Todos os direitos reservados
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda Módulo Básico
Roseli T. Gastaldo Médium Umbandista Sacerdote de Umbanda Babá da TUEG – Tenda de Umbanda Estrela da Guia
“Meu filho, minha filha. Que as bênçãos do nosso Pai Maior estejam em sua vida! Você está adentrando nas Leis da nossa Sagrada Umbanda. Talvez você não tenha vindo aqui por livre escolha. Talvez as dificuldades da vida lhe tenham indicado um caminho... sim um caminho que lhe levará ao Pai. Quem sabe a curiosidade natural que invadiu seu coração... Mas não importa, você está aqui e estou muito feliz por isso. Quero esclarecer a você que em nossas práticas reina a disciplina e o respeito entre os irmãos e principalmente o respeito para com a espiritualidade e às leis de Umbanda. Aqui você aprenderá os fundamentos da Umbanda e terá a oportunidade de aflorar sua mediunidade de forma segura e firme. Somos servidores do Pai Maior e não temos outro objetivo que não seja servir de instrumentos para que nossos queridos Guias realizem seu trabalho. Neste momento eu lhe darei um conselho: se você está buscando este caminho para ter poder, para ter facilidades ou mesmo vantagens em sua trajetória terrena DESISTA! Os Guias não nos ofertam resolução dos males. A partir do momento em que nos reconectamos com a espiritualidade nos é oferecido o esclarecimento sobre a religião, o crescimento interior e o compromisso com a evolução espiritual, o encontro com a espiritualidade e com o Pai Maior e dentro deste contexto, a solução dos problemas se torna uma consequência. O desenvolvimento mediúnico não envolve somente a incorporação, mas também o entendimento dos rituais que acompanham nossas práticas. Todo médium deve ser curioso, crítico e por muitas vezes questionador para que não ser somente um “replicador do que vê os outros fazerem”. Mas lembrem-se: SEJA QUESTIONADOR E NÃO POLEMIZADOR!
Nossa Lei Maior chama-se UMBANDA, que significa união, caridade, crescimento e integração com a lei da vida. Seja bem-vindo, vibre harmonia, bem-estar e prosperidade, e que os guias iluminem sua vida para que você encontre na fé as respostas aos seus questionamentos e solução para suas dificuldades. “Ninguém acende uma lâmpada e a coloca num lugar onde ficará escondida, ou sob uma tigela. Ao invés disso, coloca-se ela de pé, assim aquele que entrar pode enxergar a luz." "O reino de Deus está dentro de vós." "Eu sou o caminho, a verdade e a vida." (Mestre Jesus Cristo). Saravá aos guias de umbanda! Saravá todos os Orixás e nosso querido Pai Oxalá Bendito!
Juramento da Umbanda Ao abraçar a fé umbandista Eu juro solenemente perante Deus e os Orixás Usar meus dons de mediunidade, somente para o bem da humanidade Praticar com amor a caridade Obedecer as leis de Deus e as dos homens Ver em cada irmão de fé, um irmão de sangue Não utilizar e nem permitir que seja utilizado Os conhecimentos adquiridos Para prejudicar a quem quer que seja. Em nome de Deus EU JURO!
Sumário História da Umbanda no Brasil.................................................................... 13 I. Um pouco de história II. Terminologia Sincretismo Religioso – o sincretismo entre os Santos da Igreja Católica e os Orixás............................................................................ 18 A Santíssima Trindade: Olorun, Oxalá e Ifá............................................. 24 Os Orixás da Umbanda – Quem são, seu campo de força e atuação, características, oferendas...................................................... 25 “Sou filho de quem?” – Os Orixás de frente e de Juntó........................ 39 O que significa pai e mãe de cabeça.......................................................... 41 Tronos formadores das Sete Linhas da Umbanda e os Sete sentidos da Vida............................................................................. 42 Características mais comuns dos filhos dos Orixás............................ 43 Tipos de Manifestação Mediúnica dentro da Umbanda – quem é quem?............................................................................................... 53 A energia do médium...................................................................................... 56 Quanto ao tipo de mediunidade................................................................... 57 Funções dentro do Terreiro.......................................................................... 61 Rituais para preparo dos Médiuns – preparação do campo energético e condutas...................................................................... 64
As ervas na Umbanda – seu uso e fundamentos, principais ervas utilizadas. Banhos e defumações................................................... 67 Rituais para preparação do ambiente de trabalho – Onde fazer, onde não fazer, como preparar o ambiente para firmar a Egrégora................................................................................. 71 Condutas dos médiuns ao adentrar o terreiro...................................... 75 Condições para o trabalho........................................................................... 76 A importância da música e a Prece........................................................... 78 O uso das velas – para que servem........................................................... 81 As guias na Umbanda: como confeccionar, quais os materiais corretos, iluminação e cruzamento das guias, rompimento de guia: por que e o que fazer...................................................................... 83 A toalha ritualística......................................................................................... 86 Os patuás............................................................................................................ 87 Material de trabalho das entidades: A responsabilidade do médium sobre os materiais de trabalho............................................ 88 O uso de bebida, fumo, ervas e outros...................................................... 88 Congá ou Gongá– para que serve.............................................................. 89 Tronqueira – para que serve....................................................................... 90
Os Pontos riscados.......................................................................................... 91 Os Pontos Cantados........................................................................................ 94 Por que bater cabeça na esteira................................................................ 96 As curas na Umbanda.................................................................................... 97 O que a Umbanda não pratica...................................................................... 100 Os verdadeiros trabalhadores da Umbanda.......................................... 102 I. A tríade Erês, Pretos Velhos e Caboclos II. Ciganos III. Baianos IV. Boiadeiros V. Marinheiros VI. Povo do Oriente VII. Exus e Pomba Giras Obsessão e Desobsessão.............................................................................. 118 O batismo na Umbanda.................................................................................. 121
História da Umbanda no Brasil Um pouco de História.... Nossa história tem com marco o ano de 1908, onde, aos 17 anos, Zélio Ferdinando de Moraes preparava-se para ingressar na Escola Naval, quando fatos estranhos começaram a acontecer na vida dele. Em alguns momentos Zélio era visto falando manso, com a postura de um velho, sotaque diferente. Em outros momentos parecia um felino lépido e desembaraçado, mostrando conhecer todos os mistérios na natureza. Como esses “ataques” se tornaram frequentes, a família decidiu buscar ajuda. Primeiro com o médico da família, seu tio Epaminondas de Moraes, psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande. Após dias de observação e não encontrando seus sintomas em nenhuma literatura médica, sugeriu à família que o encaminhasse a um padre, para que fosse feito um ritual de exorcismo. Foi chamado o padre, outro tio de Zélio e, após três exorcismos, não resolveu a situação e as manifestações prosseguiram. Após algum tempo, Zélio foi tomado por uma paralisia parcial, a qual os médicos não conseguiam entender. Um dia, Zélio levanta-se do leito e diz: “amanhã estarei curado” e, no dia seguinte, voltou a andar como se nada houvesse acontecido. Sua mãe levou-o a uma curandeira que incorporava um Preto Velho. Essa entidade, após conversar com Zélio, disse-lhe que Zélio era Médium.
13
Módulo Básico
Diante disso, um amigo da família sugeriu encaminhá-lo à Federação Espírita de Niterói, presidida pelo chefe de um departamento da Marinha, o Sr. José de Souza. No dia 15 de novembro de 1908, na presença do Sr. José de Souza, em meio aos ataques reconhecidos como manifestações mediúnicas, todos presenciaram a chegada do Caboclo das Sete Encruzilhadas e ele anunciou o surgimento da Religião de Umbanda no plano material. No dia seguinte, 16 de novembro de 1908, na casa do médium Zélio Fernandino de Moraes, as 20h, o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporou, na presença de várias pessoas, inclusive membros da Federação Espirita de Niterói. Logo mais começou um grande tumulto entre os presentes, pois outras várias manifestações de pretos velhos e caboclos começaram a acontecer. O diretor da sessão, achando tudo aquilo um grande absurdo, advertiu a entidade presente, mencionando o seu “atraso espiritual” e o convidou a se retirar imediatamente. Porém, um médium vidente da casa, interpelou o Caboclo lhe perguntando: - Quem é você que ocupa o corpo deste jovem? - Eu sou apenas um Caboclo Brasileiro. - Você se identifica como um caboclo, mas eu vejo em você restos de vestes clericais! O Caboclo humildemente então lhe responde: - O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre, meu nome era Gabriel Malagrida e, acusado de bruxaria, fui queimado na fogueira na Inquisição por haver previsto o terremoto que destruiu Lisboa, em 1775. Mas, em minha última existência, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como um caboclo brasileiro. Continuando o diálogo, o vidente lhe perguntou: - E qual é o seu nome? E com as palavras abaixo o Caboclo iniciou seu culto:
“Se é preciso que eu tenha um nome, digam que sou o Cabo14
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
clo das Sete Encruzilhadas, pois para mim não existirão caminhos fechados. Vim para fundar a Umbanda no Brasil. Aqui, inicia-se um novo culto, em que os espíritos de pretos-velhos e os índios nativos de nossa terra poderão trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo, ou posição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, será a característica principal desse culto.” Prosseguindo diante de todos, disse ainda o Caboclo:
“Amanhã, na casa que meu aparelho mora, haverá uma mesa posta e toda e qualquer entidade que queira se manifestar, independentemente daquilo que haja sido em vida; todos serão ouvidos e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai”. Nesta sessão o Caboclo ditou certas normas para a sequência dos trabalhos, inclusive atendimento gratuito, uso de roupas brancas, sem o uso de atabaques1, com cânticos harmoniosos. Avisou, ainda, de sua subida e da chegada de um preto velho, momento em que se manifestou Pai Antônio. E assim, meio aos olhares de muitos curiosos, em 16 de novembro de 1908, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, através de Zélio, nasceu a Umbanda no Brasil. O surgimento da Umbanda se dá com a fundação do primeiro Templo de Umbanda, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, onde surgiu, de fato, uma liturgia, um ritual e uma estrutura para que essa religião viesse a ser praticada. Tudo isso foi realizado com Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas. O que não significa que foi por meio de Zélio de Moraes que aconteceram as primeiras manifestações de espíritos como Caboclo, Preto-Velho, ou de outras entidades que se manifestam na Umbanda. Isto acontece, pois há muita confusão entre origem da Umbanda e a origem das manifestações dessas entidades, são coisas distintas. 1 O uso de atabaques foi introduzido posteriormente pelo negros nas práticas religiosas, pois a incidência do povo afro nestes rituais se tornou bastante constante, uma vez que outros segmentos espiritualistas da época não admitiam certas raças em seus cultos. 15
Módulo Básico
Terminologia da Umbanda Independente das manifestações espirituais de tais entidades, o termo Umbanda não existia no Brasil como sinônimo de religião. No Rio de Janeiro, no início do século 1900, eram populares os Candomblés (culto afro-brasileiro Nagô-Yorubá) e, com o tempo, se popularizaram as “macumbas” (culto afro-brasileiro Bantu) que recebiam esse nome por causa de um tambor chamado macumba. Não havia o ritual de Umbanda antes de 1908, antes de Zélio de Moraes. A palavra umbanda deriva de m’banda, que em língua quimbundo (língua nacional de Angola) significa “sacerdote” ou “curandeiro”. O culto irá combinar elementos da filosofia espírita kardecista, dos vários cultos afro-brasileiros, tradições indígenas, do cristianismo católico e modernamente, conhecimento vindo de cultos esotéricos. Por ter nascido e se desenvolvido nas classes mais humildes da população brasileira, a condução e filosofia do culto muitas vezes ainda diferem, havendo visões até mesmo conflitantes acerca de vários conceitos da religião entre seus praticantes. Aparentemente, o culto umbandista, trajes, cantos e demais características assemelham-se bastante ao candomblé e outros cultos afro-brasileiros, mas a diferença fica evidente com uma observação mais detalhada, pois a umbanda adota figuras indígenas (os caboclos), negros urbanizados e inseridos na cultura europeia (pretos-velhos, pombas-gira e Zé Pelintra) e conceitos de reencarnação encontrados na doutrina espírita. A umbanda adotará ainda em seu panteão Exu, deus da mitologia iorubá (nagô), em meio a figuras do panteão bantu quimbundo, bem como a adoração à Santíssima Trindade católica. Tudo isto é estranho ao candomblé, que, a grosso modo, é a reconstituição de tradições quase que exclusivamente iorubás em terras brasileiras. (Wikipédia). Outra grande diferença entre a Umbanda e Candomblé é o uso de comidas (comida de santo) nos rituais de oferendas e o sacrifício de animais, rituais utilizados exclusivamente pelo Candomblé. Os preceitos para as devidas obrigações aos Orixás e os Orixás cultuados também diferem em alguns aspectos. 16
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Segundo a corrente esotérica que existe na Umbanda, a origem do vocábulo Umbanda estaria na raiz sânscrita AUM que, na definição de Helena Petrovna Blavatsky, em seu Glossário Teosófico, significa a sílaba sagrada; a unidade de três letras; daí a trindade em um. É uma sílaba composta pelas letras A, U e M (das quais as duas primeiras combinam-se para formar a vogal composta O). É a sílaba mística, emblema da divindade, ou seja, a Trindade na Unidade (sendo que o A representa o nome de Vishnu; U, o nome de Shiva, e M, o de Brahmâ); é o mistério dos mistérios; o nome místico da divindade, a palavra mais sagrada de todas na Índia, a expressão laudatória ou glorificadora com que começam os Vedas e todos os livros sagrados ou místicos. As outras palavras componentes se supõem, como: Bandha, de origem sânscrita, no mesmo glossário significa laço, ligadura, sujeição, escravidão. A vida nesta terra. Autores dessa corrente esotérica, analisando as duas palavras, definiram Umbanda como sendo a junção dos termos Aum + Bandha, que seria o elo entre os planos divino e terreno. A palavra mântrica Aumbandha foi sendo passada de boca a ouvido e chega até nós como Umbanda.
17
Módulo Básico
Sincretismo Religioso – o Sincretismo entre os Santos da Igreja Católica e os Orixás Sincretismo - fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com reinterpretação de seus elementos. Este termo é comumente utilizado quando se trata de religiões afro-brasileiras, e significa uma miscigenação e conciliação de princípios, doutrinas e crenças de diversas práticas religiosas que resulta um processo evolutivo de muitas outras. A Umbanda, por ter recebido influências de diversas culturas, é uma fusão de elementos das religiosidades africana, indígena, espírita e católica. O sincretismo religioso existente na Umbanda dá-se devido a fatores histórico-culturais presentes na história do Brasil. Durante o Brasil Colônia, os índios brasileiros e os negros eram mantidos como escravos. Eram proibidos
18
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
de expressar, cultuar ou fazer ritos de acordo com suas próprias crenças religiosas por conta dos preconceitos (e medos) dos seus senhores, e tinham que fingir e “aceitar” a imposição do Catolicismo, pois a missão Jesuíta era impor isso a eles, para que todas as impurezas de espírito fossem retiradas dos “não civilizados”. Muitos deles, ao demonstrarem essa não aceitação ao catolicismo, acabavam sendo severamente castigados. Não satisfeitos em dar continuidade às suas crenças de forma silenciosa, a saída encontrada pelos escravos foi associar os Orixás aos Santos Católicos que melhor pudessem representar cada divindade. Desta forma sábia, eles puderam contornar a ignorância e a intolerância a eles impostas e assim surgiu o sincretismo que permanece até os dias de hoje. Por isso, até hoje, encontra-se nos terreiros, imagens de santos católicos, especialmente na umbanda. A representação dos orixás através dos santos católicos pode sofrer variações de cidade para cidade, mas o importante é que se tenha em mente as características e essência de cada orixá. A forma mais utilizada de Sincretismo na Umbanda é a seguinte:
Oxalá e Jesus Cristo Dentre todos os orixás, Oxalá é quem ocupa o lugar de maior destaque, recebendo ainda o nome de Obatalá ou Orixalá. Segundo o Candomblé, Oxalá é o orixá supremo, o criador do mundo e por ser um Orixá acima dos demais, intervém em todos os outros cultuados na Umbanda. Os negros, quando iam à igreja, ouviam constantemente o nome de Jesus e quase nunca o nome de Deus como criador. Em função disso, passou a ver na imagem de Jesus a figura de Oxalá, o Criador.
Iemanjá e Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora dos Navegantes Um fato que se faz necessário esclarecer, é que não existem várias Nossas Senhoras. A única é Maria, mãe de Jesus Cristo. 19
Módulo Básico
Essa variação de nomes ocorreu em função do desejo em homenageá-la. No Brasil, estima-se a existência de trezentas denominações para Nossa Senhora, cada qual associada ao lugar onde ela foi vista ou às circunstâncias em que se deram suas mensagens. Existem centenas de títulos que aparecem por diferentes motivos. No mundo, calculam-se aproximadamente dois mil títulos atribuídos a Nossa Senhora. É importante frisar que Nossa Senhora dos Navegantes, por exemplo, é a mesma Nossa Senhora Aparecida. O sincretismo criado entre Iemanjá e Nossa Senhora ocorreu principalmente pela semelhança visual entre as duas e o fato das suas serem consideradas grandes “Mães”, sendo Iemanjá a mãe das águas, que neste contexto, além do aspecto das forças da natureza, a água é considerada o Reino da Geração, ou seja, o seio maternal da família e a Nossa Senhora mãe dos homens. Iemanjá era considerada também pelos negros como mãe dos Deuses. Iemanjá, dentro da Umbanda, é a grande mãe.
Iansã e Santa Bárbara Iansã, deusa dos raios, ventos e tempestades na Umbanda, é sincretizada em Santa Bárbara, também protetora contra raios, tempestades e trovões. Santa Bárbara foi morta pelo próprio pai por se converter ao catolicismo e após sua execução um raio atingiu a cabeça de seu executor. Além desta similaridade, ambas as divindades são representadas segurando uma espada.
Xangô e São Jerônimo ou São João Batista Os negros consideravam Xangô como um rei, um sábio. Xangô é o responsável pela solução das pendências e das injustiças, dando a quem merece o devido castigo e, a vitória ao injustiçado. Xangô simboliza a lei de causa e efeito. Isso os levou a homenagear Xangô na presença das imagens de Moisés (que representa a lei dos dez mandamentos) e São Jerônimo (mais usual), que tra-
20
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
duziu as Sagradas Escrituras para o latim, obra que ficou conhecida como Vulgata dando origem a Bíblia atual.
Ogum e São Jorge A figura de São Jorge nos mostra um homem todo coberto com uma armadura de aço, guerreando contra o dragão, o símbolo do mal. Ogum é o orixá guerreiro das batalhas espirituais, seu elemento é o metal, vencedor de demandas. Daí se extrai o sincretismo entre São Jorge e Ogum.
21
Módulo Básico
Nanã e Sant’Anna Sendo considerado o mais velho orixá feminino do panteão africano, Nanã Buruque facilmente encontrou similaridade com Sant’Anna, a vó de Jesus Cristo.
Obaluaiê, Omulu, Xapanã e São Lázaro Obaluaiê é o orixá das doenças e foi logo relacionado à São Lázaro, devido às feridas em seu corpo. Omolú e Obaluaiê são também orixás da cura, assim como São Lázaro no catolicismo.
Oxum e Nossa Senhora Aparecida ou Nossa Senhora da Conceição Oxum se identifica com Nossa Senhora Aparecida por serem homenageadas no mesmo dia. Nossa Senhora Aparecida foi encontrada nas águas doces, reino do nossa Mãe Oxum. Por isso, o sincretismo entre as duas. Oxum também pode vir a ser sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, pois esta última no Catolicismo trouxe a idéia da Maria virgem, logo atrelada à pureza da jovem Oxum.
Oxóssi e São Sebastião Oxóssi tem seu sincretismo atrelado à São Sebastião pelo fato de que Oxóssi é o rei das matas e caça com auxílio do arco e flecha. São Sebastião se apresenta seminu, amarrado a um tronco de árvore, que representa a mata e seu corpo está cravado de
22
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
flechas.
Ibejis e São Cosme e São Damião Ibeji é o Orixá criança, em realidade, duas divindades gêmeas infantis, ligadas a todos os orixás e seres humanos. Por estas características, logo foram relacionados à imagem de Cosme e Damião. Os Santos Cosme e Damião, irmãos gêmeos, morreram por volta de 300 d.C. Crê-se que foram médicos, e sua santidade é atribuída pelo motivo de haverem exercido a medicina sem cobrar por isso, devotados à fé.
23
Módulo Básico
A Santíssima Trindade: Olorun, Oxalá e Ifá Tal quais outras religiões cristãs, a Umbanda possui uma trindade máxima representada por Olorun (o Deus único e criador de tudo), Oxalá (Jesus Cristo) e Ifá (oráculo divinatório sincretizado com o Espírito Santo). Então a trindade Pai-Filho-Espírito-Santo, largamente usada inclusive pelas entidades (não existindo nenhum erro nisso), na tradição umbandista é Olorun-Oxalá-Ifá. Assim sendo, quando o filho de fé desejar “abençoar” algo deve usar as costas da mão (a parte mais limpa) e, fazendo pequenos sinais da cruz deve proferir: “Por Olorun, por Oxalá e por Ifá”. Toda trindade tem sua representação na forma de um triângulo, e na Umbanda esse símbolo tem uma força ainda mais importante, sendo o símbolo maior da nossa religião representado como dois triângulos entrelaçados, ou como é popularmente conhecido, como uma “estrela-de-davi”.
24
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Os Orixás da Umbanda - Quem são, seu campo de força e atuação, características e oferendas A palavra Orixá significa literalmente “Senhor da Cabeça”. Nós umbandistas partimos do princípio de que todo Orixá é Santo, mas nem todo Santo é Orixá. O Santo não é a imagem e nem a história de sua vida, mas sim um foco irradiando forças espirituais, conceito este que difere um pouco do candomblé.
Oxalá Oxalá é o Regente do trono masculino da Fé e seu campo de atuação preferencial é a religiosidade dos seres, aos quais ele envia o tempo todo suas vibrações estimuladoras da fé individual e suas irradiações geradoras de sentimentos de religiosidade. Saudação: Êpa Êpa Babá ! (Viva o Pai) ou Oxalá meu Pai! Sincretismo: Jesus Cristo, Nosso Senhor do Bonfim. Trono: da fé Elemento: Ar (céu e atmosfera). Energia cósmica ou espiritual. Algumas ervas: Tapete de Oxalá (Boldo), Saião (Folha da fortuna), Folha da costa, Malva branca, Cana-do-brejo, Rosa branca. Bebida: Água Vela: Branca Flor: Lírio branco, flor de maracujá, copo de leite, Girassol, 25
Módulo Básico
Angélica e flores brancas em geral. Cor de guia: branco leitoso. Símbolo: Opaxorô (cajado metálico), cruz. Metal: ouro. Dia: Domingo. Comemoração: 25 de dezembro. Oferenda: vela branca, rosa branca, água mineral e copo cristalino. Banho: arruda, guiné, erva cidreira, alecrim e hortelã. Pode ser feito também com tapete de Oxalá (boldo) ou rosa branca. Instrumento de culto: na Umbanda, apenas dois objetos são considerados instrumentos de culto de Oxalá – a toalha ritualística utilizada no pescoço e a guia. Ponto riscado: Cruz ou triângulo equilátero.
Yemanjá Yemanjá é o Trono feminino da Geração e seu campo preferencial de atuação é no amparo à maternidade e à família. Yemanjá, a nossa amada Mãe da Vida é a água que vivifica, rege sobre a geração e simboliza a maternidade, o amparo materno, a mãe propriamente. Saudação: Odoiá Iemanjá! Sincretismo: Todas as Nossas Senhoras. Trono: da geração. Elemento: Água Salgada. Seu ponto de força está nas profundezas do mar. Algumas ervas: Folha de alfazema, folha de colônia, pariparoba, rosa branca. Bebida: Água do mar. Vela: azul claro. Flor: rosa branca ou manacá. Cor de guia: azul clara. Pode ser intercalada com contas brancas ou prateadas. 26
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Símbolo: barco, ondas do mar, estrela do mar, abebé prateado (leque com espelho). Metal: prata. Dia: Sábado. Comemoração: 02 de fevereiro. Alguns locais comemoram no primeiro sábado de dezembro antes do dia 08. Oferenda: vela azul clara, água do mar em uma concha e flores brancas2. Banho: arruda, guiné, erva cidreira, alecrim e hortelã. Pode ser feito também com tapete de Oxalá (boldo) ou rosa branca. Instrumento de culto: conchas do mar e a guia. Ponto riscado: ondas, barco, âncora e estrela do mar.
Ogum Trono MASCULINO da lei, é o Orixá da Lei e seu campo de atuação é a linha divisória entre a razão e a emoção. É o Trono Regente das milícias celestes, guardiãs dos procedimentos dos seres em todos os sentidos. Ogum é sinônimo de lei e ordem e seu campo de atuação é a ordenação dos processos e dos procedimentos. Ogum atua muito bem na abertura de caminhos, na quebra de demandas, pois é considerado o orixá das guerras. Atua também nas demandas materiais para novas conquistas, principalmente profissionais. Por ser mais uma energia que mais manda do que pede, costuma impor sua vontade, principalmente sobre os Exus. É o grande vencedor de demandas e seus adeptos recorrem à ele quando se sentem incapazes de se defender. Saudação: Ogunhê meu Pai! Sincretismo: Em São Paulo é São Jorge e na Bahia é Santo Antônio. Trono: da Lei. Elemento: ferro. Algumas ervas: Espada de São Jorge, Abre caminho, Arruda, Fo2 As oferendas feitas no final de cada ano na praia para Iemanjá vêm sendo alvo de grande preocupação por parte dos Umbandistas mais conscientes, uma vez que são depositados nas águas de nossa Mãe Natureza muitos materiais que poluem por anos a fio nossos mares. É importante termos a preocupação com a Natureza, uma vez que é o nosso maior Templo de Culto. 27
Módulo Básico
lha de Seringueira. Bebida: cerveja branca. Vela: vermelha. Flor: Cravos vermelhos, Palmas vermelhas e palmas brancas, Crista-de-galo, Açucena rajada. Cor de guia: vermelha. Pode ser intercalada com contas brancas. Símbolo: espada e bandeira. Metal: ferro. Dia: Terça-feira. Comemoração: 23 de abril Oferenda: cerveja branca em um copo de metal, vela vermelha e cravo vermelho. Banho: jurubeba, samambaia do campo, romã, espada de São Jorge, losna, tulipa e rubi. Instrumento de culto: na Umbanda é a guia e a espada militar. Ponto riscado: Duas bandeiras com uma espada no meio. Oxóssi Trono MASCULINO DO CONHECIMENTO é o caçador por excelência, mas sua busca visa o conhecimento. Logo, é o cientista e o doutrinador, que traz o alimento da fé e o saber aos espíritos fragilizados tanto nos aspectos da fé quanto do saber religioso. Orixá da perspicácia e do saber das leis da natureza por ser ela seu ponto de força. Saudação: Okêaro! Ou Okê Oxóssi! Sincretismo: São Sebastião. Trono: do Conhecimento. Elemento: ar. Seu ponto de força está nas matas. Algumas ervas: Folha de guiné, peregum, alecrim do cruzamento, manjericão, samambaia, etc. Bebida: cerveja branca. Vela: verde. Flor: Antúrio, Samambaia, costela de adão, folhagens e flores em geral. 28
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Cor de guia: verde ou verde e branca. Símbolo: arco e flecha. Metal: cobre. Dia: Sexta-feira. Comemoração: 20 de janeiro Oferenda: folhas e frutos, vela verde e cerveja branca servida no coité3. Banho: sabugueiro, folhas da jurema, malva cheirosa, dracena (peregum). Instrumento de culto: arco e flecha, bodoque, cocares. Ponto riscado: arco e flecha ou só a flecha. Ilustração de um coité
Xangô Trono MASCULINO DA JUSTIÇA, é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é a razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e equidade, já que só conscientizando e despertando para os reais valores da vida a evolução se processa num fluir contínuo. É o símbolo da justiça divina, que a tudo vê e julga de acordo com as leis divinas e não a dos homens. Xangô é sempre visto com admiração e respeito. É temido e adorado, pois pune severamente os mentirosos e malfeitores. Saudação: Kaô Kabecile Xangô! Sincretismo: São Jerônimo ou São João Batista. 3 Fruto ovóide da árvore de mesmo nome; estando maduro, é colhido e depois de cerrado ao meio e limpo é utilizado na forma de cuias, como se fossem vasilhas domésticas. 29
Módulo Básico
Trono: da Justiça. Elemento: fogo. Seu ponto de força está nas formações rochosas (pedreiras). Algumas ervas: Folha de fumo, louro, taboa, jatobá. Bebida: cerveja preta. Vela: marrom. Flor: Cravos rajados, Monsenhor amarelo, Espirradeira. Cor de guia: marrom. Símbolo: O oxé, machado de lâmina dupla feita em pedra. Metal: estanho. Dia: Quinta-feira. Comemoração: 30 de setembro. Oferenda: cravos rajados ou margaridas marrons, vela marrom e cerveja preta servida em caneca de barro. Banho: alecrim do mato, erva tostão, parreira, folha de limão e folha de goiabeira. Instrumento de culto: O oxé, machado de lâmina dupla feita em pedra. Ponto riscado: dois machados cruzados.
Iansã Trono FEMININO DA JUSTIÇA é o orixá aplicador da Lei na vida dos seres emocionados pelos vícios. Seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres: ela os esgota e os redireciona, abrindo-lhes novos campos por onde evoluirão de forma menos “emocional”. É o orixá da mudança, através da invocação da força de seus ventos e tempestades. Excelente orixá para atuar em forças negativas. Iansã tem uma ascendência sobre os eguns (espíritos) que estejam de qualquer forma interferindo negativamente no plano físico. É a Iansã que estes temem. 30
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Saudação: Eparrei Iansã! Eparrei Oiá! Sincretismo: Santa Bárbara. Trono: da Justiça Elemento: Ar em movimento, qualquer tipo de vento, fogo e tempestades. Seu ponto de força está nas corredeiras. Algumas ervas: Aguapé (gigoga vermelha), espada de Iansã, carqueja, folhas de bambu. Bebida: vinho branco doce. Vela: amarela. Flor: Rosas champanhe, Gérbera coral, Crisântemos amarelos e todas as flores amarelas. Cor de guia: amarela. Símbolo: Chifres de búfalo e um alfanje (tipo de espada, cuja lâmina pequena e larga possui um fio na parte convexa da curva). A crina de cavalo presa a uma haste de metal também é muito utilizada. Utiliza-se também o raio a taça dourada como simbologia de Iansã. Metal: cobre. Dia: Quinta-feira. Comemoração: 04 de dezembro. Oferenda: espada de Iansã, vinho branco doce servido em taça dourada ou amarela, vela amarela. Banho: espada de Santa Bárbara, folhas de bambu, folhas de pitangueira, cordão de frade e gerânio. Instrumento de culto: taça dourada, o raio e a espada. Ponto riscado: a taça e o raio.
31
Módulo Básico
Oxum Oxum é o Trono FEMININO irradiador do Amor Divino e da Concepção da Vida em todos os sentidos. Como “Mãe da Concepção” ela estimula a união matrimonial, e como Trono Mineral ela favorece a conquista da riqueza espiritual e a abundância material. Sua atuação se assemelha muito com a de Iemanjá, porém Oxum se refere mais ao amor mais puro e Iemanjá um amor mais maduro. Encerra o princípio da fecundidade. É considerada o Orixá da riqueza, por isso é caracterizada comumente com roupas douradas. Saudação: Ora iêiê ô mamãe Oxum! Sincretismo: Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora de Aparecida. Trono: da Geração. Elemento: águas doces. Seu ponto de força está nos rios, cachoeiras, nascentes e lagoas. Algumas ervas: catinga de mulata, oriri, malmequer, jasmim. Bebida: champagne branca ou vinho branco. Vela: azul claro. Flor: Rosas amarelas, Rosas Cor de Rosa, Lírios em geral. Cor de guia: azul claro. Pode ser intercalado com continhas pequenas douradas. Símbolo: leque (abebé) com estrela e espelho, coração. Metal: ouro. Dia: Segunda-feira. Comemoração: 12 de outubro ou 08 de dezembro. Oferenda: lírios, champagne branca em uma taça bem adornada, vela azul claro. Banho: oriri, pétalas de rosa branca, jasmin e vitória régia. Instrumento de culto: leque (abebé) com estrela e espelho. Ponto riscado: meia lua, coração e estrela de cinco pontas. 32
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Obaluaiê, Omulú ou Xapanã Omulú, em muitos locais também chamado Obaluaiê, é o Trono MASCULINO da Evolução. É um orixá que inspira medo por ser o senhor das doenças, mas também nos traz alegrias pelas curas que ele realiza. Em uma lenda, Obaluaiê transforma suas feridas em pipocas e revela um lindo rosto sob as palhas e chagas, tornando a pipoca e o milho alguns de seus símbolos. Por alguns é temido, por ser considerado o orixá senhor das doenças, noutras vezes e adorado como senhor das curas. Nada disso está separado, contudo, pois saúde e doença andam juntas. Também considerado o orixá da passagem desta vida. As oferendas a Obaluaiê são sempre consideradas práticas mágicas, visando aproximar a saúde e afastar a morte. Em virtude de sua ligação com a morte, é também chamado de Orixá dos cemitérios, sendo cultuado preferencialmente nos chamados cruzeiros das almas. Goza de grande intimidade com os Exus justamente por que estes últimos, quase sempre, habitam sua casa, o cemitério (calunga pequena)4. 4 Não confundir com calunga grande, que é o mar.
33
Módulo Básico
Saudação: Atotô Obaluaiê! Sincretismo: São Lázaro. Trono: da Evolução. Elemento: terra. Seu ponto de força está nos cemitérios. Algumas ervas: manjerona, agapanto lilás, espinheira santa, crisântemo, guiné. Bebida: vinho licoroso. Vela: metade preta e metade branca. Flor: agapanto lilás, cravo. Cor de guia: preta e branca. Símbolo: xaxará ou cruzeiro das almas. Metal: chumbo. Dia: Sábado. Comemoração: 16 de agosto. Oferenda: cravo branco, vinho licoroso servido em uma caneca de barro e vela metade preta e metade branca. Utilizamos também pipoca estourada no azeite de dendê5. Banho: eucalipto, guiné, folha de bananeira. Instrumento de culto: xaxará. Ponto riscado: cruzeiro das almas.
A pipoca estourada no azeite de dendê pode ser utilizada com limpeza para pessoas doentes ou no mês de agosto, por ser mês de Obaluaiê. Importante ter um pano preto no chão para recolhimento do banho, pois após a limpeza não devemos jamais tocar nas pipocas.
5 Estoure a pipoca no azeite de dendê batendo levemente na tampa da panela clamando: Atotô Obaluaiê. Importante salientar que esta pipoca não deve ser ingerida de forma alguma. 34
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Imagem do Xaxará
Nanã Buruquê Trono FEMININO da evolução, Nanã rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os para uma nova “vida”, já mais equilibrada. É a mais amorosa de todos os Orixás. Nanã Buruquê rege uma dimensão formada por dois elementos, que são: terra e água. Ela é de natureza cósmica, pois seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres. Nanã é a paciência que vem com a experiência. É a serenidade e a sabedoria caminhando juntas. Saudação: Saluba Nanã! Sincretismo: Sant´Anna. Trono: da Evolução. Elemento: Terra e água, pântanos. Seu ponto de força está nas águas salobras ou com lama. Algumas ervas: Manjericão Roxo, Colônia, Ipê Roxo, Folha da Quaresma, Erva de Passarinho, Dama da Noite, Canela de velho, Salsa 35
Módulo Básico
da Praia, Manacá. Bebida: champanhe rosé. Vela: lilás ou roxa Flor: Verbena, Flores do campo, Dálias, Manacá, Crisântemos. Cor de guia: roxo, lilás ou lilás e branca. Símbolo: Ibiri, chave. Metal: chumbo. Dia: Sábado. Comemoração: 26 de julho. Oferenda: flores do campo, champagne rosé servida em copo adornado e vela lilás. Banho: manacá, folhas de berinjela, pétalas de rosa rubra, folha da fortuna. Instrumento de culto: Ebiri Ponto riscado: ebiri ou a chave. Imagem do Ebiri
36
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Ibejis ou São Cosme e São Damião Ligados ao TRONO DO CONHECIMENTO, a principal característica do Orixá Ibeji é a alegria e ingenuidade. Estão ligados também à cura, uma vez sincretizados com Cosme e Damião. É muito brincalhão e auxilia muito aqueles que desta energia se beneficiam a se conectar com a criança interior. Saudação: SALVE São Cosme e São Damião! Salve a Ibejada! Sincretismo: São Cosme e São Damião. Trono: do conhecimento. Elemento: Energia etérica (energia vital). Seu ponto de força está nos jardins floridos. Algumas ervas: manjericão. Bebida: guaraná ou groselha. Vela: rosa. Algumas pessoas combinam o rosa com azul. Flor: crisântemo branco, flor do campo. Cor de guia: Contas de cristal rosa, intercaladas por miçangão branco cristalino. Símbolo: Duas colunas representando os gêmeos. Metal: Mercúrio. Dia: Quarta-feira. Comemoração: 27 de setembro. Oferenda: doces, guaraná ou água com mel, flor do campo e uma vela rosa. Banho: manjericão, capim limão, folha de amoreira, folhas de verbena e folhas de morango. Instrumento de culto: brinquedos. Ponto riscado: duas colunas, sol e lua.
37
Módulo Básico
“Sou filho de quem?” Uma das curiosidades mais corriqueiras que tomamos contato em nossa vivência mediúnica é de pessoas (frequentadores e filhos da casa) querendo saber qual seu pai e mãe de cabeça. Para o desenvolvimento do Sacerdócio é muito importante que tenhamos contato com esta informação, pois é através deste princípio que a base energética de nosso terreiro será montado. É como se fosse a assinatura energética do terreiro. Porém, muitas pessoas com o desejo de saciar esta curiosidade vão em busca desta informação. Eu tenho como princípio que se você não irá alimentar e usar esta informação com fundamentos não busque! A curiosidade sem fundamento pode custar caro dentro de qualquer contexto religioso. A forma correta de revelarmos quem é o pai e mãe de cabeça é através da leitura de búzios ou pela revelação de uma entidade. Porém, para que a entidade lhe revele isso você tem que estar com o corpo limpo, assim como no jogo de búzios, devendo ser feito um preceito6. Eu, particularmente, em minha vivência religiosa somente leio búzios para esta finalidade após a pessoa ter passado pelo ritual de batismo, que representa uma iniciação nas Leis Umbandistas.
6 Preceito – ritual de purificação do corpo físico e energético para práticas religiosas como obrigações, batismo e leitura de búzios. 38
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
O que significa pai e mãe de cabeça? Antes de darmos continuidade ao assunto lembrem-se: Somos filhos do Pai e recebemos energias de todos os Orixás da Natureza. Não é por que somos filhos de um ou de outro que não recebemos as bênçãos de todos. Em cada processo reencarnatório que vivenciamos temos missões a serem cumpridas e processos evolutivos a serem galgados. Cada um de nós vem com um desafio de superação. Nosso pai e mãe de cabeça (orixás de cabeça) são os responsáveis por nos ajudar nestes processos e geralmente nossos desafios estão intimamente ligados com o trono ao qual o Orixá pertence. Durante as encarnações, um orixá de frente e um de juntó, irradiarão suas vibrações o tempo todo (obsessão divina) para “aprendermos” aquele Dom ou qualidade que somos deficientes ou simplesmente não possuímos, até que possamos irradiá-los. A meta da encarnação é internalizar estas qualidades e irradiá-las. O Orixá de Frente atua em nosso racional. É a natureza do orixá de frente que mostramos para o mundo, de como as pessoas nos vêem. Se tenho Iansã de frente, as pessoas, me verão com as qualidades de Iansã: guerreira, encrenqueira, expansiva,.... Nossa busca, nossa missão é internalizar estas qualidades. O juntó trará o equilíbrio e atuará no emocional. Se em uma situação as pessoas me veem agitada (Iansã de frente), e tenho Xangô como orixá de junto reagirei de forma 39
Módulo Básico
40
Curso de Desenvolvimento MediĂşnico nas Leis da Umbanda
mais consciente, pois terei a tendência a ponderar a situação de forma que a justiça prevaleça. Temos ainda o Orixá ancestral. Somos fatorados por um Trono, pelo Orixá Ancestral, que nos dará uma natureza, Um DOM DIVINO. Esse dom fluirá naturalmente por nós durante toda a nossa existência, o dom da fé, do amor, etc. O Orixá Ancestral se mostrará na nossa natureza, internamente (essência). Se tenho o dom da fé (Oxalá de Ancestre) nessa encarnação irei buscar a pulverização deste nas leis divinas para todos que possam se beneficiar dela (Iansã de frente – orixá da lei e da expansão), despertando nos seres o senso de equilíbrio e eqüidade, já que só conscientizando e despertando para os reais valores da vida a evolução se processa num fluir contínuo (Xangô de juntó).
Tronos Formadores das Sete Linhas da Umbanda e os Sete Sentidos da Vida 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
Trono da Fé - Oxalá Trono do amor - Oxum Trono do Conhecimento – Oxóssi Trono da Justiça – Xangô e Iansã Trono da Lei - Ogum Trono da Evolução – Nanã e Obaluaiê Trono da Geração - Iemanjá 41
Módulo Básico
Características mais comuns dos Filhos de Orixás Os Filhos de Oxalá Uma das características dos filhos de Oxalá é marcar naturalmente sua presença por onde passam pois tem a aura de autoridade e poder do orixá maior da umbanda e candomblé. O arquétipo de personalidade dos filhos de Oxalá é aquele das pessoas calmas e dignas de confiança; das pessoas respeitáveis, dotadas de força de vontade inquebrável que nada pode influenciar. Em nenhuma circunstância modificam seus planos e seus projetos, mesmo a despeito das
42
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
opiniões contrárias, racionais, que as alertam para as possíveis consequências desagradáveis dos seus atos. Tais pessoas, no entanto, sabem aceitar, sem reclamar, os resultados amargos daí decorrentes. Extremamente detalhistas, buscando sempre a perfeição. Procuram saber detalhes das coisas, às vezes chegando mesmo a tornar-se aborrecidos por isso. Brilham com facilidade em qualquer ambiente, tanto pelo porte sempre altivo como pelo dom da palavra, que geralmente está associado a este orixá. Geralmente o filho de Oxalá é idealista, defendendo os injustiçados, os fracos e os oprimidos. É sabido por todos aqueles que frequentam os terreiros que os filhos de Oxalá têm sempre certa reserva em relação às pessoas que não conhecem muito bem e demoram a estabelecer confiança em alguém, mas quando se torna amigo, é um grande companheiro. São ensimesmados, tendo grande dificuldade de expor seus problemas ou desabafar. Quando mais velhos tendem a ficar irritados e rabugentos. Orgulhoso, é sedento por feitos gloriosos, mesmo que em função de atos caridosos, pelos quais são conhecidos. Possuem grande capacidade de mando, tornando-se líderes com facilidade. Podem se tornar pais excelentes e mães muito amorosas. Dedicam-se com carinho e ternura às crianças, com quem se relacionam muito naturalmente e gostam da companhia delas, na maioria das vezes. Relacionam-se com facilidade com os filhos de outros orixás, mas como gosta de impor sua opinião até o extremo, tem facilidade de se desentender com os filhos de Ogum, Iansã e Xangô. Por mais paradoxal que pareça, a vaidade masculina encontra seu ponto mais alto nos filhos de Oxalá, sempre preocupados em ostentar boa aparência e em serem agradáveis. Já as filhas de Oxalá se apresentam de forma discreta. São boas mães e esposas, embora, às vezes mostrem-se dominadoras e ciumentas.
43
Módulo Básico
Os Filhos de Iemanjá O filho de Iemanjá é empreendedor, ativo, um pouco sovina, sonha com grandes progressos, embora muitas vezes exagere nas suas aspirações. Raramente toma atitudes agressivas, exceto no meio familiar. Dificilmente consegue esquecer uma ofensa recebida e custa muito a voltar a depositar confiança em quem lhe tenha ferido ou magoado. Nunca deixam de fazer o que lhe pedem, embora tenham grande tendência a reclamar de tudo. As filhas de Iemanjá são voluntariosas, fortes, rigorosas, protetoras, altivas e, algumas vezes, impetuosas e arrogantes; têm o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justas, mas formais; põem à prova as amizades que lhes são devotadas, custam muito a perdoar uma ofensa e, se a perdoam, não a esquecem jamais. Preocupam-se com os outros, são maternais e sérias. Elas têm tendência à vida suntuosa mesmo se as possibilidades do cotidiano não lhes permitem tal grandeza. Gostam de adornos discretos e caros. Tem no marido e nos filhos seu principal objetivo. Costuma ser muito exigente com os filhos, mas também perdoa suas faltas com facilidade, não raramente escondendo-as para que as crianças não sejam punidas. Como uma fera, briga com qualquer pessoa que se interponha entre os filhos e o lar. Pode se mostrar muito ciumenta com o companheiro. Ambos os sexos são profundamente emotivos, podendo ser tachados de chorões.
Os Filhos de Ogum O arquétipo dos filhos de Ogum é o das pessoas briguentas e impulsivas, incapazes de perdoarem as ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que nos momentos difíceis triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos de raiva ao mais tranquilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os ou44
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
tros por certa falta de discrição quando lhes prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis. São dados a fazer conquistas, tem facilidade no relacionamento com o sexo oposto de qualquer filiação de orixá. São vaidosos e não gostam de ser contrariados em suas opiniões. Tem dificuldade de arredar o pé, mesmo quando estão errados. O pai de família que é filho de Ogum não dá muitas chances de diálogo para seus filhos. É inflexível e radical. A lei é esta e tem que ser cumprida! Não lhe passa pela cabeça adaptar a lei ao contexto. Raramente pondera as coisas. Porém, tem costume de usar uma lei para si e outra para os demais. Tem sempre a tendência a resolver as coisas para seu lado, de qualquer forma. As mulheres filhas de Ogum são mais querelantes do que briguentas. É mais militar e de atitudes extremadas. É excelente mãe de família, mas coitado do filho que não andar direito: ela é do tipo que bate primeiro para depois perguntar qual foi o erro.
Os Filhos de Oxóssi O arquétipo dos filhos de Oxóssi é o das pessoas honestas, altruístas, desinteressadas, espertas, rápidas, sempre alerta e em movimento. São pessoas cheias de iniciativa e sempre em vias de novas descobertas ou de novas atividades. Porém, são inconstantes e não persistem muito. Com muita frequência, após lutarem por um ideal, às vezes, às vésperas de consegui-lo, desistem para uma nova idéia. Tem qualidades importantíssimas: se alguém está doente, eles são aqueles que visitam várias vezes a pessoa, interessam-se pelo bem estar dos outros, sempre com muita atenção.
45
Módulo Básico
Sentem-se mais à vontade em ambientes descontraídos, não gostam de andar muito presos em roupas sociais e às formalidades. Não são atraídos por luxo e não gostam de nada que chame atenção. Gostam de ar livre. O chefe de família filho de Oxóssi é um tanto desligado do lar; não que ele não se interesse pelos problemas familiares, mas prefere ser servido do que servir. As mulheres filhas de Oxóssi tendem a não ser boas donas de casa. Gostam das coisas bem feitas, mas não gostam de fazer. Gostam das coisas em ordem, mas preferem mandar que os outros façam.
Os Filhos de Xangô O arquétipo dos filhos de Xangô é aquele das pessoas voluntariosas e enérgicas, altivas e conscientes de sua importância real ou suposta. Das pessoas que podem ser grandes senhores, corteses, mas que não toleram a menor contradição e, nesses casos, deixam-se possuir por crises de cólera. Mas geralmente é calmo e ponderado. Dedica-se de corpo e alma a tudo que se propõe a fazer, mas desilude-se com muita facilidade também. É sonhador em alto grau, sendo por vezes iludido. Não pondera muito os riscos e não observa a viabilidade de suas propostas. São capazes de grandes sacrifícios, mas se aborrecem profundamente se algo que programaram não dá certo. Não admitem mudança de programação, mesmo quando não depende deles a realização do que foi planejado. Costumam remoer por um longo período o que lhes acontece ou o que não se realizou como eles queriam. Separam, com muita frequência, a realidade de si, levando seus pensamentos para altas esferas. Por serem justiceiros, se magoam profundamente por coisas que não tenham feito e que tenham dito que teriam feito. Guardam mágoa, mas não guardam raiva. Enfim, o arquétipo de Xangô é aquele das pessoas que pos46
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
suem um elevado sentido da sua própria dignidade e das suas obrigações, o que as leva a se comportarem com um misto de severidade e benevolência, segundo o humor do momento, mas sabendo guardar, geralmente, um profundo e constante sentimento de justiça.
Os Filhos de Iansã Nascidos da luz da manhã, os filhos de Iansã são a própria majestade do Orixá. Tem espírito e aspecto dominante. Ocupam, naturalmente, posição de destaque e nunca passam despercebidos. Tem personalidade marcante e dificilmente são esquecidos. São temperamentais por excelência, mudando de opinião com facilidade. Inconstantes, amam em um dia e no dia seguinte de desapegam. São inconstantes e sentimentais, arrependendo-se com facilidade dos atos praticados, mas também os esquecendo e, não raras vezes, repetindo-os. O arquétipo de Iansã é audacioso, poderoso e autoritário. Leais e fiéis em certas circunstâncias, mas quando contrariados podem se rebelar manifestando extrema cólera. Em quase tudo que tocam, conseguem levar a bom termo. São dedicados e prestimosos, e além de tudo, alegres. Quer seja homem, quer seja mulher, para os filhos de Iansã será sempre difícil conseguir passar despercebido. Será sempre um temporal em um copo d’água, passando da tranquilidade de um lago sereno à incerteza de um mar tempestuoso. Sua principal qualidade reside em sua capacidade de não apenas perdoar quem eventualmente lhe tenha ofendido, como principalmente esquecer a ofensa. Talvez nenhum outro consiga realmente esquecer como o filho de Iansã. Quando se tornam líderes em alguma atividade, quase sempre marcam de maneira indelével suas administrações, mesmo que isso lhes custe sacrifícios. 47
Módulo Básico
As filhas de Iansã são sempre extremadas: ou amam apaixonadamente ou simplesmente esquecem. Incapazes de odiar, não hesitam em se reaproximar de alguém que lhes tenha magoado, sentindo, frequentemente, uma real piedade e amor por essa pessoa se estiver em posição de dor ou inferioridade. Temperamento sexual e voluptuoso que podem levá-los à aventuras amorosas sem reserva nem decência Os filhos de Iansã tem porte poderoso, costumam ter temperamento indomável, diretos nas palavras e exagerados em tudo aquilo que lhes pareça importante. Competitivos, difíceis de lidar e intensos em suas paixões.
Os Filhos de Oxum Orixá do Amor tem comportamento emocional e social, tanto quanto físico bem distintos. O Arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras. Símbolos de charme e beleza, porém bem mais reservadas do que as do tipo Iansã e Iemanjá. Os filhos de Oxum são comumente chamados de flor de estufa, pois ao menor contratempo podem vir a ficar muito emotivos de forma desproporcional. São comumente chorões. Os filhos de Oxum, essencialmente honestos e dedicados, esperam merecer as atenções que procuram despertar e sentem-se desprestigiados quando tal não acontece. Tendem a guardar por mais tempo alguma coisa que lhes tenha atingido e olham com muita desconfiança quem os traiu uma vez. Preferem não impor sua opinião, mas detestam ser contrariados. Custam a se irritar, mas quando o fazem também custam a serenar.
48
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Os Filhos de Obaluaiê Os filhos de Omulú/Obaluaiê são muito controvertidos, indo de um polo de humor à outro com facilidade e muita frequência. Tem certa tendência para tudo que é misterioso. Convivem melhor com pessoas idosas e costumam sofrer com doenças crônicas, muitas vezes doenças graves e difíceis de tratar e, mas devem aprender a viver o melhor que puderem com isto. Mesmo quando não é o caso, filhos de Omulú/Obaluaiê acabam por ter uma tendência autodestrutiva e depressiva. Preferem o isolamento. Esta tendência é disfarçada de ceticismo e praticidade. Aparentemente muito bem resolvidos, estes filhos de Omulú/ Obaluaiê escondem seu sofrimento com atitudes diretas e se desapegada de tudo evitando, desta maneira, sofrer ou causar sofrimento a quem os ama. São muito sentimentais e, frequentemente, são profundamente negativistas.
Os Filhos de Nanã Buruque Paciência e compreensão são características muito presentes nos filhos de Nanã, seguidas por perdão e tolerância típicos de uma avó muito carinhosa e cuidadora. Normalmente vivem em função de praticar o bem, preocupadas com o bem-estar da família e da comunidade. Por ser firmemente uma avó, os filhos de Nanã costumam parecer mais velhos do que realmente são, e são conservadores por natureza, como se vivessem a vida de gerações anteriores ou sentissem saudade de um tempo passado que não é o seu. Apesar de serem, por vezes, carinhosos em excesso, se tornam também ranzinzas, e exigem o respeito de forma incisiva. Basta imaginar uma avó que raramente puxa a orelha do neto, mas quando faz, faz com firmeza. A face ranzinza também aparece na preocupação com detalhes, na tendência a criticar tudo e todos e no pouco senso de humor, mantendo sempre o foco no que consideram ser o assunto mais importante.
49
Módulo Básico
Os Filhos de Ibeji (Cosme e Damião) Alegria, sem sombra de dúvidas, é a principal característica dos filhos de Ibeji, mesmo em circunstâncias difíceis. São simples e generosos, embora um tanto inconstantes, sinceros e justos. Tem grande apego à família e amigos, se sacrificando muitas vezes em benefício do outro. Gostam de participar e dividir tudo o que tem e contentam-se com pouco. Não admitem não serem considerados e se magoam quando acham que não foram tratados com a devida consideração, embora não guarde rancor. Adoram ver seu trabalho reconhecido e admirado. São bons pais e maridos. São Amantes do lar, calmos e tranquilos. As esposas são bastante dependentes. Costumam estabelecer laços familiares muito fortes. Não raramente, mesmo com idade avançada, não tomam quase nenhuma atitude sem consultar seus pais ou outros parentes ascendentes.
50
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Tipos de Manifestação Mediúnica dentro da Umbanda – quem é quem? “Mediunidade não é castigo e nem poder. As Entidades que trabalham para a Umbanda não castigam seus médiuns ou quem quer que seja e nem fecham os caminhos. Você não precisa desenvolver sua mediunidade. Faça isso por amor e fé. Correrá menos riscos de se frustrar”. Existe um poema muito verdadeiro que assim diz:
Porque você está na Umbanda? “Estou na Umbanda porque estou doente” - Saia da Umbanda Irmão! A Umbanda não vende Curas, procure um Hospital. “Estou na Umbanda porque é minha missão” - Saia da Umbanda Irmão! A Umbanda assim como a espiritualidade respeita o livre arbítrio, não se sinta obrigado a nada. “Estou na Umbanda porque estou desempregado” - Saia da Umbanda Irmão! A Umbanda não vende promessas de prosperidade, pois o ganho material nada soma a espiritualidade, procure uma agência de Empregos. “Estou na Umbanda porque Minhas Entidades fecharam meus caminhos” - Saia da Umbanda Irmão! Entidade de Umbanda que trabalha na Luz não fecha o caminho de ninguém, muito menos de seu aparelho de ação, aceite suas imperfeições! 51
Módulo Básico
52
Curso de Desenvolvimento MediĂşnico nas Leis da Umbanda
“Estou na Umbanda porque Tenho Mediunidade Forte” Saia da Umbanda Irmão! A Umbanda não é competição do mais forte ou fraco, mediunidade não tem medida, o que te motiva é a simples vaidade e cegueira por poder, Procure um Circo! “Estou na Umbanda porque tenho Karma” - Saia da Umbanda Irmão! A Umbanda não lhe dará quitação kármica, quem faz isso são suas ações fora da Umbanda, Procure um voluntariado, orfanato, asilo enfim uma forma de ajudar que terá mais êxito. “Estou na Umbanda porque pessoas precisam de minha ajuda” - Saia da Umbanda Irmão! Você é apenas mais um médium, você não tem poderes mágicos, na Umbanda só existe tarefeiros e trabalhadores. Você está motivado pelo deslumbramento não pela caridade. “Estou na Umbanda porque quero prestar a caridade” Saia da Umbanda. Quem presta a caridade não é você e sim os seus guias através da sua mediunidade. Você é um INSTRUMENTO DA CARIDADE DIVINA. “Estou na Umbanda em busca de autoconhecimento, de entendimento da minha missão na TERRA enquanto encarnado e usar minha mediunidade em prol do meu progresso e dos que necessitam” - Fique na Umbanda. A mediunidade é uma benção a quem a recebe e a quem se beneficia dela7. É muito comum, ao adentrarmos um terreiro para desenvolvimento e práticas mediúnicas, que procuremos modelar a forma como os médiuns da casa trabalham e 7 Origem: Umbanda Orixás - Adaptação: Alex d’Oxalá
53
Módulo Básico
como as entidades se apresentam, principalmente quando admiramos o trabalho de um ou de outro especificamente. Porém, muitos médiuns se frustram e se colocam numa posição de inferioridade por não conseguirem “um ou outro feito como o colega do lado”. Acreditam que sua mediunidade é pobre, fraca e por muitas vezes desistem por falta de esclarecimento dos Chefes de Terreiro quanto aos tipos de mediunidade. Falaremos inicialmente sobre os médiuns de incorporação. Em minha vivência na religião já me deparei com vários tipos de médiuns, como energias muito diferentes e com trabalhos igualmente excepcionais. Pessoas que assistiam aos trabalhos sempre manifestavam o desejo de passar por determinados médiuns que “se transformavam” quando incorporados, utilizando deste princípio como balizador de um bom trabalho. No entanto, tive contato com médiuns que, quando incorporados, falavam e agiam exatamente com as mesmas características de fala e comportamento que tinham quando estavam desincorporados e tinham trabalhos excelentes. Muitos médiuns sofrem com isso. Acham que precisam se transformar, que tem que ser inconsciente por que senão sua mediunidade é falha. Os Espíritos comparam a atuação do médium à de instrumento, um intermediário. Diante disso, como intermediário e “tradutor” das mensagens espirituais é imprescindível que o médium seja detentor de conhecimentos para auxílio da entidade. Você já viu algum tradutor que seja ignorante quanto à língua que necessita ser traduzida???? Portanto, essa história de que “sou apenas um instrumento” – a entidade sabe o que faz não é uma máxima. A entidade sabe sim o que fazer, mas nem sempre consegue quando o médium não sabe. Dentro deste contexto, presenciamos verdadeiros absurdos narrados por médiuns despreparados que se dispuseram a realizar feitos solicitados por “entidades”, sem qualquer entendimento do que estava fazendo. Torna-se somente um replicador de rituais infundados e, por muitas vezes, orientados por entidades negati54
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
vas se fazendo passar por um caboclo, preto velho, entre outros. Imaginem em nomes de supostos exus e pomba giras!!!!! Vamos colocar cada coisa em seu lugar. Atualmente, é praticamente impossível encontrarmos um médium inconsciente. Muitos mentes para se fazer mais “competentes”. Porém, a mediunidade inconsciente é tratada pela espiritualidade hoje como um inconveniente, pois só há um trabalho completo quando o médium participa ativamente com o seu conhecimento, sua firmeza e o compromisso consciente de que esta tarefa lhe foi dada para que seu processo evolutivo seja cumprido. Para termos uma idéia da importância da mediunidade consciente, é bem comum nos depararmos com pessoas em busca de orientação que cai no “ponto” de determinada entidade cujo médium esteja passando por uma situação similar. O aprendizado trazido pelas entidades por muitas vezes ajuda mais o médium do que a pessoa que está passando por consulta! Quando a Umbanda se fez presente entre nós, por ser uma nova forma de manifestação religiosa, era necessário que o médium fosse inconsciente para que as entidades pudessem realizar seus trabalhos sem a interferência negativa do médium diante da falta de conhecimento sobre os fundamentos da ritualística. A esta interferência daremos o nome de “despreparo”. Digo isso, pois o despreparo do médium gera insegurança, um cenário perigoso que fragiliza as bases de atuação das entidades, pois os médiuns questionam algumas práticas; ficam com medo e acabam por reprimir a ação das entidades; vibram energias dissonantes e se prejudicam; absorvem “carrego” e passam mal e, para concluir, não realizam o trabalho a qual foram designados: eles acabam dando muito trabalho!
55
Módulo Básico
A Energia do Médium Com relação à energia dos médiuns, temos médiuns de energia sutil, de energia mista e energia densa. Os médiuns de energia sutil manifestam muito pouco no físico a incorporação. A ligação com a entidade é mais mental e possuem mais facilidade trabalhando com entidades que possuem este tipo de energia: caboclos, pretos velhos, erês.... Este tipo de médium é ótimo instrumento para trabalhos de cura, porém não é recomendado ser exposto a trabalhos de desobsessão ou muito ritualísticos, pois sofrem com a mudança do padrão vibratório e, não raras vezes, sentem em seu corpo energético o abalo desta variação. Os médiuns de energia mista já manifestam bem mais os efeitos da incorporação no físico, se deixam “tomar” pela entidade além do mental. Muda a fala, o tom de voz, os trejeitos físicos e conseguem trabalhar com mais facilidade com as entidades de energia mais sutil e entidades de energia mais densa (exus, pomba giras, baianos boiadeiros, marinheiros, ...). Por fim, existem os médiuns de energia densa, que se afinizam muito fácil com entidades da mesma vibração (exus, pomba giras). São médiuns que trabalham bem com demandas mais pesadas por se conectarem com mais facilidade a este contexto. Porém, geralmente, estes médiuns carregam uma negatividade dentro de si que precisa ser muito bem trabalhada, pois são alvos fáceis da espiritualidade negativa e por vezes nem percebem pela lei da afinidade.
56
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Quanto ao tipo de mediunidade Mediunidade consciente
Na mediunidade de incorporação consciente o Guia aproxima-se do médium e faz ligações apenas junto ao mental de seu médium e a ele envia seus pensamentos. Nesta situação o Guia se valerá também de outros tipos de mediunidade que o médium apresente como exemplo: A mediunidade intuitiva A auditiva E a sensitiva. O Guia de um médium consciente sempre irá utilizar todos os meios que tiver ao seu alcance para se fazer compreendido e transmitido aos seus consulentes. Neste caso o médium permanecerá consciente e notará todas as situações que ocorram no ambiente dos trabalhos e quando desenvolvido corretamente e ciente de seu papel como médium, a atuação de seu Guia aumentará gradativamente através da assiduidade do médium nos trabalhos, situação em que o médium quanto mais assíduo nos trabalhos, mais passa a perceber movimentos dos seus braços, pernas e da boca sem o seu comando e nesse patamar caminha para semiconsciência. Por ser a mediunidade de incorporação consciente a mais comum, é ela que mais confusão faz na mente de um médium no inicio de sua missão, o que o faz muitas vezes duvidar das comunicações enviadas a sua mente, onde imagina estar transmitindo com suas próprias palavras as comunicações que lhe chegam à mente, o que não corresponde a realidade que vive o médium consciente quando integrado a uma corrente séria. O médium consciente quando firme e convicto de sua missão mediúnica não dá importância ao fator consciência de sua mediunidade e segue com naturalidade na sua missão, adaptando-se aos meios que seu Guia usa para se comunicar e se fazer compreendido. 57
Módulo Básico
Quanto mais dedicado a sua missão é o médium consciente, maiores serão as influencias de seus Guias, que vão gradativamente se apresentando com maior força, o que é lógico, aumenta muito a fé do médium em seus Guias. Mediunidade exige adestramento constante, quanto mais adestrado, menos propenso a duvidas ficará qualquer médium. Na aproximação do Guia que tenta fazer as ligações necessárias entre ele e o médium, são comuns os tremores do corpo e o aumento forte da respiração do médium, esse fato ocorre devido ao deslocamento sutil do duplo etérico e não etérico.
Ilustração da atuação do guia sobre o médium consciente
Mediunidade semiconsciente: É semiconsciente quando o Guia atua sobre o cérebro e o duplo etérico do médium e movimenta os órgãos da fala e os membros do médium com maior facilidade e naturalidade, mas o médium poderá ter ainda em grande parte a visão do que ocorre a sua volta e percebe em grande parte o que ocorre no ambiente dos trabalhos. Nesta situação, o médium ao final da incorporação, terá vagas lembranças dos fatos e pessoas que com o seu guia tiveram contato. A manifestação do Guia será forte e claramente sentida pelo médium, porém, a lembrança dos fatos desaparece rapidamente, podendo-se comparar a um sonho, rapidamente esquecido. Esse tipo de mediunidade já é menos comum, ou seja, a cada 100 médiuns em início de seu desenvolvimento, 15 ou 20 estarão desta forma classificados. Na aproximação do Guia que tenta fazer as ligações necessárias entre ele e o médium, também são comuns os tremores do corpo e o aumento forte da respiração do médium, esse fato ocorre pelo mesmo motivo, o deslocamento sutil do duplo etérico do médium. 58
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Ilustração da atuação do guia sobre o médium semi-consciente
Mediunidade Inconsciente É médium inconsciente quando o Guia atua de forma ampla sobre o espírito, o mental e o duplo etérico do médium, ocasião em que o médium adormece, mas permanece ao lado do seu corpo, ligado fortemente por um cordão magnético, também conhecido como cordão prateado. Na aproximação do Guia que tenta fazer as ligações necessárias entre ele e o médium, são também comuns os tremores do corpo e o aumento forte da respiração do médium, esse fato também ocorre devido ao deslocamento sutil do duplo etérico do médium. Neste caso, a posse do guia sobre o corpo do médium é total. Uma vez terminada a incorporação, o médium de nada se recordará dos fatos ou pessoas que com os seus guias tiveram contato. Esse tipo de mediunidade NÃO É COMUM. Na média, a cada 100 médiuns, em início de seu desenvolvimento, de 1 a 3 médiuns poderão ser totalmente inconscientes. Em qualquer situação as ligações de um Guia ao corpo astral de seu médium, são complexas e difíceis de explicar e exige do Guia, também grande aprendizado.
Ilustração da atuação do guia sobre o médium inconsciente
59
Módulo Básico
Funções dentro do Terreiro Mãe de Santo, Pai de Santo, Babalaô ou Babá É a primeira pessoa dentro do terreiro e autoridade maior. Comumente um Sacerdote de Umbanda, com as devidas obrigações feitas aos Orixás para tal função e tem o dever de dirigir a casa como um todo.
Pai Pequeno e Mãe Pequena É a segunda pessoa dentro de um Terreiro de Umbanda, quando a figura principal da casa é identificada como Pai ou Mãe, podendo ainda ser padrinho ou Madrinhas, uma vez que passa a ajudar a cuidar dos filhos os apadrinhando e tendo a mesma responsabilidade do Dirigente da casa.
Médiuns de firmeza São os médiuns que dão consulta. Suas entidades já estão firmadas e consagradas na coroa deste médium. Em determinados terreiros são conhecidos como Médiuns prontos, outros de Médiuns batizados outros de Médiuns feitos. Essa nomenclatura varia de acordo com a orientação ou raiz da Casa.
60
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Médiuns de Transporte É um dos tipos de mediunidade em que um espírito que está agindo negativamente em uma pessoa é transportado para o médium e passa a ser manifestar por intermédio dele. O transporte visa tirar o campo vibratório de uma pessoa um espírito internalizado, que não sai por estar em simbiose com ele. É preciso alguém para puxar aquele espírito, incorporar e limpar a pessoa. Quando ocorre a “puxada” este campo vibratório entre o espírito e a pessoa se quebra e é mais fácil a intercessão.
Médiuns em Desenvolvimento São médiuns que como o nome já diz, estão em desenvolvimento. Dependendo do terreiro eles podem dar passes de limpeza, já incorporam uma ou outra linha, mas ainda não dão consultas, pois estes médiuns não foram coroados e firmados. Estão sendo preparados para tornarem-se médiuns de trabalho.
Médiuns Iniciantes São médiuns que estão em processo de identificação das suas qualidades mediúnicas e de conhecimento sobre a doutrina e religiosidade Umbandista, onde serão iniciados conforme suas qualidades, dons e missão podendo ocupar qualquer um dos cargos ou função dentro do terreiro. E neste processo faz parte das atividades destes iniciantes auxiliarem os Cambonos no apoio às entidades e na limpeza da casa. 61
Módulo Básico
Cambonos São as pessoas preparadas e iniciadas para atender as entidades, no que diz respeito a acender charutos, velas, cachimbos, esclarecer ao assistido o que a entidade está querendo dizer e anotar as orientações sobre os tratamentos. Uma das funções mais importantes dentro dos trabalhos.
Porteiras São os responsáveis em orientar a assistência quando da sua chegada até o momento da sua saída. É a pessoa responsável por distribuir as fichas de atendimento (quando o caso) e coordenar a entrada da assistência. Muitas vezes, dependendo do tamanho do terreiro acumula função de coordenação de um grupo de iniciantes para melhor atender as pessoas e ao mesmo tempo auxiliar na preparação religiosa deste iniciante. O porteiro, na grande maioria das vezes, estará direitamente sob a regência da entidade chefe da casa.
Curimbeiro ou Tabaqueiro ou Ogã É a pessoa que bate (toca) o tambor. Na realidade na Umbanda, a concepção de Ogã é totalmente diferente do Candomblé. Na Umbanda a mulher pode tocar e cantar, onde a pessoa é preparada especificamente para esse fim e para cumprir com sua missão deve ser iniciado e preparado junto com seu tambor ou atabaque. A função do tambor é a de ajudar na invocação, louvação e manutenção das Entidades, por isto devem ser consagrados junto com seu tocador. “Quando o canto é reza, todo toque é Santo”.
62
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Rituais para preparo dos Médiuns – preparação do campo energético e condutas O resguardo do médium, ou o que muitos chamam de preceito, é necessário por uma questão de respeito, de manter o corpo “limpo” de interferências. É muito comum entre as doutrinas umbandistas o pedido de resguardo espiritual antes dos cultos. Este resguardo, primeiramente implica em manter o médium com energias equilibradas, onde ele poderá receber de forma adequada os fluídos dos guias espirituais e também se prevenir contra quaisquer energias negativas. Aprendemos a dominar a nossa vontade, sacrificamos essa vontade visando um bem maior. Ficamos muito abatidos quando presenciamos as entidades fazendo um esforço tremendo para acoplar em um médium sujo energeticamente. É realmente muito triste! A entidade demanda a maior parte de seu tempo neste plano para adequar o médium. É muito egoísmo... Geralmente o resguardo inclui a inibição de sexo, bebida, e o consumo de carne vermelha. Vamos explicar um por um: Quando estamos em trabalhos coletivos fazemos uma corrente, naquele momento cada pessoa é um elo. Se um dos médiuns quebra o resguardo e está em desequilíbrio a corrente se desfaz, e o trabalho perde a força que deveria ter. Ninguém é prejudicado diretamente, pois o Orixá não é punitivo, mas a força não é a mesma. O trabalho não é visto e recebido da mesma forma pelo plano espiritual. O sexo traz um gasto de energia física, que poderia ser utilizada pelas entidades em trabalhos sérios. O sexo tam63
Módulo Básico
bém traz uma troca de energia com quem se pratica, dessa forma, essa mistura de energia pode ser negativa para um trabalho espiritual. Da mesma forma restringimos o uso de carne animal antes de trabalhos e depois de obrigações, para que o corpo esteja o mais ‘leve’ possível. Sabemos bem que carnes vermelhas demoram a serem digeridas, e também por conta da concentração de sangue que contém a carne, pois, o sangue concentra o que chamamos de ectoplasma
64
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
e após ser exposto como num corte ou na própria carne animal atrai espíritos opositores, obsessores e outros que procuram por este fluído a fim de fortalecimento. Para alguns terreiros há uma prevenção a respeito de mulheres em período menstrual, pois, com o sangue exposto emana ectoplasma do qual atrai espíritos obsessores. Porém, este é um conceito que está caindo em desuso. Na ingestão da carne há matança e, apesar de alguns cultos se utilizarem desta prática para rituais religiosos, nós umbandistas não coadunamos com tal princípio. Cuidado quando lhe pedirem para realizar alguma oferenda com carne animal ou sangue. Tenha muito conhecimento para se predispor a fazê-lo. Outra prevenção que é adequada ao resguardo espiritual é não ingerir de bebidas alcoólicas, simplesmente para que o médium não esteja vulnerável, não apenas espiritualmente como fisicamente, afinal, uma corrente é lugar de trabalho e ninguém trabalha alcoolizado ou sob efeito de álcool. Até a diminuição do fumo é aconselhável porque, o fumo carreia toxinas que dificultam a fluência energética no nosso organismo, bem como obscurecem nossa sensibilidade às vibrações superiores emanadas por nosso mentor espiritual. Muitos devem estar fazendo a observação de que os as entidades de Umbanda utilizam o fumo e o álcool em seus trabalhos, porém ressaltamos que elas utilizam esses elementos justamente como amortecedores de cargas oriundas de baixas vibrações e que quando desincorporam, minimizam a atuação negativa dessas substâncias no corpo físico do médium e isso explica o motivo de muitos médiuns que atuam frequentemente em ambientes hostis com trabalhos pesados, ingerirem álcool (marafo) e depois que desincorporam não apresentarem efeitos desse elemento. No entanto, para nós, essas substâncias utilizadas inadequadamente nos colocam em posição vulnerável aos espíritos inferiores.
65
Módulo Básico
As ervas na Umbanda – seu uso e fundamentos, principais ervas utilizadas. Banhos e Defumações Folhas e Ervas são a base de praticamente tudo que nos cerca. Na Umbanda é o sangue vegetal que na forma de banhos nos purifica e consagra. O banho de ervas é uma excelente prática para todos os dias e em dias de trabalho pode ser um grande aliado ao seu desenvolvimento mediúnico. Ele atua diretamente no seu campo energético, sutilizando-os e promovendo uma limpeza de energias negativas, afastando influências negativas, reequilibrando. Cada planta tem características próprias que interagem com as nossas forças provocando as mudanças necessárias para o equilíbrio do corpo. As ervas podem limpar, energizar, melhorar a auto-estima, relaxar, equilibrar, etc. As entidades da Umbanda se utilizam corriqueiramente das ervas nos tratamentos passados aos consulentes.
66
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Os banhos de ervas secas devem ser preparados por infusão, ou seja, essas ervas devem ser colocadas num recipiente com água já fervida, que será tapado e permanecerá assim pelo menos por 15 minutos. Já as ervas frescas devem ser maceradas na água para despertar seu potencial energético. É importante a utilização de água mineral para a preparação dos banhos para que não haja muita concentração de cloro. Os banhos por si só já oferecem efeitos benéficos a quem deles se utilizam. Porém, se soubermos exatamente para que finalidade é o banho que faremos e potencializarmos suas propriedades com nosso pensamento firme o resultado será muito maior. A intenção é fundamental! As ervas podem ser utilizadas também em defumações. Porém, nestes casos, somente a erva seca que proporcionará a queima. A defumação tem como princípio utilizar o poder adormecido da erva seca através da ativação com a força ígnea, ou seja, o fogo. Tanto a defumação quanto o fumo das entidades, seguem o mesmo propósito básico. São elementos utilizados para desagregar energias nocivas que estejam presas nos espaços físicos, nas pessoas, no corpo astral e também desagregar larvas astrais, miasmas, cascões astrais e dissolver cordões energéticos negativos. Atualmente, encontramos nas lojas de artigos religiosos as defumações prontas (Mãe Maria), que não necessitam de carvão. Porém, o mais correto é o uso do carvão para a queima, pois o contato da brasa do carvão com a erva potencializa a liberação dos poderes energéticos das plantas. O fumo do guia, já tem um propósito puramente de limpeza e descarrego. O guia, através da visão espiritual, sabe o que tem impregnado em seu campo energético (aura) e em seu perispírito (corpo astral). O uso do fumo comunga várias energias: Vegetal (das Ervas), Ígnea (do Fogo) e também ectoplasmática (do médium). É um passe dado com o tabaco. Ao acender as ervas, elas passam por uma transformação, que continua quando o médium aspira (no caso sob o comando da entidade). Depois de baforar ou “fumaçar” o consulente, ele transfere essa energia. Isso acaba 67
Módulo Básico
por retirar as temidas larvas astrais do campo energético e perispiritual do consulente, que não foram retiradas totalmente pela defumação. Passaremos aqui a relação das ervas mais utilizadas, com suas respectivas funções. Não é necessário conhecer um arsenal de ervas, até por que muitas delas não são encontradas com facilidade. O importante é ter um rol básico que atenda a maioria das necessidades dos consulentes. Arnica – afasta a negatividade Abre Caminho – novas forças Alecrim – purificador e energizante. Traz clareza mental Arruda – proteção, limpeza e descarrego Anis Estrelado – aumenta a auto-estima Água-de-arroz – calmante Alfazema – mudança, calmante Camomila – limpeza (bactericida) Canela – limpeza, força e prosperidade Cravo da Índia – estimulante Erva doce – boas energias Espada de São Jorge – proteção Folhas de Manga – prosperidade e ajuda no desenvolvimento mediúnico Folhas de Louro – prosperidade Fumo – proteção Guiné – proteção e força Girassol (sementes) – acelera as mudanças Hortelã – aceitação Levante – força, melhorar a auto-estima Losna – corta a negatividade (raivas) Macela – calmante (bom para insônia) Manjericão – equilíbrio, renova as células do organismo Pitanga (folhas) – melhora a circulação Rosas brancas – limpeza, restaura a energia essencial do ser. Rosas vermelhas – energia Nas defumações é muito comum e quase imprescindível o uso de resinas para a queima das ervas, sendo elas mirra, incenso e benjoim. 68
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
BENJOIM: Limpa o ambiente e destrói larvas astrais. INCENSO: são bons para limpeza em geral. MIRRA: Descarrego forte, afasta maus espíritos. As ervas utilizadas na defumação variam de terreiro para terreiro, de acordo com os fundamentos da casa. O sal grosso também é muito utilizado nos banhos de limpeza, porém devemos tomar cuidado, pois o sal grosso é bastante agressivo ao limpar nosso campo energético, deixando buracos onde limpou. É necessário selar o corpo depois com alfazema ou manjericão. Os banhos geralmente são feitos da altura do ombro para baixo. Somente alguns banhos podem ser feitos no ori (cabeça). Os conhecedores do poder das ervas sabem quais delas podem ser utilizadas na coroa, uma vez que temos ervas quentes, ervas mornas e ervas frias. Na dúvida faça o banho do pescoço para baixo.
69
Módulo Básico
Como fazer o banho e a defumação na prática
Rituais para preparação do ambiente de trabalho – Onde fazer, onde não fazer, como preparar o ambiente para firmar a Egrégora. É muito importante a atenção neste item, pois o local onde você realizará seus trabalhos nos diz e muito sobre a vibração e a energia que está sendo manipulada. “Diga-me onde e com quem andas que eu direi quem tu és”. É muito comum ouvirmos depoimentos de pessoas desequilibradas emocionalmente, energeticamente e espiritualmente, onde é apresentado um contexto de mediunidade descontrolada e sem freios. As supostas “entidades benéficas” se manifestam em locais e momentos totalmente inapropriados, causando uma série de constrangimentos para a Religião. O pior neste cenário é que os médiuns envolvidos em situações como estas acham que são dotados de uma mediunidade formidável. No entanto, estão sendo dominados por uma força negativa fortíssima, que os faz acreditar em um dom extraordinário e incontrolável para se utilizar do ego do médium para realizarem seus feitos. Já ouvimos depoimentos absurdos de alguns médiuns que “incorporam caboclos, pretos velhos em barzinhos e dão consultas; de pomba giras que encostam em suas médiuns para atrair homens nas baladas; médiuns que in70
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
corporam dentro do seu ambiente profissional e acabam por ser demitidos, e por aí vai...”. Este é um cenário preocupante para os Umbandistas. A religião é reduzida a um patamar de pessoas ignorantes, sem escrúpulos, levianas, charlatonas e oportunistas. Nossa religião cai na vala do desrespeito por situações como estas. Primeiramente, é importantíssimo que saibamos que nenhuma entidade voltada para a luz irá se manifestar sem a permissão do médium. Ele pode se utilizar da intuição para que o médium ou outra pessoa receba a informação que ele necessita passar, mas jamais tomará um campo energético despreparado. Ora, as entidades são regidas por uma Lei Maior chamada “Livre Arbítrio” e respeitam o livre arbítrio inclusive de seus médiuns de estarem disponíveis ou não para as incorporações. Portanto, gravem isso: “Nenhuma entidade que trabalha nas leis da umbanda se manifestará sem a anuência DO SEU CAVALO (MÉDIUM). Nem Exús e Pomba Giras. Caso isso aconteça, se preocupe. Algo está fora da ordem!”. Outro ponto importante é o local onde se desenvolverá os trabalhos mediúnicos. Entendam a seguinte situação: as entidades vibram em uma energia diferente da nossa, uma vez que estamos revestidos por um invólucro carnal. Existe todo um trabalho de ajuste energético para que eles possam se conectar conosco. Se estas ações forem realizadas em local inapropriado energeticamente pode ter a certeza que será muito difícil de você conseguir seu intento. Portanto, é de extrema importância que saibamos até onde podemos ir. Então vamos lá. Quanto ao local de trabalho: o ideal é que toda manifestação mediúnica seja feita dentro de um terreiro ou “Casa Santa”. Nestes locais já existe uma Egrégora firmada, que propicia a segurança do médium e um padrão vibratório consolidado para a prática mediúnica. O termo Egrégora significa campo de energias extrafísicas criadas no plano astral a partir da energia emitida por um grupo de pessoas através dos seus padrões vibracionais. Significa a aura de um local onde há reuniões de grupo. 71
Módulo Básico
No entanto, é muito comum encontrarmos pessoas que manifestam seus guias em seus lares ou nos lares de amigos e pessoas necessitadas.
Cuidado! Manifestações dentro de seu lar somente com seus familiares, desde que não haja ninguém dentro deste contexto adoecido emocionalmente ou espiritualmente, não tem problema algum. Agora, se você quiser realizar este trabalho e decidir chamar pessoas de fora deste ambiente você está caindo em um erro grave. Lembre-se que em sua casa você não consegue ter todas as firmezas que um terreiro possui. Qualquer entidade necessitada ou mesmo um ser trevoso que esteja acompanhando qualquer um dos convidados estará adentrando à sua casa e pode muito bem se sentir à vontade neste ambiente. Consequentemente, você terá um novo morador. Manifestação em lares de amigos cai em uma situação ainda mais grave. Você não sabe que tipo de energias aquela casa carrega; que tipo de egrégora este local possui. Outros locais como bares, hospitais e afins nem pensar! Estes locais estão infestados de entidades negativas e obsessoras. É muito provável que você dê passagem para entidades que irão desestruturar seu campo energético, lhe causando mal e por muitas vezes se tornando um acompanhante indesejado. É provável que você esteja pensando agora: “Ok! Mas e as entidades que me acompanham? Não podem impedir isto?”. E a resposta é simples: “NÃO! Eles não são obrigados a suportar seus maus hábitos e nem deformarem suas estruturas energéticas por que você resolveu fazer as coisas de forma inapropriada. Lembre-se do livre arbítrio: você pode fazer o que bem entende, mas não aposte que as entidades irão lhe acompanhar na sua ignorância e muito menos se prejudicar por suas más escolhas”. Faça as coisas de forma correta: busque um terreiro sério, que lhe dê orientação e sustentação; que respeite sua espiritualidade e que tenha regras. Você só estará crescendo e dando o melhor de si. Você irá encontrar muitas pessoas que conhecerão de suas faculdades mediúnicas e que buscarão ajuda em você. Se você 72
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
quer mesmo ajudar estas pessoas peça a elas que se dirijam ao terreiro ao qual você estará ligado e faça seu melhor trabalho no local apropriado. A preparação do ambiente para a realização dos trabalhos é fundamental. Como já disse anteriormente, as entidades já fazem um esforço enorme para adaptar seu campo vibracional ao nosso. Se além deste contexto o ambiente não estiver propício é muito possível que sua incorporação seja precária e você se frustrará muito provavelmente. Isso acontece por que as entidades não conseguem acoplar completamente no médium. Ela irá protegê-lo destas energias nocivas e não incorporará por completo. Neste momento a entidade faz mais uma ligação energética com o médium e formará um campo de força para resguardá-lo. O recebimento das mensagens dos guias fica mais difícil de ser concluído. Passaremos então ao passo a passo para a preparação do ambiente de trabalho. Cada casa possui seus rituais, que diferem em suas práticas, mas não nos seus fundamentos. Tecerei aqui o ritual utilizado pelo terreiro o qual sou Dirigente: Preparação dos médiuns – todos os médiuns da casa, independente da função que exercem, deverão no dia dos trabalhos tomar um banho de defesa (vendido nas casas de artigos religiosos) e acender uma vela para seu anjo de guarda. Além disso, os preceitos mencionados no capítulo anterior devem ser seguidos. Preparação do ambiente de trabalho – A Umbanda é uma religião privilegiada quanto à diversidade de elementos de culto. Portanto, flores, imagens, cheiro, pontos, são importantíssimos na preparação. O local dos trabalhos deve estar limpo e organizado. A sujeira ou a desorganização acaba por provocar estagnação energética e isso prejudica a Egrégora do local. É de bom tom realizar a limpeza do local com produtos de higiene e logo após, selar a limpeza com uma água de rosas brancas, amaci, alfazema ou um preparado de ervas. Pontos cantados e orações sutilizam a energia do local e permitem que os participantes entrem em contato com o Divino com mais facilidade, reforçando a Egrégora. 73
Módulo Básico
Adornar o terreiro com flores traz a energia da natureza para dentro dos trabalhos. Elas acabam sendo muito utilizadas pelas entidades de trabalho. A defumação deverá ser realizada no início dos trabalhos mediúnicos, onde será defumado primeiramente o congá, logo em seguida os filhos de fé (defuma a frente e depois as costas) e por fim as mãos (dos dois lados), pois a mão do médium será utilizada para o passe e deverá estar limpa no sentido de higiene material e astral. É de bom tom que a assistência seja defumada para que seja feita uma limpeza grossa, com a finalidade de não impregnar o ambiente com energias dissonantes e pensamentos negativos.
Condutas do médium ao adentrar o Terreiro Sempre que adentrarmos um terreiro, seja como trabalhador ou consulente, devemos pedir licença e nos comportar religiosamente. Devemos evitar levar nossos vícios para os espaços sagrados, inclusive os vícios da fofoca, da vaidade e inveja. Evite conflitos com os irmãos de fé. Você não precisa ser amigo ou inimigo. Precisa respeitar e se dar o devido respeito. O corpo mediúnico, além das atitudes adequadas, tem de estar em prontidão, em sintonia com o chefe da casa. Lembre-se que seu Pai ou Mãe de Santo é responsável por todas as firmezas da casa para que seu trabalho seja realizado com segurança. Evite tirar o foco do dirigente com problemas pessoais e dúvidas fora de hora. Procure-o somente em casos de necessidade urgente. Seus problemas pessoais não são de responsabilidade de sua Mãe ou Pai de Santo. Eles são responsáveis pelo seu desenvolvimento espiritual e não pela sua vida profissional, afetiva ou familiar.
74
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Condições para o trabalho É importante que nos dias de trabalho o médium procure ter um dia mais tranquilo; evitar, ao máximo, aborrecimentos, discussões e intrigas; ter muito cuidado com os pensamentos e muito menos trazer este tipo de assunto para o terreiro. As entidades negativas sabem exatamente com afetar um trabalho e tentará primeiramente fragilizar o corpo mediúnico. É muito comum recebermos comentários dos médiuns do tipo: “em dias de trabalho parece que tudo acontece!” e acabam criando uma crença e por fim um hábito de que em dias de trabalho ele será sempre testado. Isto não é uma verdade. Procure entender com a espiritualidade o porquê isso acontece com você e siga o caminho que eles te indicarem. Caso o médium tenha tido um dia agitado, por várias situações, deve chegar ao terreiro com tempo suficiente para relaxar, acalmar-se e, se extremamente necessário, pedir alguma ajuda aos irmãos ou ao dirigente. Caso não esteja em condições de trabalhar não o faça. Fique para os rituais, mantenha-se concentrado, tome um passe e permaneça e silêncio, em um local onde não atrapalhe o andamento dos trabalhos. Um adendo neste item: tem médiuns que nunca estão aptos para os trabalhos. Estão sempre com algum problema. Acabam por não realizar a tarefa que lhes foi confiada, chegam ao terreiro constantemente em desequilíbrio, não trabalham, conversam a gira inteira e no final 75
Módulo Básico
ainda “alugam” uma ou outra entidade e discorre a vomitar seus problemas, não se preocupando se o médium que está fazendo sua parte está cansado. Este tipo de médium utiliza o terreiro como muleta e como consultório de terapia. Estes devem então ser afastados e compor a assistência. A mediunidade é um recurso de todos, mas sustentação, responsabilidade e equilíbrio nem todos possuem. O trabalho mediúnico é um trabalho de responsabilidade, pois a nós foi confiada a missão de ser um instrumento da espiritualidade para trazer suas mensagens. E para isso, é necessário que o corpo mediúnico seja firme. Imaginem se o seu Pai ou Mãe de Santo chegasse ao terreiro constantemente dizendo que está desequilibrado e que não tem condições de trabalhar. Você permaneceria neste terreiro? Com certeza a resposta é não! Agora lhe faço outra pergunta: Seu Pai ou Mãe de Santo não tem problemas, desafios, tristezas ou qualquer outro contratempo? E como ele nunca desequilibra? Será que é por isso que lhe foi confiada a tarefa de Dirigente? Pense nisso... Ao adentrar o terreiro você tomará contato com a tronqueira, que é o local onde estão assentadas as proteções da casa (Exús de comando, Pomba Giras de comando e guardiões da entrada). É de extrema importância que peçamos licença para adentrar o ambiente, como forma de respeito e educação. Então o médium se aproximará da tronqueira, cumprimentará os Exus e Pomba Giras, batendo palmas e dizendo: “Laroiê Exú! Exú é Mojubá! Laroiê Pomba Gira! Pomba Gira é Mojubá!”. E neste momento você pedirá licença para entrar na casa, que eles zelem pela sua segurança e a segurança da casa para que seja realizado um bom trabalho, de acordo com as Leis Divinas. Por favor, não peça nada pessoal na tronqueira e não coloque nomes de pessoas. A tronqueira é para segurança do terreiro e não para resolver suas questões pessoais. Pode ter certeza que se isso acontecer, o responsável por esta conduta será severamente chamado à atenção pela esquerda da casa. 76
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Nos trabalhos regulares, os médiuns deverão utilizar roupas brancas, discretas e limpas. Pontuamos aqui uma exceção utilizada por alguns terreiros em que as giras de ciganos têm suas próprias vestimentas e a gira de esquerda, que geralmente se utiliza roupa preta ou preta e vermelha. O preto é um isolante e é utilizado na esquerda para isolar os médiuns das energias que serão trabalhadas neste dia, que são mais pesadas pela natureza do trabalho. É importante salientar a necessidade de utilização de batas ou aventais de trabalho para não expor o corpo e as peças íntimas do médium durante os trabalhos. As mulheres também deverão se preocupar em colocar uma calça branca por baixo quando forem usar saia, para que os movimentos inerentes ao trabalho não exponha as pernas da mesma. As roupas de trabalho devem ser de uso exclusivo dos dias de trabalho. Ao adentrar a porteira interna do terreiro (limite entre a assistência e a corrente mediúnica) o médium deverá saldar fazendo uma cruz com as costas da mão repetindo as seguintes palavras: “Por Olorum, por Oxalá e por Ifá” (Por Deus, por Jesus e pelo Espírito Santo) e feito isso o médium deverá se colocar em seu local de trabalho e permanecer em vibração.
A importância da música e da prece Orar não é apenas dirigir-se a Deus ou a um Orixá simplesmente lendo ou repetindo palavras preparadas, sem que seu coração, sem que sua alma participe intensamente deste ato. Orar é conversar com Deus e isto exige uma preparação interior. Devemos nos dirigir a Deus como um amigo querido, um pai zeloso e acolhedor. É um ato sagrado, 77
Módulo Básico
exigindo, portanto, nossa total entrega para que este instante se transforme em aproximação, nos trazendo paz, elevando nossa alma e formando um elo de ligação entre nós e a espiritualidade. Para isso, é importante que haja uma preparação interna e externa. Interna para que possamos oferecer qualidade a este ato e externa para que o ambiente nos auxilie uma conexão elevada. O uso de incensos, música calma e velas, eliminando o máximo possível de luzes artificiais, faz com que nos interiorizemos com mais facilidade. Mas, se a prece é nosso meio de conversar com Deus, orar também é contar com a presença de Deus, ou de seus enviados, como os Orixás, os espíritos de luz, etc. Muitas pessoas rezam tentando “alcançar” Deus, pressupondo do fato de que Ele esteja muito distante de nós, o que é um erro. Deus está entre e dentro de cada um de nós. Porém, esta presença não é material, mas perfeitamente perceptível por sua vibração espiritual e para isto devemos preparar os nossos sentidos. Deus nos deu a sensibilidade de captar tudo o que vibra na natureza, deu também a alguns o privilégio de juntar essas vibrações, principalmente as sonoras, transformando-as em verdadeiras preces sonoras. “A música está para a prece, assim com a água está para o sedento”. A música é o prenúncio da paz que deve anteceder e acompanhar a prece.
78
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Mencionamos aqui quase toda a preparação ambiental para o ato sagrado de orar, mas se não pudermos fazer nenhum desses preparativos, a música adequada, sozinha, quase que substituiria a todos.
Mas, qualquer música serve para o momento da oração? Absolutamente não! Mesmo entre as chamadas músicas religiosas, nem todas são adequadas a um instante de prece e meditação. Muitas vezes nos dirigimos a um terreiro e vemos um Pai ou Mãe de Santo tentando, inutilmente, fazer sua voz ser ouvida em uma prece, enquanto atabaques soam em pontos, que em nada tem a ver com o que aquela pessoa está dizendo. Mesmo durante os trabalhos, a música muito agitada pode provocar uma euforia nos consulentes e estes perderão a capacidade de se interiorizar para se conectar com a espiritualidade ali presente. Ruído atrai ruído... Músicas muito agitadas promovem um ambiente ruidoso, propício às conversas paralelas, dispersando a conexão. Não negamos que o som dos atabaques dêem, nos momentos oportunos, um complemento precioso ao rito, mas devemos ter cuidado com isto. Para a abertura dos trabalhos e momentos de prece devemos escolher músicas mais adequadas, de preferência músicas calmas, em tonalidades que não se choquem e nem venham a ferir a sensibilidade de quem ouve, devem despertar sentimentos puros, devem atrair, devem ligar, devem preparar a alma de quem vai orar e a de quem ouve a prece. Muitas vezes em nosso terreiro somos inquiridos por visitantes por que utilizamos , além dos pontos usuais, músicas que não são e nem nunca forma relacionadas à Umbanda. A música tem caráter universal e não é propriedade desta ou aquela religião ou dogma. Em algumas ocasiões, músicas populares com mensagens de autoajuda já são uma verdadeira prece. Enfim, para ocasiões de recolhimento espiritual, saber selecionar o fundo musical adequado ao momento é uma verdadeira arte.
79
Módulo Básico
O uso das velas – para que servem Um dos grandes símbolos da Umbanda é a vela. Ela fica presente em várias etapas nos trabalhos da Sagrada Umbanda, por vezes encontramos as velas vibracionais nos Congás, nas oferendas, pontos riscados, em firmamentos e assentamentos, firmando anjos de guarda e em quase todos os trabalhos. Quando um filho de Umbanda acende uma vela, mal sabe que está abrindo para sua mente uma porta interdimensional, onde sua mente consciente nem sonha com a força de seus poderes mentais. A vela funciona na mente das pessoas como um código mental. Os estímulos visuais captados pela luz da chama da vela acendem, na verdade, a fogueira interior de cada um, despertando a lembrança de um passado muito distante, onde seus ancestrais, sentados ao redor do fogo, tomavam decisões que mudariam o curso de suas vidas. A maioria dos umbandistas acendem velas para seus Guias de forma automática, num ritual mecânico, sem nenhuma concentração. É preciso muita concentração e respeito ao acender
80
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
uma vela, pois a energia emitida pela mente do médium irá englobar a energia do fogo e, juntas, irão vibrar no espaço cósmico, para atender a razão da queima dessa vela. Qualquer pessoa que acender uma vela, com fé, está nesse momento realizando um ritual mágico e, consequentemente, está sendo um mago. Ao acender velas para as almas, para o anjo da guarda, os pretos velhos, caboclos, para a firmeza de pontos, Conga, para um santo de sua preferência ou como oferenda aos Orixás, é importante que o umbandista saiba que a vela é muito mais para quem acende do que para quem está sendo acesa. A intenção de acender uma vela gera uma energia mental no cérebro da pessoa. Essa energia é que a entidade espiritual irá captar em seu campo vibratório. Assim, a quantidade de velas não influirá no valor do trabalho; a influência se fará diretamente na mente da pessoa que está acendendo as velas, no sentido de aumentar ou não o grau da intenção. Desta forma, é inútil acreditar que podemos comprar favores de uma entidade negociando com uma maior ou menor quantidade de velas acesas. Os espíritos captam em primeiro lugar as vibrações de nossos sentimentos, quer acendamos velas ou não. Além disso, as velas ajudam na concentração, são fontes de luz, representando sabedoria, iluminação, conhecimento e realização espiritual. As velas, firmadas com amor e fé, captam as irradiações positivas que chegam do alto verticalmente e estabelecem um elo maior com a Dimensão Divina, através das divindades que nos assistem. Porém, uma das maiores utilidades das velas é o poder de transmutação do fogo. A chama da vela tem o poder de consumir energias negativas e miasmas trazidos pelos frequentadores para dentro do espaço sagrado.
81
Módulo Básico
As guias na Umbanda: como confeccionar, quais os materiais corretos, iluminação e cruzamento das guias, rompimento de guia: por que e o que fazer. Guias não são enfeites! Na nossa Umbanda Sagrada as nossas guias são colares coloridos que são utilizados nos trabalhos, fazendo parte do fundamento de todo Umbandista. As guias são verdadeiros para-raios (condensadores energéticos) em defesa dos médiuns. Elas são imantadas pelos guias chefes ou pelos dirigentes da casa através das energias da natureza para servirem de escudos contra as energias negativas que possam se aproximar dos servidores da Umbanda na prática da caridade. Se por algum momento, alguma carga negativa se aproximar, essa carga se choca à guia de contas como um escudo de proteção para o médium. Não podemos esquecer que os fios são feitos de náilon e alguns com ferramentas em metal. As guias, além de servirem de proteção, também têm outras funções como: - Elo de ligação psíquica entre médium e espírito; - Instrumento de auxílio nos tratamentos espirituais. 82
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
As guias devem ser cuidadas com respeito e carinho, passar por defumação no início dos trabalhos e serem usadas com critério. Não devem ser colocadas no chão. Se por algum motivo houver essa necessidade, quem o fará será a entidade que estiver em terra. Não se emprestam as guias de um médium para o outro; somente o médium deve tocá-las ou quem o médium permitir por confiança. De tempos em tempos é necessário descarregar as guias, segundo as orientações dadas pelas entidades ou pelos dirigentes, para que fiquem limpas e purificadas.
Confecção das Guias As guias de proteção devem se confeccionadas com produtos naturais, que sejam excelentes condutores de energia. Dependendo de cada casa e de suas regras, podem ser feitas de sementes, madeira como o bambu, pedras, porcelana, conchas, cristais. Não devemos usar plástico ou tipo de material similar, pois estes não são filtros indicados para o trabalho espiritual. Serão confeccionadas de acordo com as regras da casa espiritual ou a pedido de uma entidade específica. Existem casas especializadas em venda das guias prontas e que também seguem as mesmas regras.
Cruzamento e iluminação das guias Como são colares imantados, precisam ser cruzadas pelo guia chefe ou pelos dirigentes para que possam ter a mesma tônica vibracional daquelas que todos os outros médiuns que se encontram na mesma roda utilizam. Todo material utilizado pelos médiuns tem que estar na mesma vibração, na mesma harmonia como um todo. Assim, cada vez mais a corrente espiritual se fortalece. Todas as guias, para terem valor vibracional, devem ser iluminadas com a vela correspondente à entidade ou orixá ao qual a guia será consagrada. 83
Módulo Básico
As firmas utilizadas para fechamento das guias servem como espaço mágico para receberem e distribuírem de uma maneira contínua as energias e para formarem, assim, um campo magnético fechado ao longo da corrente de contas, passando energia de uma a uma.
Guia de aço - Já, a guia de aço, é uma guia de proteção; um isolante que afasta o médium de cargas negativas tanto em uma roda espiritual como também na sua vida terrena. A guia de aço é a única permitida a ser utilizada pelos médiuns no seu dia a dia como forte amuleto de proteção, um verdadeiro patuá. Brajá - Feito de fios e búzios, é usado por sacerdotes e por aqueles que estão em processo de aprendizado para sacerdócio, a partir da abertura da feitura de 5 anos (utilização opcional). Símbolos de conhecimento. Na Umbanda, quando o médium atinge a maturidade espiritual é dado a ele o direito de usar o Brajá, com o significado de entrada no mundo do conhecimento. Quando observamos algum médium em seu trabalho espiritual, utilizando uma guia enrolada no pulso, ele está simplesmente utilizando a guia como um condutor energético mais forte para limpeza do campo astral do consulente. Raramente esse tipo de recurso é utilizado por uma entidade. Salvo casos que requerem uma atuação mais rápida. Quando vamos ao banheiro devemos tirar as guias. Além de ser um sinal de respeito, o banheiro é um ambiente contraposto à pureza na qual devemos manter nossas guias de proteção. Essas impurezas podem afetar a linha vibracional que temos que preservar, afinal de contas, o ambiente terreno está repleto de impurezas tanto materiais quanto fluídicas, que podem se ligar ao filtro de proteção nesses ambientes.
84
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Rompimento de guia: por que e o que fazer. Como estão encostadas ao nosso corpo as guias poderão também se romper por desgaste do material ou por um excesso de carga. Diante deste excesso, a guia estoura para dissipar esta energia, protegendo o médium. Caso sua guia se rompa e você consiga recolher a todas as peças ou quase todas você poderá refazer a guia normalmente. Assim refeita, você deverá pedir para a entidade chefe da casa a qual você faz parte para limpar e cruzar novamente. No caso de você perder muitas contas o melhor caminho é despachar a guia e providenciar uma nova. Para despachar a guia o melhor local é o Santuário Nacional da Umbanda, no bairro do Montanhão, em Santo André. Por favor, não polua a natureza jogando seu material ritualístico em jardins, rios, cachoeiras,... A Mãe Natureza agradece!
A Toalha Ritualística A Toalha ritualística, também conhecida como toalha de pescoço, faz parte dos materiais ritualísticos do médium umbandista. Deve ser confeccionada com pano branco, geralmente absorvente. A toalha deve ter uns 30 ou 40 cm de largura. Seu comprimento varia de acordo com a altura do médium, devendo, quando colocada, atingir a cintura, dos dois lados. A toalha ritualística serve para envolver as guias; é usada no amparo ao médium, quando da incorporação (evita-se tocar diretamente o médium, principalmente quando é do sexo oposto) e para envolver a cabeça do médium após sua consagração em uma obrigação.
85
Módulo Básico
Os Patuás O patuá é um objeto consagrado que traz em si o axé; a força mágica a quem ele é consagrado. Com a formação dos primeiros Templos Umbandistas e a possibilidade de um contato mais estreito com diversas entidades espirituais, as pessoas que buscavam proteção começaram a encontrar nestes objetos sagrados um apoio (era algo material que continha a força mágica vibratória da entidade que o cruzou e que a pessoa poderia ter sempre consigo). A partir daí as entidades de luz passaram a orientar sua elaboração, indicando quais objetos seriam incluídos na confecção do patuá e como se deveria proceder com eles para que recebessem seu axé, isto é, sua força mágica. Não podemos esquecer que os materiais utilizados nos patuás não têm valor algum se não forem preparados pe-
86
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
las entidades incorporantes. Somente estas podem conferir o axé ao patuá. Modo de preparar A pessoa reúne os materiais solicitados pela entidade e os leva ao templo. Deverão ser devidamente defumados e apresentados à entidade incorporada para que ela os abençoe. Após o cruzamento (ou benção) da entidade, os objetos são encerrados em um pequeno saquinho, preparado para recebê-los. O patuá deve ser guardado em local determinado pela entidade que o cruzou.
Material de trabalho das Entidades: o uso de bebida, fumo, ervas e outros Cada médium deve responsabilizar-se e cuidar adequadamente de seus objetos e materiais de trabalho. Precisa ser orientado e consciente o bastante para entender que as entidades de Umbanda usam materiais físicos para manipular energias, para as quebras de demanda, afastamento de obsessores, encaminhamento de sofredores, etc, que propiciarão mudanças nas condições apresentadas pelos consulentes. Os apetrechos de trabalho são solicitados pelas entidades de cada médium. É recomendado que as guias sejam guardadas em uma sacolinha de pano branco e o médium tenha uma caixa para transporte do material – velas, pembas, charuto, cigarros, cachimbos, ervas e demais objetos necessários.
O material das entidades é de total responsabilidade do médium. Com relação à utilização de ervas e fumo já discorremos an87
Módulo Básico
teriormente suas propriedades. Com a bebida não é diferente. Muitos terreiros usam a bebida em seus trabalhos, porém hoje encontramos muitos excessos nesta prática, o que vem a prejudicar seriamente os trabalhos. Além disso, cresce virtualmente em nossa sociedade a incidência de pessoas adeptas ao vício. Ou seja, muitos médiuns se utilizam desta prática para saciar suas necessidades físicas. Algumas casas, por conta disso, estão abolindo a bebida. Não nos cabe aqui discorrer o que consideramos certo ou errado, Cada casa tem seus fundamentos e devemos respeitar.
Congá ou Gongá– para que serve A palavra “congá” é de origem banto e é utilizada no ritual de umbanda para denominar o “altar sagrado” do terreiro. Um ponto em comum é a ausência de imagens de exu e pomba-gira. O objetivo de se ter um altar num templo religioso é que ele se torna um ponto de força poderosa ao local, funcionando eletricamente como um portal, irradiador de ener-
88
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
gias positivas e facilitando o contato com esferas espirituais e dimensões paralelas à nossa, o que já é um fundamento. O Congá deverá ter suas imagens bem limpas e conservadas, todas elas com as velas do respectivo Orixá ou entidade acesas. A principal função do Congá é criar um magnetismo específico, um portal de captação das irradiações verticais das divindades, irradiador dessas energias positivas que se espalharão horizontalmente, ocupando todo espaço do templo. Todo altar terá elementos materiais que, devidamente consagrados pelo Pai ou Mãe de Santo, tornam-se irradiadores de energias elementares puras ou mistas, ou absorvedores de ondas ou de energias negativas (do corpo energético das pessoas), que enviam às dimensões elementares, onde elas são diluídas e incorporadas ao éter.
Tronqueira – para que serve A Tronqueira exerce diversas funções dentro de um terreiro, mas com o principal objetivo de proteção a ele. Ela é um ponto de força firmado no terreiro, ou seja, toda essa energia que emana dela é usada para os trabalhos dos Exús e Pomba Giras que comandam a casa e dos Guardiões e Guardiãs de porteira, os quais a utilizam para se reenergizar para os trabalhos de limpeza ou proteção da casa. Essa energia tem também como finalidade ser a fonte que alimenta um campo de força energético que se mantêm no astral, numa vasta área em torno do terreiro (equivalente a mais ou menos um quarteirão), área que é protegida pelos Exús e Pomba-giras. Sendo essa energia que os Exús e Pomba giras manipulam mais densa (mais próxima a nossa), a tronqueira é utilizada como um para-raios, evitando que energias deletérias entrem na casa para prejudicar o andamento dos trabalhos. Nesta mesma função a tronqueira serve como uma área de retenção, mantendo ali alguns dos espíritos trevosos que acompanham os consulentes até o terreiro, e até mesmo algum destes seres que foram capturados durante os ataques espirituais que a casa sofre perante os trabalhos. Estes seres que ficaram retidos durante os trabalhos 89
Módulo Básico
serão socorridos, esclarecidos e encaminhados para os tribunais da justiça divina. Diante desta realidade, salientamos a importância da saudação a tronqueira do terreiro, a qual deve ser feita com muito respeito e fé, igualando-se ao Congá, pois com esta atitude contribui energeticamente para a realização dos trabalhos que necessitam da energia que provêm da tronqueira. Quando se reverencia a tronqueira (ao entrar e ao sair do terreiro), deve-se pedir licença e proteção aos trabalhos, pois ali é o centro de comando dos Guardiões da casa, os quais têm papel fundamental para todo e qualquer andamento de trabalho dentro de um terreiro.
Os Pontos riscados A Umbanda tem muitas coisas que pode nos passar despercebidas, mas que tem extrema importância para o ritual tão maravilhoso voltado a caridade dessa religião divina. Pode não parecer, mas os Pontos Riscados são os instrumentos dos mais poderosos dentro da Umbanda, pois uma vez sem ele, nada se poderia ser feito com segurança, uma vez que é com a pemba que se tem o poder de fechar, trancar e abrir os terreiros conforme seja a exigência determinada do trabalho que será praticado. É também através do Ponto Riscado que uma determinada Entidade de Luz demonstra a sua graduação hierárquica, na qual também mostra toda a falange de trabalhadores, que a suas ordens trabalham em prol a caridade e auxilio num trabalho que foi determinado ou pedido por alguém que necessita de uma ajuda espiritual. Os Pontos Riscados nos demonstram se a Entidade é um Preto Velho, um Caboclo, um Exú ou qual for a Entidade presente. Essa demonstração nos é dada através da grafia, dos símbolos utilizados, e ainda por esse meio poderemos identificar qual seria o Caboclo, ou o Preto Velho ou qualquer Entidade de Luz manifestada no médium. Os Pontos Ris90
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
cados são extensos códigos registrados, firmados e sediados no plano espiritual, e cada um deles tem sua função específica. Não é fácil interpretar um ponto riscado, pois por muitas vezes eles possuem mistérios que estão além da nossa compreensão. Aprofundando o conceito, quais os seus significados, qual a sua representação? Abaixo vamos colocar resumidamente um pouco dessa demonstração de várias coisas para todos os Umbandistas. Pensando da forma do ser humano, do ser físico, poderemos colocar da seguinte forma: Uma pessoa tem identificações no caminhar de sua vida, identificações documentadas que representam o ser alguém. Como poderemos usar como exemplo, o nascimento de uma pessoa, logo terá a sua primeira identificação documentada, que seria a sua certidão de nascimento e, a partir daí teremos, carteiras de estudante, carteira de motorista, certidão de casamento, carteira de identidade (RG), CPF entre outras identificações, e assim, quando chegarmos a um local que não somos reconhecidos fisicamente, apresentamos nossa documentação para que possamos ser identificados, e não sermos confundidos com outro alguém. Isso na Umbanda, dentro de uma gira, na chegada de uma Entidade de Luz, estando incorporada em um médium, a Entidade faz com que ela seja reconhecida, e para isso usa-se o Ponto Riscado, que a grosso modo é a identificação da Entidade de Luz para seus consulentes. Para assim ser demonstrado que quem está ali é realmente uma Entidade de Luz e não um Espirito sem luz tentando enganar o consulente e o próprio médium. Esses Pontos Riscados são constituídos de riscos e símbolos gráficos, e as Entidades de Luz se servem deles para tal identificação. Eles normalmente são traçados ou riscados em tábuas ou no próprio chão. Essas ditas tábuas podem ser de madeira ou até mesmo em mármore, e são feitos com uma espécie de giz, que na Umbanda se dá o nome de Pemba. O Ponto riscado é um instrumento para trabalhos magísticos efetuados pelas entidades. É uma espécie de campo de força riscado através de símbolos dentro de uma Mandala, onde o instrumento utilizado em seu campo de trabalho é a Pemba. A Pemba maneja as forças de forma a lhe conferir afinidade com as entidades, identificando a quem ela se subordina, bem como seus fundamentos. 91
Módulo Básico
Mandalas: Constituídas de um desenho circular, aonde no seu interior vemos formas e figuras variadas. É uma representação geométrica da dinâmica relação entre o homem e o Cosmo. No interior da Mandala temos sempre um ponto central, que representa sua essência, e dele partirão todos os demais elementos. Existem dois tipos de mandala: mandala aberta e fechada. - Mandala aberta: A ação da Mandala aberta é ampla e vasta, envolve a todos e a todo o terreiro. Dentro de um terreiro normalmente esse tipo de ponto só é riscado pelo Pai ou pela Mãe espiritual, porque nesse caso está expandindo a energia para todos. - Mandala fechada: A ação da Mandala fechada é a ação concentrada, delimitada e limitada, a entidade neste caso cria um verdadeiro campo de força, usado em solicitações específicas e nos pontos identificatórios. Na Mandala são colocados elementos simbólicos ancestrais, ao desenhar uma mandala, ou seja, ao ser riscado um ponto, é criado um instrumento sagrado. Cada linha e traço têm seu significado e muita importância no Ponto Riscado pela Entidade, portanto não se pode ser riscado por alguém não preparado, sem conhecimento devido, ou por alguém que não seja a Entidade de Luz atuante. Caso não for dessa forma, o que será feito não passará de apenas riscos e rabiscos, sem a menor importância para as regras da Religião de Umbanda, a segurança de suas Giras, e a demonstração de suas Entidades. Os Pontos Riscados são traçados pelas pembas, e essas pembas são uma espécie de giz, elas são confeccionadas com calcário, ela tem uma forma cônica arredondada e diversas cores. A Pemba é dita dentro da Umbanda que é um elemento puro e por essa pureza é um dos poucos elementos que pode tocar na cabeça do médium, sendo ela utilizada para as lavagens de cabeça, assim como também em banhos de descarrego entre outras coisas.
92
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Os Pontos Cantados O que são os Pontos Cantados na Umbanda? Pontos cantados também conhecidos por curimbas são músicas ritualísticas com a finalidade de chamar, saudar, louvar, se despedir e agradecer as entidades além de outras finalidades como bater cabeça. A origem das curimbas divide-se em Pontos de Raiz (enviados pela espiritualidade) e pontos terrenos (elaborado por pessoas diretamente). Os Pontos de Raiz ou espirituais jamais podem ser modificados. Já os Pontos cantados terrenos, são aceitos pela Espiritualidade, desde que pautados na razão, bom senso, fé e amor de quem os compõe. Os cânticos, além de identificarem cada Espírito que se manifesta, servem igualmente como condensadores de energia, uma espécie de Mantra, que são palavras consagradas por seu alto potencial de captação energética. É a Força Mágica da Umbanda. Os pontos cantados na Umbanda são as prece e as invocação das falanges, chamando-as ao convívio das suas reuniões que, no momento, se iniciam. Todas as religiões têm os seus cânticos. Assim, a Umbanda usa os seus pontos cantados, dos quais, entretanto não se deve abusar, pois eles representam as forças falangistas que se aproximam dos terreiros ou centros, para os trabalhos, sejam de magia, de descarrego ou de desenvolvimento de médiuns. Mas prestem bem atenção. Não deturpem os pontos com excesso de cantos, muitas vezes impróprios para o momento, pois um ponto mal tirado (cantado), fora do seu âmbito, não produzirá o efeito desejado, prejudicando a aproximação das falanges e até mesmo perturbando o ambiente, pois essas falanges não estão sendo chamadas como deveriam ser. Cantem os seus pontos em harmonia, sem exageros, com cadência própria, porque a harmonia dos sons é uma das mais importantes partes da magia e dela depende, dentro da Umbanda, a vinda dos guias e protetores espirituais, para darem a luz necessária, na verdadeira construção dos trabalhos que se processarão dentro dos rituais, impostos pelas preces em forma de canto, que formam uma das maiores forças mágicas da Umbanda. Em resumo, nós umbandistas, utilizamos os pontos cantados para entrarmos em sintonia com as forças do astral. 93
Módulo Básico
Para entoar as melodias dos pontos cantados, são formadas as curimbas nos terreiros de Umbanda. A curimba geralmente é composta de: Ogãs Curimbeiros (somente canto), Ogãs Atabaqueiros (somente percussão) e Ogãs Curimbeiros e Atabaqueiros (canta e toca percussão). A curimba de um terreiro exerce uma função de suma importância e, em razão disso, deve desenvolver um trabalho altamente sério e bem intencionado, pois todo o andamento dos trabalhos (gira) é ligado diretamente a curimba. Vale também lembrar, que a palavra “Ogã”, é de origem Yorubá, que significa em nossa língua “Senhor da minha casa”. Portanto, a curimba deve ser encarada como uma função de grande honra e importância, para quem dela participa diretamente. É obrigação de todo Ogã, conhecer os diversos ritmos dos pontos e o momento certo de cantá-los. Devem também, saber o nome de todas as entidades espirituais que trabalham em seu terreiro, saber distinguir rapidamente uma entidade de outra, e saber sempre, na ponta da língua, todas as saudações destinadas aos guias, protetores e orixás, da nossa querida Umbanda. É muito importante, que o ponto seja cantado de forma correta. Devemos analisar a letra e a melodia, e cantar com muito respeito e emoção, sem gritaria e sem brincadeiras. Afinal, o ponto é uma prece, portanto, vamos cantar com muito amor e devoção. A curimba é responsável pela preparação do ambiente, tornando-o propício e harmonizado com o plano espiritual. É costume dizer que a curimba é responsável pela segurança do terreiro, pois é através da firmeza dos responsáveis pela curimba que a gira transcorre normalmente ou pode virar. Nem todos os terreiros e centros utilizam o atabaque. Alguns deles ainda cultuam a Umbanda original orientada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, onde somente as palmas são utilizadas com ritmo. Os instrumentos musicais foram introduzidos pela presença do negro dentro 94
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
dos rituais, que era muito frequente, pois a Umbanda era a única religião que não tinha certos preconceitos de raça. As palmas estão incorporadas nos rituais umbandistas, pois também é uma forma de comunicação com o plano astral, pois através delas, podemos expressar nossas emoções e a satisfação em ver uma entidade espiritual em terra. Os pontos cantados são divididos conforme suas caraterísticas, pois cada tipo de ponto serve para um determinado fim. “Os cantos ritmados atuam sobre alguns plexos, que reagem, aumentando a velocidade dos seus giros. Com isso, captam muito mais energias elétricas, que sutilizam rapidamente todo o campo mediúnico, facilitando as incorporações. As vibrações sonoras têm o poder de adormecer o emocional, estimular a percepção, alterar as irradiações energéticas e atuar sobre o padrão vibratório do médium”.
Por que bater cabeça na esteira Todos nós umbandistas “batemos a cabeça” em frente ao altar não é mesmo? Pois bem, será que já paramos para pensar na grandeza e no Sagrado desse ato? Antes ou durante a abertura dos trabalhos religiosos, os médiuns devem bater cabeça para os Orixás perante o Congá. Para isso, o médium deve posicionar-se de bruços e deitar-se em frente ao Congá, com as mãos no mesmo nível que a cabeça. Nesse momento, o ato de bater cabeça representa um ato de humildade, obediência, agradecimento e resignação aos preceitos religiosos da Umbanda. Deve-se, em uma rápida prece mental, pedir a licença para trabalhar “neste chão” e pedir auxílio a Deus, aos Orixás e aos Guias espirituais, para um melhor desempenho de nossas funções mediúnicas, recebendo o axé dos Orixás donos deste Templo Sagrado. Quando “batemos cabeça” estamos entrando em contato com nossos ancestrais e antepassados, consequentemente, com todo 95
Módulo Básico
o conhecimento e a sabedoria que esse passado guarda. Ou seja, a aceitação de nossas limitações diante daquilo que não podemos controlar. Trata-se, portanto, de um sinal de respeito e de entrega.
As curas na Umbanda As curas dentro das religiões é um assunto muito delicado e, por vezes, bastante complexo. A “fama” das curas na Umbanda vem crescendo vertiginosamente pelos relatos de pessoas que procuraram a religião e tiveram “sua graça alcançada”. Precisamos ter consciência de uma série de fatores antes de adentrarmos neste conceito para não cairmos em erro: A Umbanda por si só não cura ninguém! É necessário que a pessoa que esteja doente deseje a cura. Ela é o fator principal da cura. Nunca devemos nos esquecer do merecimento e isso não tem nada a ver com punição ou redenção. O merecimento significa primeiramente entendermos o que aquela doença quer nos mostrar; o porquê ela está ali. É uma verdadeira reforma interna e necessita de boa vontade e coragem. Na maioria das vezes, a doença ocorre primeiramente no campo energético para depois alcançar o físico. As doenças se manifestam no corpo físico depois que as perturbações de energia já tiverem se cristalizado nos padrões estruturais dos corpos de frequências superiores. As causas destes desequilíbrios energéticos podem ser as mais variadas, incluindo problemas de ordem emocional, mental ou psicológico. A grande maioria das pessoas atribui ao acaso ou a um poder superior a causa e o comando de tudo que lhes acontece na vida. Compreender o que está por trás de um acontecimento ruim exige certa predisposição a acatar 96
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
novos conceitos sem necessidade de abandonar outros já existentes dentro de cada ser humano. “Nós somos a causa de tudo”. Esta abordagem faz parte da consciência estabelecida pela Metafísica da Saúde, abandonando o pretexto de que nossas dificuldades possuem um ponto de gatilho externo, mas sim um problema de ordem psicológica, emocional ou física. Nós somos o referencial criador de nossa realidade, atraindo tudo de bom ou ruim que nos acontece na vida. “A mente tem diferentes níveis, mas não tem limites” seja para estabelecermos saúde e bem estar dentro de nós ou doença e torturas mentais. Os guias espirituais sempre colocam as pessoas que buscam ajuda para a cura de seus males físicos em reflexão do por que a doença se estabeleceu. O objetivo é conscientizar as pessoas de que sua condição interna (emocional, psicológica ou mental) é um fator predominante para a manutenção da qualidade de vida e da saúde física. O corpo acusa o modo como estamos lidando com os nossos acontecimentos. Cada parte dele reflete uma emoção. 97
Módulo Básico
Todas as alterações metabólicas têm sua origem nas atividades mentais. O corpo é uma espécie de sensor que acusa as atitudes inadequadas que persistimos em manter. Essas posturas desencadeiam a desarmonia interior, causando as doenças. Se apresentarmos algum problema físico, é importante percebermos qual aspecto da vida está deixando de fluir adequadamente. A doença é a manifestação dos conflitos interiores. Antes de ocorrer a somatização, a pessoa apresenta problemas de ordem emocional, como angústia, depressão, medo, estresse, ... Se por este prisma acreditamos que somos nós quem criamos as condições propícias à manifestação das doenças, da mesma forma devemos compreender que temos capacidade de destruí-las e restabelecermos nossa saúde. Uma vez já somatizada a doença, é preciso ter o acompanhamento médico ortodoxo para o restabelecimento físico, através da eliminação dos efeitos da doença, ou seja, o comportamento que o físico apresenta. Paralelamente ao uso de medicamentos, podemos nos valer da religião para tratarmos a causa dos problemas, sejam eles de qualquer ordem emocional, mental, psicológica ou energética que promovem os prejuízos. Os guias espirituais tratam da parte energética da doença. Agem no duplo etérico da pessoa para retirar o bloqueio, a deformação ou a massa que está impedindo que o fluxo de energia ocorra de forma a alimentar o físico. Estas são as cirurgias espirituais realizadas de forma correta. Atenção! Cuidado! Cirurgias espirituais dentro da Umbanda não tem corte!!!! Os guias se valem de ervas, cristais, banhos, mirongas, e vários outros rituais, porém não cortam o físico. Os remédios tratam o físico, fortalecem temporariamente o corpo e eliminam os sintomas. Mas, se não mudarmos a condição interna que está gerando a doença, ela surge em outra área do organismo. As curas na Umbanda são tratadas de dentro para fora e por isso, por algumas vezes, pode levar algum tempo para ter efeito no físico. E isso gera muitos problemas para os terreiros que trabalham com esta prática e não orientam corretamente 98
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
quem dele recorre para este tipo de tratamento, pois as pessoas leigas acreditam que vão fazer uma cirurgia e estarão curadas. Nem sempre isso é possível e a religião acaba caindo em descrença por falta de informação. Outra questão importante e muito frequente é o fato dos consulentes buscarem nos guias o diagnóstico de seus sintomas. Isso é um erro grotesco, pois os guias não são médicos especialistas e não enxergam a doença como o nosso plano terreno. Se uma pessoa se utilizar dos guias que lhe acompanham para isso comunique ao Chefe do terreiro para que esta pessoa seja devidamente esclarecida. Nunca interfira na comunicação do guia passando remédios. Você pode ter um sério problema de ser processado por exercício ilegal da profissão da medicina.
O que a Umbanda não pratica Dos nossos rituais aproximam-se um sem fim de pessoas, muitas das vezes desesperadas, em busca de solução para problemas de todas as ordens, sejam eles emocionais, espirituais, financeiros, espirituais, etc. As pessoas procuram pelas religiões, na grande maioria dos casos, quando a sua vida material não vai bem ou quando as doenças chegam. Essa situação, às vezes, muito ingrata, faz com que exploradores da fé alheia se aproveitem da situação de dor dos que para essas igrejas se dirijam. Os rituais em templos verdadeiros de Umbanda podem se apresentar com rituais diferenciados de um templo para outro, isso não desmerece nenhum de nossos templos. Ocorre que, em alguns templos mal dirigidos ou dirigidos por ignorantes em nossas práticas, podem permitir a ocorrência de uma série de condutas reprováveis e para tanto informamos o que um templo de Umbanda nunca deve permitir. O que a Umbanda não pratica: 1- Não atende relacionamento amoroso (conhecido como amarração). 99
Módulo Básico
Pode ajudar apenas a casamentos em dificuldades ou noivados sérios em dificuldades. Fora dessas condições, os Guias de Umbanda (quando verdadeiros) repelem consulentes que os procurem em busca de baixarias ou imoralidades. Se em templo que se diz de Umbanda, esse procedimento ocorrer, isso indica que esse templo não é de Umbanda e sim, um local onde reina a pura patifaria. Os que para lá se dirigem em busca das amarrações ou simpatias para o amor, acabam sendo explorados financeiramente e viverão situações ainda muito piores e degradantes. Se um templo trabalha com linha de espíritos, sejam elas quais forem e que atendam a esse tipo de conduta: ESSE TEMPLO NÃO É DE UMBANDA. 2- Não maltrata aos animais e nunca os sacrifica. A Umbanda prega o amor ao próximo e os animais nos são muito próximos. Aprendemos com nossos Guias que nos corpos dos animais habitam espíritos embrionários, portanto, a Umbanda não permite os sacrifícios. Alguns dizem: “Mas você não come carne? Se come então algum animal foi sacrificado”! Em nosso mundo de precária evolução espiritual, a carne ainda alimenta a carne. Só que existe uma enorme diferença entre sacrificar um animal para usá-lo como alimento (o que já é errado) e usá-lo para saciar a sede por tônus vital por parte de espíritos malignos. No Candomblé os sacrifícios fazem parte de seus dogmas que devem ser respeitados, mesmo porque, após os sacrifícios os animais serão consumidos pelos adeptos da casa, tal qual fazemos em nossas casas, restaurantes, etc. Nessa situação quando um animal é usado como alimento, o animal cedeu a sua vida para que a do homem possa prosseguir, agora, matar um animal em meio às ma100
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
tas ou nas encruzilhadas ou ainda pior, nas tronqueiras, como o fazem a Quimbanda e a Kiumbanda, deixando suas carcaças apodrecendo é bestial. Se um templo sacrifica animais, ESSE TEMPLO NÃO É DE UMBANDA, não importando o que aleguem seus dirigentes. Nunca esqueça: “Se mata bicho, não é Umbanda”! 3- Não fará mal ao seu chefe, sócio, colega de trabalho, vizinho, etc, porque a Umbanda não pratica maldades de espécie alguma. Pequenas mentes deveriam habitar pequenos corpos. Infelizmente algumas mentes muito pequenas habitam corpos humanos e temos que conviver ao lado delas. Muitos se dirigem aos nossos templos em busca do MAL AO PRÓXIMO e esses se dão muito mal em suas vidas com essa atitude. Em média, dentro de um trabalho normal, nossos Guias e protetores dispõem de aproximadamente três horas para permanecerem incorporados em nosso mundo. Se comparecem ao nosso mundo, são enviados por Deus com o único objetivo de nos fazer encontrar com Deus primeiramente e como tal devem ser respeitados. Procurar um de nossos templos para pedir o mal de alguém é uma tremenda falta de respeito, até com o próprio dirigente e os demais trabalhadores desse templo. Se um templo que se diz de Umbanda, fizer ou insinuar que pode fazer o mal para alguém. ESSE TEMPLO NÃO É DE UMBANDA. 4- Não o ajudará a conseguir nada ilícito, não importa quem é você, qual a sua crença ou quais as suas posses. Muitas pessoas aproximam-se de nossos templos na intenção de conseguirem coisas que os próprios merecimentos lhes negam. Procuram-nos visando o mal de alguém ou na intenção de conseguirem coisas ilícitas ou fraudes imaginando que os Guias da Umbanda pactuam com o baixo astral. Normalmente são os endinheirados que agem dessa forma, julgam que tudo podem e se tornam vitimas dos quimbandeiros que os exploram até os ossos. Se um templo atende seus frequentadores dessa forma, ESSE TEMPLO NÃO É DE UMBANDA.
101
Módulo Básico
Os Verdadeiros Trabalhadores da Umbanda A tríade Erês, Pretos Velhos e Caboclos Para que um médium desenvolva sua mediunidade de forma correta e segura é importante que seja desenvolvida a tríade erês, pretos velhos e caboclos. Pretos-Velhos, Caboclos e Crianças formam o essencial da Umbanda. Significam o desenvolvimento da vida, ou seja o início da vida, a pureza e a simplicidade, a descoberta (infância = crianças), o amadurecimento a virilidade o destemor, a vontade e o arrojo, a força (adulto = caboclo) e o amadurecimento, a sabedoria da vivência, a humildade de quem já viveu muito, a experiência e o conhecer das outras fases (velhice = pretos-velhos).
102
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Além disso, eles representam os três tronos que balizam nossa missão reencarnatória: erês no trono da fé por serem entidades muito puras e serem consideradas as mais próximas de Pai Oxalá, os caboclos no trono do conhecimento por serem regidos por Oxóssi e os pretos velhos no trono da evolução, por serem em sua grande maioria regidos por Obaluaiê. As formas de apresentação significam as premissas de nossa vida, e dão conta de todos os problemas de nossas existências. Por vários motivos com o passar do tempo outras formas de apresentação foram se formando na Umbanda, são o povo do Oriente, os baianos, os boiadeiros, os ciganos e os marinheiros. Estas formas de apresentação muitas vezes chamadas de povos auxiliares, ou formas auxiliares de apresentação, têm funções e missões distintas, mas sempre subordinadas ao tripé essencial (pretos-velhos – caboclos – crianças) e assim aos Orixás. Erês: Muitos pensam nas crianças da Umbanda como se fossem espíritos que morreram quando ainda eram crianças. Todavia isto não é verdade, pois mesmo que tivessem desencarnado em sua última jornada quando ainda eram crianças, não podemos esquecer que esses espíritos já encarnaram outras vezes. A simbologia de serem crianças, e assim chegarem aos terreiros é pela simplicidade e pureza de toda a criança. Não é à toa que Jesus Cristo, em diversos momentos, se dirige às criancinhas e afirma que só entrará no Reino dos Céus aquele que se assemelhar a uma criança. (Mateus, Capítulo 18, 1 a 5). A inocência e a pureza que nos trazem as crianças são a razão e o motivo por que estes espíritos assim se apresentem. E esta é a razão pela qual as crianças da Umbanda acionam e conduzem os espíritos elementais8 e as energias elementares. Inclu8 Os sábios da Antiguidade acreditavam que o mundo era formado por quatro elementos básicos: terra, água, ar e fogo. Não obstante, com o transcorrer do tempo, a ciência viesse a contribuir com maiores informações a respeito da constituição da matéria, não tornou o conhecimento antigo obsoleto. A medicina milenar da China, por exemplo, que já começa a ser endossada pelas pesquisas científicas atuais, igualmente identifica os quatro elementos. Sob o ponto de vista da magia, os quatro elementos ainda permanecem, sem entrar em conflito com as explicações científicas modernas. Os magistas e ocultistas estabeleceram uma classificação dos elementais sob o ponto de vista desses elementos, considerando-os como forças da natureza ou tipos de energia. Então os elementais não possuem consciência de si mesmos? São apenas energia? Não. Os seres elementais, irmãos nossos na criação divina, têm uma espécie de consciência instintiva. Podemos dizer que sua consciência está em elaboração. Apesar disso, eles se agrupam em famílias, assim como os elementos de uma tabela periódica. Os elementais são entidades espirituais relacionadas 103
Módulo Básico
sive esta é uma segurança, pois só poderemos acionar estas energias da natureza pelas crianças e assim as energias nunca poderão ser utilizadas para outra coisa senão para o bem, para o amor e a caridade. O uso incorreto, ou para o mal, se faz de outra forma, com outros acionadores, e assim não faz parte da Umbanda, e isto é a prova cabal, final para o que sempre afirmamos na Umbanda só existe o amor e a caridade. Saudação: Salve as crianças! Salve a Ibejada!
Pretos Velhos Pretos velhos ou Pretas velhas são entidades de umbanda, espíritos que se apresentam em corpo fluídico de velhos africanos que viveram nas senzalas e que adoram contar as histórias do tempo do cativeiro. Sábios, ternos e pacientes; dão o amor, a fé e a esperança aos “seus filhos”. São entidades que tiveram pela sua idade avançada, o poder e o segredo da sabedoria, apesar da rudeza do cativeiro demonstram fé para suportar as amarguras da vida, consequentemente são espíritos guias de elevada sabedoria, trazendo esperança e quietude aos anseios da consulência que os procuram para amenizar suas dores, ligados a vibração de Obaluaiê, são mandingueiros poderosos, com seu olhar perscrutador sentado em seu banquinho, fumando seu cachimbo, benzendo com seu ramo de arruda, rezando com seu terço e aspergindo sua água fluidificada, demandam contra o baixo astral e suas baforadas são para limpeza e harmonização das vibrações de seus médiuns e de consulentes. A característica desta linha, devido a elevação espiritual de tais entidades, é o conselho e a orientação aos consulentes, são como psicólogos, receitam auxílios, remédios e tratamentos caseiros para os males do corpo e da alma. Saudação: Salve os Pretos velhos! Adorei as Almas! com os elementos da natureza. Lá, em meio aos elementos, desempenham tarefas muito importantes. Na verdade, não seria exagero dizer inclusive que são essenciais à totalidade da vida no mundo. Através dos elementais e de sua ação direta nos elementos é que chegam às mãos do homem as ervas, flores e frutos, bem como o oxigênio, a água e tudo o mais que a ciência denomina como sendo forças ou produtos naturais. Na natureza, esses seres se agrupam segundo suas afinidades.
104
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Caboclos Originalmente, a palavra Caboclo significa mestiço de Branco com Índio, mas, na percepção umbandista, refere-se aos indígenas que em épocas remotas habitaram diversas partes do planeta, como civilizações aparentemente primitivas, mas na realidade de grande sabedoria. Espíritos que, embora em suas encarnações tenham vivido em outros países, identificam-se espiritualmente na vibração dos Caboclos, como por exemplo, os índios Americanos, os Astecas, os Maias, os Incas e demais indígenas que povoaram a América do Sul. Falar em Caboclos na Umbanda, é fazer menção a todos eles que, com denominações diversas, atuam em nossos terreiros e que, com humildade, como muito bem recomenda a espiritualidade, omitem detalhes referentes às suas vidas quando encarnados. Na Umbanda, os Caboclos constituem uma falange e, como tal, penetram em todas as linhas, atuando em diversas vibrações. Entretanto, cada um deles tem uma vibração originária, que pode ser ou não aquela em que ele atua. Antigamente existia a concepção de que todo Caboclo seria um Oxóssi, ou seja, viria sob a vibração deste Orixá. Porém em nossa percepção, compreendemos que Caboclos diferentes, possuem Vibrações Originais Diferentes, podendo se apresentar sob a Vibração de Ogum, de Xangô, de Oxóssi ou Omulu. Já as Caboclas, podem se apresentar sob as Vibrações de Iemanjá, de Oxum, de Iansã ou de Nanã. Não há necessidade da Vibração do Caboclo-guia, coincidir com a do Orixá dono da coroa do médium: o guia pode ser, por exemplo, de Ogum, e atuar em um sensitivo que é filho de Oxóssi; apenas neste caso, a entidade, embora sendo de Ogum, assimilará a vibração de Oxóssi.
Assobios E Brados Quem nunca viu caboclos assobiarem ou darem aqueles brados maravilhosos, que parecem despertar alguma coisa em nós? Muitos pensam que é apenas uma repetição dos chamados que davam nas matas, para se comunicarem com os com105
Módulo Básico
panheiros de tribo, quando ainda vivos. Mas não é só isso. Os assobios traduzem sons básicos das forcas da natureza. Estes sons precipitam assim como o estalar dos dedos, um impulso no corpo Astral do médium para direcioná-lo corretamente, a fim de liberá-lo de certas cargas que se agregam, tais como larvas astrais, etc. Os assobios, assim como os brados, assemelham-se à mantras; cada entidade emite um som de acordo com seu trabalho, para ajustar condições especificas que facilitem a incorporação, ou para liberarem certos bloqueios nos consulentes ou nos médiuns. Saudação: Salve os Caboclos! Okê Caboclos!
Um ponto importante: O Estalar De Dedos Por que as entidades estalam os dedos, quando incorporadas? Esta é uma das coisas que vemos e geralmente não nos perguntamos, talvez por parecer algo de importância mínima. Nossas mãos possuem uma quantidade enorme de terminais nervosos, que se comunicam com cada um dos chacras de nosso corpo. O estalo dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus (parte gordinha da mão) e dentre as funções conhecidas pelas entidades, está a retomada da rotação e frequência do corpo astral; e a, descarga de energias negativas.
Ciganos São entidades que há pouco tempo ganharam força dentro do ritual de umbanda. Erroneamente, no começo, eram confundidos com entidades espirituais que vinham na linha dos Exus, tal confusão se dava pela apresentação de algumas ciganas se apresentarem como Cigana das Almas ou como Cigana do Cruzeiro ou coisa desse tipo. Hoje o culto está mais difundido e se sabe e se conhece mais coisas sobre o povo cigano. Não tem na Umbanda o seu alicerce espiritual; se apresentam também em rituais Kardecistas e em 106
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
outros rituais do tipo mesa branca. Estão na Umbanda por uma necessidade lógica de trabalho e caridade. Encontraram na Umbanda a música e passaram a se identificar com os toques e com os pontos a eles cantados. Tal aproximação se deve ao fato da necessidade da adaptação ao culto que hoje mais se identificam e se apresentam. Povo muito rico de estórias e lendas, foram, em sua maioria, andarilhos que viveram nos séculos XIV, XV e XVI. Vivem em grupos, e não tem destino nem caminho certo. São amantes das aventuras que tais situações podem trazer; erroneamente são confundidos com vagabundos e pessoas pouco dedicadas ao trabalho. Tem na sua origem o trabalho com a natureza, a subsistência através do que plantavam e o desapego às coisas materiais. Dentro de Umbanda seus fundamentos são simples, não possuindo assentamentos ou ferramentas para centralização da força espiritual. São cultuados em geral com imagens bem simples, com taças de vinho, doces finos e cigarrilhas doces. Trabalham também com as energias do Oriente, com cristais, pedras energéticas e com os quatro sagrados elementos da natureza. Têm em Santa Sarah de Kali as orientações necessárias para o bom andamento das missões espirituais. Não devemos confundir tal fato com Sincretismos, pois Santa Sarah é tida como orientadora espiritual e não como patrona ou imagem de algum sincretismo. São comemorados no dia 24 de maio, dia de Santa Sarah. Na Umbanda se apresentam na forma de espíritos de homens e mulheres que pertenceram ao povo cigano em alguma vida e também como espíritos que foram atraídos para essa linha por afinidade com a magia cigana. Por isso, os ciganos na Umbanda não têm obrigatoriamente que falar espanhol ou romanês, ler cartas ou fazer adivinhações. Há os espíritos ciganos que fazem isso porque já o faziam quando encarnados, mas não é uma regra. Os ciganos atuam como guias espirituais, de maneira extremamente respeitosa e sempre procuram mostrar o caráter fraterno de seu povo, seu respeito pela família e sua capacidade de repartir o pão. Muito ligados à energia do amor e prosperidade. Saudação: Salve o Povo Cigano! Optcha! 107
Módulo Básico
Baianos O Baiano representa a força do fragilizado, o que sofreu e aprendeu na “escola da vida” e, portanto, pode ajudar as pessoas. O reconhecido caráter de bravura e irreverência do nordestino migrante, parece ser responsável pelo fato de os baianos terem se tornado uma entidade de grande freqüência e importância nas giras de todo o país, nos últimos anos. Os baianos da Umbanda são pouco presentes na literatura umbandista. Povo de fácil relacionamento, comumente aparece em giras de Caboclos e pretos velhos, sua fala é mais fácil de se entender que a fala dos caboclos. Conhecem de tudo um pouco, inclusive a Quimbanda, por isso podem trabalhar tanto na direita desfazendo feitiços, quanto na esquerda. Enfrentam os invasores (kiumbas, obsessores) de frente, chamando para si toda a carga com falas do gênero “venha me enfrentar, vamos vê se tu pode comigo”. Buscam sempre o encaminhamento e doutrina, mas quando o zombeteiro não aceita e insiste em perturbar algum médium ou consulente, então o Baiano se encarrega de “amarrá-lo” para que não mais perturbe ou até o dia que tenha se redimido e queira realmente ser ajudado. Costumam dizer que se estão ali “trabalhando” é porque não foram santos em seu tempo na terra, e também estão ali para passarem um pouco do que sabem e principalmente aprenderem com o povo da terra. São amigos e gostam de conversar e contar causos, mas também sabem dar broncas quando veem alguma coisa errada. Nas giras eles se apresentam com forte traço regionalista, principalmente em seu modo de falar cantado, diferente, eles são “do tipo que não levam desaforo pra casa”, possuem uma capacidade de ouvir e aconselhar. Os Baianos na Umbanda são “doutrinados”, se assim podemos dizer, apresentando um comportamento comedido, não xingam, nem provocam ninguém e muito menos vem bêbados para os trabalhos, como vemos a manifestação em muitos terreiros por ignorância do médium. Os trabalhos com a corrente dos baianos, trazem muita paz, passando perseverança, para vencermos as dificuldades de nossa jornada terrena. São grandes admiradores 108
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
da disciplina e organização dos trabalhos. São consoladores por natureza e adoram dar a disciplina de forma brusca e direta diferente de qualquer entidade. Saudação: Salve os Baianos! É da Bahia meu Pai!
Boiadeiros Os Boiadeiros, de um modo geral, utilizam chapéus de vaqueiros, laços de corda e chicotes de couro, são ágeis e costumam chegar aos terreiros com sua mão direita levantada, girando, como se estivesse laçando, esbravejando a inconfundível toada “êeeee boi” como se ainda estivessem tocando seu rebanho. Estas entidades trabalham da mesma forma que os Caboclos na Umbanda. Os Boiadeiros são entidades que representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, “o caboclo sertanejo”. São os Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço Brasileiro, filho de branco com índio, índio com negro etc. Os Boiadeiros representam a própria essência da mistura do povo brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé. Expressam o trabalho com o gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal elemento da sua magia é a força de vontade, fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta. No Terreiro os Boiadeiros vêm “descendo em seus aparelhos” como estivessem laçando seu gado, dançando, bradando, enfim, criando seu ambiente de trabalho e vibração. Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência. Fortalece os médiuns dentro da mediunidade, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, assim como os Exus. Alguns usam chapéus de boiadeiro, laços, jalecos de couro, calças de bombachas, e tem alguns, que até tocam berrantes em seus trabalhos. O boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro - habilidoso, valente e de muita força física. Vem sempre gritando e 109
Módulo Básico
agitando os braços como se possuísse na mão, um laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo a andar nas pastagens. Possuem autoridade de conduzir os eguns da mesma forma que conduziam sua boiada quando encarnados. Levam cada boi (espírito) para seu destino, e trazem os bois que se desgarram (obsessores, quiumbas, etc.) de volta ao caminho do resto da boiada (o caminho do bem). Limpam o ambiente, “dispersam a energia” aderida a corpos, paredes e objetos. É de extrema importância essa função, pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas e dos passes, existe essa linha “sempre” atenta a qualquer alteração de energia local (entrada de espíritos). Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando a espíritos que entraram no local a se retirar, assim “limpam” o ambiente para que a prática da caridade continue sem alterações. Esses espíritos atendem aos boiadeiros pela demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por eles para locais próprios de doutrina. “Gostar” para um boiadeiro é ver no seu médium coragem, lealdade e honestidade, aí sim é considerado por ele “filho”. Pois ser filho de boiadeiro não é só tê-lo na coroa. Saudação: Salve os Boiadeiros! Jetruê Jetruá Boiadeiros!
Marinheiros Os marinheiros são personagens bem conhecidos na Umbanda. Sempre alegres, cantam e bebem, se movimentando de lá para cá, dando a impressão de ébrios, mas na verdade estão apenas mareados. Os marinheiros na Umbanda podem ter tido a mesma profissão em outras vidas ou alguma ligação muito forte com o mar, como caçadores e caiçaras, por exemplo. Por isso, eles gostam de usar roupas brancas e uniformes de marujo. Como fi110
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
lho da rainha do mar, Yemanjá, seu maior objetivo é trazer muito axé a todos na terra. Eles são mensageiros de paz e fazem rituais de purificação com as energias mágicas e misteriosas das águas, além de cerimônias de descarrego, consultas, passes, desenvolvimento de médiuns e outros trabalhos que possam envolver demandas. Carregam consigo um sentimento profundo de amizade e fraternidade. E durante suas consultas, gostam muito de ajudar àquelas pessoas que se apresentam com problemas amorosos. Seus conselhos são sempre fiéis e certeiros, porque eles têm uma grande responsabilidade e assumem o compromisso de um trabalho bem feito. Costumam trabalhar em grupos, pois já enfrentaram guerras e mares agitados, mas também conhecem a calmaria e a bonança. Posicionam-se em rodas, cantam e dançam enquanto se balançam transmutando a energia do mar e de Yemanjá. O marinheiro é conhecido por ser entidade que se balança como se ainda estivesse no mar. Mas esse desequilíbrio na verdade é efeito das trocas energéticas entre ele e os espíritos durante os trabalhos espirituais. Enquanto balança, dança, gira e gesticula, se forma um forte campo energético que libera vibrações vindas do oceano, como uma forma de saudar o poder do mistério das águas de Janaína. Os marinheiros lidam com os consulentes de forma simpática e extrovertida, deixando o assistido muito à vontade, o que facilita a recepção dessas energias para equilibrar e curar qualquer mal que esteja afligindo a pessoa. Saudação: Salve os Marinheiros! As Marujadas!
111
Módulo Básico
Povo do Oriente Essa não é uma linha tão comum de ser vista dentro da Umbanda, salvo médiuns específicos dentro dos terreiros que tenham a abertura para a manifestação dos mesmos. Quando incorporados estes estimulam muito a meditação, atuam na cura como um todo e falam muito do esoterismo. Na linha do Oriente estão as falanges dos hindus, dos árabes, dos japoneses, chineses e mongóis, dos egípcios, dos gauleses, dos romanos, etc., formadas por espíritos que encarnaram nesses povos e que ensinam ciências ocultas e praticam caridade. As Falanges destas Legiões estão incumbidas de ensinar aos habitantes da Terra, coisas para eles desconhecidas. São grandes Mestres do Ocultismo. O Povo do Oriente fala pouco e, quando o faz, o seu linguajar é perfeito e bastante correto. Não gosta de dar consultas. Raramente usa o termo “chefia de cabeça” e sempre demonstra muita sabedoria e amplos conhecimentos filosóficos e esotéricos. Na Umbanda, os componentes desse Povo são chamados de Mestres da Linha do Oriente (egípcios, tibetanos, chineses, etc). Normalmente atuam de forma discreta, intuindo seus médiuns para que entendam o que está se passando. São importantíssimos na transmissão de mensagens de entidades ou espíritos de nível hierárquico superior, devido à linha de desenvolvimento mental da qual participam. Também atuam na destruição de templos e de magias do passado, libertando o espírito. , estimula no médium o caminho da evolução espiritual através dos estudos, da meditação, do conhecimento das leis divinas, do amor, da verdade, da ciência, da arte, do belo. Estimula no médium o caminho da ascensão espiritual, fazendo-o eliminar da sua vida tudo o que é pernicioso. Na vibração de Oxalá, os espíritos são sempre nos níveis acima de Guias, portanto, elevadíssimos e que raramente se manifestam. É nesta linha que estão classificados o mais vulgarmente conhecido como “Povo do Oriente.” Vibração eletromagnética do SOL. Xangô, sincretizado com São João Batista, é também o patrono da linha do oriente, na qual se manifestam espíritos mestres em ciência ocultas, astrologia, quiromancia, numerologia, cartomancia. Por este motivo, a linha dos ciganos vem trabalhar nesta irradiação. 112
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
A Linha do Oriente é parte da herança da Umbanda brasileira. Ela é composta por inúmeras entidades, classificadas em sete falanges e maioritariamente de origem oriental. Apesar disso, muitos espíritos desta Linha podem apresentar-se como caboclos ou pretos velhos.
CLASSIFICAÇÃO DA LINHA DO ORIENTE 01 - Falange dos Indianos: Espíritos de antigos sacerdotes, mestres, yogues e etc. Um de seus mais conhecidos integrantes é Ramatis. Está sob a chefia de Pai Zartu. 02 - Falange dos Árabes e Turcos: Espíritos de mouros, guerreiros nômades do deserto, sábios marroquinos, etc... A maioria é muçulmana. Uma Legião está composta de rabinos, cabalistas e mestres judeus que ensinam dentro da Umbanda a misteriosa Cabala. Está sob a chefia de Pai Jimbaruê. 03 - Falange dos Chineses, Mongóis e outros Povos do Oriente: Espíritos de chineses, tibetanos, japoneses, mongóis, etc. Curiosamente, uma Legião está integrada por espíritos de origem esquimó, que trabalham muito bem no desmanche de demandas e feitiços de magia negra. Sob a chefia de Pai Ory do Oriente. 04 - Falange dos Egípcios: Espíritos de antigos sacerdotes, sacerdotisas e magos de origem egípcia antiga. Sob a chefia de Pai Inhoaraí. O5 - Falange dos Maias, Toltecas, Astecas e Incas: Espíritos de xamãs, chefes e guerreiros destes povos. Sob a chefia de Pai Itaraiaci. 113
Módulo Básico
06 - Falange dos Europeus: Não são propriamente do Oriente, mas integram esta Linha que é bastante sincrética. Espíritos de sábios, magos, mestres e velhos guerreiros de origem européia: romanos, gauleses, ingleses, escandinavos, etc. Sob a chefia do Imperador Marcus I. 07 - Falange dos Médicos e Sábios: Os espíritos desta Falange são especializados na arte da cura, que é integrada por médicos e terapeutas de diversas origens. Sob a chefia de Pai José de Arimatéia. Saudação: Salve o povo do Oriente!
Os Exús e Pomba Giras É mister se compreender que são espíritos buscando a evolução. Somente trabalhando e praticando o Bem, é que eles se elevam. A Umbanda evolui e se apresenta culta, atual, superando os tabus e crendices que marcaram seus primórdios. Não mais se pode aceitar Exús e Pomba-Giras com aspectos aterrorizantes, fantasmagóricos, se arrastando pelo chão, todos tortos ou reverenciando a imoralidade, falando palavrões, “cantando os consulentes”, bebendo incontrolavelmente. Eles são nossos amigos em evolução, espíritos que, quando viveram na Terra, pertenceram a diversos povos e diferentes camadas sociais. Portanto, não podem ser considerados exemplos de mau caráter ou de vulgaridade; também não devem ser confundidos com espíritos perturbadores, os infelizes quiumbas9, que se encontram mergulhados na mais profunda negatividade. Exús e Pomba-Giras, ao contrário, são nossos protetores, dão-nos alento e proteção quando necessitamos de apoio espiritual e mesmo material. Por terem vivido as dificuldades humanas e terem falhado em vida em suas ações, compreendem nossos desafios como ninguém. Desta forma, essas entidades permitem que nos afinemos melhor com elas, tendo-as como amigas que nos cercam e protegem. 9 Os quiumbas são os marginais do baixo astral, espíritos obsessores, maldosos e endurecidos que gostam de fazer o mal e perturbar a paz de quem só quer o bem. 114
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Exús e Pomba-Giras têm uma função específica junto aos espíritos evoluídos, aos guias superiores. São verdadeiros servidores da Luz em empreitadas no Astral Inferior por terem energia mais densa e podem adentrar em locais onde as entidades de energia mais sutil não conseguem penetrar. Estão altamente compromissados com as esferas superiores, com os guias e protetores do médium e com toda a Egrégora da Casa na qual o médium está inserido. Trabalhando diretamente com esta Egrégora eles auxiliam no combate e encaminhamento dos espíritos que são atraídos pela corrente de desobsessão do terreiro que fazem parte. Sendo assim, é importante ressaltar que Exú não trabalha por trocas, ou seja, não irá auxiliar você somente se lhe der algo, um “marafo”, um “pito” ou qualquer presente que seja do gosto desse guia. Eles estão aqui para adquirir evolução e isso não se compra - se adquire. Por isso, o serviço desses guerreiros da nossa Umbanda é divino e muito sério, porém os métodos diferem de casa e de ritual. Os Exús trabalham em nossa proteção e orientação e as Pomba-Giras atuam na lei do amor. É comum a vinculação das Pomba-Giras às prostitutas, o que é uma inverdade. Temos algumas entidades desta linha que não abusaram do sexo quando encarnadas, porém suas condutas lhe colocaram em situação de vibração inferior. 115
Módulo Básico
Assim como devemos ter um conceito mais respeitoso do Exú, devemos também dedicar mais respeito aos trabalhos das Pombas Giras, deixando de encará-las como mulheres vulgares e da vida, que só vêm “para arranjar casamento” ou o que é pior, para desfazer casamentos... Isto é uma coisa absurda e vulgar... O trabalho da Pomba Gira é sério. É também um trabalho de descarrego, de limpeza, de união entre as pessoas. De abertura dos caminhos da vida, seja do ponto de vista material, mental ou espiritual. Estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da prática da caridade, incorporando nos terreiros de Umbanda. São muito amigos, quando tratados com respeito e carinho, são desconfiados, mas gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes espíritos, assim como os Preto-velhos, crianças e caboclos, são servidores dos Orixás. Desta forma estes espíritos não trabalham somente durante a “gira de esquerda”, dando consultas, mas também durante as outras giras (Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Orixás), protegendo o terreiro e os médiuns, para que a caridade possa ser praticada. Alguns espíritos, que usam indevidamente o nome de Exú, procuram realizar trabalhos de magia dirigida contra os encarnados. Na realidade, quem está agindo é um espírito atrasado. É justamente contra as influências maléficas, o pensamento doentio desses feiticeiros improvisados, que entra em ação o verdadeiro Exú, atraindo os obsessores, cegos ainda. Existe uma frase dentro da Umbanda que diz: “Sem Exús e Pomba-Giras não se faz nada!”. E esta máxima é uma grande verdade. Sem eles os trabalhos não teriam tanta eficácia em casos de adentrar ao Astral Inferior e os terreiros estariam em verdadeiro perigo, diante das investidas que sofremos com entidades que querem desestruturar os trabalhos de fé, caridade e evolução espiritual do Ser. É sabido que, quanto mais ignorante é o Ser, mais fácil será o poder de manipulação sobre ele.
116
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Por que Exús e Pomba Giras usam preto e vermelho O preto e vermelho para Exús e Pomba giras ou Pombo Giras tem um fundamento muito significativo. O preto é uma cor isolante, ou seja, sua utilização impede a absorção de energias vindas de outras pessoas ou mesmo do ambiente. Por isso que as entidades sempre solicitam aos consulentes evitarem ir ao terreiro com roupas escuras, pois isso impede a efetividade do passe magnético. Diante disso, o uso do preto promove um isolamento do campo energético do médium para que ele não absorva nenhum tipo de energia que poderá vir a ser trabalhada nas giras de esquerda, uma vez que estas energias são mais densas e muitas vezes carregadas de negatividade. O vermelho é a cor da energia vital, estimula nossos sentidos, revitaliza nosso corpo. Além disso, é a cor de Ogum, vencedor de demandas e das batalhas espirituais.
Obsessão e Desobsessão Obsessão:
“É o domínio que alguns espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticado senão por espíritos inferiores que procuram dominar” (Livro dos Médiuns, Cap. 23 item 237). “É a ação persistente que um espírito mal exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.” ( O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. 25, item 81). - Classificações da Obsessão Allan Kardec, através dos seus estudos classificou a obsessão por seus estágios, sendo que por isso mesmo, não 117
Módulo Básico
tem um caráter definitivo, servindo apenas como parâmetro para estudo, uma vez que a obsessão é muito variada em seus aspectos, sendo difícil estabelecer onde uma fase começa e termina a outra. SIMPLES - É a influência sutil na atitude do espírito, encarnado ou desencarnado. FASCINAÇÃO - É a ação direta de um espírito sobre o pensamento de outro. SUBJUGAÇÃO - É a paralisação através da ação mental, que um espírito determina sobre a vontade de outro. Participantes: Encarnado para encarnado Desencarnado para desencarnado Encarnado para desencarnado Desencarnado para encarnado Auto - Obsessão Fatores que levam à Obsessão: O que predispõe um espírito (encarnado ou desencarnado) à Obsessão são as imperfeições morais. Na medida em que o espírito se aperfeiçoa moralmente, ele não se predispõe à obsessão. Quando podemos reconhecer a Obsessão: Quando sentimos idéias torturantes a se fixar. Quando sentimos forças interferindo no processo mental. Quando se verifica a vontade sendo dominada. Quando se experimenta inquietação constante. Quando se sinta desequilíbrio espiritual. Acessos à Obsessão: Idéias profundamente negativas Depressão / Desânimo Revolta Medo Irritação / Cólera Vícios / fumo / tóxicos / álcool Desregramento sexual Maledicência Ciúme 118
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
Avareza/Egoísmo Ociosidade Remorso Processo Obsessivo: O que rege o processo obsessivo é o atendimento à “lei de sintonia”, que é a predisposição de atração recíproca, através da emissão e recepção de ondas mentais. A obsessão prolongada pode causar: Desordens patológicas (doenças) Loucura Morte Física
Desobsessão Entendemos por desobsessão de uma pessoa à retirada ou extermínio de espíritos malignos (levados por falanges de entidades sem luz, obsessoras, em trabalhos de magia negra e ou baixa magia), outros sem encaminhamento que encostam-se a pessoas (assistentes de Terreiros de UMBANDA), vampirizando-os de tal forma, pois são atraídos por pensamentos negativos, bebidas alcoólicas, palavras de baixo calão também são imãs poderosos para esses espíritos. Os trabalhos executados por essas falanges atraem milhares de espíritos, criando um verdadeiro exército de entidades das mais baixas camadas das trevas (últimas camadas da Terra). Nos verdadeiros Terreiros, Tendas ou Templos de UMBANDA, que praticam exclusivamente a CARIDADE, existem os trabalhos de desobsessão nas pessoas necessitadas, principalmente nas Giras de Exus e Pombas- Gira (linha de Esquerda) e Baianos e Boiadeiros (linha Intermediária). Esses trabalhos são importantíssimos nas Casas de CARIDADE (Terreiros), pois nunca devem ser cobrados por qualquer quantia que seja, caracterizando e fundamentando a Religião de UMBANDA. Através desses trabalhos de desobsessão, além da retirada desses espíritos negativos, todos são encaminhados e tem nova chance de se redimirem de seus atos, praticados para o Mal, direcionando assim para o BEM. Os trabalhos de Magia Negra, também são cortados, dentro da ritualística desses trabalhos de desobsessão. 119
Módulo Básico
O Batismo na Umbanda O batismo ou obrigação à Oxalá é, sem sombra de dúvidas, a mais importante de todas as obrigações, pois somente aquele que é batizado poderá participar das demais. É também a mais singela de todas. Inicia-se pela escolha dos padrinhos, que deverão anunciar ao pai espiritual a intenção desse filho de fé em ser iniciado em um templo, em caráter oficial. A indumentária será sempre branca. Rol do material necessário: - um alguidar de tamanho médio; - uma vela de batismo branca; - meio metro de fita branca para adornar a vela;
120
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda
- uma guia de Oxalá feita de miçangão branco leitoso; - dois banhos de Oxalá (industrializados ou feito com rosa branca); - uma toalha ritualística; - Duas espadas de São Jorge; - uma pemba branca. Inicia-se a obrigação com o preceito de evitar, durante três dias que antecedem a obrigação: - ingestão de carne: por que nela residem ainda restos de vibração negativa resultante da morte do animal; - relações sexuais: para que o filho de fé esteja com sua energia original no ato da obrigação; - ingestão de bebidas alcoólicas: além de provocar alterações no campo vibratório, também exerce grande atração sobre espíritos inferiores. Os banhos são realizados na véspera e no dia da obrigação, após o banho de higiene. Este cerimonial é realizado apenas quando o filho de fé já tem discernimento para decidir-se pela religião umbandista. Há um outro ritual de batismo, que se destina apenas às crianças introduzidas, ainda em tenra idade, no templo de umbanda, consistindo na apresentação formal da criança à família umbandista e de pedido de bênçãos e luzes espirituais a Deus e aos Orixás.
121
Módulo Básico
Referências Bibliográficas:
- Iniciação À Umbanda Ronaldo Antonio Linares Diamantino F. Trindade Wagner Veneziani Costa Ed. Madras
- Os Orixás na Umbanda e no Candomblé Ronaldo Antonio Linares Diamantino F. Trindade Wagner Veneziani Costa Ed. Madras
- Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista
Coordenação de Lurdes de Campos Vieira Supervisão de Rubens Saraceni Ed. Madras
122
Curso de Desenvolvimento Mediúnico nas Leis da Umbanda