O figurino na telenovela brasileira

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O Figurino na telenovela brasileira Carolina Bassi

O nascimento da teledramaturgia no Brasil data das décadas de 1950 e 1960, quando o próprio meio televisivo estava dando seus primeiros passos e algumas das primeiras emissoras de TV, incluindo a TV Globo, investiram no gênero. Nos primeiros anos, a inexperiência com a linguagem do novo meio, somada à herança das radionovelas, fez com que prevalecesse o texto em detrimento dos elementos visuais ‐ fotografia, cenários e figurinos. Mas, sendo esta uma mídia audiovisual, a supremacia do texto não durou por muito tempo. Aos poucos, com o desenvolvimento do gênero teledramatúrgico, não apenas novas funções foram surgindo nas equipes de criação e execução dos projetos, como estas funções foram se tornando cada vez mais especializadas. As primeiras novelas se voltaram para histórias de época (com destaque para o figurinista e cenógrafo Arlindo Rodrigues), e a partir da década de 1970 voltaram‐se mais para o cotidiano das pessoas, contextualizando a moda no universo do figurino, de uma maneira nova (enfática participação de Marília Carneiro no início desse processo). Pode‐se observar, durante toda a história da telenovela, a presença de obras – e figurinos – cuja elaboração imagética se deu de forma mais realista ou mais comprometida com a fantasia. Nesse ponto é importante lembrar que a contribuição dos profissionais de teatro para a ousadia e a liberdade de criativa foi enorme; tanto na direção e na dramaturgia, quanto na qualificação do trabalho dos figurinistas. Hoje em dia, mas de 96% dos brasileiros possuem aparelhos de TV em suas casas e as telenovelas estão entre os programas de maior audiência, disputando apenas com as transmissões de futebol, o esporte nacional. As tramas televisivas participam do cotidiano das pessoas, não há dúvidas inclusive sobre sua influência sobre a opinião e o comportamento dos brasileiros. No entanto, a pesquisa feita sobre a teledramaturgia é relativamente recente

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quando a comparamos às pesquisas desenvolvidas acerca dos outros gêneros dramáticos. O prestígio atingido pelas telenovelas brasileiras dentro e fora do país, graças à sua qualidade estética e dramatúrgica frente às demais produções televisivas, é inegável e nos dá razões suficientes para estudar mais a fundo este gênero. Caminho das Índias, obra da TV Globo escrita por Glória Perez e dirigida por Marcus Schechtman esteve recentemente no alvo das atenções mundiais e é ponto de partida para repensarmos o modo de se fazer novelas. Não será difícil compreender porque Caminho das Índias foi escolhida a melhor telenovela do 37th International Emmy Awards em 2009, tendo disputado o título de melhor do mundo com mais de 800 programas de cerca de 50 países inscritos nas 10 categorias. Trata‐se de uma novela em que o caráter visual, evidenciado pelos cenários e figurinos, foi fortemente trabalhado. Parte da trama foi ambientada na Índia e as cores vivas, emblemáticas deste país, foram usadas pela direção de arte. Toda a indumentária e a cenografia, portanto, foram trabalhadas em conexão com a cultura abordada, como não poderia deixar de ser. A arquitetura indiana, a geometria e as cores usadas nas decorações, o aspecto místico do lugar, tudo isso podemos sentir nos trajes criados para a novela, de modo que os figurinos muitas vezes funcionam como um “cenário” trazido à escala humana, deslocando‐se com o corpo do ator pelos espaços. A profissional responsável pelos extraordinários figurinos compostos para esta novela, a figurinista de teatro, cinema e televisão, Emília Duncan, é historiadora e filha de mãe museóloga1. Sua formação, embora incomum para o meio, fortaleceu seu desempenho como profissional de criação artística, afinal, expandir e aprofundar nossa bagagem cultural só pode ampliar nosso potencial criativo como profissionais da arte. Um figurino jamais poderá ser reduzido à 1

As informações expostas neste artigo sobre o processo criativo de Emília Duncan para a construção dos figurinos de Caminho das Índias, e que tomo como base de minha análise, foram colhidas em entrevista concedida por Emília Duncan ao Prof. Dr. Fausto Viana e pesquisadora Rosane Muniz acerca do trabalho realizado. Entrevista realizada em 2009.

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simples ornamentação, pois trata‐se de um conjunto completo de referências, repleto de signos cuidadosamente organizados. Infelizmente, no meio televisivo, nem sempre é tão comum haver profissionais que praticam esse tipo de “investimento cultural” e se destacam ainda mais brilhantemente aqueles que o fazem. Para Caminho das Índias, conforme explicou em entrevista, Emília fez uma pesquisa prévia, ainda no Brasil, sobre a vestimenta indiana e desenvolveu um dicionário de nomenclaturas. O glossário foi peça chave na comunicação da figurinista com os comerciantes pela Índia, na intenção de pesquisar e adquirir algumas peças para estudo. Mais tarde, exemplares desse dicionário foram distribuídos à equipe, para que “falassem a mesma língua” quando se referissem aos trajes. Já na segunda viagem à Índia, quando a novela já estava prestes a ser gravada, deu‐se a construção visual dos personagens ao mesmo tempo em que as compras foram feitas. Acompanhada de sua assistente e uma figurinista indiana, Emília conta que precisou comprar em apenas um mês o que seria usado nos oito meses seguintes. Como há sempre um orçamento a respeitar, não é possível comprar itens desmedidamente, e esta é mais uma preocupação que se deve ter em mente. E para lançar mão de tanta objetividade e precisão na escolha das peças a serem compradas, foi fundamental a base firme do repertório construído anteriormente, por toda a pesquisa desenvolvida na primeira etapa. O conhecimento dos personagens e uma linha traçada a respeito de suas personalidades na primeira fase também é muito importante. É durante esse processo que outros parâmetros são criados pela figurinista para nortear a escolha dos materiais – paleta de cores e estilos, por exemplo. Nesse momento, a figurinista iniciou um processo de significar os personagens. Estudou como representá‐los em sua casta, em sua profissão, e também em seu temperamento, além de ter entendido em que ponto e de que maneira poderia

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trabalhar de modo mais lúdico, onde poderia cometer exageros com expressividade sem que isso parecesse absurdo. Por estas razões, Duncan acredita que suas criações não podem ser nomeadas apenas como realistas, pois abraçam amplos aspectos, além dos que fazem parte da realidade palpável estabelecida. Seus personagens são identificados de acordo com suas funções, profissões e personalidades, podendo incluir também um universo imaginário nesta identificação. Não se pode esquecer que um figurino serve sempre a uma narrativa, que como obra de ficção, ele comporta a realidade e a fantasia. Assim, os códigos da moda, ou da época, muitas vezes precisam ser adaptados, recodificados, para estreitar a comunicação entre personagem e público. A construção de uma simbologia é valorizada na criação dos figurinos, mesmo no meio televisivo, em que os vínculos comerciais exercem certo poder sobre a liberdade criativa. O uso do simbolismo, que vem de uma tradição teatral e plástica, foi sendo usado também pelo cinema e pela TV, enriquecendo os processos de construção de personagem. Dosar também imaginação na representação da realidade evoca outros aspectos que são muito mais sentidos do que racionalizados, e por isso mesmo são fundamentais para a criação de uma obra artística, cultural. Após ter conhecido mais sobre o universo indiano, descobriu‐se, por exemplo, que o sari é uma peça invariavelmente usada em todas as épocas e que identifica a mulher na sociedade indiana. Todas o usam, diferenciando apenas o tecido de que é feito, a amarração e o comprimento, além dos acessórios que lhe podem ser aplicados, como broches e tecidos na barra (o que dá certo peso, melhorando o caimento). Por isso, quanto mais sofisticada é a amarração do sari, mais impecável é a mulher que o usa. Por outro lado, os saris mais curtos, por serem peças mais baratas pela menor quantidade de tecido, indicam que a mulher tem menor poder aquisitivo. O panejamento, isto é, a arte de se fazer a vestimenta apenas enrolando o pano em torno do corpo, sem costurá‐lo, é característico da Índia. E a costura, é uma característica adquirida

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da tradição muçulmana, que exerceu sua influência no norte do país. Assim, as duas características misturadas no vestuário indiano estarão presentes nos figurinos confeccionados. Os indianos têm seu status social reconhecido entre eles muito mais por sua indumentária do que por suas casas, sua arquitetura, como pôde comprovar a figurinista em sua pesquisa. Conceber figurinos sob essa ótica é bastante diferente de fazê‐lo como se a vestimenta servisse apenas como invólucro do corpo no dia‐a‐dia. O figurino em si comunica muito sobre quem o usa, é o elemento que muitas vezes oferece o primeiro contato com o personagem. Um figurino, indiano, comunicará, portanto, muito mais. A modelagem das roupas indianas, por uma influência inglesa, é pequena, as cavas são menores e comprometem os movimentos dos atores. Por isso precisaram ser adaptadas, para proporcionar maior liberdade de movimentos em cena. Outros fatores influenciam a moda na Índia. O cinema indiano de Bollywood (assim como as novelas brasileiras) representa uma mídia poderosíssima e tem influência não apenas sobre as roupas, como sobre o estilo de vida das pessoas. Sua força é tão grande que o cinema hollywoodiano não consegue se fortalecer no país. Ao abordar a construção visual de alguns personagens de Caminho das Índias, passaremos por várias das questões observadas anteriormente. Durante a trama há duas castas bastante referenciadas: a dos brâmanes e a dos comerciantes. Os brâmanes são membros de uma casta sacerdotal, com mais poder aquisitivo, mas que não ostentam esse poder em sua aparência, possuem sabedoria espiritual e intelectual. Os comerciantes dedicam‐se à venda de produtos geralmente produzidos ou comercializados tradicionalmente pela família há muitos anos, configurando uma especialidade. Para Shankar, brâmane mais conhecido da trama, o diretor Marcos Shechtman queria um figurino marcado pelo branco e pela túnica, inspirando seu figurino na vestimenta do líder indiano Gandhi. Entretanto, como “o

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figurino é tão vestido pelo corpo, quanto o corpo é vestido pelo figurino” (PAVIS, Patrice. 2008, p.164), deve‐se avaliar se esta dupla combinação compõe com sucesso a figura do personagem. Por esta razão, Lima Duarte, ator que interpretou Shankar, teve seu figurino adaptado. Um figurino idêntico ao de Gandhi revelaria suas pernas desde a altura das coxas e o ator tem uma forma física bastante diferente da do líder político‐espiritual, gerando um ruído para o espectador. Para adaptar a idéia, bastou alongar o comprimento da vestimenta até a altura dos tornozelos.

À esquerda, líder espiritual Gandhi, e à direita, o ator Lima Duarte se preparando para interpretar Shankar

Já para o personagem de Pandit, o sacerdote interpretado por José de Abreu, a referência visual era a de um verdadeiro sacerdote. Assim, Abreu apareceu sem cabelos e com a barriga exposta no início da novela. Como o público não aceitou bem esta exposição, seu traje ganhou um pano para encobrir a área de seu abdômen. É bastante típica do meio televisivo esta interferência do publico na trama e na forma como a mesma é contada. A novela, como “obra aberta”, permite esse desenvolvimento constante. Sendo a TV um meio cujos vínculos comerciais são estreitos, não é interessante que o Ibope de uma novela caia. Cabe aos diretores da novela avaliarem as adaptações necessárias para que o público se mantenha e para que, ao mesmo tempo, não se perca o caráter original da criação.

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O ator José de Abreu vestindo os dois casos de figurinos

Cláudia Lira com figurino de Nayana

Para representar Nayana, mulher de Pandit, com feminilidade, foram usados brocados – como na tradição de Varanasi, uma das cidades mais místicas e sagradas da Índia. Mas como ela também é uma brâmane, houve o cuidado de não usar tais brocados de modo ostensivo, porque sua casta não ostenta posses. Foram usados no sentido de conferir nobreza de caráter e uma dignidade, próprias. Já a construção dos personagens comerciantes e seus familiares denotam a importância das posses e o valor material de suas conquistas. Opash é um comerciante de tecidos e sendo assim, em seus figurinos sempre há bordados, nos chamando a atenção para o trabalho manual das roupas e a tradição milenar de se fazer tecidos.

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Tony Ramos em três figurinos de seu personagem Opash – destaque para os bordados manuais

Manu, que também é um comerciante, tem uma loja de essências. Seus trajes possuem cores que nos lembram o tom dos pós e perfumes vendidos em seu estabelecimento.

Personagem Manu, interpretado pelo ator Osmar Prado.

Para os trajes masculinos a inspiração da figurinista foi o visual do dirigente político indiano, Nehru, uma alternativa para se ter um traje diferente dos ocidentais e contemporâneos, sem perder certa atualidade. Sua roupa agrega um aspecto particular de sua cultura e possui algo de atemporal.

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Nehru e Gandhi

Para Radesh, personagem cômico da novela que se fazia de vidente em sua vinda ao Brasil, o figurino pôde ser exagerado. Emília trabalhou com uma idéia mais caricaturada do que seja um místico indiano, o que combinava com a interpretação do ator. Além da caricatura bem feita acrescentar comicidade ao papel. Os tecidos têm um pouco de brilho, suas cores são sempre extravagantes e no alto da cabeça há um grande turbante.

Radesh interpretado por Marcius Milhem

Bahuan, filho adotivo de Shankar, usa roupas tradicionais com um estilo “revisitado”, “atualizado” quando está na Índia. Ao longo da novela, suas roupas se tornam um pouco mais ocidentalizadas. A pesquisa para o figurino deste personagem foi feita em lojas bastante contemporâneas e de grife.

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O ator Márcio Garcia no papel de Bahuan, em dois estilos diferentes

Raj, é filho de Opash, estudou fora do país e é um homem de sucesso nos negócios. Volta à Índia para se casar e se estabelecer. Seu estilo é marcado por uma influência inglesa, usa camisas de gola pólo quando está fora, mas dentro de seu país, segue um estilo tradicional.

Rodrigo Lombardi no papel de Raj ‐ lenço sob camisa tornou‐se marca registrada

Quanto aos figurinos das mulheres e filhas dos comerciantes, são bastante adornados com brocados e jóias. O personagem de Maya, jovem sonhadora e feminina, foi caracterizada com saris de chiffon e musseline que conferem leveza e sensualidade a seus movimentos, além de uma leve transparência. Suas estampas são características do Rajastão, região fortemente pesquisada por Emília Duncan. Principalmente nos figurinos femininos, é difícil discernir onde termina o figurino e onde começam acessórios e maquiagem. Tudo está composto em harmonia e comprometimento com a idéia central do personagem. Não se pode extrair nenhum desses elementos sem

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comprometimento do conjunto. E há completude também entre figurinos e cenários.

Atriz Juliana Paes em dois de seus figurinos como Maya

Surya, antagonista do personagem de Maya, teve seus saris confeccionados em seda e algodão, tecidos usados por serem bastante nobres e caros, combinando com seu caráter extremamente vaidoso e competitivo. Surya procura ser sempre a mais poderosa entre as mulheres de sua casa. Por outro lado, estes tecidos são também mais duros e espessos, com caída mais rígida, contribuindo para o contraste entre seu personagem e o de Maya – escolha propositalmente feita por Emilia, conforme explica.

A atriz Cléo Pires, vestindo os sáris de seda e algodão de Surya

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Indira, esposa de Opash, ficou marcada pelo uso das cores verde e vermelho que são cores de alto contraste, características da Índia, que causam sensação vibrante em quem as observa. Indira, coerentemente, possui um caráter vibrante, inquieto, é uma mulher ativa em sua casa, bastante poderosa em relação às outras mulheres, além de vaidosa e divertida.

Eliane Giardini como Indira em Caminho das Índias

Kochi, esposa de Manu, respeita as tradições, mas não se aliena às mudanças de seu tempo. Esta postura está presente em suas atitudes – Maya pôde concluir os estudos e trabalha fora de casa, mesmo sendo mulher, fugindo aos costumes mais tradicionalistas indianos – e está presente também em seus sáris, mais contemporâneos. Alguns de seus figurinos foram comprados mesmo em São Paulo, revelando um aspecto mais “globalizado”, menos tradicional.

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Nívea Maria interpreta Kochi. Acima posa para foto e, à direita, contracena com Juliana Paes em cenário do quarto de Maya

Os figurinos construídos por Emilia Duncan para esta novela são muitos, ao todo cerca de 70 pranchas fora feitas para os personagens do núcleo indiano. É visível a qualidade superior, tanto do resultado final da obra, quanto da construção plástica de seus personagens, quando a comparamos a outras novelas. Houve uma evolução na elaboração do processo criativo. Em Caminho das Índias sente‐se muito mais viva a cultura do lugar, encontra‐se uma nova atmosfera. Os personagens pertencem a outra cultura, completamente avessa à nossa, brasileira, mas Emília soube trabalhar as diferenças (assim como as semelhanças) a favor dos personagens e da história a ser contada, de modo que os personagens não perderam em profundidade, nem tampouco tornaram‐se caricaturas de um universo desconhecido já estereotipado. É inegável que trabalhos assim tão comprometidos com a excelência na criação de uma narrativa rica em personagens e histórias envolventes, feitos para uma cultura de massa, nos fazem despontar no mercado externo das telenovelas como os melhores do mundo. Se não podemos ser veteranos na arte do cinema, está claro que estamos apontando para um caminho diferenciado, de linguagem própria e complexa. Por esse caminho estamos desbravando um nicho específico e o levando a diversas partes do mundo. Seja “o caminho das índias” o novo caminho das novelas brasileiras!

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BIBLIOGRAFIA ARRUDA, Adriana. Entre Tramas, Rendas e Fuxicos ‐ O Figurino na Teledramaturgia da TV Globo. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2008. CARNEIRO, Marília. Marília Carneiro no Camarim das Oito. Rio de Janeiro: Ed. Aeroplano, 2003. DUNCAN, Emília. Entrevista concedida ao Prof. Dr. Fausto Viana e Rosane Muniz sobre seu processo de criação de figurinos para cinema e televisão, com foco em suas criações para a novela Caminho das Índias, em 2009. Material sonoro gravado. ______________. Entrevista concedida à estilista Diana Galvão para a revista on‐line “Moda Brasil”. Disponível em <http://www2.uol.com.br/modabrasil/entrevista/emilia_duncan/index.htm>, acesso em 07/03/2011. MUNIZ, Rosane. Vestindo os nus. São Paulo: Ed. SENAC, 2004. PAVIS, Patrice. Análise dos espetáculos. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2008.

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