TurbulĂŞncias Leves Carol Caldas
hoje o vento voa
Kafkaniana Acordo. Olho para os lados. Tento encontrar motivos, razões para sair da cama. Lembro-me da noite passada. Da intranquila noite passada. Sonhos perturbadores. Pesadelos que se confundem com a realidade. Faço força incomum para erguer meus braços e sair debaixo do lençol. Penso no dia que virá pela frente, nas pessoas que terei de encarar, no pão dormido com ovo que terei de engolir no almoço. Já não encontro mais motivos para sair dali. Tudo me parece tão presumivelmente enfastioso. Sinto náusea da vida, do mundo, das relações humanas. Queria poder vomitar meus sentimentos, essa lepra que tanto me incomoda, que me paralisa. Mas não posso. Não encontro outra saída. É preciso dar continuidade aos meus vinte anos mal vividos. É preciso arranjar força, muita força, para continuar me rastejando pela vida. Acho que me transformei numa maldita lagartixa. Eu me transformei ou o mundo me transformou?
S’il vous plaît Traga-me uma dose do mais forte álcool que tiver porque esta noite eu quero ver um mundo melhor onde todos possam se entender Vamos destruir esta insipidez perversa que corroi meus tímpanos e nos lembrar das velhas lições dos sábios bardos boêmios Pedidos inauditos agora vocês têm o poder de transmutar-se em vida porque já há quem os ouçam Não precisa mais disfarçar todos vão se embriagar, eu sei qualquer hora é hora da aurora renascer Venha, mas traga-me também o jasmim pois o seu perfume exalar-se-á pelas quatro paredes e não haverá mais salvação Mas você chegou ao fundo, ao fundo do poço da mais profunda solidão e ninguém te ouvirá ou te dará a mão. Aprenda a suportar. - Mais vinho, por favor! Eu tinha o desejo de ser mágica quando criança mas vieram as guerras, o claustro, o precipício. Faltou ar para continuar, então resolvi viver de malabarismos.
Interlúdio Aos poucos as correntes vão-se partindo Contemplando cada obstáculo a ser derrubado Respirando as dores do passado Gestos suaves executados por movimentos bruscos Ferimentos leves, feitos de sangue e sorrisos e abraços A doce música dança na sincronia dos anjos Momento cristalizado, posto em molduras e pendurado na parede da sala sempre à nossa vista O amanhã já não importa, quebremos os relógios! Só o instante em que o teu olhar cruza o meu e a aurora desponta podem mover o mundo.
Changesss 2012 já mostrou a que veio mistura de sentimentos sensações, impressões experimentação da vida areia da praia repleta de poetas insanos respirando rebeldia sem nada a temer sem medo de possuir o maravilhoso vamos ouvir a mentora selvagem rita lee vomitando o desacato ensandecendo os PM que só querem destruir a liberdade amor é a palavra a sintonia vem de quem sente esteja conectado a esperança é renovada não peço nada porque já pedi demais hoje só agradeço ao fluxo divino do cosmos sejamos o mar...
Flores no ar Quando a lua ficou pálida E os versos quiseram explodir E as árvores se curvaram às formigas Eu estremeci Tremores de vida circulavam nas veias Um ar vindo de dentro que pediu a liberdade Naquele, neste momento Forças divinas me guiando Me mostrando o verdadeiro caminho do meu interior... Descobrir-se é estar conectado! Coração de ouro que pulsa pulsa sem parar Com pressa de viver Deslizando sobre a pista da arte Poesia me sacudiu E eu não podia mais ignorá-la Vem, poder divino Exala tua beleza por todos os meus poros Pois eu sou o teu canal Doação de amor pelas palavras pelas imagens, pela música Como é belo te cantar! Canção agradecida por essa estrelas Cada minuto é um porvir e então as rochas da vida serão despedaçadas, esmigalhadas Só quero o ar que me respire melhor Santo amor dos anjos Voa, voa em tuas nuvens Toca tua harpa para o mundo cantar em refrão: - Somos todos UM!
La(n)çados tirando os laços atados de outras eras nos vemos livres das angústias agudas a simplicidade de se permitir e se entregar é a beleza de estar vivo este estado de graça me foi concedido o meu dever é amar e ser feliz se arme de fé e encare os outros com um sorriso não era para ser tão difícil sentir... o mundo se converge em uma enxurrada de informação aproveite isso e deleite-se com o que lhe importa é sempre inútil tentar ser algo que você não é seguindo o fluxo e deixando fluir flores e sóis de ametista o baralho usado é prova viva da alegria daquela tarde sinta-se em casa, venha mais vezes o café sempre estará ao seu dispor alguém precisa ouvir meus pensamentos tenho um livro que conta o absurdo às vezes não gosto de me identificar com ele mas mergulhar no verdadeiro também é interessante jogue fora aquelas máscaras velhas o carnaval já passou mas eu ainda quero pular não guarde energias pois elas podem se acumular sinta o momento e se libere, cante dance é preciso fazer o mundo girar o relógio não espera por ninguém inventando o segundo certo se faz uma floresta é só não pensar nas borboletas que pairam nos ares vizinhos buscar o suprassumo e enxergar a fortaleza o balão psicodélico do são joão é perigoso somente os preparados podem voar nele verdes plumas espumam de ardor e penitência os sistemas solares explodem como fogos de artifício gritar nos é permitido tudo pode ser permitido, é só querer
arcos invisíveis serpentes descendo paredes de vidro sabem que tudo o que se rasteja é vívido eu não esperava por todas essas portas abertas escancaradas assim de repente um acorde de jazz que eleva o espírito uma paisagem de colinas verdes, com tons suaves e azuis inspiração é estar mais próximo de Deus sentado ao seu lado e batendo um papo pra lá de divino eu desperdicei todas essas horas com o medo? o tempo nunca é perdido, ele está aí para ser trabalhado desobstrua todos os poros desses corpos de azia e corra para a estrada mais perto do horizonte as cores do arco-íris me guiando nesta longa passagem raios de adrenalina ainda lutando contra o amor mas a simplicidade será o que dará as mãos à felicidade amigos se reunindo num círculo de amizade todos atados à mesma corda estamos neste lugar não por acaso portanto olhe para o seu vizinho e ame-o ele também sentirá isso por você [não é porque as palavras não existem que não há comunicação eu te perdoô daqui de longe, mas na verdade estou ao seu lado o amor é tal que não sente necessidade de retorno deve ser dado de graça]
Chance A vida que me abriu as asas Devo adentrar no seu voo? Melões de São Caetano são pragas que não se destroem facilmente Eu te senti em meus braços mas o passado é impossível Velhos retratos de esperança Pilares de minha vida abalados Mas ainda há tempo de reverter Sentir de novo a fortaleza O conforto e a segurança de mãos paternas Como é bom destruir o ego Ele, que só tem me causado aborrecimentos Eu precisava viver sem isso Porque o ego estava me sufocando Respirando o meu ar e se alimentando de mim Acabado com ele, só me resta o amor e os seres queridos
repetidas vozes dizem que quando a gente era criança brincar com barquinhos de papel era a melhor felicidade do mundo mas há certas crianças que já nascem idosas a brincadeira mais simples se transformava num conjunto de complexas dúvidas curiosidades que iam além do universo infantil uma sede de querer ser adulto o quanto antes mas ao se transformar no que realmente desejamos nosso espírito volta a ser criança novamente levar a vida sorrindo e brincando sem preocupações e pressões alheias empinar pipa, jogar pião, esconde-esconde tudo isso deve continuar, mas pra melhor fazer tudo o que a vida nos pede com a graça e a leveza de uma criança a infãncia não morre, ela permanece lá acolhamos aquela menina que nos ajuda a viver pode ser um absurdo, mas o absurdo é justamente isso viver por amor e no amor e com amor pulando amarelinha até chegar ao céu...
Palavras esquecidas Escuto o eco surdo da sua voz penso que sou eu a estar pensando palavras colocadas na minha mente eu deveria acordar para escrevê-las Palavras que às vezes podem ser a salvação de um dia nublado e cruel Palavras que precisam ser ditas não apenas esperadas, desejadas Mas também palavras que cortam como punhais o grosso sangue da piedade Eu tenho toda esta vida que merece ser vivida Confiança que engloba todo o mundo o cérebro que dá razão ao coração mãos entrelaçadas na beira do abismo a escuridão refletida com tua lanterna Queria poder acreditar com uma venda nos olhos Ser guiada pelo corredor das crateras E não sentir mais a dor aguda dentro do peito Paciência é uma virtude dos sábios Não se entregar à velocidade do relógio é nadar nas nuvens do paraíso Confiar até debaixo d’água E você ser meu balão de oxigênio
Floating on the wave Burning all the time You cut my heart When you go across the night Feeling everything until your knees I can’t see anymore It’s just another day Cats sleeping on the refrigerators Waiting for the first human to pick it up Now you seems like a brother Don’t act like this Your head couldn’t get me away Ça va, tu m’écoutes alors Je vais laisser tout dans ma vie Pour rester avec toi J’y vais? C’est juste une illusion Mais c’est aussi ma passion Ça me plait beaucoup Tourner un verre de vin et prendre les sons à côté de toi
O Paraíso dentro de Nós Respirar raízes que secretam o chão Como quem rega flores do amanhã Vendo nascer a erva que brotou da imensidão E ser amigo da esperança Criar minhocas é conter a natureza Integrando sentimentos e práticas afetivas Podemos ver daqui as cores deste céu O arco-íris já vai nascendo Abraçar teu carinho é encontrar-me em ti Eu, que sempre fui alheia a passos O Paraíso dentro de nós é habitado E a União das energias gera o Poder Maior Como um pranto que se engasga com as descobertas A maravilha do bem-querer traz mudanças Viver é o verdadeiro Milagre E a Magia dele deve ser cultivada Sensações inexplicáveis racionalmente Pois superiores ao pensamento Que dominam o Ser e nos mostram o que é o Amor Pequeninas formigas verdes Sonham quando ficam paralisadas E nós somos o sonho delas Fazendo parte da inesgotável dimensão A estrela cadente que dança no ar Iluminada pelas forças lunares Quer os nossos desejos como alimento É preciso deixá-la sempre nutrida E quando a chuva vier e levar embora todos os males Respiremos sentimentos de alegria pois a Vida só pode melhorar
Dançando no Mato Gatos miando para as estrelas Sorrisos lunares evocando os pássaros Uivos caninos orquestrando a doce e fria madrugada O prazer de viver nos tirando o sono Quando a água da chuva corre um banho divino nos livra das impurezas Dançar na chuva é só para os iluminados Casais que se entregam aos convites da floresta São espíritos livres e dotados de Amor Tatuados de sentimentos puros Liberdade é a simplicidade de se crer fiel aos próprios instintos Sapos pululam com suas moscas na ponta da língua Vagalumes que alumiam a escuridão de uma cidade de arranha-céus Cães vira-latas enchendo de compaixão o coração dos endurecidos Que bom seria mudar por uns instantes a programação televisiva Seres humanos menos apáticos mais conectados consigo e seus semelhantes A Arte brotaria a todo vapor como flores nas calçadas Verdes chamas que incendeiam esses galhos Que fazer com tua cobiça? A mesma tecnologia que amplia o acesso diminui o pensamento próprio Armas de Amor em punho! Vamos decretar o aniquilamento do homem escravizado pela máquina! A revolução se faz dançando...
Ondas serpenteadas As ondas daqueles mares se projetando sobre a areia formavam teias de desejos nos olhos da moça Era como se ela engravidasse de estrelas-do-mar Calmos oceanos nos teus olhos a derrubar qualquer vestígio de sombra Nada poderia contra aquela luz Os ventos do Norte fazem bem à tua alma... E quando ela chorasse, o seu reflexo seria o arco-íris a lhe mostrar que valia a pena Não o sofrer, mas a força de acreditar Fé que não se consome. Multiplica-se. Eu quis aquele mar pra mim mas a onda levou e eu fiquei a boiar no meu barquinho Quando enfim a tormenta cessou e o Sol sorriu para o azul do mar O caminho ainda não havia acabado Algumas ladeiras são íngremes mas nunca intransitáveis Sempre existirá a estrada E o aprendizado continua...
Amarelinha Caramelada O ar da noite respirava arbustos Os dias já não são os mesmos depois que eu cresci Andar de bicicleta na Praça dos carrinhos elétricos Encarando a vida e pedalando o futuro Que ninguém maltrate as minha bonecas Um pedaço delas rondava dentro de mim E era como se o Sol espreitasse a noite as flores conseguiam rir Debaixo do mato, rápido! Os adultos já estão adulterados É preciso reviver na corda bamba A amarelinha que você deixou de pular Pássaros pássaros passarão mas só teu fino amor Penetrará meus poros incansavelmente Como um jardim florido A pureza da inocência disfarçada de espontaneidade Vivendo sem fronteira de dúvidas Indo até o fundo do teu mar Quero rosas amarelas pro teu cabelo enfeitar Doces coloridos que me façam suspirar Como uma borboleta que acaba de criar asas Sofro a metamorfose da vida Cada dia é uma etapa E nenhuma mais importante que a outra Sono relaxador de almas Eu te cantarei no Divino!
Criança do Mar Raios solares penetram a doce e suave fronte Enquanto ratos selvagens roem pães dormidos em bares Um luar na praia é a resposta para todas as dúvidas Infância que adormece os adultos com seu jogo inocente de conversar Encantamentos de festa infantil Só as crianças amenizam as dores Eu brincava num balão quando vi a Lua mergulhar no Mar Mas as sementes que brotam precisam ser regadas a Amor Assim como um cão só vive feliz se bons carinhos tiver a receber Envolva-se no mato E caia e grite e role e chore Mentes e corações sedentos de felicidade o Amor sempre nos guiará Enquanto o Sol brilhar e as ondas do mar se levantarem Tua presença é tão forte quanto a água no Planeta Terra Mesas regadas a licores e vinhos Comemorando a vida e seus prazeres sem pensar no amanhã O rabo que balança a alegria de uma gata e alegra o coração Turbilhão de forças magnetizam a vida Instigando uma canção ou filme Perfumando o Universo com aromas e amoras leves A bolsa carrega a esperança que te faz viver no agora e para toda a Eternidade
O barco à vela da lua Dançando dia e noite carregado pelos ventos O barquinho vai passando e os peixinhos o acompanham Quando o Sol nasce brilhando mil sonhos voltam a brotar Mensageiros dos ventos levam o barquinho a nadar Nada doce, nada azul mas a tempestade vai falar Quem confia nos ventos está pronto para qualquer mar Há mar! Há mar! Ainda há muito mar neste amar E ninguém nunca impedirá Este barquinho de Amar
Cosmicamente falando Quando velejei nas tuas ondas senti o mar inteiro dentro de mim Portas destrancadas para o amor e abismos que me tentavam a voltar Sofás indizíveis na poeira do teu olho Foi uma perdição bendita que me fez descobrir ligeiramente O prazer de viver Sentidos de gozos delirantes e acessando o Divino Quem condena o amor físico nunca ouviu falar de Deus Porque o amor só existe quando é completo Beirando novas existências e acariciando docemente o seu rosto Nada temerei pois é tudo um só ser magicamente transplantado em cores e poemas O bom da vida é sentir vivenciando as mudanças Aprender a ser rei do seu universo E tratando todos como outros reis e rainhas Cada um sabe cuidar do seu jardim E as flores não brotam enquanto não se aprende Esse perfume que delineia nossos sorrisos é o néctar que dá vida aos deliciosos sabores e saberes Jantando palmas e nevando arco-íris
Casas de Cristais Foi o sol que cegou aquela poeira mero farfalhar de desvios antigos enlameando-se contra suas costas Nem vela nem pingo de fogo Apaga este incêndio de veias e carvões meu mastro secreto canta e quer ser ouvido Como um arrebatar de asas arquejantes ele se inclinou sobre as ondas lunares para agarrar o sal das bocas Gotas de nuvem sobre a tua natureza colorindo o astral e revelando impérios Esconderijo de amores deitados sobre redes Naquele domingo o céu estrelou canções flores de poesias pulando nos jardins onde a primavera eterna começou
O doce olhar das estrelas Lá do alto elas sorriam Brilhavam como corações em sintonia Queriam - e podiam - subir mais alto Do que já estavam Eram estrelas especiais Com o poder e a magia do Cosmos Protegidas pelas Galáxias Porque elas tinham uma missão Encantar a todos os seres Iluminando os desejos e as fantasias Guiando pelo caminho da Luz Elas sentiam o que sabiam Conhecimentos sensoriais Espalhados pelo Universo Gotas de alegria inundavam A felicidade alheia As estrelas que eram Os corações dos homens Flutuavam com as nuvens Na imensidão dos vaga-lumes
Por um dia mais gentil Gosto da tua mão molhada sobre minha boca Das mil e uma noites de tamanco vermelho Dos carinhos por debaixo da mesa de jantar Dos olhinhos brilhando com doces palavras Quero sentir o hálito fresco dessa manhã que nasce em mim Como um botão de rosa se espreguiçando ao amanhecer O orvalho dos raios de sol cicatrizam as feridas E trazem o Amor no dia seguinte Reinventando-se com a pedra Conquistando novos caminhos novos lugares, novos abraços Eu posso encontrar muito mais do que isso Certeza de querer viver tudo o que a vida lhe proporciona Aventuras de última hora qualquer passeio será bem-vindo Eu só quero estar à luz do luar Participar sorrindo desta festa da Vida Criando as possibilidades e me divertindo com as estrelas Meu bem, eu só te quero se for do meu lado Cantando e dançando entrando na roda pra poder brincar
Leveza dos mares Mamãe recebeu flores e perfumes naquele sábado Areia repleta de cores e vestidos Dançando com as energias com a força que a natureza tem Arrepios na pele no meio das ondas barcos à vela guiados pela Lua Doces como apagar velinhas Flores roubadas com carinho depositadas no seio da Rainha Promessas realizadas no meio daquela multidão se misturaram com o batuque dos tambores em pleno terreiro de festa Mulheres rodando com seus vestidos coloridos Transes iluminados pela força divina - Eu agradeço por estar aqui hoje com você. Uma crente berrando maldições sobre as mães Ela não sabe que é minoria ali Risadas de crianças que já sintonizam Iemanjá no seu altar de rosas levando carinho para todos os presentes Capoeiras de angola completam o cenário e aqueles homens entrando no horizonte com as oferendas em suas cabeças se transformaram em uma pintura de Bosch Caminhos abertos Força renovada
Hora de Aquarius Quando a noite invadiu os relógios a grama do jardim roçou forte nos pés abraçando docemente as dúvidas como roupas estendidas sobre o varal Mas naquela noite a Lua se atrasou a dança das estrelas hipnotizou suas dunas E os acordes da harpa celestial comemoraram O dia desceu sobre a noite enquanto todos festejavam A vida se fazia mais plena a partir daquele dia Lírios brancos ritmados com o sopro dos ventos fazia as cortesias - Foi um dia especial para a Terra E jamais será esquecido Estará sempre presente na vida de cada alma
Genuine Ingenue Todos correndo em busca de um trocado para aliviar a fome de ser, a fome de ter mas não a fome de criar Enquanto o mundo explode lá fora com armas apontadas para as cabeças dos foras-da-lei empacotados Aqui jaz uma esperança de poder ser mais do que se é de poder mostrar a que se veio A corrida é desumana Quantos aqui não tiveram a chance de mostrar que podem aprender? Eu sinto fome e sede de calor mãos que só apedrejam pés que correm contra a maré O vento me levou até aqui hoje eu não queria voltar pra casa de mãos abanando O mundo de repente se virou agora a Lua não me alcança mais e as visões acinzentaram... O que foi que aconteceu em seis meses? Ligações, palavras escritas ao vento, conversas formais demais, o vazio E se abre uma fenda, e se fecha um ciclo Já está na hora de o ciclo recomeçar Iluminado novamente Colorido Renovado Maduro
Ballet Cósmico Nas sapatilhas deste vento O anjo azul cismou abalo e nuvens psicodélicas dançaram na chuva naquele aniversário Como um guarda-chuva quebrado a dança foi banhada pelas ondas do mar Num quase encontro vulcânico da terra com o fogo Aquele blues fincou a mente esquecida rasgando o véu da timidez Roubando o abraço aquecido nas solas coloridas do teu sapato Risos e bebidas na cara da identidade O guaraná dos teus lábios nunca fora tão doce fugindo dos abismos plantados pela má-lida aportando em Tambaú na boemia coletiva Seres míticos apareciam e todos foram convidados a sentar para mais uma dose, a brindar à aurora fresca que surgia Mas a censura furou a bolha da recepção e a festa não foi abençoada como estava escrito Aquela noite só teve início o fim perdeu-se nas entranhas do destino Atropelando palavras, desviando partidas agarrando-se ao que há de mais nobre nas borboletas Asas criadas para voar sobre teu mar num arranjo de beleza e poesia
Mundos divididos por um céu Finos pêndulos ofuscam nosso despertar nesse campo algodoeiro de divisão Como ferrões vindos do coração o mar precisou da tempestade para se encontrar Você será meu piloto estelar quando no céu estiver mergulhando Segurando minha mão para tudo sorrir Antes que o mundo ferva por nós Tanto que as lágrimas foram possíveis os orixás intercederam por uma nova esperança E as malhas das dimensões se renovam elevando às galáxias nossas criações
Carregado de películas Fique mais um pouco, dorme nos meus braços Ainda não é hora de partir Foi aqui que chegou o despertar das estrelas e elas não se apagam no escuro É preciso ficar mais um pouco reconhecer as antigas estruturas E recriar as formas de viver Não sei como se lida com o pesar A primavera me guiou para sempre poder te encontrar Aqui espero, aqui retornarás mas antes Fique mais um pouco
saudades do que não foi Tempos que correm contra o mar águas que rasgam os pensamentos da areia de sândalos e espumas Quem dera me dar um presente mais bonito e duradouro do universo Um presente que possa contemplar amando Dia e noite, noite e dia Mas a correnteza levou meus colares de pérolas minhas tão preciosas pétalas brancas rosadas de paixão Só restou meu alicerce, minha força bruta O eu na essência do ser E essas pequenas criaturas que nos ensinam a cada dia que passa a não desistir - os gatos Quanta noite não dormida Pensando em te abraçar quando te ver Quanto aperto no coração Depois das despedidas Hoje eu só quero uma noite mansa que acalente minha sina e me faça reviver Como uma fênix
O jardim envelhecido Hoje o dia me rendeu rugas Um amor que ficou idoso, perdeu-se no tempo Como poeira áspera no velho deserto das formigas O natal passou, você não veio O réveillon passou tão branco quanto sua vida em meu presente Perdi quantas horas a te esperar, ouvindo o farfalhar dos teus passos Que não passaram de mera alucinação Como o mundo, você veio para me mostrar o choque de realidade A crueza dos dias e dos anos, o peso das responsabilidades Eu fui responsável por você, e fui irresponsável comigo por isso Enquanto as noites silenciosas maltratavam meus pensamentos nebulosos O retorno de um sonho antigo se aproximava, e eu alheia a tudo o que viria a explodir Ceguei bruscamente ao ver aquela explosão de dores e sentidos sem razão Nada mais fazia sentido, nada nunca tinha feito sentido desde aquilo O passado virou um rascunho mal reproduzido Um papel de guardanapo gorduroso sujo em uma mesa de bar Pronto para acender mais um E queimar o que sobrou de minha esperança Eu só desejo que o mundo saiba O quanto fui sincera E o quanto me feri por isso Paz Mais amor Menos ingratidão
A vida que pulsa Eu perdi a mão que me dava a linha Eu ganhei a chance de desenhar a borra de café que cresce a cada dia, e de acordo com o que pinto todos todos os dias Nada está encerrado, tudo são possibilidades Em meio ao infinito mágico das ideias, essa cidade me achou Eles me acharam e eu cada vez mais me desacho Para me reencontrar numa nova roupagem, numa nova vida Meu mundo está no epicentro de tudo o que se desenrolará Sigo os ventos do norte, sem pestanejar Que, apesar de quedas em quedas, me ergo cada vez fortificada Ser incompreendido pela maioria e abraçado pelos sublimes Essa tem sido minha sina Carregada desde o berço, mas impulsionada por uma força maior de viver, de lutar, de acreditar no impossível Nada se mede com números, muito menos palavras A vida é movimento A vida está no sentimento EU SÓ ACEITO A CONDIÇÃO DE SER TODAS AS MINHAS POTÊNCIAS Com a leveza de uma pluma, meu jogo de cintura vai mostrando o que as pessoas não mais conseguem ver Porque as máquinas estão automatizando o sentir Eu amo as máquinas, elas são feitas para disseminar conhecimento, elas são revolucionariamente transgressoras [Poucos que percebem isso já valem o status online] Podem me privar da presença de todos os que amei, podem não me convidar para celebrar a vida por puro descuido, mas ninguém me priva das conexões Estou indefinida sem previsão de volta E abro os braços para o infinito poder da vida E me fio na esperança por sorrisos e abraços sinceros Porque agora A vida bate a todo instante
Ver de Vida O laço que há pouco se rompeu abriu as águas do meu coração E sem saber como nem por quê ele tentou esquecer mais uma vez a solidão Foi quando uma criaturinha doce, ingênua e peluda veio abrandar aquela dor com o som do amor mais puro Ela não fala, não teoriza, não tem o polegar opositor e muito menos compreende o que é o Amor Mas amar ela sabe, porque sente sem medos, sem traumas, sem limitações Vivendo o amor em seu estado bruto e natural Quem dera essa criaturinha pudesse ensinar aos doutores como é possível o amor incondicional E talvez fazer deste universo mais sorrisos menos lágrimas mais AMOR.
A dança do tempo As horas correm frenéticas dançando neste navio de pedras onde o mar vem desaguar mágoas e a correnteza espalha palavras Como um rio que flui respirando a dança do tempo me estancou e o bote salva-vidas furou no meio da tempestade Dança, tempo enfeitiça estes olhos de mármore negro traz para este alento nada mais que o vermelho escarlate Navega nesta rede de climas inunda meus suspiros de cores e movimento os ponteiros deste relógio que bate fragmentado
O corpo da alma Quantas lágrimas e sorrisos fazem o amor da alma amada? Com que pele ela se esquenta debaixo dessa brisa gelada? Com qual linguagem se comunica para navegar nas vezes destas palavras? A alma desse corpo quer crescer O corpo dessa alma quer amar A alma voa, o corpo pesa A alma e o corpo não seriam um sem ser o outro Coração balão que flutua e esquenta na solidão Pega esse corpo e enrola essa alma Porque a sorte é presente pequeno diante dessa dupla perfeita O corpo e a alma que só a morte os separam.
Frágil idade moço, avisa que ficar só não faz viver e é mesmo que morrer avisa que a vida é rara e mansa feito gata avisa o quanto antes o que puder viver sem perder a fé Roubar os medos do passado tirando o peso das batidas respirando aliviado cada segundo vivido e amado Avisa que quem não tem coroa nunca chega a ser rei e vive sem esperar que a sorte vá mudar o destino que é seu brilhar.
Dei vida à estrela Camaleão de asas brilhantes que joga som em seu poder e entrega a dúvida entre vocês Como fazer da vida uma carreira tão clara e forte quanto essa dose? Buscando o destino que o universo abriu foi seguindo cada passo em seu all star dourado Flutua nas estrelas, ziggy e desliza nos cometas universais para amenizar essas falhas Ensina o poder de ser único e inesquecível para quem quiser sonhar.
vim ver o viver vendo vencer essas verdades vi valer as vantagens de vibrar voando ao vento e varrer o vazio das vagas visitas vai vestindo o viver e verĂĄ que valendo ventanias se verifica o valor dessas veias vazando, vivendo, versificando os vagares vĂĄrios que ainda visitaremos viajando viu como vai vogando esse vulcĂŁo de vozes e vezes nas nossas vontades viscerais?
curto-circuitei as fórmulas me levam ao tão já esperado sinal de igualdade onde as águas-vivas se debatem à espera de mais sal cientificamente humana a tecnologia traçou minha distância vibrando nas dores da nossa ausência queimando navios de janelas abertas eles se salvaram quando o bote os pegou deslizando sobre os mares desviando tubarões-martelo com o naufrágio muitos escaparam das correntes dos coletes e dos poraquês da sociedade raios de esperança eriçam os cabelos já queimados de energia e poderes solares
Baile de máscaras Foi num carnaval que a pista aqueceu o tambor retumbou os olhos brilharam e as esperanças se uniram Foi tudo um carnaval Fora de época Fora de tu Fora de mim Fora das necessidades E no fim, o tempo volta A gente se re-conhece E dá tempo de arrumar Tudo o que saiu do lugar Na velocidade de um oi, tchau Vi o que ainda não existia Descendo escada abaixo como aquele livro de Piva que não mais verei Foi um prazer Sentir a doce capacidade de amar e re-amar e se amar Porque no fim, tudo são dores floridas
comunhão de bens aquele barco em alto-mar caminha com as velas ao vento nem mais, nem menos aquele barco ao mar movimenta dois mundos na corda-bamba das ondas pra lá, e pra cá aquele barco navegando sente que não há movimento sem a união das velas
todo barco precisa de duas velas porque o vento leva a vela solitária para o redemoinho da correnteza mas as duas velas não as velas unidas sempre vão navegar adiante