Memorial Urbano - PERus - Trabalho Final de Graduação

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Pontifícia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências Exatas e Tecnologia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Campinas 2018 02 I 67 perus

Orientador Pedro Paulo de Siqueira Mainieri


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“Não só por que a gente quer, mas porque é possível” José Soró.


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I AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente à Pontifícia Universidade Católica de Campinas, pelas oportunidades que nos foram oferecidas durante esses cinco anos. Aos nossos pais, que nos apoiaram durante todo o percurso permitindo que hoje estivéssemos concluindo mais uma etapa de nossas vidas. Aos familiares e amigos por torcerem por nós e dividirem essa alegria conosco, e ao nosso querido orientador, Pedro Paulo, por ter dividido seus conhecimentos de uma forma brilhante. Obrigado por esses dois semestres de aprendizado e agradável convívio. Todos nós somos privilegiados por ter tido a oportunidade de tamanho aprendizado.

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I SUMÁRIO I Agradecimentos I Introdução I Apresentação I Localização I Análise Histórica I Crescimento Urbano I Dados Censitários I Mobilidade e Estruturação Urbana I Geomorfologia I Áreas Verdes I Rede Hídrica I Zoneamento Subdistrito de Perus I Tecidos Urbanos I Análise Sensorial I Marcos Referênciais I Equipamentos Urbanos I NESP I Propostas Urbanas I Recorte de Estudo I Setores de Estudo I Projetos Individuais

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I INTRODUÇÃO O ser humano como ser social, tem em sua natureza o agrupamento e a circulação. Ao longo do tempo e com a formação de grupos, houve a necessidade de estabelecimento de um espaço para esta aglomeração, lugar de acolhimento da comunidade. Cenário para relacionamentos interpessoais e máquina de intercâmbio, este espaço foi denominado cidade. Segundo Cacciari (2004) Grécia e Roma iniciam este trajeto, facultando dois modelos antagônicos de cidade: a pólis grega, de caráter estanque; e o modelo romano, civitas, cuja essência leva-a a abrir-se e a crescer inexoravelmente. Herdeira do modelo romano, a cidade atual se expande sem precedentes, contudo entra em conflito interno, ao deparar-se à um conjunto de condições complexas. Hoje habitamos a pós-metrópole, a cidade território, palco de uma série de situações impostas pela globalização acelerada, principalmente das atividades econômicas, que provocam a exclusão e a mobilidade de um contingente enorme de pessoas. É o caso de São Paulo. Uma cidade de grandes proporções, a mais populosa do Brasil e principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América do Sul. Seus núcleos originais são bastante consolidados e verticalizados, onde as atividades comerciais e financeiras acontecem de forma intensa, enquanto a periferia caracteriza-se como um anel isolado, onde a legislação de ocupação de solo não é respeitada, a infraestrutura é precária e a ocupação é majoritariamente de população carente. O ato de percorrer uma metrópole tão extensa, diversificada e caótica como São Paulo, implica em vencer suas barreiras. Cruzar avenidas, subir escadas, ladeiras, atravessar viadutos, transpor rios e linhas de trem fazem parte da dinâmica diária dos transeuntes paulistanos. Eixos de comunicação de grande porte, proporcionais à escala da metrópole, percorrem e transpassam todo o território, ignorando os lugares por onde atravessam. É o que ocorre em Perus, um distrito na ponta noroeste de São Paulo, que contém

características de um pequeno município, tendo um papel nitidamente intersticial, entre o centro “ativo” e outras cidades. Perus é um espaço isolado, fragmentado e excluído. Diante de suas superestruturas, advindas de uma cultura urbana extensa, como um viaduto e terminal metropolitano, o espaço torna-se solidificado, engendrado a partir da falta de planejamento, que configura uma realidade caótica, cheia de barreiras físicas e visuais. Em meio à tantos desafios pré-existentes no distrito, uma nova realidade será ali estabelecida. Perus receberá um equipamento de escala regional, o NESP (Novo Entreposto de São Paulo), substituindo o CEAGESP alocado atualmente na Vila Leopoldina. Tantas escalas urbanas inseridas em uma única localidade, resulta em uma alteração da dinâmica – previamente já considerada incoerente e conturbada. Torna-se necessário encontrar maneiras de resgatar aquilo de fundamental: as relações. O contato se transforma em elemento de valor dentro de uma sociedade que vive no intervalo entre um lugar e outro. Assim, como identificar e potencializar os pontos de que instiguem as relações, pontos de contato coerentes à escala distrital? Inicialmente, devemos nos familiarizar com o conceito de infraestrutura, como meio e estruturação. Logo, busca-se uma análise de crescimento e desenvolvimento do subdistrito de Perus, na cidade de São Paulo a partir da ótica do território. Passamos a entender a formação da cidade a partir de um olhar sobre os grandes pilares de estruturação da metrópole, dentre eles o processo de industrialização, a implantação da ferrovia e a expansão do sistema viário. E com base neste estudo, construir um plano urbanístico que vise retomar qualidades puras de um distrito, como a conexão e fluidez e pontos de encontro voltados à uma confluência de população local. “O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo” Manoel de Barros

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movimentofabricaperus.wordpress.com


I APRESENTAÇÃO O presente trabalho de graduação consiste em uma série de reflexões a respeito do exercício de produção do espaço urbano no distrito de Perus ao longo da história, atualmente classificado como um espaço excluído em relação à escala macro urbana da metrópole de São Paulo. A área em questão foi escolhida como fruto de interesse do grupo em investigar os seus potenciais de transformação e conceber projetos urbanísticos viáveis, que possam mudar a realidade do distrito. A estrutura metodológica de identificação foi feita a partir de levantamentos de dados, análises e diagnósticos urbanísticos, além de uma investigação mais minuciosa sobre questões de âmbito local, fundamentada nas sensações e vivência dos transeuntes. Perus configura-se como uma área carente, deficiente em equipamentos públicos, completamente isolada e negligenciada em relação ao resto da cidade, em termos de suporte físico e infraestrutura. Com a previsão para o recebimento do NESP (Novo Entreposto de São Paulo) em 2021 e, consequentemente, a chegada de aproximadamente 30 mil novos habitantes (40% da população atual de Perus), que ocupariam tanto Perus quanto os arredores, como Anhanguera, Jaraguá, Cajamar e Caieiras, ainda resultaria em uma mudança completa da dinâmica local. Além da chegada desses novos habitantes, a própria implantação do NESP, sem um planejamento viário e logístico, implicaria em um desgaste maior ainda da área, devido à incapacidade de suporte do sistema existente para escoamento e distribuição de cargas. Dessa forma, o projeto urbanístico visa conciliar a organização do espaço de forma a retomar qualidades do imaginário dos pedestres, pontos de encontro que remetam um senso de pertencimento, enquanto irá ordenar o funcionamento do NESP dentro daquela área.

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I LOCALIZAÇÃO

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Perus localiza-se na borda noroeste da cidade de São Paulo, no encontro da melhor rede de distribuição do país e logística do país: rodovias Bandeirantes e Anhanguera, Rodoanel Mário Covas, Linha da CPTM e o Ferroanel. Acreditamos que a implantação do NESP estar prevista para a região de Perus, se deve à sua localização estratégica, que propiciaria o escoamento ininterrupto de mercadorias entre diversas regiões do estado, sendo um ponto intermediário entre o Porto de Santos e o Aeroporto de Viracopos, conectados a partir do elo entre Bandeirantes, Rodoanel e Anchieta, que se configuram como polos de exportação e importação. Localiza-se também próxima a Anhanguera que configura o maior corredor financeiro do país, ligando as duas regiões metropolitanas mais ricas do estado: Região Metropolitana de Campinas e de São Paulo. O distrito estabelecido na porção noroeste da cidade e nas margens do Rodoanel, conecta a área aos demais pontos por onde passa a rodovia, como várias das cidades de Região Metropolitana, e consequentemente ao Aeroporto de Guarulhos e demais regiões da cidade e do estado. Outras áreas que foram ponderadas para a implementação do NESP, todas periféricas e localizadas no encontro de grandes rodovias como Rodoanel e Fernão Dias e Presidente Dutra, Ayrton Senna e Marginal Tietê.


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I ANÁLISE HISTÓRICA

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Perus, localizado na zona noroeste do Município de São Paulo, era conhecido nos tempos coloniais como “Fazenda Ajuá”, já que, por possuir uma grande cultura de cereais, era considerada uma das maiores fazendas próximas à capital. O nome adquirido nos tempos atuais possui duas versões: a primeira é sobre “Dona Maria”, que por oferecer peru como alimento aos tropeiros e boiadeiros que ali passavam, ficou conhecida como “Dona Maria dos Perus”. A segunda vem de uma tradução tupi da palavra “PI-RU” que significa “pôr-se apertado” devido a um acidente geográfico no Ribeirão Perus e um amontoado de rochas naturais por onde a água passava, em referência a topografia montanhosa da região. A história de Perus se inicia final do século XIX, antes disso o local não passava de uma vila distante da freguesia do Ó, que servia de passagem e pouso de tropas. Com o grande crescimento da produção cafeeira, chega ao local a ferrovia São Paulo-Railway. A estrada foi construída por uma empresa inglesa entre os anos de 1860 e 1867, sendo a primeira via férrea paulista, dando início ao processo de urbanização do território. A via férrea portanto permitiu a vinda de comércios e indústrias nas quais se destacaram: a Companhia Melhoramentos de São Paulo(1890), o Hospital Psiquiátrico do Juquehy e sua Fazenda (1898) e a Companhia Brasileira de Cimento Portland (1926). A partir de então, o bairro começa a ter relevância populacional e comercial e é nesse período que muitas de famílias começam a chegar ao local, começando a surgir assim, as primeiras aglomerações, principalmente próximos à ferrovia, os chamados povoados-estação.

É nessa época também que a população traz um identidade ao bairro, hoje, por exemplo pode se observar nomes de moradores em placas de rua e avenidas de bairro, devido aos novos proprietários de Perus. O interesse de estrangeiros pelo espaço, começa quando em 1914 inaugura a pequena estrada de ferro, Perus – Pirapora (EFPP) e por mais que a linha não chegasse a Pirapora, era suficiente para levar pedra de calcário de Cajamar até Perus, já que o local oferecia uma grande quantidade de calcário que servia como matéria-prima para a produção de cimento. Assim em 1926, com o crescimento de uso do cal nas edificações que eram erguidas e o acesso a ferrovia, surge a Fábrica de Cimento Portland Perus. A fábrica foi a primeira indústria do ramo no país e ao longo de quatro décadas seguintes, atendeu uma parcela do mercado que variou entre um terço e um quinto das demandas nacional e paulista, alavancando prédios, casas, indústrias, tanto na cidade de São Paulo, quanto em outros estados. O seu funcionamento fez que com as Famílias da fábrica ou mesmo da Estrada de Ferro, também se instalassem na cidade, aumentando assim as aglomerações. Posteriormente, uma Vila de operários foi construída devido ao grande contingente de trabalhadores, sendo eles de regiões próximas ou mesmo de outro país. Assim, em 21 de Setembro de 1934, Perus foi elevado a Distrito, agora com 3.504 habitantes. Para além da produção, a fábrica até hoje é o elo que interliga a história de todas essas pessoas, que naquela época se tornaram peruenses da fábrica de cimento.


Seja trabalhador ou não, todo mundo respirava, de todas as formas, cimento naquele bairro. Todo mundo vivia ao redor dessa matéria-prima, já que um saco de cimento pagava um trabalhador, que podia comprar seu arroz com feijão na vendinha. Direta ou indiretamente, todo mundo vivia ali por conta da fábrica. Em 1951 acontece uma troca de gestão e José João Abdalla torna-se sócio majoritário da indústria cimenteira. Não demorou muito para o líder ser apelidado de Mau Patrão, principalmente por gerir a fábrica de forma desleixada e imprudente. A falta de manutenção com os equipamentos, ocasionando paralisação de etapas de produção, assim como a difícil relação entre Abdalla e os empregados, foi abrindo caminho para a organização dos trabalhadores em sindicato para reivindicação dos direitos trabalhistas. Assim, surge a primeira grande greve em 1958. Os trabalhadores da fábrica recebem a notícia de um aumento salarial que só seria dado com o aumento do preço do cimento. Descontentes com essa idéia a paralização teve duração de 46 dias, com a política de ‘não violência’ (firmeza permanente no Brasil). O Sindicato dos Trabalhadores, criado em 1933, se fortaleceu nesta época ganhando a confiança dos trabalhadores. Esta força sindicalista era tão forte que resistiu inclusive durante a Ditadura Militar. Ditadura, onde o cemitério Dom Bosco, criado pela Operação Bandeirantes, utilizou para esconder os corpos dos cidadãos perseguidos. É na época da primeira greve que surgem os Queixadas, assim conhecidos os trabalhadores que reivindicavam os direitos trabalhistas na época, fazendo relação a uma espécie de

porco selvagem, remetendo à persistência do grupo. Ainda não contentes com a gestão do Mau Patrão, o grupo peruense se organiza e passa a pedir a desapropriação da fábrica, pelo não cumprimento de acordos trabalhistas estabelecidos com a gestão em 1959 e 1960. Assim, em 1969 se inicia uma segunda grande greve, a Greve do Sete Anos, que levou ao fechamento da fábrica. Em 1979 o Sitio Santa Fé, terreno de grande extensão antes propriedade de J.J Abdalla, foi adquirida pela prefeitura e transformado, numa parte como o Parque Anhanguera e em outra como o Aterro Bandeirantes. Com o passar dos anos e o aumento da população e consequentemente com o aumento da produção de lixo, não só de Perus, mas das cidades vizinhas, em pouco tempo o “lixão” teve problemas e foi desativado em 2007. O fim da emissão do pó já havia acontecido em 1980, quando a fábrica em 1986 fecha por completo, assim como a linha de trem Perus-Pirapora (1983). Estes acontecimentos anunciam o período em que Perus é convertido em bairro-dórmitório. Hoje, com os os trens da CPTM, assim como o transporte por ônibus, favorece que os moradores trabalhem na capital e retornem a Perus no fim do dia, por exemplo, ou mesmo retornem para as cidades vizinhas. Assim, hoje o espaço se configura através daqueles que viveram a época da fábrica, acompanhados de suas gerações, e aqueles que, com o dinâmico setor de serviços de transportes, participam da cidade-dormitório. Porém, esta configuração está vulnerável de ser alterada, já que em 2021 está prevista a chegada do Novo Entreposto de São Paulo, o antigo CEAGESP.

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1950 - 1974

1975 - 1985


I CRESCIMENTO URBANO

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1986 - 1997

1998 - 2002


I DADOS CENSITÁRIOS POPULAÇÃO

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A Subprefeitura de Perus possui 146.046 habitantes (censo 2010), o que equivale a 1,3% da população do município de São Paulo residindo em área equivalente a 3,8% do território paulistano. A densidade demográfica é bastante baixa, com 34,2 hab/ha, principalmente ao ser comparada com a da Região Norte, de 107,1 hab/ha e do próprio Município, de 102 hab/ha. De 2000 a 2010, a Subprefeitura apresentou um crescimento populacional de 3%, frente a 0,8% da Zona Norte e do Município. No intervalo de 40 anos, entre os anos 1980 e 2010, a população de Perus multiplicou-se por 3,5. O Censo 2010 revelou uma população jovem, quando foi levantado que uma grande parcela dos residentes na Subprefeitura são crianças, 25,7% das pessoas encontravam-se na faixa de 0 a 14 anos, com uma reduzida taxa de idosos de 6,3% (60 anos ou mais). Em comparação com a cidade, São Paulo possui 20,8% de sua população formada por crianças e 11,9% de idosos. O Índice de Desenvolvimento Humano da Subprefeitura é de 0,73, encontrando-se abaixo do índice do Município de São Paulo, de 0,805. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO A Subprefeitura de Perus apresenta baixos níveis de renda e de atividade econômica de seus residentes, com apenas 0,3% dos empregos formais do município, segundo dados levantados em 2012. O subsetor de serviços de transporte e comunicação é o que mais emprega, graças aos estabelecimentos sediados em Anhanguera, que responde por 50% dos empregos existentes. Alta parcela da população do distrito de Perus se encontra em situação de desemprego ou inativa. Em 2010, 45,3% da população da subprefeitura encontrava-se ocupada, enquanto que 5,3% estava desocupada, 33,6% inativa e, 15,8% tinham menos de 10 anos de idade.

Quando são analisados os números de empregos formais por habitante, os índices da Subprefeitura também são baixíssimos, em 2000 eram 0,03 empregos/hab e em 2010, 0,07 empregos/hab, enquanto isso, a cidade de São Paulo contava com 0,27 empregos formais por habitante em 2010 e 0,41 empregos/ hab em 2010, uma oferta quase 6 vezes maior na cidade com relação à Subprefeitura de Perus. A faixa de renda salarial predominante na Subprefeitura é a de 1,01 a 3 salários mínimos, com 72,3% da população, segundo dados levantados em 2012. 2,9% das pessoas empregadas recebem menos do que um salário mínimo, 22,7% recebem de 3,01 a 10 salários mínimos e apenas 2,1% encontram- se na faixa acima de 10 salários mínimos. ORIGEM E DESTINO Segundo a pesquisa de origem-destino realizada em 2007, a maior parcela desloca-se dentro do próprio distrito, 45% dos residentes em Anhanguera e 61% em Perus, realizam viagens internas ao próprio distrito. Em Anhanguera, o segundo destino é a Subprefeitura da Lapa (24%), seguida da Sé (7%) e somente depois, com 3% encontra-se a Subprefeitura de Perus, os outros 21% distribuem-se pelas demais subprefeituras. No Distrito de Perus, o segundo destino mais acessado depois dele próprio é a Subprefeitura da Sé com 9%, seguido pela Lapa (8%) e Pirituba, com 6%, os 16% restantes distribuem-se pelas outras subprefeituras. A pesquisa revela um número extremamente baixo de viagens de origem-destino entre os dois distritos da Subprefeitura. O principal modo de transporte utilizado pelos residentes da Subprefeitura é o coletivo, responsável por 44% do total das viagens, em seguida, aparece o modo a pé, com 36,4%, o transporte individual com 19,5% e, por último, as viagens de bicicleta, que não correspondem nem a 0,1% das viagens. Os principais sistemas de transporte coletivos que atendem à região são o trem da CPTM e o ônibus coletivo. Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010, Fundação IBGE.


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7.0 I MOBILIDADE E ESTRUTURAÇÃO URBANA

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Perus se localiza geograficamente na porção noroeste do território do município de São Paulo, sendo que politicamente compõem um dos distritos desta megalópole, estando inserido na macrorregião norte 2. Apesar de pertencer a esta grande cidade, Perus acaba sendo considerado um mundo a parte pelos seus cidadãos, os quais não se identificam com o restante do município (levando em conta que já houveram movimentos emancipatórios para o distrito) Em parte isto se justifica pelo seu isolamento geográfico, por estar inserido no meio de um cinturão verde, composto pelos Parques Anhanguera, Jaraguá e Cantareira; assim como o seu isolamento causado pela construção de grandes eixos estruturadores de mobilidade viária em parte do seu perímetro, como a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348, importante eixo de acesso ao interior do estado de São Paulo); assim como o Rodoanel Mário Covas (sistema viário de grande importância para o escoamento do fluxo de veículos que passam pela cidade de São Paulo, ligando esta região a todas as partes do Brasil); tal qual a sua proximidade com a rodovia Anhanguera (SP-330, outro grande importante eixo de acesso para o interior do estado de São Paulo). Outro eixo estruturador viário de grande relevância presente nesta área é a linha 7 da CPTM (Rubi); a qual acaba também funcionando como linha férrea de trens de carga; fazendo a ligação da estação da Luz (centro de São Paulo) até a cidade de Jundiaí, e interior do estado a dentro; tendo em seu percurso a estação de

Perus, a qual podemos perceber que na historia do distrito, foi a responsável por organizar o seu centro como ele se encontra hoje, pois foi a partir dela que esta área começou a se desenvolver, e hoje ela se encontra em um grande entroncamento ferro-rodoviário, localizando se no encontro de das duas avenidas que organizam o centro (Av. Dr. Silvio de Campos e Av. Fiorelli Peccicacco) e a linha férrea da CPTM, sendo que esta acaba por cortar o distrito de sul a norte, criando uma agressão em seu tecido urbano, o dividindo em duas “grandes áreas” (historicamente referenciadas). Uma questão bastante particular foi a construção de um grande viaduto, ligando as duas avenidas centrais, transpondo o eixo ferroviário, este se tornando uma obra de grande magnitude para o distrito, se tornando um desrespeito na paisagem. Já esta em andamento ainda a construção do trecho norte do Ferroanel, o qual irá ligar a estação de Perus até as estações de Manoel Feio e Suzano, estas duas já interligadas com o sistema ferroviário da MRS (Malha Regional Sudeste da Rede Ferroviária Federal), o qual escoa para toda a linha férrea do território nacional, mas principalmente para o Porto de Santos, importante polo nacional de importação e exportação de mercadorias. Outra rodovia que merece atenção nesta região é a Rodovia Tancredo Neves (SP-332, antiga estrada de acesso de São Paulo a Campinas), por ser o único acesso para aqueles que veem de São Paulo para os municípios de Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato e arredores, sendo que o seu inicio se da na entrada de Perus, o que acaba causando um grande fluxo viário, conturbando o transito no acesso a Perus. Assim, podemos perceber que todos estes importantes eixos de mobilidade viária urbana/regional/nacional acabam por “agredir” este território que conta com outras tantas carências urbanas. Com a implementação estratégica de um novo centro de logística (NESP – Novo Entreposto de São Paulo) no distrito de Peru; grande parte da escolha por conta do grande potencial logístico que a área apresenta; se prevê uma atração de aproximadamente 30 mil novos habitantes para este distrito, a qual irá inflar esta área já bastante carente, sendo que um dos pontos cruciais que certamente será afetado é a da mobilidade urbana, prejudicando o já carregado fluxo de veículos.


Uma das questões da transferência do Ceagesp para o Nesp é por conta do intenso fluxo de caminhões, e grandes congestionamentos que acontecem nas marginais Pinheiros e Tietê, o que ocasiona num aumento do custo logístico para os produtos vendidos no Ceagesp. Com a retirada desse grande equipamento urbano da região central da cidade de São Paulo, espera-se uma melhora no transito nestes dois grandes eixos de mobilidade; porém, este atual fluxo de caminhões irá se deslocar para as proximidades de Perus, e possivelmente afetando diretamente ainda mais o transito local, sendo um dos grandes pontos de preocupação para a implementação deste grande equipamento, ainda mais se considerando que está previsto que a sua capacidade seja de até 5 vezes ( o que multiplicaria este fluxo de caminhões).

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I GEOMORFOLOGIA

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O distrito de Perus está situado no Planalto Atlântico, na unidade geomorfológica chamada de Serrania de São Roque a qual é marcado por recorrentes processos denominados denudação, que indicam a remoção de uma superfície consequente de erosões. Com uma variação de mais de 100 metros de altura dentro de seu território, a altimetria de Perus encontra-se entre 713 e 881 metros acima do nível do mar. O relevo pode ser observado em três diferentes formas, à Leste e Sudoeste notam-se as maiores elevações com formato de serras alongadas que estão relacionadas ao maciço da Cantareira. Estendendo-se a partir desse maciço por grande parte do território está, segundo o geógrafo Aziz Ab’Saber, o mar de morros, que possui um formato arredondado e caracterizado como “meias-laranjas”. À extremo Noroeste ocorrem os morros com serras restritas de maior expressão topográfica. Por estar em uma região bastante recortada e de topografia acidentada, Perus foi se desenvolvendo de maneira desordenada. As moradias surgiram a partir das áreas mais baixas do território pela facilidade de se locomover. Conforme a mancha urbana crescia, as áreas mais altas e de maior declividade passaram a ser ocupadas. A topografia, marco natural desse espaço, foi estruturando o desenho do tecido urbano e dando identidade à área. Em consequência, a falta de planejamento adequado acarretou a construção de diversas moradias em áreas de riscos geológicos. Os principais riscos apresentados são: deslizamentos de terras, solapamentos de margens, ocorrência de solos moles e alagamentos.

Com a ocupação em áreas de declividade acentuada, o solo recebe carga extra que o deixa exposto ao intemperismo físico. Esse solo quando recebe a água da chuva cria áreas de escoamento e consequentes fendas e rachaduras que facilitam os deslizamentos de terra. O solapamento das margens ocorre com a queda ou erosão das encostas, o solo não resiste e acaba cedendo devido à sua baixa capacidade de sustentação. Solo mole é decorrente da composição do solo por argila mole ou areia argilosa fofa, não resistindo a grandes esforços e necessitando fundações mais profundas. Localizado na bacia hidrográfica do rio Juquery, o principal escoadouro natural de Perus é o córrego Ribeirão Perus, que constantemente sofre com situações de transbordamentos, alagando diversas áreas do Distrito.

I ÁREAS VERDES

Quando falamos da importância ambiental de Perus nos deparamos com uma escala que engloba muito mais que somente a cidade na qual o distrito está situado. A região da qual estamos falando está inserida em meio a um Cinturão Verde que a isola do restante da cidade. O cinturão é composto por um conjunto de áreas de preservação, entre elas: parques, reservas ambientais, chácaras e fazendas e áreas de produção agrícola. Ele objetiva melhorar o ecossistema de toda a região metropolitana de São Paulo por meio da recuperação atmosférica, filtrando o ar poluído; estabilizando o clima de maneira que as ilhas de calor sejam impedidas de avançar em direção à periferia; abrigando grande biodiversidade de espécies e protegendo o solo das áreas mais vulneráveis, para diminuir enchentes na malha urbana. Nele estão localizadas as reservas naturais da Serra da Cantareira, Parque Estadual do Jaraguá e Parque Anhanguera.


1.Serra da Cantareira A Serra da Cantareira é considerada uma das maiores florestas urbanas do mundo e está inserida em seis bacias hidrográficas, sendo elas: do rio Cabuçu de Baixo, do ribeirão Santa Inês, do ribeirão Águas Claras, do ribeirão São Pedro, do rio Baquirivu e do rio Cabuçu de Cima. Suas altitudes variam de 750 a 1200 metros acima do nível do mar. Possui cobertura vegetal de mata atlântica, e é uma região montanhosa de serras alongadas que apresenta vales, mirantes, pedreiras, represas, lagos artificiais, rios e riachos. Compondo sua fauna existem cerca de 866 espécies. Em sua flora predominam as florestas em estágio médio de regeneração contendo cerca de 678 espécies. Mapa Cinturão Verde

2. Parque Estadual do Jaraguá Tombado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é formado por cerca de 5 mil hectares de área de conservação. Sua vegetação é remanescente de Mata Atlântica e abriga em sua fauna cerca de 150 espécies de aves, além de algumas espécies de mamíferos silvestres. Com vegetação caracterizada como zona de transição, formada por savana arborizada, e floresta ombrófila densa que consiste em uma área com presença de chuvas frequentes. 3. Parque Anhanguera.

Mapa Altimetria

Maior parque do município de São Paulo, conta com 950 hectares, destes apenas 40ha estão abertos para visitação, enquanto o restante é restrito para preservação do ecossistema. Predomina em seu território o eucalipto, contudo ao longo do curso d’água é possível encontrar remanescentes de Mata Atlântica, além de campos secos e brejos, onde se nota a presença de outras 204 espécies vegetais. Com grande riqueza em sua fauna, conta com 230 espécies, das quais a maior parte são aves.

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I REDE HÍDRICA A Rede Estrutural Hídrica Ambiental de Perus é formada pelo Ribeirão Perus, Córrego Areião, Córrego Santa Fé, Rio Juquery-Pinheirinho e Córrego Itaim ou Paiol Velho. Localizado na bacia hidrográfica do rio Juquery, o principal escoadouro natural de Perus é o córrego Ribeirão Perus, que constantemente sofre com situações de transbordamentos, alagando diversas áreas do distrito. Em relação à esses problemas, do Ribeirão Perus, Córrego Areião e Córrego Santa Fé, há propostas da subprefeitura para manter a permeabilidade em suas planícies aluviais, contribuindo para a resolução dos problemas ligados às inundações;

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Já para o Rio Juquery-Pinheirinho, há propostas de impedir a ocupação de sua várzea, ter seu perímetro ampliado para montante e incluir em seu perímetro a planície aluvial do Rio Juquery-Pinheirinho e o afluente 8. Assim como para o Rio Juquery-Pinheirinho, no caso do Córrego Itaim ou Paiol Velho também há propostas de impedir a ocupação de sua várzea. Com grande abundância hídrica, há diversas áreas verdes que circundam esses córregos, rios e nascentes, havendo hoje já diversas propostas para todos eles por parte da subprefeitura de criação de parques lineares que conectem todas essas áreas, assim como as do cinturão verde existente ao redor do distrito.


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I ZONEAMENTO SUBDISTRITO DE PERUS

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Zoneamente Subdistrito de Perus


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I TECIDOS URBANOS

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A análise dos tipos de ocupação existentes na área foram realizadas a partir de observações gerais como dimensões de lotes, presença de infraestrutura, pavimentação, tamanho de edificações, etc. A partir disso, foram selecionadas algumas áreas que representam diferentes tecidos urbanos da região. De uma forma geral, pode-se observar o nítido desenvolvimento e crescimento do distrito que se deu a partir da antiga estação de trem de Perus, atual estação da CPTM. Este ponto marca também o único eixo de transposição de automóveis da linha férrea e é onde apresenta um núcleo de comércio e serviços. As moradias próximas à essa área central possui um ordenamento de forma de quadra e dimensões de lote, porém nas áreas mais distantes nota-se a ausência de infraestrutura básica, pavimentação e desenho de quadra. Apesar das diferenças entre as morfologias do tecido urbano de Perus, nota-se que é comum o intenso adensamento, causado pela urgência de morar. Essa necessidade transformou grande parte do território em edificações aglomeradas, pequenas, com condições mínimas e situadas em terrenos com alta declividade ou até mesmo em áreas de risco.


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I ANÁLISE SENSORIAL

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Os aspectos sociais de Perus são tratados como toda a periferia de São Paulo, eles são esquecidos e não possuem uma assistência social que deveriam. A falta de equipamentos tanto culturais quanto de lazer e as condições de infra estrutura afetam a vida dos seus habitantes. Deixando-os sob uma vulnerabilidade social. Cada distrito que se situa longe do centro possui características diversas, em relação a economia, condições de acesso e sua malha urbana. A realidade é mais complexa e heterogênea, as áreas genericamente denominadas “periferias” não são iguais, pois possuem características específicas e são diferentemente afetadas por certos fenômenos. No caso de Perus a sua realidade atual foi uma consequência histórica entre os trabalhadores e os queixadas da antiga fábrica de cimento, e também por outros marcos e equipamentos que desenham seu tecido urbano. Um dos equipamentos que estrutura o centro e a formação do tecido urbano, mas que ao mesmo tempo é uma barreira, é a estação com a linha da CPTM. Essa diferença entre os dois lados não é só uma questão histórica, mas acabou interferindo no contexto urbano. Desde a relação entre a dimensão de lotes até as relações humanas. A partir da visita e estudos realizados à área referente ao distrito de Perus, São Paulo, foi possível se estabelecer algumas concepções no âmbito sensorial e social, específicas desse distrito. Observa-se no bairro uma série de situações paradoxais. Por exemplo, os elementos estruturadores do bairro como o Ribeirão, Rodovias estaduais (Bandeirantes e Anhanguera, que fazem conexão norte-sul entre a capital e interior do estado), Linha Férrea da CPTM e Viaduto, concretizam conexões, porém acabam por isolar e fragmentar o espaço. Desta forma, tais elementos podem ser entendidos como articuladores, ou barreiras físicas, tangíveis ou visuais, trazendo a segregação socioespacial, fazendo com que o distrito de Perus seja compreendido como interstício urbano ou área reclusa ao resto da cidade.

Por exemplo, a transposição entre os lados Norte e Sul da Linha Férrea e feita através de uma longa e desgastante passarela de concreto. O Viaduto configura-se essencialmente como barreira visual e gera áreas residuais a sua sombra. E as Rodovias retém o bairro, tanto sua expansão, como conexão direta com o resto da cidade. Além disso, o bairro é circundado por um Cinturão Verde, com o Parque Anhanguera, a Serra da Cantareira, Pico do Jaraguá e a Floresta da Companhia Melhoramentos, que isolam mais a área. A área é marcada pela existência de elementos e características de uma metrópole agrupadas e resumidas em um pequeno espaço, como o Viaduto, Periferia, problemas de funcionalidade como mobilidade precária, Ribeirão poluído e assoreado que gera enchentes, moradores de rua, e habitações irregulares. Concomitantemente, o distrito também agrega alguns traços de cidades rurais como uma praça e via comercial principal, o verde e áreas livres ao redor do centro adensado, apesar de não existirem produções agropecuárias na região, e especialmente o espirito de comunidade e união da população. Esse vínculo entre os habitantes de Perus contribui para uma atmosfera amena, repleta de harmonia, ainda que a taxa de violência e homicídios no distrito seja muito alta, existe uma sensação de segurança. A própria comunidade busca humanizar a área, a partir de personalidade e identidade sócio territorial, contra este urbanismo segregacionista induzido por grandes corporações, que contribui para anular aquilo que deveria ser peculiar e mais característico da vida urbana: os espaços públicos de encontro e de convívio das diferentes classes sociais. Em relação a divisão do distrito em dois lados, separados pela linha da CPTM e ligada pela passarela, um dos lados é conhecido como a dos trabalhadores e o outro como dos queixadas. Situação que acabou interferindo na relação de desenvolvimento urbano. E até é possível notar essa influência, o lado dos trabalhadores sendo mais desenvolvido com maior concentração de comércio e no outro com comércios menores, mais residencial e com maior influência artística.


O Grafite, a arte urbana, mosaicos, companhias de teatro, grupos e eventos musicais, feiras ao ar-livre auxiliam na participação e inclusão social, valorização e sentimento de cidadania dos habitantes, uma concepção que não deveria ser estabelecida de maneira hierárquica e sim, igualitariamente. O espaço e um componente essencial na identificação dos cidadãos, desta forma “fazer parte” significa experiênciar vivências locais positivas, estabelecer vínculo e engajamento. A degradação urbanístico-ambiental do distrito, com escassez de infraestrutura geral, tratamento de esgotos, energia, agua limpa, coleta de lixo, calcadas e acessibilidade adequada, remetem a um ambiente subutilizado. Visualmente, Perus parece uma área de transição entra a massa urbana consolidada de São Paulo, para um ambiente de constituição mais esparsa existente no interior do estado. Os próprios moradores do bairro identificam o distrito desta forma, principalmente como “dormitório” de São Paulo, uma vez que deveria ser conectado com o resto da cidade. Muitas vezes, a situação de vulnerabilidade social é reforçada por condições das habitação inadequadas. Em muitos dos setores considerados de alta vulnerabilidade, há também uma presença expressiva de favelas ou mesmo de condições pre- cárias de infra-estrutura urbana. Essas duas características, entretanto, nem sempre aparecem juntas: os maiores percen- tuais de domicílios sem provisão de esgoto ocorrem em áreas de alta vulnerabilidade, porém são muito mais freqüentes em áreas de proteção ambiental do que em áreas de alta concentração de favelas. Em Perus mais de 30% da população reside em setores desse tipo. As tipologias habitacionais da área são majoritariamente pequenas residências, próprias de bairros de periferia, e baixo e médio nível econômico, não projetadas ou constituídas adequadamente. Porém, a partir do sentimento de comunidade e pertencimento dos moradores do bairro, observa-se um ideal forte de trazer vida e individualidade a tais construções, com investidas de baixo custo, que mudam completamente a qualidade das mesmas. Deste modo, a partir de pinturas, grafites, execução de mosaicos,

artes e elementos decorativos, as habitações e espaços de convivência da população local são repletas de personalidade, bastante singulares e próprias do distrito de Perus. Em relação a sensação física proveniente da vivência e percurso pelo bairro, Perus pode ser entendido como uma “ilha concretada” ou “ilha de calor”. Apesar das redes verdes existentes em seu entorno, as áreas centrais, adensadas, com solo impermeabilizado e pouca vegetação, aprisionam o calor e a poluição atmosférica. O espaço sofre ainda com o pó e impurezas procedentes da pedreira, aterro sanitário e escassez de limpeza pública. O distrito sofre com a extrema carência de equipamentos públicos voltados a cultura, esportes e educação frente a oferta existe na região central de São Paulo; priorização do automóvel em detrimento do pedestres e transporte público que acarreta em transito; um cenário desgastado; insuficiência de suporte para um vertiginoso crescimento populacional; áreas residuais sem definição; poluição do ar, visual e sonora. A principal luta é reconciliar a população, infraestrutura e paisagem. Qualificar o ecossistema, potencializando a vivência humana na área, de forma visual, sensível, olfativa e sonora.

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1. Aterro Bandeirantes Quem passa pela paisagem bucólica com grama verde, curvas de níveis, pequenos morros e poucas arvores, na rodovia dos Bandeirantes, não imagina que debaixo do extenso gramado de 140 hectares do Aterro Bandeirantes, estão enterradas mais de 40 milhões de toneladas de lixo. O Aterro Sanitário Bandeirantes iniciou suas atividades no início do ano 1979 e parou de receber lixo em 2007. Possui aproximadamente 100 metros de altura. A LOGA é responsável pelas atividades de vigilância, manutenção, monitoramento e destinação do chorume gerado no Aterro. O gás metano da unidade é captado por uma empresa que, por meio de contrato de concessão com a Prefeitura de São Paulo, o comercializa como crédito de carbono e também gera energia elétrica através de usina termoelétrica. Hoje a energia produzida no aterro pode abastecer uma cidade de 400 mil habitantes. 34 I 67 perus

I MARCOS REFERÊNCIAIS

Bens Tombados

Perus passa por uma intensa transformação da sua paisagem, inserido no momento da metrópole, perde suas características de bairro e se transforma em um distrito dormitório. Apresenta as características de uma periferia, onde a população vive com falta de infraestrutura, equipamentos de lazer, saúde, segurança etc.. Com uma nova forma de viver, muito mais ligada as necessidades da metrópole, deixa de lado toda sua história, restando apenas à memória dos mais velhos como forma de resgate do seu processo de formação. O bairro possui diversas marcas, objetos e locais específicos que se particularizam por manter um processo relacional circular interativo onde caracterizam os indivíduos e grupos e ao mesmo tempo são por eles caracterizados. De acordo com Silva são denominados marcos referenciais, estes locais que possuem esta propriedade de convergência espaço-temporal que é produzida conforme seja a relação e a percepção da população.

Como consequência de uma rica história, Perus possui alguns Bens tombados de grande importância, dentre eles: • Antiga companhia brasileira de cimento Portland Perus e sede atual do sindicato dos trabalhadores da indústria de cimento e gesso de São Paulo. Localizada na Rua Padre Manuel Campello, 182. CONPRESP: Res.27/92 Res.19/04 (revisão de tombamento de perus). CONDEPHAAT: Res. 05 de 19.01.87. • Casarão da Fazendinha. Situada na área que integrava a antiga companhia de cimento Portland Perus, as margens da linha férrea da Companhia Paulista de trens metropolitanos. CONPRESP: Res. 10/05. • Conjunto da Estação Ferroviária de Perus. Av. Dr. Silvio de Campos. CONDEPHAAT: Res. SC 88 de 18.10.11. • Cavas de ouro históricas do Jaraguá. Bairros morro doce e jardim Britânia. CONPRESP: Res. 21/12.


2. Cemitério Dom Bosco Localizado próximo ao Rodoanel e Av.Cantídio Sampaio, isolado, em meio a sítios e à mata do Parque Anhanguera, no bairro que dá nome ao cemitério, que se estende pela descida de um morro, entre uma estrada estreita e uma fazenda de eucaliptos. Com 254.000 m², é um dos maiores cemitérios da cidade. Lá não existem jazigos de mármore – nem mesmo túmulos de cimento. Os milhares de sepulturas são apenas montes de terra, adornados com pequenas placas de cimento, alinhadas simetricamente ao horizonte e aos desníveis que caracterizam o cemitério. Foi fundado em 1971, pelo então Prefeito Paulo Maluf, caracteriza-se por ser um cemitério muito humilde, atendendo a população carente residente na região. Construído para realizar sepultamentos de indigentes e pobres não identificados. Ficou muito conhecido por abrigar mais de 1000 sepultamentos clandestinos de desaparecidos políticos da década de 1970. 3. Estação Perus A única estação ferroviária de Perus passa a ser o ponto que marca a centralidade do distrito. Além da sua importância visual e física a estação atua como um agente estruturador da área. Pode-se observar que os principais pontos de meio de transportes e ruas comerciais estão em seus arredores. A estação promove um processo de significativas transformações tanto na paisagem local, cada vez mais urbana, quanto nos padrões da vida cotidiana, já que altera inclusive, a economia local. 4. Fábrica de Cimento Portland A Fábrica de Cimento é um resquício de momentos históricos que marca a formação do lugar e das características da população local. Ela firma o ritmo de vida metropolitano, as lutas e conquistas do distrito. Assim como as reconfigurações das relações de

trabalho e transformações do tempo. Hoje, apesar de totalmente abandonada e fechada para qualquer tipo de acesso, a fábrica ainda provoca na população uma identidade e procura por um resgate histórico vivido. 5. Habitação de Interesse Social Houve no bairro uma precarização do espaço, nele há a possibilidade da população que não possui outra oportunidade de moradia de se instalar em lugares de forma irregular, não tendo nenhum tipo de infraestrutura. Perus sofreu na década de 1990 um processo mais intenso de periferização com a chegada dos conjuntos habitacionais COHAB e CDHU, esse processo resulta do crescimento metropolitano que tanto expulsa população das áreas de valorização como atrai uma população vinda do campo e também de pequenas cidades, que se instalam como podem na metrópole e acabam se aglomerando nas enormes periferias. (ALMEIDA, 2011) 6. Parque Anhanguera O Parque Anhanguera é originário de uma área remanescente do Sítio Santa-Fé, uma antiga fazenda de reflorestamento adquirida pela Prefeitura em 1978. Foi inaugurado em 1979, sendo rico em ambientes, o parque possui matas ciliares, campos secos e alagados (brejos), capoeiras e uma grande quantidade de cursos d’água. É considerado como zona de amortecimento e conectividade entre o Parque Estadual do Jaraguá e o Parque Estadual da Cantareira pois tem grande importância como Corredor Ecológico e troca de fluxo gênico, pois permite a ligação e manutenção de espécies de fauna e flora dessas regiões. O Parque Anhanguera é o maior parque municipal de São Paulo, possui uma área total de 9.500.000 m², sendo 400.000 m² para visitação e o restante é restrito para preservação do ecossistema e diversidade biológica.

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7. Pedreiras

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De acordo com BACCI, D. LANDIM, P. ESTON, S. A proximidade de pedreiras de centros habitados é uma decorrência natural da forte influência do custo dos transportes no preço final do produto. Isso ocorre, principalmente, com os agregados, devido ao seu baixo valor unitário. Os fatores geológicos ligados à localização natural da jazida e ao grande volume das reservas, proporcionando longa vida útil aos empreendimentos, são fatores rígidos e imutáveis que impedem a mudança das áreas de extração. Os efeitos ambientais estão associados, de modo geral, às diversas fases de exploração dos bens minerais, como à abertura da cava, (retirada da vegetação, escavações, movimentação de terra e modificação da paisagem local), ao uso de explosivos no desmonte de rocha (sobre pressão atmosférica, vibração do terreno, ultra lançamento de fragmentos, fumos, gases, poeira, ruído), ao transporte e beneficiamento do minério (geração de poeira e ruído), afetando os meios como água, solo e ar, além da população local. “A mineração tem uma característica geológica, a rigidez da localização, que a difere de outras atividades industriais. Por ser um fator geológico, não há possibilidade de realocar a jazida, ou seja, o recurso natural presente em um determinado local com uma comunidade em seu entorno, necessitará do desenvolvimento de estudos que contemplem ambos os lados do processo, visando a qualidade ambiental. De acordo com Bacci et al (2006), a falta de planejamento urbano, juntamente com o crescimento desordenado facilitam ocupações indevidas nas proximidades das pedreiras, o que provoca o sufocamento das mesmas e gerações de conflitos” (PATRÍCIO, M. SILVA, V. RIBEIRO, V. 2013). Desde a década de 1910 a extração de calcário, abundante na região, se tornou uma atividade fabril. Hoje a região ainda possui grandes grupos de extração, como: • Pedreira Pedrix. Rodovia dos Bandeirantes, Km 30 – M. do Tico Tico - Caieiras – SP.

• Grupo Votorantim, Pedreira Engexplo. Rua Professor Walter Ribas de Andrade, 01 – Centro – Cajamar – SP. • Grupo Lafarge, Pedreira Cajamar. Estrada Flávio Beneduce, s/ nº – Centro – Cajamar – SP. • Grupo Concreto Redimix, Pedreira Anhanguera. Rodovia Anhanguera, Km 37 – Cajamar – SP. • Grupo Embu, Mineração Juruaçu. Av. Raimundo Pereira de Magalhães, Km 25,5 – Perus. • Riuma Mineração Ltda. 2886, R. Friedrich Von Voith, 2644 Jardim Sao Joao (Jaragua), São Paulo – SP. Termoverde Caieiras A Termoverde Caieiras, controlada pela Solví Valorização Energética, é a maior termelétrica movida a biogás de aterro sanitário do Brasil e uma das maiores do mundo. Com potência instalada inicial de 29,5 MW, gera energia limpa a partir dos resíduos urbanos depositados no aterro. A Termelétrica foi construída em uma área de 15.000m² e teve autorização da Aneel para iniciar a operação em julho de 2016. A média para a geração de energia deve alcançar 26 MW por hora, a mesma quantidade de energia consumida por uma cidade de 300 mil habitantes. Com o uso do metano, a usina também evita que o gás seja liberado na atmosfera e acentue o efeito estufa. A Termoverde recebe, diariamente, aproximadamente oito mil toneladas de resíduos urbanos e industriais que são levados até a Central de Tratamento e Valorização Ambiental.


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Educação De acordo com Goldemberg (1993) o Brasil apresenta, de forma agravada, algumas características próprias de países em desenvolvimento, entre as quais enorme desigualdade na distribuição da renda e imensas deficiências no sistema educacional. Esses dois problemas estão obviamente associados. Não é possível, hoje em dia, aumentar substancialmente a renda média de adultos sem instrução, nem se consegue educar adequadamente crianças cujas famílias vivem à beira da miséria. Por isso mesmo, ao se traçar uma política educacional, há de se evitar a posição simplista de que se pode resolver o problema da pobreza apenas abrindo escolas. Pobreza e ausência de escolarização são deficiências que somente poderão ser superadas se enfrentadas simultaneamente, cada uma em seu lugar próprio. 38 I 67 perus

I EQUIPAMENTOS URBANOS

Ensino Infantil

Sendo um bairro periférico Perus apresenta precariedade em relação aos equipamentos urbanos implantados. Uma vez que esses equipamentos comunitários possuem grande potencial de ordenamento urbano, utilizou-se da análise dos mesmos para a maior compreensão da atual situação do distrito. Ou seja, a implantação desses equipamen¬tos necessitam ser compreendidas, tanto em seus aspectos qualitativos como técnicos. Para isso utilizou-se o dimensionamento e raios de abrangência de equipamentos urbanos comunitários. Dentre os autores que tratam de metodolo¬gias de determinação da capacidade dos raios de abrangência e acessibilidade dos equipa¬mentos comunitários utilizou-se como base os estudos de Gouvêa (2008) que em suas pesquisas apresen¬ta requisitos de dimensionamento dos equipa¬mentos urbanos comunitários baseados no Ins¬tituto de Planejamento do Distrito Federal e em estudos desenvolvidos nas décadas de 1970, 1980 e 1990 no Governo de Distrito Federal.

Perus possui 6 escolas de ensino infantil (0 – 3 anos). De acordo com o raio de abrangência (300m) o número de equipamentos é insuficiente para a área determinada. Entretendo, quando se analisa o cálculo de necessidade de equipamentos de educação tem-se que: a demanda atual é de 144 vagas e a oferecida é de 220, ou seja, em números as escolas estão dentro da necessidade básica do distrito. Futuramente, com a chegada do NESP, o número de vagas demandada será de aproximadamente 184, número que não implica na necessidade de novos equipamentos. Vale ressaltar que quantidade não inclui qualidade. Várias escolas possuem ensino e infraestrutura de péssima categoria. EMEI Para as crianças de 4 – 5 anos existe uma carência atual de 59 vagas, uma vez que Perus não apresenta quaisquer escolas com esse caráter, essa demanda futuramente será de 76 vagas.


Ensino Fundamental O distrito apresenta 14 escolas para crianças de 6 – 14 anos. De acordo com o raio de abrangência (1500m) o número de equipamentos é suficiente para a área determinada, resultado que se confirma quando se analisa o cálculo de necessidade de equipamentos de educação, uma vez que: a demanda atual é de 996 vagas e a oferecida é de 1050, ou seja, em números as escolas estão dentro da necessidade básica do distrito. Porém com a vinda do NESP, o número de vagas demandada será de 1270, ou seja, faltará 220 vagas.

Ensino Médio

Em relação aos equipamentos para (pré) adolescentes de 15 – 17 anos, Perus conta com 4 escolas. De acordo com o raio de abrangência (3000m) o número de equipamentos é suficiente para a área determinada. Resultado que se repete quando se analisa o cálculo de necessidade de equipamentos de educação uma vez que: a demanda atual é de 576 vagas e a oferecida é de 945, ou seja, em números as escolas estão dentro da necessidade básica do distrito. Futuramente, com a chegada do NESP, o número de vagas demandada será de aproximadamente 735, número que não implica na necessidade de novos equipamentos. Ensino Superior Em relação as escolas de ensinou superior, o distrito conta com a ETEC Gildo Marçal Bezerra Brandão, a qual possui um raio de abrangência de caráter regional. A escola possui cursos de logística, contabilidade, eletrônica, automação industrial, administração, ETIM administração e ETIM automação. Lazer Reflexões e conceitos são elaborados pela comunidade bem como, projetos sociais, criação de Comunidades Artísticas, Pontos

de Cultura e a Semana do Hip Hop. Algumas leis e projetos de fomento também são implantadas, apesar de insuficientes são significativas como o CEU (Centros de Educação Integrada). O distrito possui poucas e desqualificadas áreas verdes ou espaços para quaisquer tipos de lazer. Praças e Parques O lazer cada vez mais se impõe como necessidade na vida das pessoas, assim como o trabalho. A culpa do “ócio” começa a desaparecer gradativamente e o reconhecimento do uso do tempo livre, com alegria e prazer, vai se concretizando como processo de realização humana. Nelson Marcellino (2000) conceitua o lazer como “cultura entendida no seu sentido mais amplo, vivenciada-praticada, consumida ou conhecida no tempo disponível (fora das obrigações de trabalho, da família, da religião, da política partidária), que guarda determinadas características, como a ‘livre’ adesão e o prazer, e propiciam condições de descanso, de divertimento e de desenvolvimento, tanto pessoal quanto social”. Perus possui poucas e desqualificadas praças, e se localiza próximo ao Parque Anhanguera. Cultura O distrito conta com comunidades formadas por grupos de jovens locais como o Quilombaque e com o projeto social CEU (Centro de Educação Integrada) que apesar de conter grande infraestrutura é visto pela população como um “elefante branco” por não atender as necessidades e carências locais e não condizer com a realidade da área. De acordo com o Texto VIVA PERIFERIA VIVA, produzido pelos moradores do distrito a Comunidade Cultural Quilombaque nasceu em 2005, fruto da teimosia protagonica de um grupo de jovens que decidem pegar em suas mãos a transformação do lugar onde viviam.

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Desenvolvendo como missão e objetivos o enfrentamento aos dilemas e problemas que cercam a juventude, principalmente a miséria, a violência e a ausência de perspectivas, tem na arte e na cultura a luta e garantia de acesso como um direito humano essencial e um dever do Estado. É um Quilombo Urbano formado por artistas, agentes, coletivos, grupos e organizações, ações e iniciativas socioculturais permanentes ou evento-circunstanciais, tendo como protagonistas e sujeitos da ação a proteção e desenvolvimento dos jovens. Deste modo somente assim pode existir, vir a ser, uma comunidade cultural. Saúde Assim como os bairros periféricos de grandes cidades, Perus não possui hospitais. Ele conta apenas com um posto de saúde, mas que devido à grande procura por atendimento hospitalar se torna insuficiente. 40 I 67 perus

Postos de Saúde O distrito possui apenas 4 UBS, conforme a secretaria municipal da saúde (2003). De acordo com o cálculo de necessidade de equipamento de saúde realizado, observa-se que a carência atual é de 208 leitos e com a vinda do NESP esse número passará para 265 (1,9 leitos para cada 1000 hab.). Já com a análise dos raios de abrangência (1000m) pode-se constatar uma concentração dos postos de saúde na área central de Perus. Segurança O artigo 144 da Constituição Federal define que a segurança pública é um dos deveres do Estado, constituindo um direito e responsabilidade de todos, além de ser um processo exercido para preservar a ordem pública e ao bem-estar das pessoas e do patrimônio. Ao analisarmos o ambiente urbano, a segurança pública é de responsabilidade da polícia militar e civil.

Posto Policial e Corpo de Bombeiros

Ao analisarmos a área em questão, verificamos a existência de dois postos de policiamento dentro do perímetro. Levando em consideração que o raio de abrangência de um posto de polícia é de 2000 metros e que as localizações dos postos existentes são coincidentes, concluímos que os mesmos não abrangem a totalidade da área estudada, desta forma, somos levados a crer que existe uma preocupante falta de capacidade de atuação da polícia na região, o que pode acarretar um aumento na criminalidade no local. Esportes Apesar do Esporte ser um direito fundamental para a garantia do desenvolvimento social, o distrito conta apenas com dois Clubes Desportivos Municipais (CDMs), insuficientes a partir das análises dos raios de abrangência (2000m) por não englobarem a zona sul de Perus. Destino Fábrica de Cimento Portland “A importância da Companhia fora ímpar no período que vai de 1026 a 1933, já que era a fonte principal para a matéria prima que iria alavancar prédios, casas, indústrias, tanto na cidade de São Paulo, quanto em outros estados. Se antes os moradores se restringiam a uns poucos donos de terras, agora, o bairro começava a criar, de fato, uma população. Gente de todo lugar começou a chegar a Perus. Portugueses, espanhóis, italianos, e também mineiros, nordestinos e pessoas de outros tantos interiores. Foi nessa mistura à brasileira que se traçou o perfil da população peruense. Mas para além da produção, a fábrica até hoje é o elo que interliga a história de todas essas pessoas, sejam caipiras ou italianos, nordestinos ou portugueses. Ali, todos se tornaram peruenses. Os peruenses da fábrica de cimento.


E não foi apenas o fio condutor da trajetória dessas famílias, como também o cenário de reivindicações sociais a favor de direitos trabalhistas a todos esses homens e às famílias que ali se encontravam. Toda a comunidade foi envolvida. Seja trabalhador ou não, todo mundo respirava, de todas as formas, cimento naquele bairro. Todo mundo vivia ao redor dessa matéria-prima, já que um saco de cimento pagava um trabalhador, que podia comprar seu arroz com feijão na vendinha. Direta ou indiretamente, todo mundo vivia ali por conta da fábrica. ” (Esse texto faz parte do livro-reportagem “Queixadas – por trás dos sete anos de greve”, escrito pelas jornalistas, militantes e moradores da região: Jéssica Moreira e Larissa Gould).

Desde o fechamento da Fábrica de Cimento Portland Perus na década de 80, teve início um movimento por seu tombamento, desapropriação e transformação em um Centro de Lazer, Cultura e Memória do Trabalhador, com o objetivo de resgatar uma já antiga reivindicação dos trabalhadores Queixadas. Este movimento, formado por moradores e organizações do bairro, e em respeito às imensas lutas que lá aconteceram entende que a Fábrica deve ter um destino melhor do que ruínas e esquecimento.

Atualmente, fortalecido por diversas pessoas e organizações do bairro e tantos outros lugares, reagindo a degradação e abandono que se encontra o prédio, o Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento exige a imediata desapropriação, restauração e destinação de uso para fins públicos acolhendo o Centro de Cultura e Memória do Trabalhador, uma Universidade Livre e Colaborativa, núcleos de pesquisa e desenvolvimento artístico, cultural, educacional, ambiental e de lazer para a população. Desta maneira acredita-se que o espaço tenha importância das ações educativas em museus dando possibilidade para estimular reflexões e o desenvolvimento da capacidade crítica, de forma criativa e poética. Acredita também na participação e integração dos visitantes e das comunidades nos processos museológicos, com respeito aos saberes e às experiências de vida. Assim, utilizando como metodologia a educação dialógica, as ações objetivam privilegiar o desenvolvimento de todos os indivíduos envolvidos no processo educativo, atuando para a formação de sujeitos autônomos, propositivos e críticos, com foco na mediação e construção coletiva de conhecimento a partir dos temas do Museu e das exposições em cartaz. Ou seja, o Museu desenvolvera, programas e projetos que visam atender da maneira mais ampla possível às especificidades de seus públicos.

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I NESP

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Afim de trazer melhorias para a rede logística e a cadeia de abastecimento alimentício da cidade de São Paulo, a chegada do NESP, também conhecido como o novo CEAGESP, prevista para 2021, trará uma oportunidade estratégica de desenvolvimento urbano. Já que o metabolismo urbano da cidade opera de forma disfuncional na maior parte de seu território, sendo o abastecimento e distribuição com ineficiência e desperdício, Perus, por estar localizado na melhor rede de distribuição logística e de transporte de cargas do país (rodovias Bandeirantes e Anhanguera, Rodoanel, ferrovia, o futuro Ferroanel e ainda o potencial futuro aeroporto de Caieiras) abrigará, o polo logístico na borda da cidade sendo ele completamente privado e se responsabilizando por todas as demandas públicas do seu entorno. Com a sua chegada no território, o empreendimento promete trazer a região de Perus: geração de empregos (estimativa de 30mil vagas), em consonância com a estratégia apontada no PDE de levar oportunidades de trabalho às regiões periféricas predominantemente residenciais, cooperando na redução dos movimentos pendulares (residência‐trabalho) que tanto afligem a população, especialmente a mais necessitada, não deverá haver transtornos à região: os caminhões terão acesso exclusivo pela Rodovia dos Bandeirantes e não circularão no bairro; haverá centralidades internas com todos os serviços e facilidades aos trabalhadores do NESP; promove sinergias para a vocação da região que vem se preparando recentemente para receber um grande polo logístico(p.ex.: Perus possui uma ETEC com ensino de logística).

PIU: Projeto de Intervenção Urbana O Novo Entreposto de São Paulo por estar localizado num território denominada Zonas de Ocupação Especial (ZOE), tem a necessidade de ser planejado dentro dos estudos técnicos do PIU. O Projeto de Intervenção Urbana tem a finalidade de promover o ordenamento e a reestruturação urbana em áreas subutilizadas e com potencial de transformação na cidade de São Paulo de acordo com o Marco Regulatório do Desenvolvimento Urbano Municipal. Estes estudos apresentam assim o programa de interesse público do NESP, inserido no âmbito do Termo de Referência para os Estudos, e ainda absorvendo e direcionando contribuições da sociedade advindas da Consulta Pública e da Audiência Pública realizadas, além da constante interação com técnicos da Prefeitura. Baseados no Termo de Referência para os Estudos Técnicos com relação ao diagnóstico da área objeto da intervenção feitos anteriormente, os estudos agora são divididos em 3 partes: Proposta de ordenamento urbanístico; Modelagem econômica da intervenção proposta; Definição do modelo de gestão de sua implantação. Ou seja, a elaboração do PIU é entendida como importante ferramenta, construída pelo poder público municipal através da SMDU e SPUrbanismo, para discutir e instruir a elaboração de um decreto que permitirá a definição de parâmetros para o licenciamento e implantação futuros do NESP, com suas atividades de logística, comércio e abastecimento e atividades acessórias. Pela própria lógica de elaboração de projetos de infraestrutura e de edificações, é possível se fazer um projeto que permita incorporar os elementos necessários para ‐ aí sim ‐ serem conduzidos e discutidos os estudos que endereçam estas questões. Desta forma, o PIU tem a função de elencar estes estudos futuros,


como mecanismo de complementação da concepção urbanística, necessária a um projeto desta envergadura e a sua adequada relação com a cidade. Por outro lado, a complexidade dos estudos efetuados cumpre um papel essencial na formulação das diretrizes de desenvolvimento para o futuro. No processo de ampla discussão ocorrido na elaboração deste documento – o processo de elaboração do PIU ‐, a percepção das dificuldades promove a alavancagem do sistema de participação geral e inaugura um campo institucional de debates e diálogos e de pactuação com a sociedade dos parâmetros urbanísticos para a construção coletiva de um projeto urbanístico de grande impacto na cidade. Neste estudo serão mencionadas diversas questões que impactam positivamente a inserção urbanística deste projeto na cidade e outras que endereçam mitigações de possíveis externalidades negativas, ainda que muitas destas questões só possam e devam ser devidamente definidas no futuro, pois são pontos a serem resolvidos, projetados e dimensionados no detalhamento do trabalho, ou seja, quando efetivamente se iniciarem os estudos, planos e projetos de implantação do NESP e todos os passos de análises e aprovações, inclusive os Estudos de Impacto Ambiental (EIA). Assim, os Estudos Técnicos do PIU endereçam diversas questões sensíveis à interface do NESP com a região de Perus, aponta as possibilidades de mitigação de eventuais externalidades negativas e sinaliza as oportunidades potenciais de uma desejável interface pública na transição entre o projeto e a cidade: nas áreas de destinação institucional e nas conexões com a cidade se apontam diversas possibilidades de acolhimento de equipamentos públicos de importante demanda pela população local; sugere‐se possibilidades de novos traçados viários no entorno e infraestrutura de suporte. Finalmente, deve‐se lembrar que o processo de definição do PIU não é ainda a etapa do licenciamento ou da aprovação do projeto, mas sim momento anterior a estes, configurando‐se como o pedido de autorização para início dos projetos, que ao final terão, uma vez aprovados pela Prefeitura, parâmetros urbanísticos fixados por um decreto específico do PIU‐NESP.

Programa de Intervenções Os gargalos logísticos do município de São Paulo (“Município”) são muitos, entre os quais se destacam as restrições crescentes impostas à circulação de caminhões. Isto porque, nas vias urbanas, o transporte de pessoas vem naturalmente sendo priorizado em detrimento do transporte de cargas. Este fato coloca na organização do abastecimento na Cidade a necessidade de adaptação e busca de alternativas. Visando justamente a aperfeiçoar a cadeia de suprimentos, operadores logísticos têm adotado a estratégia de armazenar a carga em centros de distribuição no entorno próximo da capital. Nestes locais, de acesso relativamente mais fácil para os fornecedores, a carga é organizada e preparada para distribuição em veículos menores, de modo a otimizar os percursos da carga no sistema viário urbano. Tal estratégia será potencializada com a finalização do Rodoanel e com o Ferroanel, que trazem a possibilidade de transpor a Cidade, sem que seja necessário atravessá‐la. Na medida em que viabilizam a circulação perimetral, também funcionam como estruturas de otimização do acesso ou saída de cargas da Cidade. Inclusive, já se verifica nos trechos implantados do Rodoanel, o estabelecimento de centros de distribuição e serviços logísticos, o que confirma a reestruturação dos fluxos de transporte de carga na Cidade. A proposta do NESP segue justamente esta lógica, no que diz respeito à cadeia de abastecimento de alimentos perecíveis no Município. Sua localização estratégica, dentro do município de São Paulo, porém além Rodoanel e antes da primeira praça de pedágio, reúne as condições para a necessária otimização da cadeia no que diz respeito ao modal rodoviário. Essa localização também oferece a possibilidade de integração intermodal, com a ferrovia, a partir da conclusão do Ferroanel. O Projeto é parte integrante de um polo logístico e comercial de grande porte denominado Polo de Abastecimento, Distribuição e Entreposto de São Paulo (“PADESP”) que, no médio

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prazo, terá uma dimensão estruturante em comércio, armazenagem e distribuição de alimentos para a Grande São Paulo e outras Cidades. Com o PADESP formado, a lógica de abastecimento da Cidade poderá contar com um recebimento centralizado de grandes volumes de cargas fora do rodoanel e antes dos pedágios da Anhanguera e Bandeirantes. Estas cargas virão por carretas oriundas do interior do estado ou de outros estados, assim como as mercadorias importadas consumidas na Grande São Paulo e movimentadas pelo Porto de Santos poderão ser trazidas diretamente para o polo via trem, para então ali serem desembaraçadas (intermodalidade rodoferroviária). Com o recebimento centralizado e a consolidação dos grandes volumes, todas essas cargas poderão ser estocadas no mesmo recinto. Posteriormente, é feito o fracionamento, transbordo e compartilhamento das cargas em VUCs (Veículos Urbanos de Carga) para entregas diretamente aos centros consumidores. Este sistema operacional será responsável por maior eficiência na cadeia de abastecimento de alimentos de São Paulo, reduzindo os danos causados pelo transporte e manuseio dos produtos, que chegarão com maior qualidade e melhor preço ao consumidor final, além de contribuir com a redução da circulação de caminhões e emissões de poluentes na Cidade.

Sistema de Operação

O NESP será composto por um conjunto de edifícios e áreas não construídas, destinados a promover a interação entre produtores, comerciantes, operadores logísticos e consumidores de produtos alimentícios. Para o devido funcionamento dos usos principais do NESP relacionados às atividades de abastecimento, logística e indústria, faz‐se necessária também a implementação de equipamentos de usos complementares (comércio e serviços) para apoio aos trabalhadores, usuários e clientes do entreposto. A escolha pela região Noroeste do Município, mais especificamente em Perus, foi feita embasada em seu uso principal de

logística, abastecimento e entreposto comercial, que necessita articular‐se principalmente com a rede rodoviária e, subsidiariamente, com o sistema ferroviário para promover um modelo de abastecimento e distribuição racional, eficiente e sustentável. A posição estratégica no eixo rodoviário Anhanguera‐ Bandeirantes, interligado por meio do Rodoanel e da Estrada de Perus, permite o acesso direto de cargas pesadas com origens diversas do interior de São Paulo e de outros estados, otimizando a relação entre produtores, distribuidores e mercado consumidor. Localizado antes dos pedágios das Rodovias Estaduais, o NESP deverá redundar em redução de custos para o consumidor final, por conta do ganho de eficiência na operação. O projeto também considera a multimodalidade, pois a Área NESP é cortada pela linha 7 Rubi da CPTM e poderá se conectar com facilidade ao futuro Ferroanel, possibilitando a instalação de um terminal rodoferroviário alfandegado, que servirá para recebimento e distribuição de mercadorias. Um dos principais impactos da multimodalidade é a otimização do transporte, permitindo fluxo mais intenso de cargas com menor impacto no tecido urbano e possibilitando uma maior redução de custos. Está previsto que o NESP conte com acessos que configurarão circuitos viários independentes. O transporte de cargas se dará por vias estruturais (Rodovia dos Bandeirantes e Estrada de Perus), segregadas do sistema viário urbano local (respeitadas as condições impostas pelos órgãos de regulação competentes). Já o tráfego de pedestres, bicicletas e veículos leves, que servirá sobretudo aos trabalhadores e clientes do NESP, se dará por um circuito independente, conectado ao sistema viário existente do bairro de Perus. O circuito viário de logística comportará o acesso das carretas e caminhões com origens diversas, que transportam grandes volumes de cargas com acesso pela Rodovia dos Bandeirantes. Com a consolidação do Ferroanel Norte projetado, o entreposto também poderá receber cargas com origem do Porto de Santos e de outros estados, pois passa a se integrar à rede ferroviária nacional, abrindo espaço para a remodelação da movimentação


de cargas de grande volume. O núcleo da Área NESP será complementado pelo Núcleo 2 de plataforma logística para estocagem, transbordo e cross‐docking de grandes volumes de cargas e de veículos pesados do sistema rodoviário Anhanguera/ Bandeirantes/ Rodoanel. A conexão entre os dois núcleos poderá se dar tanto pelo Rodoanel, quanto pela Estrada de Perus (respeitadas as condições impostas pelos órgãos de regulação competentes). O Conceito Um entreposto com esta grandeza configura‐se como uma “cidade dentro da cidade”: possui uma dimensão e funcionamento interno que se assemelha ao de um centro urbano. Pessoas locomovem‐se até ali todos os dias e, ao adentrar este espaço, trabalham, alimentam‐se, descansam, consomem e utilizam‐se de serviços cotidianos, sem precisarem sair deste grande empreendimento para atender suas necessidades diárias até o fim do expediente. É importante que se constituam espaços de usos acessórios onde estas atividades se desenvolvam, permitindo o estabelecimento de usos e relações de convivência com alguma urbanidade e que atendam os trabalhadores e clientes, e usuários, encravados em meio a uma enorme área que abriga um conjunto de atividades extremamente especializadas, relacionadas ao Entreposto: são as centralidades internas de serviços que recebem os usos complementares do NESP, conforme ser verá adiante na estratégia de ocupação (cenários). Mecanismos de financiamento e fonte de recursos Projeto privado, com riscos alocados sobre o empreendedor Trata‐se de um projeto privado, com riscos majoritariamente alocados sobre o empreendedor. A estratégia de financiamento prevê a cotização entre os vários comerciantes que atuam no segmento. A empresa poderá chegar a ter mais de 2000 sócios, já tendo obtido até o momento a adesão de aproximadamente 20% dos comerciantes que atualmente operam no setor.

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I PROPOSTAS URBANAS O projeto urbano para o território possui 3 enfrentamentos, trabalhados em 3 diferentes escalas. Primeiramente foram realizadas diretrizes ambientais, de mobilidade e transporte em uma escala maior, envolvendo todo o distrito de Perus. A partir de então, foi selecionado uma área de recorte, onde foram feitas propostas mais específicas e com um nível de desenho mais aprimorado, sendo assim trabalhado em uma escala maior. Finalmente, foi selecionado uma quadra, dentro da área de recorte, a ser detalhada como modelo de uma nova proposta urbanística.

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DIRETRIZ DE MOBILIDADE URBANA

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Com a implementação estratégica de um novo centro de logística (NESP – Novo Entreposto de São Paulo) no distrito de Perus, se prevê uma atração de aproximadamente 30 mil novos habitantes para este distrito, a qual irá inflar esta área já bastante carente, sendo que um dos pontos cruciais que certamente será afetado é a da mobilidade urbana, prejudicando o já carregado fluxo de veículos. Uma das questões da transferência do Ceagesp para o Nesp é por conta do intenso fluxo de caminhões, e grandes congestionamentos que acontecem nas marginais Pinheiros e Tietê, o que ocasiona num aumento do custo logístico para os produtos vendidos no Ceagesp. Com a retirada desse grande equipamento urbano da região central da cidade de São Paulo, espera-se uma melhora no transito nestes dois grandes eixos de mobilidade; porém, este atual fluxo de caminhões irá se deslocar para as proximidades de Perus, e possivelmente afetando diretamente ainda mais o transito local, sendo um dos grandes pontos de preocupação para a implementação deste grande equipamento, ainda mais se considerando que está previsto que a sua capacidade seja de até 5 vezes ( o que multiplicaria este fluxo de caminhões). Com estudos realizados sobre a área, assim é possível analisar as suas fragilidades e as suas potencialidades, levando em conta todos os fatores já existente e aqueles que estão por vir com a chegada do NESP, para uma melhoria da mobilidade urbana em Perus. Para a realização de um ordenamento urbanístico através de seus eixos estruturadores, um dos pontos a serem considerados são os seus eixos viários. Para Perus partiu-se da ideia de realizar uma reestruturação rodoviária, assim como em conjunto organizar as suas linhas férreas, não gerando novos atritos entre estas duas; tal qual uma melhor infraestrutura do sistema de transporte, para um melhor deslocamento da sua população, focando numa melhoria da qualidade da mobilidade urbana local.


Anel Viário de Perus Uma das primeiras primícias seria a implementação de um sistema viário circular mais na área central do distrito, junto de novas regulamentações de fluxos de mobilidade, gerando um grande cinturão viário, o que causaria uma melhor distribuição do fluxo de carros e ônibus, pois assim seria possível acessar a partir do centro com maior facilidade qualquer parte do território a partir deste, principalmente a região mais ao norte do território, que faz a divisa com o NESP. Foi levantado também a carência de um transporte público eficiente intra e inter bairro. Dessa maneira, foi proposto um corredor de ônibus, que ligasse perus com o centro de São Paulo, afim de facilitar o acesso dos moradores e melhorando consequentemente qualidade de vida de todos. Acesso NESP Para um acesso logístico direto ao NESP, pensou-se na criação de uma marginal na rodovia Bandeirantes (SP-348), esta marginal fazendo uma ligação direta ao NESP, sendo exclusiva para logística, assim evitaria que caminhões e vans de cargas passem por dentro do distrito de Perus, evitando um maior fluxo de veículos de cargas por dentro do distrito, ajudando no seu ordenamento. Os veículos de passeio acessariam através da via localizada ao oeste de Perus, a qual faz um entroncamento com a Rodovia Tancredo Neves (SP-332), evitando que aqueles passageiros que queiram acessar o NESP passem pelo centro do distrito de Perus. Estação CPTM Outra questão a ser organizada é a criação de uma nova estação da CPTM, esta que deve ser localizada mais próxima ao NESP, assim, aqueles passageiros provindos seja de Jundiaí / Caieiras, seja do centro de São Paulo, via a linha férrea da CPTM, não irão precisar desembarcar na atual estação Perus,

e ainda se locomover pelo território até poderem acessar a futura área do NESP ( o que geraria um grande fluxo de pessoas entre a estação Perus e o NESP), assim sendo, com a criação desta nova estação, os passageiros já irão desembarcar próximo aos NESP, assim como as áreas de expansão territorial propostas ao norte do território também estariam bem servidas de modais de transporte.

Ferroanel

O projeto atual do trecho norte do Ferroanel prevê a ligação da estação Perus até as estações de Manoel Feio e Suzano, porém partindo-se de Perus, a linha férrea atravessaria parte do território urbano. Considerando-se que o principal foco do Ferroanel é o de transporte de cargas, assim sendo uma linha de logística, pensou-se na transposição desta linha para fora do território urbano, passando pela direita do território, cruzando a Rodovia Tancredo Neves, e chegando até a estação de logística proposta pelo NESP, assim separando os fluxos ferroviários de passageiros e o de logística.

Perus - Pirapora Uma outra questão, que já fora discutida no passado do território, é a questão da ferrovia que liga Perus ao distrito de Pirapora. Hoje esta linha encontra-se somente em caráter turístico, sendo os seus vagões ainda antigos, sem a capacidade de funcionar em caráter de mobilidade urbana. Com uma reestruturação desta linha, assim como a sua adequação para receber passageiros que buscam um deslocamento diário, ou com uma certa frequência, seria interessante fazer esta ligação entre a linha da CPTM, através da estação Perus e o distrito de Pirapora, pois assim os moradores da região do distrito de Anhanguera, assim como do município de Cajamar poderiam ter um novo modal de transporte para acessarem tanto o distrito de Perus (pensando-se que alguns moradores deste outro distrito possam a vir a trabalhar no NESP), assim como um melhor acesso até o centro de São Paulo, o qual hoje somente é possível através de ônibus, pensando-se em transporte público.

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DIRETRIZ AMBIENTAL As diretrizes ambientas foram desenvolvidas levando em consideração a grande quantidade de áreas de preservação no território, o Aterro Bandeirantes, problemas de enchentes, inundações do Ribeirão Perus e a presença de esgoto a céu aberto. Grande parte do território de Perus é composto por áreas de preservação, tendo como exemplo 400.000m² do Parque Anhanguera. Sendo assim, muitas famílias se apropriam dessas áreas construindo suas moradias em locais desapropriados e muitas vezes perigosos, que prejudicam o meio ambiente, tendo como exemplo moradias construídas nas margens do rio.

Tendo em vista este cenário, foi criada a diretriz ambiental I: relocação das moradias em áreas de preservação/risco. Foram localizadas 302 unidades habitacionais (aprox.1.200 pessoas) ao norte do território, construídas em terrenos íngremes e propícios a desmoronamento. Estas famílias serão realocadas com segurança para zonas de habitação de interesse social próximas, ou em áreas centrais próximo à estação Perus da CPTM. A diretriz ambiental II prevê o aproveitamento energético do biogás produzido pela degradação dos resíduos existentes no Aterro Bandeirantes e convertê-los em uma forma de energia útil tais como: eletricidade, vapor e combustível veicular, principalmente para a população de Perus, através da Industria Biogás atualmente localizada no Aterro. É previsto também a implementação de uma usina de reciclagem e compostagem, que é o destino final de uma rede de pontos de reciclagem distribuído estrategicamente por todo distrito, a fim de transformar a matéria descartada em matéria prima, e o material orgânico em matéria orgânica para adubação e fertilização das áreas agrícolas de Perus. A diretriz ambiental III trata-se da implementação do projeto do Parque Linear do Ribeirão Perus (EMURB e FUPAM) que possui como objetivo principal conter o problema de enchentes na região além da conservação e recuperação das condições biofísicas locais. Propusemos a extensão do parque linear, passando a percorrer por toda a marginal do trilho da CPTM dentro de Perus e transpondo-se em áreas verdes dentro da massa consolidada urbana, criando um grande eixo estrutural verde. Assim, também tem como finalidade a conservação ou recuperação das condições biofísicas consideradas necessárias ao conforto fisiológico humano, à proteção da fauna e da flora, e à proteção do solo e do recurso hídrico. Já a diretriz ambiental IIII tem como objetivo acabar com o esgoto a céu aberto presente em alguns pontos do território de Perus. Assim, canalizar e tratar o esgoto trará melhorias na qualidade de vida e na saúde dos moradores.


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I RECORTE DE ESTUDO No projeto urbanístico para o distrito de Perus, o grupo concebeu uma área, um recorte, como principal ponto de atuação, onde boa parte das propostas seriam instauradas, uma vez que engloba pontos relevantes para a economia e que atuam diretamente nas atividades recorrentes dentro da extensão de Perus. Esta área de recorte obteve uma análise mais apurada, levantando pormenores da situação atual do distrito. Tais pontos são: O novo Parque Linear, idealizado previamente pela prefeitura de São Paulo, constituído nas margens do Ribeirão Perus, visando drenar pontos de alagamento; a porção central de Perus Ponto notável do distrito, onde estão localizados a Estação da CPTM com a Praça Inácio Dias, à sombra do Viaduto Doná Mora Guimarães, que interliga os dois lados da linha do trem, o Centro Cultural Quilombaque; e o NESP, com sua vasta extensão dentro do território de Perus, é interessante observar a incapacidade de se instalar um equipamento de tal magnitude em uma área com relevo tão acidentado. E que além desta questão, irá alterar completamente a dinâmica do distrito.

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15.1 I REALOCAÇÕES Após o estudo de tecidos urbanos, cheios e vazios, e geomorfologia do território, foram identificadas ocupações irregulares e que estão localizadas em zonas de risco. Algumas destas edificações não possuem infra-estrutura básica e apresentam sistemas construtivos precários e inviáveis para com o terreno declive que se situam. Totaliza-se aproximadamente 302 famílias realocadas para Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), que são habitações dentro do próprio distrito de Perus, e próximas às estas, até então, moradias irregulares. As ZEIS surgem no território como desenho e proposta do grupo.

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Rede de Vazios Qualificados Os vazios urbanos são entendidos como espaços não construídos, caracterizados como remanescentes urbanos ou áreas ociosas e existem por diversas razões, como alta declividade, ausência de ocupação funcional ou áreas de resíduos entre edificações. Entendemos que estes espaços são importantes “respiros” para a cidade, portanto determinamos que estes seriam mantidos como espaços urbanos qualificados, onde o principal objetivo é que a população se sinta identificada, com atividades a serem organizadas e realizadas pelos próprios moradores. Foram localizados ao longo de Perus vazios urbanos em terrenos de fácil acesso, com a intenção de criar uma rede, de modo que a distância máxima de um para outro seja de 300m, e que estes se tornem lugares onde poderão se expressar cultural e artisticamente. Assim, poderá haver uma troca de experiências e reforçar a ideia de comunidade, pertencimento e solidariedade. Florestas de Bolso

15.2 I PROPOSTAS Escadarias e Funiculares Devido à alta declividade do território de Perus, foi proposto a implementação de escadarias e funiculares intra-quadras, para vencer o disnível entre ruas de uma maneira mais acessível e eficiente. As escadarias já são presentes em Perus, porém muitas em situações precárias e inacessíveis, portanto a proposta é de revitalizar as já existentes e a construção de novas. Os funiculares são transporte sobre trilhos inclinados, formados por eixos gêmeos com cabines correspondentes, localizadas uma a cada extremo da linha que deslizam aproveitando o contrapeso mútuo, conectadas entre si por um cabo de aço.

Assim chamamos as áreas de preservação situadas nos miolos de quadras da malha consolidada de Perus. O nome resgata a metodologia criada por Ricardo Cardim, onde pequenos ou grandes espaços recebem plantas do bioma da Mata Atlântica a fim de enriquecer a biodiversidade articulada a áreas urbanizadas. Além disso, é previsto a utilização destes espaços pelos moradores das próprias quadras, visto que os fundos de suas habitações estariam diretamente conectados as “florestas de bolso”. Horta Comunitária Foi pensada para ser um espaço que proporcione inclusão social, possibilitando uma maior interação entres os moradores de Perus, e ainda servir como fonte de abastecimento de alimentos naturais e livres de agrotóxicos para a comunidade, gerando saúde e bem estar;

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15.3 I SETORES DE ESTUDO Os setores de estudo surgem da necessidade de propor um desenho urbano mais efetivo do território, possibilitando a realização de desenhos mais específicos e detalhados com o intuito de entender melhor as necessidades e demanda do local, possibilitando assim o desenvolvimento de 4 temáticas de estudo. Esses 4 casos foram definidos como “costuras” entre diferentes áreas e tecidos urbanos com o propósito de integrá-los, gerando assim novas manchas urbanas no distrito de Perus. Cada setor possui um enfrentamento urbanístico distindo de acordo com sua localização e foram denominados de: 1. 2. 3. 4.

Nesp x Parque Antiga Fábrica de Cimento Parque Antiga Fábrica de Cimento x Perus Consolidada Eixo Institucional NESP x Perus Consolidada

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1. NESP x Parque Antiga Fábrica de Cimento

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O setor identificado pela cor vermelha realiza a conexão da área verde proposta como sendo o Parque dos Queixadas; o qual se encontra a antiga fábrica de cimentos Portland do distrito de Perus; e a futura área destinada a implantação do NESP; sendo que através da análise urbana realizada, identificou-se a necessidade de uma proposta de um novo setor urbano para absorver a demanda populacional que Perus irá sofrer com toda a transformação urbana prevista nos próximos anos. O parque, por possuir a então tombada como patrimônio cultural fábrica de cimentos Portland, é uma área dotada de grande valor histórico e sentimental para a população local; assim atendendo a uma antiga demanda do povo, o da área deixar de ser uma área privada, tornando-se uma área pública para uso da população. A nova área de habitação proposta para Perus irá possuir como princípio urbano a inserção de quadras abertas com conjuntos de uso mistos, sendo prédios onde haverão comércios, serviços e habitações, pelo fato de assim sempre possuírem uma vida ativa, seja de dia com o comércio e serviços, seja de noite com as habitações, garantindo assim um sentimento de segurança para esta população. Juntos destas quadras, haverão alguns equipamentos urbanos, como um centro de esportes, uma U.P.A, uma farmácia popular, um centro de ensino, localizados no entroncamento principal da área, o qual esta inserido na via estruturante que circunda por dentro de Perus, ligando esta região até a nova estação de passageiros da CPTM de Perus, a qual irá atender ao NESP. O Nesp será um grande equipamento urbano, sendo um conjunto de distribuição alimentícia, o qual faz parte de um empreendimento maior ainda, o PADESP, que afetará toda a vida urbana atual deste distrito em estudo.


3. Eixo Institucional

2. Parque Antiga Fábrica de Cimento x Perus Consolidada O setor 01 faz a conexão do proposto parque – onde se encontra a antiga fábrica de cimento do distrito - e o território consolidado de Perus. 0 primeiro ponto de grande importância é a representatividade desse novo parque, tendo a fábrica grande valor histórico e sendo um bem tombado, caracterizando o local e sendo tida como elemento de identidade dos do distrito. O parque requalificará essa área atribuindo uso ao equipamento, assim como instalando novos equipamentos como a Vila dos Queixadas – habitação para terceira idade – remetendo à essa história; um centro de educação ambiental e um hub criativo, além das áreas para prática de esportes e áreas de convivência de caráter público. Nas quadras de seu entorno, é proposto um novo bairro, de caráter mais residencial, variando entre gabaritos baixo, 1 andar e médio, como a Escola Estadual Brigadeiro Gavião Peixoto, 3 andares e o proposto Corpo de Bombeiros de Perus, atingindo até 10m de altura. Este bairro, é limitado pela Avenida Dr. Sylvio de Campos, via estrutural do distrito que pertence ao plano urbano de mobilidade proposto pelo grupo. O Corpo de Bombeiros encontra-se em uma quadra aberta e destinada ao público, estimulando a convivência entre os moradores, o lazer e a expressão, assim como atendendo às demandas de infraestrutura e segurança necessárias no distrito. A localização privilegiada de proximidade com o centro urbano e estação da CPTM também confere importância ao setor, que deve cumprir seu papel de realizar essa costura entre dois tecidos urbanos com diferentes características de maneira menos impactante ao distrito.

O setor 03 difere dos outros encontrados pelo grupo, pelo fato de já ser um território consolidado de Perus. O primeiro ponto que chama mais atenção é a Rua Presidente Vargas que atravessa o território e que por possuir equipamentos de importância para o distrito, é o que dá nome ao setor: Institucional. Pelo percurso da Rua são encontrados, já no local, dois equipamentos associados a educação. O primeiro, de grande importância, é a Escola Técnica Gildo Marçal Bezerra Brandão que oferece cursos profissionalizantes como Administração, Contabilidade, logística e etc., sendo o único equipamento de ensino profissional a nível técnico de Perus. Ao lado, está a Escola Estadual Florestan Fernandes, que atende o ensino fundamental e ensino médio. O que também colabora com a importância do eixo institucional é o UBS Vila Caiuba sendo considerado de grande importância, já que no distrito não foi localizado nenhum hospital, sendo este equipamento o maior responsável pela saúde da população. Além disso a Rua Pres. Vargas faz parte do plano urbano de mobilidade proposto pelo grupo. Os equipamentos de educação são rodeados majoritariamente por residências, variando entre gabarito baixo, 1 andar, e alto, como por exemplo o conjunto habitacional de edifícios com 5 andares de altura. Pode-se perceber também alguns terrenos não edificados, que são chamados pelo grupo de estudo de Pontos de Encontro, e que, após as propostas, podem ser aproveitados pelo bairro, estimulando a convivência entre os moradores, o lazer e a expressão. Um desses pontos está ao lado do projeto Criar Perus – Escola de Artes e de Design, que com toda a sua estrutura além de educar, cria uma dinâmica entre arte, educação e desenvolvimento social, cultural e territorial. Outro projeto que se apresenta na área é o Projeto Ser, uma escola que faz contraponto com as outras e que mesmo assim reforça o Setor Institucional.

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04. NESP x Perus Consolidada Quadra Detalhada

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A área escolhida para implantação do projeto visa construir uma costura entre o Novo Entreposto de São Paulo a zona urbana de Perus. Minimizando as influencias diretas gerados pela implantação de um equipamento de porte grande e características diversas de um distrito localizado em periferia. Foi necessário entender as individualidades do distrito e também do NESP para integra-los da maneira menos impactante para a população. O projeto tem como premissa romper com o monofuncionalismo fragmentado, que não estimula o ato de caminhar, o permanecer e nem as trocas sociais. Aspectos essenciais presentes no histórico de Perus que se perderam com o crescimento e desenvolvimento da cidade de São Paulo. Uma das preocupações, desta maneira, é, a verticalização acompanhada da densidade construtiva, que deve ser planejada visando a otimização do solo, mas pensando na funcionalidade e vitalidade urbana. A quadra possui baixo gabarito, respeitando as construções existentes ao entorno e trazendo equilíbrio visual na escala do pedestre. Os edifícios possuem unidades que assentam na topografia e respeitam a forma natural do terreno. Desta maneira a quadra hibrida mesmo que contemporânea, encaixa de maneira sutil e respeitosa em uma zona conflituosa, amenizando os impactos criados com o crescimento descontrolado da periferia. Foram desenhadas duas ruas de caráter pedonal, perpendiculares, que conectam hora a área urbana consolidada de Perus com a horta comunitária, hora a nova estação CPTM com a Escola Técnica proposta. As edificações voltadas para essas vias são de uso misto, com térreos ativos, comerciais e de serviços com pavimentos superiores residenciais. As ruas contam com a circulação de transporte público, atraindo a população para os comércios locais. Desta maneira, a proposta estimula o ato de caminhar, com a criação dos eixos de pavimentação diferenciada e calçadas alargadas, reduzindo a dependência do automóvel para pequenos deslocamentos, contribuindo, assim, para uma-

As residências confrontantes com a rua Antônio Candido de Alvarenga são categorizadas como moradias irregulares pela Prefeitura de São Paulo, desta maneira foram removidas as 302 unidades habitacionais, aproximadamente 1200 pessoas que são realocadas nas novas quadras projetas. A costura entre o Nesp e a zona consolidada é de 42.100 m², ou seja 4,21 hectares. Foi proposto um desenho com onze quadras que seguem o modelo do projeto apresentado neste trabalho. As quadras abrigam aproximadamente 1.584 pessoas, número que supre a realocação da população, anteriormente situada em área de risco, e locação dos que chegam com a vinda do Nesp. A densidade dessa zona de costura é de 376,25 hab./ ha. As 8 diferentes tipologias de habitação, que variam em tamanho de 40 a 108 m² e de um a 3 pavimentos, atrairão naturalmente um grupo misto de habitantes. Foi pensado nesse modelo para residir desde famílias dos novos trabalhadores do Nesp, até as pessoas que já habitam Perus. Na mesma gleba, o estudo do caso espacial hipotético considerou noções de integração com o tecido urbano, diversidade de usos e de tipologias, favorecimento aos pedestres e a escala humana no âmbito do habitar. A proposta desenvolve um urbanismo da quadra aberta híbrida que privilegia o caminhar, as pequenas distâncias, as trocas sociais, e a mistura equilibrada dos usos.


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I PROJETOS INDIVIDUAIS 01. Quadra Mista por Lucas Vieira

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Feita uma analise urbana por conta da instalação de um novo equipamento de grande porte, o NESP; conjunto de distribuição alimentícia que faz parte de um empreendimento maior ainda, o PADESP; identificou-se a necessidade de alocação destes novos futuros moradores para Perus, necessitando ampliar a oferta de moradias. Com estes fatores, foram propostas novas áreas de expansão territorial para o distrito, a qual, uma delas, esta inserido o projeto de uma quadra aberta mista, focando na habitação desta nova população, assim como alguns serviços e comércios para atender estes novos moradores. 02. Estação da Pedra por Gustavo Stecca Anolfi Este trabalho explora mobilidade urbana, identidade cultural, forma e natureza. Através do desenvolvimento do projeto de uma nova estação de trem da CPTM entre duas encostas de pedra, observou-se o constante contraste que é intervir em uma natureza tão forte e imponente. A pedra é maciça, estagnada, pesada. O trem é movimento, rapidez, fluxo, e representa o homem inserido na natureza. O estudo destes elementos resultou em um projeto que busca preservar e priorizar sua paisagem, criar espaços transitórios e de permanência, ordenar seu programa através da forma, e fortalecer a identidade cultural e social do território.


03. Projeto Integra por Carolina Leonhart O distrito de Perus, em São Paulo, possui habitações irregulares e de baixa qualidade construtiva em áreas de topografia acidentada. Com a chegada do Novo Entreposto de São Paulo, haverá ainda mais vulnerabilidade e necessidade urgente de moradias que atendam a população da periferia. O projeto visa conceber transição entra a área consolidada de Perus e o NESP de modo a integrar o projeto em caráter local, gerando um compromisso com a paisagem da periferia e amenizando os impactos gerados pela implantação do novo centro de logística. A criação de blocos híbridos em quadra aberta de uso misto concebe, não apenas residências, mas também vias públicas, pátios internos, ambientes comerciais e verdes qualificados. O objetivo consiste na idealização de unidades habitacionais compactas que possam dar mais liberdade aos moradores, com espaços livres dentro de suas dependências sem deixar de lado, é claro, a qualidade visual e volumétrica das mesmas. A preocupação com a fachada, com a identidade, a heterogeneidade e a descompactação do tradicional modelo da casa retangular, são pontos chaves na elaboração da proposta 04. Crias Perus por Gabrielle Menali PENSAR, AGIR, CRIAR, MUDAR “Há três definições de Arte, que compreendem o campo do saber e a área do conhecimento. São definições tradicionais, que se justapõem e coexistem: Arte como fazer, como conhecimento e como expressão.” (PAREYSON, 2001, p. 22) Foi visando uma escassez de locais voltados a arte e a cultura que foi proposta a criação do CRIAR PERUS, escola de artes e design

voltada para a interpretação do mundo contemporâneo, atuando, assim, através de estímulos sensoriais e estético, na construção de um conhecimento criativo, formando indivíduos não só capazes de realizarem criações artísticas, mas cidadãos que se expressem de forma própria, despertando um senso crítico, a fim de CRIAR uma nova realidade para o espaço em que vivem. Com a função de criar uma dinâmica entre arte, educação e desenvolvimento cultural e territorial. Um espaço que faça parte do distrito e aceito por toda a população. Aonde todos possam usar e percorrer pelo equipamento. Criando espaços públicos, semi públicos e outros restritos aos alunos, porém as salas e ateliês podem estar abertos aos finais de semanas para uma integração maior com a população de Perus. 05. Escola Projeto Ser por Vivian Paiva Tendo em vista que a escola é um local que propicia oportunidades para desenvolvimento de habilidades sociais, críticas e da autonomia, o Projeto Ser foi baseado em métodos de ensino que difere da maioria das escolas encontradas no Brasil. Assim, a escola aparece no território de Perus, oferecendo um total de 90 vagas a alunos de 5 a 16 anos de idade, tendo como foco o ensino fundamental, com o objetivo principal de educar seres humanos autônomos. Com base em estudos aplicados na pedagogia de outras instituições, como por exemplo o Projeto Âncora, tem-se como objetivo portanto uma escola não-formal, que cria um espaço de encontro e de humanização, que proporcione conhecimento seja ele com a troca de experiências, de ideias, pelo convívio do espaço, pelas sensações proporcionadas pela arquitetura, que faça assim com que o desenvolvimento do ser humano venha de forma divertida e humanitária. O futuro das crianças também é reflexo do futuro do seu território.

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06. Vila dos Queixadas por Andréa Almeida Com o mais importante elemento histórico de Perus excluído dos moradores, rompendo seu vínculo com a população, a fabrica de cimento Portland tornou-se apenas um elemento esquecido para muitos. Unindo esse fato com a inexistência de moradias voltadas em sua totalidade para o público da terceira, nasceu o desejo da elaboração deste projeto. Tal projeto conta com 38 unidades, todas com vista para fábrica trazendo para todos os moradores a ligação histórica almejada. Este projeto não se trata apenas de uma habitação e sim de uma retomada ao passado. 07. Centro de Educação Ambiental por Tatiana Mathiessen 66 I 67 perus

O projeto, localizado no novo parque de Perus e próximo à antiga Fabrica de Cimento Portland, organiza-se de maneira a oferecer alguns espaços de uso publico e outros com função educacional voltada ao meio ambiente. Traz como principal objetivo a troca de informações com a população, visando que a mesma passe a ter um maior conhecimento sobre as questões ambientais e a importância de seu cuidado e preservação.Todo o projeto arquitetônico investe em soluções sustentáveis e de menor impacto ambiental. 08. Empreender Perus por Beatriz Tonon O Centro Comunitário de Empreendedorismo, nomeado Empreender Perus, trata-se de um espaço pensado para indivíduos ou grupos que necessitem de um ambiente para desenvolver e pôr em prática ideias, insights aplicados ao mercado de trabalho, voltados para a criação de produtos, serviços e soluções capazes de contribuir com a dinamização e desenvolvimento da economia

regional, principalmente após a chegada do NESP na área e de consequentemente, 30mil novos habitantes. O empreendedorismo social consiste em apoiar modelos de negócios inclusivos e microempreendedores de baixa renda, ampliando o acesso a conhecimento, redes, mercados e capacitando os novos empreendedores, trazendo oportunidade e oferecendo recursos para suprir algumas das necessidades de Perus. 09. Batalhão Perus por Giovanna Spalletta Quando se ouve tocar a sirene Nos bombeiros está a esperança. Ser bombeiro é ser bravo guerreiro Sempre disposto a todos nós ajudar, Deixa o conforto de casa e família Nunca sabendo se ainda vai voltar. O projeto Batalhão Perus, sede do Corpo de Bombeiros do distrito foi concebido como um ambiente funcional para a realização de todas as tarefas diárias de um bombeiro militar e o atendimento de ocorrências. Os edifícios estão divididos por suas funções: administrativa, alojamentos, funcional e garagem. Procurando promover uma integração entre os bombeiros e a sociedade, seu pátio é um espaço público, aproximando o cotidiano com o conhecimento de atividades realizadas e estreitando a relação entre as pessoas e seus herois.


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Obrigado, Perus.


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