventos (6). Sendo o Toucinho o céu, um produto tradicional intimamente relacionado com a ancestralidade religiosa e conventual de Guimarães Antiga, tem agora oportunidade de se revelar como tradição cultural, de foro gastronómico. Neste sentido, este trabalho teve como principal objectivo contribuir para a caracterização e qualificação do Toucinho-do-céu de Guimarães, numa abordagem preliminar à sua qualificação, através da caracterização específica dos seus parâmetros físicoquímicos e sensoriais, o que contribuirá para uma definição da genuidade, autenticidade e reconhecimento desta doçaria tradicional.

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Toucinho-do-céu Conventual dos produtos “A qualificação tradicionais promove

o reconhecimento público dos mesmos e assume-se como uma garantia de autenticidade, contribuindo decisivamente para uma estratégia de desenvolvimento local alicerçada na projecção e valorização dos recursos endógenos

Toucinho-do-céu de Guimarães Pequeno

Nuno V. Brito in “Doçaria Tradicional de Guimarães” de I.M. Fernandes (in press) Toucinho-do-céu de Guimarães Grande

Portugal tem uma grande tradição de doces conventuais, o toucinho-do-céu, é um doce verdadeiramente português que se faz de norte a sul do país, com diferenças de região para região. É na cidade de Guimarães, território com elevada carga simbólica, que se denota um bom exemplo de conservação do património urbano português, estando indissociavelmente ligada à ideia de “berço da nacionalidade”. A Gastronomia apresenta-se como promotor de usos e costumes, desenvolvendo a componente turística com uma preocupação constante de autenticidade e genuinidade do produto. Protecções diversas têm sido propostas e implementadas pela União Europeia, a Denominação de Origem Protegida, a Indicação Geográfica Protegida ou a Especialidade Tradicional Garantida que muito têm contribuído para esta dinâmica de conhecimento e reconhecimento de produtos e tradições. Neste sentido, sendo o Toucinho-do-céu de Guimarães um produto genuíno e com tradição na região tem todas as características para poder ser qualificado e consequentemente certificado.

Nos últimos anos tem-se assistido a alterações importantes na forma de produzir/comercializar o Toucinho-docéu de Guimarães. Este facto devese essencialmente à adaptação às exigências legais ao nível da Segurança Alimentar e também à nova visão de entender este produto como uma fonte importante da cultura e turismo gastronómico como complemento ao rico Património Cultural e Monumental que interessa divulgar e valorizar, esperando-se assim que surjam incentivos ao aumento de produtores e à divulgação deste produto gastronómico de características únicas.

Metodologia Material

O estudo do “Toucinho-do-céu” de Guimarães, foi realizado em dois produtores de Guimarães, a pastelaria “Clarinha” (Produtor A) e a casa “Costinhas” (Produtor B). A escolha destes dois produtores baseou-se no

facto de estes serem detentores do receituário com origem no convento de Santa Clara e de comercializarem o produto final. O Toucinho-do-céu de Guimarães utilizado para as provas sensoriais foi preparado no dia anterior e cozinhado no dia da prova sensorial. Estas provas foram realizadas no final da tarde com sete provadores por prova com experiência em análises sensoriais. No final de cada prova procedeuse à recolha de três amostras (três Toucinhos-do-céu de Guimarães), com peso médio de 300 a 400 gramas por produtor, para a caracterização físico-química.

Métodos As análises físico-químicas foram efectuadas no Laboratório da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima. Para a caracterização físico-química das amostras analisaram-se a Humidade, as Cinzas, as Proteínas, os Hidratos de Carbono, a Gordura, pH, e Fibras. As normas utilizadas para as análises físico-químicas foram:

Humidade e Cinzas segundo uma adaptação da NP 2966 (1993); as Proteínas segundo uma adaptação da NP 1996 (1982); os Hidratos de Carbono segundo uma adaptação da NP 1419 (1987); a Gordura, segundo um protocolo experimental adaptado da ISO 1443 (1973), o pH, foi lido, com o potenciómetro PW 9442 “ion selective meter Philips”, calibrado com soluções tampão 4 e 7, medindo-se o pH em três sítios diferentes depois das amostras homogeneizadas. De cada amostra recolhida nas provas sensoriais, fizeramse três réplicas para a realização destas análises.

Metodologia Estatística Para a análise da estatística descritiva, calcularam-se a média, o desvio padrão, e outros valores de estatística descritiva, segundo o procedimento da ANOVA, para uma significância estatística de P≤0,05, recorrendo-se aos programas EXCELL2007 (MICROSOFT) e ao SPSS 13.0 for Windows (Marroco, 2007).

FLORESTA

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Resultados e Discussão Os resultados para os diferentes parâmetros analisados, para ambos os produtores em estudo, apresentam-se no Quadro IV.3. Da análise do referido quadro, constata-se diferenças significativas (P≤0,05), entre produtores, para a maioria dos parâmetros analisados com excepção da fibra, do valor calórico e do pH. Com efeito, relativamente à proteína, os valores médios percentuais apresentados são de 7,152±0,134 para o produtor A e de 3,693±0,297 para o produtor B. Estes valores podem ser explicados pela maior quantidade de amêndoa adicionada ao doce por parte do produtor A valorizando o seu conteúdo proteico. Quanto à determinação de gordura, constata-se que as amostras do produtor A apresentaram valores médios de 4,673%±1,135, significativamente superiores (P≤0,05) à do produtor B (1,065%±0,265). Estes resultados podem provir quer da forma de fabrico, particularmente no momento de cozedura, quer pelo tipo e quantidade dos ingredientes usados no produtor A, particularmente na amêndoa que apresenta elevada quantidade de gordura (Quadro IV.4). Quadro IV.3 – Parâmetros Físico-químicos estudados para todas as amostras e produtores (N=2).

PRODUTOR A Média Peso Total (g)

102,694 pH 5,361a Cinzas (%) 0,959a Humidade (%) 21,646a 7,152a Proteínas (%) 4,673a Gordura (%) Fibra Total (%) 1,429a 38,226a Amido (%) Outros Açúcares (%)

Desvio Padrão

PRODUTOR B Média

Desvio Padrão

0,410 0,033 0,012 0,637 0,134 1,135 0,114 4,242

137,853 5,339a 0,542b 25,692b 3,693b 1,065b 1,296a 45,092b

3,582 0,101 0,187 3,733 0,297 0,265 0,348 6,380

0,112 0,198

6,695b 11,273b

0,430 0,535

276,596a

23,040

Sacarose (%)

9,353a 8,726a

Valor Calórico (Kcal/100 g)

295,884a 20,929

a≠b para P≤0,05 No que concerne aos hidratos de carbono, a diferença apresentada poderá ser justificada pela adição de caramelo por parte do produtor A, que ao o utilizar para dar mais cor à massa reduz a adição de açúcar. Por outro lado, dado ser uma pastelaria com fabrico próprio, a racionalização dos ingredientes, o gosto

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TRADIÇÕES E SABERES

do consumidor e cada vez maior preocupação com a Saúde Pública (obesidade, diabetes mellitus, dislipidimias) podem, igualmente, suportar este resultado. A forma mais artesanal de produção em B, com menos rigor nos ingredientes, pode, ainda, reforçar este resultado. Quando observamos os valores do amido verificamos que o produtor B apresenta valores médios (45,092±6,380) significativamente superiores (P≤0,05) aos do produtor A (38,226±4,242), o que pode ser explicado pela quantidade de farinha adicionada pelo produtor B ingrediente com grande quantidade de amido (70,4 g /100g de parte edível), segundo Porto e Oliveira (2006)(5). O pH apresentou pequenas variações para os produtores tendo valores de 5,361 para o produtor A e 5,339, para o produtor B.

Conclusão Identificar o património gastronómico, valorizá-lo e promovê-lo é um acto de Cultura. Dar a conhecer, com a relevância e dignidade que merece, esta parte de Guimarães é uma obrigação de todos que cuidam e estudam Guimarães dado que a Gastronomia (e particularmente a tradicional) é, também, uma forma de Arte. Neste sentido, sendo o “Toucinho-do-céu” de Guimarães um produto genuíno e com tradição na região, apresentando todas as características para poder ser qualificado e consequentemente certificado, rerante os resultados obtidos pode considerar-se, um doce de elevado valor calórico, explicado pelos seus ingredientes utilizados na sua elaboração. Uma conclusão importante a retirar é o facto de na receita do Toucinho-do-céu de Guimarães, se manter a genuinidade associada ao receituário conventual do convento de Santa Clara de Guimarães, tendo as receitas sido transmitidas de geração em geração de famílias que estiveram ligadas ao mosteiro. Nos últimos anos tem-se assistido a alterações importantes na forma de produzir/comercializar o Toucinho-do-céu de Guimarães. Este facto deve-se essencialmente à adaptação às exigências legais ao nível da Segurança Alimentar e também à nova visão de entender este produto como uma fonte importante da cultura e turismo gastronómico como complemento ao rico Património Cultural e Monumental que interessa divulgar e valorizar, esperando-se assim que surjam incentivos ao aumento de produtores e à divulgação deste produto gastronómico de características únicas. Bibliografia 1. Araújo, M. C. J. F. B. R. F. (1998). Utilização dos Aditivos na Doçaria Conventual. Relatório Final de Curso. Engenharia Hortícola Paisagista. Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Escola Superior Agrária de Ponte de Lima. 2. ISO 1443/1973 – Meat and Meat Products – Determination of fat content. First edition. 15/04/1973. 3. NP 1996/1982 - Cereais e leguminosas. Determinação do teor de proteína bruta. Técnica de Kjeldhal. 4. NP 2966/1993 – Derivados de Cereais. Pão. Determinação dos teores de água e de matéria seca. 5. Porto, A. e Oliveira L. (2006). Tabela da Composição dos Alimentos. Edição Centro de Segurança Alimentar e Nutrição. Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge. Lisboa. 6. Saramago, A.; Fialho, M. (1997). Doçaria dos conventos de Portugal. Ed. Assírio & Alvim. Lisboa. Portugal.

BREVES FESTIVAL DO MELÃO EM ALPIARÇA A CNJ – Confederação Nacional dos Jovens Agricultores e do Desenvolvimento Rural participou activamente no Festival do Melão que teve lugar em Alpiarça nos dias 26, 27 e 28 de Julho de 2013. Como membro do júri do Concurso de Melão e Melancia marcou a sua presença na sessão de inauguração que teve lugar no Parque do Carril e teve oportunidade de contactar com o conjunto de actividades que o evento proporcionou aos residentes da região e aos apreciadores de melão

de todo o pais. Os objectivos da Câmara Municipal, que organizou o Festival com a colaboração dos Produtores de Melão de Alpiarça, estão orientados não só para a valorização da produção local como também para desenhar estratégias de qualificação da oferta que pode passar por iniciativas de segmentação e politicas de marca de base local e ainda por fórmulas de organização dos produtores que reposicionem os seus investimentos em abordagens mais qualitativas dos mercados do melão e da melancia. A DRAPLVT – Direcção Geral de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, representada por Luís Filipe Sousa, que marcou presença na sessão de abertura realizada na primeira jornada teve oportunidade de destacar a importância deste tipo de eventos para a afirmação da produção nacional. Por sua vez nessa inauguração o Presidente da Câmara Mário Pereira incentivou os produtores e as instituições locais a cooperarem sem reservas para em conjunto viabilizarem uma estratégia territorial para o melão e a melancia. Nessa linha colaborativa reafirmou a disponibilidade da autarquia para continuar a investir na organização de iniciativas como a do Festival, nos anos vindouros.

FEIRA RAIANA CONSOLIDOU PONTES IBÉRICAS Vários acontecimentos e projectos inovadores marcaram a Feira Raiana realizada em Idanha–a-Nova que na sua edição de 2013 contou com a presença da CNJ – Confederação Nacional dos Jovens Agricultores e do Desenvolvimento Rural. Os municípios de Moraleja e de Idanha-a-Nova consolidaram a sua missão de facilitadores dos intercâmbios entre Espanha e Portugal naquela zona raiana e promoveram para o efeito um programa audaz que ficou marcado pela animação cultural e pelo elevado número de expositores. A Casa Sustentável – modelo Idanha-a-Nova captou as atenções dos visitantes e a imponente “A Manta” de Cristina Rodrigues foi cenário colorido para cantos tradicionais. Os produtos da terra com valor acrescentado e a projecção de uma nova ruralidade deram mote a um certame que ficou marcado pelo espírito inovador e pelo sentido de desafio que o Presidente da Câmara Armindo Jacinto introduziu ao afirmar que “Esta deve ser uma montra do que de melhor se faz no concelho e na região da Extremadura, em termos de produtos locais, mas deve também ser um espaço onde se mostra a inovação e tecnologia”. A CNJ divulgou ao longo das jornadas do evento uma apresentação genérica do Programa RURBAN – Estratégias para a fixação, acolhimento e apoio à instalação de jovens em meio rural.

ACTIVIDADES AGRÍCOLAS FLORESTA

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