Lembranças de Maura

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ALINE HELENA MANERA BRUNA MAESTRI LESSA SILMARA F. RODRIGUES ALVES RAFAEL CAMARGO DE NADAI PAULO EDUARDO M. DA SILVA JUNIOR JOSÉ MÁRCIO A. MARQUES JULIO CESAR CARVALHO

LEMBRANÇAS DE MAURA

SÃO PAULO 2012 1


ALINE HELENA MANERA BRUNA MAESTRI LESSA SILMARA F. RODRIGUES ALVES RAFAEL CAMARGO DE NADAI PAULO EDUARDO M. DA SILVA JUNIOR JOSÉ MÁRCIO A. MARQUES JULIO CESAR CARVALHO

LEMBRANÇAS DE MAURA O processo do curta-metragem.

Trabalho de conclusão de curso, apresentado como exigência final para a formação no curso de Cinema da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Profª.Msª Carolina Bassi de Moura.

SÃO PAULO 2012 2


SUMÁRIO 1

EQUIPE TÉCNICA ............................................................................................... 8

2

RESUMO ............................................................................................................. 7

3

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

4

STORYLINE ....................................................................................................... 10 4.1

Sinopse ............................................................................................ 10

4.2

Argumento ....................................................................................... 10

5

Roteiro............................................................................................................... 11

6

Escaleta............................................................................................................. 28 6.1

7

O roteiro CONCEPÇÃO ESTÉTICA E TEÓRICA ............................................. 34 7.1

8

Descrição dos Personagens........................................................... 32

Concepção de Roteiro .................................................................... 34

7.1.1 PRIMEIRA ETAPA:

34

7.1.2 SEGUNDA ETAPA

37

7.1.3 TERCEIRA ETAPA

37

7.1.4 QUARTA ETAPA

38

Concepção de Direção..................................................................................... 39 8.1.1 CONCEITOS (...) SÃO PAULO

40

8.1.2 CONCEITOS (...) LOCAÇÃO

46

8.1.3 CONCEITOS (...) MONTAGEM 8.2

9

49

Concepção de Direção de Fotografia ............................................ 52

8.2.1 Circularidade e o Tempo

52

8.2.2 PRÉ-PRODUÇÃO

56

Direção de Atores ............................................................................................ 66

10 Concepção de Som .......................................................................................... 70 10.1 Notas de Produção .......................................................................... 71 10.1.1Captação / Diárias De gravações.

72

10.1.2Atores

72

10.1.3Roteiro

72

10.1.4Locação:

73

10.2 Equipamentos:................................................................................. 74 3


10.3 Produção: ......................................................................................... 74 11 Concepção de Montagem ................................................................................ 75 11.1 Pós-produção: ................................................................................. 76 12 Concepção de Produção ................................................................................. 78 12.1 Produção de Locação: .................................................................... 78 12.2 Produção e logística. ...................................................................... 79 12.3 Viabilização do projeto: .................................................................. 79 12.4 Hospedagem do elenco: ................................................................. 80 12.5 Apoiadores:...................................................................................... 80 12.6 Definição de locação. ...................................................................... 81 12.7 Storyboard ....................................................................................... 83 12.8 Cronograma Físico de Preparação .............................................. 104 12.9 Cronograma Geral ......................................................................... 105 12.10 Projeto de Captação de Apoio...................................................... 106 13 Projeto de Direção de Arte ............................................................................ 109 13.1 Memorial Descritivo. ..................................................................... 109 13.2 Referências (fotos, desenhos, pesquisa, etc). ............................ 122 13.3 Mapa de Direção de Arte. .............................................................. 128 14 Projeto Cenográfico ....................................................................................... 140 14.1 Projeto dos Principais Cenários .................................................. 140 14.1.1Área externa.

140

14.2 Área Interna da casa. .................................................................... 143 14.3 Cozinha. ......................................................................................... 145 14.4 Sala Principal. ................................................................................ 150 14.5 Banheiro. ........................................................................................ 156 14.6 Quarto. ............................................................................................ 161 14.7 Planta Baixa completa. ................................................................. 163 14.8 Projeto de Figurino ........................................................................ 164 14.8.1Elenco

164

15 Concepção de Figurino ................................................................................. 168 15.1 Personagens Principais ................................................................ 168 4


15.1.1Maura

168

15.1.2Alice

172

15.1.3Augusto

176

15.1.4Iolanda

178

15.1.5Anexos do figurino:

181

15.1.6Tabela de Figurinos

184

16 ANEXOS .......................................................................................................... 190 16.1 Ordem do Dia ................................................................................. 190 16.2 Mapas de Luz ................................................................................. 203 16.3 Decupagem. ................................................................................... 231 16.4 Orçamento...................................................................................... 257 17 Making Of ........................................................................................................ 260 18 Referências ..................................................................................................... 263 18.1 Bibliográficas:................................................................................ 263 18.2 Filmográficas: ................................................................................ 264

5


Gostaríamos de agradecer a todos os parentes e amigos de Itajaí e Ilhota que possibilitaram a realização deste projeto. Aos nossos parentes e amigos que estiveram ao nosso lado ao longo de todo processo, ajudando de diversas maneiras. E agradecer especialmente a nossa orientadora e amiga, Carolina Bassi de Moura.

6


1

RESUMO A presente monografia trata do processo de criação, desenvolvimento e

concretização do curta-metragem “Lembranças de Maura”, que trata da memória familiar e, através de uma perspectiva infantil, aborda temas como a morte, o cuidado com o idoso, a degeneração psicológica e os medos da infância. Lembranças de Maura foi filmado em Ilhota-SC durante o mês de julho de 2012, após 6 meses e meio de pré-produção, e finalizado em Novembro do mesmo ano.A direção é de Bruna Lessa e o elenco conta com a consagrada atriz Berta Zemel.

ABSTRACT This

paper’s

main

subject

is

the

creation,

development

and

concretization of the short movie “Lembranças de Maura”, which is about familiar memory and, through the perspective of a child, speaks of themes such as death, the elderly, psychological degeneration and childhood fears. Lembranças de Maura was shot in Ilhota-SC in july 2012, following a 6 month period of pre-production, and was finished in november of the same year. The director is Bruna Lessa and the cast includes the consecrated actress Berta Zemel.

7


2

EQUIPE TÉCNICA

Função

Nome

Contato

BRUNA MAESTRI LESSA

8548-6463

01

Diretor

02

1º Assist. Direção

03

2º Assist. Direção

LIDIANA DE ALMEIDA

04

Produção Local

LUIZ AUGUSTO LESSA

05

2º Assist. Produção

TALITA CONTIPELLI

06

Diretor de Fotografia/Câmera

JOSÉ MÁRCIO

8851-9953

07

Diretor de Fotografia

CACÃ BERNARDES

8483-4000

08

Continuísta

MIRRAH IAÑEZ

9184-7547

09

Prep. de Atores

BRUNA LESSA

8548-6463

10

Pesquisador

BRUNA LESSA e EQUIPE

8548-6463

11

Diretor de Arte

SILMARA FARIA

8364.6058

12

Diretor de Arte/Cenografia

ALINE LEONELLO

96535-1165

13

Cenotécnico

BIRA NOGUEIRA

14

Assist. Cenografia

CARMEN FURLANI

15

Figurinista

JÚLIO CÉSAR CARVALHO

2280-7490

16

Diretor de Som

RAFAEL CAMARGO DE NADAI

7111-3109

17

Microfonista

ELIONAI DIAS

18

Edição de Som

RAFAEL CAMARGO DE NADAI

7111-3109

19

Edição de Imagem

PAULO MARQUES JUNIOR

8472.3998

PAULO MARQUES JR

11 8364.6058

silm

8279.0029

8


3

INTRODUÇÃO A morte deveria ser assim: um céu que pouco a pouco anoitecesse e a gente nem soubesse que era o fim (...). (QUINTANA, Mário.2005. P.23)

O cinema é a arte de contar uma história de um determinado tempo e espaço. Lembranças de Maura é um filme que a diretora e roteirista Bruna Lessa desenvolveu para homenagear a história de sua avó paterna e de tantos outros idosos que se dedicaram durante a juventude ao trabalho e à família e que, em seus últimos anos de vida, encerram sua existência sem saberem ao certo quem são e o que fizeram durante sua trajetória por conta de uma doença degenerativa. O ambiente familiar e o cultivo das memórias dos seus membros, construídos dentro desse espaço, dá sentido a realidade na qual vivemos, pois os fatos, atravessados pela experiência, são enriquecidos por ela e condensados de significado. A nossa simples existência não garante a preservação do que fomos ou pelo que passamos, cabe à arte e, nesse caso, ao cinema, eternizar essas histórias. Com

a

realização

do

curta-metragem

Lembranças

de

Maura,

pretendemos ressaltar a importância da memória familiar para o futuro das crianças, através do cultivo das histórias contadas pelos mais velhos. O filme é contado a partir de um olhar infantil, representado pela protagonista Alice, e questiona como as famílias se posicionam a respeito da realidade e das necessidades de cuidado de um idoso doente e como a criança observa o que é a vida, a morte, a saúdem, a doença e a memória. O curta-metragem propõe trazer certo ineditismo ao cenário audiovisual, já que a questão discutida é pouco abordada. Contudo, há em torno dela algo que quase não é percebido: o lugar do idoso na sociedade, como o guardião da memória e dos laços familiares e afetivos passados de geração para geração. A temática do filme é universal e abrange tanto um público de 8 anos de idade como um de 80, revelando nuances diferentes, de acordo com a 9


história de vida do próprio espectador e suas experiências com os temas principais (morte, doença, família, etc.).

4

4.1

STORYLINE

Sinopse

Lembranças de Maura narra uma relação familiar a partir de impressões da pequena Alice, que aos oito anos de idade precisa se mudar com os pais para a casa da Avó, que sofre de uma doença degenerativa. Nesse ambiente Alice terá que aprender a conviver com essa nova realidade.

4.2

Argumento

Alice, menina de oito anos de idade, acaba de se mudar com os pais para a casa de Maura, sua avó paterna. A casa fica em um grande sítio afastado da cidade. A familiar se mudou para lá após a morte do avô Osvaldo para cuidar de Maura, que sofre de uma doença degenerativa nos ossos e se agravam os sinais de perda de memória. Com o passar do tempo Alice vai se dando conta da doença de Maura. Iolanda, sua mãe, lida de maneira pratica com a doença e com as tarefas do lar, contando com a compreensão de sua filha. Augusto - o pai de Alice e filho de Maura – afasta-se cada vez mais da casa resolvendo questões do trabalho e criando situações para estar cada vez mais ausente da doença da Maura. Maura foi durante toda sua vida uma professora da rede pública e com a progressão de sua doença deixa de reconhece os seus familiares, mais curiosamente conserva algumas lembranças dos seus tempos como educadora e cobra de Alice sua neta a tabuada. Alice que achava que no sitio iria viver uma vida de liberdade entre balanços e arvores agora vai sendo presa dentro de casa, junto com a doença de sua avó através de uma cerca que é levantada improvisadamente para que Maura não fuja mais. Em um dia Maura se prende 10


no interior do banheiro da casa e cai, como ela não responde Iolanda decide que Alice deve passar pela janela do banheiro e abrir a porta para verem como esta Maura. Nesse triangulo feminino entre Avó, Nora e Neta sentimento e angústias como amor, cuidado, medo e morte vão se misturando e servem de alimento para os meses que restam à Maura.

5

ROTEIRO LEMBRANÇAS DE MAURA BRUNA LESSA 8° TRATAMENTO Junho de 2012

CENA 1 - EXT. FRENTE DA CASA DE MAURA - DIA Um fusca estaciona em frente a casa de MAURA, uma mulher de 70 anos de cabelo branco que observa o carro da janela do seu quarto. AUGUSTO, um homem de aproximadamente 40 anos, filho de MAURA abre a porta do motorista e levanta o banco traseiro para que sua filha ALICE, uma menina de oito anos, desce do carro, ela carrega duas mochilas e caminha em direção a casa. IOLANDA, uma mulher de 35 anos esposa de Augusto e mãe de Alice, desce pelo banco de passageiros e ajuda Augusto a pegar algumas malas. MAURA que observa a cena da família caminhando em direção à casa sai da janela e vai para o interior de seu quarto esconder algumas notas de dinheiro no criado mudo. 11


CENA 2 - INT. QUARTO DE ALICE - DIA ALICE entra em seu novo quarto, caminha até a janela e observa a paisagem, volta até aporta onde deixou suas mochilas. IOLANDA entra no quarto e coloca uma mala sobre a cama de Alice. IOLANDA sai do quarto. ALICE senta na cama e observa o quarto. Abre sua mochila e tira alguns brinquedos e cadernos de escola de dentro. Observa as fotografias do tio que estão na parede do quarto. Do interior de uma sacola tira um quadro com uma fotografia sua com alguns amigos da escola e sua professora, coloca a foto na parede junto das outras imagens. MAURA entra no quarto. MAURA Menina viu se o Osvaldo já chegou? ALICE O Vô? MAURA Falou que ele já voltava. Ia só buscar a água. Viu ele? ALICE O Vô morreu, Vó. MAURA Quando?

12


Alice pega MAURA pelo braço caminha até a porta do quarto e aponta para o centro da sala. ALICE Colocaram o caixão dele bem ali. MAURA chora e anda pela casa. MAURA Ai meu Deus o que que eu vou fazer sozinha, com toda essa gente estranha dentro da minha casa? BLACK - LETREIRO COM O NOME DO FILME - LEMBRANÇAS DE MAURA CENA 3 - EXT. QUINTAL - DIA ALICE tenta jogar uma corda sobre o galho de uma árvore. MAURA caminha apressada em direção a estrada. ALICE Onde cê vai Vó? MAURA não responde e continua caminhando. ALICE Cê vai passear? Posso ir com você Vó? ALICE corre em direção a casa. ALICE Mãe! Mãe! CENA 4 - EXT. ENTRADA DA COZINHA - DIA 13


IOLANDA vai até a porta da cozinha. IOLANDA Que foi Alice? ALICE A Vó foi passear? IOLANDA Sua Vó tá deitada lá no quarto dela menina. ALICE Não, ela passou toda bonita de bolsa e tudo e saiu. IOLANDA vê que a porta da sala esta aberta e que MAURA esta caminhando pela estrada. IOLANDA Corre na estrada e manda ela voltar Alice. A mãe vai desligar o fogão e tá indo lá. ALICE corre em direção a estrada. CENA 5 - EXT. ESTRADA - DIA ALICE avista MAURA que caminha rápido pela estrada. MAURA entra em uma casa. ALICE corre em sua direção. ALICE Vó...! Vó...! 14


SOM do sino da escola. ALICE chega em frente a casa onde MAURA entrou. Ao lado da porta um sino velho ainda se move. CENA 6 - INT. ESCOLA ABANDONADA - DIA ALICE entra na casa, é uma sala de aula abandonada, suja, com uma grande lousa e algumas cadeiras velhas quebradas. MAURA está de pé em frente a sala. ALICE Vó a gente tem que ir pra casa. MAURA 2x4? ALICE ... (contando no dedo) 8. Vem Vó! A gente tem que ir embora. ALICE pega MAURA pela mão. MAURA Onde é que cê vai me levar menina? ALICE Vamos pra casa. A Mãe mandou buscar você. MAURA A Mãe ta chamando?

15


ALICE Tá sim. Vamos Vó. ALICE caminha em direção da saída da escola de mãos dadas com MAURA. ALICE Você sabe a tabuada? (Silêncio) 2X3? MAURA 6. ALICE sorri com a brincadeira. ALICE 5x4? MAURA 20. MAURA Essa foi fácil! Difícil é do 8 e do 9. 9x3? CENA 7 - EXT. ESTRADA - DIA ALICE e MAURA caminham pela estrada em direção à casa encontram IOLANDA no caminho. CENA 8 - INT. COZINHA - DIA IOLANDA está servindo almoço. AUGUSTO e MAURA, sentados na mesa da cozinha, comem.

16


MAURA para de comer, levanta e sai da cozinha em direção ao quintal. IOLANDA Dona Maura, vem almoçar.

AUGUSTO Mãe, vem comer. IOLANDA olha para AUGUSTO. IOLANDA O que o médico disse? AUGUSTO Agora ele acha que é uma doença que cresce o osso. IOLANDA Existe isso? AUGUSTO Parece que sim. Mas ainda não sabem! Pediu mais um monte de exames. Iolanda deixa eu ir senão vou chegar atrasado novamente. AUGUSTO sai da cozinha em direção ao seu carro que está estacionado na frente de casa.

17


CENA 9 - EXT. QUINTAL - DIA Uma cerca alta feita com madeira foi improvisada em torno da casa. ALICE brinca ao redor da casa com alguns brinquedos. Ao perceber que o AUGUSTO está saindo e corre na sua direção. ALICE Pai! você faz agora? AUGUSTO Tem que comprar corda Alice. ALICE Eu achei uma tá ali embaixo da árvore. Eu não alcanço. Por Favor! AUGUSTO abre um portão, sai do cercado construído e passa um cadeado. Alice fica conversando com ele pela grade. AUGUSTO A hora que eu chegar eu faço. Ajuda a mamãe, tá? ALICE fica olhando pela grade AUGUSTO sair para o trabalho. MAURA caminha em torno da casa. IOLANDA caminha com um prato de comida na mão tentando fazer com que MAURA almoce. CENA 10 - EXT. QUINTAL / BALANÇO - DIA ALICE brinca em um balanço feito na árvore. 18


CENA 11 - INT. SALA - DIA IOLANDA bate com força na porta do banheiro. IOLANDA Dona Maura! Dona Maura! Responde! IOLANDA tenta observar por debaixo da porta. IOLANDA Dona Maura! A senhora ta bem? Fala comigo! IOLANDA vai até a cozinha e pega uma cadeira, corre em direção ao quintal. IOLANDA Alice! Alice! CENA 12 - EXT. QUINTAL/ BALANÇO - DIA ALICE pula do balanço e corre em direção a casa. CENA 13 - EXT. QUINTAL / JANELA DO BANHEIRO – DIA. IOLANDA sobe na cadeira e tenta observar dentro do banheiro. IOLANDA Dona Maura! Dona Maura, por favor fala comigo. Alice, Alice!! ALICE 19


Que foi Mãe? IOLANDA Tua Vó caiu no banheiro e a porta tá trancada. Vem aqui Alice. ALICE Ela machucou? IOLANDA Não sei! A Mãe vai passar você pela janela e você abre a porta, tá? Entendeu Alice? ALICE Mas e se ela... IOLANDA Cê tem que ser corajosa tá? É só entrar e abrir a porta. Ajuda a mãe, filha. ALICE é levantada POR IOLANDA até a altura da janela. ALICE passa por ela e cai dentro do banheiro. CENA 14 - INT. BANHEIRO - DIA ALICE abre a cortina da banheira e vê MAURA caida no chão com os olhos fechados. ALICE observa ela mais não se aproxima. IOLANDA (V.O. DÁ PORTA DO BANHEIRO) Alice! Tá tudo bem ai?

20


ALICE abre a porta do banheiro e abraça IOLANDA. MAURA abre os olhos, IOLANDA vai até MAURA e ajuda ela a se levantar. MAURA Ai, ai ai. Essa menina ai quem é que é? IOLANDA É a Alice dona Maura, sua neta. A filha do Augusto! MAURA Olha que coisa mais bonitinha que ela é. Vem cá que eu quero dar um beijo em você. ALICE se aproxima lentamente. MAURA dá um beijo em seu rosto. IOLANDA Vamos, vou trocar essa roupa e lavar a senhora. CENA 15 - INT. SALA DA CASA - DIA ALICE brinca na sala com alguns bibelôs da casa e toalhinhas de renda das mesas. MAURA, está amarrada em uma poltrona por uma faixa em sua cintura. MAURA tenta se livrar da faixa mais é em vão seu corpo está fraco. MAURA Menina, vem cá, vem? Me ajuda aqui! Solta eu solta. Alice caminha até a poltrona e começa a soltar a faixa. ALICE Só vou soltar um pouquinho, tá? 21


MAURA Solta mais, solta tudo.

ALICE Não posso Vó.

Alice volta para sua brincadeira. CENA 16 - INT. SALA - DIA ALICE pega na parede o diploma de MAURA. MAURA, está amarrada em uma poltrona por uma faixa em sua cintura observa a ação de ALICE. ALICE atravessa em sua frente com o diploma, MAURA segura a ALICE pelo braço. MAURA Me dá isso! ALICE Me solta. MAURA Daqui menina isso é meu. ALICE consegue se soltar de Maura. ALICE Mas agora eu vou usar.

22


MAURA Menina malcriada. CENA 17 - INT. SALA - DIA MAURA, está amarrada em uma poltrona por uma faixa em sua cintura seu olhar está perdido. ALICE caminha até ela e para diante de MAURA, olhando fixamente para seus olhos. ALICE levanta a mão e passeia com ela de um lado para o outro na frente do rosto de MAURA. MAURA acompanha a mão da menina com o olho e em seguida desiste. IOLANDA Alice! ALICE interrompe sua ação e caminha em direção ao quarto de MAURA. CENA 18 - INT. QUARTO DE MAURA - DIA MAURA está deitada na cama, IOLANDA tenta alimentá-la com uma mamadeira. MAURA não consegue comer, se engasga. ALICE, sentada sobre a cama, observa MAURA. ALICE Mãe, porque que a Vó tá assim? IOLANDA Ah Alice! Depois que fica velho vira criança de novo.(silêncio). Joga essa fralda lá pra mãe e chama seu pai.

23


ALICE pega a fralda com um pouco de nojo e atravessa a casa correndo com a fralda na mão. CENA 19 - EXT. FUNDO DO QUINTAL - DIA No fundo da casa existe uma fossa cheio de lixo e fraldas usadas. AUGUSTO queima o lixo que existe dentro do buraco. ALICE Pai!? A Mãe ta te chamando... AUGUSTO sai. ALICE joga a fralda de MAURA no buraco e fica olhando o fogo queimar o lixo. CENA 20 - INT. CASA – NOITE. ALICE está deitada no seu quarto. Ouve a conversa dos pais. IOLANDA (O.S.) Augusto! Eu tenho que ir lá visitar sim! Ela é minha mãe e precisa de mim. AUGUSTO (O.S.) E quem vai ficar com a mãe? IOLANDA (O.S.) Pede pra um dos teus irmãos, é só um dia. AUGUSTO Se sabe como é minha família. IOLANDA Então a Alice pode ficar com ela. Vai ser rápido. 24


AUGUSTO (O.S.) Acho isso de deixar a menina sozinha com ela uma loucura. Tua irmã ta cuidando da tua mãe e nem é tão grave assim. IOLANDA (O.S.) Loucura é eu passar todos esses dias aqui sozinha. CENA 21 - INT. CASA - ANOITECER IOLANDA (O.S.) A gente chega em casa as 6 da tarde. Vai ser rápido tá? Não abre a porta pra ninguém! Chove muito. ALICE está na sala observando a chuva pela janela e aguardando a chegada dos pais. ALICE corre até a sala do caixão e olha o relógio, que marca 6:15hs. ALICE corre para sala de TV, caminha até a janela da casa e obseva se os pais estão chegando. Caminha de um lado para o outro. Vai até o quarto de MAURA. Para diante da porta. Entra devagarinho no quarto em direção a cama de MAURA. Coloca a mão no coração dela e se certifica de que ela está viva. ALICE Eles já estão chegando. Eu to aqui, não precisa ter medo. ALICE sobe na cama de MAURA. Deita ao lado dela e aperta sua mão. MAURA abre os olhos.

25


ALICE Ta chovendo forte né? Luz do farol do carro atravessa a janela. ALICE pula da cama e espia pela janela. Seus pais chegaram. CENA 22 - INT. QUARTO DE MAURA - DIA MAURA deitada na cama. Colado na parede vemos um cartaz de Feliz Aniversário feito por ALICE. Algumas bexigas estão penduradas no porta soro. Sobre a cama, muitas bonecas sentadas. ALICE entra no quarto com uma fatia de bolo nas mãos. enfiada no bolo, há uma vela acesa. ALICE Parabéns a você! nessa data querida! muitas felicidades, muitos anos de vida! E Pra Vó nada! Tudo! Então como é que é! MAURA não tem expressão alguma. Sua doença está muito avançada e suas articulações completamente dobradas. ALICE Faz um pedido e sopra Vó! ALICE espera MAURA soprar a vela, MAURA não se move. ALICE Sopra! MAURA olha para a fatia de bolo fecha os olhos. ALICE sopra a vela, sobe na cama e abraça MAURA.

26


CENA 23 - INT. SALA - DIA ALICE brinca de dirigir a cadeira de rodas de MAURA. IOLANDA atravessa a sala em direção ao quarto de MAURA. IOLANDA (O.S.) O Vó o que que aconteceu? Alice! Corre! Traz a cadeira pra Mãe! ALICE vai com a cadeira até o quarto. CENA 24 - INT. QUARTO DE MAURA - DIA O quarto está todo inundado com água, colchão d’água estourado sobre a cama. MAURA está toda molhada deitada sobre o colchão na cama. ALICE Nossa! Molhou tudo. IOLANDA Ajuda aqui Alice. MÃE coloca MAURA na cadeira de rodas e sai em direção ao banheiro. ALICE caminha pelo quarto inundado. IOLANDA (O.S.) Alice! ALICE corre em direção ao banheiro. CENA 25 - INT. BANHEIRO - DIA 27


MAURA sentada em uma banheira, IOLANDA segura ela como um bebê. ALICE se aproxima da banheira. MÃE Alcança a toalha pra Mãe? MAURA Que Mãe? ALICE pega a toalha e entrega para IOLANDA. MAURA olha para ALICE. MAURA olha IOLANDA e segura o braço dela. MAURA Obrigada Querida! ALICE parada observa a ação de MAURA. MAURA dá seu último suspiro e morre! Ouve-se o som de aplausos. ALICE bate palmas com o olhar fixo em MAURA. CRÉDITOS FINAIS

6

ESCALETA

1.

Alice retira os brinquedos da caixa de mudança, e olha as fotos do seu tio na parede do seu novo quarto.

2.

Alice retira do seu caderno a foto dos seus amigos e as cola na parede.

3.

Maura entra no quarto e pergunta pelo marido, OSVALDO, falecido há uma semana. 28


4.

Alice conversa com Maura e mostra onde ele foi velado.

5.

No quintal Alice tenta prender uma corda na árvore e vê Maura, que caminha apressada em direção à estrada.

6.

Alice chama por Maura e ela não responde.

7.

Na cozinha, Iolanda chora enquanto prepara a comida.

8.

Alice entra correndo e avisa que a avó saiu e Iolanda manda Alice busca-la.

9.

Maura entra em uma escola abandonada e Alice a segue.

10.

Alice tenta levar Maura de volta para casa.

11.

Maura toma tabuada de Alice.

12.

Alice pega Maura pela mão e a leva para casa e a avó continua perguntando a tabuada.

13.

No almoço, Iolanda e AUGUSTO conversam sobre o estado de saúde de Maura.

14.

Uma cerca alta é construída ao redor da casa.

15.

Alice brinca no quintal e pede para o pai fazer um balanço.

16.

Maura caminha ao redor da casa, seguida por Iolanda que tenta lhe dar comida.

17.

No quintal, Alice brinca no balanço.

18.

Iolanda bate na porta do banheiro e chama por Maura, mas ela não responde.

19.

Iolanda vai ao quinta e chama Alice.

20.

Iolanda passa Alice pela janela do banheiro.

21.

Maura está caída no chão.

22.

Alice passa por Maura e abre a porta para a mãe.

23.

Iolanda ajuda Maura a se levantar do chão

24.

Maura pergunta quem é Alice e lhe dá um beijo.

25.

Alice brinca na sala. 29


26.

Maura está amarrada a uma cadeira.

27.

Maura pede para Alice soltá-la, mas Alice não pode.

28.

Maura tenta se soltar e não consegue.

29.

Maura está deitada em sua cama e Iolanda tenta alimentá-la com uma mamadeira.

30.

Alice senta sobre a cama e faz perguntas sobre o estado de saúde da avó.

31.

Iolanda pede para Alice jogar no lixo a frauda de Maura.

32.

No fundo do quintal, Augusto queima o lixo em uma fossa.

33.

Alice joga a frauda no fogo e fica olhando o lixo queimar.

34.

Alice está deitada no seu quarto e escuta a conversa de seus pais.

35.

Iolanda sai para visitar a sua mãe e deixa Maura aos cuidados de Alice.

36.

Maura está deitada em seu quarto e Alice prepara uma festa de aniversário para ela. Alice prega um cartaz de “Feliz Aniversário” na

37.

parede do quarto, prende bexigas no suporte do soro e coloca suas bonecas sentadas na cama ao lado de Maura. 38.

Alice entra no quarto com uma fatia de bolo com uma vela acesa.

39.

Alice pede para Maura soprar a vela, mas ela não se move.

40.

Alice sopra a vela, sobe na cama e abraça Maura.

41.

Alice brinca de dirigir a cadeira de rodas de Maura e Iolanda caminha em direção ao quarto da sogra.

42.

O colchão de água de Maura estoura e inunda o quarto.

43.

Maura está toda molhada deitada no colchão. 30


44.

Iolanda coloca Maura na cadeira de rodas e a leva para o banheiro.

45.

Maura senta na banheira e Iolanda lhe dĂĄ banho.

46.

Alice se aproxima da banheira e Iolanda lhe pede para pegar uma toalha.

47.

Maura olha para Iolanda, segura seu braço e lhe agradece.

48.

Maura dĂĄ seu Ăşltimo suspiro e morre.

49.

Alice bate palmas.

31


6.1

Descrição dos Personagens

Nome: MAURA Idade: 76 anos

Durante toda sua vida foi professora de um grupo escolar. Nasceu na cidade, mas aos 17 anos conheceu Oswaldo um moço que estava construindo os trilhos da estrada de ferro. Apaixonou-se e fugiu com ele. Foram morar em uma vila do interior (Zona Rural). Nesse lugar ela deu aula e construiu sua família. Composta por 5 filhos. Depois do nascimento do primeiro filho seu marido fora chamado para a segunda guerra mundial e ficou no exercito por dois anos. Mulher valente, trabalhadora, enérgica, pouco carinhosa e muito objetiva. Gosta de dinheiro e de bens materiais. Sua maior diversão após aposentar-se é ir ao centro da cidade receber sua aposentadoria que aplicar em uma caderneta de poupança. Quando completo 70 anos começou a demonstrar sinais de esquecimento e esclerose. Sua ganancia por dinheiro também aumentou. Quando seu marido faleceu ela já estava em um processo grande de não reconhecimento dos familiares e do tempo presente. Em sua confusão mental busca entender quem são aquelas pessoas que estão com ela. Faz o movimento da inconsciência para consciência tentando se desapegar da matéria e fazer sua passagem.

Nome: ALICE Idade: 8 Anos

Características: Inteligente, carinhosa, gosta de brincar e comer, usa roupas de menina, vestidos compridos e rodados mas adora calça e camiseta. É obediente e educada. Tem medo de fantasmas, principalmente depois que foi morar na casa da vó com seus pais. Tem medo que o fantasma do Avô apareça. Ajuda a família é prestativa. Fingi ser forte e que pode ajudar 32


Em situações limites assume que tem muito medo de ficar sozinha no mundo. Pensa muito sobre a morte . Sonha construir um balanço.

Nome: AUGUSTO Idade: 40 anos

Homem nervoso e agitado. Simples porém inteligente e trabalhador. Tem dificuldade de cuidar e se aproximar da mãe a medida que a doença dela vai progredindo. Resolve qualquer problema para estar longe de casa. Ausente. Brigou com os irmãos. Apesar diessa questões é um homem sensível que sofre pelo fato de ter sido rejeitado pela mãe durante toda a infância e agora tem que cuidar dela com a família.

Nome: IOLANDA Idade: 35 anos

Mulher forte e prática. Cuida das tarefas da casa com asseio. Única pessoa que aceitou cuidar de Maura apesar de ser nora dela. Não reclama de ter que cuidar da sogra. É uma mulher sensível e simples. Maternal, tenta amenizar e auxiliar a filha na mudança de casa e da rotina, apesar das inúmeras tarefas que acumula. Sofre de estresse e esgotamento por conta da carga de trabalho. Tem tendências depressivas e chora escondida.

33


7

7.1

O ROTEIRO CONCEPÇÃO ESTÉTICA E TEÓRICA

Concepção de Roteiro

O roteiro de Lembranças de Maura foi construído a partir da releitura da história familiar da diretora do projeto, Bruna Lessa, com sua avó. A partir do levantamento dessa experiência e de diversas situações cotidianas referentes a ela, iniciamos o processo de escrita do roteiro, que foi dividido em quatro etapas.

7.1.1 PRIMEIRA ETAPA: Fizemos diversas fichas de cenas individuais, construindo sempre entre duas há cinco versões para cada uma dessas cenas. Após um breve argumento escrito, onde sabíamos parte da estrutura da história que queríamos contar (inicio, meio e fim), onde ela aconteceria e quais seriam seus personagens, iniciamos um trabalho de criação da primeira versão do roteiro. Fizemos diversas fichas de situações relacionadas à história e aos personagens. Fazíamos um jogo de perguntas e respostas: Quem estaria nesse lugar (quais personagens)? Onde é esse lugar? Porque eles estão ali? Qual o ponto de virada? Para cada uma dessas cenas escrevíamos de duas a cinco versões modificando o ponto de virada e o porque das personagens estarem ali. Após uma seleção dessas fichas criamos um novo argumento e primeira versão do roteiro. O uso dessas fichas foi algo de grande importância nesse processo,

sempre

que

sentíamos

que

o

roteiro

tinha

perdido

força, retomávamos para caixa com as fichas e pensávamos em novos desfechos para cada uma das cenas, ou inseríamos situações que foram pensadas no inicio e abandonadas no decorrer dos tratamentos do roteiro.

34


Figura 1. Fotografia das fichas das cenas, feitas para a construção do roteiro.

1

Por se tratar de um filme que fala da relação da criança com a morte, e com a doença de sua Avó paterna, foi feita uma pesquisa extensa na literatura infanto-juvenil sobre temas parecidos e correlatos. O livro Menina Nina -Duas Razões Para Não Chorar de Ziraldo foi uma das referências que auxiliaram sobre o assunto morte de um ente querido dentro do universo infantil. Outra fonte de pesquisa importante foi o universo dos HQs (ou quadrinhos) que auxiliaram na construção imagética dessa história. Entre eles estão os quadrinhos "O epiléptico" de David B. e “Persépolis” de Marjane Satrapi. A partir da leitura desses textos e do primeiro esboço de argumento desenvolvemos o primeiro tratamento do roteiro.

1

Fotografia tirada em abril de 2012 por Cacá Bernardes, formada em publicidade pela

Universidade Anhembi Morumbi em 2004, atualmente trabalha com fotografa still para teatro e cinema. E como fotografa para cinema este é seu terceiro trabalho.

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Figura 2. Livros que serviram de referência para pesquisa do roteiro.

2

Figura 3. Livros e HQ que serviram de referência para pesquisa do roteiro.

3

Livros e HQ que serviram de referência para pesquisa do roteiro. Nesse primeiro tratamento, o filme estava estruturado a partir do uso da voz over da personagem Alice, que narrava sempre os acontecimentos da história com um distanciamento épico. Para aprofundar as versões que se seguiram até o 6˚ tratamento do roteiro, utilizamos como referências fílmicas: Valentin (2002) de Alejandro Agresti e O Ano Que Meus País Saíram de Férias (2006) de Cao Hamburguer. Filmes que têm como protagonistas crianças que narram relações familiares.

2

Montagem feita por Cacá Bernardes com as capas dos livros utilizados. As

referências bibliográficas seguem no final desta monografia. 3

Montagem feita por Cacá Bernardes com as capas dos livros utilizados. As

referências bibliográficas seguem no final desta monografia.

36


Figura 4. Imagem dos filmes utilizados como referência para a utilização da voz over.

4

7.1.2 SEGUNDA ETAPA Apesar de no 6˚tratamento termos uma história bem construída, com início, meio e fim, ela ainda era superficial ao olhar da roteirista. Foi nesse momento em que experimentamos o exercício de se tirar por completo o uso da voz over e aprofundar cada uma das cenas propostas dentro da estrutura. Algumas cenas novas entraram nesse momento, por exemplo: a cena em que a avó cai no banheiro e Alice deve entrar pela janela para resgatá-la. Outra mudança foi a escolha do nome da protagonista, que passou a se chamar Alice depois de uma pesquisa na literatura de Alice no País das Maravilhas de Lewis Carrol. Essa referência serviu tanto para pontuar os elementos do realismo fantástico, como para dilatar o plano da imaginação da protagonista, imersa nesse novo ambiente, que é a casa de sua avó. Outra pesquisa importante nesse momento do processo foi a visita feita a algumas instituições para terceira idade e entrevistas realizadas com pessoas que cuidam ou já cuidaram de idosos com doenças degenerativas. Chegamos assim a um 7˚ tratamento do roteiro.

7.1.3 TERCEIRA ETAPA Com o 7˚ tratamento do roteiro iniciamos o processo de ensaio com os atores. O 4

uso de improvisos livres nesses ensaios, utilizando a essência

Montagem feita por Cacá Bernardes com as capas dos livros utilizados. As

referências bibliográficas seguem no final desta monografia.

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dramática de cada uma das cenas, sem se preocupar com os diálogos, proporcionou um outro olhar para esse texto o que, nesse momento do processo, ganhou corpo. Nuances foram aparecendo nos diálogos, pequenos textos foram introduzidos ou retirados do roteiro. Chegamos assim, ao 8˚ tratamento e com ele fomos para o set de filmagem iniciar as gravações.

7.1.4 QUARTA ETAPA

Essa etapa esta relacionada ao processo de gravação e ao processo de montagem do filme. No processo de gravação tivemos algumas modificações no roteiro. Por exemplo: a cena final foi gravada como propunha o roteiro, mas, não alcançou o que a direção esperava como conclusão para o filme. Sendo assim, essa mesma cena foi regravada de outra maneira e em outro espaço, criando uma pequena modificação no roteiro proposto. Outras cenas foram cortadas no processo de montagem do filme, pois acreditávamos que essas travavam o andamento da história que estava sendo contada.

Figura 5. Fotograma da cena final: primeira versão.

5

5

Fotograma extraído do material bruto da filmagem do curta-metragem Lembranças de

Maura. Fotografia: Cacá Bernardes.

38


Figura 6. Fotograma da cena final: segunda versão.

8

6

CONCEPÇÃO DE DIREÇÃO

Ao escrever um texto estabelecendo os conceitos em que se pauta a direção de um filme antes realizá-lo, projetamos o que se deseja que seja feito e sobre quais pilares pretende-se trabalhar para que possamos chegar aos objetivos esperados. O interessante de de se observar na presente monografia é exatamente a reflexão aqui exercida sobre o que foi projetado de início e o que se conseguiu realizar enquanto linguagem e obra acabada. Lembranças de Maura foi um filme em que cada pequeno elemento (cor, figurino, elenco, movimento de câmera, etc.) foi pensado e discutido antes de ser escolhido. E mesmo assim diversas foram as surpresas encontradas no decorrer da produção e finalização.

6

Fotograma extraído do material bruto da filmagem do curta-metragem Lembranças de

Maura. Fotografia: Cacá Bernardes.

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Figura 7. Fotografia feita durante a primeira diária das gravações.

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8.1.1 CONCEITOS DE DIREÇÃO ELABORADOS DURANTE A PRÉPRODUÇÃO EM SÃO PAULO

Tivemos diversas conversas e pesquisas para chegarmos a um conceito de direção que fosse coerente com o roteiro proposto. Tínhamos como ponto de partida uma história realista, em que o mote principal era a relação de afeto entre neta e avó que vai se estreitando, a medida que a doença dessa segunda vai se agravando. Diante desses pontos de partida da narrativa começamos a pensar sobre qual ponto de vista apresentaríamos ao espectador este filme. Escolhemos a protagonista Alice como condutora do curta-metragem, todavia não queríamos um olhar subjetivo dessa personagem para a história e sim um olhar dentro da história, olhar vivo que de fato está vivenciando a relação e as situações que lhe são propostas. Durante o processo de pré produção e ensaio com os atores, percebemos que só através do uso de uma câmera “viva”

7

Fotografia feita por Cacá Bernardes no dia 16 de julho de 2012, na primeira diária das

gravações.

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poderíamos ter a dimensão temporal que o filme necessitava, e que essa câmera deveria assumir um olhar de personagem diante dessa relação. Dentro dessa busca estética chegamos à certeza de que apesar de termos um roteiro realista, Lembranças de Maura teria que encontrar outras formas de linguagem para se contar, e que, para potencializar a história, deveríamos romper a fronteira do realismo e utilizar elementos do realismo fantástico, principalmente através das escolhas dos enquadramentos das câmeras e das transições entre uma cena e outra. Cena a cena fomos fazendo uma análise de como seria o olhar de uma criança para a ação que estava sendo proposta, e como a câmera poderia auxiliar nesse processo de desenvolvimento de uma linguagem que proporcionasse, ora realismo ora dilatações em realismo fantástico. O grande desafio era transitar entre essas duas abordagens sem criar um estranhamento para o espectador, fazer com que isso os acontecimentos se passassem de maneira cotidiana e dilatada. Criamos assim, um primeiro conceito para nortear principalmente a decupagem, o som e a fotografia – a vida como espetáculo. A vida de Alice se transforma depois de sua mudança para casa de sua Avó Maura, e o mesmo acontece com Maura, que se vê morando com estranhos e perdendo seu espaço individual por conta de sua enfermidade.

41


Figura 8. Imagem do cartaz do filme Peixe Grande (Tim Burton, 2003).

8

Nossa principal busca era adentrar em casa um desses universos psicológicos, e fazer com que essa verticalização nos personagens se apresentasse através das imagens. Para que isso não tomasse um tom melodramático, vimos na utilização sutil de elementos técnicos e estilísticos de teatralidade a possibilidade poética para essa execução. Uma referência que auxiliou muito nesse caminho, foi o filme o Peixe Grande e suas histórias maravilhosas (2003) dirigido por Tim Burton, que trata sobre esse rito da passagem da vida para morte e que possui um tom de realismo fantástico. No que diz respeito à interpretação, à cenografia e ao figurino optamos por uma linguagem realista. Outro dado importante que norteia o conceito da direção foi a escolha das locações. A casa da Avó, locação central do filme, situa-se isolada da cidade em um sítio, sem vizinhos próximos, contando apenas com a natureza como pano de fundo.

8

Imagem extraída do site Acessado dia 10 de maio de 2012.:

http://lh5.ggpht.com/_oIoU5SEE0og/SQ7ZmbQFlsI/AAAAAAAABII/RwtZxZu3fII/big_fish .jpg

42


Figura 9. Fotografias da área externa da locação. Primeira visita, feita em janeiro de 9 2012.

Nosso objetivo com a escolha desse cenário era potencializar o clima de confinamento das personagens e construir um cenário por vezes bucólico para essas mulheres, que só tem uma a outra. Por outro lado, Alice, tendo apenas adultos e a doença da Avó para se relacionar na casa, teria que criar um mundo próprio para escapar da solidão – mundo que a menina cria com os elementos da doença e com sua própria relação com a Avó.

Figura 10. Fotograma da cena do aniversário de Maura.

9

10

Fotografias feitas por Cacá Bernardes em Janeiro de 2012.

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Figura 11. Fotograma da cena em que Alice brinca com a cadeira de rodas.

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A escolha dessa locação também foi uma possibilidade vista pela direção, e pelo grupo de se isolar e experimentar a fundo o fazer cinematográfico, colocando a prova o que estudamos durante quatro anos na faculdade de cinema. Viveríamos uma experiência coletiva de cinema, gravando durante onze dias um filme com equipamentos, atores em um lugar onde não seriamos incomodados com ruídos externos como telefone, internet e vizinhos. Para o trabalho da arte o grupo fez a opção de iniciar um trabalho sobre a locação principal (Casa de Maura) do zero: escolher cor de tintas, pintar toda locação, derrubar um muro que à cercava, plantar um jardim, mobiliar todos os cômodos e construir uma logística para que fosse possível transportar tudo até o local das filmagens.

10

Fotograma extraído do curta-metragem Lembranças de Maura. Fotografia: Cacá

Bernardes. Gravação feita em 26 de julho de 2012. 11

Fotograma extraído do curta-metragem Lembranças de Maura. Fotografia: Cacá

Bernardes. Gravação feita em 22 de julho de 2012.

44


Figura 12. Fotografias feitas em janeiro de 2012, durante a primeira visita de locação.

12

Como conceitos norteadores da direção para direção de arte o principal era construir nessa casa a identidade de Maura através dos objetos e elementos do cenário. Para isso deveríamos apresentar o processo de evolução da doença e o relacionamento afetivo que nasce na neta para com a Avó no decorrer da narrativa. No início do filme, a casa possui apenas elementos e características da idosa. Com a chegada da família de Alice, e a evolução da doença da Avó, novos objetos são incorporados ao cenário, que se transforma. Brinquedos da menina passam a compor a cenografia, assim como alguns objetos do Pai e da Mãe. O quarto da Avó, aos poucos, vai tomando a forma de um hospital improvisado. A cama ganha grades, o cabideiro vira um porta soro, a penteadeira se transforma em uma pequena farmácia com faixas e remédios. Outro aspecto importante do filme é a questão da imobilidade que a personagem Maura sofre no decorrer da trama. Essa imobilidade gerada pela doença faz com que todos os outros personagens que cercam Maura – principalmente Alice – também sejam absorvidos por este confinamento. Os espaços vão ficando cada vez mais limitados e menores para elas. A fotografia e a decupagem auxiliam muito na construção desta atmosfera. Os planos no 12

Fotografias feitas por Cacá Bernardes no dia 02 de Janeiro de 2012.

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início do filme são mais abertos, com movimentos de grua e planos gerais que potencializam a imensidão do espaço. Após a queda da personagem Maura no banheiro, eles passam a ficar mais fechados, encurralando as personagens dentro desse universo da doença e da casa. Para a preparação dos atores e da equipe foram feitas algumas vivências e visitas em espaços como asilos e instituições, para servir de inspiração para a construção do universo dos personagens e do filme, além dos ensaios antes das filmagens. A captação do som foi feita através do som direto e uma trilha sonora inédita foi construída. O objetivo dessa trilha é acompanhar a evolução dos sentimentos de Alice, como uma partitura do monólogo interno da protagonista.

8.1.2 CONCEITOS ELABORADOS DURANTE A PRÉ-PRODUÇÃO NA LOCAÇÃO

No plano do imaginário e dos conceitos tudo parecia possível, dentro do nosso planejamento . Para que pudéssemos ter essa certeza, no dia vinte e sete de junho, parte da equipe do filme embarcou para Santa Catarina com todos os equipamentos para que fizéssemos os testes antes de iniciar as filmagens que no dia 16 de julho. Teríamos tempo para corrigir todos os eventuais problemas, fazer o pré light, ensaiar as movimentações de câmeras propostas pela decupagem, acertar detalhes da direção de arte e preparar toda a logística de produção para receber o resto da equipe.

Figura 13. Ensaio do movimento inicial da grua durante a primeira cena.

13

13

Fotografias feitas por Cacá Bernardes no dia 02 de julho de 2012.

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Algumas descobertas que antecederam as filmagens nesse período de pré-produção, foram de extrema importância para o resultado final do filme e para adequação dos conceitos pensados anteriormente. Descobrimos nessa etapa do trabalho o que de fato era possível de ser executado nas condições técnicas, financeiras e cronológicas que tínhamos. Nosso primeiro trabalho ao chegar na locação foi organizar os espaços, criando lugares para equipamentos de luz, maquinaria e elétrica, para na sequência iniciarmos os nossos testes de luz e decupagem. Cena a cena tentávamos, sem sucesso, fazer o conceito de recortes de luz, que dariam o tom de teatralidade ao filme. Não conseguíamos o resultado esperado, porque a casa era escura demais, os refletores mais potentes que tínhamos (FRESNEL 2000WATTS) não tinham potência para o que planejamos e testamos no estúdio. Iniciamos então um trabalho entre equipe de fotografia e direção para repensar o conceito da luz. Fizemos alguns estudos do movimento do sol em relação a locação. E passamos a utilizar o que o sol nós oferecia para conseguir iluminar os espaços. Replanejamos todo o nosso calendário de filmagem e adequando as cenas e seus lugares aos horários onde o sol estava.

Figura 14. Foto locação as 8h.

Figura 17. Foto locação 14h00.

Figura 15. Foto locação as 10h

Figura 18. Foto locação 16h00.

Figura 16. Foto locação as 12h00

Figura 19. Foto locação 17h00.

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Figura 20. Foto locação 18h00.

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Apesar das inúmeras visitas feitas a locação para que a direção de arte estivesse pronta nesse momento de pré-produção, a realidade foi que ela ficou completa, com todas as mobílias, objetos e adereços apenas um dia antes da primeira diária. O trabalho dessa equipe foi incansável e sempre faltavam pequenos ajustes, pinturas, objetos simbólicos para cada um dos cômodos. Um agravante foi o fato de que dependíamos de empréstimos ou doações de amigos, familiares e lojas que apoiassem o projeto. Em determinado momento, as possibilidades estavam esgotadas, já não tínhamos mais onde buscar ou pedir apoios, tínhamos visto todos os lugares possíveis e não encontramos peças iguais ou similares às da nossa primeira pesquisa de cenografia. Outro fator a influenciar na possibilidade de se ter alguns itens específicos foi a logística de transporte, como no caso de uma peça importante como o sofá da sala, que a diretora de arte Aline H. Manera conseguiu através de um empréstimo em São Paulo nas Casas André Luiz, e que teve de ser deixado para trás por uma questão de orçamento do projeto para transportá-lo. Dessa forma, tivemos que abrir mão do que nos parecia o ideal, para utilizar o que de fato tínhamos encontrado. Isso fez com que aprendêssemos a trabalhar com a nossa realidade e a tirar proveito do que tínhamos, da melhor maneira possível.

14

Figuras 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20 feitas no dia 03 de julho de 2012 por Cacá

Bernardes.

48


Figura 21. Imagem de referência para o sofá da sala principal.

15

Figura 22. Sofá que conseguimos. Fotografia feita após a forração.

16

8.1.3 Conceitos elaborados durante a produção e montagem.

Durante as filmagens enfrentamos diversas diárias chuvosas. E, novamente, tivemos que readequar nossos cronogramas de trabalho. Pensamos quais cenas poderiam ser gravadas com dias chuvosos e fizemos essas adaptações. Por exemplo, a cena da menina sozinha na sala, quando vai 15

Imagem de sofá extraída do site, acessado em 05 de junho de 2012: site

http://farm3.staticflickr.com/2431/3592824760_84c2705257_m.jpg 16

Fotografia feita por Cacá Bernardes no dia 17 de julho de 2012.

49


até o quarto da Avó e deita ao seu lado. Esta cena havia sido planejada para ser uma noturna, entretanto, gravada durante o dia e com a presença da chuva, proporcionou uma nova atmosfera.

Figura 23. Deveria ser uma cena noturna e se transformou em uma cena de dia chuvoso

17

Figura 24. Deveria ser uma cena noturna e se transformou em uma cena de dia chuvoso.

17

18

Fotograma extraído do curta-metragem Lembranças de Maura. Gravação feita no dia

17 de julho de 2012. Fotografia: Cacá Bernardes.

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Durante todo o processo de preparação pensamos que o foco central do filme era a relação das personagens: Avó e Alice. E que os pais seriam os personagens que deteriam a realidade da situação e que, em algumas cenas, trariam esse caráter à tona. Eles é que falam sobre a doença, discutem porque os irmãos de Luiz (o Pai) não querem cuidar de Maura. O fato é que durante o processo de gravação, esse conceito para estes personagens parecia frágil diante das cenas das protagonistas. Quando chegamos na ilha de montagem, isso se confirmou a medida que o filme ia sendo montado. A cada momento em que os personagens do Pai e Mãe apareciam falando sobre o que era a doença, ou sobre a dificuldade de cuidar dá Avó, isto soava como algo explicativo e o filme interrompia seu fluxo natural. Portanto, durante o processo de montagem, todas essas cenas foram cortadas e os pais passaram a aparecer apenas em momentos pontuais da narrativa.

19

Figura 25. Fragmento de cena que foi excluída durante a montagem.

18

Fotograma extraído do curta-metragem Lembranças de Maura. Gravação feita no dia

17 de julho de 2012. Fotografia: Cacá Bernardes. 19

Fotograma extraído da primeira montagem feita para o curta-metragem Lembranças

de Maura. Gravação feita no dia 21 de julho de 2012Fotografia por Cacá Bernardes.

51


Figura 26. Fragmento de cena que foi excluída durante a montagem.

8.2

20

Concepção de Direção de Fotografia

8.2.1 Circularidade e o Tempo

O universo do filme gira em torno da personagem Maura, mas é transmitido aos espectadores por sua neta Alice, uma criança de 8 anos e pela escolha dos enquadramentos de câmera, que é, em si, quase um personagem e que se interpõe entre neta, avó e a relação que se constrói entre elas. A fotografia fez a escolha de sempre utilizar câmeras em deslocamento, ora com movimentos circulares, que giram em torno dos personagens e objetos, ora se aproximando e afastando, a fim de criar uma dilatação das ações e do tempo através dos planos. Para a boa execução desses movimentos, foram feitas opções de câmeras na mão com uso de shoulder e suportes de maquinário, tais como travelling e grua pequena (para cenas no interior das locações) e grua grande para as cenas externas. Algumas transições de tempo foram feitas por movimentos de câmera da área interna da casa para área externa dando à casa a natureza de um sujeito vivo da história narrada, sujeito que interage com os demais personagens e, de certa forma, os reflete. Abaixo: algumas referências dos filmes de Rainer Werner Fassbinder, nos quais o diretor utiliza movimentos similares: 20

Fotograma extraído da primeira montagem feita para o curta-metragem Lembranças

de Maura. Gravação feita no dia 23 de julho de 2012Fotografia por Cacá Bernardes.

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21

Figura 27. Fotogramas do filme Roleta Chinesa (Rainer Werner Fassbinder, 1976 .

22

Figura 28. Fotograma extraído do filme “Martha” (Rainer Werner Fassbinder, 1973 .

21

Imagem retirada do site, acessado em 05 de maio de 2012

http://www.imdb.com/title/tt0074312/ 22

Imagem retirada do site acessado em 05 de maio de 2012:

http://www.imdb.com/title/tt0040746/?ref_=fn_al_tt_2

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A história do filme tem duração de alguns meses, todavia esse tempo cronológico não fica claro para o espectador, exibem-se apenas a evolução da doença e as modificações da casa que indicam essa passagem. Com o objetivo de construir elipses temporais dentro do cotidiano cíclico das personagens, optamos por falsos planos sequências de uma cena para outra, criando assim um tempo subjetivo (e não cronológico). Nossas referências fílmicas para esse falsos planos são os filmes Festim Diabólico (1948) de Alfred Hitchcock e O Espelho (1975) de Tarkovski.

Figura 3. Fotogramas e imagens de capa extraídos dos filmes: Festim Diabólico (Alfred 23

Hitchcock, 1948) e O Espelho (Andrei Tarkovski, 1975).

Para enfatizar a imagem da evolução do quadro degenerativo da Avó e as reações da criança perante esse mundo desconhecido, utilizamos em alguns planos lentes grande angular e próximas aos personagens. Como referências para essa opção utilizamos alguns filmes de Jean-Pierre Jeunet.

Figura 29. Fotogramas extraídos dos filmes MIC MACS, Um Plano complicado (Jean-Pierre 24 Jeunet, 2009) e Delicatessen (Jean-Pierre Jeunet, 1991) .

23

Imagem retirada do site acessado em 05 de maio de 2012:

http://www.imdb.com/title/tt0072443/

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Até os seus cinco primeiros minutos, o filme Lembranças de Maura possui muitas cenas externas e para essas cenas, a fotografia utilizara alguns movimentos de grua e câmeras aéreas. O objetivo é criar uma atmosfera de imensidão e isolamento das personagens nesse cenário. A partir do momento que a personagem Maura cai no banheiro, os planos vão ficando cada vez mais fechados, com uso de primeiríssimos planos nos personagens e planos detalhes em objetos. As luzes, assim como a arte, sofrem modificações durante o filme: inicia-se a filmagem com luzes mais duras e marcadas, advindas de fontes como portas e janelas, criando no espaço recortes e desenhos com as sombras. Muitas luzes de rebatimento em tetos e placas de isopor servirão para o preenchimento das cenas. Posteriormente, tendo em vista o conceito de vida como espetáculo, trabalharemos com luzes que se movem junto com a ação das personagens. Estas luzes serão acendidas e apagadas no decorrer das cenas, e para tal, utilizaremos uma mesa de luz analógica, que será operada durante as cenas. O intuito com a operação dessa luzes é externar o estado psicológico das personagens Maura e Alice.

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Figura 30. .Polaroides de Andrei Tarkovski .

O Mapa de luz foi concebido a partir da decupagem do filme e de testes realizados no estúdio da universidade. O estudo de pré-light na locação foi de fundamental importância para a concepção final da iluminação e para o ensaio 24

Imagem retirada do site acessado em maio de/2012:

http://www.imdb.com/name/nm0000466/?ref_=fn_al_nm_1 25

Imagens retiradas do site, acessado em maio de 2012:

http://br.blouinartinfo.com/news/story/841454/as-polaroides-de-andrei-tarkovski

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dos movimentos de câmera, foi nesse momento que decidimos como seriam feitas as luzes de preenchimento, rebatidas ou filtradas. Quanto às luzes de ataque, optamos por uma abordagem dura e/ou filtrada, sendo sempre muito pontual e marcada.

8.2.2 PRÉ-PRODUÇÃO Para que o conceito de fotografia fosse executado conforme o planejado, o trabalho durante a pré-produção foi de fundamental importância. Muitos problemas foram evitados por conta das visitas técnicas à locação. Citaremos a seguir alguns dos problemas (e suas respectivas soluções) encontrados pela equipe de fotografia em parceria com a produção.

Rede elétrica: Em visitas técnicas a locação no mês de fevereiro, acompanhados de um eletricista, descobrimos que a potência do relógio de luz instalado era muito inferior à necessária para a execução de nosso trabalho (apenas 4.000 Watts). Todavia, em frente à locação passava uma rede trifásica que poderia suprir nossas necessidades e a única dificuldade em utilizá-la era a ausência de um transformador próximo para que pudesse ser feita a instalação de um novo relógio. Tentamos, a partir dessa data,

entrar em

contato com a central de energia de Santa Catarina (CELESC) e solicitamos o pedido de apoio de um transformador em frente a locação. Este pedido foi aceito e no dia 25 de junho de 2012 (4 meses depois) a instalação foi realizada. Com essa rede trifásica, passamos a trabalhar com uma potência de 75.000 Watts, o que julgamos suficiente para a quantidade de equipamentos que estávamos usando.

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Figura 31. Figura 32. Fotos das caixas de luz e das ligações trifásica feitas na locação .

Escolhas conjuntas à equipe de direção de arte: O trabalho em parceria entre as equipes de direção de arte e fotografia foi de fundamental importância para a execução desse trabalho. As escolhas da arte foram determinantes para a fotografia no que diz respeito à escolha de paleta de cores interna da locação, as cores escolhidas para as paredes e teto, além de ampliarem o espaço da casa, favoreciam o trabalho da fotografia, que poderia então fazer uso de luzes rebatidas. A direção de arte também raspou todo o assoalho da locação, deixandoo fosco, o que minimizou eventuais problemas com reflexos e as cortinas da casa também foram planejadas para que tivessem mais de uma camada de tecido, oferecendo à fotografia maior controle sobre a luz externa que entrava na locação.

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Figura 33. Assoalho lixado pela equipe de arte . 26

Fotos tiradas por: José Marcio A. Marques em 27/07/2012..

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Filtros de correção: Todos os refletores de luz que usaríamos (fresnel) possuem uma temperatura de lâmpada média de 3.200 Kelvin e, como quase todas as nossas cenas eram durante o dia e utilizaríamos o sol a favor nessa compensação, tivemos que utilizar filtros corretivo CTB FULL em todos os refletores para igualar a luz dos fresnéis à temperatura do sol. Escolhemos utilizar produtos da marca Lee de filtros por julgarmos ser a melhor relação custo-benefício. Todos esses filtros advieram de investimento da equipe, visto que a universidade não possui esse tipo de corretivo e não disponibilizou recursos para a compra destes.

Locação e empréstimo de equipamentos específicos: A equipe de fotografia tentou, junto à produção, obter o empréstimo de uma câmera RED, pois sabíamos que essa câmera expandiria as possibilidades técnicas no processo de pós-produção. Contudo, não conseguimos esse empréstimo, então partimos para o “plano B”, que era utilizar câmeras cujos modelos eram fornecidos pela universidade. Iniciamos uma série de testes e escolhemos a 5D Mark II para a gravação, visto o jogo de lentes que teríamos disponível na universidade e a qualidade de imagem e textura oferecida pelo modelo. Durante esses testes, nossa maior dificuldade foi o controle de foco, mesclando as movimentações propostas na decupagem. A solução que a equipe encontrou, foi

a locação de um equipamento chamado Bartech

(controle remoto de foco), que usamos em todo o filme e que possibilitou a operação e monitoramento do foco por controle remoto.

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Foto tirada por Cacá Bernardes em 14/07/2012

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Figura 34.Figura 35. Bartech sendo utilizado durante filmagens .

Outro apoio de equipamento importante foi conseguido com a empresa WordView, que nos emprestou um monitor de referência e outros suportes para câmera que não havia na universidade, em troca da divulgação de seu logo no filme.

Logística de equipamentos: Como o filme seria gravado em Ilhota-SC (a 600km de São Paulo), a equipe preparou um plano de logística para transportar, retirar e devolver os equipamentos quando necessário. Dois dias antes da retirada na universidade, a equipe de fotografia e produção testou todos os equipamentos junto aos técnicos responsáveis do estúdio, que embalaram e protegeram os equipamentos mais sensíveis para a viagem. Em seguida, nos informamos sobre a documentação dos equipamentos com o responsável pelo estúdio. No processo de entrega, repetimos o procedimento, além da limpeza de todos os equipamentos. Para o transporte, utilizamos um furgão, comumente utilizado para esse fim na diária externa da escola.

Mesa de luz: Durante o processo de pré-light, utilizamos uma mesa de luz emprestada por uma empresa de shows de Itajaí-SC. Era uma mesa velha, na qual muitos canais não funcionavam e que dimerizava as lâmpadas, não

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Fotos tiradas por José Marcio A. Marques em 17/07/2012.

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deixando que fossem acesas no máximo de sua potência. Durante vários dias de testes a equipe sofreu com a ausência da potência desses refletores e com os resultados não alcançados. A utilização dessa mesa estava diretamente relacionada ao conceito do filme e à segurança dos equipamentos, visto que a energia sofria algumas oscilações no decorrer do dia (com picos de mais energia durante a noite e menos energia no horário das 14 até as 18 horas). Havia a possibilidade se ligarem os equipamentos por meio de ligação direta na caixa de luz, porém receávamos que as lâmpadas fossem queimar, sendo que não as poderíamos repor. A solução encontrada pela equipe, após diversas pesquisas de locação e empréstimo sem sucesso, foi a compra de uma mesa de luz de 24 canais. No dia que essa mesa chegou e foi instalada, houve uma comoção por parte da equipe de fotografia que conseguiu enxergar primeira vez, após 12 dias de trabalho, a real potência dos refletores que tinha no set.

Pré-light: O processo de pré-light do filme durou dezoito dias. Durante esse tempo, as equipes de direção, fotografia e produção buscaram solucionar diversos problemas e aprender a conviver com muitos outros, dos quais falaremos a seguir.

Potência de luz: A decupagem do filme estava pautada em muito planos sequência e giros de câmera e para que esses movimentos fossem executados, todo o maquinário de iluminação deveria ser preso no teto ou ter potência suficiente para ser colocado a uma distância maior da cena. Para que os refletores fossem presos no teto a equipe levou algumas barracudas (barra de ferro que ficam grudadas por pressão, apoiando-as contra a parede), contudo, como a casa era antiga e de madeira, as paredes cediam e as barras escorregavam e os equipamentos não ficavam presos. Por outro lado, os refletores, quando colocados a uma certa distancia da cena, não tinham a potência necessária, o que era um grande problema, agravado pelo fato de que a casa tinha o teto muito baixo, fazendo com que a luz não se espalhasse devidamente quando rebatida. As soluções encontradas foram improvisar suportes de luz com garras C nas poucas vigas de parede da casa, 60


criar varas de luz sobre os batentes das janelas e, em último caso, mudar a decupagem de um para dois ou três planos.

Figura 36. Suportes de luz com garras C, nas vigas de parede da casa, varas de luz 29 sobre os batentes das janelas .

Outra solução foi aumentar o ISO da câmera, o que gerava um problema de ruído na imagem (queríamos trabalhar sempre com ISO 100 mais em algumas situações, por conta da baixa luz, tivemos que trabalhar variando entre os ISO 500, 640 e 800), que aceitamos para ter informação e leitura de algumas cenas. Um problema que tivemos com nossos equipamentos ocorria nas cenas externas em dias de Sol. Era impossível fazer a compensação dentro dos ambientes, dada a luz que tínhamos do lado de fora, sem refletores HMI, com lâmpadas de 5000 a 12.000 Watts, equipamento esse que não tínhamos. A solução encontrada nesses dias de sol, foi fechar as cortinas da casa e trabalhar com o escuro no interior dos ambientes. Problema semelhante acontecia quando gravávamos cenas no interior da casa e a luz estourava no

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Fotos tiradas por José Marcio A. Marques em 27/07/2012

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lado externo, mas lidamos com essas situações usando filtros ND nos vidros para compensar essa diferença.

Figura 37. Fotograma extraído do curta-metragem Lembranças de Maura (Bruna Lessa, 2012).

Figura 38. Fotograma extraído do curta-metragem Lembranças de Maura (Bruna Lessa, 2012).

Semanas de chuva: As duas semanas de testes que antecederam a gravação foram semanas de muita chuva. Para que o pré-light acontecesse e pensando que poderíamos enfrentar essa realidade durante o período de gravação, começamos a buscar por guarda-sóis, lonas e madeiras para proteger e cobrir os equipamentos. Pensamos também em soluções 62


permanentes, para que pudéssemos seguir com o trabalhando mesmo com condições adversas, mas não encontramos nenhuma alternativa adequada.

Figura 39. Refletores abrigados sob os guarda-sóis

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Dias curtos: A locação estava cercada por montanhas, o que fazia com que os primeiros raios de sol só começassem a atingi-la por volta da 09:00 horas da manhã e também com que já entre 16:30 e 17:00 horas já não tivéssemos mais luz. Nossas diárias tinham que ser intensas, nada poderia dar errado, já que isso atrasaria todo o planejamento. Assim, a equipe de fotografia criou uma dinâmica de trabalho que consistia em pré-produzir e organizar seus equipamentos na noite anterior à filmagem. Na sequência, a equipe de direção de arte deixava a locação pronta para o dia seguinte e às 5:00 horas da manhã, a equipe de fotografia já estava no set posicionando os equipamentos e às 9:00 horas já estávamos prontos para as filmagens. Para as sequencias mais complexas, o sistema de maquinário foi construído durante o processo de ensaios de câmera.

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Foto tirada por José Marcio A. Marques em 07/2012

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Figura 40. Rampa de madeira, sobre a qual a grua andaria e completaria seu 31 movimento .

Figura 41. Plataforma construída, para ser suporte de travelling e grua, com caixas 32 plásticas de coca-cola, nivelada com pedaços de madeira, montagem durante a madrugada .

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Foto tirada por José Marcio A. Marques em 07/2012

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Foto tirada por José Marcio A. Marques em 07/2012

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Figura 42. .Barraca de panos construída em torno da plataforma de madeira para 33 compensar a luz externa com a luz interna da locação .

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Foto tirada por José Marcio A. Marques em 07/2012

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9

DIREÇÃO DE ATORES

Utilizamos como base bibliográfica o livro Esculpir o Tempo de Andrei Tarkovski para todo o norteamento de direção desse projeto, tanto no sentido estético quanto no trabalho com os atores. No capitulo “O ator no cinema”, Tarkovski diz:

Diante

da

câmera,

o

ator

tem

de

existir

com

autenticidade e imediatamente no estado definido pelas circunstâncias dramáticas. Então o diretor, tendo em mãos as sequências e segmentos do que realmente se passou diante da câmera, irá montá-los de acordo com seus objetivos artísticos pessoais, criando a lógica interna da ação. (TARKOVSKI, Andrei.1998.P.167)

Partindo desse principio, o trabalho realizado com os atores é o de criação interna das ações de cada um dos personagens através dos ensaios, que foram iniciados logo após a confirmação do elenco. O trabalho de preparação aconteceu durante todo o bimestre de maio/junho, com dois encontros semanais. O objetivo era fazer com que os atores e a equipe criassem um entrosamento entre eles e com a história que a ser contada. Por ter como protagonista da história uma criança de 8 anos, uma das práticas dos ensaios foi “brincar de fazer as cenas”: utilizamos alguns jogos teatrais propostos pelo livro de Viola Spolin. Outro trabalho feito com a atriz mirim foi com o texto e as palavras que estavam sendo ditas por ela. O principal era que ela tivesse um entendimento sobre o texto dito e não o decorasse. Já com a atriz Berta Zemel, que interpreta a personagem Maura, foram realizados alguns ensaios, nos quais o trabalho de descoberta corporal foi o principal tema. Diversos exercícios baseados nas cenas foram criados e 66


executados para que atriz encontrasse o estado corporal ideal para representar a evolução da doença. A preocupação nesse caso era fazer com que esse trabalho corporal fosse orgânico e realista. Já no que diz respeito a lógica da personagem, tivemos diversas discussões de mesa a respeito de como seria a construção dessa verossimilhança. Com os personagens Augusto e Iolanda, o trabalho foi mais simples e consistia obter uma interpretação realista e contida. Outro trabalho desenvolvido e que foi muito utilizado no set de filmagem foi o “exercício do olho no olho”, no qual os atores devem criar conexão visual entre eles, isso acalmava as atrizes e auxiliava na manutenção do silêncio no set. No set de filmagem fizemos uma primeira diária com os atores e técnicos, apenas para ensaio. Passamos por quase todas as cenas do filme, espacializando cena a cena. Esse dia foi de fundamental importância para que os atores começassem a conhecer o espaço do filme e um pouco da dinâmica que teria o trabalho nós dias subsequentes. Antes de filmar “valendo”, sempre fazíamos de dois a três ensaios filmados, cujo propósito era tirar o que havia de mais fresco nos atores.

Figura 43. Berta e Catarina durante ensaio.

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Figura 44. Catarina e Berta.

Figura 45. Reuni達o feita para leitura de texto.

Figura 46. Ensaio para cena da escola.

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Figura 47. Marcos e Catarina.

Figura 48. Berta e Catarina durante ensaios.

Figura 49. Claquete durante gravação.

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Fotografias feitas por CacĂĄ Bernardes entre os meses maio e junho de 2012.

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10 CONCEPÇÃO DE SOM

O conceito sonoro produzido neste trabalho se atém na ambiência local com objetivo de contextualizar um espaço tempo tranquilo de uma casa de zona rural, e em simultâneo, o peso da relação que se constrói entre a idosa doente e sua família. O som é parte do espaço e se compõe pelos ruídos da mata, dos pássaros e da velha casa de madeira. A história do filme se passa em seis meses. Para mostrar a variação temporal utilizam-se planos sequência em algumas cenas. Nessas transições existem mudanças de figurino e cenário e a ambiência sonora permanecerá a mesma entre as cenas para reforçar a ideia do plano sequência. A trilha sonora foi criada a partir de um ritmo que acompanha a montagem do filme, dando inclusive um tom documental à narrativa. Vê-se um exemplo desta qualidade sonora realista quando Alice está no balanço e se ouve os sons do ambiente, não havendo uma trilha dramática de fundo. Como instrumento principal da composição da trilha sonora, escolhemos o piano, por ter um timbre e um ritmo que remete nostalgia. Na cena 11, em que Alice pula a janela e invade o banheiro para poder resgatar Maura que está caída, apesar de ser uma cena com alta carga dramática, não há trilha para forçar a emoção. A ideia principal é que o espectador tenha uma percepção próxima do que é a visão de Alice, e ouça exatamente o que ela está ouvindo na ação. A mesma coisa ocorre na cena final no banheiro, em que Maura morre. Há uma ausência de som no clima final, sem o auxilio da trilha para que o tom realista seja alcançado. No decorrer do filme se atribui um tom realista a diversos elementos e personagens, mas em determinados momentos gera-se suspense e tensão na relação que acontece entre a neta e a avó, o que fez com que o som torne-se hiper-realista36. A principal diferença dessas duas personagens está no modo 35

Fotografia feita por José A. Marques dia 18 de julho de 2012.

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“Mais fiel à realidade do que a própria realidade” (CAPELLER, 2008, p. 66).

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pelo qual elas se relacionam, como a criança lida com a vida e em como percebe a falência de sua avó. Na cena 13, por exemplo, Alice passa por um momento de medo e tensão, quando ela está em casa a sós com Maura e precisa cuidar sozinha da avó. Alice assume o papel de um adulto, mas seus sentimentos e medos ainda são de uma criança. Nesse momento a construção do som é irreal e há uma composição repleta de desenho sonoro. A construção sonora do filme tem alguns papéis importantes para auxiliar o espectador na compreensão da narrativa e de seus elementos significantes, como: passagens de tempo, desenvolvimento dos personagens e transições entre cenas. Durante a cena sete, um plano aberto mostra que a casa está rodeada por uma cerca para que Maura não consiga mais fugir. A ambiência desloca-se do ambiente externo e adentra a casa, lá permanecendo. Há um gradativo de volume, tensão e pressão interna que os personagens sofrem por conta da doença de Maura. Como referência sonora em relação às ambiências internas e externas, transições sonoras e diálogos entre os personagens, citamos o filme “Cria Cuervos” de Carlos Saura e o filme “O Espírito da Colmeia” de Victor Erice.

10.1 Notas de Produção Essas notas de produção emergem aqui como modo de chamar a atenção à importância nos cuidados e detalhes necessários para uma boa captação sonora. A pré-produção sonora tem a função de evitar eventuais problemas da captação e prevenir possíveis erros.

Muito embora a tecnologia disponível se aperfeiçoe, o técnico de som ainda se defronta com diversos entraves para a boa execução do ofício. Muitos desses problemas residem num fator preexistente, que é o da natureza física do som. Enquanto a imagem é precisamente definida pelo fotógrafo, que através da lente da câmera enquadra o mundo de forma voluntária, o som se propaga, se espalha. Os microfones, mesmo os mais direcionais, não conseguem mais do que minimizar os 71


sons fora-de-eixo. O som é indisciplinado. As leis que regem seu comportamento não são as mesmas da luz. É por essa sua natureza dispersiva, propagante, que, para a captação de som direto, se exige uma série de cuidados e condições, que independem da perícia técnica do profissional de som. Ele tem muito pouco controle sobre o ambiente sonoro que circunda uma locação, por exemplo (SANTOS, 2009, p.19). 10.1.1 Captação / Diárias De gravações.  A captação sonora do Projeto Maura teve como foco a captação das vozes, dos diálogos, deixando os demais sons como ruídos e ambiências para serem feitas na pós-produção. Foram usados para a captação sonora microfones aéreos, em conjunto com microfones sem fios escondidos nos atores gravados em pistas independentes, para auxiliar na mixagem.

10.1.2 Atores  Potência vocal, timbre, agudos, graves, volume da voz, figurino, modulação.  Dificuldades em trabalhar com não atores: o excesso de improviso, por conta da dificuldade de memorização de texto acarreta problemas na edição de diálogos. Ex.: Cena quatro, ‘quando Alice corre em direção sua avó na estrada de terra’. Estava previsto no roteiro uma fala muito curta cuja equipe de som fez a opção de gravá-la isoladamente, pois a estrada apresentava muitos ruídos. Porém, na montagem do filme foi escolhida uma cena de improviso da atriz. Deste modo, foi preciso fazer uma sessão de dublagem. 10.1.3 Roteiro  Retirar Problemas de som do roteiro tanto nos diálogos, quantos nas atuações dos atores: número de personagens, locações, indicações de movimento dos personagens, ruídos de cena, enfim, é possível antever as dificuldades que virão e buscar soluções.

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 Escolha dos equipamentos necessários para a cena / uso de microfones aéreos ou lapelas – às vezes um microfone aéreo pode resolver uma captação de um diálogo, sem a necessidade de instalar lapelas nos atores, uma simples pausa de um segundo entre uma fala e outra pode ser suficiente para cobrir um diálogo.

10.1.4 Locação:  É necessário explorar o entorno, conhecer os vizinhos, seus hábitos, possíveis festas, aniversários, obras, se o local é rota de avião, se nos dias da gravação haverá algum evento, prever esses detalhes para melhorar a captação.  Dentro da locação, ver em que cômodos aconteceram os diálogos, ver a disposição deles, quais os mais silenciosos e os menos, os que ficam para a rua, os mais isolados. Para ver a necessidade de isolamento dos cômodos com mantas acústicas, retirar reflexões sonoras, criar um isolamento acústico.  A locação é numa zona rural, longe dos ruídos da cidade, entretanto precisa explorar o entorno conhecer os vizinhos, seus hábitos, os hábitos locais, possíveis festas, aniversários, obras, se o local é rota de avião, se nos dias da gravação haverá alguma colheita, uso de trator, caminhões. Prever esses detalhes para melhorar a captação, já que haverá diálogos internos e externos.  A locação, por ser de madeira, apresenta um problema para a captação do som direto em algumas cenas com movimentos dos atores e da equipe, como câmeras, iluminadores e técnico de áudio.  Nas gravações externas, escolher horários com menos interferência sonora, nas cenas de diálogos, se possível.  No caso de uso de mesa de Luz, tentar sempre distancia-la da cena a ser gravado, tentar isola-la com manta acústica, caixa de madeira.  Revisar pela manhã os planos a serem gravados no dia, verificar a posição dos microfones.

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 Estudar os planos onde houver diálogos, e já no ensaio ajustar a posição e o movimento do microfone.  Utilização de linhas de preenchimento (são gravações das de diálogo feitas apenas para o som, para serem substituídas), se necessário.

10.2 Equipamentos:  Gravador Tascam seis canais.  Lapelas Sony.  MKH-60 Short Shotgun Mic (Microfone).  Varas de Bom  Fones de ouvido  Cabos XLR longos, adaptadores.  Proteções de vento dos microfones.  kit com tesoura, fita adesiva dupla-face, microporo.  Canivete.

10.3 Produção: Acomodação dos equipamentos: Espaço para deixar as malas de som em segurança e organização e que não atrapalhe o andamento da produção.  Tratamento acústico dos cômodos  Isolamento Acústico: O uso de mantas de som e edredons de acordo com o necessário para a cena.  Problemas da equipe: Câmera com barulho, ruídos da equipe, ruídos dos atores.  Testando o equipamento: fazer um teste, gravando e verificando a gravação.  Posicionamento dos microfones de acordo com a decupagem, a luz, ver sombra e deslocamento vertical e horizontal do Boom.  Checar Reverbs  Encontrar o nível para cada microfone, se orientando pelas falas dos atores, entre 12dB a 18dB

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11 CONCEPÇÃO DE MONTAGEM

O processo de montagem teve início enquanto as filmagens ainda estavam em andamento. Fizemos diversos testes e pensamos em todas as cenas para que não houvesse problemas na pós-produção. Pelo roteiro, deveríamos contar a história da família que se muda para a casa da Avó, focando na relação entre a neta (Alice) e a avó (Maura) e deixando a presença da mãe e do pai como menos importante. Na ilha de edição, percebemos que deveríamos eliminar ainda mais de sua participação. Na cena 08, em que o pai e mãe conversam na cozinha após Maura sair correndo da mesa em direção ao quintal, por exemplo, havia um diálogo no qual eles conversavam sobre a doença de Maura, mas acreditamos que não era necessário falar sobre esse assunto de uma forma tão direta, já que prejudicaria a sutileza do roteiro. Outra cena com excesso de informação é a cena 20, na qual Alice estava deitada em sua cama e ouvia seus pais falando no quarto ao lado. Essa cena na verdade era apenas uma preparação para a cena 21, mas que não funcionou da forma que esperávamos. A ideia inicial era mostrar o medo que Alice sentia ao ficar sozinha em casa enquanto seus pais estavam fora, mas na montagem percebemos que esse sentimento de pavor não combinava com a personagem em que Alice se transformaria ao longo do filme. Ela percebe, apesar de ser criança, que sua avó está quase morrendo e precisa dos cuidados da família. Como conceito de montagem e direção, pensamos o filme começando com planos mais abertos nas primeiras cenas e, com o decorrer da história e do desenvolvimento da doença de Maura, progressivamente mais fechados até a última cena, para transmitir a ideia de sufoco e aprisionamento. O roteiro foi pensado de forma a conter elementos teatrais, por exemplo, no final da cena 02 (na qual Maura fica com uma iluminação pontual sobre seu rosto e a câmera se afasta, revelando um cômodo totalmente escuro), no final da cena 14 (na qual Iolanda tenta levantar Maura do chão do banheiro - O movimento da câmera cria a impressão de que se está assistindo 75


a um espetáculo) e no final, após a morte de Maura, quando Iolanda fecha as cortinas e Alice aplaude. Não conseguimos trazer todo esse conceito de teatralidade para o curta, principalmente pela falta de tempo nas diárias e dificuldades técnicas encontradas ao longo da produção. Por opção, na montagem, desistimos de transparecer essa ideia.

11.1 Pós-produção: Durante o processo de captação, tomamos todo cuidado dentro do possível para não deixar problemas para serem corrigidos posteriormente. Em relação a cor do filme, estabelecemos um preset na câmera, tirando saturação e contraste da imagem, possibilitando assim uma manipulação melhor da imagem quando importada no software de correção de cor. Fizemos uso de cartelas de cor e cinza em todas as cenas (para correções posteriores de color), o que nos daria mais um instrumento de referência na unidade do filme.

Figura 50. Figura 51. Referência de cor.

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Sabíamos também que todas transições entre as cenas necessitariam de um processo intenso de pós-produção e roto-scopia. As transições da cena 01 para a 02 e da 14 para a 15 seriam as mais problemáticas, então as filmamos sempre em duas etapas, para que na pós-produção pudéssemos unilas de forma a obter um resultado superior. As duas transições funcionaram. Com o uso do programa after effects, conseguimos chegar ao resultado desejado.

37

Fotografias feitas nos intervalos das filmagens no mês de julho de 2012, por Cacá

Bernardes.

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Outros problemas solucionados na pós-produção foi o de objetos que vazaram no quadro. Por exemplo, na cena 01 (quando filmamos Maura dentro de seu quarto), aparecia um refletor. A solução foi mascarar um pedaço da parede rosa do quarto e aplicar sobre o equipamento, eliminando-o do quadro.

Figura 52.Figura 53.Imagens que representam a remoção do refletor do quadro.

38

Na cena final (quando Iolanda pega Maura no colo), aparecia um pedaço de filtro de correção azul no lado superior da tela e o eliminamos com o mesmo método de correção.

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Fotogramas extraídos do curta-metragem Lembranças de Maura (Bruna Lessa,

2012).

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12 CONCEPÇÃO DE PRODUÇÃO A Produção do filme “Lembranças de Maura” foi uma das partes mais complexas e conturbadas de todo o projeto. Desde o momento em que iniciamos nossas pesquisas e decidimos gravar em Santa Catarina, sabíamos das dificuldades e limitações que teríamos de enfrentar. A produção deveria ser o braço direito e esquerdo da direção, para que todas as áreas conseguissem desenvolver um bom trabalho. O problema foi que, durante toda a pré-produção em locação e filmagens, o responsável por esse departamento não apareceu em nem uma das diárias. Sendo assim, a responsável pela direção do filme, que já desenvolvera funções na área de produção, teve que encabeçar essa função adicional. É importante ressaltar que a produção do filme só foi efetivamente executada porque tínhamos em Santa Catarina uma equipe de produção local e porque cada um dos departamentos (Arte, Som e fotografia) assumiu parte das funções de produção de sua respectiva área.

12.1 Produção de Locação: A locação principal do filme (casa da Maura) foi cedida, sem nenhum custo para a equipe, pela família da diretora Bruna Lessa. Essa casa estava abandonada há dezesseis anos e possibilitou à equipe fazer todas as modificações que fossem necessárias para o filme. Além disso, é importante citar que tivemos apoio de um grande número de pessoas (familiares, amigos e moradores locais), que estiveram engajadas na realização do projeto e cujo apoio facilitou imensamente o trabalho. Outra característica importante é a existência de duas sedes extras de apoio, localizadas a cem metros da locação: uma casa que serviu como alojamento e base para refeições de toda a equipe e a outra que serviu como QG de equipamentos e objetos de arte que não estavam sendo utilizados.

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Figura 54. Figura 55. Fotografias da casa de apoio

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12.2 Produção e logística. Para o transporte de todos os equipamentos a equipe conseguiu disponibilizar uma camionete furgão, que realizou a retirada e devolução, já os objetos que compunham a arte foram sendo levados ao longo da pré-produção com os carros dos integrantes da equipe. Para o traslado de parte da equipe, recebemos um apoio indireto da companhia aérea Gol linhas aéreas Ltda., através da empresa Aunica soluções digitais Ltda., junto a qual reservamos 40 trechos para transporte de atores e equipe e que se disponibilizou a ajudar voluntariamente durante o período de gravações. Esse apoio foi de fundamental importância, pois possibilitou a ampliação da equipe e abateu um valor alto de nossos custos. Outro apoio que obtivemos foi da Auto viação Catarinense, que forneceu 02 (dois) trajetos São Paulo/SP-Itajaí/SC e Itajaí/SC-São Paulo/SP em ônibus com leito para a atriz Berta Zemel, que não viajava de avião. As demais despesas de transporte da equipe durante o período de préprodução,

produção,

desmontagem

e

pós-produção

foram

custeadas

individualmente pelos membros.

12.3 Viabilização do projeto: Para viabilizar parte do projeto, criamos uma “Ação entre Amigos”, ou seja, uma rifa para captar dinheiro. O valor final captado através dessa ação foi 39

Fotos tiradas por Zé Márcio em 2012

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de R$ 15.000,00, garantindo assim o pagamento referente ao cachê dos atores. O projeto também foi inscrito e aprovado na lei Rouanet no valor de R$ 199.701,05 todavia, apesar das inúmeras tentativas e reuniões com possíveis patrocinadores, não conseguimos captar nenhum valor até a presente data.

12.4 Hospedagem do elenco:

Para que o elenco tivesse um pouco mais de conforto, conseguimos uma permuta com o Hotel Marambaia, localizado em Itajaí-SC, que assumiu o custo total da hospedagem em troca de serviços fotográficos realizado pela equipe.

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Figura 56. Foto do hotel Marambai .

12.5 Apoiadores: Contamos com o apoio de diversas empresas para a realização deste trabalho. Segue abaixo lista de empresas e seus respectivos apoios:

AUNICA SOLUÇÕES DIGITAIS LTDA. - 40 trechos ida e volta de avião, para transporte de atores e equipe. 40

Extraída do site-

http://www.marambaiahotel.com.br/imagens/ em 05 de

dezembro de 2012.

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AUTO VIAÇÃO CATARINENSE -

trechos em ônibus leito São

Paulo/SP-Itajaí/SC / Itajaí/SC -São Paulo/SP. CELESC - concessionária local de energia elétrica que fez a instalação do transformador trifásico. WORD VIEW – Empréstimo de equipamentos. PREFEITURA MUNICIPAL DE ILHOTA – Apoio com horas de maquina retroescavadeira para retirada do muro. SECRETARIA DA CULTURA

DE ILHOTA – Apoio de impressão e

telefones. CANELA E COR – Empréstimo de móveis para a direção de arte. BAZAR UNIBES – Empréstimo de Figurinos e objetos HOSPITAL MUNICIPAL DE ILHOTA – Apoio com objetos para arte. SERRARIA ARNOLDO ADRIANO – Doação e construção da cerca utilizada na cenografia. ORQUÍDEA ALIMENTOS – Apoio com o fornecimento de alimentos. MAIA PADARIA - Apoio com o fornecimento de alimentos. HOTEL MARAMBAIA – Permuta de hospedagem UNIVERSO IMAGENS – Desconto locação de equipamentos. DMS – Empréstimo de trilhos e revisão do travelling.

12.6 Definição de locação com planta, endereço e características operacionais.

Figura 57. Imagens da locação.

41

41

Fotografias feitas por Cacá Bernardes em janeiro de 2012.

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O município de Ilhota faz parte da região do Baixo Vale do Itajaí. Situase numa posição estratégica devido a proximidade com o Porto de Itajaí, Aeroporto de Navegantes e entre grandes centros industriais e turísticos como Blumenau e Balneário Camboriú.

Microrregião: Foz do Rio Itajaí Secretaria Regional: Blumenau Localização Geográfica: longitude 48°49'38” oeste – latitude 26°53'59” sul Área: 253,9 Km² Altitude: 15 m População: 12.149 habitantes (Fonte: IBGE-2009)

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12.7 Storyboard

Figura 58. Desenhos da Story Boarder Lucila Maia.42

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Lucila Maia é formada em artes plásticas pela FAAP e atualmente trabalha como arte

educadora e cursa escola livre de cinema. No projeto Lembranças de Maura fez os desenhos do StoryBoard.

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12.8

Cronograma Físico de Preparação

Curta Metragem : “LEMBRANÇAS DE MAURA” Ano: 2012

Mês: Fevereiro – Novembro (40 semanas)

Semanas 08

Formação da equipe mínima, estrutura física de produção, tratamento final do roteiro e procura das locações

16

Visita do diretor às locações e definição das locações

16

Entrega da decupagem técnica da direção e roteiro técnico

08

Análise técnica

12

12

12

Cronograma físico, cronograma analítico, fluxograma e mapa de produção Decupagens dos departamentos (incluindo necessidade de equipe) Decupagens de produção, decupagem técnica e decupagem da equipe técnica

08

Escolha do elenco

20

Orçamento final

12

Início da pré-produção

03

Filmagem

16

Pós Produção

104


12.9 Cronograma Geral

Descrição 1. Pré-produção

2. Produção/Filmagem

MÊS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 X

X

X

X

X

X

3. Pós-produção/1º corte

X

X

4. Finalização/Montagem

X

X

5. Finalização som 6. Lançamento/ Inscrição festivais

X

X

X

X

X

105


12.10 Projeto de Captação de Apoio.

Figura 59. Projeto comercial feito por Cacá Bernardes e Bruna Lessa.

43

Projeto comercial feito em maio de 2012 no programa Photoshop.

43


Figura 60. Figura 59. Projeto comercial feito por Cacรก Bernardes e Bruna Lessa.

44

44

Projeto comercial feito em maio de 2012 no programa Photoshop.

107


Figura 61. Projeto comercial feito por Cacรก Bernardes e Bruna Lessa.

45

45

Projeto comercial feito em maio de 2012 no programa Photoshop.

108


13 PROJETO DE DIREÇÃO DE ARTE O curta-metragem Lembranças de Maura aborda temas delicados, tais como o encontro de uma criança com as mudanças inesperadas da vida, a morte e a solidão. A estória exigiu argúcia e sutileza para ser transformada em obra fílmica, demandando da direção de arte atenção a cada detalhe, uma vez que muitas informações sobre as personagens foram transmitidas a partir de elementos presentes no cenário e no figurino. Somado a isso, tínhamos ainda a dificuldade de produção, já que a locação estava localizada na cidade de Ilhota, no estado de Santa Catarina. Durante o processo, os conceitos e diretrizes mudaram muito até a concretização do projeto, e este desenvolvimento foi importante por que agregou camadas cada vez mais profundas ao que havia sido pensado inicialmente. Abaixo estão descritas cada uma dessas etapas.

13.1 Memorial Descritivo. Primeiramente fizemos uma pesquisa de referências que pudesse nos ajudar a criar uma atmosfera interessante para o filme. Para isso contamos com a atenciosa ajuda da orientadora Carolina Bassi, que indicou referências de filmes e livros que poderíamos utilizar. Contamos também com a diretora Bruna Lessa, que nos guiou para as referências que considerava mais importantes e mais pertinentes para o contexto do roteiro. Buscamos em livros como: Goya (primeira edição 2003), de Rainer e Rose-Marie Hagen; Hopper (primeira edição, 2001), de Rolf Gunter Renner; Educação para a morte: temas e reflexões (segunda edição, de 2012), da psicóloga Maria Julia Kovács; e em filmes como Amarcord (1937), de Federico Fellini; Reflexões de um Liquidificador (2010), de André Klotzel; Cría cuervos (1976), de Carlos Saura; O Espirito da Colméia (1973), de Victor Erice; Valentín (2002), de Alejandro Agresti; O Ano Que Meus País Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburguer e O Espelho (1975), de Andrei Tarkovski. Outras fontes consultadas incluem: arquivos de revistas, jornais e imagens da internet. (A 109


explicação para o modo de utilização de cada referência se encontra no item Referências, logo abaixo). Simultaneamente a esta pesquisa, já havíamos iniciado a transformação da casa, cuja primeira etapa começou em fevereiro de 2012, quando iniciamos a limpeza da locação que estava há 16 anos inabitada. Por se tratar de uma casa de madeira, partes de sua estrutura estavam danificadas – como o piso e algumas paredes –, portanto, fizemos também um trabalho de restauração. Para que todo o necessário fosse feito contamos com a ajuda fundamental dos parentes da diretora, moradores de Itajaí, cidade próxima a Ilhota. Seguem fotos da locação após a limpeza, mas ainda sem alterações na estrutura.

Figura 62. Imagem da frente da casa, sem alterações.

Figura 63. Imagem da Sala principal, sem alterações.

46

46

47

Foto tirada em janeiro de 2012, por Cacá Bernardes, que é formada em publicidade

pela Universidade Anhembi Morumbi em 2004, atualmente trabalha com fotografa still para teatro e cinema. E como fotografa para cinema este é seu terceiro trabalho.

110


Figura 64. Imagem da cozinha, sem alterações.

48

Após definirmos as propostas, passamos para os testes práticos. Haviam de ser testados elementos de cena (as cores de tinta a serem utilizadas, por exemplo), para que pudéssemos comprar os materiais com a certeza de se obter os efeitos desejados. Os testes foram feitos sobre pedaços de papéis de parede. No entanto, apenas com estes fragmentos, não conseguíamos visualizar a cor em todo cenário.

Para tal, fizemos uma

maquete em proporção 1:25 da locação, e nela aplicamos o papel para melhor visualizar o resultado.

47

Foto tirada em janeiro de 2012, por Cacá Bernardes.

48

Foto tirada em janeiro de 2012, por Cacá Bernardes.

111


Figura 65. Maquete da casa.49

Depois de feita uma pesquisa prévia de móveis e objetos, começamos então a planejar a disposição dos móveis dentro da casa. Para melhor visualização, produzimos miniaturas dos móveis de alguns cômodos e as pusemos na maquete, a fim de estudar qual seria sua melhor disposição.

Figura 66. Armário e fogão da cozinha. 50

49

Foto tirada em junho de 2012, por Aline H. Manera.

50

Foto tirada em junho de 2012, por Aline H. Manera.

112


51

Figura 67. Banheiro .

A etapa seguinte foi a pintura da casa, que iniciamos em maio e finalizamos somente em julho. Nos primeiros dias conseguimos juntar parte da equipe e vários parentes da diretora. Porém, demoramos muito para finalizar essa etapa, em função da grande distância de São Paulo e da consequente baixa assiduidade de integrantes da equipe, sendo que alguns só estavam disponíveis durante o final de semana.

Figura 68. Imagem da frente da casa após a pintura e o jardim.

51

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Foto tirada em junho de 2012, por Aline H. Manera.

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Figura 69. Imagem da sala principal após pintura.

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Figura 70.Imagem do banheiro após pintura .

Paralelamente a estes procedimentos, fizemos a pesquisa de objetos. A diretora Bruna Lessa fizera uma pesquisa nas casas de seus parentes e conhecidos para buscar móveis maiores, uma vez que encontrar móveis em São Paulo iria encarecer muito a produção, além do fato de que móveis antigos demandam um cuidado muito grande no transporte. Ao mesmo tempo, foi feita uma pesquisa quanto a objetos menores, que poderíamos transportar sem maiores problemas de São Paulo até Santa Catarina (tecidos para as cortinas, corda para o balanço, etc.). Seguem imagens de algumas pesquisas realizadas:

52

Foto tirada em junho de 2012, por Cacá Bernardes.

53

Foto tirada em junho de 2012, por Cacá Bernardes.

54

Foto tirada em junho de 2012, por Cacá Bernardes.

114


Figura 71. Pesquisa de tecidos para cortina da cozinha

55

Figura 72. Pesquisa de tecidos para a cortina do quarto da Maura.

Figura 73. Pesquisa da corda do balanço.

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57

Simultaneamente, criávamos o conceito do figurino, definindo o que seria usado. Fizemos também as primeiras provas desse figurino durante o mês de abril de 2012, com as atrizes Berta e Catarina. A partir de então, fomos selecionando as roupas e buscando o que faltava.

55

Foto tirada em março de 2012, por Aline H. Manera.

56

Foto tirada em março de 2012, por Aline H. Manera.

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Foto tirada em março de 2012, por Aline H. Manera.

115


Figura 74. Primeira prova de figurinos

58

Após várias pesquisas feitas em bazares e brechós nós escolhemos algumas peças e procuramos algum apoio em algumas lojas, o que se concretizou quando o Bazar Unibes aceitou formar uma parceria. Conseguimos o valor de trezentos reais por cada loja deste Bazar para retirar em materiais – sendo que eram seis lojas, dentre lojas de roupas, móveis e objetos em toda cidade – devendo-se devolvê-los num período de até seis meses. Esta parceria foi importantíssima para a produção de objetos. Até então estávamos tentando conseguir os móveis em Itajaí e Ilhota, mas não tínhamos orçamento para comprar os objetos menores e não estávamos conseguindo encontrá-los para empréstimo nos arredores. Realizamos, portanto, a pesquisa de objetos no Bazar Unibes e lá encontramos elementos interessantes que conseguimos transportar, por exemplo: tapetes, abajures, quadros, vasos, etc. Ainda assim, faltavam muitos itens para fechar a lista de prioridades de objetos e móveis. Fomos então para a Casa André Luiz, uma associação beneficente localizada em Guarulhos e lá conseguimos encontrar itens

58

Foto tirada por Julio C. Carvalho, aluno do oitavo semestre do curso de cinema na

Anhembi Morumbi, que neste trabalho desenvolveu os figurinos. Fotografia tirada em abril de 2012.

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indispensáveis. Por ser uma associação beneficente, o custo dos objetos era muito baixo e, sendo assim, pudemos comprá-los.

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Figura 75. Figura 76. Figura 77. Figura 78. Figura 79. Figura 80. Figura 81. Objetos 59 comprados na Casa André Luiz.

Nas Casas André Luiz encontramos também os móveis que faltavam (sofá, poltrona, mesa redonda, entre outros), conseguimos até uma parceria de empréstimo para os móveis, no entanto, o valor do transporte interestadual era, infelizmente, altíssimo para o projeto, o que impossibilitou que contássemos com estes elementos.

Figura 82 e 83. Móveis da Casa André Luiz.60

59

Fotografias tiradas em julho de 2012, por Aline H. Manera. Estes são os objetos que

foram comprados na Casa André Luiz. 60

Fotografias tiradas em julho de 2012, por Aline H. Manera. Conseguimos apoio para

estes móveis, mas não conseguimos retirá-los por falta de transporte.

118


Para a jardinagem ao redor da casa conseguíramos o apoio do Horto Florestal de Ilhota e de uma terraplanagem, distribuidora de mudas. O que não esperávamos era que na data combinada eles não fossem ceder o material. Diversas mudas precisaram ser compradas e vasos de plantas emprestados de última hora.

Figuras 84 e 85. Opções de plantas para jardim.61

Além dos objetos que conseguimos em São Paulo, muitos foram emprestados em Ilhota e Itajaí, por parentes e por amigos da família. Seguem algumas fotos de objetos emprestados:

61

Fotografias tiradas em julho de 2012, por Aline H. Manera.

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Figuras 86, 87, 88 e 89. Objetos emprestados.62

Fizemos um levantamento dos móveis que estavam faltando e dentro do estilo trabalhado pela direção de arte: uma estante para a sala, algum móvel para colocarmos a televisão e um mancebo antigo, com lugar para colocar chapéus e bengala. O mancebo e a estante, conseguimos em uma loja de móveis antigos de Ilhota, chamada Canela e Cor. Nós solicitamos os móveis por empréstimo e, em contrapartida, divulgaríamos o logotipo da empresa nos créditos do filme como apoiadores.

62

Fotografias tiradas em junho de 2012 por Aline H. Manera.

120


Figura 90. Móvel oferecido pela empresa Canela e Cor.63

Já o móvel para colocarmos a televisão, ainda não tínhamos encontrado. Procuramos aparadores antigos, alguma estante pequena, um rack com formato mais antigo, mas não conseguíamos encontrar nenhum que se encaixasse no período em que a casa foi montada (1950). Isso se deve ao fato de que a televisão só se popularizara em meados de 1965 nas regiões interioranas do Brasil, motivo pelo qual era difícil encontrar um móvel próprio para o aparelho. Nossa saída foi uma vitrola maravilhosa, que foi encontrada pelo pai da diretora Bruna Lessa em um bar. A vitrola estava sendo usada para apoiar pneus antigos. Nós pedimos a vitrola emprestada e, em contrapartida, reformamos a parte de cima e as laterias, que estavam desgastadas.

63

Fotografia tirada em junho de 2012, por Aline H. Manera.

121


Figura 91. Vitrola emprestada no Bar da Dona Maria.64

13.2 Referências (fotos, desenhos, pesquisa, etc). Para a seleção das obras de referência contamos com o auxílio da orientadora Carolina Bassi e da diretora Bruna Lessa. Listaremos a seguir algumas obras que nos serviram como base: O livro Goya (primeira edição, 2003) de Rainer e Rose-Marie Hagen; serviu como inspiração de clima e coloração para o segundo momento do filme, no qual a doença de Maura já se encontrava avançada. Principalmente a imagem abaixo, que tem como tema a morte. Contudo, procuramos não trazer tons tão carregados para não sobrecarregar de informações.

Figura 92. Quadro “Tempo”, de Goya. Referência de clima e cores, como se a morte estivesse rondando as cenas.65 64

Fotografia tirada em julho de 2012 por Aline H. Manera.

122


Figura 93. Quadro “Cronos”, de Goya. Referência de clima e tonalidade. O tempo é um dos fatores discutidos no projeto do curta. Esta imagem representa a crueldade do tempo. 66

No livro Hopper (primeira edição, 2001) de Rolf Gunter Renner, analisamos as obras de Edward Hopper, que causam sensações de incompreensão e inércia. Nelas, podemos encontrar a sensação de vazio e incomunicabilidade que desejávamos transmitir. Mesmo quando ele apresenta mais de uma pessoa nas imagens, elas nunca estão se relacionando, estão cada uma em sua ação particular, sem desejo de interação com o outro. Para este projeto, usamos esta sensação para tentar desenvolver a situação da personagem Maura.

65

Imagem do quadro Tempo, feito por Francisco José Goya y Lucientes (1746 – 1828).

Imagem extraída do site. Acessado em 23 de maio de 2012.: http://3.bp.blogspot.com/h05XIlMtcq8/TZN6AUBZeMI/AAAAAAAACHs/v2DEcCdElk8/s1600/goya+-+tempo.jpg 66

1828).

Imagem do quadro Chronos, feito por Francisco José Goya y Lucientes (1746 –

Imagem

extraída

do

site.

Acessado

em

23

de

maio

de

2012.:

http://1.bp.blogspot.com/_bA8ow9AQQg/S7j71TdJHlI/AAAAAAAAAH8/55Y1uy8pMGU/s1600/goya_cronos.jpg

123


Figura 94. Quadro de Edward Hopper, referência de clima e cores.67

No livro Educação para a morte: temas e reflexões (segunda edição, 2012), da psicóloga Maria Julia Kovács, encontramos relatos sobre as impressões de crianças que perderam alguém próximo. O livro foi importante para entendermos melhor a personagem Alice.

Figura 95. Capa do livro de Maria Julia Kovács. 68

67

Imagem

Imagem do quadro Pennsylvania Coal Town de Edward Hopper (1882-1967). extraída

do

site:

http://www.butlerart.com/pc_book/images/Edward_Hopper_Pennsylvania.jpg Acessado em maio de 2012.

124


Os filmes Cría cuervos (1976), de Carlos Saura e O Espirito da Colméia (1973), de Victor Erice, possuem temática similar ao nosso projeto: crianças que precisam lidar com a morte e fazem esta abordagem de maneira poética.

Figura 96 - Fotograma do filme Cría cuervos (1976), de Carlos Saura.69

Há também Valentín (2002), de Alejandro Agresti e O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburguer, que agregaram referências do universo infantil e da visão que as crianças possuem sobre os acontecimentos.

68

Imagem da capa do livro: KOVÁCS, Maria Júlia. Educação para a morte: temas e

reflexões. 2ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. 69

Fotograma do filme CRÍA cuervos. Direção: Carlos Saura Fotografia: Teo Escamilla

Produção: Carlos Saura e Elias Querejeta. [S.I.]: Platina Filmes, ano 1976. 1 DVD (107min.) NTSC color. Título original: Cría Cuervos.

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Figura 97. Imagem do filme O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburguer.70

Outra obra fílmica importante para nossa pesquisa foi O Espelho (1975), de Andrei Tarkovski, que nos trouxe uma visão mais clara das propostas feitas para a fotografia do filme. No filme Amarcord (1937), de Federico Fellini encontramos a referência para os cenários e para os objetos cotidianos – mais simples e funcionais – e também para o clima que se estabelece na relação familiar. Do filme Reflexões de um Liquidificador (2010), de André Klotzel, utilizamos como referência os objetos presentes na casa da protagonista. Pudemos assistir a diversas cenas que acontecem na sala e na cozinha nas quais os objetos são simples e da mesma época que estamos criando para a casa de Maura.

Figura 98. Fotograma do filme Amarcord (Federico Fellini, 1937) para a paleta de cores e clima da casa em seu lado externo.71

70

Imagem do filme Ano em que meus pais saíram de férias. Extraída do site:

http://guiadescape.files.wordpress.com/2007/09/o-ano5.jpg Acessado em agosto de 2012.

126


E, por último na citação de referência, trazemos o filme Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), de Jean-Pierre Jeunet, que apresenta uma cozinha com os objetos pendurados na parede e colocados nas prateleiras, denotando praticidade e um certo acúmulo de coisas que denota a idade do lugar. Ao mesmo tempo a paleta de cores é harmônica e crível.

Figura 99. Fotograma do filme “O fabuloso destino de Amélie Poulain” (Jean-Pierre 72 Jeunet,2001).

71

Fotograma extraído diretamente do filme: AMARCORD. Direção: Federico Fellini.

Fotografia: Giuseppe Rotunno. Produção: Franco Cristaldi. [S.I.]: Continental, ano 1973. 1 DVD (127 min.) NTSC, color. Título original: Amarcord. 72

Fotograma extraído diretamente do filme: O FABULOSO Destino de Amélie

Poulain. Direção: Jean-Pierre Jeunet Fotografia: Bruno Delbonnel. Produção: Helmut Breuer; Jean-Marc Deschamps; Arne Meerkamp van Embden e Claudie Ossard. [S.I.]: Imagem Filmes, 2008 1 DVD (122min.) NTSC, color. Título original: Le fabuleux destin d'Amélie Poulain.

127


13.3 Mapa de Direção de Arte.

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14 PROJETO CENOGRÁFICO Durante o processo de concepção do cenário do curta, nos deparamos com a oportunidade rara de conceber todos os elementos do cenário, desde a pintura da casa, a formação do jardim a sua volta, até a composição dos objetos e móveis presentes em cada cômodo da casa. Essa construção demandou muito esforço e cuja execução foi de grande dificuldade. Todavia, sabemos que o desafio enriqueceu nosso trabalho: planejar e pensar cada detalhe, para que a história se desenvolvesse e tomasse a forma desejada. O conceito de arte em Lembranças de Maura foi inicialmente proposto com base na seguinte teoria: Maura personifica o planeta Saturno – como planeta que gira em torno de seu próprio eixo – sobre o qual a história será circularmente contada e que possui (figurativamente) relações com os seus elementos protetores (anéis) – no filme, representados por Alice, Iolanda e Augusto – a família do filho de Maura. Como o filme conta a fase final da vida de Maura, foi delegada à arte a responsabilidade de detalhar não só o tempo e o espaço, mas também o passar do tempo e a gradual transformação do espaço, circulando entre a progressão da doença de Maura e sua relação com Alice. A arte do filme mostra como é viver os anos 90, no interior da cidade, com 76 anos de idade, aposentada, sofrendo de uma grave doença degenerativa. Os móveis em geral são antigos, grandes e pesados. Valorizam – com suas formas, cores e materiais – a preservação da memória, da cultura, da idade e sugerem a progressão da doença, que tendem a fazer Maura crescer, envelhecer e enrijecer.

14.1 Projeto dos Principais Cenários

14.1.1

Área externa.

As cores externas da casa oscilam entre dois tons de amarelo: afirmando a ainda atual mobilidade de Maura e iluminando a relação afetiva 140


que será impreterivelmente construída do lado de dentro destas paredes. A medida

em

que

Maura

vai

perdendo

sua

memória,

mobilidade

e

autossuficiência, Alice vai ganhando espaço e autonomia sobre o mesmo. Para indicar a passagem do tempo e a evolução da doença de Maura, o espaço externo da casa, que no início do filme aparentará ser livre de fronteiras, limpo, bem cuidado e com vestígios organizados de utensílios de jardim, será invadido por brinquedos de Alice esparramados pelo quintal, e a casa será enclausurada por uma cerca ao seu redor. Os objetos apresentados no exterior da casa são comuns ao meio em que Maura vive, como: vasos de plantas; ferramentas de jardim – rastelo, enxada, luvas, tesoura de jardim e carrinho de mão. As arandelas nas paredes além de servirem como focos de iluminação, dão destaque à feminilidade da residência.

Figura 101. Referência para o balanço da árvore.73

O tapete na porta da cozinha indica o local de entrada na casa e ajuda a reafirmar a inutilidade presente da porta da sala. O tanque de lavar roupas no 73

Imagem extraída do site: http://cache3.asset-cache.net/gc/105211276-girl-on-swing-

gettyimages.jpg?v=1&c=IWSAsset&k=2&d=iapsMT5UEQCOdG4lSOnb1eem2uRHFTIErDW0G Pk5sKk%3d Acessado em 28 de novembro de 2012.

141


quintal do fundo, assim como os varais e os pregadores de roupas indicam a existência de uma dona de casa no local. O jardim bem cuidado completa o cuidado e atenção com a moradia.

Figura 102. Imagem da área externa da casa.74

Figura 103. Paleta de cores da área externa.

74

Imagem extraída diretamente do curta-metragem Lembranças de Maura (2012).

Direção Bruna Lessa. Fotografia Cacá Bernardes.

142


Figura 104. Cores aplicadas na parede.75

14.2 Área Interna da casa. A casa de Maura possui, em sua concepção artística, o movimento circular de fora para dentro da casa, que percorre os cômodos e volta para a área externa, remetendo sua leitura ao ciclo da vida. O fluxo de entrada se dá, obrigatoriamente, através da porta da cozinha, ou seja, neste cômodo se inicia o movimento interno da casa, como de costume nas casas térreas e de jardins abertos (mas não só por este fator). A cozinha também é o local onde Maura passa mais tempo enquanto sua saúde permite e, com isso, possui a função de “sala de estar”, tornando-se o portal de recepção ao mundo de Maura. Este é o ambiente com cores mais aconchegantes e alegres da casa, com o objetivo de despertar no espectador a percepção da existência da vida. O movimento circular da casa é acompanhado pelas paletas de cores dos ambientes. As paredes da cozinha trazem o tom bege para destacar as cores da vida de Maura, apresentadas nos eletrodomésticos, móveis, objetos de cenário e cena. Todos esses elementos aparentam ser antigos, há muita madeira para transparecer a rígida personalidade de Maura, mas também se apresenta muita louça, para remeter à fragilidade de sua saúde. As paredes

75

Fotografia tirada em junho de 2012, por Cacá Bernardes.

143


das salas e quartos trazem tons pastéis, remetendo o olhar para um tempo antigo, o que é reforçado pela presença dos móveis, objetos de cenário e de cena que foram acumulados nesta casa entre as décadas de 50 e 90. As paredes do banheiro trazem as cores azul e branco, neste ambiente ocorre a cenas de maior aproximação e cumplicidade entre Maura e Alice. A sala situada na parte da frente da casa é o ambiente mais sombrio, que evoca o fim do tempo de vida e por onde temos a saída da casa de volta para a rua, que só é aberta em ocasiões especiais, por exemplo, quando se vela alguém ali. Nesta sala temos poucos móveis, todos remetentes ao tempo: um relógio de pêndulo na parede conta os segundos da vida que estão próximos de cessar, o lustre também possui o formato de pêndulo, a mesa de chá com garrafas de bebidas mantém a presença do avô, que faleceu há pouco tempo e foi velado ali. O único móvel grande, o buffet, é também pesado e sua forma é parecida com a de um caixão, sobre ele uma urna funerária guarda as cinzas do avô de Alice. As cortinas desta sala cobrem toda a parede, vedam a janela e pesam o ambiente. As poltronas sugerem a espera pela morte. Uma fotografia muito antiga de familiares falecidos ajuda a compor o ambiente. Na parede, o espelho antigo possui a cortina que simboliza o ritual da morte. Entre os cômodos da vida e da morte está a sala principal, dividida ao meio pela estante de livros, móvel que resgata a existência de Maura como professora aposentada e que se dedicara aos estudos e ao ensino. Os dois cômodos que surgem desta divisão são uma sala de estar e uma sala de jantar. As portas laterais desta sala dão acesso ao banheiro, ao quarto dos pais de Alice e ao quarto de Alice, que fica ao lado do quarto de Maura sugerindo a aproximação que será criada entre elas ao longo do filme. A indicação de que a vida de Maura está próxima do fim, é o posicionamento de seu quarto na casa, pois é o único que possui porta direta para a sala do tempo, da morte. À medida que a doença de Maura evolui, as cenas acontecem mais no interior da casa e os cômodos passam a sofrer gradualmente as devidas transformações e movimentações necessárias para se manterem os cuidados que a fragilidade física de Maura exige. 144


14.3 Cozinha.

Figura 105. Planta baixa feita por Cacá Bernardes.

Para o ambiente da cozinha utilizamos diversas referências, como os filmes: Amarcord (1937), de Federico Fellini; Reflexões de um Liquidificador (2010), de André Klotzel, e principalmente Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), de Jean-Pierre Jeunet. Filmes citados no item A.2 Referências (fotos, desenhos, pesquisas, etc.). Procuramos elementos práticos que dessem àquela cozinha a imagem de um ambiente utilizado cotidianamente há muito tempo. Para isso fizemos algumas propostas de mudança de disposição. Pensamos inicialmente em colocar a mesa próxima à porta de entrada, e colocar a pia em frente à janela da cozinha. Fizemos uma planta baixa e utilizamos a maquete para visualizar o ambiente.

145


Figura 107. Fotografia da maquete da cozinha 76.

Mas, quando colocamos os móveis no ambiente notamos que faltou espaço para circulação das pessoas. Então decidimos mudar a disposição, e colocar a mesa próxima à janela.

Figura 108. Imagem da cozinha antes das alterações77.

76

Fotografia tirada em junho de 2012, por Aline H. Manera.

77

Foto tirada em janeiro de 2012, por Cacá Bernardes.

146


Figura 109. Imagem da cozinha antes das alterações78.

Por ser a dona da casa uma senhora de idade avançada, colocamos no cenário elementos de práticas antigas de senhoras do interior, como por exemplo: conservar pimentas em potes, transformar frutas em doces de compotas, colocar condimentos em vidros de diversos tamanhos, pendurar as panelas na parede para distancia-las da umidade e dos animais, pendurar os utensílios para facilitar o manuseio, etc. Buscamos imagens de referência de ambientes assim.

Figura 110. Fotograma do filme Julie e Julia (Nora Ephron ,2009) para clima, construção do 79 cenário e objetos de cena da cozinha. 78 79

Foto tirada em janeiro de 2012, por Cacá Bernardes. Fotograma extraído do filme: JULIE & JULIA. Direção: Nora Ephron. Fotografia:

Stephen Goldblatt. Baseado nos livros “Julie & Julia”: Julie Powell. Produção: Nora Ephron, Eric Steel, Laurence Mark, Amy Robinson. [S.I.]: Columbia Pictures, 2009. 1 DVD (123min). NTSC, color. Título original: Julie & Julia.

147


Após a definição da cor da cozinha, nós pintamos as paredes e para acrescentar estes elementos no nosso cenário colocamos nas paredes prateleiras e pregos.

Figura 111. Imagem do cenário da cozinha com as prateleiras, mas ainda sem os itens 80

definitivos .

Após esta etapa da pintura fizemos a colocação das prateleiras, e para isso contamos com a ajuda do cenotécnico Bira Nogueira 81. Então recorremos á nossa pesquisa de objetos para compor o cenário. Para melhor organização fizemos pranchas com imagens impressas dos objetos referentes ao cenário da cozinha.

Figura 112. Prancha do cenário com respectivos objetos82.

80 81

Fotografia feita por Aline H. Manera no dia 03 de julho de 2012. Bira Nogueira atualmente trabalha na escola de teatro Macunaíma. No projeto

Lembranças de Maura, Bira desempenhou a função de cenotécnico. 82

. Prancha do cenário com respectivos objetos feita por Aline H. Manera em

junho de 2012.

148


Compusemos então as prateleiras com objetos que foram comprados na Casa André Luiz; objetos emprestados e outros que estavam na casa. A última etapa do processo de construção do cenário da cozinha foi confeccionar as cortinas, e selecionar os objetos que seriam utilizados em cena. Seguem frames extraídos do filme com imagens do resultado final da cozinha.

Figura 113. Fotograma extraído do filme.83

Figura 114. Fotograma extraído do filme84.

83

Fotograma extraído do curta-metragem Lembranças de Maura. Direção Bruna Lessa.

Fotografia Cacá Bernardes. 84

Fotograma extraído do curta-metragem Lembranças de Maura. Direção Bruna Lessa.

Fotografia Cacá Bernardes.

149


14.4 Sala Principal.

Figura 115. Planta em perspectiva com as cores aplicadas nas paredes, batentes das janelas e porta.85

A sala principal da casa é o ambiente que apresenta de maneira mais nítida a transformação que a casa sofre após a chegada da família de Alice. Inicialmente a sala apresenta a personalidade rígida da professora Maura, com os elementos bem organizados e bem posicionados.

85

Planta em perspectiva feita por Aline H. Manera no programa Scketch Up versão 8.

150


86

Figura 116. Referência para paleta de cores da pintura interna da casa .

Para compor este cenário propusemos dividi-lo em três partes. A primeira parte do ambiente carrega as lembranças de família, com uma parede repleta de quadros com fotografias de diversas épocas, e também diplomas da professora Maura.

Figura 117. Imagem de referência de parede com quadros e fotografias. 87 86

Imagem extraída do site, acessado em 12 de agosto de 2012:

http://1.bp.blogspot.com/_YIVKCSQJzew/Sl3xVaNElSI/AAAAAAAAAy8/zI9Dfv0BKM/s400/Living+Room+3.jpg 87

Imagem extraída do site, acessado em 12 de agosto de 2012:

151


A segunda parte do ambiente é composta por um móvel que fica atrás do sofá com bibelôs e uma estante de livros. Esta parte da sala funciona como uma divisória entre a primeira e a terceira parte. A terceira parte é a copa da casa, composta por uma mesa redonda e uma cristaleira. Fizemos uma planta da sala em perspectiva para visualizarmos a disposição dos móveis.

Figura 118. Perspectiva dos móveis na sala.88

Na imagem acima podemos ter uma noção mais nítida da divisão de ambientes que propusemos acima. Após a pintura das paredes recorremos à nossa pesquisa de objetos para montarmos o ambiente. A pesquisa foi dividida em pranchas, nas quais tínhamos as imagens impressas dos objetos que dispúnhamos. Abaixo de cada objeto tínhamos o nome da pessoa que havia emprestando.

http://www.dicasdecor.com.br/wp-content/uploads/2012/07/Quadros.png 88

Planta em perspectiva feita por Rafael Nadai no programa Scketch Up versão 8.

152


Figura 119. Prancha de objetos do cenário: sala.89

Durante esta produção não estávamos conseguindo encontrar um sofá que se adequasse ao cenário. O sofá mais interessante era o da Casa André Luiz, que não tínhamos conseguido transportar. Nosso último recurso foi pegar o sofá que ficava na casa de apoio e recobri-lo de maneira improvisada para as filmagens. Nas imagens 19 e 20 temos a imagem do resultado.

Figura 120. Fotografia da sala sem nenhuma alteração90.

89

Prancha de objetos do cenário: sala. Feita por Aline H. Manera em abril de 2012.

90

Fotografia feita por Cacá Bernardes em janeiro de 2012.

153


Figura 121. Fotografia da sala pronta (antes da transformação do cenário)91.

O segundo momento da sala nos apresenta a transformação que o ambiente sofre após a chegada da família de Alice. A menina se apodera daquele espaço modificando o lugar de cada elemento, e Maura, por estar debilitada, não pode impedir.

Figura 122. Fotograma extraído do filme Lembranças de Maura (Bruna Lessa, 2012).

91

Fotografia feita por Alice Martins. Alice é formada em artes plásticas na universidade

Unimesp. Atualmente trabalha como maquiadora profissional para publicidade, cinema e teatro. No projeto Lembranças de Maura desempenhou a função de maquiadora.

154


Figura 123. Fotograma extraído do filme Lembranças de Maura (Bruna Lessa, 2012).

Figura 124. Fotograma extraído do filme “Lembranças de Maura” (Bruna Lessa, 2012).

155


Figura 125. Fotograma extraído do filme “Lembranças de Maura” (Bruna Lessa, 2012).

14.5 Banheiro. O banheiro foi um cenário muito difícil de ser construído. Principalmente por que precisávamos transformar um cômodo que era um quarto, em um banheiro crível.

Figura 126. Cômodo do banheiro, antes da transformação 92. 92

Fotografia feita por Cacá Bernardes em janeiro de 2012.

156


Para desenvolver uma proposta fizemos diversas pesquisas de referências. Os principais elementos que destacamos em nossas pesquisas foram os canos expostos e a parede dividida em duas (poderia ser com madeira aplicada na alvenaria, ou apenas por divisão de cores). Esta divisão de cores era feita com a função de sujar menos a parte de baixo da parede, onde mais respingava água.

Figura 127. Detalhe dos canos expostos na parede93.

Figura 128. Referência para divisão da parede.94

93

Imagem

extraída

do

site:

http://cdn.decorpad.com/photos/2012/08/07/05d50ddbe54f.jpeg Acessado em abril de 2012.

157


Figura 129. Referência de elemento do cenário.95

Acerca da disposição dos elementos do banheiro fizemos um estudo na maquete, e chegamos á seguinte disposição:

Figura 130. Disposição dos móveis na maquete96.

94

Imagem

extraída

do

site,

acessado

em

maio

de

2012:

http://media1.onsugar.com/files/2012/05/20/6/806/8068288/1b0b15d2a6238659_sopisticatedbathroom-with-twin-basins.xxxlarge_1.jpeg 95

Imagem extraída do site, acessado em abril de 2012:

http://images01.olx.pt/ui/0/43/58/Torneiras-Antigas-Almada_432593558_2.jpg 96

Maquete e fotografia feitas por Aline H. Manera em junho de 2012.

158


Figura 131. Disposição dos móveis na maquete97.

Este cenário é crucial para a estória, pois nele acontece uma cena muito importante. A cena é a queda de Maura, a partir de então a personagem deixa de ter a liberdade de se locomover, passa a utilizar a cadeira de rodas. Esta cena possui conexão com a referência utilizada pela direção que é o livro Alice no país das Maravilhas de Lewis Carrol. O momento em que a personagem do curta-metragem entra pela janela nós fizemos a relação com o momento em que a personagem Alice entra no buraco ao seguir o coelho, sem saber onde irá chegar. Para que esta passagem fosse mais difícil, (até mesmo para que a janela parecesse uma janela de banheiro), nós refizemos a janela deste cômodo, diminuindo seu tamanho pela metade. Segue imagens do cenário finalizado:

97

Fotografia tirada em julho de 2012, por Aline H. Manera.

159


Figura 132. Imagem do cenário finalizado98.

Inicialmente havia outra cena que seria feita no banheiro: a morte de Maura. Porém ao longo da filmagem a direção optou por modificar o cenário desta última cena, que foi transferida para o quarto de Maura.

98

Fotografia feita por Alice Martins em julho de 2012.

160


14.6 Quarto.

O quarto de Maura apresenta as características da senhora que rígida, a professora que vive ali há tantos anos. Ao longo do curta-metragem o quarto sofre diversas mudanças, em função da doença de Maura que progride até sua morte. Para a construção deste cenário buscamos móveis antigos e robusto, que trouxessem seriedade para o ambiente.

Como

planejamento fizemos um croqui do cenário, para visualizarmos a disposição dos objetos.

Figura 133. Croqui feito por Aline H. Manera e Felipe Massafera. 99 99

Felipe Massafera, Ilustrador e artista, já realizou trabalhos em parceria com artistas

como Alan Moore, Warren Ellis e Jamie Delano. Atualmente, produz capas e páginas internas para a DC Comics em títulos como Green Lantern, Superman e outros.

161


Figura 134. Imagem do quarto de Maura100.

Figura 135. Fotograma extraído do filme “Lembranças de Maura” (Bruna Lessa, 2012).

100

Fotografia feita por Alice Martins em julho de 2012.

162


14.7 Planta Baixa completa.

Figura 75. planta feita por Cacรก Bernardes em maio de 2012.

163


14.8 Projeto de Figurino

14.8.1 Elenco

LEMBRANÇAS DE MAURA Ficha de casting (_11 / 06 /2012 ) Nome (atriz/ator): BERTA ZEMEL Casting (Nome da obra): LEMBRANÇAS DE MAURA

Nome do (a) personagem: MAURA Descrição: Durante toda sua vida foi professora de um grupo escolar. Nasceu na cidade, mas aos 17 anos conheceu Oswaldo um moço que estava construindo os trilhos da estrada de ferro. Apaixonou-se e fugiu com ele. Foram morar em uma vila do interior (Zona Rural). Nesse lugar ela deu aula e construiu sua família. Composta por 5 filhos. Depois do nascimento do primeiro filho seu marido fora chamado para a segunda guerra mundial e ficou no exercito por dois anos. Mulher valente, trabalhadora, enérgica, pouco carinhosa e muito objetiva. Gosta de dinheiro e de bens materiais. Sua maior diversão após aposentar-se é ir ao centro da cidade receber sua aposentadoria que aplicar em uma caderneta de poupança. Quando completo 70 anos começou a demonstrar sinais de esquecimento e esclerose. Sua ganancia por dinheiro também aumentou. Quando seu marido faleceu, ela já estava em um processo grande de não reconhecimento dos familiares e do tempo presente.

Dados do ator/atriz Idade

77 anos

Sexo

Feminino

Peso

62 kg

Altura

1,60 m

Telefone

(11) 3288-4876 164


LEMBRANÇAS DE MAURA Ficha de casting (_11 / 06 /2012 )

Nome (atriz/ator): CATARINA JANCSON CHAPELAIN Casting (Nome da obra): LEMBRANÇAS DE MAURA

Nome do (a) personagem: ALICE Descrição: Características: Inteligente, carinhosa, gosta de brincar e comer, usa roupas de menina, vestidos compridos e rodados mas adora calça e camiseta. É obediente e educada. Tem medo de fantasmas, principalmente depois que foi morar na casa da vó com seus pais. Tem medo que o fantasma do Avô apareça. Ajuda a família é prestativa. Fingi ser forte e que pode ajudar Em situações limites assume que tem muito medo de ficar sozinha no mundo. Pensa muito sobre a morte . Sonha construir um balanço.

Dados do ator/atriz Idade

08 anos

Sexo

Feminino

Peso

31 kg

Altura

1,35 m

Telefone

(11) 7837-0956/ (11) 9103-6919

E-mail

165


LEMBRANÇAS DE MAURA Ficha de casting (_11 / 06 /2012 ) Nome (atriz/ator): MARCOS SUCHARA Casting (Nome da obra): LEMBRANÇAS DE MAURA

Nome do (a) personagem: AUGUSTO Descrição: Homem nervoso e agitado. Simples porém inteligente e trabalhador. Tem dificuldade de cuidar e se aproximar da mãe a medida que a doença dela vai progredindo. Resolve qualquer problema para estar longe de casa. Ausente. Brigou com os irmãos. Apesar diessa questões é um homem sensível que sofre pelo fato de ter sido rejeitado pela mãe durante toda a infância e agora tem que cuidar dela com a família.

Dados do ator/atriz Idade

42 anos

Sexo

Masculino

Peso

78 kg

Altura

1,84 m

Telefone

(11) 9121-0726/ (11) 2339-4512

E-mail

166


LEMBRANÇAS DE MAURA Ficha de casting (_11 / 06 /2012 ) Nome (atriz/ator): MARIANA SENNE Casting (Nome da obra): LEMBRANÇAS DE MAURA

Nome do (a) personagem: IOLANDA Descrição: Mulher forte e prática. Cuida das tarefas da casa com asseio. Única pessoa que aceitou cuidar de Maura apesar de ser nora dela. Não reclama de ter que cuidar da sogra. É uma mulher sensível e simples. Maternal, tenta amenizar e auxiliar a filha na mudança de casa e da rotina, apesar das inúmeras tarefas que acumula. Sofre de estresse e esgotamento por conta da carga de trabalho. Tem tendencias depressivas e chora escondida.

Dados do ator/atriz Idade

36 anos

Sexo

Feminino

Peso

57 kg

Altura

1,72 m

167


15 CONCEPÇÃO DE FIGURINO

Simples e naturalista. Assim pode ser definido o figurino de Lembranças de Maura. Para a caracterização dos personagens do filme, foi realizada uma primeira pesquisa sobre a moda da época em que se passa a história – o início dos anos 1990. A partir disto, restringimos a pesquisa para entender como construir imageticamente estes personagens, sem demarcar demais a época com penteados e calças jeans cintura alta, mas, ainda assim, dar o clima de simplicidade necessário para esta família, que se muda para o sítio de Maura, no interior do Brasil. Em seguida, definimos que todo o figurino deveria ter aspecto de uso, de vida anterior ao filme, e porque não, de puído. Optamos então por conseguir todas as peças em brechós, bazares, e, principalmente, empréstimos – o que demandou empenho e pesquisa.

15.1 Personagens Principais

15.1.1 Maura A imagem da nossa protagonista começou a ser construída a partir da associação das cores que compõem os elementos do planeta Saturno: o marrom e suas variantes. Ela é a razão pelo qual os outros três personagens se movem – em círculos – tal qual os anéis do imponente planeta. No início do curta-metragem, ela ainda possui certa autonomia sobre aquilo que tenta realizar, ainda que sua consciência esteja um tanto desordenada. Seu universo obscuro de inconsciência contrasta com as tentativas frustradas de reencontrar seu lugar no mundo. Para criar este clima, utilizaremos em sua paleta a escala de marrom – para denotar traços de sisudez – e a escala de azul; tons neutros que ajudam a recriar esse isolamento através da falta de contato humano que a doença acaba por lhe impor.

168


Figura 136. Paleta de Cores de Maura.

Os vestidos de Maura são compostos também por estampas características dos anos 1970 e 1980 – período em que ela acumulou roupas sem se desfazer de quase nada. Lembranças de um período em que ela ainda tinha liberdade de escolha. Ainda compõem o figurino de Maura: blusa de polyester estampada, saia reta creme, blusas de lã e moletom, calça gorgurão, blusa de moletom, sapatos Moleca típico de vovós, touca de tricô.

169


Figura 137. ReferĂŞncia de estampa vintage.101

Figura 138. Vestido padronagem floral tons de marrom e blusa de lĂŁ. 102

101

Imagem retirada do site: http://nikkishell.typepad.com/wardroberefashion/2009/08/1968-

mod-dress.html. Acessada em 28/06/2012. 102

Fotograma do filme Lembranças de Maura. (Bruna Lessa, 2012).

170


Figura 139. Figurino de professora de Maura. Blusa vintage azul marinho, saia reta creme e sapato azul marinho.103

Figura 140. Vestido com estampas circulares tons de azul e blusa de lã por baixo. 104

Os lampejos de consciência ficam cada vez mais distantes e a indumentária de Maura vai se transformando cada vez mais ao gosto do outro, 103

Fotograma do filme Lembranças de Maura. (Bruna Lessa, 2012).

104

Fotograma do filme Lembranças de Maura. (Bruna Lessa, 2012).

171


no caso, de sua nora. Ela perde o senso de pertencimento, algo que recupera somente na cena final, quando agradece o último cuidado que recebe da nora e morre. Sua paleta vai ficando cada vez mais neutra, sem vida. Para esta cena, escolhemos uma camisola amarelo claro. O cabelo da personagem deveria ser curto, no tradicional corte ‘Joãozinho’ – a contragosto da atriz Berta Zemel. Decidimos apenas retirar o toque moderno do seu corte, que estava um pouco mais comprido na frente em relação à nuca. Sua maquiagem era simples, apenas um pó no rosto e nada mais. Optamos também por não usar meias-calças na atriz, a fim de mostrar sua pele tal qual é. Apenas na sequência da escola, em que Maura está arrumada como professora coube a utilização desse tipo de meia no figurino.

15.1.2 Alice

Forçada a adentrar em um universo totalmente novo desde que chegou para morar com os pais na casa da avó doente, a menina de 8 anos tenta se adequar às emoções que está vivenciando nesta nova realidade. O medo e a insegurança são constantes na personalidade dessa menina. Para construí-la, optamos pela mistura de cores quentes como o amarelo e o vermelho, associado ao jeans, plush, tão comuns nos anos 90. A cor vermelha quase sempre está presente em algum detalhe do seu figurino, como na calça jeans que ela usa na sequência da escola. A barra é dobrável de algodão vermelho – na altura certa da canela para aparecer com a galocha azul, juntamente com uma camiseta polo branca de poá colorido.

172


Figura 141. Calça jeans com detalhe vermelho e galocha azul.105

A inspiração para o cabelo de Alice veio da personagem Ana do filme Cría Cuervos (1976), bem como alguns elementos clássicos do seu figurino, como modelos de suéter e cardigan.

Figura 142. Referência de cabelo do filme Cría Cuervos para a personagem Alice.106

105

Fotografia tirada na prova de figurino em julho de 2012, por Julio César Carvalho.

106

Imagem extraída do site: http://cineyrevolucion.blogspot.com.br/2010/04/cria-cuervos-1975-

de-carlos-saura.html. Acessado em 27/05/2012.

173


Figura 143. Cabelo de Alice.107

Figura 143. Referências de cores para a personagem Alice.108

107

Fotograma do filme Lembranças de Maura. (Bruna Lessa, 2012).

108

Imagens extraídas do site: http://orangeyoulucky.blogspot.com.br/2009_04_01_archive.html.

Acessado em 15/03/2012.

174


Figura 144. Paleta de cores de Alice.

Figura 145. Figurino mais invernal de Alice na paleta vermelho e azul marinho. 109

109

Fotograma do filme Lembranรงas de Maura. (Bruna Lessa, 2012).

175


Figura 146. Alice veste camisola branca, suéter de lã com detalhes em vermelho e meia de lã. 110

Compõem ainda o seu figurino: calça de plush vermelha, blusa estampada floral, meia de lã, blusas de lã com botões, vestido jardineira azul marinho, galocha vermelha, galocha azul, etc.

15.1.3 Augusto

O único personagem masculino, Augusto, era um homem simples e rústico. Prefere passar horas longe de casa a ter que enfrentar e ajudar no tratamento da mãe, e confia que essa é a tarefa quase que exclusiva de sua esposa. Por ser apático, distante e frio, é representado por cores frias, em uma camisa azul puída, calça jeans surrada e sapato de camurça bege.

110

Fotograma do filme Lembranças de Maura. (Bruna Lessa, 2012).

176


Figura 147. Paleta de cores de Augusto.

Figura 13. ReferĂŞncia do filme Destinos Cruzados (1999), de Sidney Pollack, para o figurino de Augusto.111

111

Imagem

extraĂ­da

do

site:

http://www.allmoviephoto.com/photo/harrison_ford_kristin_scott_thomas_random_hearts_003.html Acessado em: 15/05/2012.

177


Figura 148. Calça jeans surrada, camisa puída e sapato camurça. 112

15.1.4 Iolanda

Iolanda é a responsável pelos cuidados de Maura, sem tempo para si, alheia à vaidade. Optamos por não usar acessórios em seu figurino, somente a aliança. Sua paleta de cores é clássica, com calças escuras e blusas em tons pastel. O desafio esteve por conta de sua maquiagem, a fim de esconder as espinhas no rosto da atriz, sem deixar transparecer que ela está arrumada demais para quem vive em um sítio. Optamos também por amarrar os seus cabelos – naturalmente ondulados – até mesmo por conta da praticidade cotidiana que a personagem vivenciava em sua rotina doméstica.

112

Fotograma do filme Lembranças de Maura. (Bruna Lessa, 2012).

178


Figura 149. Referência do filme Setembro para a paleta de cores da personagem Iolanda.113

Figura 150. Paleta de cores pontuais para Iolanda no início do filme.

Figura 151. Paleta de tons pastel para Iolanda no decorrer do filme.

113

Imagem extraída do filme: Setembro. Direção: Woody Allen. Fotografia: Carlo di Palma.

Produção: Robert Greenhut, Charles H. Joffe, Jack Rollins, Gail Sicilia. Figurino: Jeffrey Kurland. [S.I.]: Paragon Multimedia, 1987 1 DVD (82min.) NTSC, color. Título original: September.

179


Figura 152. No início Iolanda ainda usa cores quentes. 114

Figura 153. Iolanda veste saia evasê de lã, blusa de tricô bege e chinelo de couro. 115

O resultado imagético satisfez as expectativas em relação à proposta inicial. A demanda de figurino que as cenas exigiam e o baixo orçamento para a compra ou aluguel das peças, mostrou que o empréstimo 114

Fotograma do filme Lembranças de Maura. (Bruna Lessa, 2012).

115

Fotograma do filme Lembranças de Maura. (Bruna Lessa, 2012).

180


revelou-se a nossa melhor opção – gastando-se somente com aquilo que não conseguíssemos desta forma – como, por exemplo: o tomara que caia segunda pele que a atriz Berta Zemel vestiu na cena final para cobrir a transparência da camisola molhada; as meias e galochas de Alice; a calça jeans surrada e o sapato de camurça de Augusto; as falsas alianças; entre outras peças pontuais do figurino.

15.1.5 Anexos do figurino:

Figura 154. Croqui feito por Aline H. Manera para apresentar o primeiro momento de Maura

116

116

Croqui feito em maio de 2012, por Aline H. Manera para representar o primeiro

momento do figurino de Maura.

181


Figura 155. Croqui feito por Aline H. Manera para representar o segundo momento de 117 Maura.

117

Croqui feito em maio de 2012, por Aline H. Manera para representar o segundo

momento do figurino de Maura.

182


Figura 156. Croqui feito por Aline H. Manera para a personagem Alice.

118

118

Croqui feito em maio de 2012, por Aline H. Manera para representar o figurino da

personagem Alice.

183


15.1.6 Tabela de Figurinos

Ficha de Ator/Personagem Ator/Atriz

Personagem

Berta Zemel

Idade

Altura

Peso

Maneq, nº

Pé nº

Maura

77

1,60

62

40

35/36

Alice

08

1,35

31

06/08

29/30

Mariana Senne

Iolanda

36

1,72

57

40

37

Marcos Suchara

Augusto

42

1,84

78

40

42

Catarina Jancso Chapelain

Ficha de Figurino Maura Personagem

Maura

Seq/

Código do Figurino

Cena

0 01

Vestido

Estampado

Maquiagem

Efeitos

Obs.:

Marrom Ajustes

(A001) Sapato Bege (A002)

no

vestido

conforme marcações

Blusa Azul Marinho (A003) Saia Reta Cor Off White (A004) 0 Maura

02, 04,

Mocassim Azul com Laço (A005) Aplicar ombreira na

Colar (A006)

blusa;

Relógio feminino (A007)

05

Meia Fina (A008) Bolsa pequena (A029)

Vestido Maura

Maura

Branco

Estampa

Azul

(A009)

06, 07

Sandália branca (A010)

1 11

Vestido Estampa Floral (A011)

184


Blusa de Lã com Botões Caramelo (A012) Sandália (A013)

Maura

1 12 A

Robe Floral Laranja (A014) Blusa de Lã Azul Claro (A015) Chinelo (A008)

Cardigan Tricô Azul, Vinho (A016)

Maura

1 12 B

Blusa Tricô Rosa Velho (A017) Calça de Gorgurão Grafitte (A018) Meia (A019) Sandália (A020)

Tricô com Botões Cor Tijolo (A021) Maura

1 Calça 12 C

de

Gorgurão

Caramelo

(A022) Sapato Bege (A002)

Blusa Malha Branca (A023) Blusa de Moletom

Azul Claro

(A024) Maura

1 Calça de Gorgurão Grafitte (A018) 13

Meia (A025) Chinelo no chão (A008)

Maura

Maura

1 16

17

Blusa de Lã com Botões Caramelo Dar um banho de chá

(A007)

no roupão branco.

Roupão de Linho (A026)

Pálida Pijama com botões (A027)

apática

/

Confeccionar estampa infantil.

185

com


Maura

1 19, 20

Lib / Camisola Amarela (A028)

Ficha de Figurino Alice Personagem

Seq/

Código do Figurino

Cena

Maquiagem

Efeitos

Obs:

Vestido Vermelho (B001) / Alice

0 Blusa Verde Gola Alta 01

(B002) Mocassim (B003)

0

Alice

02,

Jardineira (B004) /

03,

Blusa polo infantil babado(B005)

04,

/

05

Calça Sarja Caqui (B006)/ Blusa Lã Branca com Gola

Alice

07

Colar (B007)/ 0 Cardigan Lã Azul Claro (B008) / Camiseta Manga Comprida (por baixo) (B008) / Sapato roxo (B009)

Diminuir cintura da saia

conforme

marcação;

Alice

08, 10, 11

0 Saia Azul (B010) / Blusa Azul Marinho com flores (B011) / Galocha Vermelha (B012)

Diminuir 2

da

manga e lateral da blusa; Refazer as barras do punho marcação.

Alice

cm

1

186

conforme


12 A

Cardigan de Lã com detalhes em vermelho (B013) / Calça Sarja caqui (B006) / Mocassim (B003)

Alice

12 B

Vestido Cinza (B014)/ Colete 1 rosa com losangos (B015)/ Bota (B016)

Calça Rosa (B017) / Alice

1 Blusa 12 C

de

Manga

Cumprida

Turquesa (B018) / Sapato Roxo (B009)

Cardigan de Lã com detalhes 1 em vermelho (B013) / Alice

Alice

13,

Calça legging / Bota (B019) /

14

Meia aparecendo (B020)

15, 16

Mamadeira

Robe poá cetim verde (B021) / 1 Calça de pijama (B022)/ Camiseta de dormir (B023)/ Chinelo (B024)

Vestido Vermelho (B001) / Alice

1 Blusa Lã Branca com Gola 17

Colar (B007) /

Aniversário Maura

Sandália com laço

1 Vestido Azul Marinho / Alice

18,

Blusa Verde Lã /

19,

Blusa de algodão por baixo /

20

Sapatilha vermelha

187


Ficha de Figurino Iolanda Personagem

Seq/ Cena

Código do Figurino

Maquiagem

Efeitos

Obs.:

Vestido Listras (C001) / Iolanda

01

Sapato (C002) / Cinto (C003)

Blusa Lã Xadrez Manga Curta Bege e Iolanda

03

Marrom (C004)/ Calça Sarja Azul (C005) / Sapato Oxford (C006)

Camisa social com lavagem de efeito Iolanda

06

(C007) / Calça Xadrez Cinza Claro (C008) Tênis All Star tom escuro (C009)

Iolanda

Iolanda

Iolanda

09,

Blusa esporte Adidas (C010)

10,

Calça de Moleton (C011)/

11

Tênis Keds Colorido (C012)

13

Macacão (C013) / Tênis Keds (C012)

18,

Blusa de Lã Verde Maçã (C014) /

19, 20

Calça de Lã Verde Oliva (C015)

188


Ficha de Figurino Augusto Personagem

Seq/ Cena

Código do Figurino

Maquiagem

Efeitos

Obs.:

Camisa Manga curta Azul (D001) Augusto

01

Calça Jeans Cinza (D002) Tenis Branco Lacoste (D003)

Camisa Botões de pressão (D004) Augusto

06,

Calça Jeans Antigo (D005)

07

Blusa Lã Losangos (opção frio) (D006) Bota camurça (D007)

Camisa Jeans (D008) Calça Sarja Argila (D009) Augusto

14

Blusa Lã detalhes marrom (opção frio) (D010) Bota camurça (D011)

189


16 ANEXOS 16.1 Ordem do Dia Data: 16/07/2012

ORDEM DO DIA

– 1ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA” CENAS

01 e 02

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

CASA DA MAURA

EQUIPE

PRODUÇÃO Equipamento de

FUNÇÃO

NOME

TEL.01

HORÁRIO

Diretor

Bruna Lessa

8548-6463

05:30

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-3998

05:30

2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

8279-0029

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-7547

05:30

Tripe, Camera 5d, Grua,

. Produção Local

Luiz Lessa

05:30

Bartec

Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-4000

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

8851-9953

05:30

Dir. Arte/Cenografia

Aline Leonello

6535-1165

05:30

Dir. Arte

Silmara Faria

8364-6058

05:30

Figurino

Júlio César

2280-7490

05:30

Cenotécnico

Carmen Furlani

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

Ator

Berta Zemel

3288-4876

07:00

Ator

Catarina Jancson

7837-0956

07:00

Atores/Figurantes

Ator

Mariana Senne

07:00

Berta Zemel, Catarina

Ator

Marcos Suchara

Equipamento de luz

05:30 7111-3109

05:30

Externa, Luz Natural

05:30

9121-0726

07:00

CRONOGRAMA

Jancson, Mariana Senne, Marcos Suchara

Objetos

05:30

Chegada da Equipe na Locação

05:30-06:00

Café da Manhã

06:00-07:00

Montagem de Luz e Cenário

07:00-08:00

Preparação dos Atores ( Maquiagem e Figurino)

08:00-09:00

Ensaio com os atores

09:00-12:00

Cena 01

12:00-13:00

Almoço

PLANO

câmera

CÂMERA

MOVIMENTO

DESCRIÇÃO

190


Data: 17/07/2012

ORDEM DO DIA

– 2ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA” CENAS

03,04,05,06,07

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

CASA DA MAURA e ESCOLA ABANDONADA

EQUIPE

PRODUÇÃO

FUNÇÃO

NOME

TEL.01

HORÁRIO

Equipamento de câmera

Diretor

Bruna Lessa

8548-6463

05:30

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-3998

05:30

2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

8279-0029

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-7547

05:30

Produção Local

Luiz A.Lessa

Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-4000

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

8851-9953

05:30

Dir. Arte/Cenografia

Aline Leonello

6535-1165

05:30

Dir. Arte

Silmara Faria

8364-6058

05:30

Figurino

Júlio César

2280-7490

05:30

Cenotécnico

Carmen Furlani

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

Tripe, 5D, Grua, Bartec

05:30

05:30 7111-3109

05:30 05:30

Ator

Berta Zemel

3288-4876

07:00

Ator

Catarina Jancson

7837-0956

07:00

Ator

Mariana Senne

Atores

07:00

Berta Zemel, Catarina Jancson

CRONOGRAMA

Objetos

05:30

Chegada da Equipe na Locação

05:30-06:00

Café da Manhã

06:00-07:00

Montagem de Luz e Cenário

07:00-08:00

Preparação dos Atores ( Maquiagem e Figurino)

08:00-09:00

Ensaio com os atores

09:00-12:00

Cenas: 20

12:00-13:00

Almoço

13:00-14:00

Ensaio com os atores

14:00-17:00

Cenas: 21

CENA

CÂMERA

MOVIMENTO

20 / 01

5D

-

DESCRIÇÃO Close Alice – Pelo lado de fora da janela

191


Data: 18/07/2012

ORDEM DO DIA

– 3ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA” CENAS

08,09,10

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

CASA DA MAURA

EQUIPE FUNÇÃO

PRODUÇÃO NOME

TEL.01

HORÁRIO

Equipamento de câmera

Diretor

Bruna Lessa

8548-6463

05:30

Trilhos, 5D, Tripe,

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-3998

05:30

Steady Cam

2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

8279-0029

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-7547

05:30

Produção Local

Luiz Lessa

Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-4000

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

8851-9953

05:30

Dir. Arte/Cenografia

Aline Leonello

6535-1165

05:30

Dir. Arte/

Silmara Faria

8364-6058

05:30

Figurino

Júlio César

2280-7490

05:30

Cenotécnico

Carmen Furlani

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

05:30

05:30 7111-3109

05:30 05:30

Ator

Berta Zemel

3288-4876

07:00

Ator

Catarina Jancson

7837-0956

07:00

Atores/

Ator

Mariana Senne

07:00

Berta Zemel,

Ator

Marcos Suchara

07:00

Catarina Jancson

9121-0726

Mariana, Senne, Marcos Suchara

CRONOGRAMA

Objetos

05:30

Chegada da Equipe na Locação

05:30-06:00

Café da Manhã

06:00-07:00

Montagem de Luz e Cenário

07:00-08:00

Preparação dos Atores ( Maquiagem e Figurino)

08:00-09:00

Ensaio com os atores

09:00-12:00

Cena: 17

12:00-13:00

Almoço

13:00-14:00

Cena: 17 e 18

14:00-17:00

Cena: 18

PLANO

CÂMERA

MOVIMENTO

DESCRIÇÃO

192


17 / 01

5D

Traveling com Pan

Traveling se aproximando de Maura

17 / 02

5D

-

PG de Maura / Contra Plano

17 / 03

5D

-

Close de Maura

18 / 01

5D

Steady Cam

Segue Alice de costas ate o quarto de Maura

18/02

5D

Steady Cam

PC – as 3 juntas

18/03

5D

Steady Cam

PP – Maura, com Pan para Alice e Iolanda

18/04

5D

Steady Cam

PG da ação

18/05

5D

Steady Cam

Plano frontal

Data: 19/07/2012

ORDEM DO DIA

– 4ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA”

CENAS

14, 15 e 20

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

CASA DA MAURA

EQUIPE FUNÇÃO

PRODUÇÃO NOME

TEL.01

HORÁRIO

Equipamento

Diretor

Bruna Lessa

8548-646

05:30

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-3998

05:30

2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

8279-0029

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-7547

05:30

Produção Local

Luiz Lessa

Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-4000

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

8851-9953

05:30

Ass. Câmera

Flávia Teixeira

Dir. Arte/Cenografia

Aline Leonello

6535-1165

05:30

Dir. Arte/

Silmara Faria

8364-6058

05:30

Figurino

Júlio César

2280-7490

05:30

Cenotécnico

Carmen Furlani

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

Ator

BertaZeme

3288-4876

07:00

Ator

Catarina Jancson

7837-0956

07:00

Atores/Figurantes

Ator

Mariana Senne

07:00

Berta Zemel, Catarina

Ator

05:30

05:30

05:30 7111-3109

05:30 05:30

Jancson Mariana Senne, Marcos Suchara

193


CRONOGRAMA

Objetos

05:30

Chegada da Equipe na Locação

05:30-06:00

Café da Manhã

06:00-07:00

Montagem de Luz e Cenário

07:00-08:00

Preparação dos Atores (Maquiagem e Figurino)

08:00-09:00

Ensaio com os atores

09:00-13:00

Cena: 14

13:00-14:00

Almoço

14:00-17:30

Cena:15

18:00-19:00

Cena: 20

PLAN

CÂMERA

MOVIMENTO

DESCRIÇÃO

14/01

5D

Tripe: Pan e Tilt

Alice Entrando pela Janela

14/02

5D

Grua

Da Alice para Geral

14/03

5D

Grua

Pés Alice para porta

14/04

5D

Grua com traveling

Geral da Sala para o Banheiro

15/01

5D

Grua com traveling

Entrando pela Janela

15/02

5D

Tripe

Plano geral

15/03

5D

Tripé

PC Alice e Maura

Data: 20/07/2012

ORDEM DO DIA

– 5ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA” CENAS

3e5

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

CASA DA MAURA PRODUÇÃ

EQUIPE

O

FUNÇÃO

NOME

TEL.01

HORÁ RIO

Diretor

Bruna Lessa

8548-6463

05:30

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-3998

05:30

2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

8279-0029

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-7547

05:30

Produtor

Rodrigo Gimenez

8264-6869

05:30

1º Ass. Produção

Luiz

Augusto

05:30

Lessa

2º Ass. Produção

Talita Contipelli

Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-4000

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

8851-9953

05:30

Equipamen to de câmera

Trilhos, Tripe, Grua, Bartec

05:30

194

5D,


Ass. Câmera

Flávia Teixeira

05:30

Dir. Arte/Cenografia

Aline Leonello

6535-1165

05:30

Dir. Arte/Cenografia

Silmara Faria

8364-6058

05:30

Figurino

Júlio César

2280-7490

05:30

Cenotécnico

Carmen Furlani

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

Ator

BertaZeme

3288-4876

07:00

Catarina Jancson

7837-0956

07:00

Equipamen to de luz

05:30 7111-3109

05:30 05:30

Atores/Figu Ator

rantes Berta Zemel, Catarina Jancson

CRONOGRAMA

Objetos

05:30

Chegada da Equipe na Locação

05:30-06:00

Café da Manhã

06:00-07:00

Montagem de Luz e Cenário

07:00-08:00

Preparação dos Atores ( Maquiagem e Figurino)

08:00-09:00

Ensaio com os atores

09:00-13:00

Cena 5

13:00-14:00

Almoço

14:00-15:00

Ensaio com os atores

15:00-18:00

Cena 3

PLAN

CÂMERA

MOVIMENTO

DESCRIÇÃO

05/01

5D

Grua

05/02

5D

PD pé

05/03

5D

PM

03

5D

PG

Data: 21/07/2012

ORDEM DO DIA

– 6ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA” CENAS

9, 8, 18 e 19

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

CASA DA MAURA

EQUIPE FUNÇÃO

PRODUÇÃO NOME

TEL01

HORÁRIO

Equipamento de câmera

195


Diretor

Bruna Lessa

8548-6463

05:30

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-3998

05:30

2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

8279-0029

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-7547

05:30

Produção Local

Luiz Lessa

Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-4000

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

8851-9953

05:30

Dir. Arte/Cenografia

Aline Leonello

6535-1165

05:30

Dir. Arte

Silmara Faria

8364-6058

05:30

Figurino

Júlio César

2280-7490

05:30

Cenotécnico

Carmen Furlani

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

Ator

Berta Zemel

3288-4876

07:00

Ator

Catarina Jancson

7837-0956

07:00

Ator

Mariana Senne

Ator

Marcos Suchara

Grua, Bartec, 5D, trilhos,

05:30

tripé, 5D

05:30 7111-310

05:30 05:30

Atores

07:00 9121-0726

Berta

07:00

Zemel,

Catarina

Jancson, Marianna Senne,

Marcos

Suchara

CRONOGRAMA

Objetos

05:30

Chegada da Equipe na Locação

05:30-06:00

Café da Manhã

06:00-07:00

Montagem de Luz e Cenário

07:00-08:00

Preparação dos Atores (Maquiagem e Figurino)

08:00-09:00

Ensaio com os atores

09:00-12:00

Cena 9

12:00-13:00

Montagem de Luz e Cenário

13:00-14:00

Ensaio com os atores

14:00-17:00

Cena 8

17:00-18:00

Cena 18 e 19

PLAN

CÂMERA

Fraldas sujas, lenha

MOVIMENTO

DESCRIÇÃO

09/01

5D

Grua sobre a casa

09/02

5D

Travelling

PG lateral

09/03

5D

Travelling

PD lateral

08/01

5D

PG esquerdo

08/02

5D

PG direito

08/03

5D

Travelling Out

18/01

5D

SEQUÊNCIA

19/01

5D

PD p PG PG Alice corre pelo corredor e sai da casa PG Grua área externa

196


19/02

5D

PD fogo

19/03

5D

PD rosto de Alice

Data: 22/07/2012

ORDEM DO DIA

– 7ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA”

CENAS

23, 11, 12 e 13

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

CASA DA MAURA

EQUIPE

PRODUÇÃO

FUNÇÃO

NOME

TEL.01

HORÁRIO

Equipamento de câmera

Diretor

Bruna Lessa

8548-646

05:30

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-399

05:30

2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

8279-002

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-754

05:30

Produção Local

Luiz Lessa

Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-400

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

8851-9953

05:30

Dir. Arte/Cenografia

Aline Leonello

6535-116

05:30

Dir. Arte

Silmara Faria

8364-6058

05:30

Figurino

JúlioCés

2280-7490

05:30

Cenotécnico

Carmen Furlani

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

Ator

Berta Zemel

3288-4876

07:00

Ator

Catarina Jancson

7837-0956

07:00

Atores

Ator

Mariana Senne

07:00

Berta

05:30

Grua, Bartec,

trilhos,

tripé, 5D

05:30 7111-3109

05:30 05:30

Zemel,

Catarina Jancson, Marianna Senne

CRONOGRAMA

Objetos

05:30

Chegada da Equipe na Locação

05:30-06:00

Café da Manhã

06:00-07:00

Montagem de Luz e Cenário

de

07:00-08:00

Preparação dos Atores (Maquiagem e Figurino)

balanço, cadeira

08:00-09:00

Ensaio com os atores

da cozinha, casa

09:00-12:00

Cena: 23

cercada

12:00-13:00

Almoço

Cadeira rodas,

197


13:00-15:00

Cena 11 e 12

15:00-17:30

Cena 13

PLAN

CÂMERA

MOVIMENTO

DESCRIÇÃO

23/01

5D

PG Alice brinca na cadeira de rodas

23/02

5D

PG esquerdo

23/03

5D

PG direito

23/04

5D

PM + COBERTURAS

23/05

5D

PD cadeira de rodas

11

5D

PG Grua no balanço

12

5D

13/01

5D

PG lateral direito janela

13/02

5D

PG lateral esquerdo janela

13/03

5D

PG frontal janela

Travelling

Data: 23/07/2012

ORDEM DO DIA

PG lateral balanço

– 8ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA” CENA

3, 4, transição entre cena 1 e 2

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO EQUIPE FUNÇÃO

NOME

TEL.01

PRODUÇÃO HORÁRIO

Diretor

Bruna Lessa

8548-6463

05:30

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-3998

05:30

2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

8279-0029

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-7547

05:30

Produção Local

Luiz Lessa

Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-4000

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

8851-9953

05:30

Dir. Arte/Cenografia

AlineLeonell

6535-1165

05:30

Dir. Arte

Silmara Faria

8364-6058

05:30

Figurino

Júlio César

2280-7490

05:30

Cenotécnico

Carmen Furlani

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

Ator

BertaZeme

3288-4876

07:00

Ator

Catarina Jancson

78370956

07:00

Ator

Mariana Senne

05:30

Equi. câmera

Grua, Bartec,

trilhos,

tripé, 5D

05:30 7111-3109

05:30 05:30

Atores

07:00

Berta Zemel,

Catarina

198


Jancson, Marianna Senne

CRONOGRMA

Objetos

05:30

Chegada da Equipe na Locação

05:30-06:00

Café da Manhã

06:00-07:00

Montagem de Luz e Cenário

07:00-08:00

Preparação dos Atores ( Maquiagem e Figurino)

08:00-09:00

Ensaio com os atores

09:00-12:00

Cena: 3

12:00-13:00

Almoço

13:00-14:00

Ensaio com os atores

14:00-18:00

Cena: 4 Transição da cena 1 para a cena 2

PLANO

CÂMERA

MOVIMENTO

DESCRIÇÃO

03/01

5D

Travelling

PG lateral

04/01

5D

04/02

5D

01 e 02/01

5D

Sequência, travelling

PG lateral

01 e 02/02

5D

Sequência, travelling

PG lateral

PG Grua alto PM área externa – portão Alice com Iolanda na porta da sala

Data: 24/07/2012

ORDEM DO DIA

– 9ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA” CENA

6

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

CASA DA MAURA – Quarto Inundado

EQUIPE FUNÇÃO

PRODUÇÃO NOME

TEL.01

HORÁRIO

Equipamento de câmera

Diretor

Bruna Lessa

8548-6463

05:30

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-3998

05:30

2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

8279-0029

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-7547

05:30

Grua,

Produção Local

Luiz Lessa

05:30

tripés, Bartec

Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-4000

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

8851-9953

05:30

Dir. Arte/Cenografia

AlineLeonello

6535-1165

05:30

Dir. Arte

Silmara Faria

8364-6058

05:30

travelling,

199


Figurino

Júlio César

2280-7490

05:30

Cenotécnico

Carmen Furlani

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

Ator

Berta Zemel

3288-4876

08:00

Ator

Catarina Jancson

7837-0956

08:00

05:30 7111-3109

05:30 05:30

Atores Berta Zemel,

Catarina

Jancson,

CRONOGRAMA

Objetos

05:30

Saída da Equipe para a Locação

08:30-09:30

Café da Manhã

07:00-10:00

Montagem de Luz e Cenário

09:00-10:00

Preparação dos Atores (Maquiagem e Figurino)

10:00-10:30

Ensaio com os atores

10:30-13:30

Cena: 6

13:30-14:30

Desprodução

PLANO

CÂMERA

MOVIMENTO

Régua, bolsa

DESCRIÇÃO

06/01

travelling

06/02

sequencia

PM p PG com as duas personagens

06/03

Sequencia

PG p PM frontal Maura e Alice

06/04

sequencia

PM p PD frontal Maura e Alice

Data: 25/07/2012

ORDEM DO DIA

PM sino

– 10ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA” CENA

25

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

CASA DA MAURA – Banheiro (FINAL ABORTADO)

EQUIPE FUNÇÃO

PRODUÇÃO NOME

TEL.01

HORÁRIO

Diretor

Bruna Lessa

8548-6463

05:30

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-3998

05:30

2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

8279-0029

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-7547

05:30

Produção Local

Luiz Lessa

Equipamento de câmera

Grua,

Bartec,

Tripé, 5D

05:30

200


Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-4000

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

8851-9953

05:30

Dir. Arte/Cenografia

Aline Leonello

6535-1165

05:30

Dir. Arte/

SilmaraFari

8364-6058

05:30

Figurino

Júlio César

2280-7490

05:30

Cenotécnico

CarmenFurlan

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

Ator

Berta Zemel

3288-4876

08:00

Ator

Catarina Jancson

7837-0956

08:00

Atores

Ator

Mariana Senne

08:00

Berta

05:30 7111-3109

05:30 05:30

Zemel,

Catarina Jancson, Marianna Senne

CRONOGRAMA

Objetos

005:30

Chegada da Equipe na Locação

05:30-06:00

Café da Manhã

06:00-08:00

Montagem de Luz e Cenário

Banheira

08:00-09:00

Preparação dos Atores ( Maquiagem e Figurino)

de água quente

09:00-09:30

Ensaio com os atores

09:30-12:30

Cena: 25

PLANO

CÂMERA

MOVIMENTO

DESCRIÇÃO

25/01

5D

Grua

25/02

5D

PD Maura

25/03

5D

PM Maura e Iolanda

Data: 26/07/2012

ORDEM DO DIA

cheia

– 11ª DIARIA

FILME CURTA METRAGEM: “LEMBRANÇAS DE MAURA”

CENA

24, 02 e 22

LOCAÇÃO

Ilhota/SC

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

CASA DA MAURA – Colchão D’água (NOVO FINAL)

EQUIPE FUNÇÃO

PRODUÇÃO NOME

TEL.01

HORÁRIO

Diretor

Bruna Lessa

8548-6463

05:30

1ª Ass. Direção

Paulo Marques Jr

8472-3998

05:30

Equipamento de câmera Tripés, 5D, Sholder

201


2º Ass. Direção

Lidiana Almeida

82790029

05:30

Continuidade

Mirrah Iañez

9184-7547

05:30

Produção Local

Luiz Lessa

05:30

2º Ass. Produção

Talita Contipelli

05:30

Dir. Foto/Câmera

Cacá Bernardes

8483-4000

05:30

Dir. Foto/Câmera

José Márcio

88519953

05:30

Ass. Câmera

Flávia Teixeira

Dir. Arte/Cenografia

Aline Leonello

6535-1165

05:30

Dir. Arte

Silmara Faria

8364-6058

05:30

Figurino

Júlio César

2280-7490

05:30

Cenotécnico

Carmen Furlani

Dir. Som

Rafael Nadai

Microfonista

Elionai Dias

Ator

BertaZemel

3288-4876

08:00

Ator

Catarina Jancson

7837-0956

08:00

Ator

Mariana Senne

05:30

05:30 7111-3109

05:30 05:30

Atores

08:00 Berta

Zemel,

Catarina Jancson, Marianna Senne

CRONOGRAMA

Objetos

005:30

Chegada da Equipe na Locação

05:30-06:00

Café da Manhã

06:00-08:00

Montagem de Luz e Cenário

08:00-09:00

Preparação dos Atores (Maquiagem e Figurino)

Chão

09:00-09:30

Ensaio com os atores

colchão

09:30-12:30

Cena: 24

vazio, bolo, fralda

12:30-13:30

Almoço

na Maura

14:00-15:00

Ensaio com os Atores

14:30-16:30

Cena 02

16:30-17:30

Cena 22

PLAN

CÂMERA

MOVIMENTO

d’água

DESCRIÇÃO

24/01

5D

PG sholder

24/02

5D

PD lateral

02

5D

22/01

5D

PG

22/02

5D

PM

sequencia

alagado,

Maura e Alice – 1º encontro

202


16.2 Mapas de Luz As imagens a seguir são os mapas de luz, feitos por Cacá Bernardes, Bruna Lessa e José Márcio A. Marques para a realização do projeto.

203


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227


228


229


230


16.3 Decupagem.

LEMBRANÇAS DE MAURA BRUNA LESSA 8° TRATAMENTO JUNHO DE 2012 CENA 1 - EXT. FRENTE DA CASA DE MAURA - DIA

PLANO SEQUÊNCIA 001 001 PF –I MAGEM DAS FOLHAS DA ARVORE E CÉU, GRUA NO ALTO. CABEÇA ELETRÔNICA DA GRUA CORRIGI TILT PARA BAIXO E COMEÇA A GIRAR PAN PARA ESQUERDA. GRUA BAIXA O BRAÇO.

Um fusca estaciona em frente a casa de MAURA, uma mulher de 70 anos, com cabelo branco que observa o carro da janela do seu quarto.

001 PG - BRAÇO DA GRUA CORRIGI PARA DIREITA

001 PF - CABEÇA ELETRÔNICA INICIA MOVIMENTO DE PAN DA ESQUERDA PARA DIREITA.

AUGUSTO, um homem de aproximadamente 40 anos, filho de MAURA abre a porta do motorista e levanta o banco traseiro para que sua filha ALICE, uma menina de oito anos, desça do carro, ela carrega duas mochilas e caminha em direção à casa.

001 PG - CORPO DA GRUA COMEÇA A RECUAR NO TRAVELLING PARA TRÁS PASSANDO PELAS JANELAS DA FRENTE DA CASA.

IOLANDA, uma mulher de 35 anos esposa de Augusto e mãe de Alice, desce pelo banco de passageiros e ajuda Augusto a pegar algumas malas. 231


001 PM - CORPO DA GRUA GIRA PARA A DIREITA, CABEÇA ELETRONICA CORRIGE PAN DA DIREITA PARA FRENTE.

MAURA que observa a cena da familia caminhando em direção à casa sai da janela e vai para o interior de seu quarto esconder algumas notas de dinheiro no criado mudo.

001 PF - CORPO DA GRUA INICIA MOVIMENTO PARA FRENTE. CÂMERA ENTRA PELA JANELA DO QUARTO DA MENINA.

CENA 2 - INT. QUARTO DE ALICE -DIA

001 PF - CORPO DA GRUA INICIA MOVIMENTO PARA FRENTE. CÂMERA ENTRA PELA JANELA DO QUARTO DA MENINA.

ALICE entra em seu novo quarto, caminha até a janela e observa a paisagem, volta até a porta onde deixou suas mochilas.

002 PP - CAM EM TILT SOBRE O ROSTO DE ALICE GIRA SENTIDO ANTIHORÁRIO EM 180°, ACOMPANHANDO O MOVIMENTO DO ROSTO.

IOLANDA entra no quarto

003 PG - QUARTO DA PORTA PARA JANELA

IOLANDA coloca uma mala sobre a cama de Alice. IOLANDA sai do quarto. ALICE senta na cama observa o quarto.

004 PM - CAM EM ALICE SENTADA SOBRE A CAMA

ALICE senta na cama observa o quarto. Abre sua mochila e que tira alguns brinquedos e cadernos de escola. 232


005 PD - ALICE PEGA UM URSINHO DE PELÚCIA

005 PG - QUARTO DE ALICE, CAM GIRA DA DIREITA PARA A ESQUERDA

005 PM - ALICE GUARDA O URSO

003 PG - QUARTO DA PORTA PARA JANELA

ALICE observa as fotografias do tio que estão na parede do quarto. Do interior de uma sacola tira um quadro com uma fotografia sua com alguns amigos da escola e sua professora.

006 PP - CAM NA PAREDE ONDE ALICE COLOCA A FOTOGRAFIA COM PROFUNDIDADE DE CAMPO.

ALICE coloca a foto na parede junto das outras imagens. MAURA entra no quarto.

MAURA Menina, viu se o Osvaldo já chegou?

ALICE O Vô? 007 PP – CAM EM MAURA

MAURA Falou que ele já voltava. Ia só buscar a água. Viu ele?

008 PP - CAM EM ALICE

ALICE 233


O Vô morreu Vó.

009 PG - MAURA DE COSTAS EM PRIMEIRO PLANO, ALICE SENTADA SOBRE A CAMA NO SEGUNDO PLANO

MAURA Quando?

009 PG - MAURA DE COSTAS EM PRIMEIRO PLANO, ALICE SE APROXIMA DE MAURA, CAM MOVIMENTO CIRCULAR SENTIDO HORÁRIO.

Alice pega MAURA pelo braço caminha até a porta do quarto e aponta para o centro da sala.

ALICE Colocaram o caixão dele bem ali.

009 PG - CAM COMEÇA MOVIMENTO DE ZOOM OUT

MAURA chora e anda pela casa.

MAURA Ai meu Deus o que que eu vou fazer sozinha, com toda essa gente estranha dentro da minha casa?

BLACK - LETREIRO COM O NOME DO FILME - LEMBRANÇAS DE MAURA

CENA 3 - EXT. QUINTAL - DIA

010 PLANO SEQUENCIA GRUA

010 PD - CORDA E MÃO DE ALICE GRUA INICIA MOVIMENTO DE SUBIDA 234


O10 PG - GRUA NO ALTO, CAM EM TILT ALICE JOGANDO CORDA SOBRE A ÁRVORE

ALICE tenta jogar uma corda sobre o galho de uma árvore.

O11 PG - ALICE EM PRIMEIRO PLANO, CASA EM SEGUNDO PLANO

MAURA caminha apressada em direção a estrada.

O11 PG - ALICE EM PRIMEIRO, CAM CORRIGE PARA ESQUERDA EM DIREÇÃO À RUA

ALICE Onde cê vai Vó?

012 PLANO SEQUENCIA

MAURA não responde e continua caminhando.

012 PG MAURA PASSA PELA CAM. ALICE CORRE ATÉ A CAM. CAM GIRA SENTIDO ANTI-HORÁRIO 360°

ALICE Cê vai passear? Posso ir com você Vó?

ALICE corre em direção a casa.

O11 PG - CAM CORRIGE DA DIREITA PARA ESQUERDA

ALICE Mãe! Mãe! 235


CENA 4 - EXT. ENTRADA DA COZINHA -DIA

IOLANDA vai até a porta da cozinha.

013 PG - IOLANDA DE COSTAS EM PP, ALICE SE APROXIMA DA CAM

IOLANDA Que foi Alice?

ALICE A Vó foi passear?

014 PG - ALICE DE COSTAS EM PP, IOLANDA DESCE ESCADA

IOLANDA Sua Vó tá deitada lá no quarto dela menina.

015 PG - TRAVELLING LATERAL DA CASA ACOMPANHA ALICE E IOLANDA ATÉ A PORTA DA SALA

ALICE Não, ela passou toda bonita de bolsa e tudo e saiu.

IOLANDA vê que a porta da sala esta aberta e que MAURA esta caminhando pela estrada.

016 PG -MAURA CAMINHA AO FUNDO NA ESTRADA, IOLANDA E ALICE DE COSTAS EM PP NAS LATERAIS DO QUADRO.

IOLANDA 236


Corre na estrada e manda ela voltar Alice. A mãe vai desligar o fogão e tá indo lá.

ALICE corre em direção a estrada.

CENA 5 - EXT. ESTRADA - DIA

017 PLANO SEQUÊNCIA GRUA

O17 PG - GRUA BAIXA NA ESTRADA MAURA E ALICE CAMINHAM EM SUA DIREÇÃO GRUA COMEÇA MOVIMENTO DE SUBIDA

ALICE avista MAURA, que caminha rápido pela estrada.

017 PG - GRUA NO ALTO COMEÇA DESCER, MAURA DESAPARECE NO QUADRO NO LADO DIREITO

MAURA entra em uma casa. ALICE corre em sua direção.

017 PG - GRUA EMBAIXO, CORRIGE CABEÇA ELETRÔNICA PARA ESQUERDA ALICE EM PP

ALICE Vó...! Vó...!

018 PD - CAM MINI GRUA. MÃO DE MAURA TOCA O SINO

SOM do sino da escola

018 PD -CAM SINO. GRUA MOVIMENTO HORÁRIO PASSA PELA PAREDE, ALICE ENTRA EM QUADRO

237


ALICE chega em frente a casa onde MAURA entrou. Ao lado da porta um sino velho ainda se move.

CENA 6 - INT. ESCOLA ABANDONADA - DIA

019 PG - CAM SALA DE AULA, MAURA EM FRENTE A SALA. ALICE ENTRA NO QUADRO. CAM MOVIMENTO CIRCULAR ATÉ A FRENTE DE MAURA E ALICE, QUE FICAM EM PP.

ALICE entra na casa, é uma sala de aula abandonada, suja, com uma grande lousa e algumas cadeiras velhas quebradas. MAURA está de pé em frente a sala.

ALICE Vó a gente tem que ir pra casa.

MAURA 2x4?

019 PA - ALICE ENTRA NO QUADRO. CAM MOVIMENTO CIRCULAR ATÉ A FRENTE DE MAURA E ALICE, QUE FICAM EM PP.

ALICE ... (contando no dedo) 8. Vem Vó! A gente tem que ir embora.

ALICE pega MAURA pela mão.

020 PP - CAM EM MAURA

MAURA Onde é que cê vai me levar menina? 238


021 PP - CAM ALICE

ALICE Vamos pra casa. A Mãe mandou buscar você.

020 PP -CAM EM MAURA

MAURA A Mãe ta chamando?

019 PA - CAM MOVIMENTO CIRCULAR ACOMPANHA MAURA E ALICE SAINDO DA SALA.

ALICE Tá sim. Vamos Vó.

ALICE caminha em direção da saída da escola de mãos dadas com MAURA.

CENA 7 -FRENTE ESCOLA - DIA

022 PA - GRUA MOVIMENTA DE CIMA PARA BAIXO

ALICE Você sabe a tabuada? (Silêncio) 2X3?

MAURA 6.

ALICE sorri com a brincadeira.

022 PD - ALICE E MAURA SAEM DO QUADRO. CAM MOVIMENTA ATÉ ROSA, QUE ESTÁ NO CENÁRIO 239


ALICE OFF 5x4? MAURA OFF 20. ALICE OFF Essa foi fácil! Difícil é do 8 e do 9. 9x3?

CENA 8 - INT. COZINHA - DIA

023 PD - PRATO DE MAURA, MOVIMENTO GRUA SUBINDO ATÉ CHEGAR AO PLANO MÉDIO DA COZINHA.

IOLANDA esta servindo almoço. AUGUSTO e MAURA, sentados na mesa da cozinha, comem.

MAURA para de comer, levanta e sai da cozinha em direção ao quintal.

024 PG - CAM MOVIMENTO CIRCULAR ANTI-HORÁRIO ACOMPANHA MAURA SAINDO EM DIREÇÃO À RUA.

IOLANDA Dona Maura vem almoçar.

AUGUSTO Mãe vem comer.

024 PG -CAM MOVIMENTO CIRCULAR HORÁRIO ACOMPANHA IOLANDA INDO ATÉ A MESA.

IOLANDA olha para AUGUSTO.

025 PM - IOLANDA E AUGUSTO SENTADOS NA MESA. 240


IOLANDA O que o médico disse?

AUGUSTO Agora ele acha que é uma doença que cresce o osso.

IOLANDA Existe isso?

AUGUSTO Parece que sim. Mas ainda não sabem! Pediu mais um monte de exames. Iolanda deixa eu ir senão vou chegar atrasado novamente.

AUGUSTO sai da cozinha em direção ao seu carro que está estacionado na frente de casa.

CENA 9 - EXT. QUINTAL - DIA

026 PG - ALICE PRIMEIRO PLANO BRINCA NO CHÃO, AUGUSTO SAI PELA PORTA DA COZINHA EM DIREÇÃO AO CARRO. TRAVELLING ACOMPANHA DIÁLOGO DELES.

Uma cerca alta feita com madeira foi improvisada em torno da casa.

ALICE brinca ao redor da casa com alguns brinquedos. Ao perceber que o AUGUSTO está saindo, corre na sua direção.

ALICE Pai! você faz agora?

AUGUSTO 241


Tem que comprar corda Alice.

ALICE Eu achei uma tá ali embaixo da árvore. Eu não alcanço.Por Favor!

AUGUSTO abre um portão, sai do cercado construído e passa um cadeado. Alice fica conversando com ele pela grade.

AUGUSTO A hora que eu chegar eu faço. Ajuda a mamãe, tá?

027 PP - ROSTO DE ALICE, GRUA COMEÇA MOVIMENTO DE SUBIDA. CABEÇA ELETRÔNICA CORRIGE TILT PARA BAIXO.

ALICE fica olhando pela grade AUGUSTO sair para o trabalho. MAURA caminha em torno da casa. IOLANDA caminha com um prato de comida na mão tentando fazer com que MAURA almoce.

CENA 10 - EXT. QUINTAL/BALANÇO - DIA

028 PG - ALICE DE COSTAS BRINCANDO NO BALANÇO

ALICE brinca em um balanço feito na árvore.

CENA 11 - INT. SALA - DIA

029 PG - IOLANDA ENTRA NA SALA

IOLANDA bate com força na porta do banheiro.

IOLANDA 242


Dona Maura! Dona Maura! Responde!

IOLANDA tenta observar por debaixo da porta.

IOLANDA Dona Maura! A senhora ta bem? Fala comigo!

IOLANDA vai até a cozinha e pega uma cadeira, corre em direção ao quintal.

IOLANDA Alice! Alice!

CENA 12 -EXT. QUINTAL / BALANÇO - DIA

030 PM - SOMBRA DO BALANÇO

ALICE pula do balanço e corre em direção à casa.

CENA 13 - EXT. QUINTAL / JANELA DO BANHEIRO - DIA

031 PG - IOLANDA PP. ALICE CORRE EM SUA DIREÇÃO

IOLANDA sobe na cadeira e tenta observar dentro do banheiro.

IOLANDA Dona Maura! Dona Maura, por favor fala comigo. Alice, Alice!

ALICE Que foi Mãe?

IOLANDA Tua Vó caiu no banheiro e a porta tá trancada. Vem aqui Alice. 243


ALICE Ela machucou?

032 PM - ALICE E IOLANDA, MOVIMENTO TRAVELLING PARA TRÁS.

IOLANDA Não sei! A Mãe vai passar você pela janela e você abre a porta, tá? Entendeu Alice?

ALICE Mas e se ela...

IOLANDA Cê tem que ser corajosa tá? É só entrar e abrir a porta. Ajuda a mãe filha.

ALICE é levantada POR IOLANDA até a altura da janela. ALICE passa por ela e cai dentro do banheiro.

CENA 14 - INT. BANHEIRO - DIA

033 PF - ALICE PASSA PELA JANELA

034 PM - ALICE ABRINDO A CORTINA, MOVIMENTO CAM CIMA PARA BAIXO E ZOOM IN, CABEÇA DE MAURA PP, ALICE FUNDO DO PLANO.

ALICE abre a cortina da banheira e vê MAURA caida no chão com os olhos fechados. ALICE observa ela, mas não se aproxima.

IOLANDA (V.O. DÁ PORTA DO BANHEIRO) Alice! Tá tudo bem ai? 244


035 PD - PÉS DE ALICE PASSAM AO LADO DO CORPO DE MAURA, CAM CORRIGE ATÉ ESPELHO DO BANHEIRO, MAURA ENTRA EM QUADRO E PORTA SENDO ABERTA POR ALICE.

ALICE abre a porta do banheiro e abraça IOLANDA. MAURA abre os olhos.

036 PLANO SEQUENCIA COM GRUA. INICIA EM UM PD E SE TRANSFORMA EM PG.

036 PD - MÃO DE ALICE ABRAÇA CINTURA DE IOLANDA.

IOLANDA vai até MAURA e ajuda ela a levantar.

MAURA Ai, aiai. Essa menina ai quem é que é?

IOLANDA É a Alice dona Maura, sua neta. A filha do Augusto!

MAURA Olha que coisa mais bonitinha que ela é. Vem cá que eu quero dar um beijo em você.

ALICE se aproxima lentamente. MAURA dá um beijo em seu rosto.

036 PG - GRUA MOVIMENTO DE RECUO EM TRAVELLING PARA TRÁS, ATÉ SAIR PELA JANELA, BRAÇO GRUA SOBE ATÉ O TELHADO, CABEÁ ELETRÔNICA CORRIGE MOVIMENTO DE TILT PARA BAIXO.

IOLANDA Vamos, vou trocar essa roupa e lavar a senhora. 245


CENA 15 - INT. SALA DA CASA - DIA

036 PG - GRUA SAI DO TELHADO E ENTRA PELA JANELA, CAM EM MAURA AMARRADA.

037 PD - LIVRO ONDE ESTÁ ESCRITO II ATO. MOVIMENTO DE CAM ATÉ ALICE QUE BRINCA EMBAIXO DA MESA.

ALICE brinca na sala com alguns bibelôs da casa e toalhinhas de renda das mesas. MAURA, está amarrada em uma poltrona por uma faixa em sua cintura. MAURA tenta se livrar da faixa mais é em vão seu corpo está fraco.

MAURA Menina, vem cá vem? Me ajuda aqui! Solta eu, solta.

038-PG - CAM EM FRENTE A MAURA, ALICE ENTRA EM QUADRO

ALICE caminha até a poltrona e começa a soltar a faixa.

ALICE Só vou soltar um pouquinho, tá.

MAURA Solta mais, solta tudo.

ALICE Não posso Vó.

Alice volta para sua brincadeira.

CENA 16 - INT. SALA - DIA

039 PD - ALICE PEGANDO DIPLOMA DE MAURA NA PAREDE 246


ALICE pega na parede o diploma de MAURA.

040 PG - MAURA AMARRADA NA POLTRONA, ALICE PASSA POR ELA.

MAURA, que está amarrada em uma poltrona por uma faixa em sua cintura observa a ação de ALICE. ALICE atravessa sua frente com o diploma, MAURA segura a ALICE pelo braço.

MAURA Me dá isso!

ALICE Me solta.

MAURA Daqui menina isso é meu.

ALICE consegue se soltar de Maura.

ALICE Mas agora eu vou usar.

MAURA Menina malcriada.

041 PD - MÃOS DE MAURA SEGURANDO A FAIXA.

CENA 17 - INT. SALA – DIA.

042 PD - OLHOS DE MAURA. CAM SE AFASTA EM TRAVELLING ATÉ CHEGAR A UM PG. ALICE SE APROXIMA DE MAURA. 247


MAURA, está amarrada em uma poltrona por uma faixa em sua cintura, seu olhar está perdido. ALICE caminha até ela, olhando fixamente para seus olhos. ALICE levanta a mão e passeia com ela de um lado para o outro na frente do rosto de MAURA. MAURA acompanha a mão da menina com o olho e em seguida desiste.

043 PP - MÃOS DE ALICE NO ROSTO DE MAURA.

IOLANDA Alice!

043 PP - CAM ACOMPANHA CAMINHADA DE ALICE E CORTA NA PAREDE.

ALICE interrompe sua ação e caminha em direção ao quarto de MAURA.

CENA 18 - INT. QUARTO DE MAURA - DIA

043/044 PP - SAI DA PAREDE DA SALA E ACOMPANHA CAMINHADA DE ALICE ATÉ A PORTA DO QUARTO.

045 PP - MAURA TOMANDO MAMADEIRA.

046 PM - ALICE OBSERVANDO MAURA.

MAURA está deitada na cama, IOLANDA tenta alimentá-la com uma mamadeira. MAURA não consegue comer, se engasga. ALICE sentada sobre a cama observa MAURA.

ALICE Mãe, porque que a Vó tá assim? 248


045 PP - MAURA TOMANDO MAMADEIRA.

IOLANDA Ah Alice! Depois que fica velho vira criança de novo.(silêncio) Joga essa fralda lá pra mãe e chama seu pai.

047 PG - ALICE SAINDO PELA PORTA DO QUARTO. CAM ACOMPANHA MOVIMENTO DE ALICE ATRAVESSAR A SALA.

048 PG - CAM EM GRUA PEQUENA NA COZINHA ACOMPANHA CORRIDA DE ALICE PELA SALA. GRUA GIRA SENTIDO ANTI-HORÁRIO PELA COZINHA E ACOMPANHA ALICE ATÉ SAIR EM DIREÇÃO DA RUA. GRUA SEGUE MOVIMENTO E SAI PELA JANELA.

ALICE pega a fralda com um pouco de nojo e atravessa a casa correndo com a fralda na mão.

CENA 19 - EXT. FUNDO DO QUINTAL - DIA

049 PM - ALICE CONVERSA COM AUGUSTO PELO LADO DE DENTRO DA CERCA,COSTAS E PP.

No fundo da casa existe uma fossa cheio de lixo e fraldas usadas. AUGUSTO queima o lixo que existe dentro do buraco.

ALICE Pai!? A Mãe ta te chamando...

050 PM -ALICE OBSERVA O FOGO, CAM INICIA MOVIMENTO DE CIMA PARA BAIXO, CORRIGE NO FOGO.

AUGUSTO sai. ALICE joga a fralda de MAURA no buraco e fica olhando o fogo queimar o lixo. 249


CENA 20 - INT. CASA - NOITE

051 PG - PORTA DO QUARTO DE ALICE

ALICE está deitada no seu quarto. Ouve a conversa dos pais.

IOLANDA (O.S.) Augusto! Eu tenho que ir lá visitar sim! Ela é minha mãe e precisa de mim.

052 PM - ALICE DEITADA NA CAMA

AUGUSTO (O.S.) E quem vai ficar com a mãe?

IOLANDA (O.S.) Pede pra um dos teus irmãos é só um dia.

AUGUSTO Cê sabe como é minha familia.

IOLANDA Então a Alice pode ficar com ela. Vai ser rápido.

AUGUSTO (O.S.) Acho isso de deixar a menina sozinha com ela uma loucura. Tua irmã ta cuidando da tua mãe e nem é tão grave assim.

IOLANDA (O.S.) Loucura é eu passar todos esses dias aqui sozinha. 250


051 PG - PORTA DO QUARTO DE ALICE, LUZ É APAGADA.

CENA 21 - INT. CASA - ANOITECER

052 PD - RELÓGIO. CAM RECUO EM TRAVELLING ATÉ CHEGAR EM UM PM NAS COSTAS DE ALICE, QUE OLHA O RELÓGIO.

IOLANDA (O.S.) A gente chega em casa as 6 da tarde. Vai ser rápido tá? Não abre a porta pra ninguém!

ALICE corre até a sala do caixão e olha o relógio, que marca 6:15hs.

053 PG - CAM NA SALA PRINCIPAL ACOMPANHA ALICE ATÉ CHEGAR A UM PP.

054 PP - CAM NA JANELA DE FORA PARA DENTRO, ALICE OBSERVA PELA JANELA.

ALICE corre para sala de TV, caminha até a janela da casa e obseva se os pais estão chegando. Caminha de um lado para o outro. Vai até o quarto de MAURA.

055 PM - ALICE EM PP DE COSTAS, MAURA DEITADA NA CAMA, ALICE ENTRA NO QUARTO.

ALICE Para diante da porta. Entra devagarinho no quarto e anda em direção à cama de MAURA.

056 PP - ROSTO DE ALICE. MOVIMENTO CAM DO ROSTO PARA MÃO DE ALICE. 251


ALICE Coloca a mão no coração de MAURA e se certifica de que ela está viva.

057 PM - CAMA DE MAURA E ALICE OBSERVANDO MAURA

ALICE Eles já estão chegando. Eu to aqui, não precisa ter medo.

058 - PM - GRUA PEQUENA AFASTA EM TRAVELLING E CORRIGE CABEÇA ATÉ FICAR A PINO.

ALICE sobe na cama de MAURA. Deita ao lado dela e aperta sua mão. MAURA abre os olhos.

ALICE Ta chovendo forte né?

058 PM - CAM A PINO COMEÇA A BAIXAR ATÉ CHEGAR EM UM PD DOS OLHOS DE MAURA.

Luz do farol do carro atravessa a janela.

ALICE pula da cama e espia pela janela. Seus pais chegaram.

CENA 22 - INT. QUARTO DE MAURA - DIA

059 PD - PÉS DE MAURA. CAM MOVIMENDO SOBRE O COBERTOR ATÉ FAIXA DE FELIZ ANIVERSÁRIO

MAURA deitada na cama. Colado na parede vemos um cartaz de Feliz Aniversário feito por ALICE. Algumas bexigas penduradas no porta soro. Sobre a cama, muitas bonecas sentadas. ALICE entra no quarto com uma fatia de bolo nas mãos. Enfiada no bolo uma vela acesa. 252


060 PG - CAMA COM BONECAS E ALICE

ALICE Parabéns a você nessa data querida, muitas felicidades, Muitos anos de vida! E Pra Vó nada! Tudo! Então como é que é...

061 PP - MÃO DE ALICE SEGURANDO BOLO E ROSTO DE MAURA OLHANDO.

MAURA não tem expressão alguma. Sua doença está muito avançada e suas articulações completamente dobradas.

062 PM - ALICE E MAURA.

ALICE Faz um pedido e sopra Vó!

ALICE espera MAURA soprar a vela, MAURA não se move.

ALICE Sopra!

063 PG - QUARTO DE MAURA.

MAURA olha para a fatia de bolo fecha os olhos. ALICE sopra a vela, sobe na cama e abraça MAURA.

CENA 23 - INT. SALA - DIA

064 PD - RODA DA CADEIRA DE RODAS GIRANDO.

065 PM - ALICE BRINCANDO COM A CADEIRA. 253


ALICE brinca de dirigir a cadeira de rodas de MAURA.

IOLANDA atravessa a sala em direção ao quarto de MAURA.

IOLANDA (O.S.) O Vó o que que aconteceu? Alice! Corre! Traz a cadeira pra Mãe! ALICE vai com a cadeira até o quarto.

CENA 24 - INT. QUARTO DE MAURA - DIA

066 PG - PORTA DO QUARTO, ALICE ENTRA COM A CADEIRA DE RODAS. O quarto está todo inundado com água, colchão d’água estourado sobre a cama. MAURA está toda molhada deitada sobre o colchão na cama.

ALICE Nossa! Molhou tudo.

067 - PD RODA DA CADEIRA NA ÁGUA

O68 - PD IOLANDA COLOCANDO MAURA NA CADEIRA

IOLANDA Ajuda aqui Alice.

MÃE coloca MAURA na cadeira de rodas e sai em direção ao banheiro.

069 PM - CAM COMEÇA NO ROSTO DE ALICE E VAI ATÉ UM PG DELA CAMINHANDO PELO QUARTO.

ALICE caminha pelo quarto inundado. 254


IOLANDA (O.S.) Alice!

ALICE corre em direção ao banheiro.

CENA 25 - INT. BANHEIRO - DIA

070 PD - FRONTAL DO OLHO DE MAURA 071 PM – CAM PINO SOBRE A BANHEIRA

MAURA sentada em uma banheira, IOLANDA segura ela como um bebê. ALICE se aproxima da banheira.

072 PG -ALICE NA PORTA DO BANHEIRO

MAURA Que Mãe?

MÃE Alcança a toalha pra Mãe?

073 PM - CAM AO LADO DA BANHEIRA, IOLANDA SEGURANDO MAURA.

ALICE pega a toalha e entrega para IOLANDA. MAURA olha para ALICE. MAURA olha IOLANDA e segura o braço dela.

MAURA Obrigada Querida!

074 PD - OLHOS DE MAURA 255


075 PD - OLHOS DE ALICE

076 - OLHOS DE IOLANDA

073 PM - CAM AO LADO DA BANHEIRA, IOLANDA SEGURANDO MAURA.

ALICE parada observa a ação de MAURA. MAURA dá seu último suspiro e morre!

077 - PP ROSTO DE ALICE CAM RECUA EM TRAVELLING ATÉ VIRAR PM. 078 - PG IOLANDA FECHA A CORTINA DO BANHEIRO, ALICE OBSERVA MÃE.

Ouve-se o som de aplausos. ALICE bate palmas com o olhar fixo em MAURA.

CRÉDITOS FINAIS

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16.4 Orรงamento

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17 MAKING OF

Todas as imagens a seguir foram feitas por Cacá Bernardes e José M. A. Marques, no período de janeiro a agosto de 2012.

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18 REFERÊNCIAS 18.1 Bibliográficas: AUMONT, Jacques. A Estética do Filme. Campinas, SP: Papirus, 2012. CAPELLER, Ivan. Raios e trovões: hiper-realismo e sound design no cinema contemporâneo. In: Catálogo da mostra e curso O som no cinema. Rio de Janeiro: Tela Brasilis/Caixa Cultural, 2008. B. DAVID. Epiléptico. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2007. CARROL, Lewis; Tradução: BORGES, Maria Luiza. Alice no País das Maravilhas. São Paulo: Zahar, 2008. COLE, Emily. História Ilustrada da Arquiteruta: Um estudo das edificações, desde o Egito antigo até o século XIX, passando por estilos, características e traços artísticos de cada período. São Paulo: Publifolha. 2011. ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo, Perspectiva: 2010. EISENSTEIN, Sergei. O Sentido do Filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. GOMBRICH, Ernst H. História da arte. 16. ed. São Paulo: LTC, 1999. HAGEN, Rainer; HAGEN, Rose-Marie. Goya. Los Angeles: Taschen, 2003. KANDINSKY, Wassily. Do Espiritual na Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996. KOVÁCS, Maria Júlia. Educação para a morte: temas e reflexões. 2ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. MANZANO, Luiz Adelmo. Som-Imagem no Cinema. São Paulo: Perspectiva: 2010. MASCARELLO,

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VANOYE, Francis. GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Tradução: Marina Appenzeller. Ensaio sobre análise fílmica. Campinas: Papirus. 2009. 6ª edição. RENNER, R. G. Hopper. Los Angeles: Taschen, 2001. SANTOS, Gustavo N. A prática do Som Direto: o caso do curtametragem “Rosa e Benjamin”. 2009. São Paulo. TCC (ECA). Curso Superior de Audiovisual. Universidade de São Paulo. SATRAPI, Marjane. Persépolis. Trad. Paulo Werneck. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. STANISLAVKI, Constantin. A Construção da Personagem. Rio de Janeiro: 14a ed, Civilização Brasileira, 2004. STEVENSON, N.J. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges. Cronologia da Moda: de Maria Antonieta a Alexander Mc Queen. Rio de Janeiro: Zahar. 2012. TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o Tempo. São Paulo: Martins Fontes, 2010. WAJDA, Andrzej. Um Cinema Chamado Desejo. Rio de Janeiro: Campus, 1989. XAVIER, Ismail (org.). A Experiência do Cinema. São Paulo: Graal, 2008. ZIRALDO, Alves P. Menina Nina: duas razões para não chorar. São Paulo: 1999

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O ESPELHO. Direção: Andrei Tarkovski. Fotografia: Georgi Rerberg. Produção: Erik Waisberg. [S.I.]: Continental, ano 1975. 1 DVD (101 min.) NTSC, color. Título original: Zerkalo.

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O ESPÍRITO da colmeia. Direção: Victor Erice. Fotografia: Luis Cuadrado. Produção: Elías Querejeta. [S.I.]: Lume filmes, ano 1973. 1 DVD (97 min.) NTSC, color. Título original: El espíritu de La Colmena.

REFLEXÕES de um Liquidificador. Direção: André Klotzel. Fotografia: Ulrich Burtin. Produção: André Klotzel. [S.I.]: Europa Filmes, ano 2010. 1 DVD (80 min.) NTSC color. Título original: Reflexões de um Liquidificador.

VALENTÍN. Direção: Alejandro Agresti. Fotografia: Jose Luis Cajaraville Produção: Eddy de Kroes [S.I.]: Walt Disney, ano 2002. 1 DVD (86min.) NTSC color. Título original: Valentín.

CRÍA cuervos. Direção: Carlos Saura Fotografia: Teo Escamilla Produção: Carlos Saura e Elias Querejeta. [S.I.]: Platina Filmes, ano 1976. 1 DVD (107min.) NTSC color. Título original: Cría Cuervos.

O ANO em Que Meus Pais Saíram de Férias. Direção: Cao Hamburguer. Fotografia: Adriano Goldman. Produção: Caio Gullane; Daniel Filho; Fabiano Gullane; Cao Hamburguer; Sônia Hamburguer; Débora Ivanov; Fernando Meirelles; Patrick Siaretta; Paulo Eduardo Ribeiro e Carlos Eduardo Rodrigues.

[S.I.]: Walt Disney, 2007. 1 DVD (104min.) NTSC color. Título

original: O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias.

O FABULOSO Destino de Amélie Poulain. Direção: Jean-Pierre Jeunet Fotografia: Bruno Delbonnel. Produção: Helmut Breuer; Jean-Marc Deschamps; Arne Meerkamp van Embden e Claudie Ossard. [S.I.]: Imagem Filmes, 2008 1 DVD (122min.) NTSC, color. Título original: Le fabuleux destin d'Amélie Poulain.

JULIE & JULIA. Direção: Nora Ephron. Fotografia: Stephen Goldblatt. Baseado nos livros “Julie & Julia”: Julie Powell. Produção: Nora Ephron, Eric Steel, Laurence Mark, Amy Robinson. [S.I.]: Columbia Pictures, 2009. 1 DVD (123min). NTSC, color. Título original: Julie & Julia. 265


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